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GEOLOGICO-GEOMORFOLOGICO
A

ANTONIO TEIXEIRA GUERRA

IBGE - CO NACIONAL DE GEOGRAfi A


T T I

DICIONARIO GEOLOGICO-G MORFOLOGICO


Série A Biblioteca Geográfica Brasileira Publicaçüo N ° 21

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATíSTICA


CON'iELHO NACIONAL DE GEOGRAFIA

DICIONÁRIO
GEO LÓGICO- GEOMO RFO LÓGICO
ANTÔNIO TEIXEIRA GUERRA

2.a edição
(Revista e aumentada)

Rio de Janeiro
1 966
Série A Biblioteca Geográfica Brasileira Publicaçüo N ° 21

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATíSTICA


CON'iELHO NACIONAL DE GEOGRAFIA

DICIONÁRIO
GEO LÓGICO- GEOMO RFO LÓGICO
ANTÔNIO TEIXEIRA GUERRA

2.a edição
(Revista e aumentada)

Rio de Janeiro
1 966
Aos meus prezados mestres de
Geologia e Geografia Física:

ALBEHTO RIBEIHO LAMEGO


ANDHÉ CAILLEUX
ANDRÉ CHOLLEY
FHANCIS RUELLAN
JACQUES BOURCAHT
JEAN GHANDILLOT
JEAN THICAHT
LEON LUTAUD t
THOMAZ COELHO FILHO
VICTOR HIBEIHO LEUZ-INGEH.

dedico êste modesto trabalho


que é, em grande parte, fruto
das lições por êles ministradas.

r.a edição
Homenagem aos estimados mestres
da Geologia do Brasil

OTHON HENRY LEONARDOS

SYLVIO FROES ABREU

2. 8 edição
APRESENT AÇÃ O

P ronwvendo a publicação da 2.0 ediçã-o do Dicio-


nário Geológico e Geomorfológico, está o Conselho Na-
cional de Geografia, preenchendo uma U1 cuna que há
1nuito pe1'11wnecut na bibliografia referente a geologia e a
geomorfologia. Não que faltassem livros sôbre as citadas
nwtérias, mas carecia-se, até então, de um tmbalho que
atendesse, ao m esmo tempo, aos estudiosos dos vários
mmos das ciências da T erra e, muito especialmente, aos
geógrafos.
Esgotada a 1. 0 edição, po·uco tempo após sua. en-
trega ao público, entendeu o CNG levar-lhe m.ais esta
, contribuição, que agom aparece dedicando maior ênfase
a. exemplos brasileiros enriquecida com nwnerosos ele-
m.entos, verbetes, gráficos e foto grafias, proporcionados
não só pela contínua. aquisição ele co·nhecim entos rekt-
tivos às ciências, como também resultantes da experiência
do autor, um dos nwis estudiosos e proficientes técnicos
com que conta êste órgão, sempre empenhado no con-
tínuo desenvolvimento da ciência aeográfica e no pro-
gmsso do Bmsil.

Eng.O RENÉ DE MAnos


Secr e tár io -Gera l do Conselho Na ciona l d e Geog r a fi a
PREFÁCIO DA La EDIÇÃO

A primeira idéia. que nos anilnou a escrever o presente dici.onârio, o


qual começamos em. 1949, foi produzida pelo fato de não existiT u.ma
obra no gênero que facilitasse aos qu.e, por ocasião da leitura de um
trabalho técnico, necessitassem a explicação de certos tê rmos ele o·rdem
geológica e geornorfológica. Com eçamos prime·iramente por escrever, sob
a forma de caipítulos, al-guns verbétes, os quais f'Om:m publicados no
'·Boletim. GeogTáfico" do Conselho Nacional de Geogmfía n .''8 88, 90, 92,
95 e 99. T endo recebido sugestões d e diversos amigos, resolvemos ampliar
a primí.t iva idéia d e publicar um pequeno glossário, transformando-o em.
dicionário e incluindo vários tênnos ele geografia física.
Esta ú ltima intençrlo veio a concretizar-se co m o con vite que nos fo·i
feito pela Comissão de Geogmfia elo Instituto Pan-Am.ericano ele Geo-
grafia e H·istória, de escrever um. dicionário técnico a fim, de dar cum:pri-
m ento a uma elas resolu cões da últim.a Reunião de Consulta sôbre Geo-
grafia levada a efeito nd cidade de Washington , em. 1952.
Esta primeira ediçüo t erá 11aturalmente falhas, as quais p ret enclenws
corrigiT numa futum ediçüo, bem. como colocar no fim do presente texto
um vocabulário correspondente a outms línguas com o: franc ês, inglês e
espanhol.
Acreclitanws que este dicionário podeTá co nst ituir la L/.11Ul pTinw ira
base para discussõ es, e fa cilitaT assim a elabo·raçüo d e um gmnde dicio-
nário geográfico, escr-ito nas diversas l·ínguas falacúts nas A mé-ricas, co m o
LJocabuláTio corTespondente às out·ras l·íngu.as do nosso co nt-inente.
Um. trabalho de tal envergadura não poderá ser executado por wna
só pessoa, mas sim por um grupo d e especíal-istas qu e poderá forn ecer
uma grande contribuição à ciência geográfica.
No presente dicionário, cuja edição é provisória procummos ilustmr
as definições na m ecl·ida do possível com d esenhos e foto grafias, a f'im
d e melhor esclarecer o conceito elos têmws. Uma ressalva que desejamos
fazer é a d e ternw-nos referido à lista ele fósseis que interessam à geo-
logia, apenas ao tratannos dos períodos e eras geológicas, sem. têrmos, no
entanto, definido cada wn isoladamente. Este fato foi produzido pela
preocupação ele ficarmos sem.pm d entro elo campo elos assuntos geológicos,
que interessam. mais di-retamente ao geom.orfólogo e ao geógrafo.
Finalizando dese jamos agradecer a todos aquêles qu.e, colaborando
conosco, apontem as falhas encontradas, a fim de que, numa próxima
ccliçüo, sejam as m esnws devidamente corri.gidas.
PREFÁCIO DA 2.a EDIÇÃO

O presente volU?ne constitui uma contribuição que julgamos impor-


tante no campo da Geografia Física (Geomorfologia) e da Geologia.
A publicação de um dicionário, não constitui uma obra destinada ao
grande especialista, mas ao interessado no esclarecimento prévio de um
verbete. O que estmnos apresentoodo não tem a pretensão de ser com-
pleto, nem tampouco poderíamos fazê-lo. Para tal deveria ser desdobrado
em vários tomos e se1"ia necessária tôda uma equipe de especialistas. O
que fizemos foi desenvolver uma série de verbetes que julgamos de grande
valia para estudantes e pesquisadores.
O critério de seleção dos verbetes foi orientado de modo que figu-
rassem têrmos técnicos comuns à Geomorfologia e à Geologia. Além,
dêstes incluímos também os que, ligados às duas ciências, apresentam
caráter regi-anal.
Considerando, ainda, as múltiplas relações da Geomorfologia e da
Geologia com outras ciências, acrescentamos u11m série de verbetes 1·ela-
cionados a ciência correlatas. A Geologia, as fotos aéreas .e a Cartografia
forneceram importantes subsídios para o enriquecimento de vários con-
ceitos apresentados. Sempre que possível incluímos, na explanação dos
conceitos, algo ligado à maneira de representar gràficamente o fenômeno
por convenções geomorfológicas ou geológicas.
Nas defin·ições de certos têrmos geológicos, especialmente os ligados
aos minerais e 1ninérios, bem como nas explanações concernentes à Geo-
morfologia aplicada, enfocamos o significado e a importância dos 1nesm.os
para o bem estar dos povos.
As ilustrações foram selecionadas c01n o objetivo de facilitar a com-
preensão do texto e as fotos visam, essencialmente, a divulgação de
exemplos brasileiros, aos quais procuramos dar ênfase. Para tal contamos,
principalmente, com as fototecas do Conselho Nacional de Geografia, da
Esso Brasileira de Petróleo, Petrobrás, Companhia Siderúrgica Nacional,
Companhia Vale do Rio Doce e de vários colegas. Quanto às ilustrações
gráficas utilizamos várias de nossa autoria e de Jean Demangeon (Boletim
Geográfico n. 0 184) e de Dagoberto Drumond (Boletim Geográfico n. 0 183).
Agradecemos às entidades e colegas que colaboraram neste nosso es-
fôrço, bem como a Sílvio Fróis Abreu, Othon Henry Leonardos, José
Setzer Filkstein e César Teixeira que gentilmente leram os orig-inais.
Acreditamos ter atingido, modestamente, os nossos objetivos, pois
cada edição constitui um estímulo para o aprimommento das definições
e do conteúdo explicati.vo de cada têrmo.
NOTíCIA SôBRE O AUTOR

ANTONIO TEIXEIRA GUERRA nasceu no Estado da Guanabara a


9 de setembro de 1924. Fêz o seu curso ginasial no Colégio Indepen -
dência - 1936-1940, tendo ingressado na Faculdade de Fi.losofia da Uni-
versidade do Brasil no anp de 1942, onde se licenciou em. Geografia e
História no ano de 1945. Entrou para o Conselho Nacional de Geografia
no ano de 1945. Contemplado com uma bôlsa de estudos, fêz vários cursos
de especialização em. Geografia na Un·íversídade de Paris, nos anos de
1947 a 1949. No ano d e 1949 estagiou no In stituto Fmncês da África
N egra, percorrendo o oeste africano, o sul do deserto do Saara até a
Guiné Portuguêsa. T em participado de vários congressos, tais como o
XVI, VXII, VXIII e XIX Congresso Internacionais de Geografia realiza-
dos respecti·vamente em Lisboa em 1949, em. ·w ashington em 1952, no
Rio de Janeiro em 1956, e em 1960 em Estocolmo, fazendo parte da dele-
gação brasileira; X I Congresso Brasileiro d e Geografia, realí.zado em.
Pôrto Alegre em 1954, onde foi primeiro secretá1'i.o da Comissão de Geo-
gmfia Física; I Congresso Brasileiro ele Geógrafos 1·ea.lizado em Ribeirão
Prêto, em 1954; I e III Reuniões Pan-Amerícanas de Consulta sôbre G eo-
grafia realizadas, respectívmnente, no Rio de Janeiro em 1949, e em
Washington em 1952, como assessor-técnico ela d elegação brasileim e re-
presentante do IBGE no X Congresso Brasileiro de Geologia . Diplo-
mado pela Escola Superior de Guerra em 1961. T em tomado parte atioo
em várias Assembléias-Gerais da Associação dos Geógrafos Brasileiros da
qual faz parte como sócio efetivo desde 1951 . É colaborador assíduo dos
periódicos do Conselho Nacional de Geografia, tendo mais de 50 artigos
publicados e vários livros.

MAGISTERIO

Professor de Geografia de vanos Cursos de Aperfeiçoamento do


Ensino de Grau Médio e de Cursos de Informação, promovidos pelo
CNG/IBGE.
Professor de Geografia da Universidade Federal Fluminense.
-XII-

TRABALHOS PUBLICADOS
I - Livros
1 - "Estudo Geográfico do Território do Amapá" - Biblioteca Geo-
gráfica Brasileira. Publicação n. 0 10 da Série A "Livros", Conselho
Nacional de Geografia - IBGE, Rio de Janeiro - 1954 .
2 - "Estudo Geográfico çlo Território do Acre" - Biblioteca Geográfica
Brasileira. Publicação n. 0 11 da Série A "Livros", Conselho Na-
cional de Geografia - IBGE, Rio de Jan eiro - 1955 .
3 - "Estudo Geográfico do Território do Rio Branco". Biblioteca Geo-
gráfica Brasileira. Publicação n.O 13 da Série A "Livros", Conselho
Nacional de Geografia - IBGE, Rio de Janeiro - 1957.
4 - "Geografia do Brasil'' - Vol. I - "Grande Região Norte" - Orga-
nizador e autor d e vários capítulos - IBGE - 1959.
5 - "Paisagens do Brasil" - Conselho Nacional de Geografia - IBGE,
Rio de Janeiro, 1961 - I Parte - O meio Físico e suas repercussões
na paisagem cultural ( 6 capítulos).
6 "E nciclopédia dos Municípios Brasileiros" - II volume colabo-
ração no capítulo do Relêvo e legenda de fotografias.
7 "Enciclopédia dos Municípios Brasileiros" - VI volume colabo-
ração no capítulo do relêvo e na economia da zona sul do Espírito
Santo.
8 "Enciclopédia dos Municípios Brasileiros" - VII volume - cola-
boração no capítulo do relêvo.
9 "Enciclopédia Delta - Larousse". Organizador e colaborador da
parte referen te à Geografia do Brasil - Vol. I - vários países da
América do Sul - Vol. II.
10 - Atlas do Brasil - Conselho Nacional de Geografia - 1959. Co-
mentários dos mapas: relêvo e atividad es econômicas da Grande
Região Norte e relêvo do Brasil.
11 - Vários verbetes da Enciclopédia "Barsa".

II - Artigos
1 - "O vale elo Parnaíba e as cidades centro ele transportes" - Hevista
do Comércio, ano II, n. 0 10 - 1946.
2 "Terraços marinhos" - Boletim Geográfico, ano VII, n. 0 82 - 1950.
3 "O estudo elas fotografias aéreas e o auxílio ao combate do com-
plexo patogênico nas regiões interh·opicais" - Boletim Geográfico,
no VIII , n.0 86 - 1950.
4 "Formação, evolução e classificação elos solos. Solos h·opicais" -
Boletim Geográfico, ano VIII, n. 0 88 - 1950.
5 "As variações elo nível do mar d epois do Plioceno e métodos de
estudo" - Boletim Geográfico, ano VIII, n. 0 90 - 1950.
6 "Apreciações sôbre o valor dos sambaquis como indicadores de
variações do nível elos oceanos " - Boletim Geográfico, ano VIII,
n.O 91 - 1950.
-XIII -

7 "Litoral da África Ocidental" - Boletim Carioca de Geografia,


ano III, 11 . 08 2 e 3 - 1950.
8 Contribuição da geomorfologia ao estudo dos sambaquis" - Bo-
letim Carioca d e Geografia, ano III, n .O 4 - 1950.
9 "ContTibuição ao estudo da geomorfologia e do quaternário do li-
toral de Laguna (Santa Catarina) " - H.evista Brasileira de Geo-
grafia, ano XII, n. 0 4 - 1950.
10 - "Variações do nível do mar ao longo do litoral da África Ocidental
Francesa" - Tese apresentada à V Assembléia Geral Ordinária da
Associação dos Geógrafos Brasileiros, realizada em 1950 e apro-
vada. Anais da Associação dos Geógrafos Brasileü os, vol. IV,
tomo I - 1949 - 1950.
ll "Notas geográficas de uma viagem pelo oeste africano " - Boletim
Geográfico, ano VIII, n. 0 95 - 1951.
12 "Processo de Alteração dos Sedim entos e das Rochas. Laterização"
- Boletim Geográfico, ano IX, n. 0 98 - 1951.
13 "Noções gerais sôbre as relações entre rochas, solos e climas" -
Boletim Geográfico, ano IX, n. 0 102 - 1951.
14 "H.eflexões em tôrno de uma geografia da laterização" - Boletim
Geográfico, ano IX, n. 0 103 - 1951.
15 "Notas sôbre a alteração dos granitos e formação de alguns tipos
de solo" - Boletim Geográfico, ano IX, n.0 105 - 1951.
16 "Alguns Aspectos Geográficos da Cidade do H.io Branco e do
Núcleo Colonial Seringal Emprêsa (Território do Acre)" - Revista
Brasileira de Geografia, ano XII, n. 0 4 - 1951.
17 - "Nota sôbre alguns sambaquis e terraços do litoral de Lagun a
(Santa Catarina)" - T ese apresentada à VI Assembléia Geral
Ordinária da Associação dos Geógrafos Brasileüos realizada em
1951 e aprovada. Anais da Associação dos Geógrafos Brasileiros -
Vol. V, tomo I - 1950 - 1951 . Artigo h·anscrito no Boletim Pau-
lista d e Geografia, n.0 8 - 19.'51.
1 "Importância da Alteração Superficial das H.ochas" - Boletim Geo-
gráfico, ano, n. 0 106 - 1952.
19 Importância da lateri zação para as construções feitas p elos en-
genh eiros d e Obras Públicas na fa ixa costeira do Amapá" - Bo-
letim Geográfico, ano X, n. 0 107 - 1952.
20 "Alguns Aspectos do Território F edera l do Amapá" - Boletim Geo-
gráfico, ano X, n.0 108 - 1952.
21 "A Moderna Geografia no Brasil" - Boletim Geográfico, ano X,
n .0 109 - 1952.
22 "Notas sôbre o r sultado d e quatro análises de laterito encontrado
no território federal do Guaporé" - Boletim Geográfico, ano X,
n.O llO - 1952.
23 "Considerações Concernentes às H.egiões Tropicais" - Boletim Geo-
gráfico, ano X, n. 0 1ll - 1952.
24 "Contribuição ao estudo da geologia do território federal do Amapá"
- Revis ta Brasileira ele Geografia , a no XIV, n. 0 1 - 1952.
-XIV-

25 - "Formação de Lateritos sob a Floresta Equatorial Amazônica (Ter-


ritório F ederal do Guaporé )" - Tese apresentada ao XVI Con-
gresso Internacional de Geografia realizado em Washington em
1952 - Revista Brasileira de Geografia, ano XIV, n. 0 4 - 1952.
26 - "A População do Território Federal do Amapá e a Importância
das Atividades Econômicas na sua Distribuição" - T ese apresen-
tada ao XVII Congresso Internacional de Geografia realizado em
Washington em 1952. Publicação avulsa da Imprensa Oficial do
Território do Amapá - 1952.
27 - "Laterização das rochas e solos do território federal do Amapá" -
Tese apresentada ao XVII Congresso Internacional de Geografia
realizado em Washington em 1952.
28 "Asp ectos Geográficos Gerais do Território F ederal do Guaporé" -
Boletim Geográfico, ano XI, n. 0 112 - 1952.
29 "Notas sôbre as Zonas Econômicas do Território Federal do Acre"
- Boletim Geográfico, ano XI, n. 0 115 - 1953.
30 "Observações Geográficas do Território Federal do Guaporé" -
Revista Brasileira de Geografia, ano XV, n. 0 2 - 1953.
31 "Aspectos Geográficos do Território F ederal do Acre" - Revista
Brasileira de Geografia, ano XVI, n. 0 2 - 1954 .
32 "Elaboração de um dicionário geográfico" - Revista Brasileira de
Geografia, ano XVI, n. 0 3 - 1954 .
.'33 "Ilha Soares" - Boletim Geográfico, ano XII, n.O 122 - 1954.
34 "Ocorrência de lateritos na bacia do Alto Pun1s (Território F e-
deral do Acre)" - Tese apresentada ao XI Congresso Brasileiro
de Geografia, realizado em Pôrto Alegre em 1954 e aprovado para
publicação nos Anais - Revista Brasileira de Geografia, ano XVIII,
n .0 1 - 1955.
35 "Nota sôbre alguns sambaquis da cidade de Niterói" - Anais da
Faculdade Fluminense de Filosofia, 1954.
36 "Notas sôbre a pecuária nos campos do Rio Branco" - Boletim
Geográfico, ano XII, n. 0 123 - 1954.
37 "Notas sôbre as Habitações Rmais do Território do Rio Branco" -
Boletim Geográfico, ano XIII, n. 0 125 - 1955.
38 "Notas a Propósito dos Depósitos Conchíferos de São Lomenço,
Boa Vista e Chácara do Vintém (Niterói), Estado do Rio de Ja-
neiro" - Boletim Geográfico, ano XII, n.O 126 - 1955.
39 - "Sugestões para os novos currículos de Geografia das Faculdades
de Filosofia" - Boletim Geográfico, ano XIII, n. 0 127 - 1955.
40 - "A Rodovia Plácido de Castro e sua importância no povoamento
e na colonização da região (Território F ederal do Acre)" - Re-
vista Brasileira de Geografia, ano XVI, n. 0 4 - 1954.
41 - "Ocorrência de lateritos na bacia do alto Purus" - Revista Brasi-
leira de Geografia, ano XVII, n. 0 1 - 1955.
42 - "Os lateritos dos campos do Rio Branco e sua importância para
a Geomorfologia" - Hevista Brasileira de Geografia, ano XVII ,
n.0 2- 1955.
XV-

43 - "Geografia dos Territórios Federais Brasileiros" - Súmulas das


aulas do Curso de F érias para Aperfeiçoamento de Professôres do
Ensino S0cundário - Curso de Geografia - 1954.
44 "Sugestões de Programas de Geografia do nôvo currículo das Facul-
dades de Filosofia'' - Boletim Geográfico, ano XIV, n. 0 131 - 1956.
45 - "Elementos do Helêvo e do Litoral: Hidrografia" in: "Elementos
de G eografia e Cartografia" pgs. 271/ 285 - Separata do "Boletim
Geográfico", ano XVII, n. 0 155 - 1960.
46 "O ensino da Cartografia e da Geografia Física através do filme"
in: "Boletim Geográfico", ano XVIII, n. 0 157- 1960.
47 "Introd uçã.o à Geomorfologia" in : "Boletim Geográfico", ano XIX,
n. 0 160 - 1961.
48 "Viagem de Estudos - Informações sôbre a Amazônia" - Escola
Superior de Guerra - 1955.
49 "Aspectos Geográficos do Território do Hio Branco" - Hevista Bra-
sileu·a d e Geografia, ano XVIII, n. 0 1 - 1956.
50 "Aspectos Geográficos do Sudeste do Espírito Santo" - Hevista
Brasileira de Geografia, ano XIX, n.0 2 - 1957.
51 "Notas sôbre o Palmito em Iguape e Cananéia" - Hevista Brasi-
leira de Geografia, ano XIX, ano 3 - 1957.
52 "Subsídios para uma nova divisão política do Brasil" - Revista Bra-
sileüa de Geografia, ano XXII, n. 0 2 - 1960.
53 Situação da Estrutura Econômica do Brasil ( Hegião Amazônica) -
Tese apresentada na Escola Superior de Guerra.
54 "Significado geomorfológico do sambaqui de Sernambetiba" - He-
vista Brasileu·a de Geografia, ano XXIV, n.0 4 - 1962.

III - Artigos em Língua Estrangeira

1 - "Terrasses de la rive gauche d e l'embouchure de l'Âmazone et


du littoral de !'Amapá" 16 pp., gráficos e 1 carta fora de texto:
Publicação do "Laboratoire de Geomorphólogie" da "Ecole - -
Pratique de Hautes Etudes de Paris.
2 - "Terrasses et "pointer" dans l'ile de Maraj6" in: - "Premier rapport
de la comission pour l'etude e la correlation eles niveaux d'erosion
et des smfaces d'aplanissement autour de l'atlantique" ( Hecherche
en Am erique du Sud" ) - pgs. 65/69. U nion Geographique Inter-
nacionale ( 1956).

IV - Comentários

1 - "L'homme et le Sol" de Henry Pratt - Boletim Carioca de Geo-


grafia, ano III, n. 0 4 - 1950.
- XVI-

2 - "Fotografias aéreas" de Pau l Chambart de Lauwe - Boletim Geo-


gráfico, ano IX, n. 0 99 - 1951.
3 "A propósito da H.evista el e Ceomorfologia Dinâmica" - Boletim
Geográfico , ano IX, n .O 101 - 1951.
4 "Degradação dos Solos da Guin é Portuguêsa" de A. Castro - Bo-
letim Geográfico, ano IX, n. 0 103 - 1951.
5 "A noção el e erosão no modelado do relêvo terrestre de Jacques
Boucart - Boletim de Geografia, ano IV, n.0 1 - 1951.
6 "La Géologie" de André Cailleux - Boletim Carioca de Geografia,
ano V, n. 0 3 e 4 - 1952.
7 "A propósito dos depósitos conchíferos no litoral do oeste africano"
- Hevista Brasileira d e Geografia, ano XIV, n .0 1 - 1952.
8 "Pluviação e enxurrada" - Boletim Paulista de Geografia, n .0 18
- 1954.
9 "Amazônia" - Boletim Geográfico, ano XII , n .0 129 - 1955.
10 "Produção el e Diamantes" - Boletim Geográfico, ano XIV, n. 0 132
- 1956.

V - Traduções
1 "Observações geológicas no oeste do estado de Minas Gerais" -
Boris Brajnikov - Boletim Geográfico, ano VII, n. 0 87 - 1950.
2 "Conquista dos solos das regiões tropicais", H enri Pratt - Boletim
Geográfico , ano VIII, n. 0 89 - 1950.
3 "Importância econômica da oceanografia física e da geologia
subm arina" C. Francis - Boeuf e V. Romanoviskt - Boletim Geo-
gráfico, ano VIII, n. 0 92 - 1950.
4 "Os traços esh·uturais do vale elo São Francisco", B. Brajnikov -
Bole tim Geográfico, ano VIII, n. 0 93 - 1950.
5 "Ten dências atuais da pedologia nas regiões tropicais e subh·opi-
cais", Albert D emolon , Georges Aubert, Stephane I-Ienin - Boletim
Geográfico , ano VIII, n. 0 94 - 1951.
6 "Amazônia", Pierre Gomou - "Boletim Geográfico", ano VIII ,
n.O 94 - 1951.
7 "Noção d e erosão no modelado elo relêvo terrestre" - Prof. Jacques
Bourcart - Boletim Geográfico, ano VIII, n. 0 95 - 1951.
"Morfologia estrutural e morfologia climática" (em colaboração) -
Boletim Geográfico, ano XVIII, n.O 155.

VI - Vultos da Geografia

1 ''Jorge Zarur" in: "Revista Brasileira de Geografia", ano XX, n. 0 3.


2 "Roberto Gaivão" in: "Hevista Brasileira d e Geografia", ano XX,
n° 4.
AA - denominação regional usad a pelos indígenas do Havaí para os derram es de lavas
co nso lidadas forma nd o um a superfície constituída de material semelhante à escória e
fragme ntado em blocos. Qua ndo essa s·uperfície é levemente enrugada, semelhante a maços
de co rda , cha ma- e lava cm·dada, porém, cortada por algum as fendas denomina-se pahoehoe .
O vu!c.:an i ~ J<t o hava iano é ele lavas búsicas, não havendo explosões.
ABA - parte mais ba ixa de uma montanh a ou de um anticlineo, não devendo ser confundida
com os fl ancos de um a montanha. Este têrmo é usado apenas nas descrições de paisagens
e qualitati vamente, sem ma iores precisões científicas. E x.: aba da serra; aba do anticlí-
neo ; aba do morro, etc.
ABAIXAl'vrENTO DA COSTA - vide movim ento ela costa .
ABALO SíSMICO - o mes mo qu e sismo ou t en·emoto (vide) .
ABAULAMENTO - tênno usado em geomorfologia com o se ntido descriti vo, de relêvo
ncidentado com a fo rma de do m o (vide), co nsiderando ou não uma estrutura dobrada.
No pri meiro caso, diz respeito apenas ao as pecto da topografi a, enq uanto no segundo caso,
considera a estrutura gerada p ela movimentação tectônica. 09 abaulamentos podem ser
produzidos també m pela intrus·ão ele batólitos, ]acólitos ou mesmo por um movimento epi-
rogênico. Neste últim o caso tem-se geralmente um a·rqueam ento (vide).
ABERS - tên no regional ele origem céltica, usado na Bretanha ( França) , para designar os
estuários que se sucedem na costa alta de falés·ias, com promontórios agressivos.
ABIGARRADA ( rocha ) - q ue apresenta côres vm·iadas . O mesmo que vm·iegada. Como
exemplo podemos cita r as argilas variegaclas ela séri e Barreiras, ou ainda as m·gilas abi-
ga.rradas ela bac ia terciúria de São Paulo.
ABLvlE - o mes·mo que aven (vide) ou alga-re ( tênno usado em Portugal ).
ABióTICO - o mesmo q ue azáico, isto é, período da história físi ca da terra, cuja vida é
desconhecida.

ABISMAL - o m esmo fJ ue abismo ou abissal ( região) ( vide).


ABISMO - têrmo des-critivo usado em geomorfologia continental e submarina p ara designar
gra ndes profundid ades ou penh ascos. Tem fun ção q ualitativa numa descri ção . Os abismos
submarin us são também chamados fossas submarinas (vi de).
ABIS SAL ( depósito ) - depósito ma1inho localizado a um a profundidade superi or a l 000
metros. A subdivisão dos sedimentos - vasa - é dada pela vasa de globigerinas, diato-
n1 f~c eas , ntdiolúrios e 'trgilas verm elhas ( vide) ou argilas d as grandes profundidades.

ABISSAL (1·egião) - corresponde aos abism os submarinos onde as profundidades são su-
peri ores a 5 000 metros. Esta região morfológica da geografia do fundo elos mares equivale
a uma área total ele 3% dos oceanos. (vide hadal )

DlCI ON Ámo GE OLÓG JCO-GEOMORFOLÓGICO 1


ABISSAL ( rocha ) - denominação dada por Grôgger às rochas eruptivas, ou melhor, in-
trusivas, consolidadas a grande profundidade, sendo também sinônimo de plu.tônicas. (vide).
ABISSAL (sedimento) - material acumulado nas grandes profundidades elos oceanos. ( Vide
abissal, depósito ).
ABISSAL (zona) - denominação dada pelos biogeógrafos à parte profunda dos ocea nos,
co m sêres. vivos diferentes da zona ne1·íUca , batial e hadal. (vide).
ABISSO - nom e proposto por A. Brongniart, porém pouco usado, para des ignar os- depó-
sitos formados na zona mai profunda dos mares. O mesmo que ·região abissal e hadal.
(vide) .
ABLAÇAO - conjunto de processos que iJ1iciam o transporte dos detritos das rochas
(vide trcmsporte) . Analisando com rigor, observamos que a ablação é o mesmo que erosão,
no se ntido restrito de destrui ão das formas de relêvo pelos agentes exodinâmi cos ou
mais propriamen te de transporte do material meteorizado. A ablação é sinônimo de des-
lltldação (vide). Em glaciologia o têrmo ablação fica restrito à redução da própria massa
gbciári a, por efeito da evaporação e fusão. !\'uma geleira tem-se: [I) :::una de alinw 11tação;
b) zona de ab lação.
ABLAÇÃO PLUVIAL - traball1o erosivo de carregamento de solo e rochas deco mpos tas-
pelas águas das chuvas, o mesmo que plu.vie-rosão. (vide).
ABRA - peq uena enseada com bastan te fundo , constituindo u'a miniatura das angras e
elos golfos. T êrmo descl'itivo usado pelos geomorfólogos.
ABRASÃO - nome dado por Richthofen ao trabalho destruidor elo mar na zona costeira .
Nos abruptos escarpados das fa lésias mell1or se pode observar o trabalho de destruição
realizado pelas vagas e correntes.. A abrasão se faz por solapamento da base, ocasionando
desmoronamentos sucessivos. Embora o têrmo abrasão tenha sido usado no início para
designar o desgaste produzido pelo mar, hoje engloba tôdas as ações exodinâmicas: fluvi al,
eólia, glacial, pluvial, etc.
ABRASAO MARINHA -o mesmo que· abrasiio (vide) feita pela água do mar.
ABRASIVO - material que produz desgas te por choque ou atrito. Os abrasivos são muito
utilizados na indústria, e entre êles podemos citar : diamante, quartzo, sílex, granada, etc.
ABRÕLHO OU ESCOLHO - acidente elo relêvo s-ubmarino constituindo um rochedo que
por vêzes aflora próximo aos litorais formando ilhas. Também podem aparecer no leito
dos rios os "escolhos", form ando pequenas correcleiras. O têrmo abrôlho é mais· comumente
usado para os pequenos picos ou afloramentos ele rochas, que aparecem junto aos litorais
e que fi car à flor d'água, exemplo: pareei dos Abrolhos, no e "tado da Bahia.
ABRUPTO - têrmo de natureza qualitativa, muito usado em geologia c geomorfologia para
d scri ão ela paisagem física , onde aparecem escarpam entos. Os abruptos são encontrados com
mais freqü ência nas regiões montanhosas, no litoral do tipo fal ésia, etc.
ABSORÇÃO DA AGUA - di z-se quando as gotas ele água elas chuvas ficam retid as na
camada superficial do solo. A água passa a infiltrar-se por efeito ela gravidade, se o solo
c o subsolo são poros<Js; caso contrário, as novas porções ele água caídas engrossarão o
le nço l de escoamento superfi cial. E te tipo de escoamento elas águas só se verifica, por
conseguinte, quando a precipita ão pluvial fôr superior à capaciclade ele absorção e de
infiltração.
ACADIANA - revolução orogenética que ocorreu no D evoniano da América do Nort".
ACAMADA - tênno pouco usado para designar rochas sedime ntares . (vide}.
ACAMAMENTO - vide estratificação .
ACAMAMENTO (plano de) - o mes mo qu e 1?lcmo de est·ratificação
( vide).
ACA ALADURA - têrmo usado também com o mesmo sentido ele can -
lu.ra (vide), ou ainda como sulco, à semelhança ele canal horizontal,
cavado pela abrasão marinha ao atacar o wpé de uma falésia. (Figura
Fig. n.o lA n. 0 lA ).

2 DICIO NÁ HIO GEOLÓGICO-GEOMORFOLÓGJC O>


Nes-se trabalho de desgaste o mar produ z na zona elo estrão, isto é, na faLx a de oscilação
das marés, um rêgo ou sulco chamado ele nicho pelos ingleses, e de encoche pelos franceses.
E ssas acanaladuras no litoral são muito importantes para os geomorfólogos·, pois, quando
ês tes sulcos cavados nas rochas são enco ntrados a vários metros acima do nível do mar
atu al, ou se ao contrário as sondagens subm arinas revelarem form as semelhantes submersas,
estas indicam imediatamente movimentos de oscilação do nível d as terras e das águas no
decorrer dos diversos períodos geológicos.
ACAUSTOBióLITO - rochas sedim entares de ori gem orgâni ca não combustíveis que fazem
parte do biólito, segundo a denomin ação dada por Potoni é, ex. : calcários formados por
cora i~ ou lamelib rl\nquios, vasas de globi gerinas, etc.
ACAVALAMENTO - di z-se das dobras em q ue um dos flancos fi ca sôbre o outro, não
implica ndo necessàri amente na existência ele carreação. Todav ia, nas dobras acaualadas
( chevauchés) verifi ca-se 11111 deslocamento importante elo co mr artim ento superi or.
O acava lamento se dá a lgum as vêzes co m um recobrimento quase com pleto dos ter-
renos mais recentes sob terrenos ma is anti gos, co mo é freq üente nas cadeias dos. Alpes,
Pireneus, An des, Rochosas e Him alaia.
ACELERADA (erosão) - o mesmo que erosão biológica. (vide) .
ACESSóRIOS (constituintes) - minerais acessórios que revelam certos caracteres da cris ta-
lização da rocha, mas qu e não servem para definir o seu tipo, como os chamados minerais
essenciais. Exis.te um a categori a de minerais acessórios chamados de acessórios aux-iliares
ou ocas•ionais. Nos depósitos sedim entares os minemis acessórios aparecem em escassa quan-
tidad e, menos ele 2%.
ÁCIDA ( rocha) - categori a de rocha q ue poss.ui grande porce ntagem de sílica . Existe
um a clasisfi cação das rochas, inteiramente ba--eada na propon;ão de sílica . As rochas ácidas
possuem mais de 65% de síli ca, tem coloração clara e no g ue se refere à deco mposição, ofere-
cem maior resistência à hi d ratação; as neutms contêm de 52 a 65% de sílica; a& básicas
ele 45 a 52%; e as ultwbásicas, menos de 45%. As rochas ácidas são geralmente claras
( leucocráti cas) enqu anto as básicas são escu ras (melanocráticas) .
A acidez é de grande im porti\ncia no estud o ela erosão diferencial, no tipo de a lteração
da roc has e na formação dos solos. Roc has ácidas intercaladas com rocha& bás icas, estas
últi mas resistem menos à erosão que as primeiras. As oxidações, ou melhor, a lateri zação
elas rochas se faz mais ràpidamentc nas ricas em elementos. ferromagnesianos ( rochas bá-
sicas) , que nas silicosas ( ácidas) . A própria espessura da camada deco mposta será maior
nas áreas de roc has· bás icas q ue sôbrc as rochas úci das . A natureza e a espessura elos solos
tamb ém es tão em fun ção d a acidez da rocha primitiva. los casos acima apontados consi-
deramos sempre as rochas subm etidas a um mesmo tipo de clima para pudermos com parar
a importância clêsse fa tor. Pode-se di zer, por co nseguin te, que a acidez de um a rocha é
definida pelo teor ele sílica, superior ao necessári o para form ar os feldspatos, dando apare-
cimento ao quartzo livre. A fam ília dos granitos é a mais ri ca em sílica, isto é, a mais ácida
das fa mílias de rochas, em oposição à fa m-ília elos peridotitos, q ue é a m ais pobre em sílica,
sendo por isto a mais básica das fam ílias ele rochas, isto é, rica de ferro e magnésio.
ACIDENTE DO RELÊVO - denom inação usada para qu alquer forma de relêvo que ofereça
ontrastes com outras q ue lhe es tão próxim as. Quando os desnivelamentos são fortes. e
constantes, costuma-se denom inar a paisagem assim descrita de: mgião acidentada, relêvo
acidentado, ou ten ·e110 acidentado, etc .. Es ta& expressões têm ap enas valor descritivo e são
mais usadas p elos geógrafos do qu e pelos geólogos.
ACIDENTE GEOGRÁFICO - o mes mo q ue acidente do relêvo (vide) . D eve-se, no en-
tanto, salientar as formas topográfi cas qu e interessa m apenas no plano hori zo ntal, is to é,
rrs m·ti.w laçõcs ( vide) e as q ue di zem res peito ao plano verti cal ou acidentes propriam ente
ditos.
ACIDENTE TOPOGRÁFICO - o mesmo q ue acidente do relêvo ( vide) .
ÁCIDO (solo) - contém um p H baixo. A acidez de uma solução é expressa pela relação
do n(unero de ions ele hidrogênio q ue a mes ma contém. O criador ela escala do pH, o
d inamarq uês Sôre ns·e n pa rtiu do es tu do ela água q ulmi camente pura, e num total de
555 000 000 de moléculas, verificou que co ntinha ap enas um a dissociada e constitu ída de
H e OH. O cálculo b aseado sôbre o pêso molecular da água permitiu encontrar em 10 000 000
de litros d'água 1 grama de ions de H . A concentração é, neste caso, in dicada ela seguinte
mane.ira 1/ 10 000 000 ou 0,000 000 1. Esta ma neira pouco prática ele expr imir a co ncen-

DICIONÁRI O CEOLÓCICO- CEOMO HFOLÓCI CO 3


tração de ions de H e OH com um a sen e de zeros, levou Sôrensen a indicar pelo número
de algarismos correspondentes aos que seguem depois da vírgula. No caso da água pura
vimo9 que há 7 algarism os e nes te caso diz-se que o seu pR é igual a 7. O estudo do pH
dos solos é de capital importância p ara a agricultura, pois, q uanto mais alto o pH mais
alcalino é o solo, e quanto mais baixo, tanto mais ácido. O pH igual a 7 corresponde a
u m meio neutro, isto é, os solos não são nem ácidos nem básicos. A escala de acidez vai
de O a 14 e os solos cujo pH é inferior a 4, con espondem a solos mu ito ácidos e os su-
periores a 10, m uito alca lino9. Os dois extremos, isto é, a acidez e a alcalinidade são
elementos nocivos à agricultura e necessitam de corretivos, como o calcário e o enxôfre,
respectivamente para a acidez e para a alcalinidade.· Grande pa rte dos solos brasileiros são
mu ito ácidos, constituindo um problema o seu aproveitamento agrícola.
ACLíNICA - diz-se da camada d e rocha CJUe se apresenta na posição horizontal. (Vide
m ergulho ) .
ACLI V:E - o contrário de decl-i-ve (vide) , isto é, inclinação de um trecho de um a super-
fície, qu e pode ser um a encosta de morro, o reverso de uma cuesta, a vertente de uma
serra, etc. O acli ve é g_eralmente forte nas regiões montanhosas, e fmco nas regiões planas
ou pouco aciden tadas. E ex pres;'O em porcentagem ou em gra us. Podemos dizer por conse-
guinte que o aclive é umrt inclinaçãq do terreno considerada, no entanto, ele baixo para
cin1 a.
ACUOGRAFIA - denominação que se usava antigame nte para a parte ela geografia es-
tereográfica (vide) que se ocupava elo es tudo elos cabos. H oje tal expressão es tá comple-
tam ente abandonada.
ACUMULAÇÃO - o mes mo que sedimentação (vide).
ACUMULACÃO DE AREIA - diz-se do depósito de grãos de quartzo in coer ente~, como
nas dunas, praias, etc. ( Fig. n. 0 2A)

Fig. 0 .o 2A - No litoral do estado do Ri o de Jane iro, especialmente e ntre Nite rói e Campos, tê1n-se
grandes depós itos are nosos. Em. certos p ontos, são as restin gas barrando lagoas, enquanto en1 outros,
belas dunas, d ando wn aspecto todo particular a êste trecho da costa nnm inen.;;e . Na fo to achua vê-se
a topografia de um trecho de dunas próximo a Cabo Frio.
(Fo to l:.s;o Hrasile im d e P e tróleo)

4 DICIONÁRIO GEOLÓGICO-GEOMORFOLÓGI CO
ACUM LAÇÃO D E BLOCOS - diz-se do depósito de blocos de desmo ronamento que
surgem nos taludes (vide), ou mesmo em cu r os d'água de regime torrencial.
ADAPTAÇÃO - concordância das forma s topográfica9, co m a estrutura geológica. Em
certos casos, pode-se ter uma adaptação ap<'nas da rêclc hidrográ fi ca à es trutura, enquanto
que as fom1a s d e relevo não apresen tam tais concordâncias.
AD ULÃRIA - variedade de ortoclasi ta de brilho vítreo <' in color, geralmente usada nas
joalherias como o nom e de J! dro da lu.a. Aparece nas. drusas c, mais comumente, nos xistos
cristalinos.
ADVE TíCIA - diz-se das crateras qu e surgem no cone vu lcâ ni co, além à a cratera central,
ou seja, a pa11 c terminal da ·haminé vulcà nica. ( Vide crat era ).
AEHOLITO - o mesmo '111<' meteorito (vide) .
AETOBALI 10 - denominação dada pelo geólogo Grabau ao m e tam o rfi~·mo de contato.
(vide m etam orfism o).
AFA ÍTICA - textura ele rocha de granu l a~ão muito fina , cujos co nstituintes só podem
ser discerníveis ao mi cros-cópio.
AFLORAME TO - tôcla e qual 1uer exposiçao de rochas na superfície da terra. Geralmente
as rochas aparecem cobertas com materiais decompostos. Nas regiões tropicais a decom-
posição química é um dos grandes inimigos. dos geólogos. Os afloram entos podem ser na-
turais ou artific iais . ( Fi ~?. n." ;3A). No trabalho d campo a procura dos afloram entos con ·titui
uma elas principais tarefas do geólogo. A utili zação da pesq uba desses afloramentos em

lj·.g. n.o :JA - Atloramenlo artificial de ma ng:anês na serra do ~avio, no território federal do Amat)á.
Vê-s<• na3 partes l att~mi s a densa flores ta amazônica.
<Foto rco:-.n )

I
fotografias aéreas repre:>enta grande economia d e tempo no trabalho de campo. O geólogo
já parte p ara o campo sabendo onde existem os melhores penh ascos, alcantilados, penedos
isolados , qua1s os lados onde a rocha está menos decomposta, barrancos de rios, trecho9 de
litoral, etc. Como afloramentos artificiais consideramos as perfura ções feitas para os poços,
a exploração de minas, co rte:> de estradas, escavações, pedreiras, etc. Afloram ento na lin-
guagem dos trabalhadores de mi nas é o aparecimento superfi cial de filões .
AFLUENTE - curso d 'água, cu jo volume ou descarga contribui p ara aumentar outro, no
qual desemboca. Chama-se ainda de afluente o curso d ' água q ue desemboca num lago ou
numa lagoa. O traball1o erosivo dos rios afluen tes e s ub a flu e nte~ é geralmente n~e n or que o
do rio principal, pois o volu me d 'água é se nsivelmente menor. Além dêste fator, outros
devem ser considerados, como: estrutura, textura, natureza da:;; rochas, es tado de de-
composição, cobertura vegetal, declive ( perfil longitu dinal ), clim a, etc. Por co nseguinte,
vê-se que é difícil sintetizar êsses problemas qu e dizem respeito à erosão nos· cursos d'água,
quer sejam êles principais, aflu en tes, subafluentes, etc.
AFOSSILlFERO - terreno q ue não cont ém fósseis.
AFRICANO (escudo) velha p latafo rm a ele rochas anti gas. O mesmo qu e E ti ópico. ( Vide
arq uea no).
AFHO-BRASILEffiO - p arte do grand e continente de Gondwa na, q ue se fragm entou nos
meados da era Mesozóica, isto é, no p ríodo Jurússico ( ,·ide M esozóica ).
AFUNDAMENTO - depressão produ zida pela movimenta ção tectônica das camadas, que
pode dar origem a sincli nais, gra bens ou a depressões ck àngulo de falha, onde geralm ente
se instalam os cur so~ d 'água. Os afundam e•üos são. no di zer dos parti dários da isostasia,
com pensados por leva ntamentos em out ras regiões.
ÁGATA - varied ade ele calcedônia fo rm ada de zonas concêntricas de colorações va riadas.
Pode-se di zer que a úgata é um a calcedôni a mu lbcolorida, de brilho ceroso ou litóide.
Suas prin cipa is vari ed ac~ es são: ágata zonada ou em fortifi cação, ágata dencl ríti cn ou ar-
bore>'cente, onix, sernod ix e ágata musgosa. As ;)gatas depois de cortadas, segundo clireções
diversas, são muito usadas nas joalheri as para jóias c objetos de orn amentação.
AGENTES DE DEC0111POSIÇÃO QUíMICA - compree nd e-se geralmente como a parte
da eros·ão elementar ou meteori zação das rochas q ne mod ific a a natu reza e co mposição
química dos diferentes minerais qu e integram as di vf' rsas fam íli as de rochas. A h idratação
é o principal elemento d a decomposição quími ca das roc has.
AGE NTES DE DESAGREGAÇÃO DA S HOCHAS - são os q ue se man ifestam pela de-
sagregação mecânica e p ela rf,ecom pnsiçii o Cf!IÍmica produ zidas p ela amplitude térmica
diári a, gêlo e degêlo, dilatação do;; cristais produzid a pela hidrata ão, plan tas, raios, etc.
AGENTES DE EROSÃO - conju nto de forças q ue cont ribu em para o clescnvolvimenta eh
erosão do relêvo (destrui ção e sedim ent ação ou constru ção de novas fo rmas ). Os agent es
de erosão são, na sua maio r parte, de origem climútic:l , podendo deri\·ar clircta ou ind ireta-
mente da ação do cli ma . En tre os fa tôres qn e d eri\'a m diretam ente d a ação elo clima,
temos: va ri ações de temperatura, insolação, va ri:tções. de umidad e, altern ância elo gêlo e
degêlo, chuvas, ventos, fenôm enos clétricos . En tre os fatores qu e cleri,·am incl iretam ente
do cli ma, temos: o lençol d'(1gu a d e escoa mento superfi cial, os rios, as correntes marinh as
e vagas. Além d ês-ses di versos fa tôres, podemos citar os de ord em biológica, co rn o os ve-
getais, os anima is e os hom ens ( vide erosão ) .
As elevações g ue existem na crosta terrestre st;IO sendo co nstantemente trab alhadas pela
erosão qu e reduz progressivamente a altitu de d n · montanhas, colinas, morros, etc. Progres-
sivamente, tôdas as elev:tções são redu zidas a um ní vP I baixo bem próximo do ní vel elo
mar ( peneplanos nos clim as temperado. ) . Os element os res pons{l\·eis 1 nr es ta nçi1 o ele de -
tru ição sflo cham ados agentes d e erostin.
Existem, no entanto. outra s .forças q ne dt> tempos em tl' mpos. ele\' am certas porções da
crosta, cons titu indo as montanh a!>, os plana ltos ou as superfí cies ele arrasa mento. Assim
endo, o relêvo não desaparece completa mente, p rsisti nclo sôhrc os· co ntin entes, em algum as
regiões, cadeias montanhosas.
AGENTES DO MODELADO - co njunt o ele fat ores lle ord em externa e in tern a q ue contri-
buem para modificar a paisagem fí sica. E ssas modificações podem er lenta , como é o
~a~o dos movimentos dl' costa ; ou poden1 se r súbitas como as observadas apó um terremoto.
Esses agentes podem ser agrupados em du as ca tegori as : l - fôr ças exóge nas ou ex ternas,

6 D I CJO N ,\lHO G EOLÓGJCO-CEOl\•1OH FOLÓCI CO


2 - fôrças endógenas ou internas. Os· agentes externos constituem o qu e denomin amos ele
agent es d e erosão ( vide ) e os internos são constituídos p elos fenômenos vul cânicos, sís-
mi cos e tectônicos.
AGENTES FíSICOS - o mes mo qu e agentes d e e rosüo (v id e).
AGLOMERADO - roc has h etcrogê neas constituindo vcrdadeim brec has vulcâ ni cas, nas
qua is aparecem b ombas, lapil-i, cin zas, lavas, etc. Os aglomerados não eleve m ser co nfun-
didos com os conglomerados, poi9 os prime iros são de ori gem vu lcâ nica, enquanto os se-
gundos são ele ori gem sed imentar. Al gun s separam os aglcnnerados elos conglom erados, di zendo
q ue os primeiros são constitu ídos apenas ele fragm entos ele roch as eruptiva9, e os segundos
apenas de roch as detríticas.
AGNOTOZóiCA (e ra) - nom e dado ao tem po geológico dos dois pe ríodos : Arqu eano e
Algo nquiano. A e ra Agnotozó ica ( viela descon hecida ) é t: unbt~ m chamad a ele era Azóica ou
Prim.ítiva.
AGUADAÇÃO DO RELÊVO - di z-se ela acumulação ele seclimento9 nas zo nas ele depres-
sões re l a tiv.<:~s, qu e torn a a sup erfí cie ela litosfera mais uniform e. As formas ele agrada ção
dizem res peito a forma s de Telê ün de ncum ulaçiío , como exem p lo, têm-se a~ planícies, en-
q uanto q ue as· form as de degradação, es tão ligada s ao desgaste provoca do pelos agentes
exocl in :l mi cos. ( Fig . n." 4A ) .
ÁGUA -- é um composto qu ímico fo rmado ele dois :ttomos ele hiclrogêni o e um de oxigênio
( I-FO ) A água constitui uma unidade ele medi da de dens·idacle e a escala termom étrica
ce ntesima l ( Celsi us) se baseia no seu p onto de solidificação 0 °C e de ebulição l00°C.
Do p onto ele vist a geológico e geomorfológico a água constitui incon tes t:\ve lm ente, o
p rincipal agente rl e des truição, isto é, de erosão dos con tinentes. Devemos a inda ressaltar
q ue as á~ u as co rrentes não são puras, pois trata-se de um a clissolu c;ão ar1uosa de vári os
sais, ácido carbôni co e matérias orgàni cas. Assim es te traba lho é feito principa l111 entc através
da :'tgua q ue escorre, qu er sob a fomw d e /ençn / di f uso qncr sob a forma co 11 centarda ( rios ).
Além elo trab alh o fei to pela :'1gu a de cscoamC'nto superfi cial, devemos· co nsiderar o rea li zado
pelas águas de in filtr a~· iío. Toda' ia o trabalho da eros:'ío vai dqwnd cr aind a do clim a, e
ta mbém do solo, com a sua constitui <;iio geo lógica e a sua forme~ topogr(tfi ca . De 11111 lado
t•' ll lO S . pois, a ft\r ~·a rpw ag<' e, de outro, ,I re,; isténcia oposta a essa f<\n;a .

F ig. n . 0 4 .--\ - H e l ~vo d e ag rnda <,:ã o na Baixada da G uana ba ra, v e nd o-se ao fundo o maciço d a T iju ca ,
ott .-t t'ja , um rt'lê vo de d c~rada ~: ~i.o. Na p;1rte central da planíc ie foi abe rto um canal d e drenage m .
(F oto Tibor Jnb lonsky d o CNG )
As águas estão em constante circul ação, es tando pres-e ntes tanto na atm osfera sob a
fo-r-ma d e vapor, como sob a forma líquida, na superfíci e do solo, ou mesmo no in terior
do subsolo, cons tituindo lençóis aqüíferos. Três são as partes q ue integram o ciclo hidro-
lógico (vide): 1 - Águ a de evaporação; 2 - Água de infiltração ; 3 - gua de eswamento
superficial.
As águas de eva poração têm grande importância, não só para o estudo do dim a, como
também na alteração das roch as ( decomposição química). Por ocasião das precipitações
plu viais verifica-se que uma parte das águas pode não chegar ao so lo, eva porando, co nsti-
tui a umidade; outra se escoa, e fin almente, a que se infiltra, vai form,.r o lençol subter-
râneo.
Em determinadas condições, devido !t inclinação e impermea bilidade do ten eno vão
se formar co nstantemente as água ele €'Scoamento superficia l qu e produ ze m os; maiores
desgastes, erodindo o solo, produ zindo ravinas ou voço-rocas (vide ), ou mesmo os rios ( vide).
A ação direta ela água da chuva é dupla, pois., reali za simultâneamente uma ação
física e q uímica. Aglomera as poeiras e partícu las sôltas, cava regos e sulcos nas argila.;
tenras, embebe as rochas permeáveis, favorecendo nas regiões c)c cli ma temperado, as
geadas . A água das chuvas dissolve as rochas solúveis e ataca o calcário graças ao gás
carbôn ico que contém em dis-solução.
Quando as chuvas são abundantes os elementos solúveis do solo desaparecem, e muitos
óxidos são transformados em hidróxidos. E , é à prese nça do óx ido d e ferro qu e se deve a
côr verm elha d as rochas de ce rt a~ regiões desérticas - rub efação, (vide).
Os efeitos d as águas da;; chuvas sôbre a superf ície da terra es tão em fun ção dos se-
guintes fatôres:
A - D-ife1·entes tipas de climas : a) equ atori al - predomíni o ela deco mposição quím ica;
b) tropical - decomposição química e d es~gregação mecâni ca; c) temperado - erosão nor-
mal (erosão flu vial ) .
No tocante ao item clima não podemos deixar ele ass ina lar S·ua grande importância
para explicar os efeitos d as águas de infíltmção e das águas corre ntes superficiais, desa-
gregando, deco mpondo, erodincl o, dissolvendo e lava ndo a superfície das rochas e dos solos.
Considerando, por exemplo, uma região equatori al de superfí cie mais ou menos plana ,
onde há uma grand e preci pitação durante todo o ano, vamos obse rva r o predomínio da
decomposição química. Nas regiões tropicais onde há duas estações bem marcada;>, a chuvosa
e a sêca, o efeito das águas da chuva será in tenso num a p arte do ano e menor na outra,
onde temos a preparação do material feita pela insolação - desagregação mecânica -
quando es ta pre domina, as rochas se diaclasam ou se fraturam , e na época das chuvas a
água se infiltra levando co nsigo fragm entos e materiais em disso lução que produzirão a
d ecomposição química.
Nas regiões temperadas onde as quatro estações do ano são bem definid as t e mo~ a
realização do que chamamos erosão normal ( vide).
B - Volum e do 1·elêvo e condições topugráficas: a) mon tanh as; b ) planaltos. c) pla-
nícies; d) bacias de acumulação. -
as regiões montanhosas a ação d~ s águas das ch u v~ é consideráve l co nstituindo as
enxur-radas ( vide) e as t on e11tes (vide ). Hú um a grande ma;;sa q ue se desgasta po r causa
dos fortes decli ves. Nestas regiões a (tgua leva pouco tempo para se infiltrar, o lençol
superfi cial, portan to, corre com rapidez, produzindo um fo rte desgaste. Nas regiões de
planalto êste de gaste vai ser mais forte nas bordas. A erosão no tôpo do planalto é fraca
e nas escmvas é mais ~centu ada, surgindo as voçorocas e rav inas. Nas planícies o trabalho
da eros·ão va i ser relativamente fra co, porgue os rios süo de fra ca decl ividade e escavam
com pouca fôrça o perfil longitudinal.
Nas regiões de depressões relativas - bacias de ac umu lação - as águas das regiões
vizinhas se acumul am e depositam aí os detritos qu e foram carregados em suspensão .

C- Natureza do material :
rl a) rocha sã
b ) roch a alterada
c) solo
A natureza do material que consti tui a superfície elo globo te rráq~ eo tem grande
importância na explicação ela resistência ou da permeabilidade q ue os diferentes tinos de
rochas e solos podem oferece r às águas de infiltração e ele escoa men to superficial. Na tural-
mente não se pode esh1cl ar a importància ela natureza das rochas sem se leva r em consideração
os outros fatôres, como ressalto elo relêvo, tipos de clima e a cobertura vegetal.
T ôdas as rochas são mais ou menos permeáveis, mesmo o granito r1ue dá a impressão
de ser impermeável, permite a infiltraç:io da água. O trabalho elas águas sôbre as rochas

8 DICIONÁ RIO CEOLÓG I CO- GEOJv[Q RFOLÓC I CO


vai depender do estado das m esmas: sã ou vü;a - rocha q ue não sofreu alteração, podre ou
alterada - rocha que sofreu alteração (deco mposta) .
Nos grandes maciços de sienitos, granitos, etc., as á guas elas chuvas penetram co m
extrema difi culcl a cle; nas rochas de fá cil p ermeabilidade (areia, ca l cá rio~ cliaclasaclos) a
água da chu va se infiltra co m rapidez, ao longo da própria superfície (arenito ) ou elas
fraturas.
Ainda no toca nte às águas de infiltração devemos distinguir as rochas qu e têm per-
m eabilidade de o-rigem, ela~ qu e têm permeabilidade adqu·ir·ida, e finalm ente as impermeáveis.
l J a) florestas
D - Cobertura vegeta : \ b ) campos
A cobertura vegetal constitui um elos elementos ele grande importância para explicar
os efeitos das águas correntes, no que diz respeito à erosão elo solo, ou mesmo o ravinamento
e a forma ção de rios. Ao se estudar a importância da cobertura vegetal no tocante às fa-
cilidades de reserva d 'água no subsolo, ou no obstáculo oferecido à eros ão elas águas das
chu vas, não podemos deixar de levar em consideração os fatôres topografia e natureza das
rochas. Nas regiões de topografia plana, cobertas ele florestas, não é possível a formação
ele e nxurradas, e o trabalho elo lençol de escoamento se faz com dificuldade. Já nas zonas
de campo, co m ce rto declive, o trabalho de erosão em lençol é mais fácil.
AGUA ARTESIANA - água surgente el e aqüífero cativo, ou ainda a qu e atin ge a super-
fí cie p ela próprin pressão do lençol aq üífero.
ÁGUA CONTINENTAL - Comumente co nsiderada como água co·rrente (vide). No
entanto, os rios (vide) são na realidade, apenas mna parte das águas continentais em estado
líquido, pois além das águas elos rios devemos· destacar as águas paradas e confi.nadas, isto
é, os lagos. As fontes· e as torrentes são tamb ém águas continentais. No es tado sólido as
geleiras ou glaciares constituem outra parte das chamadas águas continentais . Na super-
fíci e do globo, ocupando grand e extensão de sua área, têm-se as águas oceâ.n·ícas ( vide)_
ÁGUA CORRENTE - diz-se das águas que se movimentam na superfície dos continentes.
Em sentido res trito u ~a - se, algumas vêzes, apenas referindo-se aos rios (vide ) e torrentes
(vide), em oposição às águas t-ranqiiilas que se referem aos lagos (vide ).
As águas de escoam ento superficial são indiscutiveLnente as que realizam o trabalho
mais intenso de desgaste das forma s de relêvo proeminente. Simultâneamente devemos
tamb ém considera r o trabalho de depositação feito pelas águas correntes que dão origem
a bancos, praias, deltas, planícies aluviais, etc.
No estudo das águas de escoamento superfi cial devemos con;;iderar os seguintes
itens:
1 forma ção de torre ntes - des-
a) es-coamento supetfi cial em lençoll ) barrancam e nto~ erosão
ou difuso fluvial.
b) escoamento concentrado
2) formação de rios.
a) O escoamento superficial das ágttas em lençol se processa quando a água da
chuva escoa normaLnente formando uma capa con tínu a. O traba lho feito pelo lençol d' água
é um fator muito importante d a e·rosüo dos solos. Geralmente é imperceptível, e passa
despercebido mesmo aos qu e se ocupam com o cultivo do solo.
Após cada grande chuva uma delgada película do solo parte juntamente co m o lençol
d'água. Daí a razão por qu e os lavradores sentem o empobrecimento elo solo e não perceb em
o estrago continuado das águas das chuvas.
b) No escoam.et1to superf'icial verifica-se a concentração parcial do lençol d' água
dando origem a pequ enos fil êtes d'água. Conseqüentemente haverá a abertura ele sulcos
ou regos-, dando ori gem a um pequ eno m vinamento na superfície do solo e das rochas
decompostas.
A ação do len\;ol de escoamento superfi cial é semelhante, em parte, ao trabalho
feito pelos rios·. E , em certos casos de ravin amento, é pràti camente idênti co o trabalho feito
pelas · águas das chuvas, com o reali zado pelos rios e, neste cas·o, pode-se falar na exis-
tência de uma rêde hidrográfica em mini atura.
c) No escoa:m.ento concentrado o trabalho das águas concentradas deixa na superfí cie
do globo as suas m arcas, mesmo qu e . êste seja periódico como é o caso das ton ·entes ou
rios temporários.

DICIONÁHIO GEOLÓGICO-GEOMOIIFOLÓGICO 9
As águas de enxurrada podem dar aparecimento a pedras movediças ou blocos osci-
lantes, às pirâmides de erosão ou p·irâmides de terra.
Quanto à formação das torrentes, devemos acentuar que foi o engenhei ro Surell qu em
primeiro e tudou de modo cientifico as suas origen9 e evolu ção examinando as torrentes
a lpinas, no ano de 1840.
AGUA DE ADESAO retenção ele água e iônios na superfície de partículas dotadas
de atividacle coloidal (solo e ro h a decomposta).
ÁGUA DE CRISTALIZAÇÃO - Denominação usada para a quantidade variável de água
que as dive rsas substâncias necessitam para a sua cristalização, CuSO, 5Ho0 é sulfato d e
'Obre cri tali zado (contém ág ua de cristalização. (Vide hid·rataçcío ). D eve-se ainda salientar
que h:í sa is hidratados de constituição estável, enquanto, outros, ao contrário, perdem fàcil-
mentP a úgua d e cris·talização. (Vide e florescência ).
AGUA DE EMBEBIÇAO - diz-se da água que, infiltrando-se entre os poros elas rochas
· ca paz de e levar a superfície freáti ca. No caso elas areias por exemplo, quando não existe
(• gua enchendo os poros, não h{t coesão entre os grãos de quartzo.
No studo da infiltração das águas deve-se considerar:
a - abso rção feita pelo solo

infi ltmção { ~ i
perm eabilidade de origem
perm eabilidade aoquirida { ~~
b d iáclascs
juntas de es tratifi cação
c - dis-solução
d - eluviação e iluvü1ção
1 ) su perficiais - fontes superficiais
e - fn rmaçiio d e lenç·0is aqiiíferos ;
{ 2) profundos. - fontes profundas.
D e modo geral , os geógrafos se preo upam mais, com a águ as correntes e seus efeitos,
do que com as úguas de infiltra ão. Todavia a parte do ciclo hidrológico que constitui as
rtguas de infiltração tem gra nel importância não só para a geografia fí sica e pedologia,
como também para a geogra fia hum ana, lat o senstt.
As :ígnas de infiltra 'ão viio dar origem a fenôm enos importante· de la.wgem ( lixiviação)
c dissoluçüo de ce rtos minerais, bem como co nstituir lençóis d ':'tgua superficiais ou profundos
cujas águas pockriio se1Yir para dar aparecimento a fontt's naturais ou mesmo a poços ar-
tificiai ·.
A captação das águ:1 subtcrr::'t nca' constitui , em ce rta ~ ctre:t , condição indispensável
para a sobrevi ê ncia cb spt\·i • hum a na. No NordPste do Brasil, sabemos perfeitamente o
quanto i.· difícil a ca pt a~·iio de tais lençóis devido à exigüidade do manto de deco mposição,
permitindo dêsse modo q ue <r rand e p arte da itgua das chuva s-e escoe pela superfície elo
solo, enquanto uma parcela mínilna se infiltra . Também na r gião s<'m i-úrida do Senegal.
o problema d<' captaçiio de I nçóis d 'água subterdneos é grave. Os anti T()S colonizadorc ·
fra nceses esL·avaram po~·os profundos, :\s y('ze da ordem do!> 200 metros c ma is para en-
coJ,!rar a úgua. :--:a perfuraçiio de ta is po ·os c na subida da ú~ua para a superfície des-
pendem ;,oma cu nsiderán'l com a instalaç·ão de bombas.
O trabalho das águas llubterrânea · embora imperceptível, na maior ia dos casos, é exer-
cido pelo .tnovimento das úgua~. E no momento em qu e a superfície topog rúfi ca intercepta
a superfíci e fn·áti ca surge entiio uma font e. O efeito das :íguas subtcrr:lneas é mais sensível
nns regiões calcárias, pennitindo o aparecimento de ·rios ·ubterrân eos, de cavernas ou
!!,rttta ·, e abism os.
A água é agente mais n cessú rio na transformação dO" sedim entos pois, penetrando
no olo c nas rocha9 tem um pape l cfi az na evolução das rochas em tod a a zona su-
perfi cial.
As ro has mais poro_as absorvem naturalmente maior quantidade de úgua das chuvas.
armazenamento e a rete nção do maior ,·olume do líq uido em circu lação, depende natu-
ralmente do a tTa njo e da natur za das cüferentes camadas. !': as formaçÕ "S onde predominam
as rochas ígn a e metamórfica9 a circula ·ão das á1,ruas do subso lo se faz por meio d
fendas ou di ,\clascs cx i~t cn t cs.

10 DICJON ' H lO G'EO LÓ GTCO-CEOMOHFOLÓGlCO


A propósito d a circulação intern a das úguas devemos ainda salientar a dissolução q u e
elas provocam nas cliversa!l substâncias dos terrenos atravessados, precipitando outras, já
d issolvidas. E stas ações de di ssolução e precipitação dão origem a águas de composições
diversas, e às vêzes a d epÓ!Yitos minerais de va lor econômi co.
Quan to ao li mit e de p enetração el as ág uas de infiltração não se deve d ei~ r ele levar
ém consideração q ue as águ as encontradas no subsolo não podem se infiltrar in definid a-
m ente. aturalm ente a cap acidade de p enetração vai dep ender da natureza das roch as,
mas também ele ou tro fa tor, qual seja o grau geoténni co. A ê~te propósito devemos consi-
d erar qu e o limite é muito variado ; segundo certos autores varia entre 3 e 100 km. Todavia
o limite m éd io, m ais aceito p ela maioria dos autores, é d e 10 a 12 km.
No que d iz resp eito à p assagem da água de infiltração do es tado líqu ido p ar,, o
de vapor, no solo, esta só se verifica qu ando a temperatura é superior a 365°, qu e é cha-
m ada temperatu·ra c·rítica da água .
Além das ág uas res u lta nte~ da infi ltração, podem os também encontrar no subsolo
águas qu e aind a não integ raram o ciclo h tclrológico isto é, ág uas de origem magmát.ica,
também ch amad as águas ju.ven·is (vide) .
Para as águ as encontradas no subsolo, p odemos usar de modo geral, a d enominação
de âgttas subterrân eas (vide) , porém, se desejarmo!l maior precisão então teremos que con-
siderar as chamadas: águas edáficas, águas capilares, águ.as t ermais , águas vadosas, etc.
Resumi ndo p odemos dizer qu e as águas subterrâneas i<ão m uito importantes p ara os
grupos humanos e também para ex plicar o regime hidrog ráfico dos rios. Assim, nas regiões
onde afloram rochas permúveis, os cursos· d 'água tem geralmente águas límpidas can ega ndo
pouco materi al em susp ensão, e cheias lentas . A circula ão d as águas se fa z sobretudo
subterrâneamente. Já na s reg iões de rochas imperm eáveis onde predominam os efeitos
do lençol de escoamento superfi cial, as cheias são m ais vio lentas, e no p eríodo sêco, os
rios baixam se nsivelmente de nível, podendo mes mo p a s~ar à categoria de r ios tempo·rários.
( vide ) .
AGUA DE GRAVIDADE - não 1·etida p elo solo e por isso descendente até a superfí cie
fr eá ti cn. Os iônios ne la di ,so lvidos são extraídos do s·o lo, o <lu al por isso empobrece c se
acid ifica ( descalc ificação ) .
ÁGUA DE ROLAMENTO - denominação adotada p or algun!l estudiosos para o lençol de
('SCuam e nt o superf icial ( nm -o ff , dos in glêses; ou ntissellem ent , dos franceses ) . ( Yide).
AGUA DORMEN T E O U PARADA - denominação imprópria C]Ue se d ú its <1 g uas dos
lagos. E mbora , na s gran des bac ias lacustres es·tas possa m produzir pequen as ondas e mesmo
marés (se.isches, nos lagos da Suíça ) a mov im entação das (tguas não é co mp:tdvel :\ dos
rios, da í a denomin nçfio de águas p anteias.
ÁGUA D UHA - dcnom inaçiio dada à água q ue tem na sua eomposi çiio grande quantidad e
de cálcio c m esmo magnés io em forma de ca rbonatos, c tamb ém de gésso (s ulfato d e
c \leio ) . Na turahncnte as ág uas duras existem nas áreas onde hú mclws calcárias ( vide).
AGUA EMENDADA - fenômeno q u e ocorre qu ando o d.ivisor de águas de du as b ac ias
hi d ro gráfi cas é indeciso, p ermitindo a livre passagem das águas de u rna bacia pa ra outra .
Como exem plo clássico de águas emendada9, podemos citar a li ga ção qu e exis te entre a
b ac ia el o rio Bran co e a do Orinoco, através do cana l de Cassiqu iare . T am h ~·m podemo
c itar as ligações existentes ent re os ri os Toca ntins e São Francisco, atnl\·és de seus a fl u-
t- nt cs - ri o do Sono c ri o Sapflo ( a flu ente do rio Preto ) . Vários outros cxentp los podem
se r cit ados cont o a:; li gações e ntre o ri o Guapori· e rio Parag uai , etc . Sinteti zando po-
demos di zer qu e o fenômeno das águas emend adas, ocorre é !TI trechos o nde o di.visor ele
ríg uas ( vide) tonta-se po uco p reciso ou indeFinido.
AG UA I NAT1VA ou peli cul ar - retid a p elo solo com fô r~· a superior :\ dcseuvo lvicla pelas
raízes el os vegetais para a sua ab sorç-ão.
ÁGUA J UVENIL - proveni ente d e fontes de origem magm<'ttica, p or conseguinte águas
qu e ain da no'ío integraram o ciclo hidrológico (v ide) . Para Suess as águas juve nis são devidas
ao lento e co ntínu o processo de desprendim ento de gases do interi or do planêta.
AGUA-r- IARINHA - p edra preciosa, constituind o uma , ·ari eda cl c azu lad.t do berilo ( vid e)
mui to usada em joall1eri a.
Nus pegma titos encon tra-s·c a água- marinha co mo m ineral acessó ri o, aco mpanh ando as
c hamadas pedras-coradas, tais como as tu rmali nas, g ranadas, esmerald as, te.

D lCJOKr\RIO C'EOLÓCl CO- C Eo:lv[OHFOLÓC JCO 11


t•,g, n,u 5A - A cidade ~e Caxambu no sul de Minas é muito procurada como cidade de veraneio
e de saúde . A hidrott:ra p ~:t é uma prática muito comun1 para certas tnoléstins de fundo h n p~ítico e
tambCm das vias urinúrias, além de v~írias outras. As cidades-estâncias são ainda muito procuradas
pelas pessoas desejosas de fér ias nas (ncas mon tanhosas. Com isto desenvo lve-se o turismo. Na foto
acima vê -se nm nspecto do bu]ue~\rio d o p:1rque d ~ as águas de Caxumbu.
(F o to Tihor Jablonsk y)

·G ~ I ETEóR I CA - dt> nmnina!;âO d ada d e modo genérico ,·, ~ úguas das chuvas.
ÁG A \11!\'ERAL - d iz-se das <'1guas que emanam de fontes, traze ndo em solução muitas
sub:t<l!lcias min t'rais ( Vide : fonte mineral) ( Fi g. n° 5 A ). Segund o a predominância do
sal co nti do em d i<solução as águas minerais podem se r :
l - Acídulo-gasosa. ( com gás ca rbõni co dis-
solvido) . Em Caxambu , Lambari , São Lourenço,
Cambuquira, etc.
2 Alcalimls ( contend o bica rbonatos alcali-
nos). Nas mes mas cidad ·s e cm Águas do Prata .
'"'
•) Magncs·ianas ( com elevada proporção d e
sais magnesianos) . Principalmente em São Lourenço.
4 ulfídri cas (contendo sulfetos alcalinos
em pcqu<'na proporção) . Em Araxú c Poço!< de Caldas.
,) Ferru ginosas (contendo bicarbonato fer-
roso). Caxambu, Cambuq uira , etc.
H.adioa tivas (quase tôdas tem certo grau
de radioa ti vidade). Lindóia, Arax,\ c qu ase tôdas as água.
das est,\ncins mi nernis.
í Te nnais ( 4ue ten1 ten1p ratura n1 ais e le-
vada q ue a norm al ).

12 DICION ,\RIO , EOLÓC: ICO -C EOJ\ IORFOLÓGICO


ÁG A OCEANlCA - cl iz-;e da grande extensão el e águ.1s salgad as qu e ocupam 371 mi-
lhões de quilômetro q uadrados, ou seja 71% ela á rea elo ~ l o bo, e nq uan to as te rras eme rsas
cob re m a penas 29% ( Vide conti nente) .

•\GUA PARAD o mesmo C!'' água do rmente (v ide), isto é. úp;uas acumuladas de ntro
d e um a depressão ( Vide lago ).
AGUA PELICULAR o nwsnt o qu e âgu.a ele adesão (v id e).
AGUA SELVAGEM co nstitu i o le nço l d \ 1gua CJU e es-coa c m tôcl as as dircçõcs ( e nxur-
rada ), por consegu inte se m rum o ce rto, mas procurando na tura lm e nte as linh as de maiot
dec lil-c.

ÁGUA BTERl{ ÁNEA - é aq uela qu e c infiltra nas rochas c se los, camin ha ndo ~ t '
o n íve l hiclrostCttico. l\a pr.1tica· >C' n ·rifi ca certa confu ão e ntre água wdosa (vide) c
água subterrânea, pois a prinv·ira i: aq uela qu e se encontra ac itlla da ; upc rfíci e freá tica,
is to é, na zona el e acraçiío.

AGUA TELÜRlCA - o nt csmo f!ue água ;u ue nil ( vid e ) .


ÁGUA T ER MAL - é aq uela c uja te mpe ra tura na fonte é supe ri or it te mpe ratura amb ie nte.
1 o Brasil as fontes term a is ma is importa nt s es tão loca li zadas no es tado el e i\ 'lin as Gerais,
c•x.: Poços de Ca ld as . ( Fig . n." 6 A ). Os geiscrs são Fontes te rm ais intc nn il e ntes, aparecend o
ft-ecjiie nt l' llll'l1tc ao seu r('dor a geisr•rita ( vide).

ÁGUA VADOSA - co nstitu ída pe la água ·meteórica qu e s infiltra nos hori zo ntes elo solo
c na s roc k ts, fi cando acima do nh·el hidrostá ti ca.

Fig. n . 0 GA Em Caldas de Cipó, no es tad o da llahia, próximo ao rio llapi c uru ex is te m fontes de
ag: uas termas (:J7°C) flUC são radioativas c clorctadas mistas, is to é, cálc icas, mag nes ianas e sódicas .
Vide Ág ua minera l.

DIClONÁl\10 CEO L ÓGI CO-GEOMOLIFOLÓGI O 13


AGULHA - pico ou elevação de forma comca terminando em ponta. T ênno d escritivo
usado freqüentemente pelos geógrafos ao caracterizarem a forma clm; picos que aparecem
nas regiões por êles descritas. As ngu lha9 são mais freqüentes nas áreas ele relêvo jovem .
AGULHAS - tênno regional brasileiro usado pelos garimpeiros para denominar os fragm en-
tos de rutilo ele form a acicular que aparecem nas formações, isto é, satéli tes elo di amante.
Costumam também os garimpeiros denomin ar de ru.i1>as a tais sa télites.
ALABASTRO - vmieclade ele gêsso e de calcário, de coloração clara, geralmente translúcida
e de textura granular fin a. Depois de aparelhado e polido é usado para a fabrica ção de
objeto9 de ornamen tação, isto é, es tatu etas, pedestais, etc.
ALAGADIÇO - terreno sujeito a inundações por parte dos rios ou das marés, conforme a
sua pos1çao em relação ao mar ou aos rios. Os terrenos alaga diços são encharcados apenas
peri àd icamente e assim durante certo período podem-se transformar em uma área si'-ca.
ALBARDÃO - têrmo regional usado no Rio Grande do Sul pa ra designar uma cadeia ele
cerras (vide) alternados com lombadas (v~ de ). SignHi ca também coxiJJ1as pequenas.

ALBITA - feldsp ato plagioclásio calcossódico cuja fó1mul a é a seguinte : Na'O, Al'0 3 ,
2Si0°. Apresenta-se geralmente em cri stais brancos e cristaHzado9 no sistema triclínico.
Encontra-se por vêzes nas macias de Carlsbad, Baveno e Manebach. Aparece com freq üên-
cia nas rochas eruptivas e quando se tor;na dominante se rve para desoigná-l as ex.: granito
albítico, etc.

ALBITIZAÇÃO - transformação que sofre o ortósio ao passar a albita. Na albitização as


mol éculas de potássio do felclspato são substituíd as uma a um a pelas ele sódio .
ALBUFEIRA - têrmo regional ele Portugal usado p ara as depressões na zona costeira cheias
de água salgada. Acham-se sepa rada~ elo mar, p or um a língua de terra mais ou menos
larga, embora es tejam em com unicação com o mesmo, através de estrei to canal. Costuma-se
no Brasil usar a denominação de laguna (vide) ou mesmo de la goa (vide) para ta is acidentes
da zona cos teira .
ALÇA DA FALHA - é o desn ível apr>se nt adu pelas camadas no espelho de falha (vide ).
Alguns autOI'es preferem, no entanto, utilizar o têrmo re jeito (vide) - tradução elo termc
fran cês 1·eiet - o qual em portu guês des igna também a ganga (vide) de um m inério.

ALCALINA ( rocha) - diz-se das rochas magmáticas que apresen tam um coeficiente mole-
cular de alumina inferior à soma dos coeficientes moleculares cons tituídos pela potas-sa
( K' O) e soda ( Ta"O ) . Buckma n, em suas leis de resistência das mchas à meteorização teve
oportu nidade de dizer que: um aumento do teor em soda e potas&a acelera a decom posição
mas, com o predomínio da primeira (soda), menor será, ainda a resistência relativa. Por
conseguin te as 1'0chas ácidas nas mesmas condições de igualdade co m as ·rochas alcal·inas,
resistem muito mai~ aos. efeitos ela meteorização qu e es tas ú lti mas. As rochas alcalinas
são os sien itos, pobres ou ausentes de quartzo e predom inantemen te fo rmados ele feldspa-
tos a lcalinos e felclspatóides .
ALCANTILADO - aspecto elo relêvo onde se obser va o aparecimento ele grandes desnivela-
mentos relativos. T êrmo usado pelos geomorfólogos nas descrições ela~ paisagens rudes, sem
nenhum valor genético . D escrevendo-se um litoral onde existem falésias abruptas é comum
dizer-se - costa alcantilada (vide) . Tamb ém noso trechos onde o relêvo apresenta ressaltos
topográfi cos escarpados, usam-se escarpas alcantiladas (vide).
ALGARE - denominação usada em Portugal, para certas cavidades naturais, m ais ou
menos verticais, q ue condu zem a cavernas ou rêde de cavern as·. O mesmo que a.1>e11 ou
abime (vide). Trata-se de formas hi pógeias.
ALGOMANIANO ( revolução diastrófica ) - fase caracterizada pelo orogenismo no fim da
era Arqueozóica e início da Proterozóica, qu e deformou o Sistema T emiskaming ela América
do Norte.

14 DJ C!ON ,\mo GEOLÓG I CO-GEOMORFOLÓGICO


ALGONQUIANO ou Pré-cambriano Superior - compreende os terrenos que estão logo
ac ima do Arqueano. E também chamado éra Proterozóica. A vida nesse período é insig-
nificante e mal conhecida, havendo referências da possível existência de algas e bactérias.
E provàvelmente o metamorfismo sofrido pelas rochas desse período, que cabe a respon-
sabi lidade da destruição dos fósseis.
Do ponto de vis-ta paleogeográfico é difícil estabelecer exatamente os contornos dos an-
tigos terrenos algonquianos. :l;:stes foram arrasados restando somente as camadas mais- resis-
ten tes ou as que estavam encaixadas em rochas arqueanas. No continente americano do
norte, registrou -se a revolução orogênica huroniana, no fim do período.
No Brasil os terrenos dêste período foram divididos nas seguintes séries:
Série ele Itacolomi ( Algonquiano superior).
Série de Mi nas ( Algonquiano inferior) (Fig. n. 0 7A).
Alguns autores incluem neste período a série de Lavras, e outros colocam-na no Cam-
briano (Paleozóico inferior) : todavia ainda não se descobriram fósseis que permitissem a
sua colocação definitiva na coluna geológica. No Brasil, nos estados de Minas Gerais e
Bahia, o Algonquiano aflora em maior extens-ão.
O diastrofismo huroniano também produziu no Brasil dobrl.lmentos importantes, prin -
cipalmente a leste, dando origem a grandes elevações, como a Chapada Diamantina, a serra
elo Espinhaço em Minas Gerais, serra elo Paranapiacaba em São Paulo e Paraná e elos Pi-
reneus, em Goiás.
O Algonquiano tem grande importância econômica no Brasil, devido à riqueza mineral
que encerra nos seus terrenos, tais como, ferro, ouro, manganês, níquel, chumbo, prata.

l''ig. n. 0 7 A - Alloramento de xistos metamórficos - fil itos da série São Roqne (série i\linns), no
estado de São Paulo.
(Foto Tibor Jablonsky do CNG)
Fig. n. 0 8A - No estad o de Minas Gera is a série Minas aflora cm var10s trechos de sua área. Na
foto acjma vê-se uma frente de e xtração de minério de fe rro no município de l tabira, pertencente à
t.:ompa.n hia Va le do Rio Doce - Do ponto ele vista geomorfológico devemos acentuar o problema da
alteração dos perfis das encostas, em fun ção dos traba lhos realizados. Como exe1nplo mais sugestivo
)>odemos invoca r a extração de todo o pico ferrífero de l ta bira A J)..;omorlo logia antropogené tica (vide)
ainda não foi de \'Ídamente considerada pelos geó logos e geomorfólogos.
(Foto Tibor Jahlonsk-y d o CNG)

diamante, etc. As n ossa~ maiores jazidas de ferro, por exemplo, são a~ do estado de Minas
Gerais e datam dêsse período (Fig. n.0 8A).
Quanto :\s jazidas de man~anês elevemos citar especialmente as ela serra do Navio,
no território do Amapá e as tle Urucum, em Mato Grosso, além das r1ue existem em
Minas Gera is.
ALJóSIO (mais comumente alios) - arenito de coloração pardo-avennelhada que resulta
ele cime ntação dos grãos de areia feita pelo óxido de ferro. Os alios se form am geralmente
pelas migra ~ões descendentes ele sais podendo ori ginar níveis ilu via is de espess ura variável.
Co rresponde aos alias, dos franceses, aos hardpan dos in g l ese~ e aos ortstein dos alemães.
ALITA - termo usado por Harrasowitz para os sedimentos resid uais com postos por subs-
tâncias hiclroaluminosas como a bauxita (vide). Concentração de alumina e compostos fér-
ri cos. Oposto ao grupo sialita (vide). N" ão se deve confundir com o min eral halita..
ALíTICO - diz-s e elo proces-so que acarreta a lixiviação de certos silicatos, bem como da
síli ca, e a conseq üente formaçao de hidratos de alumina. A alitização é por conseguinte
um proces·so específico das regiões tropicais e subtropicais úmidas, que d á origem aos pro-
dutos lateríticos (vide alita). - la terito, bauxita, etc.
ALóCTONE - clenon,inação muito usada em geomorfologi a referindo-se a solos e rios.
Este tenno vem do grego e sign ifica allos - outro, khth ón - terra, por conseguinte são os
d epósitos constituídos de materiais transpo rtados ele outras áreas. O 1·io que percorre d e-
terminadas regiões e não recebe no seu curso médio e inferior nenhum afluente, diz-se,
neste caso, que é alóctone. O antônimo de alóctone é autóctone.
ALÓCTO E (solo ) - resulta do transporte elo material de outras regwes, isto é, são solos
que receberam elementos d e ou tros lugares; em contraposição são chamados au tóctones os
w lo9 formados in situ.

16 DICIONÁRIO GEOLÓGlCO-GEOMOHFOLÓGJCO
ALOTROMóRFJCO - minerais que se apresentam nas rochas sem suas. form as próprias
devido ao fato d e serem os últimos a se cristalizarem no conjunto da massa ao se resfri ar.
ALPINA - revolução orogenética qu e ocorreu nos. fin s do Mesozóico (Cretáceo) e no
Terciário. É também freq iiente encon trar a expressão alpi.no-andino. (Ciclo oro)!;enético
moderno - Vid e diastrofismo). Forma de relevo alpino, isto é, relêvo jovem.
ALTA MONTANHA - denominação u sada p ara as grandes elevações do relêvo com mais
de 1 000 metro .
ALTERAÇÃO DAS ROCHAS - o mesmo que intemperismo, m eteoTização ou erosão ele-
m ental' ( vide) .
ALTERAÇAO QUL\1ICA DAS ROCHAS - p:~rte do processo d e meteorização (vide).

ALTIPLANO - porções elo solo emerso a grandes alturas, de superfície quase horizontal,
isto é, mais ou m enos planas. No Chile e na Bolívia os altiplano s estão situados numa
altitude superior a 3 000 met ros, acima el o nível elo mar. Tra ta-~e ele planaltos entre alinha-
mentos de cordilh e iras.

ALTIT UDE - distânci a ve1tical de u m p onto da superfície d a terra em relação ao nível


zem (vide) ou nível d o~ oceanos. No e tudo desc ritivo dQ relêvo de uma região, a altitude
dos diversos pon tos tem q ue ser considerada . É ela que registrada nos mapas, forn ece a
noção a resp eito do tipo de topografi a existente, isto é, montanhas, planaltos, planícies e
depressões.
É p reciso não confun dir altitude, CJUe correspond e ú cota abso[uta, co m altura, que
corresponde à cota relaU r;o.
A altitude d e um pon to pode ser : 1 ) positiva - nos lu gares situados acima do nível
zero, 2 ) negativa - nos pontos locali zados abaixo do nível dos oceanos e 3) nula - corres-
poncl Pntl' aos lugares situados no plano de referência . ( F ig. n. 0 9A )

I · ALTITUDE- PICO
2 · ALTURA E .. RELAÇÃO AOS PONTO!> I E 3
4- ALTITUDE "EGATIVA
~ • ALTITUDE "UL A
Fig. n. 0 DA

Freq lientcm ente s-e class ifica m as terras elo seguinte modo :

I) Terras planas { 2 ) - B,1ixas


1)
-
- p bnícies
Elevadas - planaltos
1 ) Pou co acidentadas (onduladas)
II ) Terras ac iden tad as {
2 ) Mu ito ac identada · ( montanhas )
E sta clnssificação tem ap enas valor d escritivo, pouco significando para a geomorfologia.
Todavia nas " Norm as técnica,; para as estradas de ferro bras ileiras" qu e acompanh am o
Il.elatório ele 30/ 12/ 1947 ela Com issão de Revisão elo Plano Geral de Viação Nacional,
encontra- e a seguinte classificação dos terrPnos:
1 ) Plan os - q uando a linha de maior clccli viclacle tiver inclinação transversal igual
ou inferio r a 8%.

O I C ION.~RIO C'EOL ÓG! CO-GEOM O I1FOLÓGI CO


17
2) Ondulados - qu ando a inclinação transYersal es ti ver compreendida entre 8% e 20%.
3) .\ font:anlwsos - q uando a inclinaç ão tran~wersal fôr maior que 20%.
E mbora tal classificação não satisfaça aos geomorfólogos, não se deve deixar de fa zer
referência, um a vez qu e representa algo ma is do que qualificativos.
A classificação das terras em relação à altitude, segundo Passmge é a seguinte : 1 -
D epressÕ{'S - ab aixo do nível do mar, 2 - Terras baixas - altitude de O a 500 m, 3 -
T erras médias - altitude ele 500 a 1 500 m, 4 - Terras altas - alti tude ele 1 500 a 3 000 m,
.5 - T erras alpin as -- superior a 3 000 m.
O próprio Passarge em seu livro " Geomorfologia" tece críticas a es ta classificação ele
terras di zendo: 'No tocante às form as de relêvo, nada signi ficam êstes conceitos de altitude.
Um a mon tanha elevada pode ser fom1acla em parte por am plas p lan uras; p elo conh·ári o,
terras baixa!>' podem ter as mesm as fo rmas de uma montanh a alpina, cortada por profund a ·
gargantas. Todavia, alturas, is to é, alti tu des relativas p odem servir para um a di visão elos
gra ndes tipos morfológicos. A altura de + 100 m como máximo determina o tipo ele 1·egião
de colinas; c'J e 100 a 500 m regirio de montes; de 500 a 1 000 m , m ontanhas médias, c
mai9 de 1 000 m alt as m onlanlw s".
Aclo tando -se o critério das altitu des as superf ícies elas massas continentais podem ser
gru paclas em cinco zonas :

TERRAS E MERSAS (Fig. n. 0 lOA )

ZONAS Área em %

J. • 0/ 2GO 44 480 000 32


2.• 200/ 5ü0 . . 26 410 001· 10
3.• 500/1 000 . 38 920 000 28
4.. 1 000/2 oco 22 240 oco 1f\
5. • + 2 000 . 6 950 000 5

T OT AL .. . 139 000 oco 100

Glillill o - 200

~ 200 -500

•RI 500 -1 000

10 00 - 2 00 0

+ 20 0 0

Fig. n .0 JOA

18 DI CIO N ÁR lO GEOL Ó Gl CO·GEOl\ [ QRFOLÓG tCO


ÁREAS SUBMEHSAS ( Fig. n.0 llA)
1 P lat afor ma continental ..... .. ... . .. . 63 070 000 kn .2 17 % ( o 200m)
2 T alude e plataforma abissal .. .... . ... 296 8GO OGO k n .2 &i% (2GO 5 OC O m)
3 Grande fundo submarino . .. . .. 11 130 oco kn .2 3% (Além - 5 000 )
371 000 000 km 2 100 %

lU/H Plotoformo conti nental

~ Talude eplotoformo ab is sa l
~

~ Grande fundo slbmarino

Fig. n ,o llA

Áreas submersas . .
Áreas emersas . .

100 %

F3 Áreas submersos ou oce ânicos


Ld

• Áreas eme r:~os

Fig. n .o J2A

A
DICI ON m o GEOLÓc Jc o - c Eol\ !ORFOL Óc .rco 19
A representação vertical das terras emersas, constitui a curva hipsográfica. Foi Ale·
xa ndre de Humboldt quem, p ela primeira vez, em 1842, tentou calcular a altitude m édia
dos continentes, reconhecendo a reduzida extensão das grandes altitudes. Em 1862, p01
ocasião da grande viagem do Cha llenger, coube a J. Murray, demonstrar o mesmo, com
re lação às g randes prohmdidad es . A primeira curva hipsográfica foi feita por Penck qu e
re presentou as superfícies abarcadas pe las diferentes curvas hipsométri ca , nos co ntinente&
e pelas curvas batimétricas, nos oceanos .

FORMAÇ.:\.0 VERTICAL DAS PARTES DO MUNDO


Curva hipsobatimétrica ( Fig. n.0 13 A )

Km . 8. 848 m .

6
Altitude M édia dos

200 250 300 350 400 450 500


Fig. n. 0 l:.IA

PEllCEKT UA L ALTITUDE
PARTES
DO
MUNDO 2GO 500 l 000 Acima
Até
a [L a de :\[ éd ia :\fáxima
200m
500 L OCO 2 000 2 000
· - --- - - -~- --- -- ·-
E uropa .... ..... . . . .. 57 27 10 5 1 300 -1 07 - i\ionte Branco
Ásia . ................ 26 1 22 20 1-l 940 8 40 - Pi co Evereste
África . ....... ....... ] .') 35 28 19 3 670 6 0 10 - Quil1mandj ru·e
América do N orte . ... 33 28 15 18 6 730 6 040 -. ;\-1ac-Kinley
América do Sul .... . ' 43 26 16 6 H 580 7 040 - Aconcágua
Austráli a . .. .. . . ...... 36 55 6 2 1 360 2 211 - T owsend
Antártida .. . ..... . . 4 603 - M arkham
-- -~----

T otal de terras
--- --·- --· ~ . - -· --· - -- - ·----
emersas ..... . 29 27 10 17 8 710 10 -
1 E vere. ·te

D a observação dêste q uadro podem &er tira da as seguin t s co nclusõe :


1 Predomínio elas terras silU<l das em altitudes inferiores a 500 me b·os ( 56%).
2 1o continente euro peu hú o predomí nio das úrcay ele planíc ie ( 57% e ·tüo

abaixo de 200 metros ).


3 O co ntinente e urop u é o que tem a altitude médi a mais b aLxa - 300 m etros.

20 DJClON AH IO c:· Eo LÓG I CO-GEO~ fOHFOLÓG lCO


4 A Asia é o co ntinente que tem maior altitude média, 940 m etros. É nes te
continente qu e e~tá localizado o pico mais alto do mundo.
5 - lo exame do q uadro perce ntual da altitude dos continentes, a Asia apre-
senta na coluna elas terras situadas acima de 2 000 metros, a maior por-
centagem - 14%.
6 A Afri ca tem 35% de suas terras situ adas entre 200 e 500 metros. Trata-se
de grandes plana ltos.
7 A Austrália é um grande planalto, pois 55% de suas terras es tão entre 200
e 500 metros. E 91% de sua área territorial fi cam abaixo de 500 metws.
8 O continente am;,tra li ano apresenta o seu pico mab alto situado a uma
altitude qu e não va i a lém dos 2 211 metros.
9 Nos contin entes o fato essencia l é o predomínio elas altitudes inferiores a
1 000 m e tro~ - 75% - a ltitud e média aproximada - 710 metros.
lO Nos ocea nos, as profund idades domin antes entre 3 000 e 6 000 metros cor-
respondem a 75% da área dos fundos oceâ ni cos - a profundidade médi a
dos oceanos é de 3 800 metros.
11 - Profundidad e méd ia dos oceanos :
a) Atlântico - 3 330 metros.
b ) fnclico - 3 900 metros.
c) Pacífico - 4 030 metros.
12 - O relêvo das fom1a9 continen tais é caracterizado por grandes desnivelações.
a ) 12 picos na cadeia do Himalaia têm alti tude superi or a 8 000 metros.
b ) 70 picos na superfí cie do globo têm altitude superior a 7 300 metros.
13 - Se tôdas as ru gosidades ela terra fôs-sem ni veladas, ela seria coberta por
um ocean o tm·ioersal com a espe ·sura de 2 400 metros aproximadamente.

ALTITUDE NEGATIVA - ponto localizado abaixo do nível de referência. Trata -se de


um ponto situado em clepres;ão absoluta. ( Vide depressão.)

ALTITUDE NULA - ponto localizado no nível de referência .

ALTITUDE POSITIVA - ponto locali zado acima do nível de referência.


ALTO - denom inação dada, no No rd este do Brasil, a algu ns topos de pegmatito, que ap a-
recem na paisagem.
ALTO-FUNDO - denominação muito com um para os lugares próximos da costa onde
aparecem depósitos lamacen to9 qu e não constitu em peri go p ara as embarcações q ue nave-
gam à superfície. Certos autores designam estas áreas da mesma maneira que outras onde
a topografia do fundo dificulta a navegação, isto é, banco ou mesmo baixio. A dificuldade
da escolha ele apenas um dêsses têrmo;; advém do fato d e não existir ainda uma certa dis-
ciplina no uso do vocabulári o oceanográfico brasileiro. Aliás, os três têrmos: baixio, banco
e alto-fundo já co nstituíram motivo de algu ns artigos por parte dos nossos oficiai9 de mari·
nha, desejosos de precisá-los corretam ente.
Os alto-ftmclos podem ser definidos como elevações do fundo do mar co nstituídas de
qualquer materi al, porém, não oferecendo peri gos à navegação de superflcie. Isto p elo
fato da existência de água bastante sôbre · si em qualquer maré, facultando a p assagem de
um navio sem sofrer nenh um acidente, como definiu o capitão-tenente A. P. F . Serpa
( Vide gttyot.)
ALTURA - di stâ ncia vertica l que pode ser dada em referência a q ualquer ou tro lugar,
isto é, um outro ponto. O mesmo q ue cota 1·elaUoa, isto é, a altitude dada em referência a
um outro plano que não é o nível dos oceanos . (Vide altitude.)
ALTURA PIEZOMÉTRIC A - é o gradiente entre a superfíc ie piezométrica e a s;uperfíci e
topo gráfica.
ALUDE - denominação pouco usada p ara o deslocamento rápido d as geleiras, isto é, com
grande velocidade. O mesmo que avalan cha (vide) .

DICIONÁ RIO GEOLÓGICO-GEOMORFOLÓGI CO 21


ALUJ\UNA - mineral abundante na superfície da crosta terres·tre e encon trado em es tado
cristalino mais ou menos puro - coríndon , ou co m outros óxidos como os rubis, safiras, etc.
O rubi e a safi·ra, p or exemplo, são óxidos de alumínio, cujas côres são devidas à
introdução em pequena porcentagem de óxid0 de cromo e óxido de titânio e ferro, respecti -
vamente p ara o rubi e p ara a safira. As argilas tan to caulínicas como lateríticas são consti-
tuídas por silicatos aluminosos hidratados . O minério alu.mínio é extraído principalmente da
batt.ti.ta. ·- óxido hidratado de alumínio.
ALUMÍNIO - metal leve cujo minério é a bauxita donde se ex trai o alumínio . Parece
que ao quími co dinam arquês I-Ians C. Oerstecl se eleve a prim eira notícia de haver isolado
o alu mínio, em 1825·. Todavia atribui-se a primazia da descoberta do p rocesso de extração
a F riederich Wohler que obteve o metal puro em 1827.
A produção elo alumínio req uer um trabalho penoso, sendo o mesmo obtido electro-
liticamente em possantes fornos, pela fu são do seu óxido "alu mina" ele alto g rau de
pureza com funcl entes especiais, corno fluoretos ele cálcio e sód io ( criolita ) .
A importância econômica elo alumínio na viela atu al é muito grande, pois, êle constitui
elemen to ele primeira ordem, sendo empregado desde a cons·trução dos modestos utensílios
de cozinha até os possantes aviões, trens, automóveis, etc. É também empregado em grande
escala na indústria da eletri cidade, indústria quím ica, etc.
ALU ITA - sulfato hidratado de alum ínio e de potássio, res ultante da alteração de roch as
feldspáti cas (mineral acessório das rochas ewpti vas e metamórficas) sob a influência d e
emanações sulh 1rosas em certas zo nas vulcâ nicas. A alunita aparece formando concreções.
ALUVI.t\.0 ou ALúVIO - detritos ou sedim entos elásticos de qualq uer natureza carregados
e depositados p elos rios. J'!:sse material é arrancado ela-; margens e elas vertentes, sendo
levado em suspens·ão pelas águas dos rios que o acumul am em bancos , cons tituindo os
depósitos alu vionares. ~ss es depósitos suspensos, que aparecem algumas vêzes na ved ente
de um vale, con tituem uma prova morfológica elo afundamento elo talvegue. Os antigos
perfis longitudinais do rio podem ser es tabelecidos co m aproximação, porém a altitude exata
elos velhos talvegues não pode ainda ser determin ada com precisão. (Vide t e-r-raço) .
Os depósitos aluvionares são compostos ele areias, seixos de tam anho di versos e argilas .
Nas cartas geológicas êles podem s-er classificados em: aluviões antigas e aluviões ·recentes .
Num vale, por exemplo, clenominarnos ele alu viões recentes, as q ue aparecem no leito maior
do ri o; e ele alu viões anti gas as dos terraços escalonados ele um e ele outro lado elo rio.
ALUVJÃO AURíFERA - diz-se elas alu viões ond e se encontra ouro. O ciclo d a mineracão
no Brasil, no século XVIII, foi t odo b aseado na ex tração do ouro de aluvião. ( Vide oum -d e
aluvião) .
ALUVIÃO l'viETALíFERA - diz-se elas aluviões que con têm minerais ou metais pre-
ciosoOs, como o ouro, o diamante e a platin a. S ão oriundas ela destru ição das rochas erup-
tivas e metamórficas.
ALUVIONAMENTO - processo de clepositação de aluviões (vide). Pode em certos casos
ser sinônimo d e colmatagem (vide).
ALUVIUM - vide Quat ernária ( era) e 1-Jolocello .
ALVEO - rêgo ou sulco por onde correm a9 águas do rio durante todo o ano; corresponde
ao ~u e denominamos em geomorfologia e em geologia ele leito m eno1·, em oposição ao leito
mmor - banguelas laterais, qu e somente na época das cheias são atingidas . Não se deve
por conseguinte conhmdir a noção ele leito menor ou álveo com a de talvegue, como fazem
alguns autores .
. ALVÉOLO - vocábulo usado em geo morfologia com duplo sentido: quando tratamos ele
erosão flu vial compreencle-s·e o alvéolo como secções alargadas ele um vale, geralmente
entulhadas de sedimentos. Ês te compartimento maior é produzido pela existência de barras
resistentes, ocasionando es trangulamen tos. Corno exemplo podemos citar o alvéolo onde se
acha a cidade ele Nova Friburgo. O sítio da cidade aproveitou o grande alvéolo produzido
p~la barra. de rocha dura que o rio Bengala atravessa algun9 quilômetros a jusante da
cidade. Jmz de Fora é outro exemplo de sítio urbano aproveitando uma secção alargada
elo vale. ~sses alvéolos ou ombilics dos franceses, são com uns no relêvo do tipo ele cristas

22 DICION Amo GEOLÓG I CO-GEOMOR},' OLÓGI CO


.~ palachianas. Estas form as de relêvo são, na verdade, planícies interm ontanas. Usa-se
também o têrmo alvéolo quando se trata de um a sup rfí cie de paredes verticais ou in-
d inadas cheias de buracos ou cavidades (Fig. n .0 l4A ). Branncr denominou talvez com
mai propriedade de superfície caoem osa ao invés de alvéolo ou mes mo taffon e, a
<1ste tipo de buraco em superfíci es não hori zon tais. Estas superfície!i cavernosas que foram
observadas pelo grande geólogo norte-a mericano no es·tado da Bahia, são produzida por
<'fl orescência salina, em morros de granitos, por causa do clima semi-árido; porém os
a lvéo los de dissolu ção por nós referidos podem aparecer em qu alquer tipo de rocha, e mais
esp •cialmcnte sob a influência de climas úmidos. ( tropi cais) e marítimos. Lucien Cayeux
c~tuclou os a lvéolos elos gnaisscs e granitos da ilha de D elas c os di "tinguiu dos taffoni . A
e rosão alveolar nos gnaisses es tudados por êle, seguia uma estrutura definida , ou seja a estru -
tu ra elas camadas e, algum as vêzes, das próprias di áclases. As perfurações dessas cavidades
a lcançavam, algum as vezes, mais de 0,50 m de profundidade, dando origem a um a verd a-
deira su perfície es-ponjosa ou cavernosa.

Fig. n. 0 14A - Alvl-oJos J,roduzidos pelo efeito da dissoluc;úo num aflo ..


ran1ento de quartzito na cidade de Gouveia e m Minas Cernis. A fonna
dessas cavidades é muito variada c a tnofundidade de tlenctração no in-
terior da rocha depende do poder de d.issolução da decomposição qlÚmica
e da natureza do cimento.
(Foto.E. Gl>ise l Sobrinho)

Al\'IARROTADA ( rocha ) - o mesmo que camadas deformadas por fôrças tectónicas (vide )
ou atectónicas (vide).
AMAZONITA - variedade de feldspato potássico ( microclina ), cristalizado no sistema tri -
c linico, de coloração e~we rd e ada , muito usada nas joalherias. Esta coloração desaparece
q uando o mineral é submetido a aquecimento (vide m ic1·oclinct ). Sua ocorrência é verifi-
<.: acla em pegJnatitos.
AMETISTA - mineral de côr roxa, constituindo uma variedade de quartzo hialino, cuja
coloração foi durante muito tempo atribuída ao óxido de manganês .
AMIANTO ou ASBESTO ANFIBÓLICO - quimicamente é um silicato de magnésio
hidratado. Pode também ser um silicato de cálcio ou de ferro. Do ponto de vis.ta econô-
mico o amianto é um mineral incombustível, sendo utilizado na fabricação de roupas
de proteção co ntra o fogo, para filtrar ác idoS~; misturado com cimento emprega-se na
'fabricação de chapas onduladas e telhas.
AMONTOADO CAÓTICO - O mes mo qu e caos d e blocos ( vide ) ou contp(tyret dos
franceses.

\DICIONÁRIO G'EOLÓG ICO- GEOMOHFOLÓGICO 23


AMORFO ( mineral ) - diz-se quando o agrupam ento molecular se faz de maneira desord e-
nada, estando a matéria disposta irregularmente e sem ordem, ex.: opala, calcedônia, ágata,
etc. Os minerais amorfos são em regra· geral formados pelo endurecimento de colóides, que
podem provir em emu l ~ão ou em suspensão, isto é, de material não cri stalino.
AMPELITO - variedade de ardósia, fà cilmente desagregada co m a mão, e ca rregada de
substância ca rbonosa ou grafitosa, sendo usada pelos carpinteiros para riscar as táb uas .
AMPLITUDE RELATIVA DO RELÊ VO - diferença entre os pon tos mais altos e os m ais
baixo&, considerada em fun ção de um nível relativo e não elo nír.;el elo ma'/'. A amplitude
relativa ele um relêvo é dada pelas alturas ou cotas relativas que não elevem ser confundidas
com a altitude a!Jsoluta que é tom ada em relação ao nível do m ar ou plan o de referência
( nível zero ).
ANAGÊNJCO - depósito de ro ch a~ detríticas ou elásti cas constitu ído de p eda os mu ito
heterogêneos de rochas d iversas, co mo oco rre em ce rtos co nglomerados.
ANÁLISE GRANULOMÉTlUCA - o mesmo que análise m eccln·ica ( vide).
ANÁLISE MECÂNICA - consiste na medida das dim ensões elos componentes elásticos ele
um depósito ou de um solo. O mes mo que análise granulométrica. ( Vide gmmdome trfa) .
ANATEXE - denominação u !~a cla para as rochas q ue so freram uma verd adeira refusão .
O mesmo q ue paUngênese ou u.ltmmetamorfism o .
ANDESINA o mesmo qu e andesita ( vide) .
ANDESITA ou ANDESINA - felclspato do tipo plagioclúsio, intermedi ár io na séri e de
Tschermak entre a ohgoclasita e a labraclorita. Em algumas ele suas vari edades pode ser
confundido co m o ortósio, porém o pêso especí fi co servirá de base para diferençá-los , bem
como o próprio sistema de cristalização.
ANDESITO - rocha vítrea ou finamente cristalizada, ele textura porfiríti ca na qual dominam
os felclspatos do tipo plagioclásio, como a ancl esita ou o oligoclásio. Os anclesitos da era
Pa leozóica são com um ente de côr averm elhada e recebem o nome ele p6rfiro cennelho
antigo . Os anclesitos são geralmente de idade terciária e efus ivos , enquan to os pórfiros
são pré-térciários (vide po·rf'i.rito ).
ANEMOCLÃSTICA - denominação dada por Grabau ao grupo de rochas de origem exó-
gena, formadas p elo acúmulo de material ele origem eóli a, isto é, transportado pelo vento.
ANFIBóLIO - silicato anidro no qual a alumina pode não aparecer, mas onde existe sem-
pre o óxido ele ferro ( F e O ), de cálcio (Ca O ) e ele magnésio ( Mg 0 ). F am ília ele mi-
nerais que se aproxima do piroxênio, cujo traço mais notório é a porcentagem maior da
cal, em relação ao magnésio. Na família dos anfibólioSI dá-se o in verso, isto é, maio r por-
centagem ele magnésio, em relação à cal.
ANFIBOLITO - rocha metamórfi ca na qual domina o aufibólio ( hornblencl a) associado
a um feldspato b ásico e a mi cas, p odendo ainda possuir o qu artzo. É um a rocha pesada
e de coloração mu ito escura.
ANFITEATRO DE EROSÃO - denomin ação utihza cla por certos autores p ara os ci rcos
d e erosão ( não co nfundir com circos d e erosão glaC'iá?'ia ), mu ito freqüentes nas bordas
dos chapaclões. Nas altas montanhas o anfitea tro é um pequ eno vale cuja bacia ele re-
cepção é sensivelmente alargada na encosta da montanh a. O anfiteatro tem por conseguinte
um a forma semicircular ou ova l.
ANFRACTUOSIDADE - grêtas, fendas, ou cavidades de tamanhos vari ados e profundos
que se encontram numa rocha.
ANCARA (co ntinente) - masSia ele terras emersas à semelhança de uma grande ilha, ao
norte elo mar de T ethis e que constihli atu almente o núcleo elo escudo siberiano. Pelo
desaparecimento do mar de T ethis que se es tendia desde a parte que é hoje a Am éric~
Central até a Ásia, deu-se a ligação elo continente ele Angara com wn fragm ento do conti-
nente de Gondwana, form ando-se assim o continente as iático.

24 DICIONÁRIO GEOLÓGICO- GEOMORFOLÓG I CO


Fig. n . o 15A - Aspt·cto típico de um litoral de ria, vendo-se a invasão marinha em Angra dos Reis,
no estado do Rio de Jan e iro . - Grande reentrância na linha de costa e tuna série de pequenas ilhas,
constituídas de rochas do }Jré-Cambriano, em diferentes níveis altim étricos .
(Foto Tibor Jablonsky do CNG)

ANGRA - é uma enseada ou baía form ando uma reentrância com ampla entrada na cos·ta,
cuj a tend ência natural é para a retificaçiío, isto é, enchimento ou coLna tagem. Acontece, no
entanto, por vêzcs, que o jôgo ela erosão diferencial pode facilitar um aprofundamento ela
enseada, se a rocha que consti tui o fundo ela baía fôr menos resisten te qu e as rochas que
lhe estão próximas. A angra, por conseguinte, é uma abertura que aparece num litoral geral-
mente alto e com pequ enas colinas. No litoral elo Bras·il um bom exemplo apa rece na costa
do es tado do Ri o de Jane iro , ex. : Angra elos Reis. (Fig. n. 0 15A ) . Assim a angra é menor
que um gôlfo e maior que a abra.
ANGULO DE HEPOUSO - compreend e-se em geologia como o ângulo de máximo declive
em que um materi a l inconsolidaclo pode manter-se em equilíbrio.
AN IDRITA - sulfato de cálcio anich o.
ANóGENA ( rocha) o mesmo que 1'0cha entptiva. (vide).
ANOROGENÉTICO período de calma dentro do ciclo oro genético (vide).
ANORTITA - feldspato plagioclásio calcossódico cuja fórmula é a seguinte: ......... .
ZS, Q~. Al2 O:l CaO. Cristaliza-s-e no sistema triclínico, porém não é comum aparecer
com pletamente cristali zado . Tem uma densidade de 2,75, e uma dureza ele 6 ,5 . íl:ste
minera l aparece frcqü en tcm ente nas rochas básicas e é atacável pelo ácido cloríclico.
ANORTOCLÃS IO - felclspa to potássio-sódico, em cuja co mposição química clumina até
certo ponto o sódio, sendo muito semelhan te ao ortósio. Cristaliza-se, porém, no sistema
tri clínico e con tém um pouco ele cálcio.
ANORTóSJO - o mesmo qu e anortoclásio (vide).
ANTECAMBRIANO - o mes mo que Pré-Camb·riano, ou C1· ipto:::óico, ou seja, os tempos
geológicos do Ar<JU P::t no e elo Algonquiano.

DiCIONÁRIO GEOLÓC!CO-GEOJ\!OHFOLÓGICO 25
ANTECEDENTE ( ri o) - aqu êle cujo aparecimento se deu ante;; do estabelecimento da
es trutura aluai, persistindo o rio no seu antigo cu rso previamente traçado. A drenagem
a ntecedente quando instalada sôbre uma cobertura sedimentar form a p or vêzes cortes ou
gargantas superimpostas em rochas do embasamento, chegando mesmo a cortar eix09 de
anti clinais. Onde as. rochas são maciças e pouco plásticas pode-se ver, por vêzes, o rio
cortar um escarparnento de falha, aproveitando-se das. fraturas, ou mesmo cortar um batólito
que esteja cob erto de sedim entos, ao invés de contornar êste acidente formado de rochas
mais duras. O fenôm eno da antecedência é por vêzes considerado como sinônimo de su-
perirnposição (vide) por ca usa da difi culd ad e qu e existe na prática de distinguir um do
o utro.
ANTEDILUVIA NO - an terior ao dilúvio univers-al.
ANTICLINAL ou ANTICLíNEO - parte convexa de uma dobra na qual as camadas se
inclinam de maneira divergente, a partir de um eixo. Algumas vêzes a erosão pode trans-
formar o antigo dobramento numa superfície relativamente plana ( F igs. ns. l6A e 17 A),
o u mesmo num vale, ocasionando uma inversão do relêvo (Fig. n.0 l 8A). Sàmente o exame
detalhado da estrutura dobrada pode revelar êstes diferentes fatos geomorfológicos•. ·
ANTICLTNAL ASSL\fÉTRICO - corresponde a um a dobra cujo eixo é inclinado.

EIXO
I
I

Fig. n . 0 16A - Camadas dobradas, aparecendo apenas a


zona convexa, isto é, o an ticlinal. O oposto ao anticli 6

nal é o sinclinal, cujas cainadas têm m erg ulho convergente,


e ntJuanto no anticlinal o mergulho das camadas é di vergente
a partir do eixo.

/
------
/
/
' .....
/

I'
I'
' '\ '
/ \ '
/
/
\ '
' '

F ig . n. 0 17A - Su1>erfície sub-horiznntal n~s ultante do arrasamento Fig. n. 0 18A - O afundamento de um rio no an-
d e wn anticlinal. O cxante das fotografias aéreas constitui no ticlinal dá aparecimento a uma "combe", c em
presente um auxiliar indispensável para os trabalhos de tal natUl'eza. alguns casos pode dar origem a un1a " inversão do
relêvo".

26 DICIONÁHIO GEOLÓGI CO - CEOlVlORFOLÓGICO


Al\TlCLINAL COMPOSTO - é considerado por certo9 autores como sinônimo de anti cli-
m 5rio (vide) .
ANTICLINAL TRUNCADO - diz-se qu ando um dos flan cos, ou mesmo parte da charneira,
se encontra cortado pela erosão.
Al 'TICLíNEO - o mesmo que anticl-inal (vide) .
ANTICLINólUO - agrupamento de dobras que no conjunto fonnam um bombeamento à
semelhança ele um vas to anticlinal (Fig. n. 0 19A ), resultante ela ligação dos eixos individuais
ele anticlíneos entre si, form ando um grande curvam ento ele forma convexa. O oposto é o
sin c/in6rio (vide).

--- ----..--

/
/
...... - .........

-
...... ........
' ......,
/
/
''
/
/
/
''
/
/
/

An. ti, cl i, n.o-r1. um


F ig. l9A - AnticlitlCÍrio constitui mn abaulamento da superfície do rclêvo, cuja arquitetura estrutural
revela tratar-se de trnl agrupa.mcnto de (!,obras à semcll1ança de trnt grande anticlinal. Os anticlinórios são
produzidos por .. dobras de ftmdo ".

ANTlE:PICENTRO - ponto s·ituaclo a 180° do epicentro, e por conseguinte num ponto


antípoda elo ep-ice ntm (vide) de um movimento sísmico.
ANTRACITO - carvão fóssil sendo o mais duro e o mais denso elos carvões de pedra.
Esta rocha ainda não foi encontrada no Brasil. O antracito é co mpacto, de brilho vitroso
e contém, algumas vêzes, cêrca de 90% de carbono, o que o torna um dos mais importantes
com bu tíveis minerais. Es te carvão queim a sem desprender grande quantidade de fuma ça
c cinza. Queima lentamente. (Vide camão mineml ).
ANTRACOLíTICO - denominação usada por alguns geólogos ao gruparem os terr enos dos
dois últimos períodos da era Primúria - Carbonífero e Permi ano. Esta designação foi dada
por v\'aagen em 1891.
ANTHO - denomin ação pouco comum, usada por algun9 autores para as grutas ou cavernas.
No estado de Mato Grosso costuma-se denominar também genericamente a estas cavidades
subterrâneas de buracos sotttn1os.
ANTROPOZóiCA - era geológica também chamada de Psicoz6ica ou Quaternária, com-
preende o período ela história da terra decorrido desde os fins do T erciário até os nossos
dia9. O têrmo qu aternário é o m ais comum entre os qu e consideram os dois períodos -
Pleistoceno e H oloceno, como formadores de urna era, ou então a denominação genérica
de Ce noz6ico, e nglobando o T erci ário e o Quaternário como períodos, e as suas subdivisões
como épocas .

DICIONÁJ:UO GEO LÓGICO-GEOMOJU~OLÓGJCO 27


No século XIX foi aplicado o têrmo quaterná·l'io para os detrit0s inconsolidados da9
geleiras ( drift ) e tamb ém para os depósitos terrestres, que à semelhança de um manto de
detritos de peq uena espessura, apareciam em gr a nd e~ p artes da E uropa.
O Quatern ári o parece um dos períodos mais con hecidos po r causa da atenção dedi cada
pelos geólogos. Porém, longe do (]Ue era de se esperar, à med ida q ue surgem novos resul-
tados fornecidos pela glaciologia, es trati grafi a, paleontologia e pré-história, as divergências
se tornam ma iores por causa da não com preensão do método analitico usado.
A era Quater nária é marcada pelo comêço das glaciações, p orém, segund o vá ri o~ autores
a invasão glacial começou antes mesmo do Qu aterná rio, isto é, no fim do Terciári o - gla-
ciaçi'íes Gun ziana e Mindeliana. Uma grande característica todavia é o aparecimento entre
os mamíferos , dos primeiros 1-lominianos cuj a importância não pode ser deixada como um
fa to de pequena mont5) . Ê le marca verdadeiramente o início da era Antropozóica ou Psi-
cozóica. O aparecimento do homem nessa época está provado: - 1. 0 - pela conservação
de produto& de seu trabalho, 2.0 - pela descoberta de numerosas ossadas humanas, sobre-
tudo nas cavern as.
En tre os animais dessa era, destaca m-se os mas todo ntes, mamutes ( Elephas prinvige-
nius ), ursos das cavernas, veados das turfeiras, leões das cavernas, cavalos, renas, bois al-
miscarados, bisontes, lôbos, panteras, pregui ças gigantes, etc.
A mudan ça momentânea e súbi ta do clima na zona temperada, embora tenh a começado
no fim do T erciário, foi mais caracterís ti ca no Quatern ário. O clima frio e úm ido, que se
estabeleceu durante uma parte do Quatern ári o, produ ziu nos· vales grandes escavações p or
ocasião dos intcrglaciais, bem co mo a vinda de materiais de origem glacial e a sua marca
nas form as de relêvo resultantes da erosão glaciária.
A explicação das causa,. dessas glaciações no Quatern ári o, isto é, do abaixamen to da tem-
peratura, ainda não constitui um ponto p ací fi co em geologia, pois invocam-se fe nômenos
astronômicos como : a incli nação do eixo terrestre, variação das manchas solares; fenôm enos
geológicos co mo: a elevação dos Alpey, afund amento elo continente norte sôb re a costa da
E uropa que neutrali zaria ainda a influ ência da corrente do Gôlfo, etc.
A geologia elêsse período é apenas diferente da geografia atu al, em certos detalhes.
A di stribui ção elos mares e elas terras bem como a forma elos mes mos era sensivelmente
1emell1ante à . dos nossos di as. Certo número de fa to ~· ca racteri zam sensivelm ente esta
era : 1 - escavam ento dos vales atu ais, 2 - depósitos de ma terial fin o - limons, 3 - for-
mação de terraços m arinhos na borda dos continentes, 4 - fo rmação ele terraços fluviais,
5 - boa conservação elos sedimentos, 6 - ma terial da!>l glaciações.
As divisões elo Quaternári o são arbitrárias, tendo sido feitas ora co m base nos climas
(glaciações) , ora na p aleon tologia, ora na evolução hu mana (arqueologia) etc.
Os terrenos quatern ários no Bra&il cobrem um a superfí cie avaliada em 803 590 km' ,
ou seja 9,45% da s·uperfície do p aís. As disti nções entre as formaç ões do Quatern ário anti go
e as elo Quaterm't ri o recente não são sempre fáceis de ser realizadas.
Não houve no Bras il os fenômepos de glaciação qu e marcaram o início do Quatern ário
na Europa, porém, os agentes exodinâmicos modelaram com fo1te intensidade as form as de
relêvo primitivo ocasionando grand e transporte de detritos arrancados das rochas mais anti gas.
Na bacia Amazônica os terrenos quaternários afloram ao longo do& rios e fonnam as
zo nas das várzeas e de alguns trechos da terra-firme.
As aluviões recentes - holocênicas, fo rmam os terrenos m ais baixos, perm anentemente
inundados. Quanto às terra!>l firm es, já estão fo ra da ação elas águas sendo dificihnente
inund a d a~. As areias e as vasas e o arenito vermelho (formação Pa rá) , chamado "pedra-
-pará" co nstitu em as rochas dos terrenos dessa idade. O areni to p ará de coloração venn elha,
ferru ginoso, é muito aproveitad o em Belém, como pedra de construção. Na bacia Amazô-
ni ca ainda há terras de diato máceas e espongilitos.
As planícies costeiras, consti h!Ídas por areias e argilas p ouco co nsolidadas aparecem
desde o Amapá até o Rio Grande do Sul. Nessas. áreas há o aparecimento das form ações
de dun as, de recifes, de resti ngas e terraços ou concheiros.
A form ação do Pantanal em Mato Grosso é constituída por areias, argilas, calcários
e humo que cobrem a depressão paleozóica elo alto Paraguai.
D o ponto de vista geral há ainda a mencionar : as formações de v azantes, muito im-
portantes no va le do São Francisco; dun as continentais que apa recem tamb ém no vale do
São Francisco; formaçiio de cacimbas, mais freqü enteSo na zona elo Nordeste; o diatom it o

28 DIC I ON;\.mo GEOLÓGI CO- GEOMORFOLÓGICO


qu e a lém de aparecer no alto Juru á (bacia do Amazonas) e alto Rio Branco, ocorre ainda
nos es tados do Ceará. Rio Grande do 1 orte c Pernambuco; os depósitos de sapropel que
aparecem em Maraú ( Bahia), em Ju cu (Espírito S an to) etc., os depósitos de grutas, na
Bahia, em Minas Gerais, e em São Pau lo.
Alguns depósitos do Quaternário no Bras il têm importância econôm ica, ta is como os
de diatomito e lUifa, as alu viões auríferas e d iaman tíferas, e de pedra!; coradas, etc.
APALACHIANA (orogênese) - revolu ção orogt: nética qu e ocorreu na América do Norte,
no fim do Paleozóico e no início do Mesozóico. ·
APALACffiANO (relêvo ) - vide estmtura apalachiana .
APARADOS - denomin ação regional do sul do Brasil p ara os abruptos, que por vezet>
são quase verti cai», da serra Geral. No trecho em que esta serra se aproxima do litoral.
como é o caso d e Tôrre ·, os "aparados" isto é, os cortes a pique no trapp se observam com
maior destaque.
APATITA - fosfato tri cálcico fluorífero uu clorífero - Car.( PO,)a( F ,Cl ); solúvel no ácido
clorídri co ( H CI ) . Aparece nas rochas eruptivas, metamórfi cas e nos pegmatitos, em
forma de grandes cri stais. Do ponto de vista geográfi co podemos citar as reser-
va9 loca li zadas nas municípios de: Monteiro ( PB ), I pirá ( BA ) , I panema, Jacupiran-
ga , Gu aviruna ( SP ) e cm Araxá ( MG ) . No estado de Pernambu co tem-se encontrado
a variedade denominada fosforita . (Forno de Cal, Fragoso e Pau listano no município cl
Olinda ) .
ÁPICE - têrmo descriti vo usado em geomo rfologia para os pontos altos d um a serra, cl
um I)lO ITO, de w11a montanh a, etc.
APICUM - têrmo regional do Bras il usado para os terreno de brejo, na zo na costeira.
Conesponde, alguma vezes, às zonas marginais de lagunas co teiras parcialmente colma-
tadas, que sofrem inundações produ zidas pelas marés.
APLITO - rocha filona r de magma graníti co, sendo a cristali zação do materi al qu e a
compõe muito fina. É co n!itituído ele quartzo, feldspato alcali no e muito pouca mi ca, sendo
esta freqii entemente a mosc·ovita .
A textura finam ente granula r dos apl itos faz com que a erosão diferencial dei.xe co mu -
mente em relevo ês tes veios intrus ivos por ocasião do seu traball1o destruidor.
Alguns geólogos cham am de ap litos aos granitos de tex tura muito fina. H á, porém,
a plitos pertence ntes aos di ve rsos grupos ele rochas eruptivas·.
APLúVIO - é a s-edim enta ç-fto do mat eri al carregado pela úgua das chu vas. (V ide erosrlo
p!u tYial ).
APLUVIÃO - partículas ca rregadas p las águas elas chu vas, expressão an:lloga a aluvirío
( vide).
APLUVIONAMENTO -- ex pressão que dcri,·a do aplrír;in (vide) e an;íloga ao aluviona-
mento (vide).
APóFISE - parte aguçada ou ram ificações dos !acólitos, batólitos ou filõe · sendo mais largas
junto à massa intrusi,·a dos mesmos, estre itando-se à medida que se aproximam da extre-
midade.
APTIG:"IÃTICO - rochas ond e as dobras es tão ausentes·. Antôn imo c! ptigmâtico.
AQUAMAIUNA -o mes mo qu e âgua-nrarinha. (vide) .
AQüíFEHA - rocha cuja perm ea bilidade permite a rcten 'ão de ;Ígua dando ori gem a
úguas a nteriores ou freáti cas. A camada aqüífera nos poços artesianos se encontra inter-
cal ada entre dois terrPnos im pcnn eúvcis.
ARBORESCENTE ( rede) - o mesmo qu e d endrítica - rêde (vide ) .
AHCAICA (e ra ) - de nomina ·ão usada por a lguns autores para a era A:::âica ou Agnoto-
::;óica. ( vide ) .
ARCAICO - terrenos formad os na era A;:;óica e nos quais ainda nr10 fo ram enco ntrado9
restos orgâ n·icos (fósseis).

D lCJONÁ RIO CEO LÓCICO - GEOi\!O HFOLÓ GJCO 29


Os terrenos arcaicos são constituídos principalmente de roch as eruptivas e metamôr-
fi cas . Usa-se fr eqüentemente o vocábulo terreno como s·inônimo ele rocha, ex. : 1'0chas ar-
quea.nas ou terrenos arqueanos. A denominação ma is comu m, porém , é a ele roclw seguid?.
ele um qu alificativo.
ARCO DE ILHAS - o mesmo que gui rlanda insular (vide).
ARCóZIO - rocha formada p elas arenas cimentadas, também chamada grani.to recom -
posto. Na form ação elas arenas observa-se q ue vários. elementos d a ro cha primitiva -
fragm entos de felclspa to - perm anecem no depósito e podem ser cimentados juntamen te
com os grãos de quartzo e mica, passando a constituir uma nova· rocha chamada arcózio.
E la poderia ser confundida, em sua gênese, co m um arenito no qual aparecesse grande
núm ero de fragme ntos de feldspato. Alguns o defin em de man eira falha como um arenito
de {!.1'áos grosseims, constituído de detritos graníti cos, entre os q uais os fragmentos felds-
p áticos não são d ecompostos .
O cimento do arcózio pode ser : caulíni co, argiloso, silicoso, ferruginoso, etc. A eles a·
gregação e decomposição dessa rocha dará novamente o sa ibro ou arena ( vide) .
ARDóSIA - xisto metamorfoseado em placas finas, tendo várias. utilizaç,ões industriais.
As ard ósia9 são rochas sílica-argilosas endurecidas em finas lam elas. Na F rança as me-
lhores são as qu e s-e extraem dos ten enos primários.
ÁREA CONTINENTAL - trata-se ele um trecho ele um co ntinente ( vide ) e elo ponto
ele v ista p aleogeográfico são as regiões qu e se manti veram mais tempo emersas ( ,·ide
escudo ou em.basamento).
ÁREA DE AFUNDAMENTO região que e~tá sofrendo movimentos descendentes, C'uja
ca usa pode ser d evida a movimentos tectônicos, à erosão cársti ea, etc.
ÁREA DE DRENAGEM - o mes mo qu e bacia de drenagem ou bacia hiclro;,ráfica (vide).
ÁREA DE FRATURAS - o mes mo que zona fraturada , isto é, zona ele fa lhamento.
ÃREA DE SUBSIDÊNCIA ou' BACIA DE SUBSIDÊNCIA - é aquela cujo fundo é
móvel em fun ção elo p êso dos sedimentos acamados . Ê preciso cons·iderar-se que se trata
ele u rna mobi lidade relativa em função da pressão exercida pelos pacotes ele sedi mentos
acamarlos un s sôbre os ou tros, ex. : bacia Amazônica.
AREAL - trecho ou área de solo ele um a região consti tuída só de areias . Nos campos de
Maeapá surgem ês tes depósitos. qu e são denomin ados regionalmente de areões.
AREÃO - o m esmo qu e areal (vide).
A~EIAS - grãos essencialmente ele 9uartzo ~wsu l tantes ela d esagreg aç:~o ou da decompo- .-
siçao elas rochas em que entra a sdJCa ( I•1g. n.0 20A ). A separaçao do quartzo das

• •
..
o •
. •
.. ..
• ••

Areio.s rina.s

Fig . n. 0 20A Convenções para represe ntar as areias, usadas pe los geólogos c ge01norfólogos.

rochas p elos agentes aa erosão elementar ou meteorização se faz por causa de_ sua maiot
resistência, tanto ao desgaste ele ordem física, quan to ú decomposi ção quími ca. Esses. grão ·
d e qu artzo, um a vez desintegrados ela rocha primitiva são trans portados pelos diversos
agentes erosivos ex tern os, indo formar as praias, os tômbolas, as dunas, etc .
.l!sses grãos , qu ando transportados pelos rios ou pelos mareS>, recebem ce rto poli-
men to. O mar tem capacidade de desgastá-los mais profu nd amente devido ao vaivém
consta nte ela~ vagas . Na class ificação elo Prof. A . Cailleux, êsse tip o de grão está co mpre-
endido entre os em oussé lu.isante ( E L ), isto é, grãos polidos. Qu and o o transporte principal

30 DICIONÁRIO G'EOLÓCICO-GEOMOHFOLÓG!CO
é feito pelo ,·ento aclf!ui rem certo arredondamento, porém apre ·entam a superfície pi-
cotada ( rond-mat RM ). Finalmen te, quando são desagregado e transporatdos a pouca dis-
tância, pos!Y 1em a restas e constituem os grãos angulosos ( non u sé 1 ) . ( Fig. n° 21A ).
A cc1r da areia nem sempre é branca dependendo, no entanto, elo cu estado de pureza.
A9 areia misturadas com um pouc·o de :1rgila apresentam coloração ama rcbda ou mesmo
avermelhada, nos climas tropicailll. Outras vêzes, quando possuem c rtos minerais, como
a moscovita, a hi oti ta, a ilmcnita ou a pirita, adquirem brilho~ es peciais ou depósitos
a renosos. As nreias pretas podem ser produzidas pela mi s·tura el e grãos 0 11 fragm ento~

FiJ,!;. n.u 2 .1 A - Are ias angu losas com indfcins de tra balho de agentes t•rn s ivns el e transporte. Esta
amostra de areia fo i colhida no ••arcão" do Ferro, nos ca1npos de Mnca pú a c~rca de 100 qui-
ltJmctros no norte da capital. Os grii.os acima fotogra fados foram aumcntudos 12 vêzcs do
tamanho natural .

ele mag netita e ilmenita; as de co loração cinza podem ser produzitht> pelas q uantidade ele
lama ou lõdo que se acha mish1rada com os grãos de quartzo, denomi nando- e de areias
vnsosas. coloração dourada pode se r d ada pela mo. covita, pirita, ~e ri c ita, etc. Assim
os depósitos arenosos podem aparecer com tonalidades ele colorações muito diversas, em
função elos minerais O U dos Óxidos <[LI C aS <![(' ias COntenham . 0~ d<'pÓ ·i t OS ele pmi as·, OU
melhor, as extensões de art'ias são represen tadas nos mapa. geológico. c geomorfológicos
por um a séri e de pontos, ou ainda po r gradação de côrcs.

DICJON ,\A TO GEOLÓG I CO-GEOl\ fOfiFOLÓG ICO 31


AREL\ CALCARIA - o mesmo que falun s, isto é, areias ricas em fra gmentos de concha~.
AREIAS GLAUCONíTICAS - são areias coloridas de verde, devido à glauco11ita.
AREIA GULOSA - têm1o regional da bacia tocantin a muito usado na Amazônia p ara os
bancos arenoso , nos quais o depósito estratifi cado de areia e lama forma um tijttco muih •
diluído onde qualquer anima l pesado fàcilmente se atola. A denominação de areia gulosa
constitui um êrro de observação do caboclo, pois êstes depósitos são idênti cos aos q ue
êle cham a de lama gulosa.
O q ualifi cati vo gu.losa é empregado com mu ita justeza, pelo fato de êsses depósito
cngu li rcm , por atolam ento, os animais pesados que porven tma por êles passarem.
AREIA i\flCÃCEA - bancos ou depósitos de grãos de quartzo, nos q uais aparecem em
grand e qua ntid ade outros minerais como a moscovita e a biotita.
AREIA MO AZíTICA - vide monazita .
ARENA - o mesmo que saibro ( vid ,) em Jjn guagem popula r.
AREl\'lTO - rocha sedimentar resultan te da junção dos grãos de areia por um cimento
(Fig. n. 0 22A ) . A palavra arenito foi inb·odu zida recentem nte na língua portuguêsa. Um a
nota infrapagina l da "Geologia E lementar" ele Branner di z ter s·ido o Dr. An tônio Barros
Barreto qu em propôs o têm1o arenito para o equivalente elo francês gd!s, elo inglês sandsto,ne
e do ai mflo scmdstein, de riva ndo-o do latim arena co m a term inação grega ite. Em Por-
tu ga l ils te têrm o já hav ia sido empregado pelo PTDf. A. J. Gon ça lves Guimarães· em
se us "E lementos de Geologia" (Coimbra, 1895) . Êste tênno exprime de maneira muito
fe liz a natureza da rocha, pois arenito sign ifica pedra de areia. Algum; ainda conservam entre
11Ós o termo franc ês - grés, ex.: arés elo Pará ou pedra-pará. Foi A. vV. Grabau quem
deu o nome genérico de arenito para a rochas arenáccas de qua lq uer tipo, tendo os grãos
dimensões va ri áveis, entr 2,5 e 0,05 mi-
límetros. Os arenitos aparecem sem pre
rm ca madas por ca usa ela sedimentação
que é feita em eYtrato . Estas camadas
llparecem norm almente na po ição hori - Aren itos
zo ntal tu ando não são perturbada por
movimentos tcc tônicos . Se as ca madas so- ,'··. :· .··· ...·.·.·.·:·
frerem os efeitos dos movimentos ndó- :-:-·..·.·.·.·>.·.·.
~ nos , podem a parecer dobradas, fa lhadas
ou mes mo inclinad as. 1 as carta9 geoló-
~ i cas e geomOJ'fológicas os ar nitos são
representados comumente c:omo a sinala a
fi gura n. 0 22A , na qual vemos os grflos
de ar ia cimen tado em camadas. O ci-
mento q u torna o depós ito sedim entar
móvel, em uma rocha coerente é mu ito A renito s Co.lc<ireo s
importan te. A resis tl~ ncia q u o aren ito
Jfcrece aos diverso); agen tes ex ternos e b1
cm grande parte na de1 ndencia do
m smo. Os arenitos de cimento s·ilicoso
são mais rcsist ntes à erosão qu os ele
cimento c:a lcúrio ou argiloso. Os ar nitos
de ciment o ca lcú rio poclc:·n apresenta r a!-
~umas n ?-zes fenômenos cl d is <> l u~·ão qu e
se asseme lham aos calcá rios. O carbonato
·· - .. - .. - .. .. .. __ _
de ·cálcio é dissolvido e o grãos de quart- arg i.l o s os
zo fi cam nova mente soltos constitu indo
elementos fúce is de serem tra nsport~­
dos. Os a renitos tem g ralm nte a or
___
t- .. - .. - · ~ .. - .. - ·
. . - .. - .. - .. .. ..
clara, podendo, no entanto, aparecer ama- - ·· - -·- ··- ·· - ·· - ··
relados ou averm elhados quando o cimen- 22A - Algumas convenções de arenito usa.
to é ferru ginoso ou q uando sofre o efeito ~~~~· ;~: cortes geÓlógicos, nos mapas geoló ~:i cos e
da lateri zação. Outras colora ·õ ain da gcomodológicos.

32 DI CION Á IUO G"EOLÓGICO - GEOlviOIIFOLÓGJCO


Figs. ns. 23A e 24A - Efeitos da pluvierosão nos arenitos de formação Fumas, da série Paraná
(Devoniano) ent Vila Velha, estado do Paraná. As fonnas são as Jnais bizarras por causa dos efeitos
da erosão difemncial (vide). Naturalmente a cimentação dos grãos, as diáclases e os planos dos estra-
tos vão ter grande importància na produção de tais tipos de formas. Antigamente se supunha que
estas formas existentes no estado do Paraná f8ssem produzidas pela erosão eólia.
(Foto Tibor Jablonsky do CNG)

podem ser observadas : negra, por causa do Óxido de manganês, verde e azul por causa
da introdução do carbonato de cobre, etc. Algumas vêzes a coloração pode indicar certas
condições de formação como é o caso dos arenitos do Triássico que são avennelhados por
causa do clima que era do tipo desértico durante êsse período (ex.: o arenito de Botucatu
da bacia do Paraná). Os arenitos quando metamorfoseados passam à categoria dos quartzitos
(vide).
Do ponto de vista morfológico os arenitos e os quartzitos., quando o cimento é sili-
coso, apresentam, geralmente, o aspecto ruinifom1e, ex.: arenito de Vila Velha (Fig. ns. 23A
e 24A), Chapada Diamantina. Os solos produzidos pela de9agregação dessas rochas onde
o cimento é silicoso ou ferruginoso, embora férteis nas primeiras colheitas, têm um ciclo
vital muito pequeno. Os. arenitos onde o cimento é calcário, como o arenito Bauru, têm
fertilidade maior e a capacidade da exploração poderá durar mais tempo.
Do ponto de vista geológico existem arenitos de tôdas as idades na superfície da crosta
terrestre. Em algumas áreas formam afloramentos em grande extensão sendo aproveitados
como pedra de construção. O arenito dos Vos.ges, de coloração vermelha, é a pedra por
excelência das construções da cidade de Estrasburgo. Na cidade de Diamantina (Minas
Gerais) os quartzitos areníticos afloram em largas extensões, constituindo o material usado
em tôdas as construções e na pavimentação de ruas.
ARENITO EóLIO - resulta da cimentação de arejas transportadas pelo vento, isto é,
antigas dunas, sendo a estratificação cruzada.

34 DICIONÁRIO GEOLÓGICO-GEOMORFOLÓGICO
ARENITO MICÃCEO - o mesmo que psamito (vide) .
.-'RENITO OLEíFERO - arenito que contém óll)o.
AREOLAR (erosão) - denominação empregada pelos geomorfólogos para a fôr ça de
destruição qu e age sôbre tôcla uma superfíci e de interflúvio. É o oposto de erosão linear,
ou ·vertical, isto é, a que se processa ao longo dos talvegues (vide ). Nos diferentes siste-
mas morfoclimáticos os processos se desenvolvem diferentemente nos talvegues e nos
inte·rflúvios. Os agentes da erosão areolar são múltiplos: agentes atmosféricos, biológicos,
erosão de fil êtes d'água de escorrência, etc. A erosão areolar é conseqüentemente definida
mais pela área sôbre a qual se exerce do qu e p elos seus processos.
AREõMETRO - denominação genéri ca dada a certos aparelhos qu e servem para de-
terminar a clens·idade ele um líquido.
ARESTA - tôcla s-aliência elo terreno de forma mais ou menos aguda, estendendo-se por
uma área de dimensões variada . As rochas estratificadas, quando a estrutura é inclinada,
dão, com facilidade, aparecimento a arestas . As rochas não estratificadas dão mais dificilmente
o aparecimento de formas agudas.
Aresta de anticlinal, li nha qu e segue pelo alto de um anticlínco.
ARGILA - silicatos hidratados de alum ínio de colorações va ri adas em fun ção dos óxidos.
As argilas podem ser definidas como caulins su jos, por ca usa dos óxidos q ue possuem
colorindo-as de verm elho, amarelo ou verde. Para o pedólogo a palavra a·rgUa não des·igna
uma unidade química e s·im uma unid ade de tamanho coloidal cujos di âmetros são inferio-
res a 0,002 mm. O caulim é um silicato. Os feldspatos elas rochas eruptivas e metamórficas
no serem hidratados dão as argilas. A espessura elas camadas argilosas sõbre a rocha é
grande nas regiões de clima tropical úmido e menos espêssa nos climas temperados e ma i!1
rara, por vêzes, nos climas semi-áriclos. Quando a argila possui grande teor ele ferro toma
a coloração vem1elbo vivo sendo chamada de argila laterítica. Al gumas vêzes encontramos
a forma ção ele pequenos- n úcleos ferruginosos na massa argilosa como, por exemplo, nas
argilas mosqu eadas da série Barreiras. A argila quando contém um pouco ele água torna-se
impermeável. Algumas vêzes, a água é em excesso, faz endo com qu e ela se escoe como
c01·rentes de lama . O lençol de escoamento superficial tem feito um forte desgaste nos
morros cariocas, carregando ess as argilas para as partes baixas da cidade. O modelado
resultante das á guas do lençol ele escoamento superficil difuso sôbre o relêvo é a forma-
ção de bad-lands ou o que denominamos de voçorocas (vide ). A rêde hidrográfica é muito
ravinada nos terrenos argilosos por causa oa imperm eabilidade da argila.
As argilas podem ser classificadas em dois grupos principais: a) grupo ela caulinita
c b) grupo ela montemorilonita. O grupo da ca.uli.nita foi empregado desde o início da
civilização no fabrico de cerâmica, segundo o grau ele técnica mais ou menos desenvolvida
de cada povo . Atuahnente êste tipo de argila é empregado na fabricação de grande núme-
ro de objetos e utensílios. para a espécie hum ana.
O {!.I'!I)JO da montemorilonita até bem pouco tempo era inteiramente desprezado, usado
apenas de modo empírico por um ou outro industrial por causa de sua propriedade desco-
rante e de funcionar como catalizador. O emprêgo clêsse grupo de argilas só se tornou
importante, isto é, do ponto ele vista industrial, quando se descobriu que estas argilas
possuem propriedades de descaram ento, de purificação e de catálise, nas indústrias de óleo.
As argi l a~ , por co nseguinte, podem ser definidas como: silicatos hidratados ele alumínio
co ntendo certa quantidade de ferro, cálcio e magnésio, à semelhança de impurezas, as quais
são responsáveis pelas colorações mais fr eqüentes que conhecemos - alaranjadas e averme ..
lhadas. Todavia, os recentes estudos feitos com as argilas aplicando-se os raios X vieram
demonstrar que embora as argilas sejam cons tituídas de silicatos hidratados de alumínio, os
elementos que nelas ocorrem em quantidade mínima são específicos à sua própria es.trutura
Os raios X demonstram que as argilas são constituídas de peq ueninas p artículas criptocris-
talinas dispostas em vários arran jos estruturais. As argilas elo grupo caulínico pos-suem duas
camadas de átomos superpostos e as montemorilonitas três camadas de átomos super-Postos.
ARGILA ALóCTONE -- diz-se dos depósitos. argilosos que sofreram transporte. É o oposto
das argilas autóctones (vide ) . Em outras palavras, as argilas alóctones s-ão argilas secu ndá-
rias (vide), no sentido ela formação, o que não signifi ca id ade secundária .

DICIONÁRIO G'EOLÓGICO-GEOMO RF OLÓf:ICO 35


ARGILA AUTóCTONE - .J mesmo que argila pri mária (vide), formad a in situ ou seja
o oposto das argilas alócton es (vide) .
ARGILA XISTOSA - o mesmo qu e argilito e folhelho .
ARGILA DE JAZIDA - trata-se ele uma m·gila. autóctone, isto é, formada ela decompo-
sição in situ dos felclspatos, sem qu e tenh a h avido transporte. (Vide m·gi.la ).
ARGILA DE V ÃUZEA aquela que foi depositada em lugares baixos-. (Vide m·g'ila se-
ctmdária).
AHGILA LATERíTICA - silicato aluni.inoso hidratado, ri co em ferro e alumina, de co-
loração alaranjada ou avermelhada e co mum nos trópi cos úmido . Vide argi.la .
ARGILA PLÁSTICA - diz-se das argilas- qu e, ao se emb eberem de água, são passíveis de
sen:·m modeladas com os dedos. As argilas nom1almente são plá9ticas quando se adiciona
certa proporção de água. Todavia se esta fôr em excesso transforma-a numa lama que
poderá escoar-se como líquido.
ARGILA PRIMÃUIA - denominaçf.v dada à argila qu e não sofreu transporte, isto é, está
in situ., ex.: caulim. Por conseguinte a denominação de argila primária não está ligada
à idade geológica e sim ao fato de ser um produto ele decomposição autócton e (vide).
ARGILA REFRATÃUIA - aqu ela que não manifesta fusão quando sujeita a temperaturas
elevadas, sendo empregada na fabricação de tijolo9 para revestim ento de fornos e em objetos
de cerâmica . Na Baixada Fluminense, por exemplo, existem argilas brancas e cinzentas que
têm um ponto ele fusão geraL11ente acima de l 700°, podendo, por conseguinte, ser usadas
na fabricação de tijolos e peças refratárias.
AH.GILA SECUNDÃH.IA - aquela que, embora tenha a sua gênese ligada aos fatôres
que originaram as argi.las p1·imá-rias (vide), sofreu, no entan to, transporte. Trata-se, por
conseguinte, de materi al alóctone (vide). A presença de argilas, em lugares b aixos, está
ligada, às vêzes, ao fator a·ansporte, sendo, nes te caso, denomin adas m·gilas de várzea.
ARGILA VERMELHA - denominação usada na geomorfologia con tinental para designar
as argilas coloridas pelo óxido de ferro. É nas regiões tropicais úmidas onde estas argilas
lateríticas têm m aior expressão em área ( Vide latel'ização).
No tocante à geomorfologia submarina, as arg-ilas vermelhas, ou argilas dos gmndes
fundos, não têm sua origem devidamente esclarecida pela geologia. É possível que es·tas
argilas derivem de rochas vulcânica9 existentes nos fundos subm arinos e sua coloração é
produzida por óxido de ferro e compostas ele manganês. É in!eressante assinalar que nestes
depÓs·itos ele argilas vermelhas também são encontradas esférulas magnéti cas microscópicas
e concreções contendo dentes de esqualo.
ARGILITO - rocha compacta produzida pela compressão de argilas e clivando-se segundo
os planos ele es tratifi cação. E · tamb ém chamada cn·gila xistosa. O argilito é um a rocha
mais dura que as argilas comuns ou os fo lhelhos e mais mole qu e as ardósias (vide).
AH.GILIZAÇÃO - diz-se do process·os de transformação dos feldspatos, mi cas e outros
silica tos a luminosos, em argilas ( vide) .
ARGILOSA (rocha) - composta essencialmente de silicatos aluminosos hidratados - argila
- juntamente co m pequenos grân ulos de quartzo ou outro9 minerais como: palh êtas de
mi ca, fra gmentos de calcá rio, óxido de ferro, etc. As rochas argi losas podem-se ori ginar
de material alóctone ou ter origem residual. Estas rochas são essencialmente compactas e
imperm eáveis ao lençol d' água superficial. As águas ao desli zarem sôbre a s-uperfí cie
dêsses terrenos dão aparecimento a um a série ele valetas, ou a grandes descidas de lama,
em áreas de topografi a acidentada. Ch ama- e de bad-lands aos terrenos sulcados por
ess·as valetas.
Na borda dos chapadões argilosos aparecem comumente grandes depressões produzidas
pelas águas das chuvas que carregam o material e acentuam o escavamento constituindo o
qu e se denomin a geralmente de voçoroca, em Madagáscar chama-se de lava ka.

36 DICIONÁRIO CEOLÓGICO -GEOMORFOLÓGICO


O relêvo d as áreas argilosas não apresentam formas de gra ndes desníveis relativos
como o de rochas eruptivas ou metamórficas. As form as topográficas res-ultantes da erosão
em terrenos argilosos são geralmente suaves. A rêde hidrográfica é muito ramificada e
confusa ( rêde d endrítica) por causa da impermeabilidade do solo, apresentando muitos
afluentes, suba flu entes, etc. O modelado elas vertentes nos terrenos argilosos aparece com
form as suaves, co nvexas. Nunca apresentam vertentes pend entes, como os calcários .
ÁRIDA (região) - aquela onde a precipitação é escassa ou nula. T ambém se diz da
zona onde a evaporação é superior às precipitações. Nas áreas onde o clima é do tipo
árido, há possivelmente o predomínio ela ação mecânica da meteorização sôbre a decom-
posição química. H á form as de relêvo que lhe são específicas como os pedimentos, bajadas,
dunas, ventifatos, etc. (vide) . Também nas regiões glaciárias o clima é ainda frio havendo
o predomínio da ação mecânica feita pelo clegêlo.
ARQUEAMENTO - movimentos epirogênicos de trechos da crosta terrestre, produzindo
arco9 bombeados ele gra nde curvatura, dando aparecimento a áreas levantadas. O arquea-
mento sofrid o pelo escudo Aus tro-Brasília na clireção de NNW-SSE e ENE-WSW, (Fig.
n.0 25A) deu aparecimento às serras elo Mar e ela Mantiqu eira. A linha principal do arquea-
mento do Brasil meridional segue, porém, a clireção de maior di stensão do escudo cristalino
no rumo NNW-SSE, sendo acompanhada ele falh amentos escalonados, perpendiculares a êsse
arqueamento. ( Fig. n. 0 26A).
NNW
NW NE

/ FRATURAS E FALHAS

~~"'
/
/
/
/
SE
wsw--- ----
SW

SSE
F ig n .0 :2-~A

Fig. n. 0 26A

ARQUEAMENTO CRUSTAL - o mesmo r1ue m·queamento da crosta (vide).


ARQUEANO - p eríodo da era Azóica ou primitiva, também chamado era Arqueozóica,
constituído pelos mais antigos terrenos do globo terrestre. Az6ica significa era sem orga-
nismos vivos ou , pelo menos, vida desconhecida. Os terrenos· azóicos são constituídos por
rochas pré-aquáticas, segundo o Prof. Alberto Ribeiro Lamego, isto é, segundo a teoria
magmática. Para outros au tores podem ter tamb ém origem sedimentar ou magmática, não
se podendo desprezar as de origem mista e controvert·ída.
O Arqueano foi o período ele maior duração na história fí sica ela terra. A erosão teve
início no Arqueano, pois antes dêsse período a terra es tava ainda em forma ção e o seu
calor não permiti a qu e as águas das chuvas chegassem à superfcie ela crosta incandes-cente.

DICIONÁRIO GEOLÓGICO-CEOMORFOLÓGICO 37
Após a formação dos primeiros núcleos de rochas emersas (escudos ) e as- primeiras chuvas,
teve início a erosão. Os estudos dos terrenos do embasamento foram mais aprofundados- na
América do Norte e na Escandinávia. A distribuição geográfica dos principais escudos é a
seguinte:
I Fino-Escandinavo
II Siberiano
III Canadense ou Laurentides-
IV Sul-Africano ou Proto-Afritles
V Guiano ou Orinocoano
VI Brasileiro ou Brasília
VII Patagônico.
As rochas mais características dêsse período s·ão os granitos (Fig. n. 0 27 A e 28A),
dioritos, gnaisses basaltos, riolitos, gabros, calcários e grafitos. No decorrer do Arqueano
os terrenos- do e mbasamento foram perturbados pelas revoluções laurenciana e algomaniana .
Para o Prof. A. Lamego a revolução mais antiga é a Brasílica ocorrida no Brasil. Os terrenos
arqueanos afloram em 1/3 do território, constituindo os seguintes escudos:
I Escudo das Guianas
II Escudo Bóreo-Brasília
III Escudo Austro-Brasília
IV Pequenos Núcleos·
a) Gurupi
b) Bolivio-Matogrossense
c) Goiano-Matogrossensc
d) Sui-Riograndense.

Fig. n. 0 27A - Rochas do e1nbasaJnento cristalino, na serra do Mar, cm Correias, estado do Rio de
Janeiro. As encostas abruptas, são constituídas na 1naioria das vêzes por afloramentos rochosos. No
printeiro plano, o rio Piabanha, que corre adaptado à estnttura apalachiana (vide).
(Foto Tibor Jablonsky do CNG)
FiJ!;. n.o 28A - O rio S:!o Fran cisco desce d;.. superrície do em basamenlo cristalino 1>ediplanado, t>or
um era nde cnõon para a planície sedimentar.
{Foto Tibor )ablonsky do C:>IG)

Há au tores qu e usam outras denominações como: Sul-Amazôn ico, Atlàntico, Árqu eo-
-Atlflllt ida, etc.
D o ponto de vista da geologia e onômiea eneontran1os alguns afloram entos de cri stal
d e rocha , pedras coradas , grafita, ouro, calcário, ilmenita, tório, columbita, mica, manganê;
c monazi ta. Não pod emo~ também esquece r o va lor das rochas arqu eanas como materi al
d e cons tw ção e p ara a e tatuári a.
ÃRQUEO-ATLÂ TIDA - d nomiimção usada por Lui7 Flores ele :\lorae!'l Rego para o
escudo cristalino local izado ao su l da planície amazônica c que K. Caster denominou de
Bóreo-Brasília . H oje é comume nte chamado de escudo Sul-Ama;;ônico, segundo denomi-
nação proposta p or Aroldo de Azevedo .
ARQUEOZÓICA - vide Arqttec111o.
ARQUI-BRASIL - denominação dada por Djalma Guimarães ao bloco co ntin ental da bacia
elo Silo Francisco (' elo Meio-Norte.
ARQUIPÉLAG O - diz-se elo agrupam ento de ilhas que se encontram co ncentrada9 em
certas áreas dos oceanos. É um têrmo mais de caráter geográfico, interessa ndo no entanto,
à geologia c à geomorfologia. Como exemplos de arquipélagos podemos citar o elas Antilhas,
indo-malaio, F ernando d e Noronha etc. Na foz do~ rios deltaicos também se formam os
a rquipélagos de natureza sedim entar. Vide delta .
ARRECIFE - o mesmo qu e recife ( vid ) .
A.RRIBA - denominação usada cin Portugal para as co9tas escarpadas . O mesmo qu e
fal ésia (vide ).

DICIONÁlUO GEOLÓG!CO-CEOJ\IORFOLÓGJCO
ARROIO - deno minação dada nos pequenos rios no sul do Brasil , ex .: arroio Xuí ( Rio
Grande do Sul ). Corre ponde ao igarapés (vide) da região amazôni ca.

ARTElUTO - intrusões com textura aplítica so b a form a de veias em gnais-ses migmatíticos.


ARTESIANA (fonte) - o mesmo qu e fonte em 1'epuxo (vide).

ARTICULAÇÃO DO RELÊ VO - acidente elo 1·elêvo ou acide 11te geográfi co (vide) q ue


interessa apenas no plano hori zontal. Êstes elementos são fá ceis d e ser es tudados nas
frentes das cuestas, nos litorais, etc. Assim as articul ações de uma costa, geralmente, se
divid m em salientes e mentmntes. Como exemplo de cnticu.lações salientes podemos citar
os cabos, pontas, promontórios e peníns ulas; enqu anto entre as articu./ações reentmntes
devemos citar os go lfos, baías, nseadas, abras, angras, etc. (F ig. n. 0 29A ) . D escendo a
maiores minúcias ainda se pode classi fi ca r as arti culações ree ntrante!! em fun ção da largura
e da extensão: Tôdas es tas indentaç·ões têm grande importância na geomo rfologia costeira.
Veja-se o litoral da Noru ega, do Chile onde há um grande número de inden tações : litoral
tipo fio rde.

Fig. n.• 29A

ASBESTO ANFIBóLICO - o mes mo que amianto ( vide).

ASSE 1TADA - têrmo regional usado em alguns estados, co mo Bahia e Coiás, para de-
signar um terreno plano no alto de uma elevação. Do ponto de vista geológico diz respeito
à divisão estratigráfica - (vide col·u.na geológica).
ASSIDERITO - trata-se de m eteoritos (vide) rochosos, qu e apresentam principalmente
;:ilicatos e quantidades . variáveis de ferro metáli co . Ê o oposto do sielerito, ou seja meteori-
tos metálicos . O s assieleritos poss uem um a com pos-ição mineral ógica semelhante à das ro-
chas ultrabásicas ( gabro, peridotito) .
ASSIMETIUA DO VALE - diz-se das diferenças de inclinação ou pendente de um a ver-
t nte em relação ao talvegue do rio . A ass im etri a é p roduzida pela erosão diferencial.
Mais com um é a sua observação em terrenos de estrutura inclinada.
ASSíSMICOS - denominação dada pelos sis-mologistas às áreas ou países onde os tre.nores
de terra são raios, ou mesmo fracos .
ASSOREAMENTO - di z-se dos processos geomórficos de deposição de sedim en tos, ex.:
fluvial , eólio. marinho .

ASSOREAR - o mesmo que depositação ele sedimentos. Assim ao se e~tudar a costa ma-
ranh ense, ou mesmo a flumin ense no trecho entre a baía de Gu anabara e Campos tem-se
oportunidade de ver interessantes áreas de sedim entação, isto é, d e assoreamento. No
Oriente, podemos citar o exemplo do rio Amarelo, da China, qu e carreia centenas de
milh a res d e toneladas de terra, as-soreando, principalmente, na embocadura.
ASTENOSFERA - denominação dad a por Barrell à zo na ligeiramente mais plástica que
está sob a crosta rígid a, isto é, a litosf~ra (vide) .

40 DIC ION..\ruo CEOLÓGICO-GEOMORFOLÓGICO


Fig. n.• 30A - No ba rranco da rodovia entre as cid ades de P ôrto Feliz e ltu (São Paulo), na d epressão
periférica, pode-se ver o amnrrotamento das camadas de varvito da série Tubarão produzida pelo
gêlo. Trata-se de uma deformação ntectônica.
(Foto Tibor Jablonsky do CNG)

ATECTÕNICO - movimentação das camadas em função de fôrças não endógenas. Como


exemplo podemos citar as camadas da série Tubarão, na depressão paleozóica de São Paulo,
que foram amarrotadas pelos deslocamentos das geleiras do Carbonífero. (Fig. n.O 30A).
AT:íl:RRO - depósito artificial de qualquer tipo de material removido pelo homem. Os
aterros são feitos geralmente no leito das estradas, nos lugares baixos· para o estabelecimento
da linha de declive uniforme. Na cidade do Rio de Janeiro temos o exemplo de um grande
atêrro, em nossos dias, o do enchimento de área períférica da baía de Guanabara no
trecho que vai do aeroporto Santos Dumont até a praia de Botafogo. (Fig. n.O 31A).
(Vide geomorfologia antropogenética).
Os problemas de detalhe dos aterros fogem ao campo da geomorfologia ou da geologia,
interessando porém, diretamente à geologia aplicada. Mas as duas ciências acima citadas
devem fornecer indicações sôbre o tipo de material decomposto ou do solo existente na
região em estudo. Partindo dessas indicações, a geologia aplicada do engenheiro sabe
_quais os materiais que terá de lançar mão para executar um atêrro ou um corte.
ATIVIDADE VULCÂNICA - fenômenos que vêm das profundidades da crosta terrestre
e se manifestam freqüentemente na superfície, por intermédio dos vulcões. As atividades
vulcânicas aparecem com mais freqüência nas áreas anteriormente submetidas à movimen-
tação tectônica.

DICIONÁRIO G'EOLÓGICO-GEOMORFOLÓGICO 41
O rcs·ultado da atividadc vulcânica é o aparecimento de um tipo de relêvo especial
que pode ser chamado de relêvo oulcânico.
ATLÂNTICO (escudo ) - denominação propo!lta p or Aro Ido de Azevedo à velha pla-
taforma de rochas do Pré-Cam briano. Vide Austro-Brasília ( Kenneth E . Cas·ter).
ATLÂNTIDA - nom e do hipotético continente que existia entre a Europa e a América,
afundado no local hoje ocupado pelo oceano Atl àn tico. ~ste afundamento é cxplicc1do
por um possível cataclismo (?) - (vide).
ATMOCLÃSTICA - di z-se da ação geológi ca ela atmosfera na constru ção de depósitos
como : cones de dejcção, depósitos ele talude, amontoados caóti cos, depósitos piemonte-
ses, f'tc.
ATMOGÊNICO - denomin ação proposta por A. W . Grabau para as rochas formadas pelo
trabalho dos agentes atmosféri cos. Como exemplo podemos citar os de origem eólia . (Vide:
atmocl6stica c atmaltÍ{!.ico) .

Fig. n .(l 31A - Esta grandt! área plana que se vê na foto acima (1955) é resultante de aterros sucessivos,
e na ftmção dos desmontes dos 1norros do Castelo e mais recentemente o de Santo Antônio. No atêrro
da Glória, tcm~sc hoje uma extensa área de planície, onde outrora, era uma parte da ba ía de Guanabara.
Os estudos das formas de relêvo tnoduzidos por <lesmontcs e aterros, são naturalmente de pro-
porções bcn1 menores, que grandes dobramentos, coJno a cadeia dos Andes, dos Alpes, ou do llinlalaia,
por exemplo.
(F oto Tibor Jablonsky)

DlCJO:-!ÁillO GEOLÓCJCO-GEOJ\IOHFOLÓ(:JCO
ATMOLóGICO - o mesmo que m anifestações da atmosfera - &ão os fenômenos atmosfé-
ricos cham ados m eteoros. :t!:stes interessam p articularmente à geologia e à geomorfologia
t endo em vista o trab alho feito principalmente, pelos meteoros aquosos e aéreos, remode-
lando a &uperfície do globo, isto é, a litosfera.
ATMOMETAMORFISMO - diz-se das transformações sofridas pe las rochas quando em
contacto com vapôres que contêm mineralizadores.
ATMONECTON - vide necton.

ATOL - têrmo regional das ilhas Maldivas ( localizada ao sul da pení nsula indos tânica )
designando recifes mais ou menos circul ares ( F ig9. ns. 32A e 33A ), em form a de coroa
fechada, contendo uma lagun a central que com o tempo será colmatada de vasa, trans-
form ando o arq uipélago num a ilha ( vide Tecife).

+
+ + +-+;- + + t
+ +
++ + +
F ig . n.o 32A - Corte vertica l de um atol, vendo-se e m uA", un'la supe rfície e mersa,
e constituída de detritos, carapaças de organismos jogad os pelo mar, já consolidadas.
Na parte central, isto é, "B" te mos uma lagoa d e forma acentuad amente circular.
Apare ce nt també m duas plataformas - "C" - que por o cas iã o das m arés baixas
podent permane ce r descobe rtas .

F ig. u. 0 33A - Formação e evolução d e uma atol se -


g undo a teoria de D an"•in .

mcroN..\mo GEOLÓcrco-cEoMoRFOLÓcrc o 43
ATUAL ( período geológico ) - o mesmo qu e I-Ioloceno (vide).

ATUALISMO - teoria que s-e opõe à doutrin a dos cataclismos ou catástrofes (vide) p ara
explicar o aparecimento e as transformações dos diferentes acidentes do relêvo. O atualismo
constitui um princípio básico da geologia, formulado por K. A. V. Hoff em 1826 e depois
por Charles Lyell, segundo o qual os processos geológicos passa dos, devem ter-s e reali zado
com a mesma intensidade qu e assistimos hoje. Por conseguinte, as modificações teriam sido
lentas, ou melhor, semell1antes às qu e conhecemos atualmente. Nas regiões atingidas p elos
sismos, pe l o~ vulcões ou por movin1entos tectónicos violentos observam-se transform ações
súbitas na superfície elo globo terrestre. AliáY, os que admitem a teoria elas catástrofes,
como a doutrina qu e explica as diversas transformações das forma s do relêvo, tom am os
movimentos tectónicos como argumento contrário aos dos partidários do atttalismo .
O atualismo di z respeito à gênese e à evolução elas fom1 as de relêvo de outros tempos,
pelos mesmos processos que observamos hoj e. O a.tua.lismo hoje, é menos ortodoxo qu e
inicialmente. Charles Lyell fêz triunfar o atu alismo ao publicar seu livro Principies of
geology que teve 12 edições entre 1830 e 1872. O subtítulo ela obra é uma verdadeira
declaração metodológica do autor: "Princíp-ios de geologia., onde se pesquisa. a. m edida. em
que as mudanças do passado da superfí cie do globo possam ser explicadas pelas causas
que agem nos nossos dias".
É pro vável que no passado os fenôm enos geológicos se regessem por con di ções di-
ferentes das atuais.
Os fenômenos cíclicos na tectónica não parecem coadunar-se com o atualismo. Não
há necessidade ele imaginarmos que os processos geológico9 no passado , tenham se desen-
volvido exatamente com as mesmas características dos nossos dias . T em-se para penyar-se
que 09 processos se desenvolveram ciclicamen te e que tempos ele calma relativa, conform e
determinadas lei9, alternaram com atividacles internas exaltadas em grau máximo.
O a.tualismo significa reconhecer o postulado da lei ela permanência da nat-ureza, ou
mellior, pe1·manência das leis dos fenômenos geológicos 110 deco·rrer da história físi ca da.
·terra.
A evolução dos fenôm enos geológicos e geomo rfológicos fêz-se, outrora, p elos mesmos
processos qu e temos em frente aos nosso~ olhos. Essa teoria se opõe à elos cataclismos, e
destaca que a intensidade e o ritmo dos fenôm enos podem variar. Assim encontraram-se em
velhos terrenos do ·Pré-Cambriano, corridas de lavas basálicas, depósitos torrenciais, forma-
ções devidas a alterações subaéreas, morainas, etc. Êstes terrenos revelam em sua estru-
tura a marca de suas caus a~ como: vulcanismo, torrentes, ações atmosféricas, glaciação.
Êstes são análogos aos que se formam nos nossos dias. A pennanência da lei da natureza
apoiada no atua lismo é da máxin1a importância para a geomorfologia. Procura explicar a
gênese das formas atuais partindo do seu passado. Êste pode recuar a p eríodos bem antigos·.
Todavia, ela não pode avançar, a não ser pelo emprêgo do raciocínio analógico partindo
do presente. Por conseguinte, a geologia recons trói o passado a partir do presente, e a
geomorfologia explica o presente pelo pass·aclo. Uma e outra elevem então admitir o prin-
cípio do atualismo. O limite da aplicação do princípio da lei do atualismo está na pura
dependência do tempo geológico.

AURÉOLA DE CONTACTO - parte ela rocha encaixante influenciada pelo metamorfismo


de c011tacto (vide metamorfismo).

AURÉOLA DE METAMORFISMO - o mesmo que a-uréola de contacto (vide).

AUSTRALO-INDO-MALGAXE - parte do velho continente de Gondwana que na era


Paleozóica ocuparia a área elo atual oceano indico e também as terras ele Maclagáocar,
!ndia e Austrália.

AUSTRO-BRASíLIA (escudo) - parte da velha plataforma que compreende hoje as terras


que vão do Nordeste até Santa Catarina. Usa-se, comumente, para e9ta parte do escudo
Brasileiro a expressão ele Escudo Atlântico segundo denominação proposta por Arolclo de
Azevedo.

44 D! CION ÁRIO GEOLÓG I CO - GEOMORFOLÓGICO


AUTóCTONE - form ação originada AZóiCA (era) - vide Arqueano .
in situ, ex.: m·gilas primá·rias (vide)
carvão mineral. H á certo tipo de al- AZONAL (solo) - vide solo azonal.
teraçõ s que dão aparecimento a depó-
sitos sedim entares que não sofreram
transporte, sendo também chamados de
resid rw i .
AUTóCTONE (solo) vide solo.
AUTóCTONE C UMULóSICO (solo)
- vide solo.
AUTOMóRFICO - o mes mo que idio-
mórfico (vide).
AVALA CHA - têrmo usado com duas
acepções: para indicar a queda rápidn
de um a geleira, o desmoronam ento ou
escorregamento de terra ( barranco) de-
vido à erosão. Es ta última é também
chama da de avalancha sêca. Esta desig-
nação não é muito feliz, pois qu a água
constitui um dos poderosos fatôres p ara
o escorregamento ou des moronamento de
solos e rochas d ecompostas.
"AVEN" ou "ABTh1E" - têrmos Fran-
ceses usados para certas cavidades na-
turais que aparecem geralmente em ter-
renos calcários. !;:stes, algumas vêzes,
se ligam com as gmtas ou salões srrb -
terrâneos (Fig. n. 0 34A). A. Marte I
explicou a existência de avens como
devidos à decomposição química e 1
desagregação mecânica produzidas pela
infiltração do lençol de escoamento su-
perfi cia l nas fend as exi;'tentes.
O aven pode ser definido p or
conseguinte, como sendo um co nduto
pouco largo, mais ou menos vertical, que Fig. n .o 34.A - uAvcn" c m forma de funil produzido pela
circulação da água ao lo ngo de diáclases etn terre nos
aparece nos terrenos calcári os e liga calc{Lrios. Verifica-se, alg umas vêzes, a ex·is tê ncia de gran-
diretamente a su perfície com o fundo des salões na base do Haven". O al ar~ame nto crescente
das grutas. E~ Por~~ga l o "m·en" cor- é prod uzido pelo trabalho d e dissolução r ealizado pe lo
responde ao algare . ácido carbônico, sôbre o ca_rbo nato de cálcio. Esta foto
!foi tirad a numa pedre ira na região da Cbare nte Marithne
(França) ora c m exploração, o que JlCrmitiu a poss ibili~
dadc d e se fazer um corte vertical.
(Foto do au tor)

D!C ION/\H IO GEOLÓG ICO- GEOMO BFOLÓG I CO 45


BACIA - depressão d e forma variada ou conjunto de terras pouco inclinadas, podendo ser
ocupada ou não com rios, lago9, etc. Esta f01ma de relêvo se opõe aos maciços, cadeias de
montanhas, planaltos, etc.
O têrmo bacia pode ser tomado em geologia e em geografia co m várias acepções, como :
bacia estrutwral, bacia carbonífera, bacia fluvial ou hidmgráfi.ca, bacia sedimentar, bacit.
tectônica, etc.
BACIA ARTESIANA - denominação dada à estrutura geológica onde o aqüífero se
encontra sob pressão, confin ado entre duas ca madas imperm eáveis . O primeiro poço, ond e
a fonte su rgiu normalmente em repuxo, foi cavado em Artois, na França . ( Vide font e
artesiana ).
BACIA CARBONíFE~1A - grand e jazidas de carvão min eral s~tuadas em regiões de
estrutura geralmente muito complicada do pon to de vista tectôni co. Seus depósitos datam
da era Primária (período Carbonífero ou Permiano ) .
BACIA DE AFUNDAMENTO TECTôNICO - confundida às vêzes com a fossa tectônica
(vide ) ou "graben" ( vide), no caso do desabamento tectônico não ser longitudinal. As
bacias de afundamento tectônico são também denominadas de depressão ele afundamento
ou "ovale rnedite·rranienne·' '.
BACIA DE DEPOSIÇÃO - área continental deprimida onde os sedimentos ficam aca-
mados . (Fig. n. 0 lB) . O mesmo que bacia sedimentar (vide).
BACIA DE DRENAGEM - o me~mo que área de drenagem ou bacia hidrográfica (vide).
BACIA DE RECEPÇÃO - parte inicial de uma ton·ente (vide).
BACIA DE SINCLINAL - parte côncava do solo que coincide com uma depressão relativa,
cuja explicação se encontra na própria estrutura das camadas da região. Corresponde ao
sinclinal de uma dobra .
BACIA DE SUBSIDÊNCIA - o mesmo que área de subsidência (vide).
BACIA ESTRUTURAL - depressão correspondente a uma forma de relêvo resultante de
um tipo de estrutura. Ex.: bacia de um fundo de sinclinal, bacia resultante ele um afun-
damento por falhas - fo~a . etc.
A bacia estrutural correspondente a uma fl exura ou sinclinal é também denominada
por alguns de bacia tectónica ou bacia de afundamento tectônico.
BACIA FLUVIAL - o mesmo que bacia hidrográfica (vide).
BACIA HIDROGRÁFICA - conjunto de terras drenadas por um rio principal e seus
afluentes . Nas depressões longitudinais se verifica a concentração das águas das chuvas,
isto é, do lençol de escoamento superficial, dando o lençol concentrado - os rios. A noção
de bacia hidrográfica obriga naturalmente a existência de cabeceiras ou nascentes, divi-
sores d'água, cursos d'água principais, afluente9, subafluentes, etc.

46 DICIONÁ.R IO GEOLÓCICO- CEOMORFOLÓCICO


RELEVO EM BACIA

Fig. n.o lB - Bacia sedimentar, vendo-se as :í._reas mais altas que são desgastadas, e a parte central
deprimida onde a~ ca madas se dcpositatn. normalmente segundo o princípio da superpos ição.

Em tôdas as bacias hidrográficas deve existir u ma hierarquização na rede potâmi ca,


e a água se escoa normalmente dos pontos mais altos para os mais baixos. É comum o
emprêgo da expressão bacia hidrográfica com() sinônimo de vale, como exemplo podemos
citar: b acia do Sfto Francisco ou vale do São Francisco; bacia do Amazonas ou vale do
Amazonas-, etc.
O conceito de bacia hidrográfica deve incluir também uma noção de dinamismo, por
causa das modificações qu e ocorrem nas linhas divisoras ele água sob o efeito dos agentes
erosivos, alargan do ou diminuindo a área da bacia. Além elo mais a bacia hidrográfica pode
ser principal, secundária e mesmo terciária, segundo certos autores, quando constituída de
curso9 d'água d e menor importância, isto é, os subaflu entes · geralmente. Podem ser ainda:
litorân eas e centrais ou ínte rio·res.
BACIA HIDROGRÁFICA DISSIMÉTRICA - aq uela na qual a rêcle de drenagem é mais
desenvolvida numa das zonas por ela ocupada . No rio Amazonas por exemplo, a rêcle de
drenagem dos aflu entes da margem esquerda é sensivelmente mais curta qup. a da margem
direita, cujos afluentes são por vP-zes muito extensos: o rio Madeira, Purus, T apajós, etc.
É freqüente nas descri ções morfológicas da p aisagem se confundir as expre~sões bacia
hidrográfica dissim étrico. com vale dissim étrico, sendo me.smo mais comum empregar-se esta
última. Deve-se, porém, reservar a denominação vale dissimétrico quando se tratar d'Js
perfis das vertentes ou encosta do vale, e não da rêde hidrográfi ca .
BACIA LACUSTRE - denominação usada por certos autores ao fazerem referência aos lagos
existentes numa região, bem como todos os cursos d'água que vertem para a concha la-
custre (vide). A expressão mais comum é, no entanto, região lacustre, e neste caso po-
demos citar a região lacu9tre dos Grandes Lagos da América do Norte. O Brasil não é muito
rico em baci.a.s laettstres, existindo todavia lagos e lagoas de barragem e de erosão.
BACIA SEDIMENTAR - depressão enchid a com detritos carregados das áreas circunja-
centes. A estmtura d essas áreas é geralmente composta de estratos concordante9 ou quase
concordantes, que mergulham nonnalmente da periferia para o centro da bacia . Os melhores
exemplos d e bacia sedimentar são fornecidos pela bacia Amazônica, bacia do Paraná, b acia
de Paris, etc.

DICIO N ..\RIO GEOLÓGl CO- GEOMORFOLÓG I CO 47


Nesse tipo de estrutura peri clinal é qu e se encontram os exem plos de "cuesta" , como
no le9te da bacia de Paris, na bacia do Paraná, etc.
A bacia sedim entar pode, à primeira vista, coincidir com a bacia hidrográfi ca, porém,
algum as vêzes es ta últim a é bem mais extensa e seus ri os drenam outros terrenos, muito
além da área sedimentar. ( Vide fi g. n .0 lB )
As bacias sedimentares podem ser consideradas co mo planície& aluviais que se desen-
volvem, por vêzes, no interior do continente, ex.: Pantanal Mato-Grossense, certas planícies
do interior de Minas Gerais, etc.
Nas bacias sed imentares o empilhamento d as alu viões dá um a estrutura diferente da
observada nas áreas de rochas cri s-ta linas e cristalofili anas. H á um a relação estrita entre
a 11atureza e a estrutura da9 rochas e as form as de relêvo.
BACIA TECTôNICA - unidade morfológica caracterizada por co nstituir depressões ong1··
nad a!< pelo di astrofismo, e entulhadas de sedi mentos arrancados d as regiões mais altas.
A ex.pressão bacia tectónica é usada por certos autores de modo restrito apenas p ara
designar d epressões produzidas por fl ell:uras, nas quais as camadas mergulham regular·
mente da periferi a para o centro ( mergulho radial ).
BADELEITA - óxido de zircóni o, cuja fórmul a é Zr 0 °, e que Eugênio Hussak havi a
denominado de brasil-ita.. :E:ste min éri o aparece geralmente com a zü·conita, constituindo
um mineral de zircónio de grande va lor co mercial. A produção bras ileira de zircónio é
quase tôda devida à bade leita loca lizada principalmente no planalto de Caldas.
" BAD-LANDS" - terras más para agricult1.1ra, m uito erodid as pela erosão pluvial, e cheias
de !iul cos ou valetas de profundidades variadas.
No Brasil nas áreas onde as -voçom cas são em grande núm ero e p aralelas um a às outras
observa-se o apa recimento de um tipo de paisage m qu e pode ser comparado às bad-la.nds.
RAGAGF.IRAS - denominação usada pelos garimpeiros para certas favas constituídas de
óxido de titâni o de côr cinzenta azulada muito abundante em rio9 do Triângulo Mineiro, e
mais especialmente no rio Bagagem. Essas favas aparecem nas fonnações, isto é, constituindo
um sa télite do di amante.
BAÍA - reentrância d a costa, porém, menor que a de um gôlfo, pela qu al o mar penetra
no interi or das terras . A porção do mar qu e avança d entro dessa reentrância do litoral
é menor qu e a verificada nos golfos e, além do mai9, existe um estreitamento na entrada d a
baí:1. As b aías p odem ter extensões consideráveis e servir ele abrigo às embarcações.
No estado de Mato Grosso os habitantes ela região do Pantanal chamam de baías
( Fig. n. 0 2B ) às imensas lagoas que são separadas por terra9 altas , as chamadas cordilheiras.
BAIXADA - área deprimida em relação aos terrenos contíguos. Geralmente se designa
ass im às zonas próximas ao mar, algumas vêzes usa-se o tênno como sinónimo de zona de
planície. Por vêzes êsses terrenos de pequena altura na bord a do mar, ele ba ías ou de rios,
são muito extensos, como é o cas-o da Baixada Fluminense, Baixada da Gu anabara, etc.
No estado d e Mato Grosso cumpre di stin guir a área da Buixada., do Pantanal, sendo
êste uma fr ação, d aq uela. Na Baixada. o Pantanal é tóda área inundável, cuja cota é in-
feri or a llO metros . ( Fig. n° 2B e 3B)

BAIXIO ·- terreno submerso constituído de detritos form ando bancos e que aparece no
leito dos rios, ( principalmente na foz) , dos lagos e na plataforma continental (especialmente
junto à costa). No litoral amapaense os baixio9 são em grande número. Quando se navega
próximo à costa se tem m uitas vêzes necessidad e de se viajar com o pnuno à mão para
evita r os baixios ele vasa ( lama) .
O têrm o b aixio na Am azônia é também usado para designar certas enseadas que os
ri os fo rm am nas suas margens, onde a água perm anece por ocasião das vazantes. Trata-se,
por consegu inte, de pequeninos lagos temporári os, por ocasião cla9 vaza ntes, e reentrâncias
marginais, por ocasião das cheias.
No No rdeste do Bras-il os baixios são depressões ou vazantes cercadas de serras e
constitu em-se em verdadeiros reservatórios d ' águ a.

48 DICION Áruo G"EOLÓGICO-GEOMORFOLÓGIC O


Figs. ns. 2B e 3B - A baixada do Pantanal
é uma típica área de planície onde as lagoas
estão em processo de colmatagem. Estas pe-
quenas bacias lacustres são chamadas de
baías (vide). Nas antigas corografias e mes-
mo alguns compêndios de geografia chamam
a área d<~ Pantanal, de lagoas dos Xarniés.
A les te desta planície têm-se as escarpas se . .
dimentares da estrutura de cuesta (vide) da
bacia do Paraná. - Do ponto de vista eco-
nômico, no Pantanal Mato-Grossense, se loca-
lizam várias fazendas de criaçã9 de gado. Na
foto à direita vê-se um curral de aparte de
gado, na fazenda Tarumã.
(Fotos I. Fnludi)

DICIONÁRIO G'EOLÓCICO-GEOMORFOLÓG!CO 49
'~BAJADA" - acumulação de sedimentos. que se realiza logo em continuação a um glaci
d'erosion. O Prof. J. Dresch denominou as bajadas de glacis de sedimentation, uma vez
que êste material resulta, em grande parte, do desgaste fei to na zona chamada de glaci
d' erosion. (Vide pedimento) .
BALÃO - denominação pouco comum usada por alguns autores para as montanhas que
têm os seus pontos elevado9 com forma arredondada.
BALASTRO - fragmentos de rochas. que, segundo o Prof. Jacques Bourcat, estão compre-
endidos entre os blocos com > 500 mm e grânulos com < 5 mm.
BÁLTICO (escudo) - terras antigas, o mesmo que Fenoscândia ou Fino-Escandinavo . (Vide
Arqueano).
BANCO - cam ada ou estrato de materi al depositado, tendo uma espessura rela tivamente
~rande : Geralmente se usa ês te têrmo para os depósitos de areia estratificada - banco
ae arew.
O têrmo banco é tamb ém empregado para os fundos lamacentos. pouco rasos, que
aparecem no leito de certos rios e nas zonas costeiras ou ainda para os leitos de conchas;
(ou mais especificamente bancos conchíferos) etc. No sul do Brasil coshuna-se us.ar o
têrmo banco para certas ilhotas formad as de aluviões, ou ainda para designar um trecho
de um rio onde há muitas corredeiras, como se faz no município de Ilhéus, na Bahia.
Os bancos que aparecem na zona costeira têm sido definidos de modo muito diferentL
pelos diversos autores. H.ecentemente o capitão-tenente A. P. F. Serpa procurou mostrar
as diferenciações existentes entre os três têrmos - baixio, banco e alto-fundo, a fim de
tornar mais precisas as defi nições da nossa terminologia científica. Banco por conseguinte,
é uma elevação mais ou menos extensa do fundo dm; mares, próximo ao litoral, formado de
material não consolidado, isto é, não rochoso que oferece, no entanto, perigos à navegação
de superfície. Os bancos são constituídos de areias, vasas e carapaças de animais marinhos.
Por ocasião da9 marés baixas os bancos, por se acharem a pouca profundidade, ficam des-
cobertos. (Vide alto-fundo).
BANCO CONCHíFERO - (vide sambaqui e banco ).
BANCO DE AREIA - acumulação de aluviões e seixos nas margens dos rios e na beira
dos litorais onde predominam as areias. (Vide banco).
BANHADO - têrmo derivado do espanhol baiíado e usado principalmente no sul do Brasil
para as extensões de terras baixas inundadas pelos rios. Cons·tituem terras boas para cul-
turas, ao contrário dos pântanos. O banhado é um terreno encharcado de água parada
que pode periodicamente apresentar-se enxuto.
BANQUETA ·- o mesmo que leito ma.i01" (vide) ou terra~: o inferior.
BA:'IIQUETA CONTINENTAL - expressão pouco comum usada por certos autores como
sinônimo de plataforma continental (vide) .
BANQUISA ou ICEFIELD - acúmulo de gêlo flutuante junto aos litorais das altas lati-
tudes. A superfície da banquisa no comêço da solidificação é regular tornando-se depois
irregular e de aspecto caótico, constituindo um verdadeiro obstáculo à navegação.
A fusão das banquisas só se verifica durante o verão, colocando assim em liberdame
enormes massas de gêlo que se vão funcli11do à medida que sobe a temperatura ou que
descem em direção às baixas latitudes. (Vide iceberg ).
BARCANA - forma de duna semelhante a uma foice .
BARISFERA - esfera de material rígido, cujo significado é es fera pesada. Cons.titui com
a pirosfera, o núcleo central (vide ) da Terra.
O material rígido da barisfera que constitui o centro da crosta terrestre é compostG
essencialmente de níquel e ferro, o que levou Suess a denominá-la de Nife.
BARLAVENTO - diz-se da encosta voltada para o vento. A encosta oposta, is.to é, ao
abrigo do vento chama-se sotavento. A exposição das encostas de barlavento ou de sota-
vento têm grande importância na geomorfologia. De modo geral as primeiras, isto é, as

50 DICIONÁRIO GEOLÓGICO-GEOMORFOLÓGICO
enc'ostas de barlavento têm um a camada de decomposição quumca mais espêssa que as de
sotavento. No caso do Nordeste brasileiro, expressivo exemplo é a serra da Borborema. Nas
áreas de dunas, no trecho de barlavento o declive é mais suave que na encosta de sotavento.
Vide duna
Nas Antilhas, por exemplo, tem-se do ponto de vista geográfi co ( Peque nas Antilhas) ,
ilhas de Barlacento - Guadalupe, Martinica, Barbados, Tobago, Trinidad, etc. ; e ilhas de
Sota vento - Oruba, Curaçau, Buen Aire, Margarida, Tortuga, etc.
BARRA - bancos ou coroas de detritos carregados pelos cursos d'água e depositados na
fo z dos rios. As b arras nos rios constituem geralmente um p erigoso obstáculo à navegação .
A barra na foz do rio pode crescer quase que infinitamente; estando todavia, em
função do volume dos detritos carregados por êste. A entrada da barra s·ignifica, também,
do ponto de vista geográfico, a entrada num a baía.
BARRANCA - trecho de um rio onde se observa o aparecimento de margen com fortes
declives qu e chegam às vêzes a m ais de 80° e 85°. As barrancas aparecem gera lmente
quando o rio se encaLxa.
BARRANCO - escavamento feito pelos agentes naturais, como o d as águas ou pro-
vocado pelo homem, num trecho de uma encosta, próximo da b ase. O têrmo barranco é
um tanto vago, e usado mais na linguage m popular, ou de engenheiros construtores de
estradas ou de edifícios elo q ue propriamente pelo geomorfólogo ou geólogo. O desliza-
mento de barreiras nos cortes feitos em barrancos de material decomposto constitui um
sério problema para os engenheiros. A maneira de cortar o barranco depende ele muita
prática por parte do engenh eiro no que diz respeito às rochas decompos tas e também um
conhecimento exato do regime elas chuvas ela região.
As ligações ferroviárias entre o Rio de Janeiro e o es tado de Minas Gera is, algumas
vêzes, ficam interrompidas após as grandes chuvas, por causa de barrancos q ue invadem o
leito das ferrovia.
Na via Anchieta, no estado ele São Paulo, vários estudos de deslizamentos de barranco
já foram feitos p elos engenheiros encarregados do seu traçado.
A denominação de barranco é usada em quase todo Brasil para as margens de um
rio q ue apresente certa altu ra relativa.
U~a -se também o têrmo barranco para o ravinamento que aparece em alguns cones
vu lcâni cos, isto é, um a rêde de drenagem radial centrífuga. Foi Lyell quem em 1872 deu
o nome de bar·ranco, às ravi nas escavadas no monte Somma, em Nápoles.
BARREIRA - forma ções terciárias que aparecem como falésias costeiras desde o territó-
ri o do Amapá até o estado da Guanabara. f:stes barrancos têm por vêzes 50 a 60 metros de
altura e termin am de form a abrupta. As barreiras são consti tuídas de arenitos fri áveis interca-
lados com folh elhos mais ou menos decompostos, daí a variedad e de côres que apresentam.
O vocábulo b arreira é usadc com diversas significações regionais no Brasil. Ass im em
alguns municípios de Minas Gerais compreende-se como sendo fonte perene de águas
minerais ; nas margens do Araguaia barrancos escarpados e com extensão de mais de meia
légua. Vulgarmente denomina-se de barreira à parte de um morro, isto é, a uma encosta
onde se explora argila (barro) ou arena (saibro ) ou ainda os barrancos argilosos, cujos
deslizamentos na época das chuvas, causam grandes problemas ao tráfego ferroviário e
rodoviário. Como exemplo têm-se as qttedas de barrei·ras, na zona da Mata, no estado de
Minas Gerais. No Pantanal as barreiras ou salinas são as baías (vide) que secam total
ou parcialmente na estiagem, apresentando elevada salinidade ou mes mo depósitos salinos.
Do ponto de vista geomorfológico considera-se como barreira um litoral típico de
falésia. O ponto extremo oriental do Bra!til - ponta Seixas - no cabo Branco, na Paraíba ,
é um belo exemplo dêsse litoral escarpado de barreira.
Do ponto de vista geológico não se conseguiu dar uma caracterização perfeita, não
se enq uadrando dentro dos critérios es tratigráficos a denominação formação barrreira, cuj3
idade pode ser datada desde os fins do Mesozóico até o próprio início do Quaternário.
No litoral leste do Pará observa-se o conta to da séri e Pirabas ( Mioceno) que está sob os
terrenos considerados da séri e Barreiras. É um a formação afossilífera, com as mais diferen-

DICIONÁRIO GEOLÓGICO-GEOJVIORFOLÓCICO 51
tes facies. Per i · ·o há uma certa t e nd<~ncia para denominar o> chamados· terrenos da ''série
Barreiras" , de f ormações terciárias illdiferen çár;eis.
A geomorfologia brasi leira tem qu<· considemr diferentes formas de relevo dentro dessa,
formações. con~tituídas principalmente de arenito,, folh elhos c argilas mosqu eadas ou vari e·
gadas, que ;e e>tendem por grandes áreas ,la bacia Amazônica c pelo litoral nordestino
c oriental, ati· a baía de Guanabara ( ilha do Governador ). Pode-se [a;~cr referencia ao;
baixos plana ltos, aos tahul<'iros, ao coluvionan1 ento e as fonn :\s ele ,·ert entcs planas e cem
vexas, cncon trad:\S cm tais forma~·<ics. (F ig. n." ..J.B c .5B ) .

BABUEIR A ( r ·ci fe ) fai~as paralelas ao litoral form ando na maioria da · vêzcs um ohstku lo
ao aces-so ú costa. Quanto a sua nature;~a pode m se r de arenito ou ele ca 1c:írio, con fonn .::
a percentagem dominante· das areias ou da., cc ,nch a~ ( ,·ide recife).

BARRE I.HO - denomina~·iio usada para as porções de terrenos ~alobros ou sa lgados cm


áreas de \'árzcas próximas ao litoral, ou <'111 áreas situadas <' 111 zonas de clima ár ido ou
semi-:'triclo, onde oco rre eflorc,cclnt.:in >alina. Em grande parte da bacia elo rio São Francisco

Fig. n.o 48 - .A.,pccto típico du l itoral <'Scarpado d a~ llarrc i1·as.

(Fulo Tihor Jahlomky do C:--IC )

DIC IONÁI110 GEOJ.Ó , J CO-C:EO~ I OHFOL{J(:l( O


Zona dos Tabuleiros

t<'ig. n. 0 5B - Topografia d a zona costeira d o Nordes te, vendo-se a zona dos tabule iros d e argila
da série Barre iras e a oeste a linha d e re cifes.
se encontram afloramentos de rochas com eflor escência salina, da qual os caboclos ex-
traem o chamado sal de terra, e onde os animais passam algum tempo lambendo-o, daí J
a expressão "lambedouro" pelos caboclos•. (Fig. n. 0 6B ). /
O têrmo regional barrei.ro qu ando usado na descrição da paisagem física de um ~
região indica o aparecimento de rochas ou de solos com eflorescência salina. No Nordeste
brasileiro usa-se também êste têrmo para o tanqu e ou fôsso escavado em terreno geralmentE
argiloso, no qu al ficam retidas as águas pluviais d a es tação chuvosa, qu e serão consumidas
na época da sêca; ou ainda p ara o local onde se amassa o barro pam a construção de
casas de taipa.
"BARRENTO VERMELHO" (solo) denomina ção region al dad a aos solos de côr aver-
melhada no es tado de S. Paulo, q ue apresentam considerú veis analogias com a terra mssa
( vide) da região mediterrânea.
BARRO - têrmo regional usado para a argila. plástica (vide). Geralmente denomin a-se ele
barro, na linguagem popular, a argila vermelha .
BARROCA - o mesmo que voçomca ( vid e) . Forma produzida pela erosão acelerada.
BARRO BRANCO - denominação d ada pelo povo à argila caulíni ca. (Vide caulim) . D o
ponto de vista es tratigráfi co diz respeito a uma camada argilosa qu e caracteriza um dos
horizontes do carvão em Santa Catarina.
BARRO VERMELHO - o mesmo qu e argila vem1 elha. ( Vide barro).
BASALTITO - vide basalto .

Fig. n .0 GB - No Nordeste scm i-árido vêem-se às vêzes na paisagem pequenas depressões cheias de
água (" b a rre iras~ ') como se fôssent "lagos naturais". O pisoteio do gado e do homem vão normalmente
retirando mate rial da borda dos 1nesmos tornando-os m:t.is la rgos e também mais t>rofundos. - Ao
lado do Hbarreiro" o nordestino costu ma localizar a sua casa de moradia t· tambF-m unt pequeno curral.
!Foto T ibor Jablo nsky)
Fig. n. 0 713 - Afloramento d e rocha bas:Htica, no litoral do estado do l\i o Grande do Sul, e m TOrres.
U lrnpp é consid e rado como o in íc io do l\1 czuz6ico (vide) . Agora vem sendo atribuído ao Cre to\cco,
cuuformc os C'\tndos do Laboratório de G ro cronolog ia de São t>aulo.
(Fo to T ihor j nh lo nsky do CNG)

BASAL TO - rocha efusiva de cô r escura, pesada, tendo como minerai · e9SencJaiS o piro·
xênio augítico, feldspatos calcossódi os (plagioclásio), como a labradorita e a anortita.
A oli ina é considerada pela e cola franc sa, como um dos elen1('ntos típicos do basalto. d
península do Cabo Verde. ( África Ocidental ) observa-se a e'istcncia de grandes "olho
dP olivina''; especialmente no derntnw do · vulcões t.. Jamclles., do Quaternário .
Tomando-se em considera~· ão a quantidade dos difer ntes minerais pode-se distinguir:
a) basalto limb urgítico - possui pouco ou nenhum Feldspato; b) basal ti to constituído de
plagioclásio e piroxênio ele grã fina.
A cristali zação dessa rocha bcís ica pode ser feita cm prismas h exagonais, - b asalto
prismá tico ex.: l aciço Centra l F ra nci's, gru tas do Fínga l na i lha c! Stafa, etc. Quanto à
ida de encon tramos basaltos desd e o Arqueano até o Pieis-toe no. Todavia o ma ior número
de d<'rrames foi registrado no Plcistoccno.
No Mesozóico ocorr<·u grand e cl<'rramc d e lavas, especialmen te d basalto, no sul do
Brasil. (Fig n. 0 78 ).
A decompo ição do basalto dá aparecimento a uma argila de coloraçflo vem1elha, dandc.
ge ralmente solos férteis - terras roxas .
BÃ. I A (rocha) - aquela cuja porcentagem de sílica oscila entre 45 e 52%.

DI CI ONÁ RIO C'EOLÓGICO-CEOMORFOLÓCICO 55


BATIA L (sedimentação) - acumulação de detritos qu e se proce!lSa abaixo do nível dos
oceanos, cuja natureza é mais fina que a da nerítica e mais grosseira que a da abissal
Na sedimentação batia! ou na faci es batia!, tem-se a indicação aproximada de que a
deposição dos detritos se reabzou em mares relativamente profundos, através da natureza
do material qu e compõe as cam adas, dos fósseis e da regularid ade da estratificação.
BATIAL (zona ) - região submarina qu e se estende entre a plataforma continemal e a
abissal, isto é, entre 200 e 1 000 metros de profundidade. A zona batia! é também deno
minada de hipot.Jbissal c corres ponde ao que os geomo rfó logos denominam ele talude con-
tinental . ·
BATISSISMO - sismo ou terremoto de origem profunda, registrável em todos os sismó-
grafos do mundo.
BATóLITO - grandes injeções maciças de material magmático que aparecem através de
fendas da crosta. Êste material que sobe em estado de fu são, geralm ente ocasiona um
metamorfbmo de contacto, havendo o processo de digestão da rocha encaixante na peri·
feria. A massa magmática do batólito tem larga ligação com a parte inferior (Fig. n.0 8B) ,
e possui uma área superior a 100 km".

+ +
+ +
+ + -+ -+
+ -+ + + +
--- + + ++ .,.+ + + + ++
-+ + + + +-
+- + + + + +
+ + -t -t -t +
+ + + + + +
+ + + + + + +
+ + -t + 1" + + +

Fig. n. 0 8B - Os batblitos são grandes inieções maciças de mate ria l magmático que
aparecem através da crosta . ~ste ma teria l que se in troduz em estado de fusão,
geralmente ocasiona mn metal'norfismo de contato, havendo o processo de digestão da
rocha encaixante na periferia. A m assa magm át ica do batMito tem larga ligação com
a parte inferior.

BAUERITAZAÇÃO - denominação dada ao processo de descaramento da mica biotítica,


tomando-a dourada, em fun ção da meteorização. E sta mica dourada quando aparece em
praias de alguns rios é chamado de ouro de gato .
BAUXITA - hidrato de alumínio de coloração clara, ou levemente alaranjad a ou ainda
avermelhada em fun ção da porcentagem do óxido de ferro qu e por acaso possua. A bauxita
é um later·ito branco, cuja form ação é res ultante da alteração de rochas que contêm grande
quantidade de feldspatos feldspatóides. É por conseguinte um mineral residual formado
in ~>itu. .
No es-tado de Minas Gerais, no planalto de Caldas e próximo a Ouro Prêto. se
encontram as maiores jazidas de bauxita. A bauxita cons titui o minério de alumínio .
Na laterização de rochas como os granitos, gnaisses, di abásios, etc., pode-se ver, p01
vêzes, num corte , as três zonas distinguida9 por Lacroix, a partir de cima para baixo :
1 zona de alteração ( zone de con crétion).
2 zona de hidratação ( zone de départ).
3 zona da rocha matri z.
Para a forma ção da bauxita é necessano existirem certas condições de ordem topográ-
fica, climática e mesmo botânica, segundo alguns autores. A topografia deve ser plana ou
pelo menos pouco acidentada, a vegetação d e preferência herbácea e o cbma com estações
alternadas.

56 DICIONÁHIO GEOLÓCICO- GEOMORFOLÓGICO


0 9 exames de algum as amos tras d e bauxita colhidas em Gu aratinguetá pelo engc·
nh eiro Theodoro Knecht, realizados nos laboratórios do Institut0 GeogrMico e Geológico do
estado ele São Paulo revelaram :

2 3 4
- - - -- - - - - - ·-· . ·- . · - ·- - · - -- -
Óxido de alumínio ... 58,3 53,6 52,0 52,2
Óxido de t itâni o .. traços Lraços t r !IÇOS traços
Sílica c insolúveis. 9,6 8,4 19,7 18,9
Ó;..:-ido de ferro . 1,0 6,5 1,9 1,2
Perda ao fogo . ..... • • • • • • o • • • 31,1 30,7 26,6 27,3

"BEDROCK" - o mesmo q ue rocha matriz, isto é, subs trato so topos to a um depósito


sedimentar.
BENTO - conjunto de sêres vivos que habitam, permanentemente ou preferencialmente,
o fund o dos mares. Dentre os sêres bentogêni cos podemos d istinguir os sésseis, isto é,
fixos e os vágeis, os rastejantes, ou mesmo, natantes.
RERILO - silicato duplo de alumínio e glucí nio com brilho vítreo. O berilo q uando trans·
parente e limpo de incrustações constitui pedras coradas preciosas e semipreciosas conh eci·
das pelos joaU1eiros como: berilo, esmeralda, água-m arinh a, morganita, heliodora, etc.
Atualmente o berilo s·e acha incluído na categoria d os minerais estratégicos devido ti
sua aplicação na constru ção ele bombas e pilh~s atômi cas, ond e fun ciona como fonte de;
p roclução ele neutrons, elementos enigm áticos q ue constituem o núcleo dos átomos. O berilo
é importante para o ra io X por causa da sua grande permeabili dade a êsses ra ios.
É também usado em ligas com o cobre, devido a sua grande resistência à fadiga e
com o aço, qu ando se realiza a co nstrução de fe rramentas que não dão centelhas, isto é,
ferramentas próprias para o tra balho mecânico em ambi ente ca rregado de substâncias ou
emanações inflamáveis.
O maior produ tor e o ma ior exportador dêste minério, nos últimos 10 anos, tem sido
o Bras il. E m 1964 produ zimos 576 t, no va lor de Cr$ 65 857 000. Outros concorrentes
ao nosso belilo são: Argenti na, Austráli a, [nclia e produtores de menor importância situado9
na África e na E uropa.
No Brasil as pri ncipais oco rrências dêsse minéri o se loca lizam nos es tados da Paraíba,
H. io Grande do Norte, Ceará e lVIinas Gerais. O min éri o qu e afl ora na província meta-
logêni ca da Borborellla tem cê rca de 11 a 1-3% de óxido de g lucínio sendo reputado pelo
mercado consumido r es trangeiro. O beril o nos estados nord esti nos do Bras il enco ntra-se
nos pegmatitos.
O berilo oco rre na natureza sempre combinado ao silício e ao oxigênio fo rmando sili-
cn tos, os qu ais podem ter outros elementos associado9.
O berilo é u m metal tipicam ente do século XX, isto é, embora descoberto em 179/l
pelo qu ímico fr ancês Vaugu elin, so men te no decorrer do século atu al começou a se t
utili zado em larga escala.
llÊTA - fil fto constitu ído essencialmente de m inerais metálicos.
BETUME - ma teri al rico em hidrocarbonetos, isto é, compostos orga mcos de carbono e
hiclrogênio. O beh.une interessa p articul am1ente à geologia eco nôm ica. Ê le pode ser líq ui clv
co mo o petróleo, ou sólido como o asfalto.
Com o nome de betume pode-se identificar um as cinco substâncias combustíveis que
seriam o produto de uma destilação ígnea natural, oofrid a pela matéria orgân ica sepultada
sob as mais di versas capas de sedimentos . Ainda elevemos esc brecer q ue se con hecem por
betum e certas substâncias adesivas q ue se preparam com res ina, breu, óleo e outros ingre-
dientes, empregad as para colar objetos, vedar fe ndas, etc.
BIOCLASTICA - denominação dada por Grabau às rochas exógenas formadas por acúm u·
lo ele fragmentos ele organismos. O mesmo que biólito (vide) .

D IC IONÁ HIO GEO LÓG ICO· GEOMOHFOL ÓG I CO 57


BIOGEOGRAFIA - e~tudo da distribuição geográfica dos sêres vivos, no globo terres tre.
Quando trata da distribuição geográfica dos animais é a zoogeografia e no caso dos ve-
getai9 é a fitogeografia.
BióLITO - rocha sedimentar constituída de restos de organismos animais e vegetais.
Potonié divide os biólitos em: acaustobíólito (vide) e caustobiólito (vide).
BIOLóGICA (erosão) - o mesmo que erosão acelerada (vide).
BIOTITA - variedade de mica de coloração negra, também chamada mica negra. A biotita
é um silicato hidratado ferromagn esiano, cuja fórmu la é a seguinte: ( H'K") O, (AFFe') O",
2(MgFe)O, 3Si0'.
A mica biotita é por conseguinte um s·ilicato de alumínio, potássio, magnésio e ferro,
contendo geralmente menos úgua qu e a mos·covita.
Na natureza a biotita altera-se fàcilm ente dando a clorita e a flogopita. A biotita é um
mineral muito importante nas rochas da família dos granitos. Aparece comumente em
quase tôdas as rochas ígneas e em algumas metamórficas e sedimentares .
BITONITA - Feldspato do tipo plagioclásio muito cálcico e pouco sódico, intermediúriú
entre a labradorita e a anortita. A bitonita aparece geralm ente em rochas eruptivas· básica~
como: basaltos, gabros, etc.
BLOCO - fragmento de rocha cujos diâmetros são superiores a 500 mm - segundo a
classificação granulométrica do Prof. Jacques Bourcart. Os diâmetros dos blocos, ( Fig.
n.0 9B) assim como o de todo material detrítico, seixos , areias, poeiras c colóid es, depen-
dem da escala granulométrica aclotad a pelos diversos au tores .

Fig. n. 0 9B - Os blocos abaixo resultararn da fratura ção e do trabalho posterior realizado pela e rosão
e lementar (vide). O agente principal de remoção do material decomposto e desagregado ao longo das
diáclases c a água de escorrência, proveniente das t·huvas. - O grande bloco focalizado é chamadoo de
Pedra do Letreiro, por causa das inscrições indígenas (?) nêle existentes. Esh\ localizado no sítio Belém,
junto ao 1>ovoado Brejinho, no sertão semi-árido de Pernambuco.
(F oto Tibor Jablonsky do CNG )
Fig. n.o lOB - A erosão trabalhando as linhas de menor resistência das rochas dá origem, na facltada
atlântica. do BrasiJ, a formas bem diversificadas. Desde a LÍ11ica alteração Jaterítica, às es pêssas capas
de arenas c ;ugilas até os pães-de-açúcar, tJontões e boulde rs ou matacões, como o focalizado acima.
Este é um bloco oscilante (vide) que, uma vez ron1pido o equilíbrio, tenderá rolar pela encos ta . 'Esta
foto foi tirada na costa do Espírito Santo, próximo a Cachoeiro do Itallcmirim.
(Foto Tibor Jablonsky do CNG )

O problema dos diâmetros do materi a l delrítico interessa aos rreomorfóiogos e geó-


logos no que tange às explicações· das formas d relêvo e de sua gê nese. Porém, no campo
da geoloaia aplicada é de m:ixima importância p ara os engenh eiros, por ausa do co nhe-
cim ento âo so lo e subsolo ontc terão q ue assentar as con tru õcs, como também por causa
dos materiais qu e terão à sua di sposi ão.
Na geomo1fologia e na geologia o q ue interessa é a extensão do lençol de blocos, a
sua pos ição, o seu ta manho ap1 oximaclo e a natl!l·eza elas rocha qu e o com põ m. Ne se
exam e podemos ver se se b'ata ele blocos de desmoronam ento, de blocos de deco mposição
(boulcler ), ele blocos de co nes de de;eção. blocos en 6ticos, de cabeceiras ele Tios de re-
gim e torrencial, etc.
BLOCO CONTINENTAL - o mesmo que co ntinente (vide), todavia é necessan o alientar
qu e engloba es ta ex-pressão não só as áreas emer ·a ou continentai , como também a área
elo planalto continental, isto é, a platafonn a litorânea .
BLOCO DE DECOMPOSIÇÃO - o mesmo que boulder (vide) ou matacão.
BLOCO DE DESMORONA!VIENTO - fr agmentos ele rochas que, um a vez desagregados
da rocha primitiva, perdem o equilíbrio e descem a encosta rolando ou scorrcgancl o devido
à ação ela gravidade. No trajeto, isto é, na descida, es te~ blocos podem oca ionar esma ga-

DICJ'ON ,\ lU O GEOL ÓCI CO-GEOMOHFO L ÓC: ICO 59


mentos e quebramentos de outras rochas. :l!:les se acumulam no opé das encostas . Muita;
vêzes, com o co rrer do tempo, são envolvidos em material coluvial ou aluvial sendo cha-
mados, de um modo geral, de brechas ele d eclive ou ele talude .
BLOCO ERRÁTICO - fragm entos de rochas transportados p las geleira9 podendo ter
algumas vêzes o pêso de várias toneladas . O trabalho dos gelos dei.xa bem impresso na
superfíci dêsses blocos a sua marca típica que são as estrias. Enco ntram-se freqi.ientemente
êsses blocos nas áreas qu e sofreram os. efeitos da glaciação pleistocêni a e também em zonas
de sedim ntação permocarbonífera, como no sul do Brasil, por ca us a da glaciação que
ofreu esta área do antigo continen te de Gondwana.
Os blocos erráticos apresentam as arestas ligeiramen te adoçadas, pois o transporte fOI
feito sem ro lamento, isto é, foram transportados pelos gelos por d eslizamento.
BLOCO ESFOLIADO - o me9mo que boulder (vide) ou matacão, isto é, fragmentos de
roch a que, devido à variação da amp litude térm ica, vão soltan do '"casca9" e tornando o
bloco arredondado. :l!:ste processo da erosão proporcionou a Agassiz a idealização da hipó-
tese de un1a glaciação recente no Brasil , dizendo tratar-se de bloco errático (vide). A
explicação invocada para a ausência das estrias nos blocos esfoliados era o da intensa
m eteorizaçclo (vide) tropical.
BLOCO OSCILANTE OU SUSPEN O - diz-se dos matacões qu e se encontram em equi-
líbrio instável nas vertentes ( Fig. n.0 10B). Nos morros do estado da Guanabara há bons
exemp los, especia lmente próximo da es tação de Sampaio ( EFCB). Alguns autores prefe-
rem as denominações acima do que blocos de desmoronam ento (vide).
BLOCO SUSPENSO - o mes mo qu e bloco oscilante (vide) ou bloco de desmoronam ento
(vide).
BÕCA DA ERRA - denominação regional
usada nos es tados de San ta Catarina e Pa-
raná para os val s, qu e cortando os abrup-
tos dos plana ltos, isto é, os itaimbés (vide),
permitem a subida para os mesmos. As bô-
cas da serra aco mpanham ge ra lmente o lei-
to de um riacho cujo regime é torrencial.
É um têrmo descritivo, empregado, no en-
tanto, por ce rtos au tores, qu e ao descreve-
rem tecnicamente a paisagem física dês·ses
es tados usam a terminologia regional.
BOCAl A - têrmo regional descritivo usa-
do no sul do Bras il para des ignar colo ou
~arga nta, enquanto na Amazôni a e na Guia-
na Maranhense significa foz de um rio ou
ainda a entrada d um lago qu e se comu-
nica por um desaguadouro com o ri o.
BOÇOROCA - o mesmo que voçnroca
(vide); denominação pouco freqüente.
"BOGS" - denominação dada na Irlanda
às turfeiras . Vide t:urfa.
BOMBA VULCÂNICA - produto de gran-
de volume expelido pelos vulc5es. Seu ta-
manho pode variar desde u'a mão fechada .
até vários metros de di âmetro (Fig. n. 0
llB ) . Em 1906, o Vesúvio lançou uma
bomba de 12 metros cúbicos, pesando ..
Fig. n.o llB - Bombas vulcftnicas, lapili e ma- 30 000 toneladas. O vulcão Kirishima no
te ria l de esc6ria do vulcão Tartaret no Maciço
Central Frnncês, expelidos no Quaternário. Obser- Japão expeliu um bloco que mediu 200
va-se que êste material está pouco atacado pelos metros cúbicos; sendo no entando apenas
agen tes da e rosão elementar, em virtude do
clima e do pouco tempo de exposição. um fragmento qu e restou do bloco mons-
(Foto do auto r) truoso.

60 DICION ÁH !O GEOLÓGICO-GEOMOHFOLÓG I CO
BO:'\IBEAME TO - o mc!tmo que lll'lJII eameut o ( Yide)
BO ECA DE LOESS - concrc~·cies caldrias que aparec!'m no materia l fino que con~t itu i
o lo ess (vide).
BOQ EIRÃO - têrmo regiona l usado no nordeste elo Brasil para as aberturas ou gargan tas
estreitas co rtadas, por v~zes, em S'<'rras por onde passa um rio; co111o l"'e'"plo temos o
boqu eirão do Poti qu e corta a ~e rra el a Jbi apaba, en tre o Ceará c o Piauí.
O têrmo boqueirão é usado na geo morfologia descritiva seguido, porC:• m, da c~p li ­
cac;ão gcné·tica elo acidente·. Algumas vezes os hor1ueirõcs silo vndacl ciras ~argantas epi -
gênicas. ( Fig. n .O 12B ).
BóREO-BH.ASíLIA - parle do escudo bra>ileiro; o mesmo que ÁrcJIH' c>-A tlci ntica. (Vide)
ou Sul Amazónico , sc~undo Aroldo ele zcvedo.
BOSSA - denom inação usada p or D a ly para o aflora men to de um esi UlJII e ( vide) com .1
forma circular. O termo bossa tam bC:·m é usado pelos gcomorfó logos para d t•scre,·c r uma
paisagem <'111 que surjam afloranwn tos imponentes com a forma de :timhórios.
BO LDF.R ou :\lATACÃO - bola~; ele rocha9 compactas procluLidas pela csfoliação en•
form a de casca de cebola ( desagrc~aç>to cortical ), sendo gcra lm en tt· ori ginada pelos efei tos
ténnicos acom panhados dos fcnõm nos de hidrataç·ão. Aliás a melhor prova é que as capas
concêntricas es tão geralmente oxidadas c· decompostas. ( ide figs . ns. 9 B t' lOB).
"BO,VALIZAÇÃO" - têrmo usado p los geó logo afrit::lno' pam des ignar o proce~so ele
lat ~ri zaçiio qu e dú aparec im ento ;, ca nga ( b owal ).

"BOWÉ" - têrmo regiona l de origem Foula ( Afriea Ocidental ) para des ignar crosta de
laterito. O pluml de b o 1cé é bntcal , e n proct''<SO que llw d ú origem chama-se IJou;ali;:;açiio.

Fi~. n. 0 128 Aspecto do boqueirão d e Orós, n o estado d "l Ccaní . o" rins escavam gargantas I pi J,!C-
nica", cortand o pl'rpt~ ndicularnwntc il eslrntura das ro<:hns.
( Fulo Tihnr Jahloo>ky do C:"/ C)
BRADISSEíSMO - o mesmo que movime ntos eustáticos. O têrmo bradisseísmo vem do
grego e ~ig nifica mQJiimentos lentos.
BRAQUIANTICLINAL ou DOMO - dobra na qual a largura e o comprimento da parte
elevada com a convexidade para cima ( anticli nal ) são idênticos. As camadas têm uma
direção periclinal com mergulhos mais ou menos idênticos, porém, com direções variadas.
O inverso no braquianticlinal é o braquissinclinal. F azendo-se cortes longitudinais e
transversais êles po ~lem apresentar a forma circular ou elítica.
BRAQUISSINCLINAL - o oposto de braqttianticlinal (vide).
BRASILEIRO (escudo \ - o mesmo que B·rasília ( vide).
BRASíLIA - denominação dada às velhas plataformas co ntinentais arqueanas, o mesmo
que eswdo brasi./eiro (Vide Arque{mo).
BRASILIDAS - o mesmo que himalaia brasílico - terras erguidas pelos grandes dobra-
mentos da era primitiva os quais fo ram produzido9 no fim dos períodos: Arqueano ( Lauren-
ciano) , Algonquiano ( Huroniano) . Por conseguinte brasflia é a massa continental antiga
formada pelas es truturas arqueanas à qual se agregam também as algonquianas, isto é, as
b-rasilides.
BRASILIDES - o mesmo que brasília (vide).
BRECHAS - fragm entos angu loso9 li gados por um cimento. O traço marcante dêsse material
é o fato de os fragm entos de rochas serem angu losos, enquanto nos conglomerados ou
poudi11gs são arredondados, isto é, são seixos.
BRECHA CONCIUFERA - o mes mo que lumaquela (vide).
BRECHA DE ATRITO - o mesmo que brecha de falha (vide) ou brecha de fricção.
BRECHA DE DECLIVE - o mesmo que brecha de talude (vide).
BRECHA DE FALHA - material anguloso que aparece ao longo das linhas de fricção,
daí ser chamado também de brecha de fricção. A distinção entre a brecha de falha e a
brecha simplesmente, é que na primeira de modo geral o material aparece esmagado ou
mesmo metamorfoseado, enqu anto na segunda o material aparece apenas cimentado. Muitas
vêzes é a existência dêsse material esmagado e metamorfoseado que permite delimitai
a antiga linha de falha, pois a atual frente da mes ma pode estar muito d issecada e recuada
vários quilômetros.
BRECHA DE FIUCç_~o - o mesmo que brecha de falha (vide).
BRECHA DE TALUDE - depósito constituído de fragmentos de rochas, carregados prin ·
cipalmente pela fôrça da gravidade, e acumulados no sopé das encostas ou vertentes.
BRECHA METEóRICA - constituída por fragmentos de rochas que não sofreram trans-
porte e que se acham misturados com material decomposto. :l!:ste tipo de brecha é diferente
quanto a sua gênese da brecha de declive ou de talude, cujos fragmentos de rochas que
se acham misturados com o cimento ou materi al decomposto, sofreram transporte, devido
principalmen te ao efeito da gravidade.
BRECHA VULCÂNICA - o mesmo que aglonwrado (vide) .
BRECHóiDE - estrutura de um material ou de uma rocha que toma o aspecto de uma
brecha ( vide) .
BRÉCIA - o mesmo que brecha (vide).
BREJO - terreno plano, encharcado, que aparece nas regiõe9 de cabeceira, ou em zonas
de transbordamento de rios.
"BOULDER-CLAY" - denominação usada pelos geólogo~ inglêses para o material deixado
pelos glaciares - morainas. Os franceses usam o têrmo argile à blocaux. Esta formação
é muito abundante no norte da Europa e da América, por caus-a das glaciações quaternárias.
BURACO-SOTURNO - denominação regional usada no estado de Mato Grosso para as
grutas ou cavernas (vide). A mais importante das gruta~ mato-grossenses é a do Inferno
conhecida pela denominação de buraco-soturno pelos primeiros habitantes das margens do
rio Paraguai, nas proximidades do antigo forte de Coimbra.

62 DICION ÁRIO GEOLÓGI CO-GEOMORFOLÓGICO


CABECEIRA - úrea onde surgem os olhos d' água que dão origem a um curso flu vial, é o
oposto de foz. 1ão se deve pensar que a cabeceira seja um lugar bem definido. Por vêzes
ela constitui uma verdad eira área, e neste caso surge um a série de problemas não menos
difíceis, qual seja o da escolha de um critério para a determin ação do rio principal. Como
exemplo desta dificuldad e temos; as cabeceiras do rio Amazonas.
As cabeceims são também denominadas de : nascente, font e, minadouro, mina, lacrim al,
pantanal, manancial etc. Os têrmos mais comuns, porém, são os que aparecem em itálico.
CABEÇO - parte mais alta de um a elevação e de forma arredondada; ou ainda banco
isolado quando se trata de elevação submersa nas; águas oceânicas.
CABEDELO - diz-se dos pontais arenosos que se formam na embocadura de certos rios,
prolongando-se em direção ao mar. É um têrmo descritivo, confundindo-se com pontal
(vide), fl echa litorânea ou mesmo banco (vide). Cabedelo é o diminutivo de cabo (vide ).
Na terminologia dos acidentes elo relêvo costeiro, toma-se urgente uma nova orientação
baseada principalmente na geomorfologia, a fim ele que não se continu e a usar inconsciente-
men te duas, três, ou mesmo mais denominações para o mesmo ac idente, pensando qu e se
está fazendo referências a acidentes diferentes.
CARO - na topografia costeira assim se denomina a parte sa liente da cos·ta ele regular
altitude que avança em direção ao mar. O aparecimento dêsses acidentes topográfi cos nos
litorais está ligado à erosão diferencial, que deixa em saliência as rochas mais duras, des-
truindo as mais tenras. Na Bretanha e no País de Gales encontramos belos exemplos ele
cabos. No litoral do oeste afri cano há o cabo Manuel (Daca r ) constituído de rochas básicas
(basaltos) , no litoral nordestino brasileiro, o cabo Branco, na Paraíba, de rochas sedimen-
tares ela série Barreiras. Os cabos avançam em fom1a de ponta, sendo por cons-eguinte
decrescente a sua largura em direção ao mar, ou a um lago. O cabo é menos extenso que
a península e maior que um a ponta .
CACHOEIRA - qu eda d'água no curso de um rio, ocasionada pela existência de um
degrau no perfil longitudinal do mesmo. As- ca usas da exis tt~ n cia dessas diferenças de
nível no leito do rio podem estar ligadas a falhas, dobras, erosão diferencial, diques, etc.
(Fig. n. 0 lC) .
No pé da cachoeim geralmente há o aparecimento de marmitas ou caldei·rües, (vide)
produzidos pelo choque da água ao cair. Geralmente as águas carregam materiais sólicos
em suspensão, sqixos, etc., que S>ão responsáveis pelo escavamento das marrn'itas.
CADEIA DE MONTANHA - conjunto ou sucessão de montanhas que se ligam entre si, e
apresentam a mesma compos-ição geológica, o mesmo modo de fom1ação com estruturf.s
comuns. As cadeias de montanhas formam um conjunto alongado, que define geralmente
o alinhamento montanhoso.
Na superfície do globo, no decorrer da história física da terra, ocorreram certos movi-
mentos orogenéticos que deram origem a 4 tipos de cadeias de montanhas: 1 - lwronianas,

DICIONÁRIO G"EOLÓC!CO-CEOMORFOLÓC!CO 63
Fig. n. 0 lC - As pecto das cachoeiras de lguaçu no rio do mesmo nome, aflu ente da margem es ..
querda do rio Paraná. D o ponto de vista gcomorfoJ6gico, es tas cachoeiras podem ser explicadas peln
e rosão diferencia l, tendo em vista a alternância das camadas de are nito C:) m as efusivas básicas. H ol
outros, que procuram explicá-las, como produzidas por efeitos tectônicos de falhamento .
(Foto Esso Brasile ira de Petr6;),o)

2 - caledonianas, 3 - hercinianas e 4 - alpinas. A primeira, isto é, a huroniana diz res-


peito aos movimentos ocorrido!; no Proterozóico, enquanto o movimento caledoniano e
herciniano na era Paleozóica e a última revolução diastrófi ca acima citada na era Terciári a.
As primeiras es tão muito desgastadas pela erosão e as últimas apresentam ainda f~rma s
muito aguçadas, i~to é f01'mas jovens. Alguns autores empregam de modo vago a deno.
minação ele cadeia de montanhas para um grupo ele elevações ele form as relati\'amente
alongadas.

CADEIA DE ROCHEDOS - diz-se de um a cadeia de montanhas submarinas, cu jos pico;


afloram i\. su perfície, aparecendo com pequenos intervalos entre si, seguindo, no en tanto.
certo alinhamento. .

CAL - produto obtido pela calcinação de um calcário, dando formaç~o a óxido de dlcio -
cal "Virgem. Quando se lhe adic iona água, torna-se um hidrato de cúlcio, chamado cal e.rti:lta.
A ca l é muito empregada para as pinturas de paredes, rebôco c também na agri cultura
para diminuir a acid ez dos solos.

"CAL DE MARISCO" - é obtida calcinando conchas de moluscos. No litoral su l do


Bras·i l os grandes depósitos conchíferos deixados pelos índios, isto é, os sambaq uis ( ,·ide)
es tão sendo completamente destruídos para produção de cal.
CAL EXTINTA - óxido de cálcio hidratado (Vide cal).
CAL VffiGEM - óxido ele cálcio não hidratado ( Vide cal).

64 DICION..\mo GEOLÓG ICO-GEOMORFOLÓG ICO


,

Fig. n .o 2C - A cristalização da calcita se faz sob diferentes formas . As gn1tas da


região elo Eysies oferecem lindos tipos de estalactites, como o observado na foto
acima, na g ruta do Grancl-Roc.
(Foto do folheto "Au pays des grottcs L cs Eysies Dordognc capita le dcs
tem ps pre-historiqnes''.)

DICJOK~HlO GEOLÓGICO - CEOi\ [QH FOL<ÍGJCO 65


"CALANQUE" - term o regio-
nal usado em Pro vence ( litoral,
da França - mar Mediterrâ·
nco) para designar anfractuosi-
clades na cos ta , semelhante ao
litoral ele rias. Forma verdadei-
ros canyons cm terrenos cald·
rios invadidos pelo mar.
CALCARIA (rocha) - ompos-
ta essencialmente ele ca rbonat(}
ele cálcio. A9 úguas carregadas
ele ácido cmb ônico dissolvem ,
com grande fa cilidade, o ca r-
bonato de cálcio, tornando-o um·
bicarbonato solúvel que l' car-
regado em dissolução.
1 as águas de infiltração no
carste é freqüente a precipita-
ção de carbonato d e cálcio na
parede das grutas constituindo
as estalactites (Fig. n ° 2 C) e-
cstalagmites (Fig. 3 C ) .
O rel êvo cárstico t' o qu e
apresenta as forma ~ mais bon i·
tas e mais impressionantes co-
mo: gru tas, rios sumidos (Fig.
n ° 4C) fenôm enos de ressur-
gência, desmoronam entos sub-
terrâneos, vertente!l pendentes
(Fig. n. 0 5C) do li nas. avcn,
poljé, etc . Nos calcários compos-
tos ele carbonatos duplos como
o dolomíti co - ca rbonato ele
d lcio e de magn ésio - obser-
va-se qu e o cálcio é mais fà cil-
mentc di ssolvido, ficando como
resíduo o magn é>·io. Em Mont-
Fig. n . 0 3C - Estalagmites do Avcn·Annnnd , no Causses do
~·laci ço Central Francês. São constituídas pela precipitação do pelli er le Vieux onde a flora o
carbOnato ele cálcio dissolvid-o na ág ua, que circula nesses ca1- calcá rio clolomítico há formas
di.rios . t!:s tc aspecto das estalagmi lcs do Aven-Armand é chamado
de ... Forêt Vieq~c des Choux-Fl eurs" bem cu riosas por causa dessa
( Foto Cartão-Postal P .L.L.P. ) dissolução diferencial. Os rios
em terrenos calcários ni"to pos-
'ucm um a hierarqui a como esta mos acostumaclm.· a observar, por causa elos fenàmenos de
)Jerdas e ressurgências As vertentes são mod eladas por des moronamentos e não p elo lençol
ele escoa mento superfi cial, por ca usa ela grande permeabilidade elo calcá ri o através de suas
fi ss uras . As dolinas, as grutas, os lapiús, são formas muito comuns nos relevos calcários·.
CALCARlü - rocha fo rm ada essenciahT·cnte ele carbonato ele C:d cio. O calcário é· um
ti:•rmo latino "calcarius", e significa o que co ntém cal.
Quanto a sua origem pode ser : biológica ou orgânica. c química.
Os calc(\ri os ele orige morgànica re>tiltam da ac umulação de res tos de co nchas. cora is·,
C"tc.; e os ele origem quhni ca ela prPcipitaçilo elo carbonato de cá lcio. Na superfí cie elo
globo os afloram entos ele ca lc:árins ele origem orgânica são os mais fr eqi.i cntes . Do ponto
ele vista morfológico, as rochas· · alcá ri a~ oferecem tipos de relêvo muito importantes por
causa da fác il dissolução do c::nhonato ele cúlcio, so b a a<,:iíO do ácido ca rb ôni co cxistt' ntc
nas águ~s cl<> f'i rc ula~·ão .

66 DI C IO NÁH IO GEOLÓG J CO-C:EO~ IOHF< JL ÓC: I CO


F

O ca ld rio é u ma
rocha sedimentar cuj a
aplicação in natura 011
com algum b enefi-
ciamento, é bastante
importante. Preliminar-
mente s-e d eve d estacar
a sua utilização na pro-
dução de cim ento, p e·
dra ele constmção, cal,
mám1ore (calcário m P-
tamorfoseado ). na ca l-
ei fi cação elos so los para
diminuü· a acidez, c
também como fund entc
na metalurgia, além da
produção ele barrilha.
CALCÁRIO CA VER- Fig. n .0 4C - Vales- subterrâneos ou rios sumiclns cavados no calcário por
NOSO - alvéolos. ou {'feito da d isso lu ção do carbonato d e cálcio solú ve l na água. Vemos aqui
a re ~s ur gê n c ia do llon.hcur no .M aciço Central F ran cês. No fundo do vale,
cavidades qu e apare- ''hS<.·rvamos j!ra nd t· quant idade de blocos originatlns pelos desabamentos
cem em grande n{mlero das partes superiores.
na rocha calcária. E s- (Foto do au tor )
tas cavidades são pro-
duz idas pela dissolução do carbonato d e cú lcio. Um dos me lhores exem plos <.· a meulierc
que aflora na bacia de Paris .
CALCARIO LITOGRÁFICO - tipo de calcário compacto no qua l ex iste uma certa homo-
geneid ade no tam anho do~ grão!>'. É constituído de carbonato de dlc io quase puro. o ~
cal d rios li tográficos são s11scetíve i ~ de ser cortados em placas e suportar poli mento. Po r
esta razão são uti li zados para wava.,:ão de carta:. e gravu ras diversas.
CALCEDÔNIA - va riedade criplocristalinn da sílica. Aparece geralmen te nas cavidades
de rochas eruptivas ou sed im entares, sendo com um ente produto de depósito hidroterm al.
Podc-s·c dize r qu e a calcedôn.ia nada mais é qu e um a sílica semi cristalina, constituída por
11m a pasta de síli ca amorf:1 no seio eh q ua l se enco ntram pequ enas agu lhas mi croscópi ca>
de sílica cristalizada .
Va riedades de ca lcedôni a: cornalin a (vermelho ), hc liotrópio (verde-esmeralda), sar-
dôni a ( laranja), cn so pras ts (verde-maçã), plasm;1 (ve rde-es mera lda co m alguns pontos
brancos) sa firiJ1 as (azu l-celeste). Além dessas há ainda as· âgatas, o sílex c o jasp e (vide).
CALCIFICAÇÃO DOS SOLOS - di z-se da aplica.,:ão elo ca leú ri o na cOITe~·ão da acidez
do so lo, de gra nde importànc ia na agricultura. Nas regiões intcrtropicai spluviosas, o seu
emprêgo é de impordncia, uma vc•z <JUe os so los el e tais úreas são, na sua <]U ase totalidade,
úeiclos.
O calcário moído é indispe nsável aos so lo~ tropi ca is qu e se clcs·tin am ao cu ltivo. Às
vezes a influência do calcá rio é mais marcante do qu e a do próprio adubo. O custo d o
preparo do solo é menor com a calcificação elo que com o adubo. Em São Paulo e Minas
Cerais es tão em funcioname nto 11s·in as ele moagem ele calcário para ês te fim. No litoral
sul, em Cananéia (São Pau lo) e Paranaguú ( Paraná), ce1"tas ilhas con têm concheiras , qu<"
es tão sendo explotadas para aproveitar o ca lcário como co rretivo elo solo. Também no
litoral do es tado elo Rio ele Janeiro, cnt Ararua111a, faz-se a extraçilo ele conchas, para
uso na fabri cação de cal e ele barrilh a.
CALCITA - ca rbonato de cálcio cri stali zado no sistema romboédrico . Depois do quartzo
{• o min era l mai ~ comum na superfície do g lobo. Sua dureza é pequena , 3, e a dens idade,
2.,7. - É atacada pelo ácido clorídrico mesmo d il uído .
No campo, o geólogo a reco nh ef'c f;\c il men te riscando-a com uma làm ina ou canivete.
As vari edad es lím pidas ele calcita silo os espal os ele Ish\n clia.

D IC ION ,\111 0 GEOL ÓG I CO-GEOJ\ IOHFOLÓG ICO 67


Fig. n .0 5C - A erosão coírstica é realizada principalmente por dissolução . As ver-
te ntes são, algu1nas vêzcs, 'jsurplons" ou t>endentes. A húiltração do lençol de
escoame nto superficial por certas fissuras perde-se no interior da massa e não s~
processa a evolução normal da vertente. (Garganta do rio Tarn, na França).

A calci ta form a estalactltes e cstalagmitcs e aparece, de modo geral, nas fendas dos
terrenos calcúrios, onde é depositada p elas águas de infiltração carregadaY de carbonato de
cálcio.
CALCOSSóDICA - rocha c~scncialm c nt e de plagioclúsios.
CALDEIRA - cavid ade de form a circular que constitui a cratera de explosão dos vul cões .
É um têm1o espanh ol usado na ilhas Canúrias e Açôres, e hoje generalizado para as

68 DI CJON ''"lllO C IO:OLÓCICO- CEOl\JOHFOLÓC! CO


cavidades produ zidas pelas· erupções vu lcânicas ao expelirem, por meio de explosão, o
antigo tampão de lavas consolidadas qu f) existiam na antiga chaminé.
Êsse material, por ocasião ela ex plosão, é pul veri zado em grande parte, apa rece ndo então
a caldeira.
CALDEIRÃO o mesmo que marmita (vide) . No Nord es te do Bntsil tamb ém é usado
como ~inônimo d e sumido uro,, (v id e~ ; Em ,MinCts Gerais es ta denominação é empregada para
as cav1dades onde ocorrem perdas de agu a.
CALEDONIANO - rc,·olução orogenéti c:-t qu e ocorreu no Si luriano e S<' prolongou até os
meados do D evonianu, na Euro pa.
CALHA - têrmo usado nas descrições da paisagem fí sica co mo sinônimo de: úlveo, va le, etc.
CALHAU - clonomi nação usada em Portugal para designar os seixos ·rolados (v ide).
CALOTA GLACIÃIUA - o mesmo qu e inlandsis (vide) .
CAMADA - nom e dado em geologia à divisão em leitos ou cstJatos qu e apatecem numa
rocha. Elas são o res ultado do d epósito de detritos que f01 am carregados pelos agentes
d e transporte. As ca madas depositadas quando não sofreram movimentação orogêni ca nem
pressão aparecem solJ Ct forma horizo ntal ou levemente inclinada. O es tudo da disposição
elas camadas é d e grande importância para a tectônica e para a geomorfologia. A camada
representa o têrm o unitário na clas-sificação estrati gráfi ca. Cada camada se ori gina de
uma mudança no l'itmo da s-edim enta ção, ou mesmo na qualidade e natureza do materi al
acumulado. D ecorrem clêsse fato as difcrencia<;Ões li tológicas e químicas dos depósitos
estratifi cados ou acamados. Pode-se di zer por conseg uinte C]Ue as camadas se distinguem
por seus caracteres min eralógicos e mesmo por seus restos fósse i ~ .
CAMADA CHAVE - o mesmo qu e camada de ·referência (vide). Alguns também a de-
nominam de horizonte es tratigrá fico ou geológico.
CAMADA DE REFERÊNCIA - é aquela qu e pelas suas ca racterísticas litológicas e fos &i-
líferas serve ele apoi o para determinação da idad e e das intcrpr taçõcs gcomorfológi cas de
un~. a região.

CA:\-IADA GLACIAL o mes mo <]Ue capa glacial (vide) .


CAMADA GRANíTICA - denominação aclotacla por certos geó logos para a crosta, que
Suess havia chamado de S-ial, ao discrimin ar as ca madas c1ue constitu em o globo terres tre.
Não tem o mes mo sent ido de camada (vide), segundo a geo logia es trati grMi ca.
CAMADA TíPICA - o mesmo qu e camada de 1·eterênôa (vide) .
''CAMALEÃO" - denomin ação regional usada em alguns es tados do Nordeste Oriental
para as pequenas lombas ( vide ) ou elevações qu e surgem na paisagem pedip lanada, cor-
res;ponclendo na realidade a p equenos pedaços de se·rrotes, bem diferentes dos inselbergues
(vide ) OU o as chapadas 1'Csiduais (vide ).
CAMBIROTO - denominação usada no Acre e mais es pecialmente no mum c1p10 de Ta-
rauacá, para as p equ enas colinas. E stas colinas, se é qu e assim podemos denominá-las,
são níveis de terraços, produ zidos pelo a fundam ento da rêde hidrográ fi ca e pela erosão
em lençol, no manto aluvial.
CAMBRIANO - compreend e os terreno5' da base do Paleozó ico inferior, tendo sido o
período de maior duração da era , cêrca ele 90 mill1ões de anos. O vocábu lo cambriano
vem de Câmbl"ia nom e l'Omano do Paí& de Gales. A vida animal nesse período é essencial-
mente constituída p elos invertebrados. Entre os crustáceos, os tri lobitas perfazem mais
oe 50% do total da fauna cam briana, os braquiópodos mais de 30%, distribuindo-se os
20% restante, entre os gasterópodos, corais, protozo<\Tios, es<pongiúrios, vennes, equino-
dermas, etc. Qua nto à vida vegeta l res trin gia-se uni cam ente ao mar, sendo representada
pelas algas, ach a ndo-se as terras ainda completamente nuas. Os terrenos· do Cambriano
no Brasil são um pouco duvidosos por causa da falta de fóss eis. A série ele L avras constitui
para alguns geólogos terreno elo Algonquiano , par aoutros, porém, é incluída na base do
Cambriano. Esta série recob re grand e parte oa serra elo Espinhaço, nos estados de Mina&

O I.C IO NAmo GEOLÓGI CO -G EOJ\101\FOLÓGJCO 69


Ct·rais e Bahia . Do po nto dl' ,.i,ta econômico <.· importante porque <.· nela que aparecem
os d iamantes brasileiros.
As séries de Uatumã, na bacia Amazôni ca, ltajaí cm Santa Catarina e Corumbá em
Mato Grosso, são atribuídas, ele maneira duvidosa, a ês te período.

CAMPO D E F R AT UH.A - denonlina~·ão dada às regiõt•s de fraturas. Geralmente as fra-


tu ras não oco rrem isolad as e si m associad as, pois res·u ltam de esforços tectônicos. Tu m
campo de fratu ra dá-se como di r ção pri ncipal aq ucht cuj a constância fô r maior. Por
co nsegui nte o geólogo é ob rigado a fazer uma gran de série de med idas para ti ra r a mécl i:\ .
CA. 1PO D E GELO - o nwsmo que icefield ou banq u isa (Vide )
CA AL D E ESC O A'\H~. TO - parte da torren te (vide) que fiea entre a bacia de recepção
l' o cone ele elejc ·ão .

" CA DElA'' (solo) - d e nomina~· ão regional u. ada para solos mais soltos e mais profundos
qu(' os elos "cerrados", onde predomina a candeia.

___
__....--:t

+ +
+ + +
Canelurcs
F ig. n .0 6C

F i}! . n.G 7 C - Em :"\1 im )SIJ llo Sul. nn l!.s pirito Sa nt o. h á uma <' ncos ta •l a Cade ia Fro nt al ela ~ t a nti­
que ira. com g rande nínnc ro de (•ane luras, dando o as pecto do Iapi:'is d as ro d lllS calcárias. As rochas dcs la
c..· ncosta :-ão. na r{'a1id udt·. constitu íd as de gnaissc. ~ra nit o t' xistos .
(Fo to Tibo r Jablonsky )
CANELÃO - têrm o descriti vo qu e pode ser usado para a abertura ele um percée ou
boquei-rüo (vide), isto é, o canal ladeado de paredes abruptas que foi escavado por um
rio co nseqüen temente ao atravessar um a frente ele cu.est(L (vide) ou mesmo um hogback
(vide) . Usa-se também o tPrm o ca nelüo p ara a abertura grande ele um c01ion.
CANELURA - p equenos sulcos· ou regos fJU e cortam as rochas, geralm ente no sentido do
decli ve da encos ta. A ori gem clêsses pequ enos sulcos pode se r devida it disso lução ela
rocha ao longo ele uma cliáclase, ou ainda a certas partes esfoliadas ele uma esca rpa,
que favoreçam a incidência das águas ele escoamento ~up e rfici a l , contribuindo ass im para
o aparecimento das cancluras.
Ês tes sulcos algum as vêzcs são tamb &m oblíq uos ou mesmo pe rpendi culares ao decli ve
da encosta como se pode ver nos dois nHJ tTOS de gran ito q ue existem atrás do co légio da
Fu nd nçfio C.etúli o Vargas, na cidade de Nova F ri b urgo .
Ccralnwntc l" nas <"ncostas de rocha ~ erupti vas co mo o granito, ou sie nito ( pico ele
ltatiaia) ou cm rochas m eta-
mórficas, como os gnaisses, que
melhor se pode observar o apa-
recimento dessas ca n e lu ra ~ . Nas
roc has estratificadas, q uer de
ori gem sed imentar, qu er ele ori-
gem metamórfica, as juntas das
camadas co nstitu em pontos fra-
cos muito aproveitaclo9 para
o estabelecim ento ele caneluras .
( Figs. n°" 6 e 7C ).
CANGA - termo regional usa-
do para as concreções ou cros-
tas ferru ginosas no Brasil (Fig.
n° SC). O mesmo que late-
dto (vide) . É um a abrevia-
t; ão de tapanhoa canga . H á
doi s tipos de canga: 1 - ca n g·~
comercia l ele baixo teor em
Fig. n . 0 8C - Crosta de canga <.tuc aparece nos chapadões d·o ferro ( menos de 50%), de re-
Planalto Central. A id ade d essas carapaças fe rru J.dnosas é dada du ção fácil nos fornos ele car-
t:o mo post-cretácea. Ainda não se d escobriu nenhum fóss il ()U C vão de lenh a; 2 - canga no
pe rmitisse datá-las com seguran ç a. Foto tirada na estrada para
a cnMnia agríc ola de Ccres a S qu il ómetros da cidade d e se ntido de rocha limonitizach
An;Ípolis (Co i:í.s). misturada com argila e areia,
(Foto do au tor )
sendo por co nseguinte impres-
tável p ara a ex tra ção do ferro.
CANHÃO - trad uçüo dada ao ter mo de origem es panho la cwí un (vide) .
CANON - n01ne de origem es panhola usado para designa r va les de paredes abruptas, isto
é, vales encaixados. ( Fig. n.0 9C). O exe mplo cláss ico é o caiíon do rio Colorado, cujo
desnível entre o fundo da ca lha e a superfície chega a ser da ordem elos· 1 000 a 1 800
metros. 1\'a França o JJlelltor exemplo de va le encaix ado é o Tarn no Ca usses elo Maciço
Central Francês .
O ca-i'ion ou cwdl(i o ~' por consegu in te, uma denom in a ·ão dada aos va les profundos
e encaixados, os qll ais adquirem característi cas ma is típicas qu and o cortam estruturas
sedim entares q ue pouco se afastam ela ho ri zontal. Form a-se wna série de degraus ou
pa tamares ao lon go do co rrPdor escavado pela eros ão. Os canhões são na realidade vales
i.m.co i.mdos, vales em garganta, isto é, depressões longit udinais (vide), como se fôss em um
grande d esfiladeiro, onde a d iferença entre a linha de talvegue ou o fundo da ca lh ~
alu vial, e o tôpo elo plan :1lto é, às vêzes, ele algum as dezenas, ou mesmo centenas ele
metros. As en co~tas do vale sfio abrup tas o qu e demo nstra o predomínio da açüo erosiva
verti ca l, resultando numa topogra fia característi ca.
Ah~un s au tores cons·ideram os canhões como forma própria ele m lêvo cárst-i.co, m as
a tendênc ia é generali zar tal denomin ação para todo tipo ele v ale e m ga·rganta, qu e seja
bem encaixad o.

DfCJ0:--1.-\JUO GEOLÓC: tCO-C:EO,\[QHFOLÓC: ICO 71


Fig. n. 0 9 C - O rio São Francist·o entalhou um sulco profundo cm rochas do Pré·Cambriano na áre a
ela cachoeira de Pau lo Afonso. 1tstc e ncaixamento paret..'e estar ligado a uma fraturac.~ ão de natu reza
tcctônica . - O lc..·ito do ;:io é talhado cm rochas d o escudo, onde se destacam os g ranitos e gna isscs .
Esta zona do ponto de vis ta gcomorfolbgico se acha na transição do planalto, para a planície coste ira
q ue lh e cs t•• 1uais a leste, on e ntão mais para jusante. Obscrv alliOS na foto ac im a a ~ran d c regularidadl'
da superfície de erosão que ni ve lou e m g rande parte o rclêvo des ta região.
(F o to T ih or j a bl o n; ky do CNG)

Na Hegi:-w No rcl es tt· ex iste um exem plo de canhão no ri o São Francisco, nos arredare>
da cachoeira de Paulo Af0nsn. A calha es tá profund amen te entalhada no pediplano cons-
titu ído de roc has do escudo (cm grand e pa rte granHos c gnaisscs). O aprofundamento
do can hão se d Pu gra<;as :t existencia de um a n~ cle de fratura" e falhas. As paredes do
ca nh ão são qu ase verticais e as rochas estão b as tante di aclasaclas.
O tra çado t ' lll zi!?:uczague desse trec ho do ri o São Francisco cst{t em fun ção da tcctôn ica
qu ebrantável. As margens abruptas ve rti cais e profundamente cliaclasaelas mostram um a
difcrenc;a ele ní ve l da ordem de 40 a 60 mch·os, entre a superfíci e de erosão d e 240 a
280 metros e o talvegu c elo rio, na (trca de Paulo Afonso.
No s·ul elo Brasil os rios que ck scem, isto é, que atravessam os "aparados'' dos degrau '
e pa tamares da chamada "Serra Gt>ral" em direçfto ao Ri o Grand e elo Sul , também esc:l\'am
belos val es em ga rga nta ou canhões .

CA- O N SUBMARI NO - o mesmo tlue r; ale sub111arin o (vide) enca ixado na plata forma
co nt·incnta l.

CAOS D E BLOCOS - di z-se d o!Y a fl oram entos de gra nde número de fra gmentos ou
blocos de rocha de tamanhos muito va riados.
CAPA dPnominaç:io usada por algun s geólogos como si nônimo de camada ( vide) .

72 DICJOJ\' _,\ .m o CEO LÓ C!CO - C EOM ORFOLÓC ICO


CAPA GEOLóGICA - o mesmo que camada ou simplesmente capa.
CAPA GLACIAL - o mesmo que camada glacial, isto é, estrato ele material morcum co
Ull. Não se deve no entanto confundir a camada glacial com a calota ou inlandsis (vi de).
CAPACIDADE DE CAMPO - têrmo de fí sica do solo. É o teor de água que o solo pode
reter apesar da fôrça de gravidade. Compõe-se de duas parcelas : úgua i nati va c úg ua
osmótica disponível. Só es ta última alimenta as plantas .
CAPTURA - d e u m rio ou de um a geleira constitui um fenúmeno de perda pa ra o rio
ou geleira capturada, e um acréscimo ao capturador. As capturas são mais freq üe nte~
nas rêdes hidrográfi cas p or causa ela grand e concorrência entre os cursos fluvi ais. T rata-se
ele um fenômeno norm al e não de uma curiosidade geológica ou geo morfológi ca, co mo pode
parecer à primeira vista.
Constitui por vêzes um fa to inevitúvel no curso da evolução m orfo lógica de u m ri o.
Os exemplos clússicos de fe nômenos de captura são os do ~ rios Meuse e Mosela, Pctite
Morin capturado pelo Mam e na b acia ele Paris, a captura recente elo Mahajamba na ilha
de Madagáscar, etc.
Existem diversas teorias qu e procuram ex plicar o fenômeno dct captu.ra. A n1<1 is re -
cente é a chamada teoria elo deve1sement, qu e consiste em ex phca t a captura como
sendo devida a uma diferença d e nível existente entre dois ri os, tesultanclo o lançamento
( deve1·sem ent ) d o ri o m ais alto, no mais baixo. Em últim a aná lise, pod e-se também pcns·ar
qu e a erosão regressiva p oderá se confundir, até certo ponto, com o cleversement.
As captu'r as d eixam impressas na paisagem marcas de ordem geológica e geomo rfo ló-
gica como: cotovêlo na rêcle de drenagem, va le morto a jusante do cotovêlo, largura eles-
mesurada do vale em relação ao filête d 'água a jusante elo co tovelo, m aterial aluvial do
alto curso elo Iio capturado no vale sêco, intensificação da erosão no rio capturador, etc.
Como se pode observar estas diferentes provas s·ão as q ue interessam aos geó logo e aos
geomorfólogos ao investigarem a ex istência dos fenômenos ele captura.
CARBONÃCEO ( depósito) - acumulações ele materi ais carbonáceos realizadas durante os
períodos geológicos e qu ederam ori ge m ao ca rvão min eral, t amb ém vul garm ent t' cha-
mado de carvão de pedra, turfa linl1ito, etc. ( Vide hi.drocarbono) .
CARBONADO - o mesmo qu e diamante negro, ou laürita (vide diamante) .
CARBONíFERO - compreend e os terrenos entre o pe1íoclo D evo ni ano e o Permian o. ~c nd o
sua idade avali ada em 70 miU1ões d e anos É um dos mai9 importantes p eríodos para a
economia mundial, pois nos terrenos des ta idade se encontram as ma iores jazidas d e ca rvã o
de pedra da superfície elo g lobo .
O período Carboní.fero é gerab11ente dividido em Carbonífero superior e in ferior. Nos
E stados Unidos e na Inglaterra aelotam respectivamente as seguintes d ivisões : Carbonífero
superi or - Pcnsilvani ano e Stefaniano; Ca rbonífero inferior - Miss-iss ipiano e vVes tfa liano.
O traço mais característi co ela vida dêsse período é o grande desenvo lvimento ela
cobertura florestal, qu e já havia começado no Devoniano, como ates tam as licopocliáceas
encontradas na E scócia.
No Carbonífero as fl orestas se tornaram lu xuriante~ e largamente distribuídas. As
calamites, as sigilárias, os lepidodendras e os fetos como o Thacopteris formavam as imensas
florestas d êsse p eríodo. No final elo Carbonífero a flor esta começou a diminuir ele esplen-
dor e da fo s-silização da cobertura vegetal resultou o aparecimento dos grandes depósitos
ele carvão ele p edra. Os anfíbios se desenvolveram muito neste período como: o Bra.n-
chi.ossaum, o Archegossaum, etc.
O Carbonífero pode ser defin ido como a idade dos anfíbios e das Ucopodiáceas.
O velho continente foi intensam ente movim entado pelo orogenismo herciniano ( nome
tirado da Floresta Negra - Alemanha) qu e atingiu o sul da Irlanda, o País de Gales, o sul
da Inglaterra, França, Bélgica, Alemanha, Espanha e Portugal.
Éste movimento se fêz sentir tamb ém no continente asiático elo qual resultaram as
montanhas ela Ásia Central ( Altai , Tian Shan e Pamir).
No Brasil foram encontrados depósitos hulhífcros elo Carbonífero em sedim entos d e
origem fluviogl acJal. A distribui ção geográfica dos terre-nos dessa idade é a seguinte: no

DICIONÁRIO C'EOLÓGICO-GEOJ\'!ORFOLÓGICO 73
Ac re, Amazonas·, Pará - sen e Itaiutuba; na b acia do Meio-Norte; as sen es Piauí, Poti e no
Bras il Meridi onal as séries Itararé e Tub arão. (V ide carvão mineral) .
CAHBONO - elem ento qu ímico de grande importância na geologia e na gcomorfologia .
Ap arece êste elemento sob três formas: 1 - canxlo negro, tamb ém chamado cm·vão m·i-
nem! (v ide) . 2 - gmfita e 3 -diamante (vide). Do ponto de vista quími co é importante
ass ina lar que se conh ecem cêrca de 500 000 co mpostos de carbono, enquanto dos outros
91 elementos juntos são conhecirlos a penas 60 000 com postos·.
CAHHEACÃO - o mesmo CJ U C nappe ele charriage, lençol de a:rmstamento (vide), ou
a inda ma;1t:o tectônü:o .
C AHSICO o m es mo que carste (vide) .
CAH.SO - denom inação regional da Istria, o mesmo r1ue carste (v ide) .
CAHSTE - d eno mi na~·ão dada aos fenômenos específicos· q ue oco rrem nas rochas cakúr ias,
co mo dolinas, poljé, rios sumidos ou aveu gles, uvalas, gru tas ou cavern as, es ta lactites ,
estalagmites, etc . (Fig. n .0 lO C). Esta denominação foi tomada da reg ião calcári <t dos
A lpcs Dinários, Iu gosálvia - no Adriáti co .

gru.\.a.
'\.api. é
J

++ + +
+ +
F ig . n.O IOC - Fonnas d~ rc lêv o c:Írstico no q ual aparece m os lapi és ou lapiils, g rutas goufrt•s e d o linas.

O ca rs·te ~ d efinid o pelas sLt::ts fo rmas esp ecífi cas e tamb ém p ela circulação subterrànea.
D eve-se m esmo excluir do cars te tôdas as rochas- q ue n ão p ermitam a circulação sub-
terrânea embora possam aprese ntar certas forma s de d issolução . Observa-se, por conse-
guinte, q ue o btor li to lógico é o fa tor inicial e fun damental. As formas cársti cas são
muito b em desen volvidas nos calcá ri os puros e di spostos em ca madas espêssas . Os pro-
cessos corros-ivos são muito intensos e 1·ápidos. Os doi s fatos essenciais e b em marcantes
no carste são : as águas qu e descem verticaL11ente em massas· calcári as compactas desde
qu e existam fi ssuras ou juntas et'trati gráfic.:as e a formação de depressões fec hadas, ou
melhor, forma s· ci rcul ares qu e se desen volve m no sentido d a verti cal.
CAH.STE FóSSIL - sign ifica qu e ho uve u ma fl utu.açüo climática; o clim a va riou de um
ciclo úmido nara um ciclo sêco . Trata-se de um área onde o processo de carstificação
fo i paralis·ado·p ox causa da mod ificaçfio do clima. Tem g rand e importànc ia para os estudos
p al eocl imatológicos.
CARTA BATIMÉ TIUCA - ayuela onde as cruvas hatim ét1'icas ligam os pontos de igu al
proJuucli dade, isto é, a topog rafia submarina. As cartas batim étricas repres·e ntam o relevo
nega ti vo enquanto as cartas hipsométricas, (v ide) o relêvo positivo . (Vide cartografia ).

74 DICIONÁRIO GEOLÓGICO - GEOMO HFOLÓGJCO


CARTA GEOLóGICA - elaborada com a fi na lidade ele fornecer urna v1sao do es paço geo-
gráfico das difere nte~ idades dos terrenos, bem co mo a natureza das rochas e respectivas
estruturas. (Vide mapa geológico). As cartas de geologia a plicada, como no caso elas de
geologia económica, têm por objeti vo indicar a distribui ção espacial elas diversas jazidas
min erais. Quanto à ca rtogra fia geológica do Brasil, esta tem evoluído sensivelmente como
se pode cons·tatar n<:s cartas el e 1942 e 1960, na escala 1/ 5.000.000.
CARTA HIPSOMí~ TRICA - aquela onde as isoipsas ou curvas ele nÍ'I;el li ga m os pon tos
d e igual altitude (vide). Estas cartas dão a representação da topo erra fia co ntinental emersa,
isto é, o re.lêvo pos'itit;o (vide), enqu anto as cmtas batimétdcas ( vide) representam a to -
pografi a subm ersa. (Vide cartogmfia ).
~; ....i'
CARTA PALEOGEOGRÃFICA - aqu ela r1ue forn ece d ados a propós·ito elas di versas con-
fi gurações dos contin entes e bacias· oceânicas no deco rrer ela históri a físi ca ela terra. (Vide
Paleogeografia) .

CARTOGHAFIA ciencia e arte da representação gráfi ca da superfí cie da T erra, em


parte, ou no seu todo, de acôrdo com a escala (vide). Trata também da represe ntação
d e todos os fenômenos oco rrido ~ na Terra · ou com ela relacionados.
Co mo produto final da ca rtografia tem-se o mapa ou a carta.
Co nvém destacar fJU e o geógrafo e o geólogo não precisam ser cartógrafos, o necessário
é que t- les possuam bases para saber : 1 - As principais projcções cartográ ;ficas e suas pro-
priecbdes; 2 - As fases de elaboração de uma carta, desde os trabalhos de levantamento
a té a impressilo; 3 - Ex trair da carta tod os· os elementos que ela possa dar, em fun ção
ela esca l::t e do tipo de projeção; 4 - L er e in terpretar a carta; 5 - Executar caminha-
mentos topográficos expeditos ou co m a prancheta; 6 - L er as fotografia s aéreas, por
~on seg uinte , r stituir sum àriamente os elementos da p aisagem , e interpretá-los; 7 - Ela-
borar ou esboçar "ca rt a~ especiais"; 8 - E laborar ou esboçar as il ustrações necessárias a
lnna obra geográfi ca ou geológ ica - cli agran1as djversos.
A elaboração de um mapa depend e de muitos elemen tos, represe ntando o produto do
trabalh o ele mui tas p essoas es·pecializadas. ( Fig. n . ll C) . Nesse trabalho intervêm as
mais variadas ciências. e d aí surgiu a ex tensão qu e mu itas p essoas qu erem dar ao vocábulo
cartografia , qu e, segnn clo êles, é o conjunto de tôdas as operações qu e con tri buem para
a composição do mapa , desde as medidas no terreno até o desenho final. S egundo esta
conc:ep(,:ão n cartografia abrange tod os os trnba lhos· astronómicos, geod ésicos, otpográficos,
fn togram ~ tri cos, gráficos, etc., etc.

A ca rta não é um fim , Pm si mesmo, visa ;I proporcionar um meio para atingir um


objcti vo práti co ou científi co.
Os cartógrafos represe ntam a superfí ci<· ela Tl'rra por mais acidentada qu e seja
úrca montanhosa , de planaltos ou ele planície. Todos os aspec tos da p aisagem fís ica ou
c ultural s:lo rep res·entaclos :llra vps das co nve nções cartogníficas.
A fotografia aérea é uma preciosa fonte d e dados pa ra a cartografia modern a. Não
se concebe mais ca rtografia sem aerofotogram etria . Os levantam entos terres tres são feitos
para fo rn ecer clado' ck apoio às fotografias aéreas.
Os aviões quando sae m em m issão ele foto )!rahu fai xa> levn m uma tripulação bem trei-
nada, com uma coord enação absolu ta.
Os mapas aprese ntam a superfí cie ela T erra na '·esca la hum ana", p ermitindo-n os a
p ercepç-:1o de forma s c posi ·õcs · relati vas, percepção qu e, no terreno, não vai além dn
limite de noss·a visão c sofre as deformações inevitáveis da p erspectiva. Embora seja m
representações no plano, as ca rtas defin em geometri camente a terceira dimensão; desníveis.
distâncias e d ecl i ve~ podem se r determin ados por meio de operações simples. Estas consi-
d erações são importantes para o geo morfólogo tendo cm vista a representação do relêvo nas
carta s.
Geral men te se usam de modo indistinto as denominações cartas e ·mapas . Todavia, al-
guns cartógrafos cos tum am distin guir as cartas co mo sendo de escala topográfica e às vêzes,
corográfica. Ao passo <]U e o ma pa ficaria res·ervado para as escalas geográfi cas . Hes tam

DI CIO NA I.UO G EO LÓGICO-GEO~'IOH FOLÓG I CO 75


Fig. n .0 IlC - Os topó~::,tra.fos, os geólogos c geon1orfólogos enfrentam condi ções as n1ais adversas nos
seus trabalhos d e campo. Na foto acima fixan1o s uma vist a parcial do traba lho de um topógrafo durante
a es tação invcrnosa, no Canadá.
(Foto Esso Brusilcira de Petróleo)

76 D.ICJONÁ III O r:EOLÓG!CO-CEQ.). I QHFOLÓCICO


aimla as plantas e croquis. As primeira9 di zem respeito ~ escala topográ fi ca com mai3
detall t<'s, enquanto o croqui. seri a um simples esbôço ou d ese nho feito pelo topógrafo.

Mapa - Geografia
Carta - Corogra fi a e topografi a
Planta - Topografia co m mais detalh e
Croq uis - Simples desenh o topográfi co .

As cm·tas topográfi cas são em escala grand e, de modo a permitir uma representação
mais minu ciosa. N estas cartas pode-se representar uma séri e de dados da paisagem cultural,
q ue p or efeito da escala têm que ser omitidos nos mapas geog-ráfico,, cuja escala é p equena.
Os mapas geográfi cos gerais, embora podendo conter, talvez sem preju ízo de sua legibi-
lid ade, ma ior número de d ados, es tão quase sa turados, pois trazem vari adas informações
sôbre tudo o que é visível na 9uperfície da terra: a hid rografi a c ac identes correlatas, o
relêvo, a vegetação, as· aglomerações hum anas, as vias de comuni cação e de transmissão,
os limites políticos e administrativos, a nomenclatura dêsses· dados todos, etc. o que con-
corre pma sobrecarregar o mapa - a paisagem física e paisagem cultural. Um dos prin-
cípios ela cartog rafia é, por conseguinte, a generali zação segundo a escala.
Para a leitu ra de u m mapa é necessi1 rio um b om conhecimento ele elementos de car-
tografia e elementos de geografi a.
Nos trabalhos pn1ticos elevemos distinguir bem as tarefas de leitura de ca·rtas, das
q ue di zem respeito à i nterpretação da cmta. Esta últi ma pressupõe, a lém do conhecimento
das convenções e da representação do relêvo, isto é, faze r sen tir num a superfície plana
a terceira dim ensão, através de co ta~ e de curvas ele nível. Os topógrafos, os cartógrafos
lêem as cartas. Mas o geo morfólogo, além des ta tarefa , tem que ter a percepção da terceira
dim ensão, isto é, interpretm· as formas do m lêvo.
L er é apenas ver as formas, imag inar uma paisagem. Interpretar é expl icar essas for -
mas, isto é os diferentes tipos de paisagem. O estudo de uma carta deve resultar numa des-
cri ção expli cativa; p ara descrever é precis<J, em primeiro lugar, ler perfeit::unen te a carta, p ara
explicar é preciso ter conh ecimentos ele geografia geral. A sensibi lid ade na leitura deve
chega r ao pon to d e se poder distin guir ca rtas b aseadas em leva ntamentos topográfi cos de
cartas baseadas cm fotografias aéreas. Até aí, aliás, chega m muito bem os topógrafos e
ca rtógrafos , para quem a ca tta é o ohjetivo último; o geógrafo precisa ir mu ito mais além.,
pois, para êle, a ca rta é apenas o documento ele base, o ponto de pa rtid a na pes qui~a
geográfica .
Quanto à classificação elas cartas, devido às suas mú lti plas finalidad es, não é possível
muita rigidez. Todavia para fac ilidad e de es tudo pode-se usa r quanto ao ass unto a seguinte:

1 Geog rúfi cas gerai9 - apresentam aspectos fí sicos e obras reali zadas pe lo homem.
2 Especiais - focali zam objetivos cspeci:1is de cer tos fenômenos :
Mapas ele relêvo
Mapa geológico
Mapa s es truturais
Mapa mineralógico
Mapa petrográfico
Mapa pedológico
A) Fís·icos Mapa geomorfológico (Fig. n° l2C )
Mapa paleontológico
Mapa sismológico
Mapa geofísico
Mapa hidrográfico
Mapa meteorológico
Mapa cl imatológico

B) . ·r··1cos -
Bwgeogra { 1 - Fitogeográfico
' ,
2 - Zoogeografi co

DICIONÁRIO GEOLÓC ICO - CEOMORFOLÓGI CO 77


C) H umanos
D) Económ icos
E) Politicas
F) Com unicação
C) Tn.msportes
, .
H ) Matemat.tcos -
1 Astronómicos
Geodés ico~
p . -
fO JCÇ::tO
Convenção
<Ju anto it esca la elo mapa, tem-se:
a) Plantas - ma iores que 1/ 1 000
b) Cadastrais - 1/ 1 000 a 1/ 10 000
c) Topográficas- - 1/10 000 a 1/ 100 000
d) Corográficas - ] / 100 000 a 1/ 1 000 000
c) Geográficas - !'scalas m<'nore · q ue 1/ 1 000 000

Cada país cos tuma trabalhar com uma e cala qu e IJ1e seja mais co nveni ente . D evemos ,
no c.: ntanto, pôr em evidência, q u de um modo geral os países das regiõ e~ temperadas
tem ca rtas topográfi cas b em de talhadas, enrtuanto os países intertropicais, na sua m aiori <~
subd esenvo lvidas, t êm apenas oa·rtas geográficas. Algum as poucas áTeas possu em um a
carto graFia na escala topográfi ca. Como exemplo podemos citar a rece nte publicação do
Consel ho Nacional ele Geografia qu e é a Carta ao M-ilionésimo constituída d e 46 fôlhas ,
cobri ndo um a superfície de 8 511 96.5 km". A Bélgica possui uma cnr ta detalhada consti-
tuída d 430 fôll1as. na escala de 1/40 000 que cobrem mn a superfí cie de 30 507 km 0 • A
carta francesa do E -taclo -Maior é ele 1/80 000. Na In glaterra a esca la é med ida cm pole-
gadas e milhas, o mesmo ocorre com as c;ntas dos Estados Un idos.
i'\ o Brasil elevemos de ·taca r as ca rtas topográficas do es tado de São Paulo e de 1vlinas
Gcrais, na esca la ele.: 1/ 100 000. A carta elo antigo Distrito F ederal (Guanabara) fe ita na
Ver!en fe côncava )l( escala l /50 000 p elo Serviço
Geográ fico elo Exército. A pri-
meira Carta do Brasil ao Mi lio-
Ver/en/e convexa .P nésimo foi feita pelo Clube de
E ngenharia e1n 1922 e retom a-
Verfenfe re//1/nea l da p elo Consel.bo Nacional de
Geografia, cubninando com a
Oesfa co·se ainda : recente publicação no ano de
(a colocação 1960.
Ruturo dedec/iye .! .I .I . 1 . I . f da seta indica A ca rta ao milionésimo na
l
.I . I . I . ! . I. o declive m a is projcção policônica é a que se
pron unciado). enquadra na recomendação in-
(os p on- ternacional para o conhecimen to
Rebor " d,o ve
-' h
roc o dura ~ sen tam to s r epre- ele nosso planêta ( Convenção
J 0 Internacional reunida em L on-
·· · · ld ec li ve dres em 1909) .
úm/fe de chapada --=' . i . i . 1 • i . ...- m ais a brup- Quanto aos sistemas de pro-
to ).
;eção, devemos salientar qu e o
Crislo --- - -rem prê!oJ globo ten estre artifidal é a ma-

R/o {p erene -?---


inferm/lenfe .---......> _ _ (emozu/J
fem ozv ! J
neira mais exata ele repersentar
o p lanêta Ten a, pois, guardan-
do a9 dev idas proporções, o
achata mento polar, que é ele
22 km não apa rece num glob o
terres tre pequeno. Nu m glob o
Laqo grande, cu jo diàm etro eq uato-
remozv / J rial fôs e de 10 metros, o raio
eq uatori al seri a exagerado de
F ig . J2C apenas 0,035 mm.

78 DlClON ,\ lU O CEOLÓG TCO - CEOl\·I ORFOLÓGI CO


folho (íoluro ou diÓC!ose que !êm
Influência no clireçõo dos vales
Folha com desn/vel
desn/veldo lado do /roço
Falho duvtdosa
" 1
Fro/uro --r-
Oidc!ases --
- --
-

D/reçào e mergulho de camadas

Mergulho perlo do horlzonfol


Mergulho perlo do verl/cal

Rexuros zzzzzz
/)obro rnonoclinal
Eixo anhdinal
!>obro úndino/
!Jobro onhcllno/
+
+-
eixo sindlnol [><.J [><] (><) [XJ

!Jobro /soei/no/
~
/)unas
moveis
{ fixas
6 I'"~ ·
r

/;r:··:
r. r. r...
Cuesfos \.__J '--J '---..1

Cone de dejeção

VIVO
fo/e'sia moria
{
de o!! /ndelerm,'nado l><J l><J I><J 1><1
Fi ~:. 12C
ntCJO:-J .•\H IO C:EOLÓG JCO-GEOl\ IQH FOLÓGICO 79
Terreno ponlonoso
(ta 1 v e g u e em
em azul; aspecto
Vale ponlonoso
{ morfológico e m
prêto) .

Terraços A representação de um a su -
p erfície esférica, num plano, como
é o mapa, traz forço samente de-
forma ções que podem ser de dis-
Vo/e encoi.xodo tâncias, d e áreas e de ângulos.
D êsse modo, quanto aos erros de
representação da T erra num
m ap a, as pro jeções podem ser:
Mormilo Eqü.idistantes - as que man-
têm as distâncias corretas .
E quivalentes - as que con-
servam a proporcionalidade de
áreas entre a superfície da T erra
e a do mapa.
Conformes - quando os ân-
gulos são iguais na T erra e no
Çuedos doquo mapa.
Para representar a esfera
num plano são utilizados os só-
Cos colo II I lidos desenvolvíveis; mais com u-
mente o cilindro e o cone ou num
só plano. D esta forma são cha-
madas respectivamente projeções,
S::;//o., coscofa, correde/ro cilínd1·icas, cônicas e planas ( azi-
mutais). (Fig. n. 0 13C).
O sistema de projeção que
exagera na direção dos pólos é
Mfeondrooboadonodoseco a de Mercator ou projeção cilín-
drica, usada nos chamados pla-
nisférios e nas cmtas mmítimas.
Os paralelos e os m eridianos se
Meandro obondonodo com cortam em ân gulo reto. A proje-
dguo e vegeloçõo ção de Merca tor foi usada pela
primeira vez no mapa qu e êsse
autor construiu em 1538.
No sis tema ele projeção d e
Socados recenfes Mollweicle, as proporções são res-
peitadas, havendo, no entanto,
uma torção dos continentes na
direção dos pólos.
J/ossoroco No sistema de projeção seg-
mentado ou de Goode, os parale-
los são horizontais, mas inter-
rompidos. Este s·istema ele pro-
!Jepressào fechado jeção é útil nas rotas comerciais.
O sistema ele projeção es-
tereográfico pressupõe o observa-
Cris!o apolocheono dor colocado em um ponto d a
superfície terrestre sitúaclo no
hemisfério oposto àquele em que
está o pon to de tangência. Ê ste
Cr/slo monoclinal sistema de projeção é comumen-
te usado nos mapas-muncli .
No que diz respeito aos sis-
temas de projeção ês tes têm
Oepressôo do âagulo de folha o •
Fig. n.0 12C - Algumas convenções utilizadas em ntapas
geomorfológicos.
Fi g. n. 0 l 3C - O desenvolvim e nto do g lobo: num cone, nu m c il indro e num plano.

p(mca importância nas escalas grandes, pois as cleformaçõe · nen1 podem ser cons·icleradas,
tendo em vista a pequ ena {trc:J que os mapas cadastrais 1·epresentam. Se fàr apenas um a
pequena parte do globo q ue tiver ele ser mapead a, un s 200 quilóm etros q uadrados, aí
então a clistorç>w será bem próxima ela própri a di latação e contração elo papel, não
sendo necess{uio grancl c,s pTeocupa çõcs. Por co nsegu inte, as deformaçõ'es relativas são
tão pequenas que, do ponto de vista gráfico são indiferentes ao tipo ele projeção.
As deformações produ zidas pelos sistemas ele projeção acarretam como conclu são que
111íO há mapa peTfeito . Js.to es tá em fun ção ela forma e elo tamanho da T en a.
As coo rdenadas geog ráficas vão definir, ou melhor, permitir a locali zação dos fatos
baseando -se na rêcle de paralelos e meridi anos. D o ponto de vista geográfico a noção ele
coord enadas é muito importante, pois, graças a ela podemos saber imediatam ente onde
nos encontramos. A noção ele locali zação espacial está ligada à 1·êcle ele paralelos e meri-
dianos, qu e são cí rcul os imaginários que cortam todo o globo. Entre os c írculos máximos
cit:Jmos os rne·ridian os e o equador c os círculos mínimos os paralelos.
O ensino elas coordenadas geográficas·, isto é, a noção ele latitude e longitude está
ligada no grande problema ela localização dos fatos na superfície do globo. A noção de
latitud e e de longitude é de grande importância para se localizar um acidente, uma ci-
dade, etc. Para o navegante esta noção adquire então significado todo especiaL Também
para o geólogo e geo morfólogo é indispensável à noção de latitude e longitude para lo-
calizar as suas obse rvações .
A orientação é a fonn a ele se determin ar a direção no terreno, ou melhor, no campo .
A direção é forn ecida pela TOsa dos v entos, cuja9 med1das são baseadas no sistema sexa-
gesimal, qu e é a divi s·ão do círculo em 360°. Os dois processos de orientação mais fre-
qiicn tcs são Sol e bússo la.
As conve nções são de grande importância, pois os· símbolos ç;on venc iona-is usados na
<'artografi a, representam o seu alfabeto, ou melhor, as palavras .
O tmna.nho d os símbolos e a sua general·ização estão em função das escalas usadas.
:'\a;; esca las geográfi c:Js os cmtógrafos são muitas vêzes obrigados a usar símbolos figura-
tivos convencionais. Como exemplo podemos citar a largura de rodovias e m esmo de certos
rios. Uma rod ovia representad a por 0,5 mm num a escala ele 1/ 1 000 000, corresponderia a
500 metros de lnrgura, e isto não corresponde à realidade. São rec ursos usados pela car-
tografia .

Dl CJON ,\ lUO GEOLÓ GI CO - CEOMO BFOLÓG TCO lll


A propósito das convem;ões- empregadas na Ca rta ao Mi lionésimo do Brasil podemos
dizer ftu e a simbologia usada ' produto da experi ência elos cartógrafo , acumulada ab·avés
dos ~·cuJos, obedecidas as recomendações intern acionais.
A 9 regras e m e todologia ela rep rese ntação cartográfica visa m a fac i li ta r ao leitor apre-
ender, de imediato, os fenômenos ma is importantes do terreno. Assim , as cores, as form as
e o tam anho de cada uma das co nvenções es tão agrupados com a tu êlc objeti,·o, por tanto,
cada símbolo eleve ser in terpretado de acôrclo com o seu próprio valor.
As côres básicas para as convenções planimétri cas são:

as Toca z-I C1a czes - { cidades, vilas. povoados,


lu ga rejos, cas~s ·
r
os lm.t•t.es - { internacionais, interestad uais,
Prêto _ 1 os limites de áreas
intermun icipais, interclistritais

as estradas ele ferro

1 as cultura9
símbolos di versos
V er·melh o _ { E !>ltraclas de rodagem carroçúveis
Caminhos
Rios
Awl - H idrografia Lagos
{ Pi'm tanos

V erde - Vegetaç;to
Quanto its co nvenções a ltirn,·tr icas, represe ntativas elo rcl(\vo, tem-se:
A ) Curvas de níve l ( côr sé pia )
B ) Hachuras
C) Côres hipsométri cas
D ) Sombreados
As c ur v a~ d e nível sã'l linhas inmgimhias que li ga m os pon tos situados na superfí cie
da terra a igual altitude.
Eqúidistâ:ncia 1·eal é a di stância verti cal entre dois plano~ sucessivos. A egüidistância
redu zida à escala do desenho chama-se eqii-ídistôncia gráfi ca. A expressão da a ltitu de por
algarismos cham a-se cota.
Em toda elevação as co tas elas curvas ele ní vel crescem ela periferi a p ara o cenb·o,
segundo um a proporção constan t - egü idistància. lo caso das depressões e dos va les
as co tas diminu em inversam ente d a perif-eri a para o centro. É interessa nte ressaltar gue
a eqi.i idis tância das curvas de nív I pode ser muito alterada, secrundo se tra te ele màpa
topográfico ou de carta a peq uena esca la. Na~ primeiras a eq üidistância é man ti da nor-
ma lm ente. Nas segund as, isto é, nas cartas geográ ficas, há grande fl exibilidade em fun ção
da genera lização adm itida pela esca la.
CARVÃO MINERAL ou CARVÃO D E PEDRA - é u ma d as formas pela qu al o elemento
carbono aparece na natureza ele modo abundante em certas regiões elo globo. O carvão
mineral resultou ela decomposição de grandes florestas gue existi ra m cm certas partes elo
globo terrestre por ocasião do p eríodo Carbonífero da era Primári a . A hulh a res ulta da
transform ação d a celulose elos vegetais q ue co mpõe as árvores pe la perda elo hidrogêni o
c oxigênio co m grande e nriq u cimento de carbono . Duas co rrentes principais procuram
explicar a origem do s carvões : a ) At1tóctone e b) A lóctone.
A p rimeira dess·as correntes - a utóctone - di z gue a hulh a é oriund a ela decomposição
d as grandes fl orestas no próprio local, enquanto a segund a a cons idera pro veniente da
sed im ntação d e detritos vegeta is carregad os pelas águas.
A principal aplicação do carvão é de servir como combustível, embora se possa também
ex trair clêle gra nde núm ero de subprodutos, como o alca b·ão, do qu al se des ti la o b enzol
ou benze no, xilol, toluo l, etc. Além clêsses produtos temos a inda o áci do fêni co ou fenol,
a nafta li na, etc.

82 DIC ION ;\ HI O GEOLÓ GICO -GEO:'>!OHFOLÓC:l CO


Quanto às co nd1ções pro pi C ia ~ à form ação elo carvüo 111.i.neral, isto é, carvão fóssil, tie-
vemos acentu ar o fato de qu e a ocorrênci a de terrenos de idade carbonífera numa área, nao
significa, necessàriamente, a existência de ca rvão min eraL
As jazidas d e carvão representam anti gos restos de vegetais· q ue foram t ra n s fo rm a d o ~
in sitt~, ou transportados a longas di stàncias (a utoctonismo ou aloctonismo). T rata-se ela
decomposição da celulose dos restos vegetais pelo enriq uec im ento em carbono e perd a de
hidrogênio, de decomposição esta em fun ção de bactérias especiais co mo o Micrococ11 s
carbo. Esta bactéri a é anaerób ia, isto é, morre cm contacto com o ar. Assim , a celulose
é destruíd a, perdendo grande parte elo oxig!:n io.
No p eríodo Carbonífero ex i ~tiu no sul elo Brasil um clim,l l[U e favoreceu o crcscim <: nto
de tais fl orestas, dando u ma vegetação exubera nte. Entre as concL ções favoráveis para o
acúmu lo elos restos vege tais podemos citar: um re lêvo pla no com lagos e pantanais ca paze;
ele permitir a d epositação da matéri a vegetal morta. Em ta is depressões elo solo, à se-
melha nça ele lagos. era preciso a existência de um ní ve l cl' úg ua sem grande mo vime nto
sazo nal, permitindo sempre o acúmulo ele novos resíduos e cobrindo sempre os rcto~
de vegetais mortos .
l\'o9 ca rvões húmicos há uma parte ele matérias minerais ( argila , areia, pirita ou
mareassita, etc. ) e um a parte de ma téri as combustíveis. Os carvões ele boa qua lidade são
os qu e co ntêm muito peq uena qu antid ade de matérias minera is, pois estas não qu eimam e,
também, roubam calor aq uece ndo-se até o ponto ele fu são . Ao estud ar as jazidas carbo-
níferas do sul do Bras il, bem pocler-se-á aquilatar dos problemas ele sua mineração e
de seu pleno aproveitamento, tendo em vista, principa lmente, a qu antidade ele matéri as
min erais qu e elas encerram, ou seja cêrca ele 30%.
Afinal ele contas, não é n ca rvão senão "florestas concentradas, por um processo na·
h1ral - o ela incarbonização - q ue elimina ndo o qu e era inútil elos tecidos vegetais, sob
o ponto de vista energéti co, concentra o (jue é útil e nos oferece ao uso, resguard ado através
de milh ões de a nos, nas cama das do subsolo. O grande surto da vegetação no período
Carbonífero foi poss ível graças <l unid ade generalizada e à riqu eza de anídrido carbôni co
na r.tmosfera ; ass im desenvo lveram-se as plantas de organi zação aind a inferi or - os criptó-
gam os vascul ares - sem fl ôres e fruto s, com seus caul es giga ntescos e folhagem robusta.
crescendo nas baixadas paluclosas e acu mu land o matéria vegeta l soterrada nas bacias s uj e ita~
a uma subsiclencia , q ue perm itirá a fo rm ação ele no,·a9 camadas ele matéria vegetal
acumul ada". ·
No sul elo Bras il , os ter renos ele idade perm ocarhonífcra vão desde São Paulo até
o Rio Grande elo Sul. A sé rie T-ub arâo nos interessa particularm ente e as ci nco camadas
estão, elo ponto de vista da geologia hi stóri ca, enqu ad rad as na idade do Carbonífero Su
per.ior; são estas· as camadas possui do ras ele ca rvão . Quanto à ori gem dos carvões ele Santa
Catarina, diz Putzer, qu e os mesmos tiveram sua gênese cm terra firme, se nd o form ação
límnica-lacustre, em bacias mais ou menos extensas, po rém rasas. Por conseguinte, aceita-se
um a formação terres tre predominantemente autóctone, para as camadas gonclwàni cas no
sul do Bras il. Pe la cliagê nese, a camad a vegeta l elos pàn tanos foi transform ada em carvão.
Na sua maioria, os ca rvões ele Sant" Catarin a são betumin osos, co m teor ele matéria voláti l
acima ele 25%. I lá algumas jazidas com carvão semibetuminoso ( 18 a 25%) e mesmo an-
tracitoso ( menos ele 18%) .
Do ponto ele vista geogrúfi co, a área ca rbonífera ma is importante ond e há a fl oramen-
tos no estado ele Santa Catar ina, corres pond e à zona da "depressão penn ocarbonífera",
locali zad a entre os planaltos de rochas do com plexo cri stali no, ou seja a chamada serra
do Mar a les te, enc1uanto a oes te tem-se os degraus c patamares ele rochas areníti cas e
ele efu sivas basálti cas qu e constitu em o q ue, generi ca mente, se chama a se rra Geral. A
faix a perm ocarboní fera elo sul elo Bras il for ma como qu <' um grande S, indo desde São
Paulo até o Ri o Grande elo Su l.
A zona ca rbon ífera catarinense tem um a fonn a aproxima damente rctan gu la r, com
1 500 km" ele área, comprecnclenclo os seguiJltcs muni cípios : Orleães, Lauro Müller, Uru-
çanga, Siclerópolis e Cri ciúm a. ( Fig. n° 14C)
O geólogo H . Putzcr, estu dando o prob lema das jaz idas ele carvão em Santa Cata-
rina dis-s e que a área carbon ífera pode estend er-se pela planí cie costeira e plataf01m a sub-
marin a, is·to no qu e d iz respeito à clireçiio ele leste p ara oes te ela grand e fa lha ele 1ãe
Luzia.

DlCIQ N..\ m o G'EO L ÓC I CO-CEO). I n H FO LÓG JCO 83


Fig. n .o J4C - Nos estados do sul do Brasil podernos encontrar a 1niuc ração do carvão fe ita em moldes
industriais. ou a simples gadmpa g:cm. Ta foto acima vê-se a bôca de u'a mina de carvão de pedra
d e propried ade da Companhia Sidc rlwr).!ica "acional, no estac1o d e San ta Ca tarina.
(Foto Cnm panl1 in Sidt· rúrg ica Nacional )

E sta última afinn ativa prende-se ao sustentáculo ele que, num furo de sondagem a
oeste ela falha, realizado em 1953, a 195 metros de profundid ade, há uma camada re-
cuperável ele carvão com 1,66 m ele espessura.
A séri e Tubarão foi bem es tudada em um trabalho fundamenta l J e \Vhite, em 1908
r1ue deu este no me à série, tendo u ma espessura de 248 m, devielida em :
Grupo Bonito, com 158 metros;
Grupo Palem1o, cem apenas 90 metros.
O Grupo Bonito, que nos interessa pela sua importància cconô mi ca, I. C. \.Yhite o definiu
como composto de camadas arenosas e argilosas, com preponderância das p1imeiras de flora
de glossopteris e de camadas de carvão. D evemos acentuar que a flora de gloss<>pteris-gan-
gamopteris teve, naturalmente, sua evolução condicionada ao lima severo que vigorou
durante a época Itararé. Nessas condições, a vegetação produziu tipos de minguados te-
cidos e il1aptos para gerar valiosos depósitos de carvão.
Coube a \ .Yhite a primazia ele discriminar cinco camad as de ca rvã o, assim denomin adas:

1 PONTE ALTA
2 BARRO BRA c o 900 milhões de toneladas
3 IRAPUÃ 10 milhões ele tonelad as
4 TREVIS O
5 BONITO 260 milhões de tonela<las.

84 DICIONAmo C: EOLÓC:JCO-CEO:O.IOHFOLÓC ICO


As camadas Treviso e Ponte Alta, até o presente mom ento, não apresentam maior
va lor econômico. A camada Barro Branco f: a mais importante, eonstitnindo mesmo a
base da exploração industrial do ca rvão ca tarin ense. Com uma rese rva de 900 milhões
de ton eladas, se ad mi tirm os uma prodnção de 3 milhões de t/ anua is, aqu elas jazidas p er-
mitirão a exploração durante 300 anos.
Um perfil típico da camada Barro Branco, mostra os problemas da min era ção que
têm de ser soluc ionados, lendo cm vista o tipo de nossas j az ida ~ . As ca madas de cim.1
para baixo apresentam:
1 6 cm de folh elho prêto
»
2 24 ca rvão
»
3 17 " folh elJ1o prêto
4 7 " carvf\o
»
5 30 " fo lhelho escuro e prêto
» »
6 24 argila ( Barro Branco)
»
7 18 ca rvão
,. »
8 6 fo lhelh o cin za
»
!:) Jl carvão
»
lO 2 " fo lhclho
11 8 " ca rvão
»
12 32 " folhclho cin za e prêto.

O ca rvão ca t:1rinense send o o úni co, até o mom ento, a forn ecer o carvão meta lúrgico,
signi[i.ca possuir quantid ade elevada de hidroca rbonetos pesados.
O engenh eiro Thomas Fraser, do "Bureau of Mines" assim se refere ao ca rvão ca ta·
rin cnsc : .. Apesa r de tôdas· as dificuldad es técni cas, provenientes do a lto teor de cinzas e de
<·nxófr e, a q ualidade coqueifica nte, excepcionalmente forte, desse carvão Barro Branco, s u a~
ade<Ju adas reservas e sua locali zação em re lação aos mesmos depósito9 de min ério d e ferro
de alto teor, excepcionalmente grandes no Bras il , bem podem colocar o ca rvão catari11ense
entre as m~ü s importantes reservas de ca rvão coqueifica nte do mundo, nas d écadas futuras ' ·.
CARVAO DE PEDRA - o mesmo qu e canx7o mineral (vide ) ou hulha .
CASCALHO - têm1u popu la r usado colllo sim\nimo de seixos (vide) . D enom ina-se tam -
bém de cascalho aos depós·itos a luviais <[Ue contêm diamantes e ouro, loca Li zados no leito
do ri u (Fig. n. 0 l5C ) . Aos d e pós ito~ alu viais cHamantíferos c auríferos, situados no leito
maior ou em terrenos mais a ltos denomina-se de g-rupia.ra c go·rgulh o.
CASCALHEIHA - relativo ao depósito de cascalh o (vide) . No Planalto Central encon-
h·am-se cascalheiras (seixos) ern di.ver;;as :íreas . Estas cascalh eiras estão em diversos níveis
,. aprese ntam aspectos bem difere nte~; uma elas outras, havendo muito que esclarecer do
ponto d e vista geológico.
Na Amazô nia as cascalhei1'0s s::ío clepôs ilos de concreções latcríticas, ou mesmo crostas
ern exploração para constru ç·ões .
CASCATÁ - sucessfto d e pequ enos saltos em um curso d 'úgua onde apa recem blocos d e
rochas. Uma c,tsca ta represe nta uma certa quebra na un iformid ade elo declive e é expli-
cada pela res istência oferecida por cert as soleiras ou bancos de rochas mais resistentes à
f' rosão." O rec uo da cascata S<:! faz de jusante para montante, por ca usa da erosão re-
montante.
"CASCO DE TARTARUGA" - denom inação regional pouco co mum , mas usada por certos
autores como sinôniino de " m eia laranja" ( vid <>) .
CASSITERITA - óxido de e. tanho, cons tituindo hoje um m ineral estratégico de primeira
grandeza. Ocorre na superfí cie d,a terra sob du as form as : a) cm p egmatitos, b) em alu-
viões, associadas geralmente it tantalita e à columbita.
J-I:í pegmahtos qu e fornecem exclusivamente cas;;iteri ta, outros qu e dão apenas tanta-
lita e columbita, e outros nos quais se verifi ca o apa recimento da cassiterita e tan talit a
m proporções icru ais.
A cassiterila consti tui o úni co minério exp lorado para a p rodu c.; iío ele estanho.

D IC lO NÁ.n iO C"EOLÓCICO -CEO:t.'lO llFOLÓ CJCO 85


Fig. n .• 15 - CascaTho diama n tlfcro n o rio Poxoréu , no estad o d e Ma to Grosso, sendo trabalhad o
pe lo processo antiqu ado da garimpagem .
(Foto Tihor )nblonsky do CNG)

TA ou ATRA - na linguagem dos garimpeiros, com preenJe-s como o buraco, por


\'êzes profundo, ou mesmo lavra, escavado para procura do diamante e ouro.

r L ASE - ação dinâmica realizada pela orogênese (vide) produzindo uma tritura-
ção ou fragmentação das rochas, sem a presença de uma temperatura elevada, capaz de
recri talizar a massa, como ocorre nos casos de dinamometamorfismo termal. Por conseguinte
no metamorfismo cataclástico tem-se uma estrutura de rocha cataclá tica, isto é, triturada.
CATACLI AL (rio) - o mesmo que rio conseqüente (vide).

CATA LT MO - antiga teoria seguida pelos geólogos, que procuravam explicar as di-
ferentes formas de relêvo que aparecem na superfície do globo às transformações súbitas,
ex.: dilúvio universal, afundamento da Atlântida, etc.
A doutrina dos cataclismos ou catástrofes foi devida principalmente ao sábio hancês
uvier que procurou explicar a extinção da fauna e flora de certas regiões por causa dos
catacli mos ou catástrofes (vide). Os geólogos por analogia, transpuseram essa teoria para
o seu campo de estudo e passaram assim a explicar as transfom1ações da paisagem física
por intermédio dos cataclismos ou catástrofes. A teoria oposta a esta é a do atualismo
( ide).
TAD PA - denominação pouco comum usada por certos autores, como sinônimo de
catarata (vide).

86 DIC! O 'Á RIO C:EOLÓGICO-GEOMORFOLÓGICO


CATAl\lORFISMO - denomin ação propos ta por Van Hise ao co njunto de processos que
acarretam a des truição d as rochas. Na atu alidade corresponderia a m et eo rização (vide)
das roch as. Todavia é necessá rio acentuarm os <"JU e Van Hise co nsiderava o catamorfismo
como p arte do n tetamorfi smo.
CATANDUVA - no me pop ular dado a terras p obres (S ão Paulo e Paraná ) qu ase sempre
arenosaY, qu e s,~l podem se r c ulti ;~ d as esporàdi camente ,~ com , ;es ult ~,do s fracos. São, terras
ptores q ue as de cultu ra d e za , m as melhores que campo ou ca mpo cerrado . Nas
análises s-alta aos olh os o baixí.ssimo teor de fós foro assimilável, o teo r de húmus e o
pH s-ão gera lm ente também muito baixos.
CATAH.ATA - qu ebra ou degrau no pe rfil lon gitudina l de um ri o, produzindo grande queda
d' águ.a (vide).
CATÁSTROFE ( teori a) - o mes mo q ue cataclismo (v ide) . E sta teoria se eleve a
Cuvier e domin ou no sécul o XVIII. O catacl'i smo é u ma grande co nvulsão da natureza,
imprimindo assim rápid as transfo rm ações. As form as ele relêvo seriam explicadas por grand es
e violen tos movim entos . A ex tin ção ela fa un a qu e ca racteriza certas formações se eleve ao
fato ele q ue a hi stóri a da T erra se marcou por catás trofes bruscas e ele grande amplitude.
As diferentes tran s forma çõe~ por qu e p assou a superfície do planêta, tinh a com o causa,
segundo es ta corrente de estudo, um a séri e de ca taclismos, fru.to de fôrças v·iolentas e
desconhecidas. O grande êrro elos ca tas trofistas residiu no fato de não terem levado em
conta o importante fator tempo gco lógic:am entc fal and o. Ta mb ém na gco morfologia não
se pode desprezar o fa tor tempo.
CATAZONA p arte mais profun da ela litosfera onde as roc has são transform ada s· p elo
metamorfis mo; as partes ma is superficiais são chamadas de mesozo na e ep·izon a (v ide).
A ca tazo na é caracteri zada por ter as mais elevadas temperaturas e as mais altas
pressões. As denom in ações catazona , m eso zona c epizo na s·ão devidas a C rubemann.
CATENA - sucessão ele tipos de solo, desde urn es-pigão ou q uak1u er p onto alto, até o
fund o do vale o u da plan ície, variando ele acôrdo com a posição topográfica; indep endente
ele sua g<"nese. Isto significa q ue os perfi s ele uma catena podem ser feitos em so los aluviais,
coluviais·, e residu a is, etc .
CATIVO - d enomi naçiio usad a p elos garimpeiros p ara um sa télite de di amante constí·
tu íclo ele frag men tos ele mn mineral ele com posição quími ca igual ao rutil o - o anatásio,
a parece ndo em c ri stais de côr cin ze nta . Qu ando a côr é averm elh ada os ga rimpeiros deno-
m ina m catico de cobre.
CATIVO D E COBRE - (v ide cat ivo ).
CATóGENA - clenomi na ç·ão dada p or Kalkowsky para as rochas sedimentares, form adas
p ela ação da gra vidade . Como exem plo, podemos citar, as brecl1 as sedim entares, locali zadas
c m talu de9 ele mon tanh as .
CATRA - o m esmo qu e cata (vide) .
CAULIM - argila pura , de côr branca res ultante da deco mp osic;ão dos feldspatos por efeito
da hidratac;ão. O caulim é explorado, p or vêzes , cm veios ele pegmatito form ando m ateri al
para a produção ele p orcelanas . No es tado de Santa Ca tarin a ex iste, en tre as ca madas
d e carvão, u ma argila cla ra denominada de barro branco, qu e está send o utilizada p ara a
fabricação de louça9 e vários outros produtos. Na fabricac;ão ele cerâmi ca fin a o caulim
é o com plemento ind ispensá vel elo felclsp ato. É consu mido tamb ém na indústri a el o p ap el.
No Bras il as áreas prod utoras mais importantes são as do sul ele Min as e a el a zona d a
Mata, ( Fig. n .0 l 6C) q ue abastece m o mercado do es tado el a C uanab ara .
C AULINIZAÇAO DOS FELDSPATOS - deco mposição dos felclsp atos (s ilica tos aluminosos)
da~ roch<.s, em a rgila.

CAUSTOBióLITO - roc ha sedimentar combu s-tível cons tituíd a p or res tos de organi smos
vegetais, ex.: carvão, li nh ito, petróleo, etc. As rochas dêssc ti po são tamb ém cham ada fi.t o-
gên-icas ou fi tólitos.

D t.CIONÁHIO CEOLÓCJ CO · CEOl\ l OHFO L ÓC I CO 87


Fig. n. 0 16C - Jazida de cau1im, e1n exploração, 110 111U11icípio de Bicas, 110 estado de Minas Gerais.
(Foto Tihor Jablonsky do CNG)

CAVERNA - concavidade subterrânea profunda, o mesmo que gruta (vide), comum nos
terrenos calcários.
CENOZóiCA (era) - compreende tôda a história física da terra decorrida após o Meso-
zóico. Esta era tem a vida inteiramente diferente da que lhe precedeu, com rápido desen-
volvimento dos mamíferos e o desaparecimento dos grandes répteis e dos moluscos cefaló-
podes.
Alguns autores costumam separar esta era em duas: Terciária e Quaternária. Esta
divisão em duas eras ou em dois períodos é uma questão que depende apenas do ponto
de vista do pesquisador.
A era Cenozóica, T erciária ou Neozóica compreende os seguintes períodos:

Terciário superior Plioceno


ou neogeno Mioceno
Cenozóka
Terciário inferior Oligoceno
Paleo)!eno, Numulítico Eoceno
ou Eogeno Paleoceno

Quanto ao Quaternário, alguns o separam do Terciário por ter sido no seu início que
apareceram os primeiros hominídeos. Alguns a denominam também da era Antropoz6ic<J
ou Psicozóica. Além do aparecimento do homem, a era é marcada pelas grandes glaciações.
Do ponto de vista estratigráfico não há nenhuma discordância entre o Terciário e o
Quaternário, poden.do-se considerar êste último como a continuação daquele.

88 DICIONÁRIO GEOLÓGICO-GEOMOHFOLÓGICO
O termo T crciúrio foi adotado a partir dos meados do século XVIII , pe lo professor
G. Arduino da Un iversi dad e d e Pádua na Itália, qu e começou a fazer a di visão dos tl' rrc-
li OS do su l dos Alpes .
As tran~gress õ es marinhas dessa era, embora importantes, não foram tão extensas como
as regis-tradas no período do Orclovieiano (Pa leozóico infe ri or ).
As roc has d essa era não são muito consolidadas, e os grandes movimentos ela t·ewlução
alpina p erturbaram as camadas elos grandes depósitos el o!> geossinclinais. A revolução a lpina
se processo u desde os fin s elo Cretáceo até o Plioceno. Os paroxi smos dessa revolu ção se
fi zeram sentir em diferentes períodos . A cadeia dos Pireneus, por exemplo, surgiu antes
do soerguimento da cadeia dos Alpes.
O clima dessa era é mais ou menos uniforme, tomando-se m ais frio , chegando fina l-
mente às g laa.iações, já RO fim do T erciário. No hemisfério sul as glaeiaçõe9 foram limitadas .
O Terdú rio é a idade d os mamíferos, pois verifi ca-se o grande desenvolvimento cl ~ tes
animais bem como co mpl eto desaparecimento dos grandes répteis que dominaram no Me-
sozóico.
Ale m da teoria da trans laçiio dos continen tes não podemos deixar ele referi.!· a da3
pontes continentais, nas migraçõe~t elas es pécies e nos seus isolamentos.
Os protozoá ri os são representados por form as gigantescas q ue chega m algumas vezes
a alcançar 4 a .5 centímetros, os numuli.tes. Os seu~t depósitos deram fo rm ações ele cal átio,
muito importa ntes, sendo ~s t e materi al utilizado em construções co mo as célebres pi ri1mid es
do Egito.
Na flora há o domínio q uase absoluto das angiospermas e na~ regiões temperada,
existia uma vegetação s-emelhante à elas regiões tropicais ahtais.
Os terrenos terciários no Brasil ocupam um a superfície total ava liada em l 352 675
quilômetros quadrados, i~to é, cêrca de 15,88% do território nacio na l. Reco brem grandes
áreas elo baixo pla na lto amazànico e ma ranhense, e zo nas litorâ neas desde o Maranh ão até
Campos c i\lacaé - no estado do Ri o ele Janeiro. Não se pode deixa r ele co n~id erar ainda
as bacias terci{u ias do médio Paraíba elo ui, ela região do vale elo Araguaia (afluente elo
Tocantins) e tam bém ela bacia do Tietê onde se encontra a cidade de S~to Pa ulo, e a de
Ga ndarela em Minas.
Na bacia elo Amazo n a~t, há a forma ção Pebas, série das Barreiras, formações i\ !anaus,
Puca, Rio Branco e Pirabas.

CENTROSFERA - denomin a ão usada por algu ns autores p ara a parte ce ntra l ela T erra,
o mes mo que nife (vide).

CÉRIO - (vide m ona;;ita ).

Cf.:RRO - denominação regional usada em certas áreas do Brasil para as peq uenas ele-
vações ou colinas, mais ou menos irregul ares, cuja altitude não ex<.:cd e a uns 50 metros,
apresentando vertentes ac identadas.

CHAMINÉ - na linguagem dos excursionistas e tamb ém de certos geógrafos, ao descreve-


rem as pa isagens d e montanha, compreende-se, como grandes fendas através das quais
podem subir, ou melhor fa zer escaladas em certos casos. Não se deve por conseguinte
confundir es ta noção, com a chaminé vulc(1nica ( vide) .

CILAMINÉ ENCASTELADA - o mesmo que pirâmide ele fada ( vid e) , piri!mide d e te·rra
ou clemoiselle.

CHAMINÉ VULCÂ 1ICA - fe nda ou canal por onde es-capam os gases c o magma qu e
vêm do interior d:t crosta terrestre; põe portanto em comunicação a massa magm áti ca com
o exterior. A chamin é é uma elas partes componentes de um vulcão.

CHÃO DE VALE - parte plana e suavemente inclinada para o fundo elo vale ou elo ri o.
O chiio de vale engloba, por conseguinte, as terras marginais do leito maior e também
os baixos terraços•, q uando ês tes existem num vale de frmdo chato (vide r;ale) .

D[CfO N .·\mo G'EOLÓC:J CO - GEO MOHFOLÓGI CO 89


O chüo Jc vall' só se cl<·sc' nvoh-e qnanuo o rio at in ge o eslúgio de mad urc:t a, cu me-
<;ando, por consegu inte, a inc enti,·ar mais a erusrln de solapumcnto ()11 latem/ en1 cletri -
tllcnlo da .crosao \'crtical, qu<: predomina no e:.túgio da jun'ntnd c,
.•·
CHAPAD A - denominação m•tcb no Brasil para as grandes superfície'!, por vêzes horizon-
t:cis , c a mais d e 600 nwtrus de altitud e 'lue apa recem na 1\egião Centro-Oeste do BrasiL
Também no :\'orclestc Oriental existem várias chapadas res iduais, ex. Araripe, Apodi , etc.
A~ chapadas silo constit uídas , em granel e p arte, por ca madas c:le aren ito (F ig. n. 0 17C) , A
uma succssüo ele chapadas, d enom ina-se de ch apad<lo (vid e) .
Do ponto de vista geomorfo lógico a chapada é, na realic:lade, um planalto sec:limentar
típ ico, pois trata-s·e ele um acamamen to es tra tificado c1ue, em certos po ntos, está nas
mes mas cotas das superfíci e d e erosão, ta lhadas em rochas pré-cambrianas .
As camadas q ue fonna m a~ estruturas sedimen tares elas grand es chap adas elo Centro-
-Oes te, eram consideradas, até b em pou co tempo , como co nst ituíd a~ d e rochas p erte ncentes
ao Cretáceo. No nôvo mapa geológico do Brasil d e 1961 , no entanto enc:J ntram-,·e no
\1 esozóico indiviso. As bordas d o planalto sedim entar (chapada) são crodidas pelas· (cguas
das chuvas dando aparecimento a gratas, grotões (vide ) ou ravi nas .
A grande "serra" do chamado Espigão 1vi estre, <1ue no p assado se julgava a espin ha
dorsa l do relevo brasileiro, é, na realidade, um ex te nso chapacl:io, clivi;:ür d e águas entre

F ig . n. o l7C - A nordeste da cidade d e Cuiahá existe uma importante chapada constituída de art>nitos
Uevo nian os , cujos estratos m e rgulha m n a direrão de N W. A escarpa é abn1pta e m v irtude do fato de
se re n1 as camadas superiores constituídas de rochas n1ais resistentes à e rosão. Embora a chapada dos
Guimarães te n1Ht um es trutura inclinada, o s eu tôpo é plano . - O fl an co sul d a •·cuesta " dos Gui-
marães é hastante festonado por pe que n os rios obseqüentcs, que fu ncionam apenas n a época do •· .in-
verno"' . - O solo do tôpo d a chapada dos Gu imarães é bastante arenoso, apresentando mesmo vários
lrcchos de areões. com escassa vegeta çã o d. e campo. T odavia, na maior ::Írca da chapad a o revestime nto
vegetal mais im portan te é o d e cam po cerrad o.
(F oto I. Faludi )
as bacias do Toca ntins e do São Francisco . No extenso chapadão do Espi gão Mestre, a
desintegração do arenito Urucui a dá ap arecimento a grandes areões - solos estérei9 -
D eve-se aí citar o fato de existir águas em endadas (vide ), entre os l'ios Sapão, afluente
do Prêto (b acia do São F rancisco ) e um aflu ente do rio do Sono (bacia do Tocantis) o
·~u e mostra a indecisão da linha di visora de águ as em tal tipo de relêvo.
No Nordeste brasileiro as chapada9 podem corresponder a verdadeiros testemunhos
da antiga cobertura cretácea dessa área. Constitui o q ue se denomin a chapada 1·esidual
(vide) . Como exemplo típi co, p odem ser citadas a chapa da do Ara ripe, que se localiza
11a zona fronteiriça do Cea rá , Pernambu co e um pequeno trecho se estend e para o estado
do Piauí, e a chapada do Apodi, entre o Ceará e o Rio Grande do Norte ..
CHAPADA RESIDUAL - testemunho de forma tabular que identifi ca, do pon to de vista
morfológico, a ex istência de um ca peamento (vide t estemunho) . No pedi plano do Nordeste
brasileiro aparecem alguns exemplos de porções de arenitos cretáceos q ue cobriam o "Es-
cudo Brasileiro", e qu e hoje fo ram inteiramen te desgastados p ela erosão, deixando alguma9
chap adas residuais ( testemunh os) , ex.: chapada do Apocli, do Araripe, etc.
CHAPADÃO - t êrmo regional utili zado para uma série de chapa das ou planaltos de su-
perfície 1·egular q ue aparecem nos estados ele i'vlato Grosso (Fig. n° 5G ) e Goiás, princi-
palmente. ( Vide chapada) .
" CHAPEIRÃO" - o mesmo qu e Tecife isolado ( vide ·recife ), isto é, um a ilha produzida
p elo depósito de pólipos.
CHAPÉU D E FERRO - co ncreções superfi ciais de limonita denunciando a existência, em
. profundidade, dum vieira ond e se enco ntram mum is ferrífem s r1ue sofr eram alterações
( piritas, por exemplo ) .
CHARDANGS - o mesm o qu e yanlangs (vide) .
CHARNEIRA parte mais con vexa ele um anti clíneo . ( Vide crista de ant-icNnal ) .
CI-IARRIAGE o mes mo q ue lençol de a1'J'astamento (vide) .
CI-IEBKA - nom e dado no Saara à topografia que se assemelha aos bad-lmuls (vide ) .
No Saara ocidental é onde se encontra um a 1·êcle de corredores formando a chebka mais
característica. Todavia, sua origem parece ter-se reali zado durante um período de es-
coamento no rmal, ocasião em que foram abertos os corredores· ou sulcos. Com a desorga-
nização da drenagem após a degradação. E sta topografi a co nstitui u ma possível prova de
variação climática. Ch ebka, por conseguinte, é a denomina ção dada às superfí cies forte-
mente clissecaclas, no lingu ajar árabe ocidental.
CHERNOZEM - o mes mo q ue t chemoz ion ( vide) .
"CHEVAUCHEMENT" - o mesmo que aca.valamento ( vid e ) . Não s-e eleve confundir o
acavalam ento com o lençol ele a.nastam ento ( ·n appe de charriage ) embora em certos aca-
valamentos o fenôm eno ela carreação seja realizado. Porém, nem. todo acaval amento é acom-
panhado de carreamento.
CHIFRE-DE-BOI - denominação usada p elos garimpeiros p ara pequ enos sei..xos rolado ~
ele siliman ita ou de fibrolita qu e apa recem nas formações diamantíferas. Êstes satélites dos
diam antes constitu em mineralogicam ente um silica to ele alu mínio. Os chifres-de-bo·i. são
comuns nas areias do rio Jeq uitinh onha.
CHISTO - grafia outrora aclotacla por alguns geólogos ( vide xisto ).
" CHÕRO" - denomi nação usad a no Ceará para as p equenas fontes, q ue apa recem, por
vêzes, nos sopés elas chapad as res-iduais, como Ara ripe.
CICLO DAS AGUAS - o mes mo q ue ciclo hidrológico ( vide) .
CICLO D E AGRADAÇÃO - o mesmo que ciclo de sedimentação ou de depósito, corres-
ponde à litogênese de gcólogo9. ( Vide ciclo geológico) .

D l CJO N ,\RJ o C EOLÓGJCO-C EO i\ J OHF OLÓ Gl CO 91


C ICLO DE DEGRADACÃO - o mesmo qu e p ríodo de desn ud ação ou fa c gliptogenética
de um ciclo geológico (vide).
CICLO DE EROSÃO DO RELÊ O - denominação dada pelo geógrafo \V. Morri9 Davis,
às diferentes fases por que passa o relevo de uma região - in ventude, madureza e velhice.
A noção de ciclo de erosão introduzida por D avis nos estudos geomorfológicos constituiu
uma si. temati zação ideal. Esta, porém, tem sido motivo de grande dis-cussão entre os es-

Fig. n.o lSC

pecia!i tas . A tendência m•>dern a de granel ·


n{mlero de autores é co mbater sis-temàti ca-
mente a noção dos diversos estágios atra-
vessados pelo relêvo. Porém, ao h·atarem
da descrição física da paisagem recorrem
gera lmente à idéia engenhosa do grande
D avis.
A primeira fas-e, isto é, a iuvent11cle,
é caracteri zada por form as de relho altas
c muito aguçadas cm grandes montanh as; a
madmeza por formas simples - planaltos;
e a velhice por planícies, peneplanos. (Fig.
n. 0 18 e 19C) Por co nseguinte o ciclo de
erosão, em linhas gera is, pode ser conside-
rado como a transform ação de wn a região
montanhosa em um peneplano, segundo as
condições ideais.
CICLO EVOLUTl O DO RELÊVO - o
mesmo que ciclo de erosão (vide ), ciclo
geográfico - primitiva denominação dada
por Vv. M. D avis ao ciclo evol11ti.vo ou
geomórfico. Hoje com um cnte chamamos ele
ciclo ele erosão do relêvo ( vide).
CICLO GEOLóGICO - compree nd e-se
como as três fases q ue afetam o relêvo da
crosta terrestre: litogênese, orogênese e
gliptogênese. Um ciclo geológico só está
completamente realizado quando as trcs
fases se processarem. Pode-se, por exemplo,
Fi g. n.o 19C - Ciclo de erosão, 1nostrando sucin- ter várias fas es de orogênese e de glipto-
tame nte a e volução das formas, desde a juventud e gênese: que constituem diversos ciclos de
até a fase fin al de senjlidade, passando pela in-
lt>rmediária, isto é, a maturida de . erosão, p orém todos contidos dentro do

92 DICJO NÁRIO CEO LÓCJ CO-CEO!\IOHFOLÓCJCO


IIH'S Jn o c iclo geo lóg ico. A fase que ass in a la a ex istênc ia de un 1 IIli\ o cic lo ~eu lóg ico é a
lit o~i"m· 'L'. O qu ad ro q u e da mos a bai ~o fac ilita a co mpree nsão.
litogi'·nese
{
I
1.0 c iclo d P r·rosfio oroge nese
gliptogê ncsP
J.O c ic lo geo lóg ico 2.0 c ic lo d t• c ros:io J o ro gênese

l I
n .,
>). cic h> ele <' rosn o
I gl iptog& nesc

{ glip togê uese


oroge nesc·

litogcn csc

20 c icl o geo lógico


l .. . cic- lo de c·n )sào
{ orogPncse
g1iptogênese

2.J c ic lo de erosão { orogênesc


g liptogêncse
O ,.,t udo d o c iclo geo lógico é ma is importante p ara as :'trca,; lito dn ·as, do qu · a ·
situ adas a g rand e distância elo m a r. Ali ás as fases ele litogt\nese, ele orogêncse c g liptogênese
~fio iu d i, pensá ve is p a ra se co mpreender o d es locam ento ele li n has li torâ nea:.. A morfologi:1
litorâ nPa oferece co m m a is f reqii ê nc ia n existencia ele c iclos geo lóg icos p or cn usn d as vn-
ri a~·õ< ·s •·x i, tt•ntc, e n tre o ní ve l el os ocr•: tnos c o cl e1s te rras, no d ecorre r chs <'ras geo lógicas .

C ICLO CEOl\ IÓHFICO - o mes mo q ue cid o de erosüv ( ,·ide) .


CICLO CEO l\ lORF OLóCJ CO - o mesmo q ue ciclo de erosiio ( ,·idt') .

-r -r + +
;- + + +
+ + ;- +
t +
+
l v a p~ roç â o + + +
;-
rtr N. c
+
-r
+
+
+ ;- +
+ +
;-

+ + +
+ ;-
+ 1- +
+ + ;- + + +
+ + + +
+ ;- + + + +
F i;.:. n .f• 20C - C iclo das :Í g u a~ . - 1 ) Len çol de escoamt• J·.t o s upe rfic ial; 2 ) F il ê tc tlc infiltra<;fio :
3) Cclc ir:Js; 4 ) Neve.

CICLO lll DROL óGICO 011 C ICLO D AS ÁG AS - tem ori gem na c,·a por:u;:'lo. As águ as
da. ch1n as ao ca írem na s11pe rfíc ie d o so lo tomnm os segui ntes d es tinos: u mn p a rte pode
infiltrar-:-t·. 011tra co rre r 'upe rfi cia lm<' ntc. e e ut ra evaporar-se, retorn a ndo i1 a tm os fera
p a ra co nstitui r u m nôvo cicl o ( Fi g. n .0 20C).
CICL O OHOGENÉTICO - co nju nto d e movi mentos qu e levam ao soe rg uim ento d e ca-
d eias d e monta nha s, inte rca la dos com pe ríodos anorogenéticos ( Vid e diastrofism o).

I l C: IOl',\ll iO c :EoL. ÓG I CO - GEO~ I O i lVO I.ÚC I CO 93


CICLO VITAL - denominação dada pelo geógrafo \V. Mo rri ~ D avis às diferentes fas es
p or que passa o relêvo de uma região, ou m ais especificamente à evolução d a rêde hi dro-
gráfica. Não se deve todavia confundir ciclo vital com o ciclo hidmlógico ou ciclo das
águas (vide) . No caso dos lagos o ciclo vital é explicado tamb ém segundo três per íodo ~ :
ju uentude, q uando o lago recebe mais águ a elo que perd e; matw·idade quando existe certo
equilíbrio en tre os recebim entos e perdas de água, e a velhice quando a água é evaporaclu
em mai C\r quantidade que a recebida. Neste último caso o lago vai-se entulh ando aos
poucos e o res ultado fina l é a colmatagem completa elo antigo lago.
CI ÊNCIA D O SOLO - o mesmo q ue pedologia ( vide) .
CIMENTAÇ ÃO - agregação de grãos ele areia ou fragmentos ele rochas tornadas coerentes
por um cim ent o, que pode ser d e nah treza silicosa, argilosa, calcátia ou ferruginosa. Neste
último tipo enco ntramos os alias que aparecem na base das dunas na região das landes
francesa~ .. O processo ele cimentação não é contín uo, varia com as condições climáticas
e geograf1cas.
A cim entação das p artículas sôltas é um processQ q ue se desenvolve durante e após
a form ação do depósito, em virtude das substâncias trazidas em solução, em suspensão.
ou for madas no próprio local. Os processos ele cimentação s-ão muito variados, algumas
vê7<'S se estendem a tôcla a espessura elas camadas, outras vêzes ficam restritos à p arte super-
fi cial. A natureza elo cimento é muito importante p ara el\1)licar a resistência elas ueo-rochas
à erosão difere ncial. Um rocha, de cimento calcári o p or exemplo, resi9tiJ:á menos à ação
do lençol de escoam ento superficial que a d e cimento silicoso ou ferruginoso.
CIMENTO - p roduto obtido da calcinação de ca.lcári o e materi ais argil os o~ em proporções
previam ente estabelecidas .
Qu ando o calcário é m ui to puro, como o caso do afloramento de Cachoeiro do Ita ·
pemirim (Esp írito Santo) os t ' cnicos adicionam ma ior quantidade de argila.
H á três ca tegori as ele cimento: cimentos artifi ciais (cimento Portland, que co mpreende
cinco tipos·); 2 cimentos naturais e 3 cimen tos ele escória.
Co nstitui o cimento importante produto m1ado nas constmções ele alvenaria, pontes,
pavimentação d e rodovias etc. Sua fabricação é a que mais utiliza o calcário, no Brasil. A
i n clú~tria do cimento tem-se desenvolvido muito no p aís, por causa elo grande n{un ero de
construções. Neste particular deve-se p ôr em destaque o grande consum o de cimento pelo
mercado intern o. No quadro mundi al a cifra irrisóri a de 1% é o quanto corresponde à
produção brasileira, que em q ualidade ( Portland ), é igualável, aos m elhores do mu ndo.
O valor da p rod ução de ciJ11ento no Brasil está abaixo apenas do da indústria de
ferro e aço, situando-se, significati vamen te , acú11 a d a de carvão e ouro, qu e se colocam
entre as m aiores.
As p rim eiras tentativas para fabricação de cún ento no Brasil datam do fim do século
XIX, ou mais exatamente, 1889, q uando o Com end ador Antônio Proost Rodovalho, instalou
uma fá brica, na fa zend a Santo Antônio, de sua propriedade. Os empreendim en tos pioneiros
l'racassaram por carência de recursos, aliada certa mente à d eficiência de técnica.
A primeira fú brica q ue produziu em larga escala, foi a Companhia Brasi leira ele Ci-
mento Po rtland , qu e lançou a marca Perus, no ano de 1926. Após, êste primeiro sucesso,
outras fábri cas começaram a entrar em funcionamento. Em 1963 a indústria de cimento
no Brasil era consti tuída por 29 fá bricas, situadas em 13 unidades da F ederação. Uma
das fábricas m a i~ modern as é a ele Aratu , na Baía ele T odos os Santos, e trabalha com
o caldá rio de conchas e corais tirados elo fund o da enseada de Aratu .
Na di stribuição geográfi ca elas fábricas de cimento constata-se q ue as mesmas estão
insta lad as nas áreas ele maior densidade demográfi ca, junto aos centros de ~1aior desen-
volvimento ind ustrial, ou seja, a zona costeira. A produção brasileira de cim ento Portland
distribui-se pelos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais (Fig. n. 0 21C), P er-
nambu co, Paraíba, !'dato Grosso, Santa Catarin a, Go iás, Pará, Ri o Grand e do Sul , Bahia,
Paraná e E spíri to Santo. Os rlois primeiros- es tados, isto é, São Paul o c Rio ele Janeiro,
concorrem com cêrca de metade ela p rod ução total.
A co nseq üê ncia de tal distribui ção geográfica é que as construções reali zadas em pontos
d as tados dos centros prod utores d a matéria-prim a, pagam a mercadori a m uito mais caro

94 DlCION,Í, tUO GEOLÓG! CO - GEOMORFOLÓGICO


FiJ:!. n. 0 2 I C - F:i.brica de cimento C:wC. loc·ali7ada no município de Pc.•dro Leopoldo. no es tado d e
:Minas Cc.-ai, , A cx tra ~·ão do ca lc:i.do l• feita Jlr(~!-.c nl c.•rne n te na cc,Jana f! IH' ~P vc.~ :'t t"!)f! UcrUa da fábrica.
A ha (•ia c.·ak;.Íria drenada p("]o rio São Fran<:isco c.· afluen tes é considc.•rada como St'ncln ela série Bnmbuf
(Eopalco 'l.OICa ). - 1!: importante asoti nnl ar a intt• n ~til i,:ação das l'X traç:õ c.~..; c.h• cal c{lrio em todo o país para
produ«;ão de cimc.~nto , ll• ndn t.' lll visla o c..l c~envoldmcntu :ll't·h•rado das cu ns tru ções.
ll'olo T ihn r jnblm"ky do CNC)

por caus:1 da oncração produzida p lo frete. É interessa nte a sinalur que entre as con. i-
dernções feita · pelo Conselho Naciona l de Ecoonmia ( 1952) , visando ao incremento da
produç·ão d e cimento no país, tendo cm vista a presente distribuição geográfica das fábricas
e o fato de qu e o cald u-io a fl ora 111 condiç-ões fa,·oráveis em diversos stados do interior,
propôs aq uêle ór~ão uma série de m elidas como a insta lação d novas fábricas longe
do litora l. Esta medida visa a h:oralear o preço da matéria-prima tão indispensável ao ciC'-
senvo lvimento elo país.

CI TA OHOGÊNICA - depressão a longada onde se verifica a a umulação ele sedim en tos


( geossiHclinal - vide) c a existência de mov imento9 oro genéticos tj ll e dão aparecimento
a grandes montanh as.

CI ZA VULCANICA - material sólido c pu lvem lento lançado pelos vulcões por ocaswo
das erupções . Constitui grande perigo para a popu lações que habitam as regiões p róximas
do vulcão, pois causa a morte por asfixia. A granulação d tlsse materia l piroclásti co oscil:1
r ntre 0,25 a 4 mm.
As cinzas caem gera lmente nas úreas próximas do vu lcão, porém, algumas são carre-
gada~ pe los ,·en tos e vão cair a muito · quilómetros elo centro ele origem. 1 o ano ele 512,
cin7as do Vesúvio cníram cm ons tantinopla e Trípoli; em 1875 uma cwpção ocorrida
num vulcão irlandes motivou uma chu va acompanhada de ci nzas vulc<lnicas em Estocolmo,
a cêrca de 1 900 km de dist.l n ia. O exemplo mais conhecido da diss eminação ele cinzas
na atmosfera fo i produzida pe lo vu lcão Cracatoa, em 1883.

ClNElUTO - denominação dad a nos depós itos de cinzas vu lcâni c,1s expe lidas durante um,1
Prupção vu lcânica e qu e ofreram, poslcrionn ente, cimentação.
E~ta denom inação foi dada por Lacroix, em 1906, aos tufos v ulcânicos ( ,·ide) ou
111fiio.

ClR O GLAC L"-RIO - bacia de recepção, isto e, uma gra nde cavid ade, onde a neve se
ncumula.
CíRC LO D E F OGO denominação dada à sen e de vulcões que aparecem ao longo das
70nas continentais, banhadas pelo oceano Pací fico.

nTCTONÁ R TO CEOLÓC TCO-CE01> TORFOLÓG l C<J 95


lH.C~ MP ACiFICA - denominação dada na América do 1orte à revolução oro genética

que iniciando -se no Cretáceo e prolongou p elo T erciálio. Corresponde à revolu ção oroge-
né•tica alpina, do continE'nte europe u.
ClR C • ' DESN DAÇAO - o mesmo qu e depressão pe1·íJérica ( \'id e).
1
C I 'ALJTAME TO - fratura ção elas rochas onde aparecem abruptos, produ zida p e l o~ es-
fu r~·os tcctônicos.

CLÃSTJCA - nome d ado às rochas sedim entares co mpos tas de fragm entos desagregados.
ou ainda. :"t desagregação produzida pela erosão mecânica ao realizar a desintegração das
rochas. o, sedim entos ass im d sagregados das rocha9 existentes, pod m ser cTassificados
quanto ,1 sua textura qu ando agregados em novas rochas em: macroclástico ou psefitos -
co ng lomerados e criptoclástico ou p elitos - argilito.
D o ponto de vista gran ulom6trico, o sedimentos são c lassificados. segu ndo os diâm e-
trm.. ( \'i ele g ra nulom et ria).

CLl\fATOLOCIA - estudo do climas elo globo . " ltimamentc o estudos de clima têm
s1do de grande utilidade para explicação de cert as formas de relêvo. A ação d os fa tôres
geomorfológico individuais dep nd m de tôdas as relações do clima da paisagem res-
pccti,•a, a cada região climática tem 11m co njunto próprio de fo rm a~. Há presentemente
11 111:1 corrente de estudos fJU l' está dese nvo lvendo ao múximo a geo m orfologia climática.
( ,·id <' ).
CLIVAGEM - consiste no fa to de alg uns minera is se partirem ma is fitcilmente ao longo
d • cert os p la nos . Isto mostra q ue a fôr~·a ele coesão é menor nas dir ções· perpendiculares
a i·>·srs planos . As micas, p or exemp lo, são E1cilmente destacadas em p alhêtas. Os planos
ele t"li,·agem s~o pa ralelos. um ro rpo amorfo a coe ão é a mes ma E' m tôdas as direções
(' portaut o não existe plano de c li vagem.
CLOH ETO DE SóDIO - o mesmo qu e sol de cozi.nlw ou lwlita ( vide), ele grande in te-
H\;se ('co nõmico.
"CL SE" - co rte transversal ao e ixo de um an ticlinal ou às direções de camadas, feito
por 11 m rio (Fig. n. 0 22C ) . O tênno cl.use deve se r reservado prcferenciaL11ente aos co rtes
fe it :>~ pelos rios n o~ eixos das dobras, como os observados na região elo Jura ( França).
COL AR D E FOGO - o mes mo q ue círculo de fo go (vi dr ).

M v

F ig. n . 0 22C - C luse ou va le trans ve rsal ao anti clinal.

96 DI C IO NA LIJO CEO LÓG ICO- C:EOi\IOHFOLÓC:J o


COLINA - têrmo usado na descri ção da paisagem física , pelos geomod ólogos para indica r
peq uenas elevações do terreno com decli ves waves e inferi ores aos outeiros (vide) . A
altitude da ~ colin as não excede 50 metros.
As coli nas são form as intermediári as, compostaf1 e complexas segundo a classificação
d e A. K. Lobek. São comum ente aparentadas às montanhas, diferindo apenas no fa to de
es tarem isoladas urnas das outras, e com baLxas altitudes . A colina constitui, em geral, uma
forma de 1·elêvo derivada. Algumas colinas têm aspecto particular, ex.: as morainas e as
d unas. Trata-se ele colinas d e acumulação, produzidas pelo depósito ele gêlo ou de areia
transportad a pelo vento. A grande maioria das coli nas, no en tanto, são forma9 de erosão.
COLMATAGEM - trabalho ele atulh amen to ou de ench imento reali zado pelos agentes
na turais ou pelo hom em, em zonas deprimidas.
COLO - depressão acentuada muna linha ele cristas de uma serra. Olhando-se um perfil
d e uma cadeia de montanhas, observam-se certas partes mais baixas, ao lado de pontos
c ulminantes; denominam-se colos às depressões existentes na li nh a de crista. Os colos s·ão
ma is largos que os desfiladeiros, e mais ainda q ue os passos ou gargantas.
Os colos dese mpenham grande importância nas ligações, em regiões acidentadas, f a-
c ilitando assim a passagem de um a vertente a ou tra. A altitude média dos colos é muito
vari adae nas cadeias montanhosas, co mo Alpes e Pircncus, por exemplo, é superior a
2 000 metros.
Os colos podem ser definidos segundo a clireção elos va les em : colos de montante e
colos de flanco. Os primeiros são as depressões existentes na linha ele crista entre dois
vales de direções opostas e os segundos são os que apa recem numa linha ele cri sta, sepa rando
d ois va les, cujos trajetos são ma is ou menos paralelos. A fun ção elos colos nas regiões
mon tanhosas é, como já dissemos, muito importa nte, e na Europa algun9 d êles se tornaram
famosos por causa das hm ções que desempenharam por ocasião das manobras de guerra.
O colo, por conseguinte, nada m ais é que um a depressão numa linha de crista, ou um a
parte um pouco mais baixa entre duas montanhas.
COLO D E FLANCO - depressões qu e aparecem num d ivisor de águas q ue separa dois
vales de trajetos maif1 ou menos paralelos (vide colo) .
COLO DE MONTANTE - (Vide colo) .
COLóiDE - matéri a em estado d e ~xtrema d ivisão . As moléculas dos colóides são ani-
madas de movimento - movimento brown iano.
COLUMBITA - m inério de colúmbio cuja fónmtla é a segui nte: (Fe,M n ) CboO'. Apare-
ce na superfície d a terra em pcg matitos, ou em aluviões, juntamente co m a tantalita e
a cassiterita .
COLU 1A BASALTICA - form a prismáti ca hexagonal ou pentagonal q ue toma o basalto
ao se resfriar. São célebres os exemplos da gruta do Fingal e da Calçada elos Gigantes .
No litoral do oeste a fri cano, próximo a Dacar, aparecem esca rpam ento9 de falésias que
chegam a vári as d ezenas de metros de altura. Es tes abruptos litorâneos são constituídos
por basaltos prismáticof1.
Algumas vêzes, o observador pouco experimentado, olhando o esca rpamento q ue as
colunas basúlticas produ zem no relêvo, pode ser induzido a crer na existência de uma linha
de falha.
Nas fotografias aéreas;, porém, isto já não aco ntece, por ca usa elo aspecto prismáti co
ela superfí cie que lhe es tá próximo. Além do mais, a própria vegetação e a coloração do
solo revelam imediatamen te o fenômeno. No Brasil enco ntram-se colu nas de rochas fano·
líticas nas ilhas de F ernand o de Noron ha.
COLUNA CALCÁRIA - di z-se da colu na formad a da ligação de esta.lactites com estalag-
mites (vide) no interior de um a gruta (vide) . O aspecto d essas fo rm as é complicado, por
ca usa da irregularidade da precipitação da calcita qu e é carregada sob a fonn a d e bi-
carbona to de cálcio nas águas ri cas em gás carbônico (Fig. n. 0 23C) .
COLUNA CLÁSSICA - o m esmo que col·ww l'aracligma ou colu.na geológica (vide).

DICI ONÁ III O GEOLÓC!CO - GEOl\ IOHFOLÓGJCO 97


Fig. n.o 23C - Coluna calcc\ria, ou melhor, a ligat:ão de uma cstal actit(" com uma estab. gmite. na
g ruta de 1\faquiné, no nnmicípio de Cordislmrgo, no estado de .M inas Gerais.
(Foto Esso Brasileira de Petrú l·o)

COLUNA GEOLÓGICA ou GEOGRAMA - cons·tituída por terrenos fóss eis que aparece-
ram nas diversas fases da história física da terra. Uma série de princípios é seguida pelos
geólogos para o estabelecimento das colunas geológicas regionais e locais, como: 1 - prin-
cípio da supe1posição das camadas, 2 princípio da sucessão das faun as, 3 - princípio
da correlação dos fóss eis·.
Na tentativa de um conhecimento mais profundo, as consultas feitas a diferentes au-
tores deixam no espírito do iniciante no estudo da geologia históri ca, contrastes <Jne impe-
dem melhor clareza e compreensão.
Para maior clareza no uso da terminologia científica d evemos observar os ~g uintes
fatos: a d esinência ária ou â!'io, óico ou óíca, para designar o gwpo (na escala estrati-
gráfica) ou a em (na escala cronológica): ico para o sistema ou período; i ano para o
anda-r ou idade, ense para a assentada ou fase; prefLxos eo ( páleo ) , m eso e neo, aplicados.
ao nome do sistema ou período c na ordem decresce nte de antiguidade, para as· séries ou
é pocas.
A coluna geológica pode, por conseguintE', ser dividida segundo o crit ério cronológico
ou estratigráfico.
Divi,yão cronológ ica Divisão estratigráfica
Era9 Grupos
Períodos Sistemas
Épocas Séries
Idades Andares
Fas<:: s Assentadas.

98 DICION ,\..iuo GEOLÓGICO-G EO ~ I O H FOLÓC: !C O


A' d ivisões da colu na geo lógica podem ser feitas com Joi s c ritérios para lc loy: l - di -
vbi\o crolwlógica, dos intervalo de tempo deco rridos na ·ecUn w ntação ; 2 - divisão e lra -
tigrcífic:a, d as esp eYSuras alc.:ançadns pe los sedim e ntos.
As grand es. divisões do te mpo gcolórrico tem o nome de eras c1uc co rrespondem aus
g rupos. Em cada era os sccHmentos y ue se depositnmm tê m o nome dos grupos-. As e ras
di idem-se e m unidades me nor s - pe ríodos, intervalos de te mpo durante os rlu ai>, o~
sedim e ntos- forma dos tê m o nome dos sistemas. A divi são em p e rí odos co rresponde a le-
nôm nos muito ge ne rali zados de tra nsgressões e regressões m a rinh as . As di visões m eno res
CJue os per·íoclos - épocas, -idades, e fa ses correspondendo a séries, andares e asse11todas
süo lll::tis ca racterísticas ela coluna local e dificilm ente se aplicam a diversos países
As correlações de camadas são feita m relação à coluna paradignw geralme nte, .1
européia ou a americana do norte, ond fomm mai be m es tudadas as dife re ntes camada,
'lue compõem a coluna geo lógica. Cada p aís possui sua coluna local, baseada nos dados
da coluna paradigma ou regional cu ja ampuU1 ta é a id entificação de fósseis, rtu e estalw lecc
,, dete rminação da idade relativa . T ambém o e ·tudo da · fa cies petrog nHi cas pe r111ite u
c:·tabe lcci.nento da id ade de ca madas por ana logia.

Eras Períodos

Antropozóica ou Qu aternúria { lloloce no


Plei toecno
Plioceno

Ce nozóica o u T crciúri a
I Miuce no
Oligoceno
} NcogL' neo

I Eoceno
Paleocc no
retàc o
} l'a l 'Oi!l' nc •o

~k suzóica o u Secundúria
{ Jurássico
T ri:1ssico
Permiano
Carbonífero
l'al eozúiea o u Primúria I D evoniano
Siluriano

1 Ordovieiano
Cambt·iano

Azóica o u Primitiva { Arqu


AlgonCJuiano
a no
} Prt•-Camh riatllt

A dumção dessas eras foi muito vari ada , tendo sido a idade d a te rra calculad., cm
litais de 2 bilhões de anos aproximadame nte. J lá, mesmo, os <JU • d;w para a ten a a idade
de .5 bilhões de ano9.
Re:mmindo podemos di zer qu C' a escala estratigráfica ou coluna geológica vAli da p a ra
todo9 os terrenos da superfície do ).( lobo só foi estabelec ida g raças ao pri ncípio d a super-
posiçtio de camadas e aos fósseis.
COLUNA PARADIGl\1A - o mes mo qu e colww geológica (vid e) ou geo grama, a '! " a i
serve de b ase ele co mpa rac;üo pa ra os e tuclos das c:olwws geolcígicas locais.
COLUVIAL (sol o) - Vid solo.
COLúVIO - m a teri al tran&portado de um local para outro, prillcipa lnH.: ntc po r L·feito
da g rav id ade. O material coluvial só a parece no sopé de vertentes ou 111 lu ga re pouco
afas tados de declives qu e Il1 e estão acima. No ma terial dctríti co, pouco g ros. ciro, de um a
ncosta, nem sempre é fácil separarmos a interferência elo ma terial de col úv io, do res idual
ou ainda do aluvial. À vêzes, h á maior predomin â ncia de um d êles, que mas-ca ra com·
pletam e nte os outros.
"COMBE" - vale escavado ao longo do eixo de um an ticlinal. O aprofundam ento co n~­
tante elo rio pode ocasionar uma inve rsão de relevo, passando por consegu int e os sinclina is,
a ficar numa altura superior ao antigo a nticlinal. ( Fig . n." 24C e 25C )

D1Cl0 •,\mo G"EOLÓGlCO-GEO!>W HFOLÓCL O 99


F igs. ns. 24C c 25C - Nestes dois desenhos tem-se uma es trutura dobrada onde
se ]>ode ver os rios de anticlinais, isto é, combe. Os abruptos que lade iam o vale
de combe chama-se de "cretH, à semelhança das cornijas cm estrutur:ls horizontais
ou 1uonoclina is.

COMBRO - denominação regional dada no baixo rio São Francisco aos diqu es margin ais
ou pr<stan as (vide) .
CôMOUO - o m esmo que dttna (vide ).
COMPETÊNCIA DE UM RIO - velocidade ela corrente fluvi al no fundo do leito, que
permite o transporte de detritos, (principalmente no tipo que Gi lbert d enominou de sal-
tation). D e acôrdo com as diversas condições, somente as partículas de detem1inados
diâmetros, são su9Ceptíveis ele ser carregadas pela corrente.
COMPLEXO BASAL - o mesmo que embasamento ou complexo cristalin o (vide).
COMPLEXO BUASILEffiO - denominação dada p elo geólogo norte-americano J. Casper
Branner, em 1917, ao conjunto de rochas anti gas constituidoras do embasamento crista lino
e atribuído ao Arqu eano. (Vide complexo cristalino).

100 DICIO NÁ RIO C"E OLÓC JCO- CEOMOHFOLÓGlCO


r

COMPLEXO CRISTALINO - co nstituído pelas rochas mais antigas- qu e aparecem na super-


f fí cie do globo terres tre - período ar';lu eano. É também denomin ado "co mplexo frtnd am en-
f;a.l" "substra.tum fu ndamental" ou complexo brasilei.m" ou ainda "sistema b-rasUeiro"

~
(A . d ' Orbigny ). Geralmente os es tudos do complexo brasileiro eram feitos juntamente com
as rochas do Algonq uian o. As rochas elo p eríodo Arqu eano são, para alguns, cris-talinas e
metam órficas. Outros incluem também a existência ele rochas sedimentares como : ca lcários
e graf.itos.
COMPLEXO FUNDA 'J ENTAL - o mesmo qu e complexo brasileiro ou complexo crista-
lin o (vide) .
I
CONCH A LACUSTHE - denominação dada à depressão da crosta terres tre, ocupada corn
as águas de um lago. Trata-se, por cons-eguinte, ela parte qu e perm anece sempre molhada
pelas águ as.
CONCORDÂNCIA (es tratifi cação) - depósito ele ca madas sedim entares p aralelas , indi-
cand o continuida de na sedim entação. É também sinônimo ele confo-rm:idade . O antônimo
de co ncordância d as ca madas é d iscordância.
CONCOllDANTE - Vide estrati ficação.
CO NCREÇÃO - nód ul os qu e se form am graça,; a um a precipitação Cju e se p rocessa em
tôrno ele núcleos, os quais aparecem nos depósitos sedime ntares, a>sim: baritina nas areias,
piritas nas argilas, ca lcári os n_?s mármores, sílex nas margas, ou mesm o as concreções sili-
msas de origem pedológica. Es tes núcleos podem ser: u m min eral, um vegeta l unicelular
ou mes mo um fóssil. Nos calcári os há freqüentemente a form ação de " bonecas de calcário".
As con crc<;õcs são massas de fo rm a usualmente nodul ar ou acentuada mente arredo ndada
ele dim ensões muito variadas, desde pequenos nódulos, até blocos.
A com posição qu ímica e mineralógica das concreções é di ferente ela rocha enca ixante
c apresen ta um a es trut ura concêntri ca, devido ao modo de sua form ação . Assim , as co ncre-
çõe9 podem set· definidas co mo concentrações locais ele certos co mpos tos q uímicos, tais
co mo: os co mpos tos ele ferro , carbonato ele cá lcio, etc. Ê stes co mpos t o~ vão fo rma r grâ-
nulos e, co ncre ões ou nódul os.
CONCHEÇÃ O CALC ÃlUA - peg uenos nód ul os de carbonato ele cá lcio, co mo as bonecas
de calcári o, etc . (Vide concreção ).
CONCREÇÃO SILICOSA - (Vide canc1·eção) .
CONE ALUVIAL - o mes mo q ue cone de dejeçüo (vide) , send o porém esta última de-
signação a m a i ~ usada.
CONE D E DEJEÇÃO depósito ele materi al detrítico que aparece abaixo elo canal de
i escoamento ele uma torrente. Ésses dep ósitos são mais comuns nos p ontos em qu e se vêem
maiores co ntras tes de altitudes relativas, isto é, nas zonas ele piemonte, ou nas encos tas
elas escarpas com as planuras . ( Vide torrente) .
CONE DE DEJEÇÃO LACUSTRE - denomina-se assim aos leq ues de detritos ac umul a do~

f
por uma torrente, em um lago. São verd adeiras águas· selvagens se m bacia ele recepção,
cüjos mellwres exempl os são observados na Itália.
CONE VULCÃNICO - resulta elo acúmulo de materiais expelidos pelos vulcões . São co m·
I postos geralmente de cin zas, lapili, bombas e lavas. O ma teria l acumulado possui um a
estratificação cujo declive es tá em fun ção da topo grafi a do cone no momento da erupção
(Fig. n. 0 24C ). Nos vulcões do Maciço Central F rancês vêe m-se perfeitamente os diveroos
t leitos ele lapili que foram recobertos sucessivamente p or várias erupções . No intervalo
decorrido entre um a e outra há o trabalho realizado pela erosão e tamb ém pela m eteori-
zação, como se pode observar nas diferenças d e colaboração das camad as .
CONFETTI DE TRIVOLI - o mesmo que oolito ( vide ) .
CONFLUÊNCIA - diz-se do local onde dois ou ma is rios se encontram.
CONFORME - o mes-mo q ue concordante. ( Vide estm tificaçüo).

