Crítica

Crítica: o começo da jornada de Damien é assustador, em longa de 'A profecia'

Prequel do filme de terror dos anos de 1970, 'A primeira profecia' é um teste para os nervos

Cena do filme 'A primeira profecia' -  (crédito: 20th Century Fox/ Divulgação)
Cena do filme 'A primeira profecia' - (crédito: 20th Century Fox/ Divulgação)
postado em 03/04/2024 18:40 / atualizado em 03/04/2024 18:45

Ninguém menos do que o mago Richard Donner — que encarrilharia sucessos da magnitude de Superman e Máquina mortífera — deu origem à adaptação do best-seller de David Seltzer desdobrado na franquia setentista A profecia. Num real conglomerado de talentos femininos, alinhados em novo filme, a cineasta Arkasha Stevenson (lembrada como diretora de séries) se destaca em ótima estreia nesse filme protagonizado pela bela e talentosa Nell Tiger Free, na pele de Margaret.

O novo filme retorna a trama para a Roma de 1971, em que protestos eram nutridos pelo desprezo por posições autoridades. Em ritos que culminarão com a direta citação ao desempenho da atriz Isabelle Adjani, no clássico de terror Possessão (1981), o novo filme especula da cisão da Igreja, que poderia (numa louca visão interna de religiosos) se redimir com a introdução do AntiCristo na sociedade. Quem tem destaque (e corresponde ao papel perverso) é a brasileira Sonia Braga, na pele da freira Silva. Além de dominar as orações ao microfone nas noites do monastério que envolve filhas de mães solteiras, Silva compactua na construção de uma imagem de falsa harmonia em ambiente tóxico no qual "Fé é (sinônimo de) poder".

Acidentes de carros, hipocrisia, imolação, mulheres grávidas (com gestações obscuras e perturbadoras) e um senso de insegurança ocupam muitos fotogramas do longa que, sim, traz cenas bizarras de corpos dilacerados em mortes prolongadas, mas capaz de abranger horrores psicológicos. Para além de torturas (diluídas no enredo do filme), um achado é a convincente postura de Margaret em ter a sanidade posta à prova. O contraste de sua presença, em noitada italiana ao lado do empolgado Paolo (Andrea Arcangeli), é afirmado quando ela posa de comportada, ao lado da fogosa e eufórica Luz (Maria Caballero), companheira da ordem sacra.

Com muitos episódios ruins preditos no filme, o espírito de continuidade se dá na tela quando aparece uma imagem de Gregory Peck (que comandou a saga do malévolo Damien, ao lado da figura maternal de Lee Remick) numa fotografia. Ainda que seja importante o papel de Ralph Ineson (de A bruxa e Resistência), que interpreta o religioso Brennan, os bastidores do professar de votos de Margaret envolvem mais mulheres (junto com uma sororidade reversa). Inadequação, mistérios, adoecimentos mentais e apertadas cornetas (presentes nas vestes de freira, e que , no filme, ganham a aderência de "corpetes" espremidos na cabeça) fazem parte da tensa jornada de Margaret e Carlita (Nicole Sorace), uma jovem que tem recorrência no intitulado "quarto do mal"
do monastério.

Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Ícone do whatsapp
Ícone do telegram

Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores pelo e-mail sredat.df@dabr.com.br

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação