Barragens rompidas despejaram 24,8 mil piscinas de rejeitos em Minas Gerais

Barragens rompidas despejaram 24,8 mil piscinas de rejeitos em Minas Gerais

Presidente da Samarco ainda não sabe o que provocou desastre, mas garante que danos ao ambiente serão restritos

Agência Brasil

Presidente da Samarco ainda não sabe o que provocou desastre, mas garante que danos ao ambiente serão restritos

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Cerca de 62 milhões de metros cúbicos de rejeitos de mineração foram liberados no meio ambiente com o rompimento de barragens no município de Mariana, nessa quinta-feira em Minas Gerais. A informação foi dada por diretores da empresa responsável pelas barragens, a mineradora Samarco. Conforme eles, a quantidade é suficiente para encher 24,8 mil piscinas olímpicas.

A barragem de Fundão foi a primeira a romper, por volta das 15h. A estrutura passava por uma obra e, por isso, estava operando com 55 milhões de metros cúbicos dos 60 milhões da capacidade total, mas segundo a Samarco a obra não tem relação com o ocorrido. A barragem de Santarém estava no limite da sua capacidade de 7 milhões de metros cúbicos.

O presidente da Samarco, Ricardo Vescovi, afirmou que os rejeitos liberados pelas barragens não são tóxicos e não devem ter nenhuma consequência além da destruição física que a onda de lama está causando no distrito de Bento Rodrigues. Segundo a Samarco, a lama é composta basicamente por sílica e água.

Ele também reconheceu que a mineradora ainda não sabe as causas do rompimento das barragens de Fundão e Santarém. “O momento que estamos vivendo agora é de dar atenção às pessoas, cuidar das famílias e transportar as pessoas de Bento Rodrigues para um lugar de maior conforto. Não estamos especulando sobre hipóteses, mas vamos fundo para descobrir o que de fato aconteceu. No momento estamos monitorando a barragem de Germano, que se encontra estável e sem alteração”, disse Vescovi.

O especialista em análise de risco e analista ambiental do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis Ibama em Minas Gerais, André Naime, contou que ainda é cedo para estimar o impacto ambiental do desastre na região, pois até o momento não se tem o conhecimento preciso da composição química do rejeito. “O rejeito do minério de ferro é normalmente considerado de baixo potencial poluidor e a sílica é inerte e realmente não representa dano à saúde humana”.

De acordo com Naime, descargas descontroladas de substâncias comprometem a qualidade do meio ambiente. “O vazamento acarretou soterramento de vegetação, áreas de mananciais e carreamento de sedimentos e assoreamento de corpos hídricos, além dos prejuízos às populações afetadas, impactos evidentes até mesmo pelas imagens”, afirmou.

Com relação a possíveis impactos nos lençóis freáticos da região, de onde é retirada água para abastecimento da população de Belo Horizonte, o especialista disse que sozinha a sílica não seria uma ameaça. “Mas caso exista algum contaminante solúvel ou solubilizados a água no rejeito é possível haver a contaminação dos lençóis.”

A classificação das duas barragens de rejeitos na Fundação Estadual de Meio Ambiente (Feam), responsável pelo licenciamento das estruturas, é classe 3, o que significa que apresentam “alto potencial de dano ambiental”. A classificação é feita de acordo com a altura do maciço, volume do reservatório, interesse ambiental na área à jusante (sentido em que descem as águas de uma corrente fluvial) da barragem e ocupação humana do local, entre outros parâmetros.

De acordo com a assessoria de imprensa da Feam, os esforços no momento estão concentrados no atendimento às vítimas, mas que o próximo passo é avaliar o impacto ambiental. “As consequências para o meio ambiente serão identificadas assim que a Defesa Civil liberar o local para averiguações".

A fundação informou também que estão sendo feitas coletas de amostras de água e sedimentos nos corpos de água próximos ao local do acidente, incluindo os rios Gualaxo do Norte, do Carmo e Doce. “Esses pontos de coleta contemplarão, também, os locais de captação de água para abastecimento público das cidades localizadas ao longo dos rios citados.” De acordo com a Feam, os custos com a recuperação ambiental das áreas atingidas serão de responsabilidade da Samarco.

Assista ao vídeo dos estragos:



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