DlCIO NÁ HIO GEOLÓGI CO- GEOM ORFOLÓGJCO 101


Fi .!!. n .O ~..tC - f:o ne vuld in ico d o P n y~ cl t· - Dome , próximo a C lermont F crra nd (F ra nça) com
J -Hi.5 n•c lros. t' k v a nd o ~ se o ~ o n e ô OO metros, :u: ima d o p la na lto.
( Foto C:n tão -p o 'i lal Y,·on )

C O~CL O MEH A DO - Sl' i.\t r.; rolad os. agru pados por um ci 11wnto, fo rn rando 11111 depósitc
consolidado . A nat ureza do cim ento p ode ser mu ito va ri <tda : Ferru gi nosa, caldt ria, silicosa,
<~r(Ti l o '<l. etc. O s l'o nglomc rados são geralmente formados de rockts mu ito h c tc rogê n ea~
' ' ' ( F ig . n .0 2.'5C) . Pode-se
ain da def ini r os con -
glomcrados como ro-
chas clús ticas enalo-
bando material h~te­
rogcnco, rola do , com
d iànt ctro superi or a
~ mm , c aglut inado p or
um cimento. Os conglo-
merados são encontra-
dos· co m ma is fr eq üên-
cia próxin1o às áreas
litodneas e na m ar gem

elos ri os . Constitu em
p rova elo abaixamento
do ní vel do m ar, ou os
a fund am entos de ri o.
Os conglomerados são
também denominados
poucling ou pudim . É
F it!. n. 0 25C - Alg nm as vêzes ce r tas a ltera ções d e roch as nws t ra m a preciso, no entanto, sa-
va r ia <·ii o el o cl im a n o te m po ge o lógico . N a B re tanh a ( França ), por e xe m -
plo , h :'• o ··pu udi n g'~ d e Saint Lo muito du ro, o n d e o c ime nto é fe rru -
li entar q u e atu alme ntc
g in oso t ' a a ltera ção é o t ip o l atcr ítico, o q ue prova a e xis tê n cia d e se engloba de modo
u m d i 111a t ro pi cal. Es tes blo cos fo ram d esagre g ados da fa lésia do ca bo genéri co d entro da ele-
Earpy.
(Fo to d o autor) nominação conglome-

10:2 D lC IO :-it\ Ht O G E OLÓ GI CO - GEOlll O RF OLÓC ICO


rad o, tanto os JIO!Idi.n gs, co mo as brec has. Os primeiros são co nstituídos por seixos rolados
c os segundos por fra gmentos de rocha, não trabalhados, ou pelo m enos, pouco trabalhados,
pela erosão.
CONGLOMERADO DE BASE - forma <;ão detríti ca grosseiw, co m seixos, misturados
com areias e conchas e qu e marca o comêço d e uma invasão marinha. As pes4uisas feitas
pelo Prof. Bourcart, na França, acabam de revelar que êlcs são ori ginados de um reme-
xinw ntu (re man'iement) do solo contin ental, ao invés de terem sido trazidos pela trans-
gres!'ãO das águas oceânicas.
CONGLO:MERADO DE TÕPO - antônimo de co nglomerado de base (vide) - di z-se dos
depósitos indicativos de um a fas e de 1·egressüo marinha ( vide) segundo Twenhofel; en-
quanto o conglomerado de base é a prova de uma invasão marinha.
CONSEQüENTE - rio qu e corre segundo a direção do mergulho das· eamadas. Algumas
vio\zes diz-se que um rio é co nseqüente apenas à sua topogra fi a, isto é, o rio eorre segundo
o declive do relêvo . E , nes·tc caso , pode cortar camadas eom inclinação co ntrúria. Torna-se
preciso frisar que nes ta circunstância o rio é co nsec1üente apenas em relação ao relêvo
e não à cs.trutura.
CONTATO (supcrfíeie ) - scpaw rochas de nat·urez a ~ difcrl'n les. O exa me dos contatos
é de j,(rande importância para o geólogo e o gcomorfólogo.
Através da delimitac;ão dos contatos pode-se, do ponto de vista geológico, separar as
áreas de natureza diversa, descobrir falha s, clis-co rdàncias, concorchlncias, jazidas, etc.
Os contatos em geomorfolo gia leva m muitas vêzes à compreensão ele cic lo de erosão ,
de superfícies es truturais, ele erosão , etc. Nas es trutura ~ movimen tad as p elo diastrofismo
é ele grande .mportância o es tudo dêsses con tatos. Nas bordas litoràneas muitas vêzes
mostram as c ,cilações do nÍ\'el do ma r.
CONTA TO ( metamorfismo) - transform ações mai s ou menos profundas sofrid as pelas ro-
chas encaixantes, nas proximidades ele um a rocha intrusiva. Essas lra m·form ações são de-
vidas ao calor, gases c soluções ema nadas da rocha intmsi va para a ro cha mais antiga.
CONTINENTE - grandes ex tensões de terrenos emersos ela cros ta terres tre limitadas pelas
águas dos m ares e ocea nos. O núm ero ele co ntinentes e 11ua co nfi &tu ação tem variado muito
no decorrer da história fí sica da terra, conform e nos ensina a paleogmfia (vide) . A partir,
porém, do fim elo T erci:t ri o c do início elo Quaternúrio êstcs se mantiveram com a configu -
raçüo aproximada qu e aparecem nos nosso9 dias, tendo apenas, certas zonas costeiras,
sofrido transgressões; seguidas porf.m, de regressões marinhas, as qua is afetaram, no entanto,
áreas pouco ex tensas·. A noção ele co ntinente é mais geográfica qu e geológica ou geomor-
fológi c;t. Aos espeeialistas des t·as duas últim as ciências, o qu e mais interessa, é o modo
como surgiram êstes frag mentos de terras emers·as e como se desenvolveram suas configu-
rações através dos diferentes p eríodos gelógicos. Para o geógrafo, em gera l, o q ue mais
interessa é a descrição e a posição dessa9 massas emersas que constituem os continentes,
deixand o ele lado a sua origem ah·avés dos p eríodos geológicos. A velha divisão dos con-
tinentes em anti go, nôvo e novíssim o correspond e segundo Albert D emangeon a uma di-
vis·ão puramente a rtifi cia l, qu e não tem ne nhum a ex pressão, elo ponto ele vista geográfico
nem geológico.
H :t várias hipóteses que procuram explicar a orige m e forma ção dos continentes . D entre
as mai;; importan tes, tem-se a de A. \Vegener tamb ém chamada de1'iva dos continentes. É
importante assinalar aqu i os contornõ.~ ci F certas áreas continentais como, por exemplo.
elo Nn rdes te brasileiro ·(' do gô Ho da Guiné ( Afri ca), que muito inspiraram esta hipótese,
a qu al tem merecido a atenção ele vários geólogos e geo morfólogos, sem contudo chegar-se
a um acôrdo.
A distinção entre o conceito ele co ntin ente e ilha se baseia no critério arbitrário de
extensão. Assim a Austrália pode ser considerada o menor dos continentes com 7 600 000
km", ou a maior das ilhas. "Tôcla a terra aparece dividida em vári as ilhas de tamanho muito
variado que só convencionalmente se classifi-ca em co ntinentes e ilhas, pràpriamente ditas.
Todavia se pode falar de um grande bloco continental quas·e coeren te a opor-se ao oceano
mundial. D entro clêste, se situ am os mares secundários, cercados mais ou menos por pla-
nícies terrestres, ou se encontram como mares marginais nos· bordos dos oceanos, detrás
de arcos, ou guirlandas ele ilhas, ou como mares m editerràneos, no interior dos continentes.

D fC ION 1UliO GEOLÓCJCO-GEOJV[QHFOLÓCICO 10:3


Entre êstes últimos, o mar Ártico, está inserido no meio do bloco continental, no hemisfério
norte e o mar Mediterrâneo Romano entre a Eurá~ia e África, e o mar Austral - Asiático
entre a Ásia e a Aus-trália, e o Centro -Americano entre ambas as Américas. Daí resulta a
divisão dos continentes:
1 Eurásia

2
(50 700 000 km')
África
( 29 200 000 km') l Velho
Continente l Hemisfério Oriental
87 500 000 km'
=63% da terra emersa
3

4
Austrália
(7 600 000 km')
Norte-Americano
} Novís~imo
Continente \
5 Sul-Americano
( 17 600 000 km')l
( 20 000 000 km' ) Nôvo Nôvo
Continent~ Mundo
l Hemisfério Ocidental
51 600 000 km'
=27% das terras emersas
6 Antártida
( 14 000 000 km') 1
Quanto à distribui ção geográfica das terras e dos mares devemos destacar qu e as
massas continentais p erfazem 139 000 100 km' ou seja 29%, enqu anto as bacias oceànicas,
371 000 000 km', ou seja 71%.
Outro fato a ass inalar é a distribui ção geográfica des igual das massas co ntinentais,
assim no hemisfério norte, há mais terras - 40,4% de terras e 56,6% de águas - sendo
chamado hemisfério contin ental, enq uanto no hemisfério su l, há poucas terras emers·as,
tendo os continentes a form a afunilada - 14,4% de terras e 85,6% de águas. É o hemisféric;
oceânico ou marít imo, cujo pólo se situa numa das ilhas chamadas Antípodas, a sudeste
da ova Zelândia , no Pacífico Sul, enquanto o pólo do hemisfério continental fi ca na
cidade de Nantes, na França. .
O exame de uma carta geográfica mostra claramente a concentração de terras· no
~emisfério_ norte, e a termina ção para o sul, em fonna afunilada das terras ela América .
Africa e Asia. H á grande con b·as te entre as duas áreas palm es, pois, ao norte tem -se um a
&rande depres-são, ocupada pelo oceano ou mar Glacial Ártico e ao sul um grande bloco
de terra coberto totallr.ente p elas geleiras, que constitui o co ntinente Antártico .
D o ponto de vista geográfico destaca-se a existência en tre o co ntin ente am ericano do
norte e do sul, de semelhanças e contrastes; entre as primeiras citam-se a configuração
geográfica, a estrutura , e o relêvo, bem como a população, qu e foi ini cialmente constituída
pe lo indígena, o negro africano e o colono europeu ; entre os con trastes tem-se a situação
geográfi ca (um no hemisfério norte c outro no hemisfério su I) , o que d etennina outras
diferenças.
Quanto ao co ntin ente denominado Oceânia nada mais é qu e um aglomerado de ilhas,
um as ma iores outras menores, existente" no oceano Pacífico, cujas á<ruas as separam el a ~
terras ameri caeas e asiáticas, enquanto o ocea no Glacial Antártico, (~) das terra s polares
do sul. A maior dessas ilhas, qu e cons·titui o continente propriamente dito, é a Austrália.
Seu traço característi co do ponto de vista geomorfológico são extensos planaltos de baixa
altitude e pequenas planícies. Sua parte central é formada por um grand e deserto. (Vide
olti.m etria) .
A Antártida ou contin ente Antártico situado no pólo Sul é inteiramente cob erto por
geleira&, não possui vegetação, não sendo possível a viela humana em caráter permanente
nessas 1egiões, onde apenas vivem pingüins e alguns cetáceos.
Os continentes s·iío também considerados, em partes do mundo a saber:
Asia , América, África, Europa, Oceânia e Antártida .
A Europa, a Ásia e a África são também consid erad as como conti.n ente tríplice e
contém 2/3 da superfí cie terrestre elo globo e 1/6 ela ~ua superfície total. A abertura do
canal de Suez fêz com qu e os geógrafos considerassem a África como um continente se-
parado do euro-as iático. O valor de tais considerações é muito li mitado, no que diz respei to
à geomorfologia.
D o ponto ele vista da extensão, devemos res~altar qu e a Asia é a maior elas partes
do mundo, ou dos continentes, como também se considera, e igua lmente o qu e concentra

104 DfCJONÁHIO GEOLÓG ICO - GEOi\'IORFOLÓG!CO


mais da metade da população de todo o globo . É no co ntinente as iático qu e se localizam
grandes extensões desérticas ( desertos. frios e desertos qu entes) . As terras as iáticas es tão
em sua quase totalidade no hemisfério norte, en 1uanto as terras do continente am eri ca no
vão desde as latitudes boreais até o extremo meridiona l (cabo Horn) , muito se aproxim ando
da Antártida.
A Africa é constituída de vas-tas extensões de planaltos, tendo relêvo acid entado, c
especialmente no norte - cadeias de rclêvo jovem (Atlas). Quanto à Europa constitui como
que w11a grand e península do continente asiático. A Oceàni a é constituída pela Austráli:\
e pelos vários arquipélagos ( Micronésia, Polinésia e Melanésia).
CONTRAÇÃO - hipótese antiga que procurava explica r a origem das diferentes form as
de relevo pe la d iminuição da temperatura do interior do globo e seus co nseq üentes re-
fl exos nas ca mad as ma is externas . Esta hipótese, foi lançada por Elié de Bea umont. Segundo
ela todos os fenômenos tectôni cos, vu lcâni cos ou sísmicos são resultantes da contração do
núcleo. A aceitação des ta t ·oria implica na ex istência do fo go ce ntral, 'lue expli aria a
fom1a ção de montanhas c de vu lcões•. ·
Ela é um a conSe(jüência da aceitação da hipótese de Laplace que admi tia o resfri a -
mento da crosta terres.tre p artindo da grande nebulosa. O res friam ento sucessivo de ca-
madas d a parte ex terna, isto é, da periferia para o centTo acarretaria o apa recimento de
dobras, falhas e mantos na superfí cie. do globo, em virtude ela adaptação da crosta s-ó lida
ao núcleo ( deformação tcctôni ca).
De acô rdo co m a hipótese da co ntração as montanh as seri am explicadas pe lo resfri a-
mento das camadas internas. A teoria da co ntração foi formulada cm 1796 nos traba lhos
de Saussure e levou quas.e um século para se im por.
Segundo a teoria da contração a perda térmicct e a cristalizaçiio seriam ca pazes de
provocar pressões tangenciais qu e atua riam sôbre a crosta. A hipótese do fogo centra l,
segundo alguns, expli cava a ori gem dos vulcões e até a das cadeias das montanhas·. Veri -
fi ca-se, com efe ito, que es tas cadeias co rrespond em a regiões onde as camad as geológicas
se encontram fortemente pregueadas . Ora ês tes enru ga mentos eram considerados como o
resultado da co ntração do g lobo terres tre em co nseqüência do contínuo arrefecimento, visto
que, estando solidificada, a crosta terresb·e não podia pres tar-se à contração senão p or
meio d e pregas que redu zissem a sua superfície, tal com o acon tece a casca de um a maçã
que ao secar, se enche ele ru gas".
Entre as. ca usas do abandono desta hipótese, temos:
a) Não há nenhu ma prova do resfriam ento da cros ta terres tre. Se a terra perde ca lor
por irradiação, devemos considerar também, o ca lor recebido cl ittri amente pelos
ra ios do so l.
b) Sabe-se hoje q ue ex iste no interi or do globo terráqueo corpos raclioativos cuja
desintegração forn ece ca lor, d e modo que, é um a contradi ção da hipótese da
contraçlio . O que poderi a ex istir é uma dilatação e não uma contração. D evemo9
ter a idéia de qu e a maior parte da massa da .litosfera se encon tra mantida pela
pressão num es tad o de rigidez elástica. Nada nos ga rante q ue es ta massa esteja
em dias de arrefecimento, porquanto conh ecemos hoje fontes de energia térmica,
descon hecidas. há cinq üenta anos, e qu e são devidas aos fenàmenos de radio ati-
vidadc.
c) A elevação d as grandes cadeias de montanhas e as múltiplas transformações do
globo terrest re não podem se r explicadas pelas simp les co ntrações ou dilatações
do globo terres tre.
No caso dos Alpes ê lcs têm uma largura de cêrca de 150 km. Antes dos dobram entos
a superfície ocuparia cêrca de 600 a 1 200 km. Para qu e ocorresse urn a tal contração seri a
necessá rio um a ba ixame nto ele 1 400°C da tem peratura do núcleo. O estudo da raclioativi-
d ade pem1ite nos nossos. di as duvid ar de tal esfriam e nto do globo.
Admitindo-se a hipótese da contração, todos os movimentos tcctôni cos res ultari am do
esfriam ento progressivo do nú cleo central.
Os argumen tos de D e Martonne publicados em seu li vro "Panorama da Geografia"
contrários à hipótese da contraçiio, se encontram no próprio títttlo do tópico referente ao
núcleo terrestre rígido e elástico, onde diz: "O cálcul o demonstra qu e, se a maior parte
da Terra fôsse fluida , o achatamen to dos pólos e o bôjo elo equador, devido à fôrça cen-
trífuga, seriam mais pronunciados . D everiam até ha ve r marés des ta massa fluida intern a,

DICJON ,\ JUO GEOLÓGJCO - GEOJ\-I OHFOLÓGTCO 105


( jll e se fa ria m sentir por meio ele deform ações periódi cas da superf ície" di z ain da ma i ~
adiante: "A propagação elos tremores de terra, cuja ve locidade se co nh ece exatamente
pelos sismógra fos instalados num grande nú mero de pon tos d a superfí cie do globo, indica
·q ue a · vibrações p ercorrem um meio rígido e eJ.ásti eo". tion tess us De Ballore também
trata clêsse problema em seu cl úss ico li vro L es tremblem ent s dr terre, Geographi e séismo-
logiqu e - Par i ~ 1906 .
CONTRACOSTA - têrm o regional amazomco para d es i ~ n a r a cos ta setentri onal da ilha
de Marajá, desde o cabo .tvl aguari , no muni cípio de So~m·, até o ri o Cajuruna, ex tremo
d o muni cípio de Chaves co m Afu á.
CONTRAFORTE - denominação dada às ram ificações· laten1is de um a cadeia de m onta-
nhas . Os contra fortes q uase se1npre estão cm posição perpendi cular, ou pelo menos oblíqua,
ao ali11hamento ge ra l. É u m têrmo de na tureza descritiva usa do pelos gcomorfólogos
c geólogos ao tecerem co nsidcraç·ões sôbre o rclêvo de regiões serranas .
CORDÃO LlTORÃNEO - co ns·tituem fl echas de d etritos carregados pelo mar e pelos rios
e acumulados geralmente ao longo da cos ta. E stas fl echas ou res tingas podem ser para-
lelas à cos ta, ou algumas vêzes ser p erpendi culares ou oblí<JUas à costa no caso do& tô m-
holus ( Vi de restinga). As fl echas perpendi cul ares ou oblíquas à cos ta s·üo também chamadas
d e pontal ( Vi de) .
CORDILHEIRA - gran des· massas ele relevo sa liente, produ zidas pelo orogenismo. D a
nwsma maneira qu e cadeia de mll tttanlws 011 serras, é uma expressão usacb geralmente nas
d escrições d a paisagem fí sica de uma região, na q ual a par te técnica é um pouco descuidad a.
Geralmente se compree ndem as cordilheiws como grand es cadeias ele mon tanhas, ex. : cor-
dilheira elos Aneles, Alpes, Atlas, H imalaia, etc.
No es tado ele Mato Grosso os habitantes da zo na do Pantanal chamam de cm·di -
lheira os p equenos n iveis de terraços qu e aparcce n1 por cntr as lagoas, ou co mo e l e~
d enomin am, de b aías ( vide) .
CORíNDON - v ide alu m i11 1t.
CORIXO - denominação regional elo Pan tana l ele l'dato Grosso, pa ra os p eq uenos riachos
p erma nentes que ligam as " ba ías" ( vide) .
"COHNET" - d enominação regional do sul dos Cárpé!tos aos t estem u nhos de erosüo ou
mo nadnocks (vide), os q uais são co nstitu ídos por cristas calcári as .
CORNIJA - abrupto saliente capeado por uma camada ele rocha d ura. - No P lanalto Cen-
tral do Brasil é comum o apa reci111ento de cornijas por causa da capa de crosta ferru ginosa
- ca!'lga q ue aparece naquelas superfí cies . A corn ija é uma fo rma sa liente de d imensões
variadas.
Ê stc têrmo vem do itali ano co m iche e s·ign ifica coroa.
COROA - tênno regional usado para os ba ncos ou baixios ele alu viões q ue apa recem no
leito elos rios, ou ainda na zo na costeira, por ocasiiío da baixa maré ou da vazante dos ri os.
CORRAS .t \0 - têrmo cri ado por Hichth ofcn para o trabalho feito pelo ,·ento ( e1'0stlo
eólia - vide) des truin do as pa rtes m ais "alicntes, e acumulando nas áreas, relath·amente
mais baixas. O mes mo que deflaçiio (vide)
CORREDEJRA - o mesmo CJ UC salto ( vid e) no leito de um ri o.
CORRENTE DE LAMA - vide argila .
CORRIDA DE LAMA - deslocamento de massa, geral mente argilosa impregnada de água.
Esta d escida do m ateri al é reali zada por efeito ela gra vidade, c da água que funciona como
agente lubrificador.
CORRIDA DE LA VA o mes mo r1ue lenço l de lava ( vid e) - ou derram e de la va
CORROSÃO - fenômeno de destrui ção dm; rochas por efeito da deco mposição q uím ica
realizada pelas águas -correntes. O exemplo típi co é o elas águas carregadas de gás carbô-

106 DICIO NÁ m o GEOLÓ GI CO- GEOl\IO RFOLÓC ICO


ni<:u q ue ao passarem por zonas de terrenos calcá ri os realizam a di ssoluçfto do ca rbonato
d e d lcio, tTansfonnan clo-o cm bicarbonato ele cálcio solúvel.
COUTE GEOLóGICO - secção longitudina l ou transversal ele uma reg1ao, na qu al se
representa a estwtura c a natureza das camadas por onde passa o perfi l. Os cortes geoló-
gicos sfto m uito importan te para os geomorfólogos interpretarem as form as ele relevo d a
regi:"to.
COSTA - o mesmo que li toml ( vide) . Nas des·cri çõcs da pa isagem fí sica ela faix a de
contato do relêvo erperso co m o relêvo subm erso, geràlmente os gcomorfólogos se preocu pam,
apenas, co m as formas ele relêvo situadas acima do ní vel dos ocea nos, deixando errada-
mente, em p lano secundári o, o relêvo ela plataform a co ntin enta l.
COSTA ALCANTILADA - o mc·smo qu e costa escarpada (vide) ou abwp ta.
COSTA ALTA - aqu ela onde o re levo cos teiro é elevado, ( Fig. n.0 28C ) mas nüo poss ui
dce li H·s e pende ntes abru p tos como nas alcantiladas (vide) .

f AlÍ StA

VIVA
, ------:..---------..----
..
/ , ,,,.
....:: _______ _
I MOITA

l'lATArORM.A UJOIIÂNEA

Fig . n. o 28C Costa alt a dn tipo fall·sia <' a din:lmica d o mar trabalhand o êstc ti po d e litoral.

COSTA ARTICULADA - aqu ela qu e poss ui um bom n úm ero de inclentações, isto é, ele
golfos, enseadas e b :IÍas , isto é, um litora l muito re(;Q rtaclo qu e permite gera lmente a fá cil
a n C'o ra~e 1n dos. n av ios.

COSTA BAl . ' A - é· o oposto de costa alta ( vi de) ca racteri zada por a present ar fo rm as
sua ves s<• t 1 gra ndes des nivelamentos relati vos .
COSTA CONCOUD ANTE - di z-se do litoral q ue segue paralel.tmcn tc a direçfto geral das
eleva ·õcs do terreno ( tipo pacífico). Como exemplo, pod emos citcll', o litoral meridion al
do Bras il.
COSTA DE ABRASÃO aqu ela qu aprcs·e nta um li to ra l csc•trpado, onde a abrasão
m arinh a ú ativa.
COSTA DE EMEUSÃO - aq uela cujos terrenos da faixa costeira, ou melhor, junto à borda
do ma r, se acha m a diferentes altitudes em re lação ao nível atual do ma r.
Vúrias teori as procuram ex plicar as razões de ser el es a osci lação : eustatismo, epirogc-
n ismo c m ais rece ntemente, s·urgiu a teoria ela fl exura co ntin ental, do Prof. Jacqu es
Bourca rt.
COSTA DE IMERS ÃO - aq uela cuja oscilação entre o níve l el as terras e elas úguas ll O
decorrer ela históri a fí ska do globo terr;iqu eo, teve como conseqü ência a in vasão das terra
pelas úguas elo ocea no.
COSTA DE SUBM.EUSÃO - o mesmo qu e costa de im ersiío (vide) .
COSTA DISCORDANTE - cli z-s·e elos li torais cuja clircçiío ú transversal à lioha ge ra l ela
estrutur;t, ou melhor, elos alinham entos montanh osos ( ti po atlúnti co ) .
COSTA ESCARPADA ou alcantilad a. - diz-se elo litoral onde aparece m ab ruptos mais ou
menos fo1tes. na zona costeira. Es tas denomin ações, são usadas para descrever a pa i sa~e m
f h a invocando apenas os caracteres topográficos. (Fig . n ° 28C ) . Algun s litorais assim
descritos co rrespondem a fa lésias (vide) .
COSTA LEVANTADA - o mesmo qu e costa de e me rsão ( ,·ide) .

lli C' IO 'i .-\HJO CEOLÓC l C O-CEOlvf Oil FOL ÓC.ICO 107
Fig. n .o 29 - A esca qJa ela "serra" do i\'h u·, e n'l An gra dos Reis, l- gcomnrfo iOg icu nwntc um a típ ica
csctrrpa de bloco fa 1h ado. O paredüo nbrup l·o co nstitu i u n1 impressiona nte ncicl c ntc no l ongo d<a costa,
desdo o estu do elo H.ío de Jnnciro alé anta atal'ina. ntura tme ntc, om c1a se nfnsl'a ruais d a lin.ha
de costa, ora se aproxima; mas, un"'U vez ga lgada a escarpa, o tôpo é de nrnn extensa superfície de
ap lain:lrne nto ond e v:lrios ciclos de ero 5o deixa ram suas marcas. A estas velhas supe rf-íc ies cleformaclns
por e pirogêncse, pod e ~ sc dar o nome de pa lcopluinos (vide).
(F utu Tihor j nblonsky do CKG )

"CO T lR " - tenno u ado em Portugal como tradução do termo fran cê côte e do
espanhol cue ta ( ide).
" O TÃO" - denominação r giona l u ada no litoral pauli ta, para o porõe da serra
d Mar, qu p netram na clir ão do oc ano, dando apar cim nto a fa lé ias. É por con-
gu int um tr cho de co ta abrupto inabordável.

l D!ClO '>VH.O CEOL GI 0-GEO !ORFOLÓGl O


CôTE - denomina ·ão reg iona l francesa, proposta po r D e .\l a rtunne, c 1n HJ09, para iden-
tili ca r re levos dissim étri co>·, de vidos ;, erosau c 111 terrenos de natureza sed imenta r - est ru -
tura inc linada, isto é, as cu estos. Es ta ú ltim a c._. a cle nomin a<,:ão ado tada po r \V . .\'1. Davis,
desde 1899, e foi tirada ela terminologia regional elo !\'léx ico .
COTOVÊLO DE CAPTUUA - â ngu lo el a n~ cl e hiclrogrMica, ocasionado pe la co nco rrência
entre dois ri os, ou m es mo du as bacias hidro gráficas, res ultando na captura ele um pelo
outro. É de grande significa<,:ão m orfológica, pois, pode, por vêzes, indicar a existência
ele uma captura ou de fraturas nas rochas. Quando a rêde hidrog rúfi ca forma co tove l o~
com ângulos mais ou menos co nstantes di z-se qu e tem um tqu,:ado em ba·ion eta. A deno -
mina<,:ilo cotovêlo ele captura é devida no geógrafo am eri cano \ ·V. l\ lorris Davis.
"COTTON-SOIL" - deno min ação u sada para os solos cle colora<,:ão negra , do estado tle
Alabama, nos Estados Un idos q ue são aproveitado;; para o culti vo do algo dã o. Cntton-soil
significa terra d o algodão.
COXILHA - denomin ação regiona l elo Hi o C rande do Sul usada para as peq uenas eleva-
ções ou colinas qu e aparecem no nú cleo sul-riogran dense. As cox ilhas, portanto, são eleva-
ções arredondadas e de p equ ena altitude qu e se des taca m, na úrea peneplani zada , cuja
cu meada se a presenta, qu and o vista de longe, com o aspecto de um a faca ( ctu:hilla, l'm
espanhol) e não como serra, como nas regiões nci dentadas.
"COVOÃO" - o mes mo CJU C voçoroca (v ide).
CUATERA - bôca do vulcão, ativo ou ex tinto, cons tituindo a cavidade superi o r ele uma
chamin é vu lcâni ca, gera lmente de um tronco de co ne. A cratera tem a form a acentu ada -
mente circul ar e afuni lada. Suas dim ensões são va ri áveis·, gera lmente, inferiores a 1 km . Nas
crateras dos vu lciies ex tintos é Jr~ qü e nte o a parecimento ele lagos, sendo denominados de
crate ra la go . A forma da cra tera resulta das explosões qu e prod uzem a c rate ra ce ntral
e as ad oenticias.
A cmte ra central é aque la qu e nparecc na parte ce ntral cb chami né, isto é, no cone
de lavas e produtos o utros lançados pe las erupções . As crateras ad ve ntícias aparecem nas
partes laterais ela chamin é vu lcâ ni ca. O Ves úv io con ta co m ce rca de 30 crateras ad vent ícias
e o Etna com 700. Além dêsses tipos de cra tera já referidos temos a inda: a c ratera égu elé
ou ébrech é - cuja forma é de uma ferradura por causa do escoam ento da la va de um
dos lados da chami né (F ig. n.0 30C); e ra teTas de afu ndam ento, etc. O exemplo mais
característi co dês te último tipo no Brasil oco rre no ma c i ~:o de Poços de Caldas, no sul
de Minas.
CUATER-\ ADVENTíCIA ou SECUNDÁUIA diz-se ela ab<'rtura ren lizacla no flanco ou
no co ne d e um vulcão . ( Vid e c:ratum ) .
CUATEHA CENTUAL - aqn cla qu e a parcc<· na [Xtrte centr:1 l da cha ntin(·. ( Vicl~ C'l'il -
tera).
CUATEUA DE EXPLOSÃO - ,·ide caldeim .
CUATEUA LAGO - vide crat era .
CUA TEUA SECUNDARIA - o mesmo qu e cra tera ad r;c ntícia (v ide).
CRÊ - o m es mo que g red a (vide).
CUEEP ou UASTEJAMENTO - movimento coleti vo lento ele S{) io ou de rocha decomposta.
Êssc fenômeno geomorfológico é muito vasto sendo visí ve l em tôclas as reg iões do globo.
Nas zonas ele declives mais fortes, o c·reep pode ser notado co m mais Iacili clacle, c seu
movim ento é ma is rápido. Na capa de detritos o creep- se fa z sentir co m mai or rapidez
na parte superficial, diminuindo de importància à medida qu e se aprofunda a espessura
elo m ateri al decom posto. O c reC'p ou rasteiam e11to não interessa ap enas ao geo mo rfólogo ,
sendo de grand e importância para os engenheiros, que podem ver suas obra, fàci lment c
ameaçadas t' lll sua integridade por ca usa d êsses movim entos el a capa superficia l d e detritos.
Os autores nmeriea nos, geralmente, dis ting uem o c reep, dos des locame ntos ele mass as
qu e ocorrem nas regiões ge lad as ou peri glaciais, denominando-o ele solifluxüo. Por co nse-
g uinte, a solifluxüo nada m ais {.· do que um des lo ame nt_o lento da ca pa ele detritos, realizado
em climas g lacia is ou peri glaciais . Durante as glaciações qu at ·rnári a · a solifluxão, teve
um p apel fund amental no m odelado cla5 vertentes de num eros os va les .

n i ClOK .~ HlO C:EO I .Úr. l r.o- < : EO~ I OH FOLÓC LCO 109
Fi g:. n .0 30C Crate ra ucg w"lé " do Puy ele la Vache , no ~·f aciço Central Francês, na qual
se observa a inl'xistê nc ia d e uma elas part es do cone vul cânico.
(Foto do aut o r 1

Sa língua portu gu esa, usamos as duas expressões, indistintam ente. Quanto ao topuni mo
ing lcs creep, o Prof. V. Lcuzinger aportuguesou-o para crip e.
CH.ESCENTES DE PRAIA (c 10issants de plage) - trata-se de sen cs paralelas nas praias,
de alvéo los semicirculares ou tnangulm es, ligados, por vêzes, pelos seus lados .
CRET ÃCEO - período mai~ recente do Mesozóico, tendo durado cêrca de 80 m ilhões de
a nos. Compreende os terrenos situados en tre o Jurássi co e os da base da era Cenozóica .
O termo Cretáceo (vem de creta q ue no latim significa gi;::;) foi dado a ês te período por
causa dos depósitos de greda branca (giz) nêle encontrados. Hoje é sabido q ue a grcda
n ~to aparece em todo o período, restringindo-se apenas ao Cretáceo Superior.
A d csig n a ~·iio crctácea foi originàriam ente adotada por d ' Halloy, cm 1882, para os cal-
cários do su l da Inglaterra.
A vida no Cretáceo é caracterizada no domínio da flora, pelo desenvo lvimento das an -
giospermas - di cotikdà ncas e monocotiledôneas. Verifi ca-se o aparecimento no Cretúceo
Inferior das p ri meiras plantas com flôres. O desenvolvimento das cicadácea9 foi tão grande
nes;;e p eríodo qu e a era ~·l ezozóica é também denominada idade das cicadáceas.
No domínio da faun a, há grande desenvolvimento de foram iníferos, que deram ori gem
it greda branca e esverdeada (por causa da glauconita). Entre os mo luscos cefa lópodes há
as amonitas de tamanho gigantesco e alguns desenrolados como os baculites. Durante a
última etapa dêsse período os· peixes modernos , os teleosteos (arenques, bacalhau, salmões),
principi aram a substituir as fom1as mais anti gas do ti po com escamas ósseas.
Os répteis ti veram grande desenvolvimento, porém, não são tão importan tes como o~
do Jurássico. Entre os terrestres há o I guanodons e entre os marinho9 o Elasmosaurus. No
Cretúceo Superior se dú a extinção elos grandes répteis. O clima do Cretáceo já apresenta
zonas cli máticas mais definidas que no Jurássico, pois, já hit uma certa diferenciação na
f:wn a e flora .
A paleogeografia dos terrenos cretáceos demonslTa a existência de dois b locos con ti-
nentais no hemisfério norte : o continente Atlântico Norte reunindo as· Terras Algonqu iana
o Escandinava e o Sino-Siber-iano, co nstituído pelo co11linente de A ngara ( vide ) que se
d ese nvolveu no sentido meridional.

110 DICJOl' ,\ruo GEOLÓG IC O- GEO"-lOHFOLÓG lC O


~o hemis fério su l nonts fragmen tac;õe!Y se ,·erifi cam com :1 scpa ra~·ão do co ntin en ll'
Afro-Brasileiro, co nstituindo a América do Sul e a África c a ~e para ~·ão de :\!adag.l car,
do con tinente I ndo-:\1a lgaxc.
Entre o · blocos <]Ue cons tituíram os contin entes eme rsos elo hemisfl·rio norte c os
do h misféri o sul, ha,·ia o mar de Tcthys c, entre os do is co ntin en tes do hemi fério norte,
11111 gcossinclinal.

esse período há, por co nseg ui nte, grande geoss inclinais 0 11 fossas, marinhas, qu e es-
tabeleciam franca comunicação ·ntre os mares. Nos loca is dêss s geoss inclil-·ai9 ergue-
ram-se no decorrer do T erci[trio as gra nd es cadeias ele mon tan ha" res ult antes elos movimc1 tos
a lpinos, omu: Aneles, Alpes, Pircncus, Apeninos, Cárpatos, Him a la ia, At ia, etc. 01os Esta-
dns niclos ocorreu durante o rctácco a revolução luramicleana que leva ntou as mon-
tanhas Ro chosas no oes te elo continente, c também os planalto ele Arizona e Utah.
F oi nesse período que começou o leva ntamento elos Anele co m grande ativiclacle
vulc:lni a, prosseguindo pelo Tcrci;'trio, quando se deu, então, a gra nd e eme rsão ela cordilheira
dos Andes.
Os t rrcnos elo Crctúc.:co, r __
oco rrem cm vastos cha paclõ ·
do Brasil en tra i c cm p<'<]UC-
nos trechos na zona litonlnca.
~ l cs perfazem um total de
686 115 km" ou seja 8,6% elo
território brasileiro.
Os aspecto!; topogrMi eos c
mo rfo lógicos de ses depósitos
sfw caracterizados no!; pla-
naltos chamados, gera lmente,
chapadas ou chapadõe , no
interior, ( Centro-Oeste) e ele
tabuleiro9, no l'itoral. Emprc-
<Ta-sc também esta últim a deno-
·~,inação ( tabu leiros ) para as
forma ções terciárias ( Figs. ns .
.'31 , 32 e 33C).
"CREV ASSE" - fratur as na ca-
lllada d e um a geleira.
CRlPE - vide creep.
CRIPTOD EPRESSÃO de-
presstio relativa, i to é, úrea de-
primida, situada acima do nível
do ma r e co berta de água.
CRIPTOZóiCA (era) - nome
dado por alguns geólogos nor-
le-anlcrican os ~t era prin1itjva e
qu e significa ··vida escondida".
CRISTA - inte rs-ecção elo pla-
no das vertentes - constitui o
oposto do talvegue. A crista é
co nstih1 ída por uma .h nha ele-
terminada p elos pontos mais
altos, a partir da qu al diver-
ge m os dois d ediYes das ver-
tentes .
A linha de crista - em bo-
Fig . ns. 3 1C e 32C - D oi · aspec tos d o arenito cretáceo no
ra reunindo os pontos mai ~ ele- es tado de Pernam bu co, na serra de Tacaratu. Na segunda temos
Yado duma cadeia ele erras um aspecto parcial dê se arenito, no qua l vemos a existê ncia
não d ve ser tomada sem pre de uma es tratificação e ntrecru zada . Os vacíto los ClU C aparecem
como linha divisória ele águas. nas paredes vertificais d êsse are nito siio dev idos à dissoluç-:lo
do c ime nto .
E la apenas poderá er consi-- (Fo to Alfredo J. P. D omingues)

I>LC IOI'>A IIIO GEO LÓCLCO- GEO ~ I O IIFOLÓG J O 111


clerad a elo pon to ele vista ela
repartição d as chu vas que cons-
titu em o lençol d e es-coamento.
Do pon to de vista hidrográfico,
a anftlise morfo lógica d a li-
nh a de crista com a rêde hi-
drográfica e a es tmtura do re-
lêvo elevem ser realizadas con-
juntamente.
Podemos ter rios antece-
dentes que corte m esta linha
ele cri sta embora es tejam em
zona bem mais b ai.xa. Na ca-
d eia do Him a la ia obse rva mos
q ue as grand es altitud es es·tão
no Himalaia, mas a linha di-
visória elas b acias hidrogn1 fi cas
penetra ma is profu ndam ente no
interior do co nti.nente, estando Fig. n. 0 33C - Cam.a das de folhclhos sí1icos e argilosos e
locali zada no Trans-1-Jimalaia. a re nit os c rc t:íceos e m Monte Serra (Bahia).
(Foto Alfredo J. r . Domin gues)
O Bra maputra, por exemplo, es·
tá atrás elo Hi ma laia, p orém,
send o um rio a ntecedente cor-
ta es ta cadeia c se lança nas
bôcas elo Gange~ (Fig. n. 0
34G ) .
Os es tudos geomorfológi-
cos dos tipos d e cri stas consti-
tuem assuntos q ue até b em
pouco tempo não haviam de - S N
p ertado a atençã o dos es-tudio-
sos, um a vez qu e se tinham
concentrado, no estudo dos va-
les e ele suas vertentes, em de-
Fig. 34C
trim ento das cristas e dos divi-
sores ele água.
As cristas possuem forma s muito va ri adas, podendo ser bem sentidas com a repre-
se ntação em perfil ou em plano. Ne~te últim o caso, isto é, a representação elas cristas cm
plano, p od e ser feita por uma linha curva simples, um a reta, ou ain da um a li nha sinuosa
e dentcada, etc. Quanto à representação em perfil , as li nhas di visóri as ele um a b acia se
compõem ele sctores elevados e baixos.
GRlSTA DE A TICLINAL - corresponde à pa rte ma is convexa ele um anti clinal, isto é,
à zona da c/wrne·ira qu e se encontra ele cada lado elo eixo.

CRlSTA D E DOBRA - fonna de relêvo dada pela ju nção elos pontos ma i ~ el evado~ de
um an ti clíneo, d efinid a, porém, por um a mes ma camada ao longo do eixo.
CRlSTA MONOCLI~AL - di z-se das cristas que surgem fr eqüentement e em estruturas
inclinadas, poss uind o vertentes ass imétri cas, isto é, esca rpa abrupta, o qu e contari a o mer-
gulho das ca mad as e encosta suave a q ue coincide como a inclinaç·ão dos estratos.
CRISTA PINACULAR - diz-se da cadeia ..d e crista fo rm ada por um alinhamen to de pi-
-náculos ( vid e) .
CRISTAL - CO I]JO definido por formas geo m é trica~, li mitado por faces planas e ares tas
retilín eas.
CRISTAL-DE-ROCHA - denominação dada ao quartzo (vide) cri stalizado . Trata-se de ,
bióxido ele silício (S i O') . O cristal ele rocha natural é empregado em instrumentos d e óptica

ll 2 DICION ÁIUO GEOLÓGICO-GEOMOR.FOLÓGICO


e, pt' incipalmente, em aparelhos de teleco muni cação, enquanto a areia co nstitui uma das
matéri as na fabri cação de vid ro e cristal; por sua dureza é tamb ém aproveitada como
ubrasiw (vide).
CRISTALINA - rocha qu e aparece na natureza, constituída de elementos· cristali zados,
como exemplo, podemos ci tar as eruptivas. Quando a rocha é inteiramente formad a de
.elcmento9 cristali zados diz-se que sua estrutura é holocristaUna, no caso inverso, isto é , se
·seus componen tes são amorfos chama-s e de holoialina ou v itrea. As rochas crista linas, por
·conseguinte, são rochas magmáti cas na qual aparece um grande núm ero de cristais q ue
constitu em o corpo d a roc ha, daí sua denomina ção de cristalina. ê:ss·e tipo de rocha não
co ntém fós seis, pois sua ori gem é interna, isto é, res ultand o da subida do magma em estado
de fu são e de seu posteri or resfriamento.
ClUSTALINO (mineral) - opos-to a mineral amo rfo.
CRISTALIZADO (min eral) - diz-se quando aparece nas rochas co m forma própria in-
confundível e sempre poliédrica. Os átomos e mol éculas estão dis·pos tos ordenad amente
obedecendo à simetria característi ca da referida substân cia.
CRISTALOFILIANA ( rocha) - vide cristalofilian o.
CRIST ALOFILIANO - nome usado em geologia p,u a designar os terrenos mais antigos
da superfície do globo Hoje se u9a com mais freqi.iência a denominação ele terrenos ar-
ifUeanos ou 1'0chas a·rqu ea.nas. Usa-se também a denominação ele cristalofiliana para as
rochas qu e se apres en tam no es tado cri stalino e estratificadas, também chamadas metamór-
ficas.
CRISTALOGRAFIA ciência qu e e9tucla os sistemas ele cristalização. O topónimo cri s-
talografia vem do grego e signifi ca - cri stal e descri ção. Definind o-se ele acôrdo com a
e timologia ela palavra, a cri stalografia é a descri ção elas form as qu e tom am os corpos ao
se cristali za rem.
CROSTA - CO tVTe<;Ões duras de óxido de ferro, de quart zo, de calcári o c ele gêsso, sob a
forma ele capa, ela superfí cie elo solo. E stas crostas são mais fr eqücntes nos clim as semi-
-áridos e tropi cais.
CROSTA DA TERHA - parte só lida elo globo terráqu eo tamb ém chamada de litosfera
(esfera de pedra ). A sua es-pessura é calculada em cêrca ele 60 a 100 quilôm etros. Até
agora porém o homem conseguiu penetrar cêrca de três tluilômetros . As sondagens em
busca de p etról eo j>t ultrapassa m de seis qui lômetros.
Não se eleve co nfundir a defini ção dada acima res tringind~ se apenas às terras emer-
s as, mas. tamb ém às subm ersas, pois as águas enchem depressões de tamanhos e grand ezas
variáveis, repousando, porém sôbre a crosta. A ri gor a crosta terrestre compreende as zonas
ele sial e pmte do sima.. A primeira co nstitui as terras emersas, e a segunda o fundo ela
m aioria elas bacilts oceânicas.
Em 1796, L aplace matemático francês em "Exposition clu sys t~m1 e clu monde" emitiu
a grande hipótese ela existência ela imensa nebulosa que constituiria o s-istema planetário.
A terra à semelhança dos outros planêtas fazia parte dêsse sistema cons tituído ele matéria
fgnea que foi gradualmente se consolidando, formando a crosta terrestre, sólida na supérficie
e, guardando no seu interi or, matéria em fu são, o qu e se chama ele fogo central.
Segundo a teoria ele Laplace existiri a no centro da terra um fogo central. Os três
e lemenlos - terra , :'tgua c ar se separaram , em fun ção do abaixamento da temperatura.
A hipótese de L aplace pode ser confirmad a pelo grau geotérmico - qu e é o gradiente
necessário para que haja o aumento da temperatura à medida qu e se des-ce no sentido
do centro da terra - 1. 0 para 40 metros em média - junto aos ocea nos é da ordem dos 100
m etros e na proximidade dos vulcões é de 10 a 15 metros.
Na profundidade de 120 km limite ela litosfera com a piros fera a temperatura seri a
d e 3 000 · graus.
Na terra, elevemos des tacar a zona de influência solar e a zo na neutra, além da qua l
nfto podem penetrar as vari ações térmicas exteriores (sazo nais ) . Além desta camada que
se encontra de 8 a 25 m abaixo ela superfície topográfi ca, o aumento do calor só pode

DI C IO:'\ .'\ H lO C'EOLÓ C ICO-C:EO MOHFOLÓC !CO 118


ser devido ao calor central. As ex pen encws revelaram qu e, em <ju alqucr parte ela T erra ,
quando atingimos 8 a 10 metros desapa rece a noção ele es tação. Vejamos· alguns dados a.
propósito do gmu geotérmico e a natureza elas rochas : a) terrenos cristalinos an tigos:
40 a 120 m; b) áreas de b acias carboníferas 20 m ; c) região vulcânica 10 a 15 m ;
d) jazimento9 d e p etróleo 10 a 15 m. PTin cípio de H eín·rich - "A p artir ela camada n eutra,
acompanhando um mesmo raio, verifica-se que a diferença ele temperatura é cliretamenk
proporcional à diferença de suas profundidades", êste é o princípio ele Heinricb.
O vulcani smo é tid o igualm ente como outra prova positiva ela teori a de Laplace.
As matérias em fusão elo núcleo central escap ariam por fraturas constituind o os culcões
( vide).
Há porém sen as obje<;Õcs à hipótese ele Laplace: 1 - é difícil de se aceitar qu e a
matéria sólida ela cros·ta, p ossa ser suportada por matérias em fu são. A crosta mais p esada
deveria cair no fundo da massa incandescente líquida; 2 - se o interi or elo globo es tivesse
líquido, êle deveria sofrer marés análogas às elos oceanos. As marés da. crosta são de p e-
quena ampli tude : 18 centím etros aproximadamente. E. Haguin em sua Géo!og·ie Appliquée
diz : "As marés da cros ta terrestre são cleform a<,:Ões p eriódicas elo globo sob a influência
elas atrações !u n<lres e so bres . Aná logas às marés oceftni cas, elas provêm do fat o de qu e
o globo não é p erfeitamente rígido" (pág. 9 ); 3 - A grande pres5ão reinan te no interi or
ela terra, embora h aja elevado grau ele temperatura, poderia dar um a consistência fra ca-
mente elástica; 4 - a propagação elas ondas sísmi cas co nd enam por completo a h ipótese
do "fo go ce ntral" líquido. ·
De L amwy - Construiu em 1926 um verdad eiro sistema cujo fim era ex plica r a d is-
tribui ção ela m atéria, no interi or ela terra. Admitiu os seguintes fato s: 1 - Na fa se ini cial
ela formação da terra , tl.ubilhões p arecidos com os qu e ocorrem nos- nossos dias n a fot osfcra
solar. Se n ão fôsse assim, os elementos lJ.UÍmicos ter-se-i am es tratifi cado estritamentt' na
ordem ele suas d ensidades. Foram os turbilhões qu e trouxeram ê!Yses corpos de p êso atómico
maior, para a p eriferia . 2 - No centro da terra há um a concentração ele átomos p esados
cuja form ação ab sorveu muito calor - reação fortemente endotérmica . 3 - Observaçõe"
geológicas indicam ter havido p erturbações na ordem es tab elecida: os turbilhões durante
o p eríodo ele fluid ez, refusões· mais tard e, devidas ao movim ento d a crosta terrestre, quedas
de m eteoritos, etc. Em co nseqüência dêsses fatos, os elementos trazidos p ara um meio
fí sico diferente daquele onde ·se operou a forma ção, ficar am em equilíbrio instável. O
fenômeno ela radioatividacle exo térmi ca, não é mais do que a qu ebra clêsse equilíbrio ,
CJUanclo sensível aos nossos aparelhos cle física , com res titui ção da energia acumul ada.
Nas vizinhanças ela superfície, ao contrário, encontra-se uma verd<1deira cinta ele calor
proveniente elas des truições exo térmi cas dos átom os raclioativos. André Cailleux em seu
livro La Céologie di z : "Êste calor parece devido, ele um lado, à raclio ati viclacle c, ele
outro, p elo calor gerado anteriorm ente p ela terra, quando se separo u elo sol" (pág. 23).
Parece exis·tir entre o núcleo, em estado sólido, e a superfí cie, uma zona em que a
pressão e a temperatura sejam de molde a p ermitir gue a matéria es teja em estado fluido
viscoso ( Pú osfem). Êste substmtttm da crosta, altamente viscoso, seria onde ocorreriam
as correntes co nvectivas e, a p arte ela terra, ond e se originariam as manifes tações orogcné-
ti cas.
O estudo elo núcleo realizado p elo sismologista Montess us ele Balare o levou a cem-
siderá-la como ele grande ri gidez e elás ti co.
Lord Kelvin , em suas medidas , chegou à conclusão qu e o nú cleo do planêta tem uma
ri gidez vizinha à do aço. E. Haguin em sua Géologie Appliquée di z que as marés ela
crosta ( 18 centím etros ) e os dados obtidos p ela propagação elas ondas sísmicas co nfir m:1 m
qu e o c0 ntrn d a terra tenh a ri gidez análoga à çlo aço (pág. 10 ) .
A crosta extern a ela zona granítica. não é composta apenas ele corpos leves cleYiclo à
corrente convectiva. intratelú1'ica de Dive ou turb'ilhões de D e L aunay.
A seguir vamos dar algumas indicações forn ecidas por vários autores a propósito elas
camadas elo g lobo . A es tm tura ela terra, segundo M. Codur em seu li vro Géogmphie Physiqv e
et T npologie Co urs de L 'Institut Geographiq ue Na tional:
15 km densidade 2,8 s·ilicalo aluminoso
l) Sia l { 25 km c:~ m acla viscosa ele b asalto. Esta ca mad a seri a o reservatório
do magma q ue sa iria p or vêzes p elas crateras elos vulcões
II ) Sima 2 soo km dens idade de 3 a 5
III ) N ife 3 .500 km densidade ele 8 a 11

114 mcroNAmo GEOLÓc rco - cEo~ r o nF OLÓc: r co


Segundo Adams, vVillianson e 'vVashington , temos:

ENVOLTÚRIO E spessura Densidade


(km)

N úcleo central .. 3 400 10


(ferro-níquel)

Zona ]jtospórica. 700 8


Zona ferrospórica ... .. . . 700 5,8

Zona peridófi ca . .. . .. .... . ..... .. . . ... . .. . 1 540 4

Crosta terrest re
1 Zona basáltica .. 40 3,2
2 - Zona granít ica . . 20 2,8

Segundo M. D erru au o es tudo da estrutura intern a fa cilita a co mpreensão dos lllOvi-


mentos tectônicos·, a esb·utura intern a só é conhecida graças à sismologia e à gra-r; im etria.
Segundo os d ados sismológicos temos :
a) Centro do núcleo (grão c/ 1 300 km )
I - Núcleo ou centro, 3 400 km { b ) Núcleo 2 100 km

A natureza elo núcleo é mal co nh ecida: "ignorância do es tado do núcleo e do g1·ão que
constitu em um m eio esp ecial" . A densidad e cresce da p eriferia p ara o centro, de 8 a 12,3
II - Manto
2 900 k m { composto de ma terial ultrabúsico como o pcridotito
Densidade 5

{i
Zona basáltica (Sim a)
III - C rosta
Zo na u·ranítica ( Sial)
+ 60 km Zona detrítica

'
Pa ra M. D erru au "a esp ess ura total das duas zonas da crosta terres tre varia de um
ponto a outro ( Zona Granítica e Zona Basáltica). No conjunto elas são maiores sob as
regiões montanhosas, que nas planícies ou nos. oceanos. Sob o Pacífico, p arece que a cros ta
está m es mo ausente . Quanto à espessura relativa da camada b asáltica e da camada gra-
nítica, ela varia muito. A superfície interna que as sep ara é extremamente irregular.
O m esmo acontece com a superfície da zo na granítica e da zona detrítica. Precis
tle Geom mphologie (pág. 24)
Segundo Djalm a Guimarães a es trutura da terra pode ser expres·sa por 3 envoltórios;
Constituído de uma liga de ferro, contendo elevado teor de'
níqu el e p equena porcentagem de outros elementos ( di âmetro
a) Núcleo-
( do núcleo 6 942 km - espessura 3 47 1 km - densidade está
entre 10 e 11 )
Cons titu ído de rochas densas de co mposição b asáltica - es tado
plástico - espessura 2 880 km - densidade 4
b) En ooltório
m édio f O envoltório médio, ou melhor, a camada de p lasticidade maior
estari a segundo cálculos do geof ísico Vv. Schweydar a 120 km
( simáti co )
l abaixo da supetfície.
Barrel cha mou a parte inferior à ldosfe·ra de aste nosfera
Cons tituíd a de rochas menos densas, tais como granitos, gna ísges
c) Crosta e:rtem a e rochas sedimentares. Ês te envoltório está ac ima ela de9con tí-
( envoltório J nuidade de Mohorovicic
granítico)
( sial )
l - esp essura de 10 a 30 km
- densidade 2,8

DIClON Amo cEoLÓcrco-cEO:MOHFOLÓc rco 115


"O ljUe se co nhece a respeito do interi or da terra é dado por investigações geofísi cas.
O nú<.:l eo centra l, para alguns au tores tem composição dos meteoritos sidéricos, enquanto
para outros seria análogo à massa interna do sol" ( Djalm a Guimarães Geologia Estrclti-
g·ráfica e Eco nômica do Brasil - p ág. 31 ).
O estudo da estrutura da terra, em função dos últimos d ados ela propagação das ondas
sís mi cas, demonstra:

a) descontinuidade de primeira ordem, (jUe co nsiste em um a va ri ação relativamente


brusca d a velocidade da propagação da onda sí;;rnica - d escon tinuidade ele
Mohorovicic, à profundidade de 30 a 50 km .
b) a segunda descon tinuidade consiste numa variação ela aceleração - desco ntinui-
dade de \-\Tiechert - Gutenberg a 2 900 km , esta é a mais importan te.

1 Núcleo - desd o cen tro do globo até a desco ntinuidade d e


{ ' "' icc hert - Gutenberg

2 E nvoltório
médio { entre as duas descontinuidades

A crosta da
T erra { desde a des·con tinuidade de Mohorovicic
( 30 a 50 km ) até à superfície

CHOSTA DE ALTEHAÇÃO - camada ele espessura variável, qu e adqu ire càr diferente
da rocha ori ginária, ao se decom por. Nas regiões tropicais úmidas, a crosta ele alteração
das rocha s co tuma da r ori gem a um produto de coloração alara njada, ou mesmo averm e-
lllada, is-to é, as a·rgilas lateríticas (vide ).

CHOST A TERHESTHE - o mesmo q ue crosta da ·t erm (vide). Co mpree nd e as terras


emer ·as e terras im ersas, isto é, as úreas elos solos oceânicos ( vide) .

CUESTA - for ma ele rclêvo dissim étri co constituíd a por um a suces·são altern ada elas ca ma-
das com d iferentes res istênc ia ao desgaste e q ue se inclinam nu ma clireção, form ando um

Reverso do. cuest a.


j ~
CorntJU
Fr ente du cue sle.

Flg. n. 0 35C Estrut ura concorclantc inclinada - ucuesla " - na q ua l há alternância de camad as
duras e tenras. As camadas tenras são mais Hlciln1ente a tacadas e des tru ídas pela erosão.

116 DICION ,\.mo GEOLÓC ICO- GEOMOHFOLÓCJCO


declive ~ uave no reverso, e um corte abru pto ou íngreme na chamada frente de "cuesta' ·. É o
tipo de relêvo predominante nas bacias sedim entares e nas velhas platafonmw, onde apare-
cem depressões em forma de fundo de canoa, nas quais a colmatagem suce~siva acarreta o
aparecimento de camadas inclinadas. As condi ções necessárias para existência ele um relêvo
de cuesta são: ex i stc~ ncia de camadas inclinadas, alternância de camadas de durezas dife-
rentes, e ataques da e ro~ão fazendo sobressair a frente da cuesta co m a sua dep-ressão
subseqiiente. O relêvo de cuesta expres-sa o resultado do trabaU10 da erosão diferencial.
O têrmo cuesta. é de ori gem mexicana e corresponde ao que os fran ceses denomin am
cüte e que em Po rtu gal tradu ziram por costeira.
A erosão fluvial ao es tabelecer progres-sivamente a hierarqui a ela drenagem das bacias
sedimentares pode dar aparecimento a um a série de fonnas de relevo: depressões de cir-
cu.ndesnu.dação . depressões subseqiientes, gargantas epigênicas, "btt.tte temoin" "ante-butte",
etc.
A es trutura sedim entar do tipo cuesta., implica teoricam ente num mergulho fra co das
camadas. O val or es tabelecido é menor r1ue 30°, ac ima dêste va lor tem-se uma estrutura do
tipo hog-back.
É importante co nsiderar q ue a rêde hidrográfica qu e atravessa uma área ele cuestas
recebe uma denominação especia l: a) rio conseqü ente ou cataclina l - co rre segundo a
direção do merg1.1lllo das camadas; b) rio subseqüente ou ortoclina l - corre segundo a
direção geral das camadas ; e) rio obseqüente - corre na frente da cu esta c contrário ao
mergulh o elas camadas, sendo a flu ente de um subseqü ente; cl) rios inseqüentes, resse-
qü entes e os cursos inadap tados ; e ) cap turas - fenômeno freqü ente nas estruturas incli-
nadas, em geral. ·
Como exemplos clússicos ele es truturas de ettesta, :::itam-se as b<lcias de Paris, do
Parnaíba e Paraná. Esta últim a, devido ao derrame basáltico, co meça a se r co nsiderada, por
a lguns, como não pertence ndo à estrutura típi ca de cuestas, tendo cm vista a existência
do trapp.
CUJ\lli - parte mais alta ou culmin a nte de um morro ou ele uma serra
CU MEADA - o mesmo qu e linha de cum eada, isto é, a linha formada pelo!'l cum es (vide)
' lll e se sucedem ininterruptamente numa erra ou cadeia el e mont anhas. A linh a de cumeada
(vide ) é por co nseguinte, sinônimo de l·inha de crista ( vide) 011 l·inha de festa.
CURSO D 'ÃCUA SUBTEBRÃNEO o mes mo qu e 1·io subtenâneo (vide) , co mum nos
terrenos calcá rios.
CURVA IUPSOGRÁFICA - grá fi co r1ue dá a repres·en tação verti cal elas terras emersas
(vide alUtude) .
''CUSCUZEIRO" denomi nação regional elo es tado ele São Paulo para peq uen,1s m esas ,
os testemunhos ele tôpo plano qu e se encontram na frente ela linh a ela cuesta dissecada .
"CUT-OFF" - têrmo inglês usado para a mptura elo pedún culo de um mea ndro . O m e~ano
qu e saca.do (vide ) .
"CUV ÃO DE AREIA" têrmo regional do les te paraense usado como sinônim o d e banco
de areia. (Vide banco) .

DLC ION Amo GEOLÓGICo-GEOMORFOLÓGJCO 117


DANIOUlUTA - mi ca moscovita, muito h idratada c untosa ao talo, sin. de serici/;a .
DECANTAÇÃO SELETIVA - diz-s-e ela seleção reali zada pelos agentes ele tra nsport e,
como a água corrente e o vento, ao rcahza rcm a triagem segun do o tamanh o e a n a turez;.~
elo ma teria l, a ser transportado.
DECLINAÇÃO MAGN ÉTICA - àngul o formado pela agulh a iman tada com o meridian o
geogní fi co. ( \'i de isóguna ) .
DECLIVE - a ntôn.imo de acli-w ( vide ) . A declivida de é a inclinaçfto maior ou menor du
relêvo cm relação ao hor.izonte. Na representação em curvas de ní vel vemos· c1ue qu anto
m aio r fôr a incli nação ta nto mais próximas se encontram as curvas de nive l. In versa mente
ehb se rão ta nto mais afas tadas q uanto m ais suave fôr o declive.
A d ecl-ividad e entre dois pontos do terreno é medid a pela inclinaçiio Lla reta q ue os
u ne com o p l<t no hori zontal.

Diferença de ní vel
Decl ive X 100 %
Distância hori zontal
E xe mpl o : 300 - 200 100 m ( diferença de nh·el )
100
X 100 33%
300

C urvas de n ível m uito a fastadas - d eclive fraco; curvas cerradas - d ecli ve forte; cm vas
wgularmcnte es paçadas - d eclive co nsl.ante, curvas irregulares c~pa ~· a cl a s - d ecl ive ·ix lriável .
DECOMPOSIÇÃO ALíTICA - sistema de alteração elas rochas em que oco rre a dissolu ção,
pri ncipalmente da síli ca. ( Vide a lítico ) .
DECOMPOSIÇAO SIALíTICA - sistema erosivo, fo ra elo mun do tropica l, onde a s·ílica e
a a ln mi na não s:to di ssolvidas . ( Vide sialíti.co ) .
DECOMPOSTA ( roch a) -aquela na q ual os elementos primitivos fora m alterados por p ro-
cessos q uímicos . As al tera çõe~ de rochas são 1·ealizadas ma is fàcilmen te nos cli mas quentes
e ú mi dos, onde a hidratação é maior. O trabalho ele decomposição química embora seja
teorica mente sep arado da desagregação m ecânica, na natureza os do is se realizam simultâ-
neamente, d ando co mo res ultado final a rocha alte·r ada ou cleco mJJOsta . A zona de alteração
é gera lmente ob servada na superfí cie exterior pelo fato ele a m esma estar em d ependência
clireta elas ações dos agentes ele erosão ( exógenos ) (fig. n .0 1D ) .
DEFLAÇÃO - trabalho executado pelo vento sôbre a superfí cie das rochas, carregando
os d etritos desagregados pela erosão mecâni ca. Vúri o9 au tores empregam ês te tênn o, proposto
por i\f. ' Va ltt>r. co mo sinônimo ele corrasiio (vide) .

118 J?l C ION A lH O C E OLÓ GICO- C: EO'I. IOHF ULÚC ICO


DEFORMAÇÃ O - mo-
dificação de uma rocha
em forma (distorção) e
em volume (dilatação)
pro"d uzida p or esforços.
Essas d eforma ções po-
d em ser de duas ordens :
·-,1 ) - deformação adias-
trófico - na qual não in-
tervêm r e forço ~ tectôni-
cos ; 2 - deformação dias-
trófica - na qual as m~- ••
clificações introduzidas no
co rpo da roch a são de
ori gem tectônica ou di-
astrófi ca.
DEFORMAÇÃO ADIAS-
1-;- ig ~
n. 0 ID - Algumas vêzes se tornant n eccss;írla s certas precauções TRóFICA - vide defM-
para uão se to mar cumo alteração d e rochas , fatos co mo o explicado maçrlo .
abaixo. Vê-se na foto uma mistura de la vas e produtos de pro jeção na
qual aparece um ped aço de "socle" cristalino d entro da lava do vulcão
Gravenoirc (~1a c i ço Central Fntncês) que pode ser tOJnado como in- DEFORMAÇÃ O DIAS-
crustação ou núcleo d e granito . TRóFICA - vide defor-
(Foto el o au to r)
maçrlo .

DEGRADAÇÃO DO HELÊVO - tipo de paisagem onde o processo erosional, isto é, o


desgaste se manifesta com grand e intensidade. As formas ele degradação elo rel êvo s-ão
opostas às formas de a grada ção. (\'ide agradaçiio do relêvo ).
No Brasil podemos citar o planalto di ssecado do estado de Minas Gerai9, como fonna
de relêvo de degradação, enquanto o baixo planalto, a planície amazóni ca e a planície do
AIto Paraguai, constitu em exemplos de forma s de relêvo de agradação.
As formas de relt~vo degradado são form as terrestres em destrui ção.
DEGHADAÇÃO DO SOLO - mod ificações que atingem um s-olo, passa ndo o m esmo de
um a categori a para ou tra, muito m ais lavada, qu ando a erosão começa a destruir as capas
'uperficiais ma is r icas em matéria orgànica. (Fig. n. 0 2D). A degradação do solo pode-se
dar por modificações mi crocbm áti cas, por destrui ção elo tipo de vegetação, etc. O têrmo
de gradação do solo é pa ra os pedó logos sinônimo de erosão do solo (vide) .
DEGRAU - têrm o usado p e los geólogos e geomorfólogos na descri ção físi ca de um a pai-
sagem podend o significa r: um abrupto do relêvo produzido por fa lhas, um rebaixamento
des igual elo relêvo, feito pela erosão diferencial, dando um escarpamento, um a qu ebra
na continuidad e do perfil longitudinal de um rio, dando um salto, etc.
O topônirno d egrau adqu ire sentido genético e explicativo, num a descri ção ela paisa-
gem fí sica, q uando seguido de um qu alificat ivo.
D EGHAU DE FALHA - fo rm a de relevo produ zida pelo desnivelam ento ocorrido entre
do is compartimentos da crosta terrestre qu e se de>'locam , um em relação ao outro, dando
o :1parecim ento a um degrau, qu e pode ser ab ru pto ou suave, conform e a viol ência do
esfôrço tec tôni co, ri gidez do material subm etido a movim entação, ao tempo, ao conse-
qü ente trabalho da erosão .
DELTA - depósito :1 luvi al que aparece na fo z de certos rios, avança ndo como um leque,
na clireç-ão do mar. Essa deposição exige certas condi ções· como : ausê ncia ele correntes
ma ri nhas, fundo r aso, abund ância de detritos, etc.
A denom in ação delta vem ela forma da fo z do ri o Nilo ( Egito) qu e lembra a quarta
letra do alfabeto grego. Os geógrafos passaram então a considerar tôd as as fozes de ri os
qu e apresentassem s e m elh a n ~· a co m a do Nilo, como sendo do tipo clelta ico.

J H C I ON .~ H [O C EO LÓ G JCO- C:EOi\lOHFOLÓG JCO 119


Fig. n . 0 20 - A degradação dos solos se d :í desde que seja romt>ido o e quilíbrio morfoge nética da
região. Na foto acin1 a vê-se o efeito do tlisoteamento do gado provoca ndo a t~ ro~;io ace le rada (vide )
numa e ncosta, no vale do Paraíba do Sul, e m São José do Barre iro, "ão Pau lo.
(Foto Tibor Jahlonsky do Cl\G )

lloje a palavra delta pos5ui não só um conceito geomorfológico, mas também ~en é ti co,
i ~·toé, depósitos sedimentares que aparecem no local d e certos desaguam entos ele rios.
Quanto à po ição os deltas podem ser : co ntinentais e marítimos ou oceâ nicos.
PodC'mos ci tar vários exem plos·: o delta do Volga, rio C]Ue nascendo no plana lto de
Va ld ai, cami nh a na d ire~·ão elo sul e el e sud este para se lan <;a r no mar CC1spio, através
de mais de 70 bocas; o de lta elo Dan í1bio, co nstituindo três bôcas principais·, qu e se loca-
li zam no noroeste elo mar Nc~ro; o de lta elo Mississipi , no ~ô lfo do 'léxico; o delta elo
angcs, ( no ~ô lfo de Ben(ia la ) f)Llt' é o lllaior elo mu ndo; o dC' lta do rio Paraíba do Sul ,
o delta elo Parnaí ba, ele.
D LTA CO TI E TAL - d e nomina~·ão usad2 para os clcpós·itos a lu\'iais cm forma de
I qu e qu e aparc::ccm na foz dC' ri os que desembocam nu m lago .
D ELTA DIGIT ADO - di'l-St' ela foz ele certos rios, co mo o Missis-s ipi , no gôlfo do ~l i-xicn.
qu ~ apresen ta uma série de ilhas a lm·iais separadas por canais naturaiS> divergentes nt>
>t·nticlo de ju ~aule.
D ELTA 1ARÍTii\IO O OCEÂ ICO -
forma de lequ e qu e aparece na foz dos
rios qu desemboca m diretamente nos
....... ·
·····
.....
, ..
ocea nos ou cm mares e, consti tuído ele-
····· depósitos alu viona is ou fluvi omarinh os .
Êsse mater ia l de tríti ca tem ex tensões va-
.:P,·"
··....
ri áveis, conforme o poder de transportt'
·· · do rio.
.::::;;:;:: DELTA OCEÂNICO - o mesmo que
·•""<'".
······
....
····· delta mMítimo (vide) .
::-:<-:-: <<· ·.:::::::~: " DEMOISELLE" - o mesmo que pirâ-
mide d e fada (vide), piràmicle de term
0
Fig. n. 3D ou cham iné e ncastelada. (Fig. n° 3D ).

120 DI C!ON..\ HJO CEOLÓG ICO-GEOl\!ORFOLÓCJC.U.


DEMORFISMO - denom inação dada por Grabau à meteo rização (vide).
DENDRÍTICA ( red e ) - ram ificações da hi drografia à semelhança de galhos de árvores,
muito comum nos terrenos de rochas cristalinas - co mo os granitos, ou cm regiões secli-
lll<.;ntares - argilas. (Fig. n.0 4H ) .
DENDRITO - aspecto em form a de musgo, de algas, ou de fo lhas, q ue tomam certos
compos tos, p rinci palmente de ferro e manganes, dentro das rochas, por efeito d as águas de
infiltração. Os dend ritos dão geralmente li ndos efeitos a certas ágatas, calcedôni as e areni tos.
Podem ser co nfu ndidos, pelos inexperi entes, com impressões fossilizadas de fô lhas.
DENUDAÇÃO ou DESNUDAÇÃO - trab alho gliptogenético, de desbastamento das di-
versas rochas da su perfície do globo. Só pode ser percebida quando se exam ina a disposição
relati va d as camadas da crosta terrestre e a superfície do solo.
Os terrenos sedimen tares formados dE: detritos, são a melhor prova d a des truição da9
rochas preexistentes, desnudando-se e co nstruindo alhures. Esta afirmati va pode ser bem
compreend ida se observa rm os o grande volu me de detritos que foram necessá ri os pa ra
construir as gra ndes planícieY, co mo a da Amazô ni a, da bacia do Prata, da bacia de
Pari s, etc.
A denud ação é , em última aná lise, o arrasamento das fom1as de relêvo mais sa lientes,
p elo efeito co nju gado dos diferentes a~entes erosivos.
DEPLúVIO - transporte do material carregado pela água das chuvas. (V ide erosão plu vial ).
DEPóSITO - conjunto de materi ais sólidos acumulados . Segundo o agente mais impor-
tante q ue co ncorreu para êsses acúmulos de rochas êles podem ser cha mados dos seguintes
modos: depósitos aluviais, depósitos glaciais, depósitos pelágicos, depósitos abissais,
depósitos eólicos, depósitos marinhos, depósitos co ntinenta is, de pósitos sttbaéreos, de pósitos
subaquáticos, dep ósitos terríge11os, depósitos ele talu.de, depósitos colu viais, depósitos flu viais,
depósitos torrenciais, etc.
DEPóSITO ABISSAL - vide abissal ( depósito).
DEPóSITO ALUVIAL - ac úmulo de materi al ca rregado pelas úguas elos ri os. A estrati-
fi cação elos depósitos a lu via is ele um de lta é bem diferente ela enco ntrad a num terraço.
( Vide aluviüo) (Fig. n. 0 4D ).
DEPóSITO COLUVIAL - ac.:un ulo de material locali zado freq iientcment e no sopé ele u ma
encosta e transportado por efeito da grav idade.
DEPóSITO CONTINENTAL - denominação genérica usad a para 0 5' acúmulos de mate-
riais que ocorrem nas áreas continentais, em oposição aos depósitos uw rinh os ou oceânicos,
q ue aparece m nas hordas dos litora is, ou sob as águas dog oceanos.
DEPóSITO DE DIATOMITO - acúmulo fom1 ado pelas di atomúceas, isto é, algas m icros-
cópicas q ue vivem nas água,; doces e salgadas, e qu ando se depositam nos solos form anll
uma esp écie de lôdo gelatinoso. No território federal de Horaim a, no estado do Amazonas,
na zona costeira do estado elo Ceará, no Rio Grande do No rte e cm vários outros estados:
encontram -sP. depósitos de cliatomito.
No Ceará, existe no município de Fortaleza um a com panhi a explor:mdo o di atom ito,
d essa área.
DEPóSITO DE TALUDE - depósito acumulado na bas e de uma esca rpa . Êsse ma teri a l'
pode ter sido tr azido pela eros-ão do lenço l de escoamento superficial, ou pelo efeito da:
gravidade. Es ta últim a, con5>titui , geralmente, o maior responsável pela form ação de gran-
des depósitos de talu de ( 111ateria l de creep, ele des moronamento, ele co lú vio, etc.).
DEPóSITO EóLIO - a cúmulo de materi al transportado e depositado pelos ventos , ex. :
dunas.
D EPóSITO EPICONTINENTAL - acúmul o d e sed imentos em um mar pouco p rofundo,
chamado - mm- epico'lltinental, ex.: sedim entação epico nti nental no mar do período si-
luriano, na região da a tu a) bacia do São F ra ncisco (Vide ep·ico ntinental ) .
DEPóSITO ESTRATIFICADO - constitu ído po r camadas ou estratos depos·itados, a pri n-
cípio horizo nta lmente e q ue posteri onn ente podem aparecer dobrados, inclinados ou mes mo•
fa lhados , por ca usa da ação, principalmente, de fôrças endógenas ( Vide depóSito sed f-
mentm· ).

DI C IONA m o G"EO L ÓC ICO - CEOMO HFOLÓC JCO 12 1~


Fig. n . 0 40 - Depósito aluvial vendo-se h eterogeneidade no material sedimentado.
(Foto Tiho r Jabl o nsky d o CNG )

DEPóSITO FLUVIAL - materi al transportado e acumulado pelos rios. Os sedimen to ~


quando acumulados em camadas, em a ltitudes diversas, ao longo ele um va le, constitu em
os terraços ( vide)
DEPóSITO GLACIAL - acúmulo de ma terial carregado pelas geleiras, tais como as m o-
minas ( vide). Grande heterogeneidac!e no material.
DEPóSITO MARINHO - denominação usada freqüentemente para os sedimentos acumu -
lados na borda litorânea ou em regiões mais profundas. Algumas vêzes, êstes depósitos
aparecem acima do nível atual dos m ares, em virtude das os-cilações entre o nível d as
terras e dos oceanos . ( Fig. n .0 SD ) .
DEPóSITO MARINHO PROFUNDO - o m esmo qu e depósito oceânico ( vide) isto é,
material acumulado na zona abissal.
DEPóSITO OCEÂNICO - detritos ou sedimentos acumulados no fundo dos mares ou
oceanos. Usa-se tamb ém, algum as vêzes, a expressão depósitos marítimos profundos como
sinônimo de dep ósito oceânico .
DEPóSITO PELÁGICO - vide pelágico ( depósito) .
DEPóSITO SEDIMENTAR - resultante elo acúmulo de m ateriais desagregados das dife-
rentes rochas que aparecem no globo terres tre . D e acôrdo com a origem podem ser : 1 -
depósito aluvial - sedimentos transportados pelos ri o;;, 2 - depósito marinho - transportado
p elo m ar, 3 - depósito eólio - transportado p elos ventos, 4 - depósito glacial - transpor-
tado p elas geleir as, 5 - depósito coluvia/. - transportado pelo efeito da gravidade, 6 -
depósito qu.ímicu - trans·portado em solução, res ultando uma precipitação, 7 - depósito
orgânico - restos de organismos animais e vegetais decompostos e acumu lados, ex.: calcári os,
carvão min eral, turfa, etc.

122 DICJONÁ HI O GEOLÓG TCO - GEO MOHFOLÓ C: IC:O


F ig. n ,o 50 - D e plisito sedime ntar no litoral do Es pírito Santo, vcndo-.•w no trecho ond e aflora o
materiu l da série Barrei ras, a pí'qnc nn esca rpa sedimentar da anti,:{a falésia f6~ '1 il. Na foto acima vê -se
um baixo t c rra~· o próximo a Guarapari c ao fundo a escarpa de uma falésia fóssil, e m c ujo tôpo existem.
alg:um as peque nas placas de canga.

!'ode-se classificar os depósitos s<'dimentarcs segundo sua origl'lll cm : depósitos detrí-


ticas, ou elásticos, depósitos químicos c depósitos orgânicos.
D EPô ITO S BA.ÉREO - acúm ul o de material a céu aberto, isto í.•, na superfície da
crosta da terra, ex.: dunaY.
D EPô ITO S BAQUÃTICO - denominação geral para todo acúmu lo de ma terial não
realizado a céu aberto, ex.: depósito a luviais, depósi tos oceânicos, etc.
DEPóSITO TERRíGENO - acúmu lo de material grosseiro na zona litorânea, ou melhor,
na plataform a con tinental, c a pouca distância da costa. O ma terial terr ígc no aparece con 1
mais abun d ância nas proxim i l::tclcs da foz elos diferen tes ri os .
DEPóSITO TORRENCIAL - m:-~tcria l groYSciro acumu lado gC' ralmcn tc, nos cones de
de;eção (vide) .
DEPR < S Ã O - área ou porção do re i \vo situada abaixo do níve l elo mar, ou ab aixo do
nível das regiões que lhe estão próxima . As depressões do primeiro tipo, isto é, abaixo
do nível do mar são denominadas de depressões absoluta~; ( :-.t a r ~t orto ou Lago Asfal tite)
c a~ do segundo tipo, de d epressões relativas.
Depressão é, por conseguinte, uma forma de relevo qu e s · apres~· nta cm pos1çao
al tim l> tri ca mais baixa que as porçõ s contíguas. As clepressõc · podem ter dimensões, for-
m[ls C' origens bem variadas. Pode-se chamar um vale de depresscio longit udilllll cm
relação ao r ell~vo -eircunclantc . Uma fossa tectô nica, como por exem plo a drenada pelo
Henn, entre os Vosges (França) a F loresta Negra (Alrman ha) , pode ser considerada
uma cl pressão entre os dois maci ços.
Do ponto d e vista gcomorfol6gico, é importante des-tacar tambt•m as dep ressões das
frelll es de ettestas - depressões subseqiie11tes e as depressões de circundesnudação perifé-
rico que é a zona deprimida entre o maciço das rochas crista linas ou crista lofilianas t- a c;-
trutura scdimentm· inclinada ela cucsta, ex.: depressão periférica paulista.
ma pequena bacia ele dissolu ção num terreno calcário cons titui uma típica depressão
con1 formas variadas denominada do/i na (vide). Também a fi vala (ou vala) nada mais
{• do que uma série de depressõe9 qu e se recortaram nos terrenos caldrios. Ainda em terre-
no cale<\ rios podemos citar cll'pressões alongadas, isto é, os 1wT;é (vide). Em rochas cri9-
talina9 e cri stalofilianas encon tram-se clepre~sões fechadas , c0111o as observadas na área
do ;crtão nordestino- Fig. n.'' 60- (nrasil). AY rochas hasúlticas tamhí.·m tl~ m. ;\s vezes,

lllr iO:-I..\11 10 C' I•: OI.ÓGJ CO -GEO;-. JOIIFOI .ÓC !CO 12-'3
dque.\sties feclwda;. cst.rncln a nri~t·m da., 111e~mas ligadas ath fenõmcnos de cris talização do
'":•gma , t' nãc; ao da di~solu~·üo dos minerais que formam a rocha.
Sintcti;.-ancln ,-amos aprest•ntar um t·nsaio de ebss ifica ~;ão de depressões, quanto it
origem , do ProL Jo é A. P. Domingut'', con1 algumas pequ enas modificações por nós in-
t rndu?ida':
.I ) Depressões originada, por simples deslocam entos locais ele terreno:
a) De"iclo it larga clcfnrm:l(;fto ele natureza sincli nn l, podendo nelas formar- se
ontras ck pr ess\íc~ Ex.: /\ lar C:tsp io, Mar de Ara i;
h ) Abaixamento dum fragn1 cnto da crosta terres tre dt>vido ;\ um sistema ele fra -
turas. Ex.: s~·ric elos grandes lagos africanos;
c) Depressões dcvidas a um bombeamento:
d) Por falhas no eas<> de um deslocamen to horizontal.
2) D C'prcssões formadas por remoção elo material da 'U J>t'rfíeic:
a) Por escavamC'nto ao l on~o duma calha fluvial;
h ) Por dissolu ção da rocha, podendo esta dissolução ser sn pcrficial ou suhtcrrànea.
Pode h:ti'L'r mesmo a fonna~· ão ele clepre são de\'iclo a um de!Yabamento após
a dissoluçüo do terreno snhjacc ntc. Forma~·ão de panelas de decomposição
e caC'imbas:
l por ação do intenlpcri smo ;
2 - por a~·ãn b inlúg ica:
:3 - por a~·flo eó li :t dt·,·ido it dcfht<;ão ( c;\SO do dcst •rto do 1amib );
c) Depressão s11hse'l iit·n te t' tl c c ircllndcsnucla ~·iío 1wrifé•riea ;
d) Dei' ido a a~·õt• s )Wriglaci:tr ias· 011 glaciárias.

