• Marília Marasciulo
Atualizado em
Avenida Paulista: 5 curiosidades históricas sobre o endereço paulistano  (Foto: Rodrigo Tetsuo Argenton/Wikimedia Commons)

Avenida Paulista: 5 curiosidades históricas sobre o endereço paulistano (Foto: Rodrigo Tetsuo Argenton/Wikimedia Commons)

Com menos de três quilômetros de extensão, a Avenida Paulista é talvez o logradouro mais famoso do Brasil. De endereço da elite cafeicultora e industrial a centro financeiro de São Paulo, a Paulista também se tornou um espaço de democracia, recebendo protestos e manifestações contra e a favor das mais diversas causas. Hoje, é um dos principais polos culturais e de lazer da maior cidade do país.

Sua inauguração foi em 8 de dezembro de 1891, a partir de um projeto do engenheiro Joaquim Eugênio de Lima. A ideia era expandir a cidade, que já ultrapassava 100 mil habitantes, para além da região central. Com isso, abriu-se uma larga avenida, composta por três faixas: duas laterais para pedestres e bondes puxados a burro, e uma central, mais larga, voltada para os veículos. Foi a primeira avenida planejada de São Paulo.

Conheça a seguir cinco curiosidades sobre a Avenida Paulista:

1. Pioneirismo desde cedo

A Avenida Paulista foi pioneira em diversos aspectos. Foi a primeira avenida planejada na capital, época em que a cidade estava em expansão e precisava abrir espaço além do centro histórico. Também foi a primeira a trocar o calçamento de paralelepípedos por asfalto, em 1909, e a primeira a ter o famoso calçadão com o desenho estilizado do mapa do estado de São Paulo em mosaico português, na década de 1960.

Já em 1981, o endereço recebeu a primeira unidade da mais famosa franquia de lanchonetes do mundo na cidade de São Paulo, o McDonald’s.

2. Mudança de nome

A Paulista chegou a mudar de nome: em 20 de maio de 1927, foi rebatizada como Avenida Carlos Campos, em alusão ao governador do estado que morrera semanas antes, ainda no cargo. Só que o novo nome “não pegou”, e a pressão da sociedade fez o endereço voltar a se chamar oficialmente de Avenida Paulista no dia 13 de novembro do mesmo ano.

3. Um endereço em transformação

A emblemática avenida é marcada por suas fases urbanísticas. Ainda no século 19, era um endereço residencial, ocupado principalmente por palacetes pertencentes aos grandes barões do café e da indústria – era lá que ficava o casarão da família Matarazzo, demolido em 1996.

Avenida Paulista em 1902 (Foto: Biblioteca Nacional do Brasil)

Avenida Paulista em 1902 (Foto: Biblioteca Nacional do Brasil)

Nas décadas de 1950 e 1960, a legislação municipal passou a permitir a construção primeiramente de prédios de serviços e, depois, de edifícios comerciais na avenida. A partir daí, a região começou a se verticalizar, recebendo arranha-céus e consolidando-se, na década de 1980, como o centro financeiro de São Paulo.

Na década de 1990, os grandes bancos e corretoras de valores se mudaram para endereços na Zona Sul da cidade, consolidando a Paulista como o polo cultural que é até hoje.

4. Paraíso dos arquitetos

Desde sua inauguração, a Avenida Paulista foi um polo de arquitetura. No começo, brilhavam os casarões e palacetes em seus variados estilos, do neoclássico ao art nouveau. Em 1916, sobre o túnel 9 de julho foi inaugurado o Belvedere Trianon, um projeto do arquiteto Ramos de Azevedo. Do cartão-postal, ponto de encontro da elite paulistana na primeira metade do século 20, tinha-se uma vista de todo o Vale do Anhangabaú.

Na década de 1950, o mirante foi demolido para dar lugar à nova sede do Museu de Arte de São Paulo (Masp). Sob a condição de que a vista não fosse obstruída, a arquiteta Lina Bo Bardi projetou o prédio com um vão livre de 74 metros, o maior do mundo na época.

5. A noite das escavadeiras

A Avenida Paulista amanheceu no domingo de 20 de junho de 1982 com cinco casarões históricos a menos: máquinas escavadeiras trabalharam a noite toda a mando de seus proprietários. A ação foi uma medida dos donos contra uma proposta da prefeitura de tombar 32 palacetes. Como na época a lei não previa indenização, era preferível aos donos destruir os imóveis e oferecê-los à especulação imobiliária do que arcar com os custos para mantê-los.

Residência Joaquim Franco de Melo, construída em 1905, é o palacete mais antigo da Avenida Paulista (Foto: Haresdp/Wikimedia Commons)

Residência Joaquim Franco de Melo, construída em 1905, é o palacete mais antigo da Avenida Paulista (Foto: Haresdp/Wikimedia Commons)

Hoje, são poucos os casarões e palacetes que ainda restam de pé na Paulista: o mais antigo deles é a Residência Joaquim Franco de Melo, construída em 1905. Outro exemplo é a Casa das Rosas, datada de 1935 e preservada graças às mudanças na lei de tombamento.