Fi).!. n. 0 (jiJ ·- No "ertâv norcl<'!otlino 'ur)!t'm. pnr vê7~s, algun~ Jajl'dõcs. l' l11 c uja superfídt· p 'l de- lit~
ver dl')JTl'.')SÕcs ft·chadas. dc tamanho c lnrma o; variadas. f.<: imp o rl :lnh• d(•sta car que tais d e pressões
ocorrem t•m ro<: h a~ du e mhao;anll'nto cris talin o do Nordeste brasileiro.
(Foto Tibor j nhl onsky do C:\'G)

......
3) D e pressões formada s por barrage ns :
a) Barragem devid a a urn des moroname nto ;
b ) Ba rragem de um rio por materi al trazid o por um aflu e nte, fo rm a ndo-s e um
cone de dejeção sôbre o rio principal;
c) Barrage m dum va le por dun as;
d ) Ba rragem por um cordão litorâ neo;
e) Barragem por um diqu e m argin al;
f) Barragem devido ao abandono de meandros;
g) Ba rragem form ad a por um a more na;
h ) Barragem fo rm ada por ações g laciá rias e p eri g laciár ias:
i ) Barragem formad a por um de rrame de J ava~;
j ) Autob a rragens por cursos d 'água ;
I ) Ba n agens forma das por ação elos animuis (castores ).
4) Casos especiais:
a) De pressão elas c ra tera s vulcâni cas;
b ) D e pressão cau sada por qu eda ele m e teor itos;
c) D e pressão formada dev ida à topog ra fi a plana e a ac;ão con juntn de vár ios
ou tros fatôres;
cl ) Ação hum a na .
DEPRESSÃO ABSOLUTA - área sit11 ada abai xo elo ní ve l dos mares . Vid e depressüo.
DEPHESSÃO DE AFUNDAMENTO - o mes mo qu e bacia de afundame nto tec tônico (v ide).
DEPRESSÃO DE FHENTE DE CUESTA - á rea deprimida, em fun ção ela e rosão na es-
carpa de natureza ~e clim enta r, porém, cl f' estrutura in clin ada. O mes mo qu e de pressrl o
subseqiiente (vide dep-ressão ).
DEPHESSÃO FECHADA - denominação genen ca p a ra todo tipo ele área de primida, po-
rém , sem saída a parente para as águas. Uma dolina (vide) é uma depressão fechada n o~
terrenos ele natureza calcári a. As depressões fechadas tamb ém a parecem e m terrenos de
naturezas cri s-talina ou cri stalofili a na, co mo exemplo podemos cita r as qu e existem nas
rochas Dré-ca mhri anas do sertão nordes tino. T a mbé m no m ac iço sieníti co ela se rra elo
Ita ti aia -h ,1 várias p equ enas depressões fech adas. Em rochas s·eclim entares onde existe m a-
terial el e natureza calcá ria a dissolu ção do carbonato de cálcio dá fr eqü ente mente o a pa re-
cim ento a d epressões, co mo doUnas ( vide), 1wala e mesm o os JIOlié, c uja form;1 é a longada .
( vide depressão ).
DEPRESSÃO LONGITUDINAL - correspo nde a um va le, is·to é, uma úrea m ais b aixa
e m relação ao relêvo contíguo, com a form a alongada, porém, es treita . É o opos to a uma
de pressão e m form a ele b acia. ( Vid e depmssüo) .
DEPRESSÃO PERIFÉRICA - o m es mo qu e á rcundesn udaçüo á rea deprimida qu e
aparece na zona ele canta ta e ntre terre nos sedim enta res e o e mbasa me nto c ri stalino. A
depressão p eriféri ca te m a form a alongada.
Examina ndo -se a naturez; elo m aterial, de um lado e el e outro ela cle press·ão , ve rifi ca-se
r1ue um é constituído pnr roc has cri stalin as ou metam órfi cas e outro por cam adas sedim e n-
tares, cuja clireçiio e mergulh o podem ser de terminados.
DEPRESSAO RELA TIVA - vide depressão.

>< X X x X

Fig. n . 0 70 - Derrame d e lava s básica!' cm lenço l sôbrc ca madas sedime ntares.

DICJON .<Í.J.HO C'EOLÓGl CO- G EQ,\ I OH FOLÓC ICO 125


DEPRESSÃO SUBSEQDENTE - o mes mo qu e d epressão de frente de "c uestu" (vide) ou
ainda área deprimida em relação à fren te de um hogback (vide) .
DERIVA DOS CONTINENTES - o me mo qu e tran slaçüo co ntinental (vide) ou ll"oria
de A. \ Vegener.
DERRAME - saída e espraiamento ele material ma gmáti co vindo do interior ela cros ta
terres tre, consolidando-se an ar livre (Fia . n .0 7D ) . O maior derrame de lavas básicas q ue
se conhece é o ocorrido no sul do Brasi'i', o trapp elo Paranú , durante o Mesozóico . Outro
grande derrame é o planalto do D ecan, na í r. d ia.
Êsses derram es ~ã o produ zidos pelo extravasamento ele lava em estado líq uido, solidi-
fica nd o-se à superfície.
DESAGREGAÇÃO - separação em diferentes partes de um mi neral ou ele um a rocha, cuja
ori gem pode ser devida ao trabalho dos agentes erosivos ou aos agentes endógenos.
DESAGREGAÇÃO CORTICAL - o mes mo q ue descascamento it sclllelhança de casca~ de
cebola. (Fig. n. 0 BD ). Vide desagregaçtío mecânica .
DESAGREGAÇÃO GRANULAR - aquela q ue dá aparecimento a g r ânulo~, ao im·és ele
fragmentos, por ocasião do qu ebramento e ela decomposição da rocha pela meteo rização .
A d esintegração granular é m ais freqüente nas rochas de composição pouco hetcrn-
gênea . Êste tipo ele desagregação ainda não foi bem es tud ado. Nê le intervém uma érie
de fatôres múltiplos : hidratação dos, cristais, ação clis·juntiva dos sais intercalados nas fend as
d as rochas, etc. Ê stes agentes são favorecidos pelas mudanças súbitas ele temperatura c
do grau ele umidad e.
A desagregação granular é m ::t i ~ ca racterísti ca nas rochas cr.i stalin as, c represent a se-
gundo P. Birot um estado int ermediário entre a desagregação m ecâ nica e a. dPcomposiçtío
quím·ica .
DESAGREGAÇÃO MECÃNICA - d escascr~me nto ou qu ebram nto elas rochas rnac iças pro-
duzido pelas vari ações elas_ amplitudes diurn as ele tempera tura e pelo gêlo e degêlo qu e
agem sôbre as m esmas·. Este prim eiro tipo d e erosão elementar ocasiona nas reg iõe
tropi cais, grandes descas camentos co mo se verifica nos granitos e gnnisses do Rio de Ja-
neiro, dando o aparecimento de " pãPs-de-açúcar", bolas ou boulders. Es ta e~fo li ação nos
blocos é também cham ada de descascamento em form a de cascas ele cebola ou "desag re-
gação cort·ical". (Fig. n. 0 SD) .
A desagregação mecâni ca ao se processar numa ro cha é logo acompanhada de hidra-
tação, ou seja, fenômeno d e ordem q uímica. Nos climas á rid o~ e scmi-áriclos verificrt-se
melhor o aparecimento de rochas, ond e o efeito térmi co se faz sentir com maior fa cilidade.
Além da desagregação mecànica produ zida pelos efeitos da amplitude térmi ca, cle,·emos
considerar o gêlo e o degêlo, cujo resultado é o intenso qu ebramento elas rochas.
Na fragmentação das rochas eleve-se di stin guir, ele um lado, a desagregação, c de
outro, a ablação e o consecutivo depósito.
A movimentação tectônica também é capaz ele d ar fragmentações ele rochas - brc·
cha;; ele falha ou d e fri cção - gue se prolongam, principalmente, em profun cliclade.
Interessa no processo ele form ação elos solos, apenas o quebramento elas rochas ocor ·
rido na superfície, isto é, na zo na de contato co m a atm osfera e o mund o vi vo ou biosfer<l.
Quanto aos sêres biológicos·, co mo agentes clesagregaclorcs de ro chas, os seus traba-
lhos são ele ação m enos violenta, necessita ndo de um espaço de tempo mu ito grande.
Até o mom ento aind a não se mediu a importància dêsses diferentes fatôres qu e agem
na desagregação d as rochas sob os d iversos tipos de clima. Também ainda não mereceu
a desagregação m ecânica o d estaqu e qu e lhe deve se r dado, por ser a primeira fa s-e do
ataqu e ela erosão elementar, juntamente co m a decomposição quími ca . Os trabalhos m ais
recentes dos geólogos e geógrafos já estão co meçando a ressaltar o fato de q ue ela comand a
as outras fa ses do ciclo erosivo: ablação, transpoTte e sed imentação. Afirm am ai nd a qu e
estas últim as não serão perfeitamente explicadas, enquan to não se con hecer q uantitati ,·a-
mente a desagregaçtío m ecâ.nica.
DESBARRANCADO - denomin ação usada para signifi ca pnrti cla ou carrea nw nto cl C" ma-
teria l decompos to ou solo, numa região onde existam dec ]j vcs um pouco fortes .

126 D!CJON A1110 GEOL ÓG J CO - Gt:Ol\ [ 0 11 F OLÓG IC: O


Fig. n.o BD - Nas áreas de clima intertrot>ical úmido o processo de decomposição qutm1ca das rochas
é intenso. 0.; blocos rochosos são trabalhados pela meteorização, dando um arredondamento típico
Na foto acitna observa-se a desagregação cortical ou ent casca de <.-ebola de dois blocos de uma rocha
diabásica na rodovia que vai de Nova Friburgo ~· São Fidélis, no estado do Rio de Janeiro. - A
parte central do bloco é consti tu íd·a de rocha sã, e está envolvida de placas alteradas, cuja parte
mais df:composta, transformada cm argila, é a mais externa.
(Foto Tihor Jablonsky do CNG)

DESCAMAÇÃO - formação de cascas ou escamas sôbrc uma rocha, produzida pela erosão
elementar. O mesmo que esfoliaçíio térmiw (vide).
DESGASTE (de rochas) - o mesmo que ablaçíio (vide), isto é, trabalho gliptogenético
realizado p elos· agentes exógenos.
DESERTO - região natural caracteri zada pela pequena precipitação ele chuva muito irre-
gular. Nas regiões desérticas quente~ temos formas ele relêvo e alterações de rochas espe-
cíficas como: os ergs, hamadas, 1·egs, rios cuja rêde hidrográfica não tem hierarquização,
dreikanter, verniz do deserto, grande intensid~1de da de~agregação mecânica, dunas, etc.
Do ponto d e vista da distribuição geográfica dos grandes desertos, observa-se que êstes
formam uma faixa no hemisfério norte e outra no hemisfério sul. No primeiro caso, isto é,
deserto9 do hemisfério norte temos: Saara, Arábia, sul do Irã, Turquestüo, Mongólia, sul
dos Estados Unidos e norte elo .México. No segundo caso, isto é, aesertos do hemisflfrio
sul temos: Ausb·ália Central, extremo sul da ilha de Maclagú~car, Kalaari (sul ela África)
e Atacam a (Chile).
A parte da geornorfologia que estuda as formas de relevo cless·as regiões recebe o nome
de geomorfologia das regioes áridas quentes.

DESERTO DE AREIA - aquêle onde aparece um grande manto de areia, e por motivos
de ordem climática não existe pràticarnente vida. Quanto aos agrupamentos humanos, apa-

IJ IC!ONAmo GEOLÓCICO- CEOJ\IOHFOLÓC!CO 127


reeem apenas nos oas1s. (Vide deserto ). Os mais extenso!; e1·gs, isto é, desertos ele areia
>áO cneonh·ados no Saara ( Afr ica ).

DESERTO DE PEDRA OU HA.MADA - aqu êle cuja superfície é form ada quase exc lusi-
vament e por grandes afloramentos rochosos, ou como s-e diz vulgarmente de pedra.
DESFILADEIRO - passagem ape1ta da, porémÉ, mais larga qu e as gargantas entre contra-
fort es de um a se rra ou cadeia de montanhas. célebre na história universal o desfiladeiro
das T ermóp ilas na Grécia, por c au ~a da res istência imposta pelo espartano Leônidas, que
co nseg uiu defender a península helênica da in vas ão tentada p elos persas . Assim o desfila-
df' iro é um a pa s~age m abe rta na linha d e cum eada de um a serra, permitindo a pa9sagem
ele um para outro vale.
DESINTEGRAç.~o DA ROCHA - processo p elo qual as rochas são enfraq uecidas em
suas resistências aos diferentes agente9 erosivos, sendo co nsec1üentemente mais fàcilm ente
escavadas .
DESINTEGRAÇÃO GRANULAR - di z-se d a desagregação do9 minerais qu e compõem
as rochas; grão a grão. A predomin ância ela desagregação gra nular ou d a decomposição,
argilosa, depend e de fatôres múltiplos. os climas quentes e úmid06, a decomposição
quími ca mais rápida conduz ao têrm o fin al de alteração - produção de argi la. Nos climas
:írid o9 e semi-áriclos há um a predomin â ncia da desintegração granular elas rochas co m a
forma ção ele fragm entos e grânulos .
DESLIZE CONTINENTAL - o nw s1no qu e translaçlio co ntienntal (vide) ou teori a de
\ Vegcncr.
DES IORONAMENTO - vide al)alanclw.
DESNIVELAMENTO RELATIVO DO HELÊVO - o mesmo qu e am.plitu.de m lat iva do
relêvo ( vide) .
DESNUDAÇÃO - o mes mo qu e denudaçlio (vide) .
DESPENHADEIRO - diz-se das elevações cuj as encostas são muito abruptas . É um
têrmo usado nas descri ções da paisagem fí sica movim entada, como sinônimo de encostas
alca ntilnd as, abruptas, etc.
DESPLACA.MENTO - o m esmo que es foliação (vide) - forma ção de lâminas ele rochas
as qu ais são desagregadas e deixando a marca ou cicatriz no corpo da rocha primitiva. Não
se deve confundir o despla.cam ento com a desca.maçüo ou desa.grega.çlio co·rtical (vide )
qu e é uma ação mecànica d evida, no entanto, a uma ação quími ca q ue é a hidmtaçã.o, ao
passo 4ue a esfoliaçüo ou desplacam ento é puramente mecànica.
DESSECADA - área cuja drenagem foi regulari zada, ou cuja su perfície freáti ca foi rebai-
xada. Não se eleve confundir regilin dessecada, com mgirio dissecada. E sta úIti ma di z resp eito
ao intenso traba lho dos agentes erosivoN.
DESSOLOAGEM - com preende-se como a remoção da camada superfi cial de solo a·rável
ou solo superfi cial realizada pela erosão. A dessoloagem nas regiões de clima tropica l úmido
é sensivelmente acentuada, nas áreas 9ubm etidas à prática de agricultura itineran te.
A remoção lenta da camad a humosa é feita na mai ori a dos casos sem causar a mes ma
sensação elo qu e o esbarrancamento ou voçorocagem.
A clessoloage m por conseguinte é &inônimo de erosão do solo propriamente dito.
DETRíTICA ( rocha) - aqu ela formada com os fra gmentos ou detritos prove ni entes da
destruição ele outras rochas . (Vide detri.tos) .
DETRíTICO (depósito ) - vide detritos.
DETRITOS - sedimentos ou fr agmentos d esagregado~ de um a rocha. Êsse materi al des-
tacado ela rocha i.n situ é geralmente sus·ceptível de transporte, indo co nstituir os depó-
sitos sedim entares. Algumas vêzes os detrit09 são reunidos por um cimento constituindo
as ·rochas detríti cas ou depósitos detríticas, geralm ente compostos ele material muito hete-
rogênf'o. ·

128 DlCIONÁ HJ.O GEOLÓG! CO -G EOMORFO LÓG ICO


DEUTERóGENA - denomi nação dada às rochas sedimentares que deri vam de minerais
em dis olução na água ou de rochas pré-existentes. Vide sedimen tar ( rocha).
DEVONIANO - período do Paleozóico médio, compreendendo os terrenos. colocados na
coluna geológica entre o Siluriano e o Carbonífero . Sua denomin ação foi tirada do condado
D evon, na Inglaterra, onde se encontrou primeiramente uma boa coluna dos terrenos dêsse
p eríodo. É em Nova York, porém, que se encontra atualmente um a das secções mais
completas dos terrenos devo niano .
As rochas d o D evoniano se caracterizam por serem arenosas, principalmente, arenitos
àe coloração vermelha e de origem continental.
lo D evoniano méd io e superior ocorreu a revolução acadiana, co m intensa atividade
vulcânica, nas províncias marítim as da Nova Inglaterra.
O clima é o mesmo do Ordoviciano e Siluriano - uniform e de norte a sul. H á alguns
depósitos que indicam cHmas áridos, porém, não há formação de gêsso e sal. Os tilitos
e varvitos qu e aparecem no Alasca, na Província do Cabo, ao sul da Áfri ca e no sul do
Brasil, denunciam um clima do tipo glacial. Éstes fenômenos. devem ter sido, p orém,
localizados.
Do ponto de vista da vida, pode-se dizer que o D evoniano é a idade dos peixes. Na
flora, há o súbito desenvolvimento d as primeiras flores tas. As plantas não tinham fôlhas,
<Ju se tinham, eram muito poucas. O máximo desenvolvimento alca nçado pela floresta se
.deu no decorr r do Carbonífero.
No Devoniano da E scócia encontrou-se uma ptcridófit a, que é considerada como o
primeiro fóssil do reino vegetal. Entre as pteridófitas dêsse período distinguem-se as fili-
cíneas, equissetáceas e Hcopodiáceas.
O mapa geo lógico elo Bras.il mostra que as áreas m ais extensas de terrenos devonianos
a parecem na bacia do Amazonas, na região do Meio-Norte, no estado de Mato Grosso, na
Bahia e na bacia do Paraná. Os afloramentos dcvonianos na bacia Amazônica são maiores,
11a margem esquerda do grande rio, sendo represent ados pelas camadas de Maecuru, Curuá
c Ererê ( no Pará).
No sul do Brasil, nos es tados de São Paulo e Paraná, há a série Paraná dividida em
dois grupos :
Superior - grupo Ponta Grossa (arenito de Tibaji e folhelhos de Ponta Grossa).
Inferior - grupo F axina-Fumas (a renito Fumas).
Os terrenos devonianos da bacia paranaense aparecem ainda em Goiás - arenito
Fumas; no alto Araguaia, o grupo Faxina-Fumas e finalmente, em Mato Grosso, a leste
do Pantanal, a série Chapada, que forma um a faixa seguindo mais ou menos a direção
1.10rte-sul. •
DIÃBASE - grafia adotada por alguns autores para o diabá.sio (vide) .
DIABÃSIO - rocha eruptiva intrusiva básica de coloração preta ou esverdeada composta
de plagioclásios ( labradorita) e piroxênios, principalmente a augita. É ste tipo de rocha se
·distingue dos basaltos e microgabros por causa da textura ofítica. Os diabásios ou doleritos
aparecem mais comumente em filões, diques e em massas intrusivas. Os diabásios têm
.a mesma composição química dos microgabros, porém, o traço de distinção entre êstes
.dois tipos de roch as é dado pela textura ofítica do diabásio e pela textura microgranular
<lo microgabro.
DIÃCLASE - fratura, junta ou fenda - aberturas microscópicas. ou macroscópicas que
aparecem no corpo de uma rocha, principalmente, por causa de esforços tectônicos, tendo
·direçõe9 variadas. As diáclases são de grande importância no modelado do relêvo terres-
tre. Constituem pontos fracos de ataque, por parte da erosão (Fig. n. 0 9D). Entre as
·principais teorias que explicam a origem das fraturas ou cliáclases temos : 1 - Teoria da
torção - cujas experiências foram feitas por Daubrée, em lâminas de vidro submetidas a
·torções, verificando-se o aparecimento súbito de fraturas q ue se cortavam em ângulo reto:
:2 - Teoria dos terremotos 011 choques produzidos p elas ondas ao se propagarem pelas
rochas da crosta; 3 - Teoria da contração segundo a qual as fendas são produzidas pela
·perda da água ocasionando uma diminuição de volume e uma conseqüente contração à
·semelhança do que observamos nas argilas; 4 - Teoria da pressão e da cristalização - a
pres9ão por si só é capaz de produzir duas séries de fraturas - empuxo lateral e carga
·de camada:. subjacentes. A cristalização, ou melhor, o resfriam ento de certas lavas bá-

IDICION ÁRIO CEOLÓGICO-G EOMORFOLÓGICO 129


Fig. n.o 9D - As diáclases cortam as rochas segundo direções diversas. Estas linhas são aproveitadas
peJa erosão, sendo gradativamente alargadas. Foto tirada no 1nunicípio de Anchieta, no litoral do
Espirito Santo.
(Foto Tibor Jablonsky do CNG)

sicas -- basaltos, se realiza, algumas vêzes, em forma de prismas hexagonais. As diáclases


podem ser verticais, horizontais ou inclinadas. Nas paisagens muito movimentadas pelo
tectonismo, como nas pontas do litoral de Laguna ( Sta. Catarina) observa-se que o fenô-
meno de esfoliação pode ser confundido erradamente com diáclase. Também não se deve
confundir falhas com fraturas ou diáclases. As fraturas aparecem com mais freqüência nas
rochas ígneas e metamórficas. Nas sedimentares compacta& também aparecem como no
calcário, por exemplo.
As diáclases têm um grande papel na desagregação das rochas e também na erosão
elementar.

DIAGÊNESE - conjunto de fenômenos que começam a agir modificando os sedimentos


desde o início de s-eu depósito. tl:ste fenômeno no comêço é unicamente periférico, porém
com o decorrer do tempo passa a ser mais profundo. Em tôdas estas transformações obser-
va-se a eliminação gradual de qualquer traço de vida, e a substituição da cal pela sílica.
Os processos diagenéticos agindo sôbre um depósito sedimentar dão aparecimento a
uma rocha sedimentar coerente. :l!:stes processos devem ser distinguidos da lapidificação
que inclui as transformações sofridas pelos depósito.., que haviam sido tornados coerentes
pela diagênese. Também não se deve confundir a diagênese com a meteorização. Consi-
deramos no primeiro caso a transformação de sedimentos homogêneos ou heterogêneos em
rochas, ex.: argila em argilito, areia em arenito, etc. E no segundo - meteorização - o
trabalho dos diferentes agentes exógenos que tornam as rochas sãs em rochas alteradas ou
decompostas, está ligado a certos aspectos do metassomatismo.

130 DICIONÁRIO GEOLÓGICO-GEOMORFOLÓGICO


Os depósitos recentes de origem marinha, flu vial ou eóli a, são constituídos de minerais
e fragm entos isolado& ele rochas, que sob a ação contínua dos agentes geológicos diagené-
ticos podem vir a sofrer uma consolidação. As rochas sedimentares consolidadas foram
sem dilvida, em outros períodos geológicos, consti tuídas de partículas móvei& ( exceto as
de origem quím ica). O endurecimento e aglu tinação dêsses min erais e fragm entos podem
ter sido devidos a um a cimentação, a um dessecamento, a uma pequ ena pressão exercida
pelo acúm ulo progres·sivo de sedimento ou à existência de concreções.
A diagênese é carac teri zada. de modo geral, pelo fato de as concl i<;Ões ele temperatura
e pressão, serem semelhantes às existentes na superfície terrestre. Estas condições não
podem ser invocadas para explicar a trans·fo rm ação elos sedim entos em rochas consolidadas.
DIAGÊNESE DO SOLO - transforma ção por que passa um solo após a sua formação.
Esta evolução é local e pos terior à gênese do solo.
DIAMANTE - carbono puro podendo, às vêzes, conter impurezas devido a óxidos metá-
licos. Pela sua dureza, brilho e beleza é a m a i ~ preciosa das gemas. É tmnb ém de grande
interêsse ind ustrial.
Apresenta variedades se ndo as seguintes, as mais importantes : a) diamante h.ialin o
ou dit; ersam ente co lorido - gemas ; b ) - bo1t - amorfa ou sem icristalina; c) - ca·rbo-
nado, diamante negro ou lav1·ita. ]:<~s t e último tem grande aplicação para a perfuração elas
roch a9, tendo em vista sua dureza 10. Na Chapada Diamantina, no estado da Bahia são
abunda ntes os carbonados ou d iamantes negros. D eve-se aqui destacar que o próprio
diamante comercial para fins· industri ais já está sendo substituído em certas atividades por
ligas especiais ele crom o, co balto, etc. co mo ca rbon eto de tungstênio nitreto de boro, etc.
O uso elo diamante, quando puro como pedra p reciosa, nas joalherias, é impor-
tante. Entre os maiores diamantes encontrados no Brasil eleve-se destacar: o Presidente
Vargas em 1938, com 726 quilates, o Darei Vargas, em 1939, com 460 qu ilates, e o Coro-
mandei também em 1939, co m 400 quilates .
O Diamante é, por co nseguinte, das p e dra ~ preciosas, a que alcança maior valor co-
mercial. Deve-se, no en tanto, fri sar q ue no Brasil a p rodução fi gura co m pouco vtllto nas es-
tatísticas, tendo e m vista q ue grande parte do produto é contrabandeado. Esta s·itu ação não
é específica ao Brasil, pois , ês te fato acontece no mundo inteiro. No di ze r de Sílvio Fróis
Abreu : "A riqu eza mais concentrada que o diamante s-eriam os sais de rádio, entretanto,
ninguém poderia transportá-los consigo sem p erigo para a própria vida. Quase todo o
comércio ele diam ante é ca racteri zado pelo desvio dos impostos devidos, isso tanto no Brasil
como no resto do mundo" ( Pwd uçüv de dimnantes - p;'tg. 144 ) .
O ciclo das pe dras preciosas 110 Brasil, desenvolveu-se logo a seguir ao do ouro, tendo
grande significação na eco nomia da colônia e no povoamento de certas áreas como: Minas
Gerais, Chapada Diamantina ( B;:.,hia ), Mato Grosso e Goiás.
A produção cliamantífera elo Brasil foi a mais importante do mundo, até a descoberta
das lavras da Africa do Sul e do Congo (prov íncia de Catanga) qu e atuaLn ente ocupam
o primeiro lugar na produção desta importante riqu eza.
O diamante no Bras·il só existe nas jazidas secundárias, não se conseguindo até ao
presente, descobrir a rocha matriz. Na Afri ca do Sul o d iamante é originado em cliques
e chaminés vulcânicas onde ocorre o quimberlito.
No estado de Minas Cerais, os especialistas supõem qu e lá tenha ha vido erupções· de
rochas básicas, semelhantes às que geraram o quimberlito africano (regiões a oeste do São
Francisco). Todavia, Djalma Gu imarães criou uma outra teoria que diz serem os diaman te!'#
gerados em pegmatitos filonares in trusivos ácidos na região de Diama ntina.
A quase totali dade da produção diamantífera elo Brasil é oriu nd a da garimpagem,
sendo os estados de Minas C erais, Goiás·, Mato Grosso e Bahia, os qu e têm maior impor-
tância ( Fig. n. 0 lOD ) .
DIASTROFISMO (do grego diastrophe - distorção) - conjunto de movimentos tangenciais,
verticais, que acanetam 1-u superfície da crosta terrestre o aparecimento de dobras, falhas e
lençóis de arrastamento. Os diferentes tipos de relêvo são resultantes da intensidade dos
movimento& tectônicos. Êstes estão em fun ção da plasticidade ou da ri gidez dos · estratos
que poderão ser dobrados , quando plásticos, e falhados, quando rígidos.

DIClONAmo GEOLÓG I CO- GEOMOHFOLÓG l CO 131


Fig. lOD - Garimpagc1n do diantantc no alto da serra do Tc pcquém, no te rritório federal de Roraintn.
(Foto Tomas Somlo )

Não se deve definir os movimentos diastróficos como movimentos imicamente locais,


pois podem ter grande extensão ( epirogenismo), constituindo, em certos casos, direções
principais e secundárias do relêvo terrestre. Resumidamente podemos distinguir as seguintes
fases ele movimentos : a - ·revoluçüo laurenciana - diastrofismo ocorrido no arqueano; deno-
minação tirada da região de São Lourenço (Canadá ) onde foram primeiramente estudados;
b ) - 1·evolução huroniana - movimentos que perturbaram os terrenos proterozóicos; denomi-
nação tirada do lago Huron (Canadá) onde se formaram as grandes montanhas que foram
produzidas por esta segunda revolução. Êste movimento, diastrófico foi muito violento,
acompanhado de intrusões ácidas e mineralização muito importante com o aparecimento
de veios de quartzo enfumaçado com turmalinas; c - revol·ução taconiana - constituída
p ela séde de movimentos que ocorreram nos Estados Unidos na região de Nova York e
Pensilvânia, no fim do Ordoviciano. Êste movimento é pouco importante para a geologia
do Brasil tendo em vista a p equena extensão dêsses t errenos no território brasileiro;
d - revoZ.ução caledoniana - Inovimentos ocorridos principalmente no continente europeu,
na E scócia (origem das montanha9 Caledônicas) , nos Alpes Escandinavos ( oruega -:- Sué-
cia), etc. Encontramos traços de sua manifestação na França, na Sibéria, na Austrália e na
África do Sul e - revolução herciniana - conjunto de movimentos que atingiram os terrenos
do Carbonífero europeu e seu nome vem da Fiares ta Negra (Alemanha) ati ngiu a França,
Espanha, etc. Na Rússia e na Ásia Central também há indícios da existência dêsses movi-
mentos. Os terrenos da América do Norte se mantiveram mais ou menos estáveis; f - revo-
lução alpina - compreende a ~éri e de movimentos do fim do Secundário e início do Terciá-
rio, os quais deram origem às mais altas cadeias de montanhas da superfície do globo:
Himalaia, Alp es, Pirineus, Rochosas e Andes . Os movimentos tectônicos em terras brasileiras
foram mais intensos no início da coluna geológica, isto é, nos t errenos mais antigos-, carac-
terizando-se por uma grande calma, após os movimentos caledonianos .
No Brasil os movimentos laurencianos afetaram os terrenos. cristalinos do embasamento.
No Proterozóico, os movimentos huronianos perturbaram as camadas sedimentares da série
de Minas. A região mais importante do afloramento dessas rochas. se verifica em Minas
Gerais, na serra do E spinhaço e, esp ecialmente, próximo a Belo Horizonte e Ouro Prêto.
Êsses depósitos sedimentares são de facies marinhas do Proteroz6ico e após o diastrofismo

132 DICIONÁRIO G'EOLÓGICO-GEOMORFOLÓGICO


foram intensame nte metamodoseadós, enrugados e dobrados (série d e Minas). Aumentaram
assim a superfície dos te rreno~. e ~1 ersos . No Siluriano houve a re.v_?lução ca l e d?nian~ . qu e
deu origem a dobram entos, vanaçoes de m ergulhos e a vmda de hloes de eruptivas actdas.
Os movimentos alpinos não tiveram conseq üências na geomorfologia do Brasil a não ser
indiretarnente pelo soerguimento da cadeia dos Andes, na borda ocidental do antigo litoraL
Êstes movimentos tiveram reflexos em terras brasileims com abaulamentos de grande raio.
de curvatma. As drenagens das bacias paranaense e amazônica tiveram suas saídas barradas,
no lado oes te, por ca usa do aparecimento dessa cadeia montanhosa. · (Fig. n .0 20P).
DIATOMITO - rocha proveniente do acúmulo de ca rapa ça ~ de algas diatomáceas (vide
Kieselgmh ).
DILúVIO ou DILUVIUM - nom e dado, de modo geral, aos detritos do Pleistoceno.
A origem dêsse materia l era exp licada co mb res ultante de cataclismos diluviais.
Em algun s depósitos diluvi ais se encontra faun a da época e mesmo res tos de m11a
indústri a do hom em pré-histórico.
DINAMOJVIETAMORFISMO - modificaçi>es por que passam as rochas, às vêzes, até em
sua com posição mineralógi ca, simples mente por causa do deslocamento de ca mada ~, no
mom ento de enm gamenlos ele cadeias ele montanh as .
As· principais transiom1 ações sofrid as p elas rochas resultam da compressão de massas
deslocadas num mes mo sentido por ocasião de um dobram ento. O es tiram ento sofrido por
cert as camadas as transform a em sua tex tura, dá-lh es, por vêzes, alguma xistosidade e as
torna cri s talin:-~ 9 . Os fenômenos de clinamometamorfismo são mais fá ceis de se r observados
em zonas onde tenha havido dobramentos.
O dinamometamorfismo não altera sensivelmente a compos ição quím ica elas rochas,
mas sim as propriedades fís icas·. Assim certos granitos, pelo efeito do dinamom etamorfismo,
adquirem xistosidade e se transfo m1am em gnaisscs; as argilas em xisto, ardósias, etc.
DIORITO - rocha holocris·ta lina de textura gran ular, constituída por um plagioclásio e ele-
mentos ferroma gnesianos - hornh lencla, pouca hiotita, augita, etc. À semelhança do clia-
básio é também uma rocha intrusiva.
Os dioritos são rochas bás icas com a coloração escura. Algumas vêzes se apresentam
ricos em qu artzo, co nstituindo ON rlioritos quartzífems. Todavia é conveni ente assinalar qu e
os clioritos são pobres em quartzo. Na ilha de Córsega há um tipo de diorito onde se
verifica a existência de camadas concêntricas, sendo cham ado de diorUo o1·bicular.
Os dioritos são divididos, de modo gera!, em: micáceos, a nfibólicos, piroxênicos, etc. ;
i~to é, segundo o elemento min eralógico dominante.
A disti nção principal entre os dioritos e os cliabás ios é a textura, pois, enquanto os
dioritos possu em textura granular, os di abásios poss uem tex tura ofítica.
Utiliza nd o-nos das foto grafias aéreas ·podemos tentar identifi car os afloramentos des ta
rocha. O primeiro elemento a ser co nsiderado será logicamente a (:Ór cinza-escura. Todavia
temos qu e assoc iar ainda o estudo de um a série de outros elementos da paisagem fí!!ica,
tais como tipo de a lteração das rochas, rêde de drenagem, fo rma das• cristas, forma das
vertentes, etc. O co njunto dêsses fatôres relacionados, nos poderão auxiliar a tentar um a
identificação do tipo da rocha, na fotografia aérea.
DIQUE MARGINAL depós ito acumul ado à beira ri o, o mesmo que pestana (vide).
(Fig n. 0 llD )
Diques marginais

('""""" ,.:.'"~
constituido de ma terial gr osse iro trazido pelo rio durante a enchen te
FiJ.!, n. 0 llD

D[CIQN.~ llJO GEOJ .ÓG ICO - GE01viOHFOLÓG I CO 133


DIQUE ou FILÃO - intro miss~lü de magm a cm fo rm a alongada a trav és das ca mada~ da
crosta terres tre ( F ig. 12D ) . Algu ns autores procuram distinguir os diqu es dos filões, na
realidad e isto é impossível.

Fig. n .0 ] 20 - Arrasamento de um a superfíc ie dr es tn1tura h orizontal. vendo-st• o relêvo ocas ionado


pe lo fil ilo que res istiu ao traba lho d a e rosão. Algumas \'êzes pode-se ohst~ rvar o cl'llltrflri o, jsto é, o
apa rec ime n to d e um a ca lha no loca l onde a fl ora a intrusão.

O magma qua nd o penetra na crosta litosféri ca de mane ira perpendicular ou oblíqua


ans es tra tos é comume nte c ha ma do de diqu e ou fi/ri o transversal: q uan do pe netr,l c m ca-
madas mais ou meno9 horizon tais é denominado de filào ca111ada ou sill.
O fi lão pode cortar m chas de na tureza sedi men ta r, co mo tamb ém, eruptiva ou meta-
mórfi ca. Jnje ta-sc, porbmto, através de q ua l<lllt-r tipo dr· roch a .
N a na tureza, os lu gares m ais Líccis p a ra o geó logo id entificar a cxiste ncia de um
diqu e, são os cortes feitos para se o nstrui r um" c~tr a cla , ou cm qua lq uer outra escavação
qu e proporcione o apa recimen to dC' 11 m aflo ranll'n to mais amp lo el as ca mada s.
O gcomorfólugo, muitas v<~ 7.C'S , se guia tnm lx 11n pela d ife re ncia ·ãu 11 0 tipo de alteração
ou na maneira como geralme nt e s • cl csngrcga o ma terial dt'sses filô c,·. J\>t s fotog rafia s aéreas,
o problema ela cle te rmiH aç·i'iu dn cl ire<;ão el o diqu e c sua cx tensiio. pode ser sensh-elmente
simpliJ'icado quand o êste aflor a à su p.c rfície .
D o pon to ele vi sta gC'ológico, o-; fil ões pod em. nlgum,ls \'t'zcs-. ser\'ir p ara ch tar a idade
el e certos te rre nos. .Ecunômicanw ntc. são muit o procurados por ca usa el os mincm is que
geralmente co ntt'm. P ara o geomorfó logo, o problema dos fi ltie~ ,, llluito importante no
es tudo cl n erosão difercncin l. Gera lm ente o cliqu es s·:•u n:s ist<' ntcs c podem a parecer na
pa isagem co mo um a sa li ~ n c i a, cuja cxpli caç:"to clcYe se r proc urada na e rosi'io cliferc ncial.
Pode acontecer o inverso, isto é. na fa ixa ondt• apan· ,·c o diq11 C', a roc·ha é mais tenra cm
relação com as q ue lh e es tilo ao redor, rcs ullan do dai u <lp a rec imNltll ciC' um a calha alon-
gad a qu corres j)onde ao afl ora mento el o cli <1u c·.
DIREÇ ÃO - nome dado cm gco logi ,t ,\ s orie ntal'iíco; elas· ca madas tnmach s c m relação
ao norte magnéti co . Gra ·as ao ~s tud~ das dir<.'çôe,; ,. mcq:!u ll ,o:; <1 qu e se dese nvolveram ,
cm grand e parte, as p esquisas de gcomorfo log i,l es trutmal.
A cli reção d a c'm1acl a é norma l Oll pe rpendi cular <l<l mL'rgulho ou i nclina çrl o. Hepre-
senta a lin ha el e in tersecção de um a superfície d(' camada com um p lano hori zo ntal.
DIREÇAO AMAZÔN ICA - uomc <bdo pnr F. Hu ellan ,) dir<" ~·ão est ru tural tlos terre nos
bra~ilci ros do socle g ui ant•n< e <_
[ll l' sc~ Ul' lll no rum o E-\\·.
DIREÇÃO BRASILEIRA - nom e dad o por F. H.u ell an ;\ d ireç-ão estrutura l NE-S\ V e
NNE-. " ' às rochas el o e~c nrlo brasileiro.

13-1 Dl C JON ÁHfO GEOLÓC: !CO-GEOl'> I OHFULÓ G LCO


DIREÇÃO CARAíBA - nome aplicado por F. Ruellan, baseado em trabalhos de Choubert
na Guiana Francesa, à direção estrutural NW -SE, ao escudo das Guianas e também à
área do Nordeste Bralfileiro.
DffiEÇÃO SÃO-FRANCISCANA - nome dado às direções estruturais do escudo brasileiro,
•1ue seguem no rumo N-S, segundo F. Ruellan.
DISCORDANTE - vide estratificaçtio.
DISPOSIÇÃO TECTôNICA - resultado das deformações produzidas pela tectônica (vide).

DISSECADO ( relevo) - diz-se da paisagem h·abalhada pelos agentes erolfivos. (Fig.


n. 0 13D).
DISSOLUÇÃO - o carbonato de cúlcio em contato com a água carregada de ácido car-
bónico ( H"(;Qa) se transforma, cm bicarbonato de cálcio; o sal-gema, por exemplo, em
contato com a água também se altera. Mesmo certas rochas eruptivas são modificadas em
virtude da ação das águas pluviais atuando sóbre os silicatos ( feldspatos). Nas regiões
intertropicais úmidas observa-se que as rochas ígneas ela categoria dos granitos podem ser
.1lteradas, isto é, decompostas inteiramente deixando o resíduo que é a "arena" ou "saibro".
Nos arenitos com cimento calcário ou argiloso são freqiientes Olf fenômenos de dissolução
elo cimento.
DIVISOR DE ÁGUA - linha separadora das águas pluviais. Geralmente se pensa em linha
de cumcada ( Yicl(') , isto é, em clivisorc~ formados por altas montanhas. Todavia, um divisor

Jó'ig, n.o 130 - Na serra do l\llar é frcctüentc o di.sseca~nento do relêvo, por causa da ruptura do
equilíbrio morfoclim:í.tico, tendo em vista a destruil·ão maciça da pujunle florest a da fachada atlântica. -
J a foto fixamos un1 trecho da paisagem do vale do Paraíba, vendo~se tantbént a Usina Fontes, pr6x:into
a Barra rio Pirai, no estado rio Rio de Janeiro.
(Foto Tihor Jahlonsky do CNG)
de água9 não é semfxe constitu ído por e levadas cristas. Como exemplo, podemos citar,
alguns divisores do P analto Central do Brasil , CJUe são suaves convexidades, muitas vêzes,
imperceptíveis, e que servem de separadores de águas pluviais. (Fig. n .0 l4D)

Diviso r o' Ógua (cristas )

P rob le ma do li mite MG-ES


l NÕa hci di visor- Cabeços)
Fig. n.• 14D

No nmp a geológico do Bras il, pode-se marcar os divisores de águas, e observa-se que
as grandes bacias hidrográficas têm se us coletorcs ma is importantes correndo na calha
aluvial. Como exemplo citarí.tmos o caso da11 bacias: amazônica, platina e são-franciscana.
Os divisores de águas na esca la ele 1/ 5 000 000 ultrapass·a m, por vêzcs, as abas da
bacias sedim enta res, locali za ndo-se em terrenos de outras idades·. Não há coincidência entre
os divisores de ,iguas e as partes terminais das bacias sedimentare5. A título de exempb
indicaríamos o cas<J dos diferentes trechos do divisor de águas da bacia Amazônica, com-
preend elldo terre nos, cuja idade va i desde o Arqueano até o H oloceno.
No caso da bacia Nordestina, observa-ite no Meio-Norte os rios correndo em sua
totalidade sôbre rochas sedimentares . Enquanto os elo Nordeste Oriental apres-entam um
importante divisor, a serra ela Borborema, em grande parte cristalina. Isto acontece com
os rios C[Ue e;orrem para leste, atravessa ndo a zo na do Agreste e Mata. Os que vão na
cl ireção do norte, atravessam terrenos ele idad es mais variadas.
No casv das bacias do L este, os divisores de águas correspondem às serras do Espi-
nh aço e Chapada Diamantina, cu jos terrenos são em sua quase totalidade elo Pré-Cam-
briano.
Vejamos doi s casos de di visores numa e~trutura sedimentar concordante inclinada:
a) Os aflu e ntes da .margem esquerda do rio Pa raguai - Taquari e São Lourenço
têm suas ca beceiras' além da escarpa da linha de cu esta que margeia a plan.íci
sedim entar do Pantanal.
b ) Os ri os afluentes da maraem esqu erda do Paranii ultrapass-a m por epigenia a
escarpa da chamada "Serra Geral" e têm suas cabeceiras no primeiro planalto
constituído cm sua grande parte de rochas elo Pré-Cambriano. Quanto ao rio Uru-
guai e seus afluentes, todos implantados no planalto areníti co-basáltico, têm seu.
divisores ou em roch:~s sedim entares - arenito -, ou rochas elo derra me ( tmpp )
- bas·altos c diabúsios.
DOBRA - encuiva mentos de form a acentu adam ente côncava ou convexa - anticlinais e
sinclínais - qu e aparece m na crosta terrestre. Esta movimentação elas camadas da cr:osta
terrestre resulta de movimentos de fôrças tectônicas.
As camadas só podem ser dobradas quando poss uem certa plasticidade. A paitir do
mom ento que os estratos perdem esta plasti cidade ay camadas adq uirem rigidez e a con-
seqüência é a fratu ração ou fa lhamento. ( Vide falha ).
As expressões dobra., regirio dobmda ou estrutura dobrada são tomadas no sentido geral,
de região na qual apa rece um séri e d e an ti clinais e sinclinais. (Fig. n. 0 l5D ).
A largura da dobra se mede, considerando-se a distân ia entre dois eixos de sincli-
nais. Geralmente as dobras são bem mais longas que largas, mas se excepcionalmente elas
forem duas vêzes m enor em ex tensão, teremos - braquicmticlinais c braqu:issinclina·is, e
se for em m ais la rgas teremos então 011 clamas e bacias .
Tas regiões dobradas verifica-se a existência de um a grande espess ura de sedimentos .
Em alguns casos, os dobramentos não se ver ificam apenas nas séries oodimentares, ma ·
tamb ém nas metamórficas.
Do pon to de vista geomorfológico, o es tudo de um a região onde os dobram entos são
de peq uenas ondulações, i to é, suaves, é bem ma is difícil elo q ue o ele uma de fortes

136 DrC ION ,\R TO G EOLÓGICO-GEOl> fORFOLÓ r:ICO


RELÊVO ' DOBRADO

ARENITO

FOLHELHO

,
CALCAR lO
Fie:. n .0 150 - Anticlinal e sinclinal.
cu rvaturas . De Inoclo geral. se a t>rosi'io não ataca r co m v i o lt~ n c ia as dobras, teremos nor-
m:l lmen tL urna paisage m cnja topografia é represe ntada · por cristas e calhas, mais ou
menos pron unciadas·, isto 0, va k s el e sinclinais, mon tanh as dobradas, etc.
DOBRA DE FUNDO - .:tq uela qu e tem um pande raio de curva tura, atingindo áreas
muito extensas. Êste tipo de dobra é também chamado arqueamento ou bombeamento,
p or certos autores .
DOBR A MONOCLINAL - vide laminage m.
DOBl~ADA (estrutura) - vide dobra.
DOBH Ai\lENTO ALPINO - enruga mento da crosta terrestre ocorri dos na era T erciári a.
A denomin ação foi tomada da cadeia dos Alpes.
DOLElUTO (ou di abásio ofítica) - rocha magmática cujá textura é ofíti ca e tem a mesma
composi ·ão quím ica dos microgabros.
O que distingu e um clolerito ou di abás·io de um microga bro é a tex tura e não a com-
posição quí mi ca . Existe u ma certa confusão a res peito do uso dos têrmos dolerito e
diabásio, por parte ele alguns grupos de geólogos, tendo os franceses preferido o uso elo
têrmo cl nlt -rito, enquanto us ameri canos preferem diabás ío .
lJOLI!\A - depressão de forma acentuadamente circular, afun ilada, com larguras e pro-
fund idades Yariadas q ue aparecem nos terrenos cald ri oY. As dolinas podem ser devidas à
clíssolH çiio ou ao cl cs ni (Honam c i~ t o d e tetas de caverna s. No fundo dessas depressões se
enco ntra gL· ralmente :1gua, que ocasiona a di ssolução dos· calcári os dando aparecimento de
terra rnssa . ( vide) .
O tê-rn ,o do lim1 p:HPee originári o do latim dnliwn - pipa, tonel. Na língua iugos lava,
dolina é o climinuti,·o de ,·a le, espécie de fossa em form a de funil qu e aparece em terrenos
pantanosos.
DOLOMITA - ca rbonato d uplo ele cálcio e magnésio cristalizado em romboedros . A dolo-
mita quando entra na co111 pusiç:to de nma rocha cald tria, clú fo rm as mais rcs istcnte9 ao
prnces;o de ca rs tifica~·i"to.
Do po nto de vista gcomorfo lógico, os cal cú rios clolomíti cos são os qu e apresentam
as form as mais bi zarras·, co mo os d e Montpellier de Vieux, por causa da dissolução diferen-
cial produzida pelas :'1gnas de infiltração qu e dissolvem ma is fàcil men te o carbonato de
cálcio.
DOLOMITlZA Ç .~O - transfo rmação sofrid a por um calcá rio cm dolom ita. por efeito da
ci rcul açi10 de :'tguas carregadas ele sais magnes ianos, ou mes mo da úgua elo mar. Quando
se dú na J'ocha um i?;nlllck enriqu ec inwnto cm ca rbonato de magn ésio, e la pas ~a a co nstituir
um cak:í ri o dolomíti <:n . Por ocasi>Io d a dolom itizaç:to a rocha se torna cavcrn m:·a c chega
mesmo a pe rd er os tra<;OS de estra tifi ca ·>10 prim itiva c, cm ce rtos casos, os fósseis.
DOi\10 - c\c,·a: ão do solo com a form a ace ntuad a (lc um a me ia esfcm ; o mEs mo qu e
b r(i qu iu nli clinal (v icie- ) ;,egundo alguns autores (v ide dob·m ) .
O ti·rnw domo (: Lam h(·m us·acl o n:ts descri ções da paisage m físi C<I referindo-se a
c l ev a~·õr • , de F"rm :1 ;.cJn clktnlc a u ·a 11 1Ci;1 es fl· ra sf'm leYar L'IIl l:o nsid cr:1ç·ão a es trutura.
Neste último caso, o domo (, um a form a d e mo ntanha rnredoncl ada produ zid a pelo efeito
d a erosão .
DOMO SA LI NO - clcv:lção cm forma tl c cúpula,
d e dimL'nsôcs variadas, produ zida pela pcnetraçiio
d e jazidas ele sa l.
DUEJKANTER - seixos fa l:<' ta clos e polidos pelos
ventos cm regiões ele clima desérti co . A ês-tc pro-
pósito o P rof. Ancl rc'· Cailleux cha mou atenção dos
cspeci;l lista:< para o fato ele que os seixos facc taclos
cm tres· Sllpcrfícics 0 11 drcika nters, têm êste nú-
mero d face~ em fun c;iin do núm ero das que
o fra gm nto inicial poss uí a, niio impo rtando qu e
seja uma, oito, ou mesmo dez. (Fig. n. 16D ) . Os
d rP ikat~! e r ;; são tamb ém chama dos ele ven tjfatos . Fig. n. 0 16D

138 DI CIO!' ,\ RI O GEOLÓG I C O-GEOMORFOLÓGICO


DHENAGEM ANTECEDENTE - vide antecedente ( rio ) .
DBENAGEM ANULAH. - ocorre em tôrno de mac iços ou domos dissecados· qu e apresen-
tam cinturões envolventes de rochas cuja dureza é altern ada, isto é, duras e mol es. ( Vide
fig. 4R ).
DBENAGEM POSTECEDENTE - aq uela cujo traçado somente se rea li za em co nseqü ên-
cia do aparecimento ele certos tipos ele acidentes - fraturas, sinclinais, etc., qu e gui am a
rêcle hidrográfica. Ês te tipo de d renagem é mais fr eqüente q ue a antecedente.
DHENAGEM SUBTEHHÂNEA - típica nas áreas calcári as . Vide calcária ( rocha ) .
DHENAGEM SUPERIMPOSTA - vide antecedente ( rio ) .
DHIFT - nom e genérico usado pelos geólogos inglêses p ara todos os depósitos ele ori gem
glacial, s·em tomar em co nsideração a granulometria dos mesmos. Grande p arte elo conti-
nente am ericano elo norte, bem como ela Europa estão recobettos de materiais erráti cos,
ou melhor, argilas glac iárias com blocos ele tamanhos variados.
DRIFT CONTINENTAL - o mes mo qu e tmn slação conl'i.nental (vide) ou migração elos
continentes, ou a inda, teoria de vVegener.
DRUSA - agrupam ento irregular de cristais no interior ele um geado ou em cavidades
encontradas, geraL11 ente, nos filões. As dru sas são fr eqüentes no quartzo, apresentando
cristais muito desenvolvidos .
DUNA -- montes ele areia móveis, depositados pela ação do vento dominante. A movimen-
tação dos grãos de r1uartzo é constante, devido à ação do vento ( Figs. ns. 17D e 18D ),
Este des loca mento co ntínu o dos grãos lhes dá grande polimento. Quando es tud ados no
microscópio binocular é fácil a observação dêsses fato s. O Prof. André Cailleux estabeleceu
esta tisticamente nma porcentagem para distinguir os depósitos de ori gem eólica, fluvi al
ou marinha, leva ndo em co nta a forma elos grãos ele qu artzo. Quanto à posição geográfi ca
as dnnas podem ser : 1 - dunas mai'Ít·ímas - localizadas na borda dos litorais; 2 - dunas
co nf-inentais - no interi or elos co ntinentes. As dunas marítimas também chamadas litorâneas,
podem alcançar grancks altnras, como as landrJs fran cesas com cêrca de 100 metros ou
as do Nord este br:lsilciro. A grand e mobilidade elos grãos clú ori gem aos famo sos "v entos
d e arei.a tüo comuns nos dese rtos elo Saara ( África ), Gobi ( Ásia Central ), Ataca ma ( Chile
setentrional ), etc.
O levantamento ele um mapa lopogrúfi co n uma região de dunas é mu ito difícil por
causa do deslocamento co ntínu o <l as mes mas e da falt a de linhas cliretri zes do rclêvo. O
es tudo da delimitação das á re a !'~ elas dunas é ele grande importiln cia para a ocupação hu-
ma na, pois elo ponto ele vista agropccuário são, ele mod o geral, es téreis estc·s solos .
A forma ção das dunas só é possível ond e há um grande es toqu e de areia di sponível
pa ra ser movimentado pelo vento ( F igs. ns. 19D e 20D ). E las se form an1 ond e exis te um
obstáculo. O ângulo ela duna a barla vento é suave, ( inclinação de 5 a 12°) enquanto a
sotavento pode a lcança r um a decli vidade que chega a 35°. Esta d esigualdade ele declives
é q ue motiva o aparecimento da es tratifi cação do tipo di ago nal, e por vezes cm::ada.
A es tratificação inclinada é modifi cada p ara cru zada, por causa da mudança da cli-
rcção do vento, movimentando os grãos de areia obli quam ente ou perpendi cularm ent e à
d ireção primitiva, aca rreta nd o assim es tas mod ificações . •

Fig. n.• 17D

DJ C ION ,\ LUO C'EOLÓGl CO-CEO:M OH FOLÓG lCO 139


Fig. n.• 180 - Dunas vivas na re~mo de Cabo Frio, no estado do Rio de Janeiro. A constante mo-
vimentação da.s areias dá aparecimento a uma superficie cheia de "ripple marlcs". Quanto à estratificação
do material <las dunas esta é cruzada. A topografia é confusa, e a duna apresenta wna forma dissi-
Inétrjca com um abrupto na encosta de sotavento.
(Foto Esso Brasileira de Petróleo)

Fig. n.• 190 - o litoral do ordeste aparecem var1as dunas. Estas podem ser fixadas usando-se <li-
versos processos. Na foto abaixo vêem-se as dunas fixadas atrás do Quartel do XVI Ragimento de
Infantaria a vários quilômetros a leste de atai.
(Foto Tibor Jnblonsky do CNG)
F ig. n. 0 20D - No litoral maranhc nse e cearense as dunas ocupa1n grandes exte nsões da franja costeira .
Na foto acilna vêe m-se dunas vivas e dunas estabilizadas ou fixadas pela vegetação, n os arre dores de
São Luís .
(Foto E sso Brasileira d e Petróteo)

DUREZA - resi9tência superfic ial que os diversos minerais possuem, exigindo maior ou
menor esfôr·ço p ara se deixa rem riscar. A escala de dureza dos minerais vai de 1 a 10.
:É uma das propriedades dos minerais, usada com freq üência p ara reconhecimento macros-
cópico do9 mes mos.

Minerai9 E scala de Dureza

Talco 1
Sal-gema 2
C aleita 3
F luorita 4
Apatita 5
Ortósio 6
Quartzo 7
Topázio 8
Coríndon 9
Diam ante 10

Como se vê no quadro acima o diamante é o mais duro dos minerais, riscando todos
os outros. As rochas resultam, muitas vêzes, dos agrupamentos de diveroos minerais, de
modo que a sua resistência é veri fica da em relação ao desgaste q ue sofre diante do ataque
feito pela erosão.

DICION..Í.HIO GEOLÓCI CO- CEOMOH FOLÓ CI CO 141


ECTODINA.MORFO (solo) - vide solo .
EDÃFICO - concernen te à pa rte agrícola ou coloidalmente mais atiYa do solo.
EDAFOLOGIA - ciência r1u e es tud a o solo, relacionando-os com o aproveitamento agrícola .
EFLORESCÊNCIA - segregações de substâncias solúveis que se depositam na superfície
das rochas. Estas. substfmcias sobem por ca pilarid ade, precipitand o-se graças à evaporação
da água qu e acompanha os sais.
EFUSIVA (rocha) - eruptiva qu e, tendo vindo em estad o de fu são até quase a superfí ci e
da crosta terres tre, se consolidou r<1 pidamente dando uma textu ra mais fin a. É por isto
também chamada de Tucha sttperf'icial, opond o-s-e :1 catego ria de rocha abissal, onde a
textura é de maior grossura.
As rochas efusi vas, algumas vêzes, chegam à superfície de rraman do-s-e sôbre as mes-
mas cons tituindo as chamad as mchas de derrame.
EIXO DO•ANTICLINAL - linha que segue perpendicularmente ~~ pa rte mais convexa das
ca madas ao se dobrarem.
EIXO DO SINCLINAL - linha qu e segue perpendic ularm ente à parte ma is côncava elas
camadas ao se dobrarem.
EJECTóLITO - fragm ento de rocha projetado na atmosfera por ocas ião da ati vidade de
um vulcão, pod endo ser a própria lav<< ou a inda as bombas, lap ili ou partes da s ro chas
próximas ela parede do cone.
ELEMENTAR (e rosão) - vide erosão elementar. O mesmo CJu e meteorização ( vide), ou
intemperismo.
ELEMENTO PETROGÊNICO - d enominação usada por certos autores para o silício e
o alumín io, tendo em vista a sua grande importància na co nstitui ção do sial ( vide), isto
é, d a camada sólida do globo terráqu eo .
ELUVIAÇÃO - movimento de soluções ou ele colóides em suspen ·ão ele cima para baixo
nos solos quando há excesso de ch uvas sôbre a evaporação . Nas regiões equatoriais de
fort es chuvas, corno na bacia Amazônica, o processo d a elu viação é muito impor tante.
Alguns autores chamam o horizo nte superior - A - de hori zo nte elu vial e o inferior
B - de hori zonte iluviaclo ou iluvial, porém é mais correto denominar-se estas trans-
formações de d escida de materiais do hori zonte sHperior, de processo de eluoiação ou
simples mente el-uviação.
ELUVIAL (solo ) - vide solo.
ELUVJÃO - d epósito detrítica ou simples capa de detritos res ultantes da desintegração
ela rocha mal! iz permanecendo in situ. O têrmo elúvio ou eluvião é o oposto elo ma-
teri al transportado pelas águas· elos rio , isto é, alúv io ou alu vião.

142 nrcroNAmo GEOLÓG I.Co -cEOUOHFOLÓcrco


EL úVIO - o m esmo q ue eh w ião (v id e) .
EMBASAMENTO, SOCLE ou· PEDESTAL - escudo co nstihlÍdo pelas roc has que afloram
desde o co rn êço da form aç-ão ela crosta te rrestre. As roc has que constitu e m o escud o
bras il eiro s:lo o gra nito e gna isse. principa lm e nte. Elas pert e ncem <lO Arqu cano e con~tit uem
o q ue Branner de nom inou de " Complexo Braisleiro".
EMBOCADURA - o mesmo q ue fo::. ( vide) el e um ri o.
EMPINAMENTO - di z-se elo levantam e nto de rochas , o qu al pode se r prod uzido pelos
movim entos tectônicos, ou e ntão, pela epirogênese.
"ENCOCHE" - têrm o fran cês aelota clo por algu ns autores para o su lco scnsh·clme nt c ho-
ri 7onta l qu e apa rece na parte inferior das fa lés ias. O mes mo qu e acanaladrua ou co nelura
(vide).
ENCOSTA - d ec li ne nos fl nncos de um Jn orro, ele uma co li na ou ele um a 'ena. São
estes decl ives ele quando em vez in te rrompidos em sua co ntinuidade, apresenta ndo rupturas
( ruptums de decl-ives), c uja origem p ode esta r li ga da à erosrlO cl i.ferencial, à es truhua , às
d ifere nciaç·ões de mt:teo ri za ·iío, às vari a ·õcs el e ní ve is de b ase, ele . ( Vid e ·r;e1t ent e).
ENCUMEADA - o mesmo que cumeada (v id e).
ENDOMORFISMO - di z-se el as tra nsfom1 ações sofrid as pela massa ígn ea ao te r r ali zado
o me tamo rfismo nos te rrenos encaixantes. A massa intrusiva rea li za um me tam orfismo nas
roc has atravessadas e por sua vez es ta n1 esn1a massa ígnea também sofre transformação q ue
se de nomin a e ndomorfi smo.
ENDóGENA ( rocha ) - oriunda da subid a ele magma, cuj a co nsolidação se pode realiza r
a g rande profund id ade , como as c hamadas mchas p lutôn icas, a biss·ais ou supe rficia lm ente,
co mo as ef usivas.
~ENDóGENOS ( fa tôres· ) - ta mbém chama dos agentes intern o · ou aind a fôrças sub terrâ-
/ neas, t êm ori gem no calor que perm a nece no interi or elo globo e nas pressões do· gases
q ue são libe rados. Podem se fazer sentir ex tern ame nte, a través de movim entos súbito., r á-
pidos ou lentos e imp erce ptíveis·. Enh·e os agentes intern os qu e contribue m p ara mod ifi car
a paisagem podemos cita r : vulcanismo. s i ·m os, mor;i m ent os e pi rogênicus ou isostâticus,
tectônicos, etc. Por conseguinte, os fatôres e ndógenos resultam da dinâmica interna, refl e-
tindo-s-e externam e nte através das diversas manifes tações acima citadas.
ENDOMETAMORFISMO - tra nsfo rm ações inte rn as qu e sofr em as massas el e roc has ígneas
ao produzirem o chamado m etam orfism o de co ntato.
ENDORREICA - reg iões onde a d re nagem não c hega a té o ma r. Antônimo ele c nxo rreica.
ENRUGAMENTO DA CROSTA - o mes mo que dob ram e ntos ( vide dobra ). Dura nte
a <:- ra Paleozóica nu Prim úri a, por exem plo, no norte ela Eu ropa , elevara m-se algumas ca-
deias de monta nh as, graças aos ch amados e nru ga me ntos ca leclonia nos, hercinianos e ter-
ciá rios. Como exemplo, pode mos citar, os m ontes Gra mpi nns, no m ac iço da E scócia, os
Alpes Escandin avos, o Maciço Cen tral Francês, os Voges e a F lo resta N egra.
Na parte m eridional e ce ntral d a Europa, destaca mos os enrugam e ntos terciários·, c ha·
mados elo tipo alpino - Alpes, Ape ninos, Pire ne us , Cá rpatos.
ENSEADA - r eentrà ncia da costa b em ab e rta e m di rcção ao mar , p orém, com peq ueno
pe netração dêste, ou e m o utras p alavras, uma baía na qual aparecem dois promo ntórios
d istanciados um elo outro.
ENTRINCHEffiAMENTO - de nomina ção usada p or alguns auto res p ara o en caixa mento
do rio.
ENXURRADA - água que escoa 11:1 superfície da crosta com ve locidade capaz ele oca-
sionar gra nd es; estragos pa ra os g rupos hum anos. As águas da s chuvas ao caírem sôb re a
superfície ela crosta ten estre um a parte se evapora, indo constitu ir o vapor d 'água, outra
se infiltra co nstituindo a água de infiltração e fin alm ente um a ou tra se escoa e constitui
o le nçol el e escoamento superfi cial, wisselleme nt elos fra nceses ou aind a ·r tm-off dos in-
g lêses . O le nçol de es·coa me nto superficial p ode desli za r suave men te sôbre o solo se
a topo gra fi a é relativam ente plana ou ele fraco decli ve. Nas regiões acide ntadas porém
as águas descem em ob ediência à lei da g ra vid ade, sendo sua marcha vio le nta, de ? eloci-
dade grand e, p or causa d a aspereza elos fo rtes decli ves, form a ndo-se ass im a enxurrada.

DICI ONAHlO GEOLÓG JCO- GEOJV[OHFOLÓGICO 143


EO - prefixo grego muito usado em geologia histórica e que !;ignifica "aurora".
EOCENO - período que 9egne o Paleoceno e antecede o Mioceno ; é o de maior duração
da era Ccnozóica, tendo começado há uns 55 milhões de ano9, e durou 30 milhões, apro-
ximada mente. A palavra eocc11o significa aurora do recen te.
Os fóss ei9 da América do Norte no Eoceno denun ciam a existência de uma ligação
com a Europa, q ue desapareceu posteriorm ente. Houve também uma ligação temporária
da América do lorte com a América do Sul, como provam os animais desdentados.
No fim dêsse p eríodo começou a se manifestar o orogenismo no mar de Tethys ini-
ciando-se o s?erguim cnto das grandes cadeias de montanhas, sendo que os Pireneus e os
Apeninos já form avam uma cadeia, cujo t érmino se deu no Mioceno.
O clim a d ês!;C p eríodo era mais quente que o do Paleoceno e já existiam zonas cli-
máticas distintas. A distribui ção das zonas de vegetação era senS<ivelmente diferente da
atual.
Entre os a nimais, os foraminíferos atingem grande importância, sendo os numulites
tão numero90s qu e ge ralm ente se denomina o T erciário inferior de nwnulítico.
Continua o grande desenvolvimento dos mamíferos das espécies arcaicas. Entre os
maiores mamíferos cocênicos des·tacam-se o uintatério e o luxolophodon, que p e1tenciam
ao grupo dos dinocerates parecidos com pequenos elefantes.
EOGENO - o mes mo que paleogeno, isto é, a reunião dos dois períodos inferiores do
T erciário ( Eoceno e Oligoceno).
EOLAÇÃO - trabalho realizado pelo vento, isto é, o mesmo que erosão eólica, compreen-
dendo a c01·rosiio, a defla ção e a sedimenta.çiio. Pode-se, por conseguinte, dizer que êstes são
três processos co muns da eolação.
EóLIA (erosão ) - vide emsiio eólia.
EóLIA (es tratificação ) - realizada pelo depósito de detritos carregados pelo vento os
quais s:'io dispostos de modo muito irregular e entrecruzando os leitos. Esta es tratificação
é d o tipo disc01·dante ou diagonal.
EóLIA ( rocha) - fragmento9 de matériais depositados por efeito do transporte realizado
pelo vento. O material resume-se, na maior parte dos casos, em grãos de quartzo, ou en-
tão, em fragm entos muito pequenos de minerais ou de rochas.
EóLIO ( efeito ) - aq uêle que é produzido pelos ventos ex.: erosão eólia, deflação, corra-
;ão, duna!;, etc.
EóLITO - concreções caldrias, de forma acentu adamente esférica e formadas de pe-
quenas películas concêntricas, muito regulares.
EO-PRÉ-CAMBRIANO - o mesmo q ue Arqueozóico. Vide Arqumno.
EOZóiCA - o mesmo que Proterozói.ca ou ainda Algonquiano (vide) .
EPICENTRO - projeção na superfície da terra do centro de um sismo.
EPICICLO - denominação proposta por D e Martonne para o fato de não existir uma
constância no ciclo de emsão (vide) .
EPICONTINENTAL (mar) - aquêle cujas águas aparecem na borda dos continentes atuais
e têm pouca profundidade. O têrmo epicontinental vem do grego e significa sôbre ou em
cima do continente.
Como exemplo de mares epicontinentais atuais, podemos citar o mar Báltico, a baía
de Hudson, etc. No decorrer da história geológica do Brasil tivemos um mar epiconti·
nental do início do Paleozóico, na bacia do atual São Francisco e Pamaíba.
EPIGENIA - antecedência, ou sw·imposition dos franceses - afundamento do vale cor-
tanto indistintamente rochas tenras e duras, depois de atravessar uma cobertura sedimentar.
A epigenia necessita de uma camada sedimentar e de uma es trutura cristalina.
H{l casos mais complexos em que uma espêssa camada de decomposição em discor-
dância está sôbre um p eneplano, podendo aí !;Cr apontado como um caso intermediário.
Alguns autores fazem distinção entre epigenia e antecedência, na prática, porém, toma-se
quase impossível separarmos um a da outra. Para o Prof. Ruellan os dois tênnos têm o
mesmo significado. O Prof. Bourcart chama os 1ios epigênicos ou superimpostos de rios

144 DICIONÁRIO GEOLÓGICO-GEOMORFOLÓGICO


de trajeto paradoxal. O curso do rio data de uma época anterior, onde a orientação foi
dada por bacias ou sulcos dentro de uma cobertura de rochas. sedimentares, hoje desapare-
cidas. Os rios epigênicos ou antecedentes são, em geral, perpendiculares à direção das
dobras, ou ainda, curtam indistintamente sem formar ângulo, os afloramentos de maciços
antigos. Isto porque no momento do afundamento ou da epigenia da rêde hidrográfica,
existia uma cobertura sedimentar que foi removida com o tempo. Uma hipótese muito
importante que necessita de verificação é a de que as gargantas e os vales superimpostos
são cavados, principalmente, em zonas fissuradas. As cachoeiras. e corredeiras de alguns
afluentes da margem direita do Amazonas que, até aqui, têm sido descritas como produ-
zidas por diques que cortam transversalmente o leito do rio, nem sempre correspondem
à realidade. Tivemo~ oportunidade de examinar algumas fotografias aéreas da fronteira
entre Mato Grosso e o estado do Pará e verificamos que o rio Xingu corre largo trecho
sôbre arenitos ou quartzitos e que seu afundamento se deu por epigenia. A cachoeira das
Pedras e várias outras corredeiras que aparecem no leito do rio, foram produzidas pelo
afundamento do rio Xingu sôbre a antiga cobertura sedimentar. (Fig. n. 0 lE, 2E e SE).
No mapa geológico, a área em questão está representada como terrenos pertencentes ao
Arqueano e Cambro-Ordoviciano.
Fig. n. o 1 E - Observa-se que o rio Xingu, no norte de Mato Grosso, atravessa uma ál"ea de terrenos
sedimentares, que por generalização estão assinalados nos mapas geológicos, como sendo elo entbasamento
cristalino. A área dêsses terrenos sedimentares foi intensamente perturbada por movimentos tectônicos
que se prolongam em tôdas as direções. O rio Xingu na altura da cerredeira das Pedras está afundad o
por epigenia, cortando, conseqüentemente, o mergulho das camadas. As rochas que afloram nessa região
parecen1 arenitos ou mesmo quartzitos muito resis tentes à erosão, como se pode observar no arco de
rochas inclinadas, que foram cortadas pelo rio Xingu na altura da corredeira das Pedras. Alguns
quilômetros a jusante há outros aflorantentos de bandas de rochas duras que ocasionam pequenas
corredeiras. Na paisagem da região observa-se que as cristas, provàvelmente quartzíticas, estão quase
sem vegetação, enquanto as áreas inferiores, mas úmidas, desgastadas prla "erosão,, estão cobertas de
1natas. Os rios de traçados paradoxais ou epigênicos são produzidos por afundamento da rêde hidrográfica
nwna cobertura sedimentar. Nas regiões tropicais do Brasil a espêssa camada de decomposição pode fa-
vorecer o aparecimento de epigenias sem ser em cobertura sed~mentar .
(Foto do Uovantamento Fotogramétrico Trimetrogon da Fôrça Aérea Americana)
~
... .
Outro exemplo de epigenia é a gar-
I . .: <: : : .. < ·. · 3
.: .. . ganta do rio Poti ao cortar perpendi-

~} culan'n en te a serra de lbiapaba, vindo

dn estado do Ceará.

Fig. n .o 2E - R.!de de drenagem numa estrutura sedimen tar conconlrante inclinada - (tiPo cuesta):
1 - Rio conseqüente: corre segundo o mergulho das camadas . Ja - Trecho conseqiiente de 1un r•o
obseqüente. 2 - Rio subscqücnte : corre segundo a direção das camadas perpendicular ao mergulho.
3 - Rio obseqüente: corre no sentido contr~lrio du m ergulho das camadas, perpendicular às camadas
c :te la encosta m:tis abrupta.

Rio Obsequenle

2 Depressão Subsequenle
3 Rio Subsequente
4 Rio Consequenle
5 Garganta Epigênica
6 Cornija
7 Reverso da cuestJJ
8 Frente de cuesta festonado
9 Testem u nho

Fig. n. 0 3E

EPIROGÊNESE - movimentos de subida ou de descida de grandes áreas da cros·ta terres-


tre, de modo le nto . Caracteriza-se por um reajustamento isostático de áreas, dominando
assim os movime ntos verticais lentos, por vêzes seculare9.

146 DICIONÁRIO GEOLÓGICO -GEOMORFOLÓGICO


Os movimentos epirogênicos possuem ca rac terísti cas especiais, como a de não afetar
as eMruturas antigas, podend o porém, apresentar faU1amentos marginais por causa do
esfôrço di as trófico. É também um fenômeno lento e secul ar, diferente da orogénese, q ue
se desenvolve com maior intensidad e, dand o aparecimento a montanh as e atin gindo um a
área menor.
Ai nda não se sa be exa tamente se existem fôrças diferentes para a orogênese e pma a
epirógênese, embora se obse rve qu e as intensidades e extensão das áreas sejam bem cliv e r~as .
O geólogo Rui Osó rio ele F reita ·, es tuclanclc o relêvo brasileiro, procurou explicar, vá-
rias ele suas fo rm as devid as à tectônica mod erna, como produzidas pela epirogênese en-
q uanto as de forma ção ante-siluriana, como orogenéti cas .
Os autores fra nceses preferem a denom inação m ovim e ntos de coniunto, em vez de
epi1·ogênese q ue foi propos ta pelo geólogo norte-america no Gilbert.
EPIZONA - denominação dada por Grubenm ans• à primeira zona ele transform ação elas
roc h a~, por efeito do m tamorfismo. É a parte mais superfi cial, e quanto à mais profund a
é denominad a catazona (vide).
ÉPOCA - vide coluna geológica.
EQUIGRANULAR - crista lização elos minerais, guatclanclo todos as mesmas dimensões
enlre si. O resfri amento do magna, algum as. vêzes, se rea li za ele modo lento e dá fom1a ção
a cri sta is com as mesm as dim ensõe;;, isto é, erJu igran ulares. Somente nas rochas erupti vas,
consolidadas a grandes profundid ades, é possíve l o aparecimento clêsse tipo de cris-talização
do magma.
EQUILíBRIO ESTÁTICO - o mes mo qu e isostasia (vide ).
EQUILíBRIO D E PRESSÃO - ou e tático, o mesmo que ·isostasia (vide).
ERA GEOLóGICA - corres ponde às grandes divisões do tempo geológico. El a~ compre-
endem períodos, de cluraç·ões va ri adrts, os quais se subdi videm em épocas, esta's em ·i dades
e as idades em fa ses.

Duração
em
.EH AS PERÍODOS milhão Idade da T erra
de
anos

Quaternári a (A:ni.ropozóica) { H oloclln.ico . .... . .. .


P leistocêDico ..... ... . . ...... .

Xeogênico ... . { p li oc~n! co .. ... 14


T erciária (Cenozóica).. ... .. f mwcenJco . . . . . 20
15
1 Paelogênico ... { eoceruco
olig;>cêni co ....
.. . .. . 20 70 000 000
Cretáce :> ... . .. .. .. . . . 50
S ec undária (Mesozóica).
{ Jurá:sico . . ...
Triássico . . . . . . . .
. . ... .. . . 30
40 120 000 000
{ permian o ... . . 30
N éo-paleozóico carbo.rJfero .. .. 60
Primária (Paleozóica) . .. I dcvoruano .. ... 40

."1 Bopalcozóico . . .
{ siluriano ... . . . .
ordovieian o . ..
30
50
cambnan o .... 100 310 000 000
Pré - cambriana (Arqueozóica
+ Proterozói ca) . . 1 500 000 000

DICIO N Ámo GEOLÓGICO - GEOMORFOLÓGICO 147


Alguns fatos ocorridos nas diversas eras geológicas.
l) Era Pré-Cambriana - costuma-se usar a denominação de terrenos pré-cambrianos
para as rochas que surgiram primeiramente na &uperfície do planêta, que por vêzes são
difíceis de serem separados em: rochas do período Arqueano ou do Algonquiano.
Não há prova~ concretas, através de fóss eis, da existência de vida nessa era, todavia
a existência de mám1ores nos terrenos pré-cambrianos é uma prova indireta da existência
de vida, possivehnente através de alga9.
Quanto à distribuição das terras sabe-se que existiam dois escudos - Arqueo-Ártico,
localizado ao redor do pólo norte e o Afro-Brasileiro-Indo-Malgaxe, na região equatorial,
ambos separados por um mar alongado - mar de Tethis.
2) Era Paleozóica (vida antiga) - A vida começou nos mares, com os trilobitas
artrópodos extintos) . Há peLxes e desenvolve-se a flora.
Distribuição das terras:
Continente de Gondwana ou Indo-Afro-Brasileiro
Terra Canadense ou algonquiana
Terra Sino-Siberiana ou continente de Angara
T erra Escandinava
T erra Tirrenídea.
Movimentos tectónicos:
Diastrofismo tacônico (cambriano e ordoviciano)
Diastrofismo caledoniano ( siluriano e devoniano)
Diastrofismo herciniano (carbonífero e permiano)
3 - Em Mesozóica (vida intem1ediária) . Grandes répteis .
Distribuição das terras:
l Continente Atlântico Norte
2 - Sino-Siberiano
3 - Afro-Brasileiro
4 - Austro-Indo-Malgaxe
4 - Era Cenozóica (vida recente ). D esenvolvimento dos mamíferos. Aparecimento do
homem (Quaternário) . Grandes movimentos devido aos enrugamentos alpinos. Glaciações.
ERG - o mesmo que dese1to de areia (vide).
EROSÃO - destruição das saliências ou reetrâncias do relêvo, tendendo a um nivelamento
ou colmatagem, no caso de litorais, de enseadas, de baías e depressões.. Na geomorfologia
já se observa certa reação contra o sistema didático adotado da separação entre erosão
e sedimentação, pois ambas !ião elementos integrantes do ciclo de erosão. A uma fase d e
erosão ( gliptogênese) correspondente, de modo simultâneo, uma fase de sedimentação
( litogênese) - são concomitante porém, em áreas diferen tes.
Considerando o problema da erosão, em face da topografia do globo terráqueo, po-
demos concretizar nosso pensamento, falando da existência d e duas morfologias superpostas.
No primeiro caso, morfologia infra-estrutura! do conjunto do relêvo, resumindo os traços
essenciais num mapa, de escala grande. No outro, o caos que raramente as cartas topo-
gráficas representam, isto é, seriam as formas menores devidas à eros·ão acelerada.
Alguns autores são muito restritos no conceito de erosão, considerando-a, apenas, como
o trabalho m ecâni co de destruição - exercido p elas águas. correntes carregadas de sedi-
mentos. Em nada, porém, se justifica o fato de não se considerar como erosão a decom-
posição qu ímica feita pelas águas correntes, uma vez qu e se considere no sentido amplo
a destruição das formas salientes. Pode-se distinguir vários tipos de erosão: a)
erosão acelerada; b) erosão elementar; c) erosão eólica; d ) eroscio fluvial; e) erosão gla-
ciária; f ) e1'0scio marinha; g) erosão pluvial.
O têrmo erosão in1plica para o geólogo e para o geógrafo, na realização de um con-
junto de ações que mod elam uma paisagem. O pedólogo e o agrônomo, porém, conside-
ram-no, apenas, do ponto de vista da destruição dos solos.

148 DICIONÁRIO GEOLÓ GTCO-GEOMORFOLÓGICO


Do ponto de vista geomorfológico, analisando-se o traball1o da d es truição do re lêvo
feito pelas águas correntes e pelos outros agentes eros.ivos, chegou-se à conclusão de que
há uma diminuição de l/10 de milímetro da altitude do relêvo durante cada ano. Para
q ue houvesse um arrasamento completo de todo o relêvo das terras emersas , seria ne-
cessário cêrca de 7 000 000 de anos. No entanto, ês ~ fato não poderá acontecer em virtude
do rejuvenescimento de certas áreas da su perfície ten estre, produ zido pe la orogênese e
pelo vulca nismo.
No toca nte à erosão através. d a história fí sica da terra, cumpre des tacar um fato muito
importante, e já consagrado entre os geólogos, qual seja o da existência de pe1·íoclos de
erosão, e pe·ríodos de sedimentação . André Cailleux teve oportunidade de contestar esta
afinnativa, dizendo que na escala da duração dos períodos geológicos, erosão e sedimen-
tação não se opõem no tempo e sim no es paço. Por conseguinte, contràriam ente ao que
foi escrito atté aqui pelos geólogos - não há épocas ele erosão e épocas de sedimentação,
mas sim co mo afirma o Prof. A Caillenx, lugnres onde há o predomínio do escavamento
e lugares ond e se registra o acúmulo do materi al erodido , no mesmo lapso de tempo. O
que se observa, é qu e a erosão e a sedimentação são simultâneas e co ncomitantes, havendo
apenas distin ção de áreas. E , ambas as fa ses, isto é, es.cavamento e sedim entação, ocorrem
dentro do mes mo intervalo geológico .
EROSÃO ACELERAD A OU BIOLóGICA também chamada anormal - realizada na
superfície terres tre pela intervenção hum ana e sêres vivos em geral ocasiona ndo um des.e-

Fig. n. 0 4E - O escoamento superficial das :\guas provoca na superfície do solo um ravintrmento, cuja
intensid ad e vai de pe nde r de uma série de fatôres. N aturalmente o dcsflores tamento é um d os fatôres
mais importan tes, te ndo em v ista o rompimento do equilíbrio ecológico . No sul de Minas êste ravina-
menta torna-se profundo, dando aparecimento a g randes "voçorocns", como n que fo ca lizamos, no
município de Santo Antônio do Amparo.
Fig. n.o 5E - Na foto acima observa-se o resul tado da erosão, acelerada numa encosta de um morro
no Jnwticípio de ltaverá, no estado do Rio de Janeiro. O trabalho díreto do homem, foi o da destruição da
floresta, deixando a superfície da encosta exposta a e rosão das águas das chuvas que produziram ravinas
e mesmo voçorocas. D o ponto de vista morfológico podentos distinguir a fonna convexa geral dos morros
e os entalh amen tos das ravinas dando início a formas côncavas embutidas dentro da vertente convexa.
(Foto Tibor Jablonsky do CNG)

quilíbrio litogliptogênico. É o aceleramento da erosão nas camadas superficiais do solo


motivado por desflorestamento, cortes de barrancos em estradas, etc. (Fig. n. 0 4E e 5E).

E UOSÃO ANTRÕPICA - o mesmo que erosão antropogenética ou acelerada (vide).


EROSÃO ANTROPOGENÉTICA - o desenvolvimento de processos que transformam a pai-
sagem natural, após a realização de um trabalho feito pelo homem. Erosão antropogenética
é também sinônimo de erosão acelerada (vide) - Fig. n. 0 5E.

EROSÃO ATMOSFÉRICA - denominação usada no sentido anmlo de erosão provocada


por agentes geológicos exógenos, como: vento ( eólia), úgua das chuvas- (pluvial), águas
correntes (fluvial), desagregação mecânica e decomposição química (meteorização), etc . ..

EROSÃO · D E RAVINAMENTO - escavamento produzido pelo lençol de escoamento su-


perficial ao Süfrer certas concentrações rill-erosion (vide) . - No caso de escavamento mais
profundo, o rill-erosion passa a gully-erosion (vide) .

EROSÃO DIFERENCIAL - diz-se do trabalho desigual elos agentes erosivos- ao desgas-


tarem a superfície do relêvo. Há rochas que resistem mais a um determinado tipo de
erosão, e ou tras menos. Da mesma maneira há certos acidentes produzidos pela tectônica,
como o fraturamen to que favorecem o trabalho de certos agentes de erosão.

150 DICIONÁRIO GEOLÓGICO-GEOMORFOLÓGICO


Êsse jo~o de
resistência desigual
opos to pela> rochas
aos agentes erosi-
vos, co nstit ui a ero-
s·ão difer ,nc:ia l. (Fig.
n.u 6E e 7E ) .
EHOSÃO DO SO-
LO destrui ·ão
nas p a ~t e s altas c
ac: úmulo nas pa rtes
d eprim idas ua ea-
lll ada superficial
eda fi sacla. ( V ide
erosâo acelemda ou
biológica ).
EHOSÃO E LE-
MENTAH con -
Fig. n.o 6E - A erosão diferencia l, condicionada JlCla meteorizacão diferencia l junto de fatô res
ocasio na o aparechnento de certas asperezas, danclo por vêzes um Cl' içamcn to que concorrem kn-
da s uperfície, J)Q r causa da dissolu ção e lixivia ~· ão de certos silicatos . ·a
fo to aci ma, ti.rad a no litoral de Lag una, ve m n~ pcoucnos fi ]Ões, ma is resis- tamcnt nas t rans-
te nt es :'t meteoriza ção, q ue a parcccnt un1 pouco sa1ientcs, n a SUllC rfície do fo rm a 'Ões da paisa-
gnmito mai" lavado. g<'m. Podemos gnt-
(Foto do nu lor) pá-los nos- se-
guintes : variação de
tem pera tura - :t'> amplitudes ténn icas têm
grande import<lncia na fragmentação das ro-
chas - d esag re:;~~:"\o m ectu; i ca , ,es fo liaç~o elas
rochas dando pac -de-açucar ( gramtos e
t4na i;ses do Hi o ele Ja neiro, E spírito Santo);
grllo c clcgêlo; deco mposição quími ca - re-
duz a fragm e nto menores o· produtos desa-
~ r<>g:-tdo s pelos age ntes meeànicos. A erosão
L" l<·mentar é também sinônim o de me teori-
za <;iiu ou i nle111perismo.
E HOSÃO-Ei\1-LENÇOL o mes mo qu e
F ig. n . 0 7E
le nçol d'âg ua de escoam ento superficial ou
run-off (vide ) .
E HOSÃO EóLL-\ ou EóL ICA - traballto realizado pelo vento - é mais- importante nas
r<>giões desérticas, ntls zonas ·emi <tridas (nort<> J o Senegal ), ou a inda n as zonas litorâneas
(grande pa rte elo litoral brasileiro) . A pabagem morfológica das dunas res ulta do trans-
porte dos g rão · ele arc·ia rea li zado pelo ,·ento A erosão t'Ólia cU orige m a form as típicas.
A desagregação de origem térm ica L' ma is importa nte do q ue a deco mposição química
nas zo nas árid as ou se nti-árid as . A fa lta de hidrata ção elas roch a ~ dim in u i sensivelmente
a deco mposição qu ími ca elos m in <'ra is. e isto favo r<'Cc o trabalho de defla ão elo vento.
A a\.'i'\o elos ven tos podf' se r di vidida t'llt três fas es: l ) destrui ção; 2 ) - transp orte;
8) dc:po!> ic;iio. Siio co ncom it ant<'s, port' lll rl' al il.allas em úreas diferentes .
E RO SÃO ES PASMó DICA - dc n omin a~· iio pouco us;td a p or ce rtos autores, referind o-se
ii erosão q u a)!:c d e modo in ten niten te c com grand e violt\m:ia . Como exemp lo p odemos
citar a erosão prod uzida p chb torrt'llkS, cujo regime é es pas módi co, isto é, intermitente .
E HOSÃO FLUVI AL - tm hal ho co ntínuo c esponb"\ neo elas úgu, correntes na &u perfície
do globo terrestre. E tam hét tl eha ltt ad a de erosão normal pelos gco morfó logos nas regiões
temperadas. Os geúloi!O!; chamam-na d(' erosão natu ra l ou erosão geológica . Para os mor-
fologi s t a ~ europe us, ela é_· res trita apcMs tlO trabalho de modelngem do relêvo, f ito p elos
rios. Os geólogos d<io um se ntido mais amp lo, considerando todos os efetivos dinâmicos
exóge n o~ de gliptog.~ n ese em qu e o holll(' lll não ten ha i n terfer~nc i a, como erosüo geológica.

DICJONÁ HJO GEOLÓGICO -CEOJ\10RFOLÓ . ICO 151


A erosão fluvial é de grande importância p ara os morfologistas, pois, do estudo da
rêde hidrográfica podem, muitas vêzes, tirar conclusões de ordem morfológica. Um traçado
em "baioneta" ou uma série de capturas, por exemplo, é um indício de uma estrutura
inclinada ( NE da bacia de Paris) . Uma rêd e hidrográfica com ângulos pronunciados, e
com as mesmas direções, pode indica r um a adaptação a um a série de di áclases ( SW da
Bahia) .
Estudando um mapa topográfi co em curvas de nível e comparando altitudes constan-
tes podem-se levantar problemas, no qu e diz respeito a diferentes ciclos erosivos, retomada
d e erosão, etc. Ao trab alho de destruição, tanto de ordem mecânica, como quím ica, ( cor-
rosão ), segue-se o transporte de materiai s sólidos, em sus'Pensão ou em di ssolução, e, fi-
nalmente, a deposição. O material detrítica transportado p elos rios é chamado alúvio. O
rio transportará grand e quantidad e de alu viões, segundo o seu estágio evolutivo, isto é, no
comêço do escavamento de seu perfil ele eq uilíbrio, transporta maior q uantidade do que
na fa se de ve lhice ou senilidade.
A dissecação feita p ela erosão fluvi a l es tá em fun ção do nível de base, do compri-
mento do perfi l longitudinal, ela natureza elas rochas, do cli ma, etc. Uma variação no
nível de base ou um a mudança climática p ode ori ginar um tipo de paisagem completa-
mente diferente. Se p assa rmos de um clima úmido p ara um semi-árido notamos o apare-
cimento de forma s de sedimentação, encobrindo o anti go relêvo.
EROSÃO GEOLóGICA - é realizada norm almente p elos diversQs agentes erosivos sem
que h aja a intervenção do homem, acelerando o trab alho de des trui ção e co nstrução feito
por êstes agentes. Quando se verifica a inte rvenção do homem acarretando desequilíbrios
qu e favorecem o traball1o da erosão, temos então a chamad a erosão acelerada ou geológica
(vide).
EROSÃO GLACIÁRIA - trabalho feito p elas geleiras - de grande importància nas regiões
d e clima fr io e temperado. (Fig. n. 0 SE ). Nas regiões geladas (polares) a morfologia é
menos conh ecida qu e nas intertropicais. Os trabalhos mais rece ntes, nes te ca mpo, são os
de Pien e George e os de A. Cailleux, q ue participou em 19,19, de uma expedi ção à Gro-
enlândi a.
A erosão g_laciári a cava vales p rofundos em form a ele U. Os terraços são cons tit ~íclos
p elo materi al d as rnorainas, isto é, b locos erráticos, estri aclos, argilas, seixos, etc. Esses
depósitos têm a inda a característica ele terem sido revolvidos in loco p ela ação elo gêlo
e degêlo. As forma s ele relêvo re~u lt an t e são geralmente ásperas (ex .: .tvlaciço Cent ral
F rancês).

Fig. n .0 SE

A geologia his tórica registra a existência de várias glaciações. As mais conhecidas são
as que ocorrera m no Quaternário. Os estudos elas glaciações foram feitos com m mucJa
nos p aíses europeus, chegand o-se a denomin ar a última era da coluna geológica - era. das
glaciações. ' o Qu atern ário h ouve q uatro grancll's glaciações.

152 DLCJON ,\11 lO GEOLÓG l CO - CEOMORFO L ÓCJ O


EROSÃO LINEAR - denominação usada, por alguns autores, para a erosão fluvial (vide ).
diferindo da erosão-em-lençol, ou lençol de escoamento superficial (vide) .
EROSÃO MARINHA - trabalho de destruição e construção feito pelas vaga9 forçadas ou
de translação, ao longo dos litorais. Antigamente se pensava que a ação erosiva das correntes
marinhas fôsse a mais importante. Nas baías e enseadas há uma tendência geral para
a colmatagem. Observam-se, porém, exceções, como nas ens-eadas Bernardo e Madalena na
península do Cabo Verde (África Ocidental ) onde se verifica o contrário. Aí o que entra
em jôgo é a erosão diferencial e não o aspecto topográfico, pois as duas enseadas são
constituídas de margas e calcários de mais fácil erosão, enquanto o cabo Manuel - ponto
mai!l extremo elo oeste africano que aí aparece, formado de basalto, rocha mais resistente,
perm anece proeminente.
O estudo da erosão marinha e dos movimentos de variação do nível do mar são de
grande importânci a para a morfologia litorânea e continental. O Brasil que possui uma
grande faixa costeira precisa desenvolver as pesq uisas, tanto das partes litorâneas, como
da topografia da plataforma continental.
O Prof. André Cailleux cham ando a atenção do9 especialistas, frisou que o poder
erosivo do mar é máximo nas áreas litoràneas, e por ocasião das marés enchentes-, ao passo
que no momento da maré vazante, e nas zonas de baías, é menos forte.
O trabalho do mar dá como resultado a destruição de cert09 trechos da cos ta, e a
constru ção, em outros. Contràriamente ao que se acreditou durante muito tempo, as areias
não são provenientes da fragmentação dos seixos, mas sim devido à desagregação dos
gra nitos, quartzitos e arenitos. Diz ainda o Prof. Cailleux que o mar, ou melhor a erosão
marinha não é um produtor de seixos e ele a-reias, mas sim um const~~nidor dêsses materiais.
Quanto aos depósitos marinhos que aparecem junto aos litorais, de modo geral, o
diâmetro do material que os constitui diminui à medida que nos afastamos da faixa costeira.
Todavia esta regra, mais ou meno9 geral, apresenta algumas exceções, que são explicadas
pelas transgressões e regressões marinhas.
EROSÃO NATURAL - o mesmo que erosão geológica (vide). Alguns au tores a empregam
impropriamente como sinônimo de erosão normal (vide ) em opos·ição a emsão acelerada
( vide ).
EROSÃO NETUNIANA - denominação imprópria que usam certos autores para explicar
o twbalho erosivo elas águas subterrâneas. (Vide netunianismo).
EROSÃO NIVAL - trabalho realizado pela co ngelação e clegêlo elas camadas ele neve,
provocando assim a remoção de materiais desagregados e decompos tos. É a erosão nival
q ue provoca o aparecimento ele nichos de nivação (vide) .
EROSÃO NORMAL - segundo os geomo rfólogos da zona temperada, trata-se ela erosão
feita pelo9 ri os, isto é, erostio fluvial. Todavia se considerarmos a linguagem utilizada pelos
peclólogos, erosüo nomwl é sinônimo de e·rosüo geológica ou ainda erosüo natural, exercida
pelos agentes exodinâmi cos, em opos·ição a em stio acelerada ou biológica, onde o homem
intervém como agente acelerador da erosão.
A erosâo normal, no dizer dos geomorfólogos, é a erosão exercida pelas águas de es-
coamento su perficiaL O escoamento é organi zado, isto é, contínu o e progressivo.
O trabalho feito pela erosão normal necessita de uma hierarquia na rêcle hidrográfica,
isto é, a concentração progres·siva dos riachos, regatos e ribeirões até form ar os grandes
rios.
A erosão norm al não se processa qua ndo não há um eocoamento contínuo, progressivo
c hi erarqu izado das águas e dos materiais soltos em direção ao mar. Nas regiõe9 áridas,
nas regiões calcárias, nas regiões glaciais não s·e desenvolve o sistema de erosão chamado
cro, ão normal. O têrm o erosüo normal adq uire, como fri sou André Chollcy, um senti.clo
cLimático e um sentido m orfológico.
EROSÃO PLUVIAL ou PLUVIEROSÃ.O - trabalho executado pelas águas das chuvas na
superfície do relêvo. Compreende três fas es: l) pluvierosão; 2) deplúvio; 3 ) aplúvio. A
ação das chu vas será tanto mais importante, quanto maior fôr .a quantidade caída no
espaço mínimo ele tempo. Os grand es desbarrancados são geralmente re~u l t antes da forte
ação erosiva das úgua · d as chu vas. ( Fig. n. 0 9E).

DICION ÁlU O GEOL ÓG I CO- CEOMOI1FOLÓGI CO 153


Fig. n.o 9E - Aspecto da erosão pluvial, trabalhando as diádases e as juntas de estratificação do arenito
carbonífero de Vila Velha, no estado do Paraná. Esta fotografia rude é bem característica do intenso
trabalho das águas das chuvas o longo das linhas de menor resistência, nas diferentes rochas.
(Foto Tibor Jablonsky do CNG)

O lençol de escoamento superficial terá seu trabalho mais pronunciado, quanto maior
fór o númhero de detritos existentes na &uperfície da crosta .
Na teoria, separa-se a ação mecânica destruidora da9 gotas da água da chuva do
trabalho de desagregação e de decomposição lenta feita pela erosão elementar. Na prática,
verifica-se que a pluvierosão é favorecida pela erosão elementar. O número de detritos
varia em função da natureza da rocha, das amplitudes tém1icas, etc. São motivados pela
ação preliminar da desagregação mecânica e decomposição química. À fase destruidora
segue a ele transporte - o deplúvio - e finalmente a deposição - o aplúvio. Além da
destruição mecânica produzida pelas gotas da água da chuva, há a considerar a efetuada
pelo lençol superficial e, ainda, pelo de infiltração que ocasiona, nas regiões tropicais,
a formação de certos níveis iluviais de laterito (ex.: na floresta da Costa do Marfim, no
Amapá, etc. ). Nas regiões de savanas, como na Guiné francesa, ou nos cerrados do Brasil,
a água de infiltração forma um nível superficial duro, verdadeira crosta de ferro ( canga,
no Brasil; bowal, na Africa).
EROSÃO-POR-SALPICO ( splash erosion) - denominação dada por Ellison ao trabalho.
ou melhor, ao bombardeio feito pelas gotas de água das chuvas.
EROSÃO REGRESSIVA - é a que se verifica no leito de um rio, sendo o trabalho de
desgaste do fundo feito a partir de jusante para montante, isto é, da foz para as cabeceiras.
tl:sse tipo de trabalho erosivo facilita, em certas áreas, o aparecimento de rios decapitados
(vide). Nos degraus das cachoeiras pode-se observar, com mai9 facilidade, o trabalho
remontante da erosão.

154 DICIONÁRIO GEOLÓGICO-GEOMORFOLÓGICO


EHOSÃO HEMONTANTE - o mesmo qu e erosão reg-ressiv a. ( vide) .
EROSÃO SELETIVA - o mes mo qu e erosão diferencial (vide).
EROSÃO SOLAR - denom inação dada por a l ~un s autores ao trabalho de d sagrcgação
mecâni ca reali·Lado p elos raios solares - insolação .
EHOSÃO SUPEHFICIAL - desgaste da superfície da crosta terrestre. Na maiori a dos casos
é sinôn im o de erosão dos solos. Vide erosão acelerada ou biológica .
EBOSÃO TÉRMICA - denomina ão, até certo ponto imprópria, utili zada por algu ns au-
tores para os e feitos da insolaçã o sôbre as rochas. O mesmo gue erosão solar ( vide).
D eve-se preferir o têrmo m eteorização (vide) ou m es mo erosão elem enta·r (\·ide ) .
EROSÃO VERTICAL - denominação usada para a atividade de escavamento das aguas-
correntes e dos ~la ciai s, no sentido de aprofundam ento do leito do vale.
EROSAO ZOóGENA - processo erosivo de desgaste e depósito provocado p or an imais.
EHRÃTICO - o mes mo gu e bloco errático ( vide )
EHUPÇÃO - emis-são de materiais em estado de fu são que, ao romperem a crosta te rres tre,
se consolidam na superfí cie, ou mes mo a pouca distância dela . As erupções vuldnicas são
co ns titu ídas de lava s, bombas, cin zas, lapili, etc . As erupções· podem ser lentas ou rápidas
e violentas .
Quanto à posição do local onde se verifi ca a erupçüo, este pode ser terres tre ou
contin enta l e submarino . O q ue leva a considerar-se a existê- ncia ele üu.lcúes terrestres e
vulcões submarinos.
ERUPTIVA ( rocha ) magmática ou í~nea - produzida pelo res h iamento do m aterial ígneo
existente no interior do globo terres tre ao cam inhar em direção à superfíci e. As rochas
eruptivas conforme a posição em gue se deu o resfri amento podem se r classifi cadas, de
modo gera l, em doi s grupos: a ) rochas plutónicas ou plutonitos; b ) rochas efus ivas ou
vulcanitos.
As primeiras ( plutóni cas) são as que se cri stalizaram a grande profundidade. As efu-
sivas form am a ca tegoria de rochas, cujo res-friam ento foi feito mui superfi cialmente.
A textura da rocha eruptiva es tá em fun ção da profundidade, da press-ão, de tempera-
tura, o gue ocasiona u m aspecto diferente no arranjo dos m inerais entre si, por eclusa das
condições diferençadas ex igidas p elos min erais, por ocasião do se u resfriamento. As- crista-
lj zadas a grandes profundidades têm textura constituída por cri stais grandes, gran ular e
as resfriadas à superfí cie têm textura mais fin a.
Tas rochas eruptivas os elementos essenciais são:
l - quartzo anid rido silícico
ortoclásio
2 -

"
-C)
feldspatos

micas
I plagioclásio

{ pot:issica - mosc-ovita
ferromagn esiana - biotita
{ alb ita
anortita, etc .

4 - anfibólios
piroxênios
p eridotos
I ,-ili cJ tos fcrromagnes·ianos

Do agrupam ento dêsses minerais resultam as segu intes roc has: granitos, sieni tos ( ;:em
quartzo ), dioritos, ga bros, traquito, fonolito , riolito. Os granitos c sienito~ se crista lizam
em profundidades variadas. Os de tex tura porfirítica são rochas intru sivas co n sol id a_nd~-se,
no t>ntanto, a_1;1ec uenas 12Illfuru:üdadc.s ( microgranitos e microssicnitos) . O traqu1 to, tono h to
e riólito s·1\o efusivas, cri stalizando-s e t\ superfí cie ou em diqu es.

DICIONÁHIO G'EOLÓGICO-GEOMORFOLÓGICO 155


CLASSIFICAÇÃO SIMPLI F ICADA DAS ROCHAS ERUPTI VAS SEGUNDO FOUQUÉ E MICHEL LEVY

Rocbas com feldspatos e Rocha s com Rochas sem


R ochas com fC'ldspatos e se m fcld spa tóides feldspatóides feldspató ides e sem feldspatos e sem
feldspatos feld spató ides

T extura li'eldspa. to alcali no Feld spato calcossódico com ou F eld spato alcalino Feld spato calcos-
smn quartzo sódico

Com quart zo S em quartzo Plagioclásio plagioclás io


ácid o básico

Granu lar G ranitos Sienitos D io ri tos Ga bros Sienito nefelín ico Gabros nefelínicos Missouritos leucíticos Peridotito
Norito Sienito leucítico Gabros leucíticos P iroxenito
Hornblendito
-
1\llicrogranu lar lVIi crograníto Microssien ito .l\-li crod iorito Microgabro M icross ienito Microsgabros
i\1icronorito nefelínico nefelínicos
i\1~ crossieni to Microsgabros
leucítico leucíticos

Ofít ica Doleritos Picrito

l\1icrolítica Riolito Traquito Andes ito Labradorito Fonol ito T efrito Nefel inito Augitito
Bn.salt ito Leucitito Limburgito
Basalto

Vítrea Obsidiana, Pedra pomes, Pechstcin, Traquilito


Quanto à posição original das. rochas eruptivas, podem ter tido origem a grande pro-
fundidade, como os batólitos e /acólitos, ou ainda a pequ enas profundidades, como os
filões, camadas e os diques. Estas últimas são chamadas hipoabissais e as primeiras, isto é,
consolidada a grande profundidade, são as abissais ou plntônicas.
As efusivas demonstram sempre a existência de derram e e têm extensões. bem maiores
que as intrusivas. Do ponto de vista geomorfológico é muito importante saber-se o tipo
de afloramento da rocha eruptiva em questão. As intrusivas que não pertencem ao em-
basamento só podem apa rec er à- superfície da crosta quando as rochas qu e lhe estão
acima são removidas pela erosão.
Nos trabalhos de gabinete, os geólogos e geomorfólogos estão lan çando mão da inter-
pretação das fotografias aéreas para descobrir a natureza das rochas.. É preciso salientar
que êstes estudos só tem valor quando controlados no campo, isto é, com excmsões ou
itinerários qU"e d êem possibilidade de conhecer todos os pontos típicos e duvidosos .
AS> rochas eruptivas ou ígneas podem ser reconhecidas nas fotografias aéreas através
elo seguinte esquema:
1) Formas maciças
2) Fom1as específicas
a) Colunas prismáticas
b) Diques
c ) N ecks
cl) Sill ou lençol camada
e ) Corrida de lava
3) F01·mas secundárias
a) Diáclases
h) Formas de des.agregação e decomposição quími ca
4) Formas específicas ela rêde hidrográfica.
Um elemento ele grande valor a ser considerado pelos interpretadores é a coloração
preta e branca, no caso elas fotografi as não serem coloridas. Também a vegetação, em
certos casos, poderá auxiliar a des-cobrir a extens ão do afloramento.
~-~ 1!?,..

ESBARRANCAMENTO - o mesmo que voçoroca ( vide ).


ESCALA' - relação existente entre as dimensões representadas na ca rta e as dimensões
reais do terreno. As escalas que vêm sempre indicadas nas cartas, podem ser de três tipos:
num érica ou gráfi ca ou de linhas trans·versais (es ta últim a raram ente é usad a).
1
A numérica p ode s.er representada ele dois modos : 1:100.000 ou -=-1r:::-:XJ"'"'"o o""'o,--o que
significa que 1 cm na ca rta corresponde a 100 000 cm no terreno, ou seja 1 km.
A escala gráfi ca é um a reta, dividida em partes iguais, onde cada divisão corresponde
a certo número de metros ou ele quilôm etros, dependendo ela escala.

o 2 4 6 10 km

O mapa geológico elo Brasil na escala l /5 000 000, por exempl o, nos forn ece uma série
de indicações ele caráter geral. Quanto maior a escala maior será o número ele detalhes a
ser representado pela carta. D e modo que um a fôlha geológica na esca la ele 1/80 000 tem
uma riqueza de informações que não pode fi gurar na escala d e 1/ 5 000 000 .
No map a d e escala gra nd e pocle-s.e locali zar afloramentos ou jazidas de minério, o
q ue n.':ío pode ser feito nas cartas de escala pequena. Há casos em qu e a carta geológica
é um auxiliar indispensável, ou mesmo, um instrum ento na p esqu isa ele jazidas. Não se
pode pensar em extrair os recursos. minerais ele um p aís sem primeiramente se ter elaborado
um a boa cartografia geológica.
ESCALA ESTRATIGRÁFICA - constitu ída pelas eras, períodos e suas subdivisões, servindo
para classificar os terrenos no tempo geológico. A escala es trati gráfica é form ada com o

DICIONÁRIO GEOL ÓGI CO- GEO M OHFOLÓGICO 157


a uxílio do princípio es tra ti gráfi co ela superpos1çao e os fósseis achados. í!:s tes últimos cons-
titu em res tos indispensáveis para o es tabelecimento correto de um a cronologia dos diversos
terrenos.
ESCA O - peq uena plataforma que aparece nas bo rdas dos- lagos à semell1ança de uma
banqu eta; vindo logo a seguir um forte declive ou talude co nstitu ído de aluviões.
ESCARPA - ra mpa ou ac live ele terrenos qu e apa recem nas bordas elos planaltos, serras,
tes temunhos ( bu.tte tem oi.n ), etc.
- D e modo genéri co podemos cli ~tin g uír os seguintes tipos ele escarpas elo relêvo
brasileiro :
a) Esca rpas tectônicas, isto é, abruptas produzidas por fôrças endógenas. No
caso das escarpas elo "P lanalto Atlànti co" são frentes d issecadas, cu jo cscar-
pa mcntos foram provocados por deslocamentos epirogêni cos.
b ) Escarpas de erosão - são aq uelas cujos abruptos foram escavados p elo9
· agentes erosivos . Como exemplo podemos citar as frentes das- cuestas da bacia
sedimentar do Paraná, a Ibiapaba na fronteira do Cea rá com o Piauí, ou
ainda as esca rpas elos chapaclões sedimentares elo Centro-Oes te, ou mesmo,
o ~ abruptos d.ts chapadas residuais elo nordes te, como a elo Araripe, etc.

ESCARPA ALCANTILADA - diz-se ele um abrupto importante qu e c],i certo traço ca-
racterísti co a uma paisagem. Trata-se ele uma expressão descritiva. Do ponto ele vista ge-
néti co, uma escarpa alcantilada, pode ter origem endó gena, ou exógena. Isto significa dizer,
qu e tanto pode ser produ zid a por fôrças tectônicas, como por fôrças erosi vas.
ESCARPA DE CIRCUNDESNUDAÇÃO - denomin ação proposta pelo geomorfólogo Azi z
Ab'Saber ( 1949 ) para as " fal ésias" concêntricas (vide) ou depmssão periférica (vide) re-
ferindo-se, naturahn ente, às· escarpas clissimétricas, provocadas pela erosão. No dizer de
Ab'Saher a "s·erra" Geral co nstitui, em quase tôda a sua extensão, um sistema de escarpas
de ·ircunclesnudação, elos mais típicos e g igantes qu e se tem notícia.
ESCARPAMENTO DE FALHA - paredão de forma mais ou menos abrupta, em fun ção
ela idade da falha e do clima ela região. Os es<:arpamentos de falhas quando antigos já
se acham mais trabalhados pela gliptogênese, que ocasiona um elissecamento no espelho
d a antiga falh a, produzindo ass im um recuo e um rebaixamento no degrau da falha .
U111 dos indícios para o ~ geomorfólogos reconhecerem a existência de um a falha res-
ponsável pela topografi a, é o es-carpamen to com ab ruptos, como os encontrados na serra
do Mar. Nesse tipo ele pesquisa o grande perigo é a afirmação ela existência de certa
morfologia baseando-se a p ~ n as na identi dade da form a, sem procurar verifi ca r a estrutura
geológica da região.
Algumas fre ntes de cuestas, quando observadas ele longe, podem ser tomadas por e&-
carpamentos de fa!h as porém, o exame da estrutura geológica imedi atamente revelarú
tratar-se de uma região de estrutura inclinada, com rios conseqüentes, subseqüentes. obse-
q üentes, etc.
Exi te certa controvérsia entre os geólogos e geomorfólogos na denomin ação dêsses
grandes abruptos produ zidos por esfo rços tec tônicos. Assim procuram êles diferençar es-
carpas ele fa lha de escarpas ele linha de falha, dizendo q ue no primeiro caso o abrupto
está no se u ciclo inicial, ou melhor, a erosão ainda não trabalhou o espelho ela falha ,
e nqu anto no segundo caso a antiga frente se acha, por vêzes, consideràveh11 ente recuada
e mes mo rebaixada. O Prof. Francis Ru ellan denominou a êste último tipo de escarpamento
de origem tectônica ele fr ente de falha dissecada.
ESCARP AMENTO DE LINHA DE FALHA - vide esca·rpa.mento de falh a.
ESCOLHO - o mes mo que abrôllw· (vide).
ESCóRJA - lava ele aspecto esponjoso, ou melhor, vacuolar, expelida pelos vulcões. A
escóri a, nada mais é elo que u'a massa grosseira, cujo material adquire tamanho muito
vari ado, cm virtude do resfri amento sofrido de modo desigual pela9 lavas.
ESCORREGAMENTO DE TERRENO - descidas de solo ou elas massas de rochas ele-
compostas, geralmente por efeito ela gravidade. Nas es truturas inclinadas, os escorrega-

158 DICIO N;\Hio G'EOLÓGI CO - GEOMORFOLÓGICO


mentos de terrenos são mai~ facilitados. ~ ão e de,·e, porém, confu ndir o esco rre~amento
com O'> desmoronamento. de bloco ou me mo com o afu ndamento ele terrenos, na zona de
ca rsle.
ESCUDO primeiros nú cleos de roc has emersas qu e afloraram desde o início ela for-
mac;ão ela crosta. Zonas atualmente estt1vcis quanto à tectônica. A distribui ·ão geográfica
dos principais escudos {> a sc~ uint(': l - Fino-E ~ca ndin avo, 2 - Siberiano, 3 - Canadense,
4 - Sul-Africano, 5 - Cuiano, 6 - Brasileiro, 7 - Patagô ni co ( vide arque(mO). O termo
escudo foi aplicado ori ginàriamentc por E. Suess aos escudos ca nadense e báltico.
ESCUDO ANCAllA 10 - vide lwgara (continente).
E FOLIAÇÃO TÉRMICA - dcsagregaçflo ou desintegração das rochas produzida
pela variação diária da ten •peratura até que haja uma fa di ga do material. :\ão se eleve
confundir a9 fendas produzidas pela desagregação ele origem térmica com as
cliácla es. Estas últimas sflo geralm ntc verticai , inclinada ou mesmo deitadas, e nunca
circulares como as lasca e~fo tia cl as elas Ycrtcol 9.
Na natureza podemos, algu mas vezes, encontrar verdadeiras fenda> produ zidas ele início,
pelas cliáclascs e erosão elementar. Principalmente o fator temperatura pode, por vezes,
acarretar o qu ebramento de IJoulders separando-os em dua. partes como se observa no
litoral ele Laguna. As diúclascs nflo dc,·em ser co nfundidas com os efeitos ela cs foliação
térmica ou de camação nos bvulders, nas ,. rtentes, etc.
ESMEHALDA - silicato ele a lumínio c lJ erilo (vide) de côr verde inten ·a, muito utilizada
cm joalh •ria. Esta colora ão {• devida ao óxido de cromo.
ESMERIL - denominação u ada pelo garimpeiros para o pó fino de magnetita que apa-
rece nas f ormações, como satélites indicado re da existência de diamantes. Em certas lanas
cliamantíferas é também denominado de ti11t eirv. O legítimo csmcril é coríndon.

l"ig. n. 0 lOE - Entrada da gru ta de 1acauiné. no mwúcípio de Cordisburgo, n poucos t(uilômetros ao


norte da cidade de Belo Horizonte. A espeleologia entre nós ainda não cons titui tuna especialidade que
lenha entusiasmado grande nlnnero de técnicos. Esta obra feita pela nah1rezn - a carstificação - precisa
ser n1elhor explorada, do ponto de vista turístico.
(Foto E-so Brasileira de Pctró Uoo)
Usa-se também a deno-
min ação de esmeril p ara as
pedras de amolar ( fonn adas
de carborundo e alumina ).

ESPECULARIT A - tipo de
he11w:tita especular ( miné-
rio de ferro ) ( vide).

ESPELEISTA - am ador em
assuntos da espeleologia. Vi-
de espeleólogo.
ESPELEOLOGIA - ciência
que es tuda a topografi a e
as. fonn as subterrâneas exis-
tentes nas rochas calcálias.
A e peleologia é, por conse-
guinte, a ciência das grutas
ou cavernas.
E. A. Marte!, é consi-
derado co mo um dos fund a-
dores dessa ciência, a qual
exige além de um a boa cul-
tura geológica e geomorfoló-
gica, grande dose de cora-
gem e resistência física para
suportar o desgas te a que
se sub metem os explorado-
res das anfractuosidades sub-
terrâneas.
Os geo morfólogos se va-
lem dos conhecimentos ad-
q uiridos pela es peleologia
para explicar as form ações
dos salões sub terrâneos e
fend as de dissolução, qu e
ligam a superfí cie da t(': rra
aos vazios subterrâneos.
Espeleologia é por con- Fig. 'n.o llE - Pcclro Guilherme de Lund, naturalista dinamantuês
ded icou os últhttOS anos de s ua vida às explorações das lapas ou
seguinte, a ciê ncia q ue es- carve rnas de Minas Gerais. A prime ira vez que ve io ao Bras il foi
tuda a natureza, a ori gem e m 1827 e a partir de 1 8 34 fixou residência en1 L agoa Santa - região
calcária do vale do São Francisco , tendo ntorriclo n esta região cnl
e a fonnação elas cavernas, 1881. O bus to d e Lund está junto ao seu túmulo, na cidade d e
bem como s-ua fa una e L agoa Santa .
flora. ( Fi gs. ns. l OE e llE). (Foto Esso Bras il eira de Petróleo)

ESPELE óLOGO - técnico


qu e estuda cientl.fi carnente as grutas. Enquanto o espeleista é o leigo ou excursion ista que
desce em buracos ou grutas, como amador.
ESPELHO D E FALI-IA OU SUPE RFíCIE DE FRICÇÃO - face polida que apa rece no
abwpto, resu ltante de uma falh a. O polimento dessa face é devido à fricção que sofrem
os blocos ao se deslocarem.
To campo dificilmente se vêem êstes e!;pelhos de falhas por causa do trabalho reali-
zado pela ero ão elementar ou meteorização mascarando a rocha, ou en tão traba lhando o
abrupto e dissecando-o.

160 DICI ONÁJUO GEOLÓGICO-CEOJ\!OHFOLÓGI CO


ESPELHO TECTôNICO - o mesmo que espelho de falha (vide) .
ESPESSURA - o mesmo q ue possança (vide) da cam ada, do diq ue, etc.
ESPIGÃO - denominação dada gera lmente aos altos ou dorsos das serras, constituindo
penhascos de arestas vivas ao longo das mesmas. É necessário destacar que, algumas vêze9,
os espigões não são formados ele arestas viva;;, e sim ele uma superfície plana como os
observados no Planalto Central, nos chapadões de Goiás, Mato Gro ·so, etc.
O chamado Espigão-Mestre do relêvo brasileiro, qu e outrora se acreditava tratar-se
ele uma elevada serra existente entre os es tados ela Bahia e ele Goiás é, na realidade, um
planalto que apresenta um escarpam ento vol-
tado para o es tado de Goiás e um declive
suave, para a Bahi a. Hoje, já se substituiu
a denominação Espigão-M estre, por 6erra
Geral de Goiás.
ESPELUNCOLOGIA - o mes mo que espe-
leologia ( vide), elo grego spelaion (caverna ),
isto é, estudo das gruta& ou cavernas, que
ocorrem com umente nos terrenos calcários.
Em 1895 foi fundada em Paris um a socie-
dade de espeleologia, que poss uía uma pu-
blicação intitulada Speh1.11ca.
ESPEOLOGIA - o mesmo r1u e espeleologia
( vide) .
ESPODUMÊNIO - mineral constituído por
um silicato duplo ele alumínio e lítio. As va-
ri ed ades de espoclumênio usadas pelos joa-
lheiros são : kun zita e hidenita ( vide).
ESPORÃO - tênno usado em topografia
para a parte terminal de uma linha ele crista,
ou mesmo para o ressalto num a encos ta, qu e
não forma um declive contínuo conforme es-
clarece a figur a, isto é, um mamelão de im-
Fig. n.• l2E portància secund ári a, interrompendo a con-
tinuidade da decli vidade. ( F ig. n.0 12E )
H.ecentemente es tá se fazendo uso elo têrmo esporão nas descrições ela paisagem, em
gcomorfo logia .
"ESPORõES" - denominação usada por Alberto Ribeiro L amego para os pontaü; secun-
dários no int erior elas lagu nas. Essa denominação, segund o aq uêle autor, advém da analogia
com os pon tudos espmões do ga lo.
ESQUISTO - o mesmo que xist.n ( vide).
ESSENCIAL ( mineral ) - vide m i11 eral .
ESTALACTITE - forma pend nte do teto de uma gruta, e re ·ultante ela precipitação
do bicarbonato de cálc:io, trazido em disso lução na água. ( Fig. n° 13E )
ESTALAGMITE - proveni ente ele p ingos d' água que caem elo teto de grutas, carre-
gados ele bica rbona to de cálcio. Às vêzes, encontram-se em certas grutas apenas es talag-
m ites, co mo ocorre na gruta Aven-Armancl ( Fig. n. 0 13E ) no Maciço Central Francês
o Brasil, nos es tados de Mi nas Gerais e Bahi a, há várias grutas onde aparecem também
êsses elementos - estalactites e es talagmite9. Estas últimas são o inver o das est alactites,
que pendem do teto.
ESTEATITA - varied ade compacta de talco, encon trada gera lmente nos xi~tos cristalinos,
também denom inad a pedTa-sabão . É empregada, com freqüência, no fabrico ele talco, e
ta mbém como matéria isolan te, nos aparelhos elétricos. ( Fi g. n.08 4P, 5P c 6P).

D lC!ON ,\H!O GEOLÓGI CO-CEOl\•f ORF OLÓGI CO 161


ESTEREOGRÃFICA (geografia) - denominação an tiga, u&ada por certos autores, para a
parte da geografia física que 8e ocupa do elemento sólido - crosta da T erra. Atualmente
U9amos mais corretamente fi siografia ou geomorfologia, sendo mesmo entre nós mais co-
mumente usada esta última designação.

Fig. n.o 13E - Estalactites da gruta de Maquiné, no município de Cordisburgo, no es latlo ele Minas
Gerais. Estas fonnas produzidas pela natureza, 1>oderian1 ser aproveitadas conto atração turística,
conto se faz normalmen te e nt outras partes do mundo.
(Fo to Essa Brasileira d e Petróleo)

ESTILO TECTôNICO - produzido pelos movimentos do mesmo nome, d ando um aspecto


p articular à p aisagem. Vari a em função d a intensidade do movimento e da natureza e
espessura dos sedimentos . Pode-se distinguir o estilo jurássico, de dobras largas e amplas
(cadeia do Jura), do estilo alpino com dobras e fa lhas enérgicas, vales apertados e grandes
desnivelamentos (Himalaia, Andes, Alpes, etc) .
ESTIRÃNCIO ou ESTRÃO - faixa do litoral situ ado entre a ma is alta e a mai9 baixa maré
sendo, por conseguinte, a zona lavada do litoral.

ESTIRÃO - denominação usada pelos geógrafos. ao se referirem a extensos trechos de rios


em linha reta ou quase reta.

ESTOQUE (stock) - intru'são semelhante a um batóUto (vide), com menos de 100 km',
segundo Daly.
ESTRÃO - o mesmo qu e estirdncio (vide), sinônimo de zona lavada.

162 DlCION Á HIO G'EOLÓGICO-GEOMORFOLÓGICO


Fig. n.o 14E ·- Barranco, na estrada que liga Ponta Grossa a Guarapuava. Terce iro Planalto (nol estado
do Paraná), vendo-se a altem!\ncia de arenitos e folhelhos, rochas da série Passa Dois. No presente
perfil tem-se a impressão de que as camadas se encontram pràticamente na posição horizontal, toda-
via, dentro da região elas Ilaergulham para a calha do rio Paruná. Constitui, no conjunto, wna estrutura
inclinada de cnestas.
(Foto Tomas Somlo)

ESTR<\.TIFICAÇÃO - disposição paralela ou subparalela que tomam as camadas ao se


acumularem formando uma rocha.
A estratificação pode ser concordante ou discordante . No primeiro caso, quando as
camadas se superpõem umas às outras; no segundo, quando &e verifica uma discordância
angu lar ou de erosão nas camadas. Suponhamos, por exemplo, um certo depósito de uns 5
a 6 metros de espessura: se a erosão cortar uma de suas bordas e seguir-se a es,a fase de
erosão uma de acumulação, pode-se encontrar uma discordância nos estratos geológico!'.
Pode ser também transgressiva ou ·regressiva (vide sedim.entaçiio).
A estratificação pode ser, por conseguinte definida como a maneira particular de se
depositarem a9 rochas sedimentares. (Fig. n.0 14E) .
ESTRATIFICAÇÃO (planos de) - superfícies que separam as diver~as camadas num de-
pósito de sedimentos. Quando a sedimentação é unifom1e não há fonnação de planos de
estratificação, pois o depósito fom1a um todo. O mais comum é o aparecimento da alter-
nância de camadas, as quais são diferenciadas pela sua natureza química: silicosa (arenosa),
argilosa, etc.

DICIONÁRIO GEOLÓGICO-GEOM:ORFOLÓGICO 163


l'vlesmo entre os depósitos de u ma só natureza quumca como os silicosos - areias
o ra estas são mais grosseiras, ora mais fin as, podendo, por vêzes, dar apareci mento a pl ano~
de estratificação.
ESTRATIFICAÇAO CONCORDANTE - aquela em q ue as camadas se di spõem p aralela--
mente ao plano basal ori ginal de sedi mentação .
ESTRATIFICAÇÃO CRUZADA OU ENTHECR UZADA - produzid a por um a variação.
complexa na estratifi cação do ti po diagonal .
ESTRA TIFICAÇAO DIAGONAL - o mesmo q ue estrati ficação disco-rdante (vide) .
ESTRA TIFICAÇ .~O DISCORDANTE - aq uela cujas ca madas aparecem inclinadas em re-
lação ao seu plano bas-al de sedimentação. í':ste tipo de esb·ati fi cação é também cham ada.
diago nal. Veri fica-se nos depósitos eólio!Y - dunas, nos depósitos flu viais como os de!-.
taicos, etc.
ESTRATIFICAÇÃO NORMAL - o mesmo q ue estratificação conco-rdante (vide ).
ESTRATIFICADA ( rocha ) - vide sedimentar ( rocha ).
ESTRATIGRAFIA - ciência que estuda a sucessão das cam adas ou estratos q ue aparecem,
num corte geológico. 1ão se deve definir a estrati grafi a como a sucessão vertical das rochas
sedimentares. O es tudo estrati gráfico não pode ser feito sem a colaboração ela paleontologia ..
As considera ções ele ordem paleocli máti cas interessam à natureza ela facies nas determina-
ções ela gênese do ma teri al. A estrati grafi a tem du as bas-es: a dos fósseis, q ue dá idéia.
da sucessão das camad as - idade; a ela facies ou seja, o aspecto ela rocha.
Graças ao desenvolvimento ela estrati grafi a podem-se, algumas vêzes, datar certa9
camadas por analogia com os sedimentos q ue aparecem em outros continentes . Os terre-
nos p ré-cretáceos elo Triân?;ulo Mineiro, por exemplo, são datados, em certos cas<Js, pela.
analogia com os elo contin ente norte-ameri cano. No oeste afri cano são ra ros os fósseis, o.
mesmo se verificando no Brasil. As idades do9 terrenos são datadas, em algun s casos, pelo:.
caracteres litológicos.
O estudo estratigráfico deve ser aliado ao paleontológico, pois nas regiões fall1acla .
ou dobradas é muito perigoso ave nturar-se datar os dob ram entoY e as camadas, sem um a:
boa base p aleontológica.
A es trati grafia, por conseguinte, nada mais é do que a históri a fís ica ela ten a narrada.
através elo exa me dos terrenos sedim entares e elos fóss e i~ qu e êles podem conter, estabele-
cendo-se assim a cronologia. O Pro f. Bourcart defini u a es tratigrafi a como sendo o estudo-
elas rochas sedi mentares, as. q uais são, na sua maiori a, ele ori gem ma ri nha. Raras são a
formações lacustres e além elo mais. ficam restritas às pequenas bacias, enqu an to os
mares representam cêrca ele 71% ela área elo globo.
O objeto ela estratigrafia é, por conseguin te, cletem1i nar a idade relativa elas. camadas,
isto é, estu dar a sucessão das camadas e as lacunas ou os hi atos existentes.
ESTRATO o mesmo que cam ada ou capa. A noção ele estrato não significa que · es tamo,;
apenas nos referin do às rochas sed imentares, mas também às metam órficas, onde os mi-
nerais estão dispostos em ca madas . Os es tratos podem ser: co ncordantes, discordan tes, ccm-
vergentes, divergentes, superpostos, intrusil;os, chave, ou referência, etc.
ESTREITO - diz-se ela porção ele mar entre du as cos tas, não mu ito distantes, ex : es treito
ele Gibraltar; es treito ele Magalhães, q ue sepa ra a ill1a da Terra do Fogo da p arte me-
ridional ela Am érica do Sul, penn itinclo a comunicação elas águas elo Atl ânti co com as
do Pa c í~i co; estreito ele Behring, qu e permite a passagem elas águas do ocea no Pacífico para.
o ma r Arti co, outrora cons.icleraclo oceano .
"E streito" na língua portu guê!>a tamb ém pode significar o trecho ele wn rio em que
a largura normal se reduz até a décima parte, ou menos. Usa-se aind a o tênno "estreito"
com o signifi cado ele desfi ladeiro, garganta, etc.
ES TREITO D E UM RIO - diz-se elas passagens relativamente m <:~ is ap ertaclas ele um
curso d 'úgun. No Brasil, o es treitamento do ri o Amazonas na zo na ele Obidos é o mais
co nhecido. Aí o ri o tem mai9 ou m enos 2 km ele largura e 83. m de profun d idade.

164 DICION ,illiO EO L ÔGLCO - GEOMOHFOLÓG J CO-


N a Eu ropa, p ode mos d es·tacar o d esfil ad eiro d e Kazan, onde o rio D anúbi o ten"r
apenas 148 m e tros d e largura ; no rio Ebro, p assagem a tra vés d as m ontanhas costeiras,
p erto de M ora, Catalunh a .
Nos estre itamentos flu viais não se d eve p ensar q ue haja marge ns abrupta~ à semelhança
d e d esfilad eir os . O qu e h á é um a simples aproxim ação d as m argens, diminuindo as-sim a
largura d o ri o.

E STRIA - sulcos não muito profund os que ap arecem nas rochas, segu indo, p or vêzes, de-
termina da direção v id e est1·iaaa ( rocha).
ESTRIA DOS MJNEHAIS - ca ne lmas ou p equ enos sulcos dispos tos para lelamente na face
.dos minera is, resulta ntes d a sua cristalização.
E STRIA GLACIAL - vide estriada ( rocha).
E STRIADA ( rocha ) - rochas nas q uai ~ apa recem pef1u enas ca neluras ou sulcos, muitas
vêzes não p a ra lelo!Y, res ultantes do a trito produ zido pe las m assas glaciais sôbre a super-
fí cie das mes mas. As estri as ap resentam-se com su lcos d e profun d ida des muito variad as ,
por ca usa d a d esigual resistência oposta pe la p arte su perfi cia l d a rocha. T êm grande signi-
fica ção para a geomorfologia e tam bém p a ra a geo logia, pois graças a elas, muitas vêzes,
·se podem explica r as di.reções gera is dos glaciares, e também d e certa9 form as do relêvo.
Atualmente se emprega em geomorfologia o têm1o estri a para d esignar o p olimento
~· ca liza do p or seixos ao atravessare m um b anco ou b a nd a d e rocha d ura. Certos a utores ao
im·és de utili zarem a expressão polimento causado pelos seixos, u sam estriagem. da
rocha causada pelos seixos. Esta confusão de pequ ena importâ ncia no presente, pod erá
te r gra nd es conseqüênc ias no f uhtro.

ESTRUTURA - arra njo macroscópico dos cri sta is nas rochas co nstituindo, em minera logia
e em petrogra fi a, un id ad es maiO! es q ue a textura. Os geólogos e os geomorfólogos fa zem
certa co nfusão no uso d os têrm os estrutu ra, textura e na tureza d as rochas.
En tre os d ife re ntes tipos de estrutura pod emos citar os seguintes: vacuolar, cristalina,
c olunar, fo lh eada ou xistos·a, esferolítica, orb icu lar, etc.
Quan to à na tureza , as rochas pod em ser grupaclas em três gra ndes ra mos: erupti vas ou
c ris tali nas, sed ime nta res e me tamórficas ou cri st alofili anas.
Nas rochas cri sta linas pod emos di stingui r os seguintes ti pos d e cristali zação : l - holo-
c l"istali na, 2 - holoialina, 3 - hipocristalin a, 4 - criptocrista.Hn a.
As roc has metamó rfica s apresentam uma es tru tura e m cam adas , e visive lm e nte crista-
lizada , pod e nd o se r d ivid ida da seguin te man e ira: clú; fica, maculosa., xistosa, granulosa e
.gnúissica.
As rochas scd inlL'ntarcs a prese ntam u ma estrutura q ue não é tão b em d efinid a como
:a das rochas c rupti,·as . Tra ta-se, algumas vêzes, mais d e um a ca racterizção d e certos
e~ta d os da rocl~a , do CJ Ue p r à pri a t~l,e n tc de, e: tru tura. Ela pod e ser : cl ctritica, porosa, homo-
gl'nea , hc tcrogenea , c;.H·c rnosll , fn ave l, plash ca , xtSotosa, etc.
A estru tura do ponto de v ista geológico e geomorfológico, é o es ta do es táti co das
rochas. ta is co mo as observa111os nos di versos cortes. É , em ú lti ma a ná lise, a disp osição
m q uitetural elo subso lo, - ex .: estrutura tabular ou h01izontal , dobrada , inclinada ou m ono-
dina l, fa lh ad a , d isco rda nte, e tc. Em geomo rfologia e geo logia o tem1o oposto a e~trutur a
é tectôni ca . (Vide t ectônica ) .
Alguns au tores estão procura ndo co ntornar a situ ação usa ndo os te rmos esti'U.tttra geo-
lógica e estrutu ra m icrascÓ/)'ica, os quais co rrespond e m respl'c ti vam e nte ao (j ue d efinimos
c orn o estmtura e t ext11 m ( vid e ).
O es tu do ela estrutu ra geológica é ind ispe nsável para o geógrafo fl Ue d eseja com-
p reend er e explicar a distribuição geográfica elas jaz idas min era is.
Na co lun a estrat igrMi ca d o Brasi l el eve-se consid erar, em p ri meiro luga r, as ri q u ezas
min era is da s form ações p-ré-devo nia.nas, e em segu nd o, as bacias sed ime nta·res.
O máximo d e co ncentração de m inérios é enco nt ra do nos te rre nos proterozó icos, isto
é, nas séries : Mi nas, ltacolomi e Lavras. Qua nto à ida de desta últi ma , a l g un ~ a utores
prefere m colocá-la na base do Pa leozóico , isto é, no Cam briano, enq uanto outros a consi -
dera m como sendo do Algonq ui ano sup eri or. F. nas fo rm ações proterozó icas q ue se e n-
c on tram as g randes jazid as de. min éri o d e ferro ( F ig . n ° l OF ) , ma nganês ( F ig. n .0 l M),
níqu el ( F ig. n° 3N), c hu mbo, fil õe~ aur íferos, oco rrênc ia ele d ia mantes, rutilo, b au xita, etc.

D !C: lO N ., \mo G'EOLÓGlCO-C:EOl\10 HFOLÓG JCO 165


O minério de ferro, por exemplo, ocorre na sene Mina5, de idade proterozóica, e nas
séries idênticas como: São Roque (estado de São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul),
série Jacobina no estado da Bahia e série Ceará, no estado do mesmo nome, e série
Vila Nova, no território do Amapá.
Muitas fonnações calcárias do Algonquiano foram metamorfoseadas, trans·formando-se
em verdadeiros mármores, enquanto outras são aproveitadas como fundentes, na siderurgia.
Os terrenos mais antigos, atribuídos ao Arqueano, embora ocupem grande área do país,
nêles, apenas eventualmente, surgem algumas ocorrências de jazidas· minerais dignas de
menção.
Deve-se também frisar que os gnaisscs arqucanos, com e levado grau de metamorfismo,
que ocorrem na Bahia, Ceará, Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Santa Catarina, possuem
minérios magnéticos.
1o dizer de Sílvio Fróis Abreu a maior parte da produção mineral do Brasil provém

de rochas arqueanas e algonquianas, que produzem mais de 2/3 do valor total.


Nas bacias sedimentares brasileiras os dois recurso!! minerais mais importantes são:
carvão de pedra e petróleo. Além dêste5, deve-se assinalar também a ocorrência de xisto
betuminoso, linhito, sal-gema, magnl'sila, ca1drios e os fosfatos de sais de potáss·io.
No período Siluriano, a série Bambuí, na bacia do São Francisco, é caracterizada pela
abundância de calcário, especial para a fab1icação de cimento Portland. Além da9 possantes

Fig. n.• 15E - O rio Paraibuna corre, no dizer do Prof. F. Ruellan, num rclêvo de estilo apalachiano.
- 8 conunn verem-se no leito do rio vários afloramentos, barras e blocos de rocha. - Outro traço
característico da paisagem é o aparecimento de grandes paredões abruptos como o da Pedra de
Paraibuna, que é considerado por alguns autores como sendo uma "escarpa de falha".
(Foto CNG)
jazidas de calcário nos estados de Minas Gera is e Bahia, deve-se assinalar igualme nte as
jazidas de calcári o siluriano da séri e Bodoquena em Mato Grosso, séri e São Roque e Açun-
gui de São Paulo e Paraná.
ESTRUTURA ANTICLINAL - diz-se das camadas geológicas qu e apresentam dobramen-
tos com mergu lhos divergentes a p artir da charn eira. É mais co mum empregar-se a ex-
pres~ ão estnttura dobrada ao invés de estnttu·,.a a.nticlinal, UJn a vez qu e o anticlíneo é a
parte convexa do enru gn mento do solo, enqu anto o sinclín eo é a p n1te côncava. Assim numa
E;strutura dobrada ori gina l se mpre encontramos um anticlinal, seguido de um sinclinaL
ESTRUTURA APALACHIANA - é a qu e com preende um a série de dobras com no tável
paralelismo entre as cristas e os vales. As camadas· sfto constituídas de rochas com dureza
alternncl::t. Os rios antect'dl'llt<·s nt r :wes~a m tra nsversalmente a es trutura regional ( fig.
n.0 15E ). Cos·tuma-se definir o relêvo sudeste do Brasil como sendo do tipo apalachiano.
Êste enqu·a dram ento est{t mais em fun ção da dircção dos rios e fa lham entos do que pelas
charneiras dos anticlinais.
ESTRUTURA CONCOUD ANTE PERICLINAL - diz-se quando se observa a existência de
es·tratos ou camadas acumuladas, normalm ente, dentro de uma bacia. Ocorrendo erosão na
parte periclin al é freqii ente o aparecimento de cscarpamen tos ass·imétri cos - cuestas, como
é o caso da Ibiapaba, ou aind a na bacia do Paraná.
ESTRUTURA DA TEURA - partind o do interior para o exterior, isto é da massa de maior
densidade para o exterior, tem-s e : 1 - Barisfera (esfera p esada), cham ad a por alguns de
m.e.talosfem. Acred ita-se <JU E' no centro da terra haja as maiores minas de ferro e níqu el.
Por êste muli,·o, segundo .Eduard o Suess, esta camada seri a o n'ife. 2 - Pirosf era. camad a
de nHtt<;ria pastosa, o "magma" q ue pa ra Suess :,;eria o si.m.a devido à existência de grande
quantidade de silício e magnésio . Estas duas camadas são cham adas endosféricas. 3 -
Litosfera - camada extern a parte consolidada da terra. Segundo Suess esta é o sial, devid o
à predomin(mcia de sílic<t e silicatos ele alumina. 4 - 1-Jidrosfera. - ocuparia os espaços exis-
tentes entre os blocos do sial ou mes mo as depressões. da própria litosfera - parte líquida
da terra. 5 - Cri.osfera - com preend e as grand es capas de gêlo que formam os inla.ndsis
q ue cobrem gra nd e parte ela superfície terrestre. Como exemplo temos os inla ndsis da An-
tártica e da Groenl â ndi a. 6- l \trnosfera - camada de ar que envolve a terra (Fig. n .0 16E).
Algun s autores procuram inclnir no co ntacto elas três camadas : litosfera, hidrosfera e
atmosfera, a cam ada chamad a biosfera ou psicosfera.
ESTRUTUHA EPlROGÊNICA - fo i C. K. Gi lbert quem primeiro fêz a distinção entre
êste tipo ele estrutura e a orogenética. Esta últi ma implica em movimentação tectônica,
enqu an to a primeira diz res peito apenas à variação de níve l.
ESTRUT URA 1:\TCLI NA D A - o mes mo qn c re levo ass·im étri co ( Fi g. n. 0 J 6E) .

Reverso
F re nte do cues to

/
+ + + + + + ++
+ + + + + + +
+ + + + + + +
+ + + Fig. n . 0 16E

ESTRUTUHA MICROSCóPICA - denominação usada por ce rto s autores pa ra o arranjo


elos diversos minera is qu e compõem os diferentes tipos de rochas. Corres ponde ao que
definim os co rno te:rttt·ra (vide) . A expressão es trutura mi croscópica não é muito feliz, pois
grande núm ero de tex turas são perfeitamente discerníve is a ôlbo nu.
ESTRUTUHA OHOCÊNJ.CA - di z resp<"i to às formas de relêvo atin gidas pelo tectonismo,
c1ue dú origem a m ontanh <lS. ( Vide cstrutut'a cpimgên-ica ) .

DICION ÁHIO GEOLÓG I CO-CEOMORFOLÓGl CO 167


ESTUÁRIO - forma de desaguadouro de um rio no oceano, oposto ao delta, que aparece
geralmente cons tituído por vários braços, cujo exemplo clássico é o do rio Nilo, Mississipi,
Ganges, etc. O estuário forma uma bôca única e é, geralmente, batido por correntes
marinhas e correntes ele marés que impedem a acumulação de detritos, como ocorre nos
deltas.
Os estuários têm a forma aproximada de um triàngulo cuja pequena base se encon·
tra na direção elo oceano e o vértice na direção do continente.
Em certo;; casos, porém, o es tuário do rio se confunde com um gôlfo, tal a forma de
alargamento qu e possui . Os mais típi cos exP-mplos de rio;;, cuja foz é dessa forma, são:
Ciranda (França ), São Lourenço, (Canadá) , Gumpi, Jaguaribe (Brasil), etc.
Os estuários representam porções finais de um rio, es tando ;;ujeitos aos efeitos sen-
síveis elas n "trés. Por conseguinte, o estuúri o ele um rio é a p <lrte Yizinha ela costa invadida
pelas marés, correntes e Y aga~.

EUSTASlA - o mesmo qu e eustatismo ( vide) .


EUSTATISMO - termo criado por Suess para designar as variações lentas do nível dos
mares. Os movimentos eustáticos podem ser : positivos - quando as águas invadem as
terras, também chamados de tmnsgressões marinhas; n egativos - quando as águas se
afas tam da linha litorânea, também denominados 1·egressões 1naTinhas.
O acúmulo de águas sôbre os continentes na forma do gêlo, acarretou regressves
marinhas importantes, no decorrer do Quaternário, o qu e podemos chama r de eustati5~1W
glacial. Há ainda um outro tipo de movimento de abaixamento ou soergui.rn ento lento do
fund o da bacia oceânica ocasionado pelo diastrofismo, isto é, eustatismo de deformação
lenta r/os f1111dos oceânicos.
Os fenômenos ele lransgressõt•s e regressões marinhas· siio ex plicados, principalmente,
pela fusão ou pela estocagem do gêlo sôbre os co ntinentes.
O acúmulo de gêlo sôbrc determinada área con tinental , con o no caso da Escandi-
návia, provocou movimento isostáUco de abaixamento ; hoje com a fusão do inlandsis há
o levantamento contínuo no decorrer elos séculos . Também no ri o Colúmbia (E .U. e Canadá )
e na África do Sul, grande carga de mas~a basáltica determ inou subsid éncia do su.bstmtum.
Êstes fatos levaram Djalma Guimarães a dizer tlue: "a hipótese de "movimentos eustáticos·"
não ex plica vários dos fenômenos ele movimento da crosta da terra e oferece somente uma
visão falsa das causas reais" (Geologia eco nrhnica e eo;tratigrúfi ca do Bmsil, pág. 115 ).
A isostasia é contrária ao g la cioeustati ~rno , tendo cm vista o fen ômeno dint'tmiw do equilíbrio
co nstante dos co ntin entes c marés.

EVAPORITO - rocha sedimentar formada de res íduos ele evaporaç-ão da s úguas carregadas
de subst;lncias químicas dissolvidas, ex. : an iclrita, sal-gema, etc.
EVOLUÇÃO DAS VERTENTES - recuo ou modificações observadas no perfil das en-
cos·tas. O trabalho elo mode lado de uma vertente é complexo e res ulta da ação de vário ·
elementos, sendo a desagregação das rochas e a decom posição química, os dois que pri-
meiramente modelam as vertentes. Duas teorias principais procuram explicar a evolução
das ve rtentes: a de \V. Penck e a de Henri Baulig.
EXARAÇÃO - têrmo pouco usado para o traba lho feito pelas ~c l c iras ao escava rem e
transportarem materiais . Vide e1·osão gla ciária.
EXóGENA (rocha ) -- formada ela desünic;ão de rochas externas, sendo por isto tamb ém
chamada sedim entar. O antón imo de e~·âgcna l' emlng(' lla ; denomina ·iiPs estas dadas por
I-Jumboldt.
EXóGENO (fator ) - aqu êle que result a de fôrc;as geo lógicas qu e agem externamente,
modifi cando a paisagem Êstes fatôt es geológicos ,ão representados pela gravidade, calor
solar, águas correntes·, gelos, ventos e sêres biológicos. Êssc conjunto de agentes dinâmicos
exteriores age constnntemente motlific;tntlo o aspecto externo da paisagem.
EXOMETAMORFISMO - transfom1ações sofridas pelas massas ele rochas encaixantes ao
entrarPrn em eontato C(llll mas~as ele rochas ígneas, ainda 'JU Cntes. Vide tennometamotj-ismo .

168 D!CION AHIO C EO LÓ(: fCO- C EOJviO ll FO LÓGICO


EXORREICA - diz-se quando a drenagem é hierarquizada, ou melhor, organizada até
o mar. Antônimo de endorreica.
EXTRATELúRICO ·- antônimo de intratelúrico (vide).
EXTRAVASAMENTO DE MAGMA - o mesmo que derrame wlcilnico. No sul do Brasil,
no decorrer do Tri á~ico ou do Rético, deu-se grande derramamento de magma cons-
tituindo o chamado trap7J do Paraná.
EXTRUS10 - saída de lava muito compacta que permanece sob a forma de domo, agulha
ou cúpula, obturando completamente a cratera, ex.: montanha Pelada, na ilha de Martinica.
As extrusõcs constituem elementos caracterí~ticos dos vulcões denominados peleanos.

I)] C ION ,\lU O GEOLÓG!CO-GEOMORFOLÓCICO 169


FACETADO (seixos) - produ zidos p elo trabalho do gêlo ou do vento. Apresentam for-
mas diferentes dos seixos· fluviais e marinhos, nos quais o trabalho de polimento das arestas
é devido ao rolam ento e ao atrito. Os seixos facetados de origem glacial são qu ase sempre
estriadas. D o ponto de vista morfológico, todo trabalho das geleiras ·deixa , geralmente,
as rochas est·d adas. Também nas regiões de clima desérti co encontram-se seixos facetados,
com faces planas, formad as pela ação do vento, quando sopra com violência e comtância
nu ma detemün acla direção. Algun s autores adotam o têrmo alemão dreikante·r para os seixos
facetados de ori gem eólia, isto ê, os ventifatos. ( Vide cll·eikanter ).

FACIES - conjunto dê caracteres de ordem litológica e paleontológica que p ermi te co-


nh ecer as condições em que se realizaram os d epósito ~. Graças à natnreza das faci es pode-se
tirar vári as conclusões, tanto para a geologia estru tural, como p ara a geomorfologia. D is tin-
guem-se, de modo geral, dois grupos de faci es: 1 ) Fa.cies contine ntais ou terrígenas
( flnvial, eólia, glacial, lacustre, vulcânica, etc.). 2 ) F acies marinhas ( litorânea, nerítica,
batia! e ab issal ) .
No estudo da faci es, alguns geólogos consideram, apenas, os caracteres de ordem
litológica, e q uanto aos fósseis dizem qu e êstes caracteriza m os ho1·izontes; outros, ao
contrário, englobam as duas noções, isto é, dos caracteres litológicos e paleontológicos
dentro do es tudo da facies .
FACIES CONTINENTAL ou TERRíGENA - co mpreende-se dentro dês te grupo a ca-
madas sedimentares que apresentam caracteres diferentes dos depósito9 acumulados nas
bacias oceâni cas·, isto é, facíes mari.n has. E xemplos de fa cies continen tais: flu vial, eólia,
glacia 1, lacustre, vulcânica etc.
FACIES MARINHA - depósito~ acum ulados nos oceanos e que revelam a região em que
e depositaram , segund o sua natureza, ex. : litorânea ( intercotid al ), neríti ca, bati a!, abissa l,
etc.
FACIES TERRíGENA - o mesmo qu e faci es contin ental (vide) .
FACóiDE - tex tura de rochas metamórficas ou ígneas na qual aparecem grandes olhos
ou agregados minerais de forma lenticu lar ou arredondada, s-endo mu ito freqücnte nos
gnaisses brasileiros. Em grande parte das construções do estado da Guanab ara esta pedra
é utilizada. T ôda a antiga mura lha da avenid a Beira-Mar no Ri o de Taneiro fo i comt ru ída
com gnaisse facoicl al. A~ palavra é de origem grega e signifi ca em f; nn a de lente.
"FAGNES" - denom ina<;ão dada às turfeiras na região das Ardenas ( vide lltrfa ).
FALDA ou SOPÉ - d e n omi n a~·ão usada nas descri ções das paisagens acidentadas refe-
rindo-s-e apenas à parte da base das montanhas ou das colinas, on mes mo d as serras, distinta,
no entanto, de aba (vide ) . São têrmos puramente descritivos e correspondem ao que cha-
mamos, às vêzes, d e talude, ex. : fa lda da montanha, oop é da sena, etc. O têrm o sopé é
também usado para designar a parte b aixa d e um abrupto, ex.: sopé da fal ésia.

170 DI CI ON }, lU O C:.EOL ÓCICO - GEOMOTIFOLÓ GICO


FALÉSIA - termo usado indistin tam ente para designar as forma s de r lêvo litoràneo
abruptas ou escarpadas ou, ainda, desnive lamento de igual aspecto no interior elo continente.
( F igs . ns. lF e 2F) . Deve-se, no entanto,
reservá-lo, exclusivamente, para definÍJ.· o - .;l
tipo de cos ta no qual o relevo apa rece com
fortes abru ptos, como na Bretanha ( Fran-
ça) , no cabo Manuel, em D aca r, no cabo
Branco, na Paraíba, etc.
O trabalho do mar nas fa lésias se faz
pelo solapamento d a bas e. De modo ge-
ral, no estudo ele uma fal ésia, também, não
se pode esquecer o trabalho elo> agentes
exodinfm1icos sôbre o relêvo ela topografia
cos teira. A falésia represe nta o resultado
elo trabalho do m ar, como tam bém dos
outros tipos ele erosão na topografia cos-
teira . No sudoes te ela Groenlândi a tem-se
a falésia ele Ovifak, cuja altu ra chegou a
700 metros. No litoral bras ileiro elo Es- F ig. n .o lF - Falésia de fornta ahrupta qua!w
v<'rtical, de 35 metros de nltnra. cons titu ída di'
pírito Santo para o norte, temos por vêzes, basalto prismoítico, na Hh a Gorée, cm frente ;,
bom; exemplos ele fa lés ias tal hadas em ter- c idade de Dacar, no Cah o Verd e {Áfri ca).
renos arg ilosos ela sé ri e das Brnrei.ras . (Foto d o autor)

Fig. n . 0 2F - Falésia no litoral português, c n1 Casca is llrox1mo a Lisboa ,


escJn ':lda e m rocha ca lcária , c uja estrutura é quase ho ri zon tal. E n co ntram ~sc
ainda nes'ia fa lés ia alg umas g:n•tas que apresentam o teto desabado.
(Foto do nu tor)

FALÉSIA CONCÊNTRICA - denomin ação propos ta por f~ li e ele Beaumont pam os arcos
ele "cu estcu/' oriundos ela circtmdesnudação, o mes mo qu e d el'ressâo Jleriférica ( ,·ide ) . Um
dos bons exemp los, no Brasil, é a depressão paleozóica q nc vai de Si'io Pau lo até Sant a
Catarina.

FALHA - ruptura c des nivelamento na continuidade d as ca mada> q ue ap resentaram ce rto


grau ele ri gidez por ocasião elos movimentos tectôn icos . Êstes c·sfo r~·os dão o :1pa re im en to
de certas formas ele relêvo chamadas e truturas falhada s. Na f rente da falha quase sempre
se verifica a existê ncia de um d esnível relati vo entre as di ferentes camadas ( re jeito ) .
Tipos de falha: verti cal ou nom1al ( F ig. n.• SF); in versa ou anonna l ( Fig. n.0 4F ); in-
clinada ( Fig_ n ° SF ) ele arrasta ment o; fl exura mon oclina l; etc.

DICION ÁHIO GEOLÓGICO - CEOli,[QHFOLÓGI CO 171


Fig. n. 0 3F - Falha vertical. Fig. n.• 4F - J<'a U•a inversa.

Cl1<1m:1mos falha de arrasta -


mento ( decrochet ) qu ando há um
d es nivelnmcn to no senti do verti -
ca l, seguido ele um arrastamen-
to horizo nta I flexu-ra monoclinal
q uanclo h (1 d esnível das camadas
co m c:ertn adelgaçamento ela.
mesmas. não se verifi cando o rom-
pimento d a sua co ntin ui dadt·.
reconhecimento d as falhas
é mais fúcil nas. roch a metamór-
fi cas ou crista lofilianas c nas se-
dim nt arc ; nas eruptiva · a iden-
~ifi cação do fenôm.eno é m ais
difíc il. Es ta tarefa p ode vir a ser
facilitada ~ • existir nas proximi-
dades um filão qu e tenha so frid o
uma ru ptura na Sll <l continuicl at1c. F ig. n. o 5F - Falh a inclin ada.

de-pósito de talude

Fig. n .o üF - Falha i nclin~,da na ft 1Ht1 a camatl a 1 do compartime nt o nbaix:.ulo foi ca rregada pela e rosão.
Gera lmente s:io as cam;u) as el o compartime nto superior 1na is f:tcilmentc crodidas . Neste caso é de s upor
ctuc o ah.ta l compartimento alto estêve mais baixo. tendo conservado a camada. 1
o escarpame nto da
fa lh a h ú um de pósito de talude .

Do po nto de vista morfológico, :1 ~ fa lhas são reconhecidas pt> lo a;; pecto flU e imprimem
à p ai agem ( Fig. n .0 ôF ) . A frente do degrau r\ gera lmente, croclicla es tando recuada
cm r lação à linha d a fa lha original. D êss modo é mais exato fa lar-se m frente dissecada
do e ·carpamento da fall1a. D ve- e, a inda, con iderar o caso das falhas nir;eladas devido à
ero. ão, resulta ndo u m a r ra~am e nto no degrau da falha, fi ca ndo os dois co mpartimentos na

172 DICJON ,\ HIO G'EOLÓC LCO-C EOJvi OHFOLÓCl CO


mesma altura. Neste caso, a existência da falha é revelada pela diferenciação dos terrenos
ao longo de uma linha estanq ue. Um tipo complicado de falhas é a falha acavalada (faile
de chevauchemen t ); cujo plano é quase próximo da horizontal e a parte ~uperi or é eles-
locada por várias dezenas ele quilômetros, em certos casos.
Do ponto de vis·ta práti co da explotação das minas, cumpre destacar a importância
do escavamento de galeri as, a co ntinuidade, a espess ura e o nível das camadas a serem
explotadas, e os problemas que advêm elas falha s. Daí a necessidade ela existência de mapas
pormenorizados da e~trutura das zonas de minas.
FALHA NIVELADA - diz-se quando o degrau da falh a é arrasado pela erosão. O aspecto
topográfico é o de uma superfície plana e somente o exame da estrutura da natureza do
materi al das camadas e, à~ vezes, a existência ele bTechas tectônicas permite identificar a
existênci a ela falha.
No momento do rompimento d a elasticidade das camadas pode acontecer qu e o com-
partimento arrasado dê aparecimento a terrenos da mesma natureza, de um e do outro
lado da fratura. Ner:;te caso soment e a existência da brecha tectôni ca constitui um indício
mais seguro do que a direção e do que a própria extensão ela fratura. ( Fig. n .0 7F)

F ig. n. 0 7F - Falha vertical e poste riormente nivelada pela erosão. A) Falha vertical;
B ) Falha nive lada.

FALHA DE DIREÇÕES CRUZADAS - aquela que dá aparecimento a bacias de afun-


damento tectônico (vide) ou dep ressão de afundame nto.
FALUM - têrmo francês usado para os depósitos acamados ele areias e detritos de cal-
cários, oriundos de fragmen tos de conchas>. O mes mo q ue areias-calcárias.
FAMíLIA DOS GRANITOS - ocupa um a área extensa do globo terres tre, sendo definida
pelo aparecimento de dois minerais leves, ri cos em sílica: quartzo c um Feldspato alcali no
( ortósio).
FAMíLIA DOS PERIDOTITOS - definida pela ausência total de minerais claros e leves
ou ricos em :1ílica. Esta fam ília ele rochas não poss ui quartzo, feldspatóicles, feldspatos,
nem mica branca, limitando-se, apenas, aos minerais escuros, pesados, pobres em sílica,
mas ricos em ferro, magnésio, pericloto, anfibólio, piroxênio, biotita, etc. ( Vide ácido solo).
FANERíTICA - rocha cujos elementos são normalmente s·uperiores a 0,2 mm e, por con-
seguinte, visíveis a ôlho nu. Vide afanítica.
FANGLOMERADO - depósito ele piemonte litificado, no qual aparecem blocos de dimen-
sões e form as variadas juntam ente com material fino .
FARINHA FóSSIL - Vide t'I'Ípoli .
FATORES DA EROSÃO - Vide agentes de erosão.
FAVAS - nom e dado pelos ga ri mpeiros aos se ixo~ rolados ele forma discóide de superfíci e
muito polida. Sob esta denominação é incluída uma grande vari edade ele minera is. Hussak
classificou entre as mais importantes as seguintes; favas de óxido de ti.tânio, de Z'i.rcônio,

DICIONÁRIO GEOLÓGICO-GEOMOilFOLÓGICO 173


fosfa tadas, e tc. D uas espécies novas de minerais fo&fat ados de alumínio, bário e cena
fo ram descobertas por Hussak, às quais denominou de gorceixita e ha-rttita em homenagem
a H enrique CorceLx e C harles Frederic Hartt.
FEICÃO MORFOLóGICA - o mesmo que paisagem geomorfológica, ou f01·mas de relêvo
( \'icÍe relêvu). ( Fig. n." SF ) .

lul!r!ltmlitt;;rl!t!ltií!ifi!;Jtlí/ful!;l!rll!!r/IIJrru
2 3

~
6 7 8 9
F ig. n .o SF - Feições morfol6g icas da paisagem: 1 - Planura, 2 - Encosta, 3 - Bacia e planíc ie,
4 - Planalto, 5 - Vales, 6 - Mesa, 7 - Ins t~lbcrg uc, 8 - Pico, H - Paisagem com vales.

FEIXE DE DOBRA - conjunto de dobras cujos eixof! seguem aproximadamente w 11 mes-


mo rumo e, às vêzes , são convergentes.
FELDSPATíDEOS - de nominação dada por Lapparent aos feldspa tos propriamente ditos.
FELDSPATO - famíli a ele minerais síHco-aluminosos com uma base ele potássio, sódio e
c:'t k:i o: fe ldspatos potássicns ( ortósio e microclina ) ; feldspato ca lcossódico ( plagioclásio, al-
I ita. oli goclás·io, andesina, labraclorita, anortita ) . A famlia elos feldspatos é muito inlpor-
tan te, pois êles aparecem em quas e tôclas as rochas eruptivas e metamórficas. A escola
elos p<-trógrafos fran ce~cs, até bem pouco tempo baseava suas class ificações ele rochas nos
felclspatos; rocha com ortósio, plagioclá&io, feldspatóicle, sem elementos brancos, etc.
Os feld!ipatos constitu em os minerais mais comuns na superfície do globo, depois elo
quartzo . Apresentam-se nas rochas em peq uenos cristais, ou mesmo microscópicos. Somente
os fekl spatos potássicos se apresen tam em grande crist ais, em massas consideráveis·.
A alteração dos felcls patos se faz principalmente, por efeito da decomposição química,
transformando-se em a'l'gilas de colorações variadas em fun ção dos óxido9 que contêm e
do clima da região. Os felclspatos nada mais são que silicatos duplos de alumina associados
a silicato9 de cálcio, potássio e sódio.
FELDSPATóiDE - gêne ro de silicato aluminoso alcalino das rochas eruptivas recentes,
no qual apa rece a n efelina ou a leucita. Êste grupo ele minerais de composição química e
associações p etrográfi cas que se encontra nas rochas, é semelhante aos feldspatos, sendo
por isto incluído por diYersos autores na família clês tes minerais.
FELSiTICO - tex turn ele rochas de granulação muito fina cujos cristais somente com o
auxí lio elo microscópio podem ser disti ngu idos . É sinônimo de afanítica ou microcri~talin a .
O tênn o felsítico foi utilizado ori ginàri amente para indicar a massa fundamental elos p ór-
firo s. Também se emprega ês te têrmo como sinônimo de textu ra criptocristalina, ou ainda
para as rochas efusivas claras, leucocráticas.
FELSITO - variedade co mpacta ele feldspato ortoclásio qu e aparece na& rochas, no con-
ta to com eruptivas, ex.: petross ílex, mi crofelsito, emiti to.
FÊMICO - Vide ferm m agnesiano.
FENDA - qualquer tipo de abertura - grande ou pequena - na crosta terrestr·e (Figura
n. 0 9F ) .
FENOCRISTAL - cristais de tamanhos maiores que aparecem nas rochas eruptivas ou
m tamórficas, destacando-se ela massa ( b asal ) ele cristais menores . A textura elas roch as
onde aparecem 001 fenocristais ou facóides é chamada porfidoidal, ocelada ou ainda facoidal.

174 DICIONÁRIO C'EOLÓGICO-GEO.MORFOLÓGICO


FE 1ÕME NO GE O GICO - entende-se como sendo tôda a série de fa tôres que ocasio-
nam a evolução das camadas superficiais do globo. ftsses fenômeno~ constituem o próplio
objeto da geologia.
Os fenômenos geológicos podem ser de dua~ ordens: A) Físicos, B) Biológicos. Os
fenômenos físicos compreendem: a) litogênese, b) orogênese, c) gliptogênese, e os fenô-
menos biológicos: a) fósseis.

Fig. n. 0 9F - As fendas ou diáclases constituem linhas de menor resistência de uma rocha . a foto
acúna focalizmnos um afloramento de granito no município de I tu ( ão Paulo) venclo-se o alargamento
da fenda, produzido pela meteorização.
(F oto Tibor Jablonsky do CNG)

FENô ME O TE CTÔ ICO - resulta da ação de fôrças endógenas, dando como conse-
qüência o aparecimento de falhas, dobras, fossas tectônicas, horst, etc.

DICIONÁRIO GEOLÓGICO-GEOMORFOLÓGICO 175


FENOSCÃNDIA - escudo co ntinental pré-cambriano que se estende na península es·can-
dinava e na Finlândi a. Êste escudo é também conhecido pela denominação de escudo bál-
tico ou ainda fiuo-escandhwvo.
FERRO - metal não encontrado em estado livre na natureza a não ser nos meteoritos.
É o segundo dos metais mais abundantes da crosta terrestre. Geralmente é encontrado no
es tado de óxido ( hematita - sesq uióxido de ferro anid ro - F e"O"; limonita - seS<JUiÓxido
de ferro hidratado ( F e"O"HO ); magnetita - óxido de ferro magnético ( F e"O'); goctita
scsquióxido de ferro hidratado ( FeO ( CH); sulfato ( pirita); carbonato ( siderose).
Na metalurgia só são explorados os óxidos e também, às vêzes, os carbonatos, pois,
os outros minérios dão ferro de qualidade inferior e de difícil purificação. O ferro usado
no comércio é o res ultado de uma liga de F e + C, na qual segundo varie a porcentagem
de um dêsses elementos têm-se: o ferro fundido, ferro doce, ferro-gusa, aço, etc. No Brasil
estão localizadas as maiores reservas de minério de ferro , nos estados de Minas Gerais.
São Paulo e Paraná .
To XI Congresso Intern acional de Geologia, realizado em E stocolmo, Suécia, cm
1910, o Bmsil revelou que no centro ele Mina~ Gerais es tavam localizadas as maiores re-
servas mundiais de minério de ferro de alto teor. Até essa época o Brasil não tinha pen-
sado , ainda, em exportar min ério de ferro, ioteres;;ando-se, apenas pela sua industrialização
dentro do país e, principalmente, junto às jazidas.
O minério elo quadrillÍ.tero ferrífero ele Minas G e rai~ teve a seguinte c l assifi ca~·ão no
simpósio apresentado ao XIX Congresso Internacional de Geologia realizado em Argel,
em 1952:

1. 0 Minério co mpacto ( hematita co mpacta ) - mmeno com a média de 66% de


ferro ou mais, com pouca produção de pó ;
2. 0 Minério brando ( lw matita pulverulcnta ) - com a n"?clia de 66% de ferro
ou mais;

Fig. n.o l OF - Vista pan orâm_ica da grande jazida de ferro de Casa de Pedra, loca1izatla 'm :\tinas
Gerais. Esta 1uina é de propriedade da Companhia Siderúrgica Nacional, cujo minério é enviado J)ara·
Volta Hcdonda.
(Foto Companhia Siderúrgica Nacional )
Fig. n ,u li F - Grande ugin<A siden'ngica, Presidente Vargas, locali zada em Volta Redonda, no estado
do Rio de Jane iro.
tFo to Companhia Siderúrg ica Nacional)

3 .0 Minério interm ediário, com as características físi cas interm ediúria dos dois
tipos acima citados c a média de 66% ele ferro ou mais . Frcqücntemente
xistoso;
4. 0 Itabirito - rocha metamórfica laminada, constituída de quartzo granular c
óxido de ferro ;

A proximidade dos centros consumidores é, portanto, um atestado da boa escolha da


JCgião próxima d e Barra Mansa, par;\ .1 localização ela grande usina siderúrgica. Neste par-
ticular deve-se salientar sua influência no desenvolvimento industrial elo país. Atualmente se
precisa cada vez mais, dos produtos de Volta Redonda, que abastece o parque industrial
do paÍ9 economizando divisas para outros produtos manufaturados.
A Usina de Volta Redonda, além de produtora de ferro-gusa (Fig. n. 0 lOF e llF) ,
laminados, aço, fornece os seguintes suhprodutos da desti lação do carvão: alcatrão bruto,
óleo desinfetante, piche, sulfato de amônio, toluol e xi lol.
No desenvolvimento da Nidcrurgia brasileira o grande entrave tem sido a falta de
combustíveis. Em Minas Gerajs, c ~p ecia l m e nte no vale do rio Doce, a proximidade de
extensas florestas condicionou o funcionamento da indústria siderúrgica, com o carvão
vegetal.
Quanto aos fatôres nega tivos qu e têm contribuído para o lento progress<> da siderurgia
nacional, deve-se ressaltar qne nêles não s·c incluem as matérias-primas acessórias, uma
vez que jazidas consideráveis de manganês, calcários e dolomitas se encontram em pro-
porções consideráveis nas mesmas formações geológicas, onde ocorrem as rochas ferríferas .
As recentes estimativas das reservas de minério de ferro no Brasil , (Fig. n. 0 12E) rea-
lizadas por Luciano Jacques de Moraes, e outros, são as seguintes:

urc1oNAmo CEOLÓGICO-GEOMORFOLÓGICO 177


Fig. n .0 12F - Na ria de Vitória, cuja paisagem física muito se assemelha à da Guanabara, acham-se
instalados os cais de minério d e ferro . - No primeiro plano, vê-se o cais de Paul, com a linha de
acesso para o embarque de minério fino. Além, das diversas instalações da Companhia Vale do RiG
Doce, vê-se ao fundo (assinalado pela seta) o grande cais d e minério.
(Foto Companhia Vale do Rio Doce)

1.0) Minério compacto, com mais de 66% F e 500 000 000


o ••••• t
2.0) Minério friável, com mais de 66% Fe 250 000000
•• • • •• • o t
3.0) Minério com menos de 66% Fe e mais de 60% 500 000 000 t
4.0) Minério com menos de 60% e mais de 50% Fe 2 000 000 000 t
5.0) Minério com menos de 50% e mais de 30% Fe 3 500 000 000 t

FERRO MAGNESIANO - minerais nos quai9 os elementos ferro e magnésio predominam


na sua composição. Têm geralmente coloração escura c são densos, ex.: hornblenda, bio-
tita, augita, e p eridoto. A êste grupo de minerais que entram na composição hipotética
de umaf rocha chama-se de minerais fêmicos.
FERRO OLIGISTO - o mesmo que hematita compacta. No estado de Minas Gerais é
que se encontram as maiore9 jazidas de ferro, como o pico do Cauê. O quadrilátero ferrí-
fero de Minas Gerais abrange as regiões de Congonhas do Campo, Jeceaba, Casa de Pedra,
São Julião, Bação e Marinho Serra.

FÊSTO - o mesmo que Tinha de fêsto ou linha de cumeada (vide) ou crista (vide).

178 DICIONÁRIO GEOLÓGICO-GEOMORFOLÓGICO


FIL.:\0 - usa-se êste tenno de modo indistinto para as intrusões d rocha~ eruptivas de
pequena possan ça ou ainda dique, também para as gran des. intrusões de forma acentuada
de cunha ou de len te ( Fig. n.0 13F ). O têrmo filão-camada é também usado p ara o caso
de intrusões entre camadas. Quando o~ fil ões são form ados pelo depósito lento motivado
pela circulação de água con tendo substància minerais são fil ões m etalíferos.

Fig. n.o l 3 F - o corte a ciJna vemos uma série de diques cortando várias camadas
horizontais c dois peque nos filões. camadas.

FILAO-CAMADA - Vide diqu e e filão.


FILÃO METALíFERO - Vide filã.o.
FILÊTE DE ROLAMENTO - denominação adotada por algu ns es tudiosos para o fluxo
laminar ( vide). que corresponde ao run.-o ff dos inglêses e ao ruissellem ent dos franceses.
FILITO ( elo grego ph yllon. = fôlha) - rochas argilosa&, metamórfi cas, ele estrutura cris-
talina, in term edi ári as entre os argilitos e micaxistos. Na sua composição mineralógica
êstes xistos argilosos são pouco mi cáceo&, possuindo silicato de alumínio, um pouco de
quartzo, e dificilmente, feldspatos. Ma is freqüente é encontrar-se a clorita, a sericita, a
m agnetita, a granada, a estaurolita, a pirita, a turmali na, o rutilo, etc. E m Belo H orizonte
e no Triângulo Mineh o verifica-se a intercalação elo itabirito com os filitos. Os filitos
podem ter côr avermelhada, acinzentada, esverdeada, amarelada ou azulada. Alguns
arenitos possuem certa q uantidade de elementos ar gilosos estratificados, co mo por exemplo,
os arenitos fri áveis da depres!;ãO do Quebra-Anzol entre os planaltos da serra da Mata
da Corda e a borda do T ri ângul o Mineiro. Diz-se, neste caso, qu e possuem elementos
fi líticos.
FINO-ESCANDINAVO - o mes mo que escudo Báltico ou Fe noscând·ia (vide).

FIORDE - corredores es treitos e profund os num litoral alto, cavados. pela erosão glaciária,
são hoje submersos invadidos pelo maL No litoral da , oru ega e d a Groenlândia aparece
muito bem representado êste tipo de costa. T am bém na península do Labrador, na Terra
ova, no sul do Chile e na Islândia apa recem costas altas com vales de ori gem glacial, de
paredes abruptas e invadidos pelo mar, constituindo costas do tipo fiord ou fiorde. As
costas ou melhor os va les que constitu em os fiords avançam cêrca de 30 a 40 quilômetros
para o interior e têm profund idades de 400 a 600 me tro~. A escavação desses vales foi
feita a tun nível bem mais alto que o alua i, send o sua posição altim étrica explicada por

DICJONÁHJO GEOLÓGI CO- GEOMORFOLÓCICO 179


ab aixa mento das terras, com conseqüente in vasão mari nha, transform ando os anti gos vales
em verdadei ros go lfos . D a mesma maneira q ue nos vales glaciais· o. fjords têm a forma
do leito o' m U .
"FIRTHS" - denominação da da na Escócia aos vales glaciais in vad idos pelo mar. O
mesmo que f'i orde (vide), q ue passou de têrm o regional da Noruega a ca racterizar êste
tipo de litoral, cm todo o mundo.
F1SICA DO GLOBO - o mesmo que geof'ís ica (vide).
FíSJCA TELúRICA - o mes mo CJUe geofísica (vide) .
FíSICA TERRESTRE - o mesmo que geo física ( vide).
FISIOGEOGRAFIA - denominação usa da por certos autores para os e tuclos de geografia
fís ica ou, mais especialmente, elas form as ele relêvo, isto é, geomo rfologia, ou simplesm ente,
morfologia.
FISIOGRAFIA - elo grego physis - na tureza e gra plws descri ção, por co nseguinte fisio-
gra fi a seria a descrição da n a turezr~ . Todavia, não nos podemos contentar com esta s;imples
defini ·ão. Alguns autores usa m ind istinta mente fisiografia, geo nw rfologia, f'isiogeografia,
geo mo·rfogenia, etc. Preferimos, oo enta nto, a denomin ação geomorfologia (vide).
FISSURA - fraturas ou fend as pouco alargadas ele um a roc ha, de um terreno, ou mesmo
d e um mineral.
FITóGENA - rocha oriunda ela decomposição ele vegetais, como por exemplo o carvao
de pedra . Algumas· vêzes roc has fit óge nas são tratadas, de modo geral, co m as prove-
nientes da decomposição ele ani ma is, w b a denominação ele rochas orgânicas (vide) .
FITOGEOGRAFIA - parte da biogeografia (vide) qu e estud a a distribuição geográfica
dos vegetais na superfície elo globo. Na geomorfologia moderna, a fitogeografi a está
adq uirindo grande importância, tendo em vista o desenvolvimento elos sistem as morfoge-
néticas, dentro ch1s áreas morfoc limáti cas. ( Vide geomorfologia climática ).
FITÕLITO - o mes mo que fit ógena ou caustobiólito (vide).
FJORD - o topôni mo oriund o elo litoral ela Noruega e aportu gues·aclo fiorde ( vide) .
FLANCO - o m es mo qu e lado ele um morro ou ele um a montanh a. Geralmente é usado
ês t(' th mo nas c!e>c ri ções ela paisagem fí sica onde aparecem elevações elo terreno.
Al guns autores chamam ele flan co às massas rochosas elos l ábi o~ ele uma falh a ou
ele um a nti clíneo.
FLECHA LITORÂNEA - o mes mo qu e restinga ( vide).
FLEXlBILIDADE - propriedade que têm certos minerais e rochas ele se curva rem quando
submetidos a esforço&, sem produzir fraturas. Entre as rochas temos o itacolomito e entre
os minerais a m ica, qu e apresentam fl exibilidade bem acentu ada.
FLEXURA vide laminagem .
FLEXURA CONTINENTAL - teoria exposta pelo Prof. .Jacq ues Boucart, que diz serem
os terraços e os canyons submarinos produ zidos pela combin aç·ão ele dois movimento!i, um
de abaixa mento do fundo oceânico e, outro, ele soerguirnento elo bloco continental. Êstes
dois movimentos de sentidos opostos se realizam em tôrno do ei.xo da flexum.. Procura, assim ,
êste grand e mestre da geologia francesa, explicar todos os terraços marinhos e canyons, exis-
tentes na plataforma continental, como ori ginados pelo jôgo clêsses deslocamentos ele cli-
reções opostas.
l''LOCULAÇÃO - processo pelo qual o lôdo ou lama (vasa) e a matéria coloidal trans-
portada em suspensão nas águas fluvi ais são reunidos em fl oco!i, e depositados no fundo
elos rios. A flocul ação se d::í geralmente r1uando entram em ação ce1tas substâncias cha-
madas eletrólitos como: cloreto ele sódi o, ácidos e á lcalis·, bem co mo a cal. Além clêstes
e::lementos temos que levar em conta o fator gravidade, cuja importância é capital p ara
explicar a flo culação ela vasa, no litoral amapaense. A floculação é um a propriedade dos
colóides.

180 DICION ÁRIO G'EOL ÓGI CO-GEOMORFOLÓGI CO


FLOGOPIT A - vari edad e de mi ca moscovita de coloração amarelada ou parda, se ndo um
silicato de magnésio com proporções variá veis de ferro. Constitui uma transição entre as
mi cas pot(tssicas e as ferromagnesianas contendo ainda um pouco d e flúor e lítio. A al-
teração metassümáti ca da hiotita dá geralm ente aparecimento à flo gopita. Êsse tipo de
mica é explorado, principalmente, no Canadá.
FLUVIAL (erosão ) - vide erosrlo fluvial .
FLUVIAL ( sedin1f'nto) - detritos depositados por correntes de {tgua doce. Os bancos qu e
resultam s·ão tamb ém cha mados de alut:riais.
FLUVIOGLACIAL - tmba lho de eros ão ou de acumulação devidos aos ri os c aos glaciais.
FLUVIOMARINI-10 trabalho ele erosão e acumu lação devido aos rios e aos mares.
FLUXO LA~IINAH têrm o usado para designar de modo incorreto o escoamento super-
cial das águas elas chu vas. ( Vide lençol de escoam ento sttperficial).
FOGO CENTHAL - denomina<;:í o imprópria para a massa inca nd escente em estado de
fusão que c on s tit~ui o núcleo central, nife, segundo Suess, ou harisfera (vid e) ~
FOLHEADO - s-edim entos mais ou menos metamorfi zados qu e se aprese ntam em delgadas
cam adas, como se fà sse m fà lhas. Algumas vezes as- rochas erup ti vas, qu ando subm etidas
a uma forte pressão, também aprese ntam um fo lheam ento.
FOLHELHO - rocha se dil W~'ntar fin amente laminada, não metamórfi ca, constituída ele
materi al muito f ino. T erm o generali zado no Bras il pelo Dr. Barros Barreto ao traduzir
a Geologia Elementar do geólogo norte-americano J~ C . Branner.
FOLHETO - rocha sccli men tw, cuja estrutura é lamin ada (semelh ante its fôlhas ele u m
livro) .
FONóLITO - roc ha micruc ri stalina, form ada de feldspatos, ne felina e egerita. Os felds-
patos sã,) di spostos cm ta hlctcs, sendo a rocha fragmenta da ern pcd ac;os rctangul ares,

lI

.Fig:. n. 0 l4F - Dois picoo; constituindo como que duas agulhas peleanas de fonólito e andes itos ácidos
Uo Sanadoire e TuJJiCre. (1\1aciço Cen tral Francês). Observe-se ainda um grande corred or em fo'l'ma
de U, vale glaciário de Roch cfort. Os dois vulcões Sanadoire c T ulliCre faze m parte ela cadeia de Puy.
(Foto G. d 'O .)

PICJON ÁlUO GEOLÓGICO- GEO l\[011 FOLÓGJCO 181


a l g u~11as vêzcs bem alongados . No Maciço Central Frances as erupções elo Plioceno superior
ocasiOnaram a form ação ele vários lençóis, diqu es, elo mos e mesmo picos, como do Tu lliere
e Sanadoire. Como exemplos brasileiros citaríamos os qu e afloram no Tinguá, Campo
Grande (GB ), São Gonçalo (RJ), Poços de Cald as ( .MG ), Cabo Frio ( RJ) , etc. (Figura
n. 0 14F ).
Quando se b ate co m um martelo num fragmento ele fonólito produ z ressonância, daí
o seu nome.
FONTE - lugar onde brotam ou nascem águas. Algumas vêzes usa-se no plural, isto é,
fontes, como sinônimo de cabeceira ( vide ) de um rio.
A fonte é um manancial ele águ a, qu e resulta ela infiltração elas águ as nas camadas
perm eá veis, havendo dive rsos tipos co mo : artesianas, termais, WJc lu sianas, etc.
Os diferentes tipos· ele fontes estão cm fun ção ela topografi a c ela posiç:-w elo aqüífero.
H{t 4 tipos d e fontes :
1) Fontes ordinárias, fixas ou de afloramento.
2) Fontes de vales, tam bé· m chamadas ele talvegues ou móveis .
3) F ontes em repu xo ou artcsianás.
4) Fontes voclusianas ou torrenci ais.
FONTE ARTESIANA, isto é, POÇO AUTESIANO s>"tü mananciai s r1ue aparecem à su-
perf ície gra<;as a diferenças· de preSSIÍO hiclrostâtica (vide lJoc ia artesi11 1111 ) .
FONTE DE TALVE(;UE - o mesmo que fonte de r:a le ( vide).
FONTE DE VALE, DE TALVEGUE - formad a por ac1ii ífcro, cortado em se u trajeto pelo
talverrue de um vale. E stas fontes são chamad a' ele m óveis, por ca us[l d a altura em qu e o
;: qüí ~ ro aflor a, seguncl l' se co ns·idera [1 época cl.ts chu vas, O\t a esta<;ão sêcn.
FONTE FIXA - o mes mo qu e fo nte ordin ária ( vide).
FONTE MINERAL - denominação nsada p.tr.t as .ignas ricas cm sai s. Podem ser águas
fetrn ginOS[lS, magn es tanas, sulfuros·as e radioatt vas. No snl do estndo d e l\llinas Gerais
temos ,·úrios exe mplos importantes, t,tts co mo as fontes de Caxam bu ( Fig-. n. 0 5A ), São
L ourenço, Cambuquira, Lambari, etc.
FONTE ORDINÃRJA, FIXA ou d e AFLOHAMENTO - form ada po r aq i.i íferos que se
encontram no li mite ele um a ca mad a penncÚv<·l qu e rC' pOusa sôbrc uma camad a imper-
mE:ável. Cham a-se também "fix a" ess·a fo nte, porqu e n >to varia ele posição, pois o aflo-
ramen to elo aqü ífero es tá situado no li mite ela ca mada pcrmeà,·el, q ue repousa na im-
perm eável.
FONTE SURGE:'IITE - aqu ela cuj o aqi.iífcro S<' encontra entre du as camrt das imperm eá-
veis. :f:ste tipo d e aquífero é também chamado de (/(tiiífern cati vo ou art esiano. O apareci-
• mento de tats fontes se dá graças ao fato de a úgua se acumular sob pressão. Pode surgir
por u ma fenda natural, ou por um[] pcrfura<;üo. As fontes [lrtes ianas· apa recem à superfície,
gra : as à pressão hi drostáti ca.
FONTE TERMAL - aquela cujas (tgua!i são ut ais r1u entcs qu e a temperahtra ambi ente,
( Fig. n. 0 6A ), como é o caso dP- Poços de Ca ld n, , Antx;1 ( l\IG ), Cipó ( BA ), etc. Aind a
entre as fontes termrt is podemos inclu ir os geysl'l's ( ,·ide ) c as q ue ocorrem em terrenos
fratur ados.
FONTE TORRENCIAL - o mes mo q ue fonte wclusiona ( vi de ) .
FONTE VOCLUSIANA - m ananc ial cl"água que aparece em r g10e d rsticas, consti-
tuindo um fenôm eno de ressurgência. Estas fo ntes tamb ém cham adas de fo ntes torrenciais,
não pass am ele verd adeiros ri os sumidos qu e ress urgem num determinado ponto ( Vide
ressurgência ). O nome advém da fo nte Vau cluse, nos :\ lpes franceses.
FôRÇA ENDôGENA - di z-se das forças inte rn as C)U C provocam modiJicaç:ões na superfície
do globo terres tr e. O mes mo que fc1rç·a tectônica ( del e) .
FôRÇA TECTôNICA - os esforços que as camadas ela crosta terrestre sofrem em fun ção
das fôrças endógenas, co mo : dobrament os, falha mentos, terremotos e ' ulcões.

182 DI CIO!\" ÁJ:UO GEOLÓGI CO- GEOJI[QRFOLÓ GI CO


FORMAÇÃO - conjunto de rochas ou de minerais qu e pos9uem caracteres mais ou menos
idênti cos, quer d e origem, quer de composição, quer de idade. A forma ção geológica ca-
racteri za uma idade, sendo expressa algu mas vêzes pelas faci es. Representa unidade tito-
genética fund amental na class ificação local das rochas.
A9 forma ções podem ser q uanto à sua gênese: flu viais, eólias, glaciárias, marinhas,
continentais e mistas.
No Triângulo 1vlineiro as fonna ções co ntinentais secundúrias são separadas por uma
discordância angular, d as form ações cri stalofilianas, isto é, metamórfi cas de origem mminha
de profundidade. A!i formações algonquianas da série de 1-.'linas são geralmente ricas em
minerais preciosos, como o ouro, o diam ante, etc., e as form ações silurianas da série Bambuí
são ricas em calcários, como no vale do São Francisco.
FORMAÇÃO ELUVIAL - vide elu vião.
FORMAÇÃO FISIOCRÃFICA - expressüo usada por certos autores como ~inônimo de
tmidade morfológica ou unidade fisin gráfica ( vide) .
FORMAÇÃO SEDI!\1.ENTAH. - ou terreno sedimentar - depós ito provindo da des truição
de outras rochas tais co mo as erupti vas ou metamórficas.
FOH.MAÇÃO SUPEH.FICIAL - denominação usada em geogra fi a, para o lençol consti-
tuído de material decomposto ou edafi zado q ue recobre a rocha sã. Engloba, por co nse-
guinte, as noções de solo c, parte do subsolo. Quanto à orige m as formações superficiais,
podem ser autóctonas e alócto nas.
Elas res ultam das transforma çÕe9 extern as que sofrem as ro cha~ por efeito dos agentes
de erosão, sendo as da e rosão elem e ntar ( desagregação mecâni a e decomposição química)
as mais importantes.
FORMAS DE ACUMULACÃO - resultam do depósito de det-ritos, ex.: planí cies aluviai9
( de montanha, de )Jie mm;te d e nível de base gera l ), planaltos típi cos, terraços, cones
vulcâni cos, etc.
FOH.MAS DE H. ELi': VO - o mesmo q ue tipos de re/et;o ( Fig. n." l7F ), paisagens geo-
m.orfológicas, f eiç<ies m orfológ icas, etc. ( \'ide relevo) .
FOH.MAS GEOFíSICAS - denomi nação imprópria, ou melhor errad a. usada por certos
autores, para explicar as diferentes fnrmas do relêvo qu e apa recem na paisagem ele uma
região. ( vide m lêw).
FORMAS LITORÂNEAS - o estudo da morfo logia litor.lnea significa geogràfica mente,
considerarmos as for ma~ ele relevo qu e ocorrem ao longo de 262 000 quil ômctros de ex-
tensão. O trabalho incessan te de deslntirtío c de co nstru çtio realizado pelo mar, verifica-se
com mais intensidade no estrün ,. n a pnrtc sltprolitorcínea imedi atam ente co ntí gua ao estriio.
O desgaste feito p(·lo ma r, isto é, :1 alua. tio, é capaz ele dar na zona supra litorânea
superfícies ap lai nnllas co m grnnd e reg ularidade. Ês te fato levou Hamsay, em 1846, na
Grã-Bretanha, a ge nerali za r ta l processo ele np laina mcnto ( penepl an ície5) .
( A isoipsa de ze ro metros atnal fo i no decorrer da glac iat;iio \\ 'unni ana + 150 metros.
Isto significa, e111 outras pa la vras·. o estudo ele form as d evid as a transgressões c reg·ressões
marinhas. A variação elo níve l do ma r segundo os euiitatistas t' por causa da flutuação
climáti ca, pois a úg ua foi -'e es-toca r sobre os contin entes cons tituind o grand es inlandsis.
FOSFORITA - são os fu ~fatos de c:ú lcio de ori ge m scdinw nta r de composição se melhan te
à da apatita, porém amorfas e pro,·enientes ele orga nismos ma rinh os. ( Vide apatit;à ) .
FOSSA - denomin ação geral usada para as cavid nd< ·s largas e profundas qu e aparecem
nas terras emersas e nas úreas imersas. As fossn siío tam bém denom inada de: fossas conti-
ne11tais. fussas ·m ari nhas, fossas ma-rgin ais, .. grttb ens" fos sas tect J nicas, etc. As fos~as deri-
,·am na quase totalidade de mo vimentos tectônicos, esp ecialmente ns falhas escalonadas,
dando urna bac ia ele afund amento tect<'\ ni co ou gra bcn .
FOSSA CONTINE TAL - depressão tectónica qu e '1parece nas te rras emersas, en-
quanto as fossas submarin as são depressões. produ zidas pelo tcctonismo e estão no fundo
dos mares.

D IC ION Ámo GEOLÓGI CO-GEOi\ ! O H FOL ÓG I CO 183


FOSSA MARG I NAL depressão ou abi smo submari no" qu e aparece na platafor ma
continenta l e nas prox imidades do .litoral.
FOSSA SUBMARINA - grande depressão encontrada no fundo dos oceanos . O mes mo
qu e abismo submm·i110. Cos-tum a-se, todavia, reservar a denomina ção de fo ·sa subm a-
rin a para a área de maior profundidade de uma depressão.
No oceano Pacífico se encontram tr inta e duas das cinq Li cnt:1 e sete fos sas con hecidas.
FOSSA TECTóNICA ou "GRABEN" - depressão ele fom1 a along,1cla, enquadrad a por
uma séri e ele degraus produ zidos por fa lhas paralelas (Fig. n° l 5F ) . O clássi co exemplo

)I" '1//,
!'1'~----
'L .• .. -
Ar-V//Lf.t1
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IW"L/.'/,
III! I

Fig. n . 0 15F - Fossa tec tônica limitada de amhos os lados por dois pi lares ou horst.

ele fossa tectônica é o va le do rio Reno, que corre entre o mac iço ela Flores ta Negra ( Ale-
man ha ) c a cad eia elos Vosges (Fran ça). A baía ele Todos os Santos, no es tado ela Bahi a,
tamb ém é um a dPpressão alongada produ zida por desabamento tec tôni co clês·se tipo. O an-
tônimo ela fossa é o horst.
FóSSIL resto ou ves tí gio ele seres org<'tnicos (vege tais ou anim ais) qu e deixa ram suas
pegach s na roc ha da cros ta terres tre. Cons titu em a ampul heta geológica ( Fig. n.0 16F ).

Fig. n. 0 l6F - Col1 c ni a ilapcv(· ns is sp. n. Fóssil-cambriano e ncontrado por Fernando FUvio i\ll arqu e:-;.
de Al meida , en1 dolomitos da série Açungui, na zona sul do estado d e São Paulo. Observam-se
na figura acima três colônias de c o ll e n ia itaptwensis .
(Foto F. F láv io M . d e A lme ida )

184 DIG IONÁH IO GEOLÓG ICO -GEOJ\'{QHFOLÓ GIC O


A idade das camadas não é um a idade absoluta em anos, o que seria impossível, mas um a
idade -relativa, ou seja o lu gar ocupado pela ca mada, em relação às outras. Nas camadas
mais recentes, as espécies fósseis s·ão idênti cas às espécies atuais, enquanto nas ca madas
antigas, são bem diferentes, a tal ponto CJU e podemos d izer, qu e são tão ma is diferentes
quanto mais anti go fôr o fóssil. Graças aos fósseis podemos identifica r, por exe111plo, fl
idade de um terreno na Améri ca elo Sul, na Améri ca elo No rte, na Eu ropa, na Asia, na
Au ~trália , etc. e di zer CJUa l a sua posição na coluna geológica.

FOSSILíFERO - diz-se dos terrenos qu e contém fósseis.


FOSSILIZAÇÃO - processos mais ou menos complexos qu e transforma ram os res tos ve-
getais e an ima is fósseis .
FOZ - bôca de descarga de um rio. Êste desaguamento pode ser fei to no mar, num lago,
numa lagoa, ou mesmo num outro ri o. A Forma da foz pode ser classificada em dois tipos:
1 - estttá1'io , 2 - delta. A do primeiro tipo é constitu ída por um longo cana l de form a
afunilad a; e a do egundo, CJUando se verifi ca o aparecimento da construção de uma :;éri e
de ilhas, braços e canais formando intrincad a rêde potâmi ca, ex.: o delta elo Nilo, i\•fi ssissipi ,
Parnaíba, etc. O aparecimento elo delta só se torn a possível quando s-e verifi ca a existência
de um a séri e de co ndi ções como: grande q uantid ade de material sólido em s-uspensão,
pou ca profundidade na foz, ausê ncia d ~ fortes correntes marinhas, etc.
Algumas vêzes não lü concorclància de a ltitude, estando a foz do rio a v{trios metros
acima do rio prin cipal; nes te caso, tem-se o q ue se clenollli na, em geomo rfologia, 1'io de
fo z suspensa. Tal fenômeno é produ zido po r um afund amento mais. rápido do rio principal.
Alguns movimentos de costa também podem faze r vari ar o n·ícel de base, e conseqü entemente
dão apa recimento a um rio dr foz suspensa. No caso de rios qu e percorrem regiões ca lcárias,
e que ao chegarem ao litoral tem a foz suspensa, dá-s e o nom e ele calfeuse ( vide) a êste
tipo ele cos ta.
O!i degrau s qu e aparecem na fo z de um rio podem se r devidos it erosão mais forte
no rio principal, ou ainda , a uma falh a. Quando o degrau não está em fun ção da erosão
diferencia l ou de falhas, pode ser um a prova de erosíio cíclica.
O tipo de d esaguado uro de um rio, isto é, sua foz ou bôca, es tá em fun ção da to-
pografi a cos teira , da natureza elas rochas, da cobertura vegetal ou melhor, do s i s t e 1~1 a mor-
foclimático reinante na bacia de drenagem e, também, da clinàm ica marinha.
A acumulação maior ou menor de sedim entos na fo z, va i depender do volume trazido
pelo rio, como também elas correntes co~te ira s. Uma bacia de drenagem existente numa
área eq uatori a l ou tropica l úmida, terá uma ca rga alu vial predominantemente argi losa e
o depósito na foz elo rio dará ori gem a prai as de lama. Como exemplo, pode-se citar o delta
interno do Am azonas, na região do furo de Breves..
O delta do Amazonas apresenta um caso complexo, uma vez qu e o aluvionamcnto é
interno, enqu anto na parte extcn1a, não há pràtica mentc a lu vio nam ento . A observação
elas cartas geográficas revela que os d eltas dos rios como o Missis.sipi e o N ilo se projetam
na direção do gô lfo elo México ou do mar Mediterrâneo, dando um a forma con vexa ao
litoral, enqu anto o do Amazonas é reen trante.
A foz cleltaica t ípica é a do ri o Nilo, no co ntinente africano. Ês te tipo de foz é bem
diferen te do tipo estu ário, ond e o fluxo flu vial se lança li vremente no ocea no.
FRANE - termo ita liano para as bad-lands ( vide), c q ue Jost• Setze r prefere usar cm
portu guês, JlO isagem t:oçorncada .
FRATURA - o mesmo qu e cliâclase (vide) .
FRATURAS FOTOGEOLóGJCAS - s·ão as qu e só podem se r detectad as em fotografias
aéreas sob visão es tereoscópica.
FRENTE DE FALHA - abruptos oca9ionados pelos deslocamentos verti cais de estratos,
dando aparecime nto na paisagem a um escarpa menta, ou seja , a frente de falha (vide
falha ).
FRENTE DE FALHA DISSECADA - vid e escarpamento de falha.
FRJÁ VEL - propri edade dos minerais e das rochas ele se fragmentarem fàci lmente, até
mes mo por simpl es pressão dos dedos.

DICIONÁ HIO GEOLÓC:ICO - C:EO;\ IOHFOL ÓC: ICO 185


FUCHSITA - mica potáss ica de coloração verd e, devido ao cromo.
FULGURITO - rocha vi trificada produzida pela fu são do9 elementos m inera is quando sô-
brc eles cai um raio. Geralmen te o ful gurito se reduz a um peq ueno tubo de form a
irregular e de dim ensões redu zidas. Por extensão chama-se ainda de fu lgurito a certas
rochas que soh eram refusão. Lindos exemplo9 são os fu lguritos de hematita do pico de
ltabira. cm Minas Gerilis . Todavia, sob retudo nas áreas das duna~, é onde se encontram
m ai ~ frcq i.ientemente os fulguritos. Êstes possuem, às vêzes, vários decímetros de compri-
uwnto, se ndo inteiramente fo rm ados de areia vitrificada. Os melhores exemplos de ful gu-
ri tos siio cnçon trad os na Sibéria c no Saara.
FUMAROLA - gretas ou fendas q ue aparecem em regwes vulcâni cas, por onde saem gases
su !lurosos c vapores d',igua carregados de a lgum as outras substâncias. As exa lações de-
pendem principa lmentc da tempera tura: H , Cl ( temp. alta ), Cl, S0 °, C0°, H' O (tem.pera-
tum bai~a ) .
E stas cnJ::ll llu;ões ~asosas apa recem quando a ati vidade vulcànica diminui de inten-
,; idade. E impOl'tante ressa ltar q ue a temperatura vari a até cêrca de 800°C. Fouqué
dh·idiu as fHmawh,. c111: l - fumam/as sêca.s - cuja temperatura é superior a 500°C e
contén, va por d 'água L· c·loretos ( de sód io, de cob re, etc.); 2 - fumMolas ácidas -
temp eratu ras va riando entre 400 e 300°C, con tendo vapor d 'água, anidrido carbônico e
lmidrido sulfuroso; :3 - fwnarolas alcalinas - temperatura da ordem dos l00°C, com
emanações de muito vapor d 'água, cloreto de amônio e gás sulfídrico ; 4 - fwna rolas frias
- temperatura in feri or a l00°C, contendo gás carbôni co e gús sulfídrico.
As fu mnrolns são fo rm as recundárias de erupções à semelhança das sul fa taras, mofetas,
,o fi onis. salsa, gevsers, r tc. Nenhu ma das fo rmas secundárias de erupção tem importância
pa ra fo rmaç ~ o ou mesmo mod ificação do relêvo terrestre apenas no detalhe. No entanto,
es tas manifes taçõef; secun dárias, tem grande destaqu e na geologia eco nômi ca. Como exemplo,
podemos ci tar as jazi das de enxôfrc das sulfatara s (vide).
" F\JRADOS " - têrmo regional u sado pelos praianos d a área cos teira do estado de São
Paulo, para desig nar os vales, mais ou menos encaixados, que co nseguem atraves-sar bacias
de sedimentos litor;) neos, CJUe represa,·a m águas interiores.
FUR;\IA - cavidad e <JIH' aparece na <' I~cos ta dos barranco sfo rmada gera lmente pelo ac úmulo
de blocos de origem l!.laci<\ri a (morai nas), ou de des moronam entos ou, ainda por di sro-
hiçiío, como acontece nas furr. ns de Agassiz, na encosta sul do maciço da Ti juca. (Vide
gruta ). S:io, em parte. fo rmadas por b locos de granito e gnais-se que des moronaram da
t ncosta. :\n região ele :\ova F riburgo, h:1 as fumas do Catetc, formad as por blocos de
gra11ito c ~ n a i sse acumulados uns sôbrc os outros, de mod o irregular, num a encosta do
,·ale do rio Bengal a. ~ o estado de i\linas Gera is, denom ina-se ele fu.ma , a uma gruta na
t< ncos ta de bar ra nco . 111a ior qu e a Topa .
FURO - denonlinaçiio regional amazônica para os braços d' água que ligam um curso
d'água a outro, ou a um lago, ou ainda, pelo montante da foz, ao curso d'água em qu e
deságu a. Na Am azôn ia, são ca racterísticos na região das ilhas, onde o~ furo s de Breves
fo rm am um verdad eiro labirinto de ca nais anastomoseados.

186 DIC ION ÁJUO GEOLÓC !CO -GEOMORFOLÓGICO


GABRO - roch:1 h o l o c ri~t a li n a de coloração escura e de consolidação profund a. Sua com-
posição q uími ca e min eralógica é a mesma do di abásio, porém sua textura não é ofitica, e
~ im gra nu lar. Os elementos mineralógicos que compõem esta rocha são : plagioclásios ( bá-
>ico~ e calcossóclicos ), 1' imxênius, e como minerais acessórios, magnetita, ilmenita, apatita, etc.
Variedades ele gabros: gabros conmns, norito, norito micáceo, gabro ele olivina, etc.
A palav ra gab-ro é de ori gem italiana . Os gabros são muito usados como ped ra ~ de
orn amentação nas construções.
GALENA - principal mineral do q ual se extrai o chumbo. Geralmente aparece associada
à prata . Quanto ao seu modo de jazimento apar ce em fi lões e em rochas calcárias.
. A galena é, como já dissemos, o principal min ério de chumbo; sendo, geralmente, ar-
gentífero, é tamb ém um min ério ele prata. Quanto it ga nga devemos di zer que se liga
co mum ente a elemen tos silicosús e também se apresenta associada às piritas ele ferro , à
baritina , à hl c nd a e a outros min erais. Vide galen'ita.
GALENITA - o mesmo qu e galena {vide), tra ta-se ele um sulfeto de chu mbo, com
8fl ,6% de Pb teóri co .
GA NGA ou REJEITO - rochas ou minerais inaproveitáveis qu e acompanh am u m m inério,
o u os minerais úteis. A ga nga é q uase se mpre de natureza diferente do mineral a que
e ],: es tá associad a. A palav ra re;eito ( vide) é tamb ém usada p ara designar os des ni vela-
men tos que ocorrem nos terrenos falhados.
GAHGA N TA - p a s~a ge m apertada e profund a de um vale. Às vf,zes tamb ém se usa êste
termo co n1 0 sinônim o de colo (vide) . A garga nta é, no ent anto, um a passagem ma is aper-
tada q ue um desfila deiro ( vide).
GARGANTA ANTECEDEN TE - aq uela qu e foi escavada por um ri o antecedent e ( vid e ).
O ri1es mo qu e garga11ta epigên:ica (vide ) .
GAHGA NTA CATACLI NAL - o mes mo q ue ga·rganta epigênica. ( vide) .
GARGANTA EPIGÊNl CA - passagem ap ertada, escavada por um rio de trajeto paradoxal
ao realizar o afund am ento elo t<1 lvegue. Antecede geralmente à garga nta um alvéolo de
largura variada, e m função elo vo]ume d ' água disponível do rio e, também, ela resistência
impos ta pela rocha ela soleira ( vi de epigenia ). O rio Poti ao atnt vessar a serra ela Ibiapaba
escava um a típica ga r~a nt a epigêni ca . O mesmo ocorre com di versos ri os conseqüentes ao
perfu rarem a es trutura ela "serra" Geral no Brasil meridi onal.
GARGANTA GLACIAL - pass·agem apettada e profun<la de u m vale cujo agente m ais
importa nte no escavam cnto fo i a erosão glaciária.
GARUPA - têrmo usad o pelo,. topógra fos , bem como pelos geo morfólogos, para des ignarem
as form as de relêvo q ue se aprox imam d a gan.t.pa do cavalo; sem tomar em consideração
a es trutura ou a nàtureza d as rochas. Trata-se, por conseguinte, de um têrmo topográfico

DI CIO NÁruO C'EOLÓGJCO - GEOMORFOLÓGJ CO 187


e puram ente descritivo . As· garupas aprese ntam form as di versas, ma is ou menos alongadas,
não sendo, por vêzes, mu ito nítida a linha de crista. Nas descri ções ela pais·agem física,
pode-se d izer, qu e as três form as topográficas mais importantes são representadas pelo
vales, c ri~tas e garupas.
GEANTICLINAL - form ação de um anticli nal mediano nas profundidades de um geo s ~in­
c linal.
GEANTICLíNEO - grand es cadeias ele montanhas como os And es, as Hochosas , o Hi ma-
laia, os Alpes, os Pireneus, qu e tiveram origem em geossin clinais ( vide) . O gea nti clíneo
é a d enominação dada a estas grandes elevações. oriundas de p rofund o tectonismo, alte-
ra ndo os sed.i111e ntos acumul ados nos geossinclinais.
GEL ou SOL - colóide em form a de geléia ou em suspensão
GELEIHA - massas de gê lo formadas em regiões onde a qu eda de neves é superior ao
degê lo. Há dois t ipo ~ importa ntes ele geleiras: 1 - al:pina ou de v ales; 2 - continental ou
m landsis. ( Fig. n° 1G ) . Essas massas de gelo estão em movimento lento e ocasionam no
seus deslocamentos, destruição e constru ção. Há certa!Y form as q ue são típi cas dos glaciais,
como : va les em forma de U , ven oux glaciários, rochas mo·rlfon neés, is·to é, enca rneiradas,
ma rmitas, es trias nas rochas morainas, etc.

Fi g. n . 0 lC - Tipos de geleiras: A - Glaciais loca is - circos g laciais, B - Glac iais de va le, C -


Glaciais de "piemont ", D - Glaciais de planalto.

GELElllA ALPINA - o mesmo q ue geleim de m ontanha ( vide ) ou de !/ale.


GELEIHA CONTINENTAL - o mes mo qu e inlandsis ( vide ) .
GELEIHA DE MONTANHA ou ele VALE - constituída pelo acúmul o de neve em alti tu de,;,
da nd o fo rmas J c "circos" , rochas enca rn ciradas e os diferentes tipos de mominas.
GELE IHO - d epósitos ele neve, qu e pela compactação dão ori ge m aos gelos. Fases do
(h·pós ito: neve, nevado, gelo globuloso, e fin almente, gê lo compacto.
Os geleiras estão em fun ção de d ois fatôres: latitude e altih1Ue.
G lt LO - úgua em es·tado sólido : cuja d ureza é de 1,5 e o peso especí fi co a Ü°C é de 0,9175.
A import,\n cia do &elo para a geofomwlo gia é muito grande nas regiões das altas la ti-
tudes ou das elevadas cad eias de montanh as. Na superfíc ie dos ma res das altas latit udes
também se chl a form ação de gêlo - bcmquisas.
Os gelos podem ser classificados em : 1 - gêlo de altitude e 2 - gêlo de lati.tude.

188 DI CIO N ;\IUO CEO LÚCl CO - C E OMORFOLÓCJC O


GEMA - o m smo que ped ra. pt'eciosa. (vide).
GEMINADO - o mes mo qu e ma ela (vide).
CEOCLASE - fenômenos d e fraturação , fa lhamento, xistosidade e diaclasamento. Ê sles
<]Uatro tipos de geoclase 9ão resultantes da movimentação das camadas da cros ta terres tre.
As distin ções exis·tentes entre as fraturas e as diáclases nos leva m a opinar pelo emprêgo
apenas do termo diáclase, por ser o nt ais usado , di stin guindo porém: l - mi crodiáclase;
2 - · diáclase qu e poderá, na maioria dos casos, vir seguida do adjetivo gran de, significando,
assim, exa tam ente o sentido expresso pelas frat uras, isto é, geoclases maiores que as
diáclases. As geoclases ati ngem tôdas as rochas de uma reg ião. Graças a elas se pode
observar a~ zonas onde a tecton'Ía de choqtte tem os maiores efeitos, ou o inverso, isto é,
onde ela foi menos sent ida. Alguns autores emprega m o têrmo geoclase apenas para as
fa lhas de grande ex tensão, como a qu e aparece no leste do contin ente africa no e vai até
o mar l\1orto, na Jord:l.nia - Oriente Médi o.
GEODINÃMICA ou GEOLOGIA DIN ÂMICA - parte da Geologia Física qu e es tuda as
d iferentes transformações por q ue passa o relêvn devido ao trabalho reali zado pe los a!.ien-
tes geológicos exodinâmicos.
CEODO - pequ enas cavidades ôcas que se encontram nas rochas, sendo porém revestidas
interiorm ente de cri stais ou incrustações.
CEOECTODINÂMICA - parte da geodinâm:ica q ue estuda os fenômenos geológicos ex ternos
e superficiais, isto é, os fatôres exógenos .
CEOENDODINÂMICA - parte da geodinilmica q ue es tuda os fenôme nos geológicos de
origem interna, qu e provoca m transformações na superf ície do nosso plan êta, is to é, fat ôres
endógenos.
GEOFíSICA - ciência que es tud a a forma, dim ensões e estrutura da terra, bem como os
diversos fenômenos físicos que ocorrem no globo terrestre, como: gravidade, m agnetismo,
sismicidade, fenômenos elétricos, etc. A geofí sica é também denominada ele física t errestre,
física do globo, físi ca telúrica, etc. Algun s autores emprega m erradamente o têrmo geofísica
(] Uando se referem aos fenôm enos do campo da geografi a física ou puramente geo mórficos..
A geofísica es tud a ape n a~ os fenômenos físicos que influem na form a d a Terra, nos
~e u s movimentos, na atmosfe ra, no mar, etc. É uma ciência cujos resultados das pesquisas
muito interessa m à geografia. Como se vê a geofh;ica é constituída por um aglom erado
ele ciências muito diversas. Todavia o ~e u ca mpo de estudo é a constitui ção interna do
globo terres tre, para cuja tarefa lança mão de métodos diversos, entre os qu ais se salientam
o forn ecidos pela ~i smo l og i a .
CEOFISIOGRAFIA - denom inação pouco usad a para as descri ções d as fonn as ele relêvo,
ou para a paisagem física de modo geral (vide geomorfolog·ia ).
GEOGENlA - parte da geologia qu e trata da ori gem e formação da T erra.
GEOGNOSIA - parte da geologia histórica que es tuda as rochas ou sêres que \'iveram
em tempos idos, através da estraUfigrafia (vide) e paleo ntologia (vide).
GEOGRAMA - o mesmo qu e coluna geológica. (vide).
GEÓIDE - co rpo geométri co idea l que corresponde à form a da Terra. O geó iclc se apro-
xima, em sua form a, a um lipsóide de revolução, conforme foi determinado pela geodésia .
O têrmo geóide foi empregado primeiramente por Listin g. Por conseguinte o geóide
é a figura ela terra, cu ja superfície é, em todos os lugares, perpendi cular à direção da
gravidade, supondo-se ass im uma calma completa para o mar c prolongando-se sob os
continentes es ta li nha imaginúria, que se locali za ri a na fase interm edi ári a, entre a prea mar
e a baixamar.
GEOLOGIA - c iência que es tuda a estrutura ela crosta terres tre, seu modelado externo
e as diferentes fases da história fí 9ica da terra. A geologia é uma ciência de campo muito
vasta, necessitnndo de sólidos conhecimentos de química, física e botânica. Geologia
significa: geo - terra, logos - es tudo. Parece ter ~ido usado êste tênno, a primeira vez, pelo

DICION tUuO GEOLÓC !CO-CEOi\lORFOLÓC JCO 189


bispo Hichard de Bury, em 1473, distinguido os teólogos dos juristas qu e se preocupavam
com as coisas ter-renas. Os estudos geológicos eram feitos, na antiguidade, de m aneira
empírica. Nesse tempo, geologia era sinônimo de ci.ência da T e·rra.
Podemos defin ir geologia como a ciênci a que estuda a terra em todos os seus aspectos,
isto é, a co nstituição e es·trutura do globo terres tre, as diferentes fôrças qu e agem sôbre
as rochas, modificando assim as formas do relêvo e a composição qu imica original dos
diversos elementos, a ocorrência e a evolução da vida através das diferentes etap as da
história fís·ica da Terra (estudo dos sêres antigos ) . Para André Cailleux : "A geologia se
propõe a descrever e explicar os asp ectos e a disposiçã o das rochas e das terras sôbre as
q uais vive o homem. Pesqu isa de água, carvão e petróleo, prospecção e exploração de ja-
zidas rn inerais, escolha de sítios e locais de barragens hidrelétricas, e outros trabalhos de
arte; proteção e nwlhoramcnto dos solos de cultura, só são possíveis graças aos dados da
<~eo logia". Pa ra Hobbs a geologia é a "ciência que trata dos capítulos da história da T erra
anteriores aos primeiros escritos do hom em". Segundo Grabau - "Geologia é a ciência
que b:ata lia terra c m todos os seu9 aspectos, exceto no que respeita às relações dêste
com os outros p lanêtas, inclusive o astw central do nosso sistema planetário".
A geologia é um a ciência descritiva, histórica e explicativa, ou em outras palavras, é
uma ciência de observação, de interpretação, e de experimentaçiio. O trabalho de campo
do geólogo tem por fim: 1 - Procura de afloramentos e natureza dos mesmos ; 2 - Pro-
cura de fósseis; 3 - Estudo dos diferentes tipos de es truturas ; 4 - Prospecção.
O ob;eto da geologia é o estudo elos fenôme·nos geológicos, os quais podem se r ele
du as ord ens: físicos e biológicos.
Os fenômenos geológicos ele ord em física são : litogênese (formação ele rochas) , orog ' -
nese ( formação de montanhas) , gliptogênese ( destruição e modelagem do relêvo). Os fe-
nômenos geológicos de ordem fí!;ica correspondem ao ciclo geológico. E , os biológicos dizem
respeito aos restos ele organismos, isto é, os fósseis encontrados nas rochas. Os diversos
ramo9 em qu e podemos dividir a geologia são: 1 - Geologia Física: A - Geologia Estru-
tural - es tudo dos depósitos e elas d iferentes camadas; B - Geologia Dinâmi ca ( Geodinâ-
mica) - es tuda as diversas transform ações por que pass·a a superfície da crosta terrestre
devido ao trabalho realizado pelos fatôres exógenos ; II - Geologia Históri ca - es tuda as
diferentes eras geológicas. Pode-se ainda defini -la como a "história física ela terra". E la
se preocupa com o es tudo do desenvolvimento da viela na superfície elo globo.
A Geologia. Estrutural ou Geostática estuda, por conseguinte, a arquitetura ou arca-
bou ço elo subsolo, enqu anto a Geologia D-inâmica ou Geodinàmica compreende o trabalho
reali zado pelos vários agentes e fôrças, como as águas corrente!;, os ventos, correntes ma-
rítimas, os gelos em movimento, a ativiclade vulcânica, etc.
A Geodinâmi ca vem a ser a Geomorfologia, e é po r isso que existe a luta entre geó-
gra fo ~ e geólogos. Uns, qu erem considerar a Geo morfologia como uma parte ela Geografi a,
dentro ela ciência geográfica, e outros, como uma p arte ela Geologia. Atualmente, baseados
em vários autores, acreditamos que a Geomorfologia cons titui uma ciência independente.
A Geologia Histórica ou Geo-histária estu da a história ela Terra, atrav és ela viela animal
e vegetal, no decorrer elas eras geológicas, através da Paleontologia e, as modificações so-
frid as pela superfície elo planêta, através ela Paleogeografia (vide) .
Outras divi sõe)'; podem ser aclotadas. A título ele exemplo daremos mais uma :
Geogenia
Geral Fisiografia

Geologia r Litologia { Petrografia


Petrologia

l Histórica
Geodinâmica
Tectônica
{ Interna
E xterna

Um quadro muito elucidativo para se compreender a pos1çao ela geologia e &uas ·re-
lações co m as ciências geológicas e demais ciências foi realizado por Field com adapta ção
feita pelo Prof. T. Coelho Filho. ( Fig. n .0 2G)
Do ponto de vista filosófico vejamos algum as considerações a propósito elas front ei-ras
da geologia e da geografia e a unidade desta ciência, segundo E. Backheuser "A necessidade
da especialização é irrefragável; é uma contingência elo crescimento natural das própri as

190 DTCION .~RTO GEOLÓGICO-GEOMORFOLÓGICO


c1encias que se parcelam, é uma vantagem para elas e para a cultura geral da humanidad .
Ninguém conde na a especialização e todos a desejam. Mas por grandes especialistas que s
torne cada técnico, cumpre-lhe não esquecer a verdade qu e decorre de todo êste discurso,
isto é, que as ciências se tocam, cambiam infonnes, pres tam-se auxílio mútuo" ( pág. 639)
- ln : Revista Brasileira de Geografia, ano III, n.0 3.

MIN ER ALO GI A SIS MO L OGIA


GEOHIST ÓRIA

RIQU EZ AS

ME T Á LICAS E

NÃO METÁ LICAS

GEO - EC ON OM ICA
H I STOR I A - ECO NO MI A - B I OL OGI A
Fig. n .o 2G - Diagrama das relações da Geologia co m as tlemais ciências ·aHns .

Mais adian te diz: " ascida no século XVIII, a Geologia tem um nome parecido com
a Geografia. Os primeiros geólogos, Buffon, Hutton, Deluc, Leopoldo de Buch, se ocuparam
quase exclusivamente de fenômeno9 qu e na atualidade se consideram dentro do domínio
da Geografia física. Esta circunstância, como disse Emmanuel de Martonne, é de muito
interê9Se para a história da Geografia e explica, inclusive nos nossos dias, os vínculos tão
estreitos entre a Geologia e a Geografia, dificultando a separação elos dois campos de ação
de amba9 as ciências" ( p ág. 5 ).
"Tomai de um compêndio de Geografi a Física do de De Martonne, elo de Supan, q ue
são os cláss icos, verdadeiros alcorões dos geógrafo9, e lêde-lhes os índices. Grande parte
àêsses volumes são ocupados, com matéria considerada pelos geólogos como de sua le-
gítima propriedade. Vereis versado com igual largueza, por geógrafos e geólogos, e, o
que é mais grave, tratado no mesmo ângulo didático, assuntos Yários: o relêvo do solo,
os deslocamentos da crosta, a gênese elas montanhas, a ação erosiva das águas, a ação dos
geleiras, a ação dos ventos, a ação sedimen tária ou destruidora dos oceanos, etc". ( Backheu-
ser - artigo citado págs. 640-641).

DICIONÁRIO G'EOLÓGICO - CEOJ\•l ORFOLÓGI CO 191


As in vesti gações geológicas se ori entaram através de sua his tória seguindo primeira-
mente a corrente q ue procura explicar todos os acidentes do relêvo como devidos a catacl-is-
mos. (vide) . E, só muito mais tarde surgiu outra corrente de idéias, a qual é aceita nos
nossos di as, qual seja o ai ualismo (vide).
A teoria dos catacl-ismos p rocura explicar tôdas as transformações do planêta ( surer-
f ície) através de movimentos violentos. Os adeptos dos cataclismos não admitem trans-
form ações lent as. A teoria do atual-ism o procura conhecer o pas9ado à luz do presente.
Diz q ue isto é resolver o desconhecido pela aplicação do conhecido. O p ai da geologia
Charles Lyell retornou ao conceito sôbre o atu a lismo, que havia sido emitido por K. A. V.
H off, sendo no presente a co rrente adotada. O fator tempo em geologia é fund amenta l
para se compreender o atu alismo.
GEOLOGIA CRONOLóGICA denominação adotada por certos autores p ara a geologia
histórica ( vide).
GEOLOGIA ECONôMICA - é a geologia aplicada aos problemas econômi cos . H á pro-
blemas parti culares concern ente:Y ao solo e subsolo qu e só podem ser resolvidos por geó-
logos. En tre os d iversos exemplos des tacarí amos o ab as tecimento de um a cidade em água
p o t,~ve l , a constru ção de edifícios ( implantação e gabarito), a localização e construção de
barragens, as pesq uisas minerais, etc. Ainda reina certa confusão entre o campo de trabalho
dos geólogos e dos engenheiros de obras públicas. No nosso entender os primeiros faze m
os c~tud os bás icos e dizem dos locais onde se deva realizar a obra. O engenheiros fa zem
os cálculos e a execução da obra.
O engen heiro não pode trabalhar desligado do geólogo e vice-versa. D e modo q ue
há necessidade d e se desenvolver as pesq uisas fund amentais q ue se aplicam naturahnente
à so lução de alguns problemas p articulares.
A geologia econômica é um ramo da Geologia que estuda as matérias-primas do reino
min era l q ue o homem extrai para suas neces.sidades e comodidades. A geologia econômica
estuda os jazime ntos de minerais metálicos , também, os não metálicos, sendo que o valor
atual dêstes últi mos é, em vários casos, três vêzes maior q ue os. primeiros. Além do mais
estud a a aplicação da geologia nos recursos minerais.
A geografi a econômica dos recursos min erais es tuda de modo circuns.tanciado a loca-
li zação das diferentes matéri as-primas do reino mineral e as suas possibilidades industriais.
A geografi a econômica proporciona uma série de informaçÕes. importantes à geologia
econôm ica. D es taca ríamos em primeiro plano os cartogramas da localização e d a produ ção
de min érios, além dos diagramas q uantitativos da referida produção.
Com pete à geologia econômiC'a explicar a ori gem d as diferentes jazidas m inerais, en-
q ua nto à geQgra fi a cabe a missão d e cartogra far, ou mell1or de fornecer mapas em que
as jazidas po:Ysam s<>r visu ali zadas no espaço terrestre.
GEOLOGIA ESTRUTURAL o u TECTóNICA - estudo d as deform ações crustais, o mesmo
qu e o es tudo do arcabouço do subsolo ( formas estmtumis primiUvas ou originais ).
Na geologia de mineração, os mais importantes depósitos metalíferos estão sempre
relacionados. com o tectonismo.

GEOLOGIA FISIOGRAFICA denominação adotada por alguns autores como sinôuimo


de geodinâm ica ou mesmo de geomorfologia (vide).
GEOLOGIA HISTóRICA - estudo da seqüência dos acontecimentos passados na terra em
tempos idos co mo nos revelam as rochas e os fóss.eis. A geologia histórica nada mais
é que um dos ramos da geologia que se propõe d escrever as diversas etapas da história
ela terra desde os tempos de sua origem até os nos.sos dias . Para êste mister da recons-
titui ção dos fatos passados na superfície do globo terráqueo lança-se mão principahnente
de dois métodos: estmtigráfico e paleontológico. Um processo que modernamente também
se está us ando p ara d atar certas forma ções é a desintegração radioativa. Funda-se na imu-
tabilidade das desintegrações sofridas pelos minerais radioativos.
A reunião teórica de todos os terrenos superpostos nom1ahnente sem terem 90frido
movimentação t ectônica, parte dos mais antigos para os mais recentes; os fósseis nêles
incluído9 também seguem a mes ma sucessão. (Vide coluna geológica) .

192 DICION ÁRIO GEOLÓGICO-GEOMORFOLÓGICO


A importància, o obje to c os métodos ela Geologia Histó ri ca podem ser resumidos no
:::eguinte qu adro:
G EOLOGIA HISTóR I CA ~ OBJETO ~HI STóR I A F íSICA DA TE HR A ~
Posição elas ca madas!
Natureza elos sedimen-
tos elas cam adas
Origem clêsses sedi-
Observações e Coluna geoló- - - -
Estra tigráfico mentos dedu ções gica
Estrat ificação
J Camadas típi cas
M étoclos J Princí pios ela sedi-
I_ · mentação
Aparec im ento elos
Paleogeogra fi a ~

rcs
Paleon tológico Evo lu ção Observa ções e
Fau na e flo ra ded uções
Biocs tratigrafia
Obser vaçÕe9,
D esintegraçiío de min era is racl ioa tivos f
cá lcu lo e
l
clecluçiio
Podemos estuda r a Geologia Históri ca ( id ade das camadas dos diversos co ntinentes),
:gra ças à ex i-;t €·ncia d a en /u na estratig ráfica )Jaradig ma q ue é a coluna es-trati gráfi ca mais
itípi a, ond e fo i possível cá lcu lar a idade elas camadas, graças à existência de fósseis ( res-
tos 0 11 impressões ele orga nismos vivos ) qu e existiram durante um determin ado lapso ele
tempo geológico, ou seja, d urante um período.
<GEOLOGIA HISTóRIC A OH.GÃNJCA - o m esmo qu e paleo ntologia, p arte da geologia,
o u mesmo ciénc:ia autônoma, segundo certos autores, qu e se preocupa co m o es tudo da
viela, no p assado, elo globo terráqu eo.
<GEOLOGIA MECÂNIC A - também denom inada de t ectônica, ou ainda ele dia strofis m o,
.é o ramo da geo logia qu e jú es tá pràti cam entc eman cipado dessas ciências, co nstituindo
assim uma ciencia autônorn a, a r1u al estuda as deformações sofridas pelas diferentes rochns
na superfíc ie do globo. Pode-se, por conseguinte, definir tectônica, corno o estu do ela
a rCJ uitetura elo subsolo, ou me lh or, da li tosfera .
<GEOLOGIA NUCLEAl\ - estud a a d istribui ção geoq uímica elos elementos racl ioa ti vos. f:ste
'Capítu lo ela geologia esté1 fadado a tomar grande desenvo lvimen to no futuro, tendo em
vista a import<lncia econômiea elos m inerais racl ioati vos, no mundo modern o.
'GEOMOBFOGENIA - denom inação usada por a lgun s au tores pa ra a geomo rfologia, p arte
d a geografia física ou da geologia rp e es tu da as fo rmas ele rclêvo c sua evolução. São
também ainda usadas, ele modo indistinto, a ~ clenom inaçücs fis iografia , m o·1jologia, m orfo-
~g e nia , etc .
As b ases ela geo mo rfologia fo ram lançadas por Ri chthofen, na Alemanh a, E. de Mar-
:gerie c de la Noc, na Fran.,:a, e , V, M. D av is, na Am éri ca do No rte .
•GEOMOB.FOLOGIA - ciência qu e estuda as formas de relêvo, tendo em vista a ori gem,
e strutura, natu reza ela~ rochas, o cli ma ela região e as diferentes fôrças e ndógenas e exó-
:genas qu e, de modo gera l, entram como fatôres constru tores e destruidores elo relêvo ter-
restre . Estuda o relêvo atu al, enquan to a paleogeografia é a ci ência qu e se enca rrega de re-
constitu ir as formas ele re levo no decorrer ela históri a fí sica da terra. O campo ele es tudo
.da pa leogeografia (ra mo eh Geologia-H istória para alguns geólogos) é a lgumas vêzes in-
t eiramente hip otético, ex.: paleogcografi a elo Arqueano. T ôclas as hipóteses ele trabalho,
mes mo as mais exa gernclas, niio p odem ser rcjeitacl ns p or causa elo cam po hipotético de
? t:squ is·a . A geo morfologia não eleve ser considerada como um a d ivisão ela geologia ( geo-
<.linàru ica) p ois t em seus métodos próprios - o q u,:litath·o ele D av is, Penck e oub·os; e o
<]ltantitat ivo (físico-quí mico ) - mode rno.
A gcomorfologia ou morfo logia é o es-tudo racional c sistemát ico das fo rm as ele relevo
basea ndo-se nas leis r1ue lhes determi naram a gênese e a evo lu ção. A geomorfologia p ode
ser cliv.i cl ida em : A ) Geomorfolog ia continental ( ,.1odelado terres tre ) ; 13 ) Geomo·r folog-ia
'SUbmari na ( mod elado subm ar ino).

D TC ION Á RI O GEOLÓ G I CO-GEO~ TOHFOLÓC JCO 193


No co nceito básico da geomo rfologia consideramos: 1 - Fonm1 ; 2 - D escri ção; 3 -
Gênese; 4 - Evolução.
Vejamos a seguir a.lguns co n ceito~ de geomorfo logia, segu ndo diferentes autores:
A ) Passarge: Geoms rfologia é a c.;iência que es·tuda a transformaçáo do relevo,
elaborada pelas fôrças geológicas .
B ) Francis Hu ellan : A geomorfologia é uma ciênci a natural cujo objeto é o
estudo das fo rm as do terreno a fim de determinar-ll1 es a origem e a evo lução .
C) Fmderico Ma chatschek: Gecmorfologia é o ramo da geografia física qu e trata
dos proces-sos e formas exógenas e o desenvolvimento do relêvo ten es tre.
D) Othon Henry L eonardos : "O es tudo das formas ten es trcs esculpidas pelos
agentes superfici ais constitui o campo da geomorfv lvgia . A fi siogm.fia, no
sentido restrito que lhe emprestavalll os· geógrafos, se incumbe da descrição
das formas físicas do nosso planêta. O moderno nome geomorfoiogi a, literal-
mente es tudo da forma da terra , implica na inte rpr e ta~ão da paisagem, na
anú lise do rclêvo atual e ele sua evolução e, também das feições fisiográficas
pretéritas, elas reco nstitui~ões palengco grúfi cas, paleoclimáti cas, etc. "A geo-
logia e a carre ira do geólogo" - En genharia , ;Hin eração e ,\1 etalt11·gia n ° 159
( 1958).

O uso do tênno geomorfologia. ainda não está plenam en te consagrado. Usam , a lguns
autores, como sinônimo, as seguintes denominações: fi s-iografia, orografia, morfologia , geo-
rnorfogênese, topografia, geomorfografia, etc. O têrmo orugra,fia era muito em pregado nos
compêndios antigos, mas fi cava res trito às montanhas. Enquanto a geom.u-rfologia estud a
na realidade as montanhas, os planaltos, as planícies, as d epressões, cuestas, hogbacks, ho·rst.
nwna.dnocks, pene plarws, pediplanos, criopla.nos, i·nterfrí vios.
O es tudo geomorfol ógico das áreas emersas consta de duas partes principais: 1 - He-
lêvo, 2 - Erosão, que trabalha sôbre o primeiro e cuja fa se fin a l é a peneplaniza üo no
climas temperados oceânicos.
Os aspectos morfológi cos mais importantes do relê vo são devidos aos mo vimentos
leclônicos (e ndógenos ). A ~ grandes cadeias de montanh as dêles res ultam .
Os tipos de defo rm ação ocasionados pelos movimentos tectônicos podem ser ele duas
ordens. : 1) - Epirogênicos, abrangem co ntinentes inteiros sendo, dêsse modo, um mov i-
mento de conjunto. 2) - Orogênicos, concern entes às deformações localizadas.
O primeiro é muito importante na morfologia, pois, destes movimentos elos conti -
nentes res ultam as transgressões e as regressões marinhas (corrente dos epirogenistas ) .
As fôrças tectôni cas podem dar origern. a diversos tipos· de relêvo: de dobra, de falh a e de
lençóis de arrastamento ( nappe de charl'iage).
Até os fins elo século passado consideravam-se os vários aspecto,; do rclêvo apenas
como reflexo da estrutura. Assim , a erosão trabalhando em uma es trutura de camad as
hori zontais, a resultante seria um tipo ele relêvo hori zontal. Em um relêvo dobrado, o
resul tado seria o de camadas mergulh ando em clireçiies clive rse~ s com aspecto anti cli nais
e sinclinais.
Em contraposi ção ao conceito ela geomorfologia estrutural, a climática, considera pre-
ponderante, além ela es trutura ela rocha, a influência elo cli ma. As mesmas rochas podem
la r relevos diferentes em climas diferentes . No Hio de Janeiro e no leste elo Espí rito Santo.
por exemplo, os relevos gran íticos e gmíissicos apresentam forma!Y semelhantes às elo P ão cl~:;
Açúcar. Por outro lado, neste clima, a decomposição q uímica é muito intensa. No Maciço
Central Francês as rochas graníticas oferecem aspectos bem diversos . Nota-se o apareci-
mento de uma camada de d ecomposição - arena granítica ou !Yaibro - recobrindo fo rm as
abau ladas devidas à ação erosiva provocada pelo congelamento d a água durante os im·ernos.
Tem-se verifi cado certa atividacle na criação de laboratórios para o estudo qu antitl-
tivo ou das medidas do s diferentes fenôm enos físicos. Não é possível, porém, rea.liza r
experim entaL11 ente todos os fenômenos espontâneos qu e têm por teatro a natureza.
A g omorfologia é como já dissemos um ramo da Geografia Física, segundo certos
autores, e se divide em: 1 - Geomorfologia descritiva, 2 - Geo morfologia evolutiva.
A primeira, estuda as form as topográfi cas e suas características, e a segund a, as diver-
sas etapas pelas quais passa um determinado relêvo terrestre, até chegar à fisionomi a atu a l.
( Prof. Fr:1ncis Rue llan) .

194 DICIO NÁ JUO CEOLÓC!CO-CEOMORFOLÓG JCO


Di visão da geomorfo logia segundo Passa rge :

I Mmfografi a
2 Morfologia geológica
3 Morfologia fisiológica

A primeira se preocup a co m o es tu do descritivo das fo rm a~; a segunda proc ura explicar


as form as, basea ndo-se no estudo geológico e a terceira co nsidera as form as como uma
re>Jultante da atu ação dos age ntes erosivos. A Morfografi a estud a apenas a fom1a de relêvo
segundo a topografia. Toda via nenhum e~ tudo geomorfológico sério ( interpretação da pai-
sage m ) p ode ser feito, considerando-se, apenas, êsse aspecto superfi cial. É necessário então
CJ UC o gcomorfólogo es tud e a es trutura (parte geológica). Mas diz Passa rge : '"A paisagem
física sofre contínu as transfo rm ações . Essas t ra n ~fo rm açõe s são produ zidas tanto pelos fatôres
t:xógcnos ( agentes externos) como pe los fatores end ógenos ( age ntes internos).
Os Fatôres externos e internos ,·ão provoca r então o d ina mismo ela paisagem q ue sed
es tud ado pela M orfologia Fisiológica. "

Di visão da geomorfo logia feita por Frederi co :--J achatschek :


1) Morfologia fisiológica - coloca em evid ência os processo9 exógenos .
A geomo rfologia parte das form as atuais e dos proces-sos que as produzem,
de acôrdo com o princípio qu e, as mesmas estmturas interi ores produzem for -
ma ~ totalmente diferentes, segundo a categoria, a intensidade e duração dêstes
processos. T amb ém considera qu e as formas iguais, ou mais ou menos
parecid as, podem nascer de estruturas interiores muito diferentes .
2) .Horfologia ge nética - ex plica a históri a e o desenvolvimento das; p aisagens
morfológicas em conexão com a estrutura geológica .
3) /l'fm jologia climática - investi ga as relações entre a gênese das fo rmas e as
condi ções climáti cas.

Di ,·isão segu ndo A. C . L awsün ( 1894 ) .


1) Geomorfologia - descrição racional d as formas.
2) Geom.Ot"fugenia - explicação c\ as; fo rm as segundo a gt:\nesc .

Di visão da gcomorfologia de P. F ourm arier :


1) M.01fologia estnrt.ural ou constm.tiva - intervenção de fôrças edificadoras.
2) Morfologia esw/1 ural ou erosí·v a - fôrças de destruição e, por conseguinte,
mod eladoras .

Ohjet"o e ca mpo da gcomo rfo logia :


A) Objeto - E studo elas fo rmas de relêvo . Ê ~te é feito co nsidera ndo -se o relêvo
atu.al ( Geomo rfologia do Quatern ário ) e o relêvo antigo ou p retérito ( palco-
geografia) ;
B) Campo de estudo - Natureza terrestre; seus co nceitos deverão abraPger todo
o g lobo. .

A náré Chollelj defin e o objeto d a geomorfo logia como a explicação do relêvo atual,
isto é, a pesquisa d as cond ições qu e o determ inam em fun ção dos fatô res estruturais e
climáticos; sendo o se u campo de estudo a própria natureza. Toda via, Kirk Bryan di z que
as form as atu ais do relêvo estão, em grande p arte, liga da~ a formas anti gas . Isto significa
a existência de um a herança das form as atu ais. Muitas das form as de relêvo encontradas
numa região não p odem ser explicadas pelo atu al tipo de clima. Levando em consideração
êste princípio da herança das form as de relêvo, Kirk Brya n a firm a: "Por conseguinte, a
es~ên cia ela geom orfologia é a discri minação entre o anti go e o modern o. É , pois, essen-
cialm ente, um ramo da Geologia Histórica". ( "O luga r da geomorfo logia na ciência geo-
gráfi ca" Boi. Geográfi co n.0 108 - pág. 306 ).
Êste mesmo autor a firma em outro trecho do seu arti go q ue: "Assim a interpretação
das form as da terra ( relêvo ) base ia-se mais e mais na Paleoclimatologia. A geomorfologia,

DIC.t ON ,Í. IUO C"EOL ÓGICO-GEOM ORFOLÓGI CO 195


um a -vez bem desenvolvida sob ês te ponto de vista, tornar-so-á, ela mesma, um dos im;-
trum entos no a perfeiçoamento da Paleoclimatologia e levará a um a história mais perfeita
eh T erra" ( pág. 309 ) .
Relaç<'í es d a geomorfologia com a geologia:
A ) A geomorfologia é um dos ramos da geologia ( Escola Americana do Norte ) .
B) Geom01Jologia pum _:_ perigosa em suas co nclusões. :É um a atitude anti-rea-
lista que Ru ssel exprimiu num a fras e, chama ndo de "culto" da morfo logia
pura.
Grande p eri ~o a explicação de fo rmas, sem lcw.r em conta as es truturas,
p or causa das. 'fo·rm.as converge ntes" . F rederi co l'vlachatschek di z : "O co-
nh ecimento ins uficiente da geologia c o desprezo cts bases geológicas têm
produzido, com certa freq liência, co nclusões gco morfológicas co mpletam ente
fa lsas". ( "'Gcomorfologia" , p úg. 6).
C) Oistin çãn e ntre a geom nrfologia geológica e a gr'ogrâfica - segundo H. Joel
Russel, es tá, pri nci pa lmente, no contras te entre c::mclus·ões de sign ifi cação
verti cal ou hori zontal.
A geom01jología geográfica é. por co nseguinte, aquela qu e, ao caracteri-
za r as form as de um a pa isagem, p rocura encon tra r, em outn1s áreas, a mesma
identidade de form as assinaladas. Tra ta-se d a ap lica\."ão do princípio da
co rrelação da ciência geogrMica.
A geomorfologia é, co mo afirm a Kirk Bryan, um a ciência geológica
qu anto ao m étodo ele trabalho. Todavia, e la só poderá ser con!iiderada geo-
gráfica, se forem tomados, apenas, os res ultados da d istribu ição espacial dos
fenômenos .
Siegfri ed Passarge considera a geomorfologia geográfi ca. como a teoria da
re partição d as fonn as e paisagens sôbre a superf ície da terra.
D) G eom oTfologia geológica ( clássica), estruturalista em grande p arte. Excesso
d e geologia na geomorfologia .
A geomorfologia é um a grande auxil ia r da geolog ia OTtodoxa, no mundo
tropical, onde o manto de decomposição tudo encob re e mascara. Frederico
Machatschek diz qu e: "o geólogo p ode obter preciosos pontos de apoio na
sua tarefa, por interm édi o dos 1·es·ultaclos das pesquisas geo morfológicas"
( "Geornorfologia", p:'tg. 6).
F erd inan do Ri chthofen (um dos fundadores da geomorfologia e um grande geólogo ),
considerava, ao se u tempo, a separação da geomorfo logia da geologia, como te ndo apenas
u m va lor teóri co.
Kirk Bryan di;,; : "a geomo1folo gia é u:ma parte da geologia. geml e w n m étodo ele
tmbalh o da geologia T ectónica e Histórica.. Tôda escola superi or tem, no seu corpo do-
cente, um geomor fólogo (algum as vêzes co nsiderado glaciólogo ) . Quase tod os os geomor-
fó logo~ fa ze m parte elos departamentos ou de planos geológicos . i\IIuitos são tamb ém co nh e-
cidos por suas contribuições a outros ramos da geologia" (··o luga r da geomorfologia nas
ci ências geográfi cas" - pág. 305 ).
\ Va!.ther Penck considerava a geomo r[ologia como uma cicncia su l~s i d i (u"ia da g e ~ l o g~ a,
ou mel hor ela tectônica, w11 a vez q ue, pelo estudo das form as do relevo te-rrestre, vm ele
a possi bilidad e de determin ar o pas-sado tectô ni eo da terra.
"A geomorfologia é um a ciência geográfica porqu e se ap lica ao es tudo das forma s
superfi ciais e, só recorre à geologia naqui lo em que a natureza, a estrutura e os movi-
mentos do subsolo têm uma influ ência sôbre as form as do terreno modeladas pelos· agentes
externos" ( F . Ruellan "Tra tado de geo morfologia" in: Boletim Geográfi co n .0 153) . E sta
discussão metodológica da posição da geo morfologia no quadro geral d as ciências, liga-se
ao fato de q ue, na Europa, a geomorfologia é, de um modo geral, ligada à geografia.
Nos E stado9 Un idos a geomorfologia alcançou o luga r eCJuivalente ao de uma ciência
geológica, d e m odo qu e a maioria elos geo morfó logos exerce o mag istério nas facu Idades
ond e se ensina a geologia .
No Bras il a geomorfologia co meço u co m os· geólogos e hoje, grac;as à grande influ -
encia ela França na escola geográfica brasileira , a geomorfologia ficou mais afeta aos geó-
grafos. Com a recente criação das escolas de geologia é ele se esperar que, no fu turo. a
geomorfologia venh a a ter maior importância entre os geólogos.

196 DICIONÁ RIO GEOLÓG I CO - GE0l\10HFOLÓGI CO


Hemi Raulig diz: "A geomorfologia, ctencia das form as do relêvo terrestre, é em pri-
meiro um ra mo ela geologia e como tal tem sido co nsiderada na América do Norte. Na
Europa, ao contrário, a geomorfologia constitui uma dis ciplina particular, praticada quase
que exclusiva mente por geógrafos. Como tôdas as ciencias, ela está apoiada, mais ou menos
éons-eientemente, sôbre "prin cípios" e "noções básicas", sendo algum as delas comuns com
'' geologia, enquanto outras lhe são mais particul ares". ("Essais de geomorphologie", pá-
gin a .:31) .
Fou.nnaTier co nsidera qu e : "Os as pectos de um país são o res·ul tado da intervenção
de fôrças edificadoras c ações des trut ivas . A m o1jologia é a parte da geografia fí sica que
se ocup a da explicação das particularidades da paisagem, isto é, das formas do terreno
( P·rin cipe de geo logie - Tomo II - púg. 1 032).
A geomorfologia é tida, por um grande núm ero de autores, co mo uma ciência indepen-
dente. Frederico Machats(; hek cons idera que : entre as ciências vizinhas se coloca em pri-
meiro lu gar a geologia , da qu al s•c separou há (;erca ele 60 anos, tornando -se um ramo ci-
entífico individual" ( "Geom orfologia" - pág. 5) . Todavia, no parágrafo preced ente a esta
afirm ativa, o mesmo autor considera a geomorfolo gia como um ramo da Geografi a Física.
D evemos aq ui frisa r que a geo morfologia é um a ciênci:t geológica nos Estados Unidos,
enquanto na Europa , de um modo geral, é uma ciência geogrltfica .
A geomorfologia é mais um n ciência de sup erfície. Tan to que o es tudo das formações
5t1p e·rficiais é o se u gra nd e ca mpo. Derru au diz: "A geologia es tuda mais· a estrutura do
subsolo qu e as forma ções superfi ciais. A geomorfo logia se interessa pela superfície, logica-
mente dá importância parti cular às fo rmações q ue nem sempre são car tog rafad as- nas cartas
geo lógicas." ( Precis de Ge01norphologie - pág. 6). D e acôrd o co m estas considerações
D erru au es tuda as form a ·ões superfi ciais· do seguinte modo:

1 - Depó, ;tO' d;' ' "" -I eólios


fluviais
marinhos
glaciais
2 Regolito
3 Solo

Métodos geomorf<>lógicos :
1 - iH étodo indutivo ,tp licado Po estudo geomnrfológico, co ns-iste primeir amente
na ob ~e r vação e na descrição dos processos sem idéias preconcebidas . Os
fatos geo morfoló!!icos são narrados ta is como êles se apresentam. E stabcle-
ccm-s~ após um ,~" h ipótese explicativa dos mesmos .
M. D•érru au cm S l-' 11 Precis d e Geornorphologíe assin ala: " O p rimeiro
trabalho do geo mo rfólogo {• , por conseguinte, a obse rv ação dü·eta das fomu/S
dn t erreno, nhscrvaçéio q nc deve evidentemente evitar as ilusões de óp ti ca e
p roc urar ,-er o relevo sob ângu los d iferentes. Esta observação não fi ca limi -
tacb a nm simples regi;;tro de fo rm as, ela deve ser orientada logo em
fu nção da interpretação, ou das inte rpretações eventuais. Pa ra escolher a9
prin cipais articu.lac;ões o geo rnorfólogo deve, se m cessa r, confrontar co m as
explicações poss·Ívcis" ( púg . .'3) .
2 ll'f ét odn d edut-i vo , usado de modo abusivo na gcomorfologw, cons1ste em
estab (;lcce r, em primeiro lugar, as form as de relêvo ( modelos- típicos) qu e
devem deri va r da s fô rças que ;)ge m na superfíc ie ela te rra e ver ificar depois
se estas fo rm as coincidem co m as ex istentes.
3 M étodo explicati vo 011- ge nético, ele \V . M. D avis:
a ) Co mbina ção do s mé todos: dedut ivo e induti vo.
h ) O m étodo adotad o po r Dav is é, no ntanto, tac ha do de dedutivo.
c) Na anú lise ele um a paisagem com o emprêgo do método ele Davis deve-se
proceder ela segu inte fo rma:
1) Heunir e ana l.isa r o mate ri al di sponível, istn é, observações própria9
ou descri ções alhe ias, e cartas geográfi cas ;
2) Indu zir generali zações e hipóteses exp l'cati vas;

DICTON ,\lU O C' EO LÓG.I CO·CE01viOHFO LÓGJ CO 197


3) D eduzir as conseqüê ncias que derivam de cada hipótese;
4) Confrontar es<Sas conseqüências com os fa tos e m aprêço e tu·ar as
primeiras conclusões provisórias;
5) Hever e aperfeiçoar as expli cações concebidas;
6) Tirar um a co nclusão f in al sôbre a justeza das difere ntes hipóteses;
as hipóteses qu e res istirem às provas a qu e foram subm etidas , rece-
berão o nom e da teoria .
4 - M étodo d e exposiçüo d e um trabalh o cien tífico no campa da geommfologia
Expos-ição da pesquisa :
A ) Parl e d escri.tiv a. ( narr a~· ão elas paisage ns e dos processos);
B ) Pm·te expUcatít;a ( interpre ta ção ).
Com ta l separação, as incertezas elas teorias n ão vêm obscurecer ou per-
turbar a imagem do relê vo evocado pela descrição. Davis, por exe mplo criou
uma terminologia co m sentido de ge nesc - ao mesmo te mpo morfológico e
explicativo .
5 - M étodo d escritivo ou. qualitatü;o :
As fa s e:~ dav isiaua c pe ncldana deduti vas torn ara m a gcomorfnlogia geral inse-
gura. E stes fundadores ela geomorfolog ia lan çaram esta ciência numa crise
angusti osa. l-l ouve ataqu es veeme ntes el e Penck aos co nceitos búsicos de
D a vis - ciclo geomorfológico, pe nep.Zana e m étodos de pesquisa. A geomo r-
fologia qua.litatioa. qu e conhecemos hoje teve sua sistematiza ção feita por
\N'illiam Morris Davis ( 18.50-1934 ) . de modo qu e {· 11111 dos jovens ramos ela
ciência geogrMica . Isto considen1nclo-se o fato de seu sistemati za dor ter sido
um geógrafo.
Para gu e se tenh a um a idt'·i:i dessas co ntrové rsias geomorfológicas em
ponto~ búsicos, vejam os o qu e di z o Prof. Victor Hilw iro L euzingcr no ca-
pítulo fin a l el e sua tese: '·Ass im, D a,·is supõe qu e a evo luç-ão geomórfica
se processa durante longos períodos cl u repou so tectc\ni co e c1u c, via el e regra,
as transfonn aç-ões durante o lcvalltamcnto tcc tônico s·fto desprez íveis, consti-
tllinclo caso part ieubr raro ; \•Va lthc r Pc nck adm ite exa tam entc o con trúrio c
consicl<:! ra como p om ·o di g na de nl c nção a cvo lu ç-~t o dura nte o repouso tectà-
ni co; no proble ma das (· ncos tas , a con vex idade í.· a tribuíd a por D av is e Gi lL ert
ao cripe, por F enne m::m c L awson ao escoam e nto superficial, p or Penck ao
le va ntam ento acelerado; e cad a um dêles, sus·tcnt:l st> rE'm des prezíveis as
cau sas q ue o utros tomaram como cl ecis·ivas.. ( Cn nt rocé nias gco m 01 jológicas
- pág. 172 ) .
A grand e defi cie ncin na snlu c;ão d t's tcs proble mas se e ncontra no m étodo
ela pesquisa até agora ut ili zado .
" Os sistemas geomor fo lúg icos da,·b ia no c p<" nd.i a no são a mbos essencial-
me nte empíricos <JU alit.tti vos, basea dos em clm·icl oso,; pos tulados res ult a ntes d u
emprêgo elo m étodo qualitativo de pesquis a (' 111 qu estões que somente tê m
solução segura pe lo mc'· toclo quantitati vo' ' ( C ont·ro r;é rsias geoJn oJ-jolâg icas -
pú g. 190 ~ .
6 - M étodo quantitativo - é a úni ca oricnlaçi:í o qn e bnçarú a geomo rfo log i<\ num
campo seguro e pos·slvclm e nle acabará eom a qu ase totali dade das c-on tro-
vérsi as existentes. O método expe rim ental, embora muito fec und o cm outras
ciências naturais, não se apl ica co m sueesso na gco moáologia atnal, porquanto
n mu ltiplicidade de fat ôrcs que co ndi ciona m os probl e m a~ geomorfológi cos
torna apare ntemente di spa ratados e ele difícil interpretação os resultados das
ex p eri<~. n c i as - situ a ·fto icl<\ntica a travessou a mecà nica dos s o l o~ - grand e
aux ílio pode rá a geomorfo logi a receber da geofísica c ela geoquímica . Por
conseguinte a expe·rim e ntação ro nslrmte é <fil e lew rá os lab orat órios d e geo -
morfolog ia a estabelecere m as 111edidas- padnl o.
L euzinger afirma: "T e mos qu e reconhece r qu e aincln não ocorreu c m
geomorfologia a comp ree nsão da impo rtiín cia gera l el a~ propriedades fí sicas
e não se p e nsou e m sistematiz.u· a sun determinação qtwntita:/it;a; não basta
dizer, por exe mplo, qu e um sü lo é ou não perm e>tvel, cumpre aind a qu e se

198 DICION1\ RIO G'EOLÚ GI CO-GEOJ\WRFOLÓGJCO


d etermine o seu grau. d e p ermeabihdade. E tamb ém , com ma ior razão, niío
se aprendeu a n ecessid ade do exa me físi co d e rotina nos trabalhos d e geo-
morfologia, e n em tão p ou co se cogitou d e es tabelecer, para os proble mas
de relêvo, teo ri a qu e re la cione as fô rças na turais com as formas d e relêvo
e m fun iio das propri ed ad es fí s·icas . Mas q ue propri edades fí sicas cumpre
in ves tigar!' Como rea li za r os e nsa ios? Como d esenvolver as teorias sem as qua is
os exames fí sicos tem pou co va lor? ( Co ntrouérsias geom.orfológicas, p ág. 194 ).
O m(·todo qua ntitativo ( físi co-quantita li vo ) es tabe lece re lação e ntre as
propried ades fí sicas el o solo e as forma s· d e relêvo:
a ) dim ensões ele part ículas ( g ranu lom etria)
h ) m e teorização progress iva el os d etritos ( redu ção gradu a l d e c ima p ara
b aixo na dime nsão da p ::: rtí cula ) .
O estudo das forma c;õ<:"s p od e se r feito d o ponto ele vista m orfoscópi co
e g ra nu lométrico:
a) M orfoscopia - exam e das formas elos eleme ntos - g rãos, seixos e
b l oco~ ;
b) Granulom etria - es tud o elo ca lib re elo materi al. ( C urvas e histo-
gnun a) .
As for mas dos grãos de a reia, segn ndo And ré Cai ll cux são as seguintes :
1 - Niío usad as (NU )
l - · Emnu ssées luis"ntes ( Po li do ~ ) ( EL )
3 - Rond-mat ( Picotado ) ( R!vl )
A análise morfoscópi ca dos grãos clir{t sc se tra ta d e um a a ntiga dun a,
ele um terraço flu vial, cm via d e desman tP lamc nto, ou d e uma form a d e
e rosão num a :'t rea d e d ep osição marinha.
Qua nto :10 es tudo dos se ixos c blocos pode ~cr feito d o s-eguin.te modo:
l Cnl1 t d e arred ondanwn tn (í ndice de c mo11sé) ;
2 - G rau el o ach atamen to;
3 - Dissimetria c or it' ntação ( têm qu e se r medidos no cam po ) .
1:-l:'t aind a o es tud o dos min era is pe. ados nos dcpúsitos sedim e nta res.
As exprric\ ncias fe itas Pm laborat órios, com n 'tr ias amostras d e diferentes
tipo~ d e rochas , subm etida ;, a va ri a<;<ies t.:·r mi cas brutais, de mo nstrarrnn qu e
n!1o l' ve rdad e ira :1 afirm at i,·a d a g ran d e frn)!m entaçüo das roch as.
Par:1 o estudo do processo cb c ro,;iío nos cli mas fri os , a fragm c llta ·ão p elo
gê lo se tornou ;;rancl e.
O s lab oratórios rea li za m cx pe ri t'• nc ias c m modelos re du z idos. O s labo-
tóri os el e hi dn'utli ca j:'t e,; tão b c lll a pan ·lhad os. Tall1b ém lü laboratórios d e
d obmment os e xpe r im e nt a i ~.
Reft·rind o-sc :1s med id as. l\ 1. D erru a u no c" pít u ln introdntúrio de seu
Precis de Gcomo-rph nlogie di z: " Se r,s rc la ~· ií rs d a g•·om nrfologia com um a
c iê ncia n a tura l como a geologia ou a p edo logia são rc bti ,·amente fáce is d e
sere m definid as. o m es mo 1li'LO aco nt ece nas suas r e !a ~·üe s com :1 mate má ti ca.
O núm e ro tem o sc u lu gar na d es-c r i ~·ão . qu e p ar:-~ se r ex at a d e,·c tam -
b ém te r uma ava lia(fio. É difí cil n ':-tliznr-SL' um nc<'> rd n sobre a qu es t:1o d e
se s:1 he r ~t' :1s le is morfológ icas siio susec pth·c i-; d e n prcss ão matc m:Íli ca "
( púg . 7 ) .

A -.,· !!'iS f.!/"'OIJI(J/"fológicas dt·corr- ·111 elas fôn;ns (' n dógcna~ c cxc',gl ·nas . A:-: fô n,·as gcon ~ or­
fo lúgi ·as q ue dão as fnrm;,s d e re lt\vo são ,·{u·ias. E stas forma9 de rel<\vn süo d evidas a
,·(,rias açôe9 sillllllt:I LL c:-t;,. e a lc· m elo mai s d esco ntínu as. D iz DcrmaLL q LL e p arce<' difíc il co n-
sq~uir- ~ c llll1:1 ex p ressão ma lc l11Ú ti ca para o p erfil d e equilíbrio flu via l, on a cun·a d a e,·o-
lu çri o el e nma ve rte nte .
A h idrú uli ea c a acrodin:\tn ica s·i\ o as du as ciências qu e ma is contribu em no forn ec i-
m en to de ct:> rtos ,·alórcs num ' ri cos, pa ra a geo nwrfolog ia .

lJJCIOJo,;Á Jl lO C'EOLÓG LCO - C EOl\{O li FOLÓC: ICO 199


Os fe nôme nos geomorfológicos são os fa tôres qu e expli ca m a evo lu ·ão ou as trans-
forma ções el a s uperfície ela t erra. Pau l Macar esq uema ti za elo seguinte mod o:
A) F ôrças qu e a tu am ;
B) Substâ ncias sujeitas ;\ ação des tas fôrça~;
C) Modifi cações sofridas pelas for mas an ti gas e o ap arec imento ele novas formas.
Segundo D erru au o es tud o el os fe nô me nos geo morfo lóg icas pode se r fe ito do se--
g uinte modo:

l - Fatôres tectônicos

1
Fôrças edificadoras
Helêvo
H. elêvo
Helêvo
dobrado
fa lhad o
ele soergui mento tectônico
He lêvo ele afund amento

r Fatôres ele e rosão


rê de
Agua s corre nt e ~ -

1
o rgani za da
ou não

Processo de degradação
Cê lo

1
Hegul ariza ção el a superfície
Vento
Ações quími cas
te rres tre
G ra vidad e
- ni ve lam e nto ele acid ente.;·

Fatà res .l ito lógicos


Formas cíc li cas
1
( reto mada el e erosão )

1
J'd a io r ou menor dureza da
Fo m1as es trutu ra is
Fo r111 a el e eros:'io difere nc ia l
rocha ou r e ti Ií nea

Qualqu er parte el a li tosfera pode ser mod ifi cad a ele t rês man eiras d ife rentes:
1 Pode ser deform ada por mov ime ntos tt·ctà nicos - Relevo tectrlnico .
2 Po de se r mod ifi cad a por ad ição de ma terial - acumulação de ori gem vul-
c:\ni ca, dun a - Relêuo de acumulação.
3 - Pode ser modificada p ela re tirach de material , como fa ze m, por exem plo, as
vagas na s fa lésias - Relêw de erosüo.
O m eio co nt;ine ntal é ca racteri za do p ela erosão - d~ míni o el os agen te
e rosivos ( desgaste +
acumu lação ) .
O m eio nwTi·n ho é caracte rizado pela scdim entaçiio.

200 DI CIONAmo CEOLÚCJco-cco;-. rorwoLÓc: tco


Nos es tudo t~ geomorfológicos temos qu e considera r as forças que at.uam ( ou age ntes
d o mod elado)
1 - Agentes e:rtcrnos, o mes mo qu e agentes erosivos ou exógenos: a ) Meteo ri -
zação das rocha (erosão elementar ou intemperi smo); b ) Erosão fluvial
(e rosão normal ); c) E rosão p luv ial ( pluvieros5o ); d ) Erosão eóli a; c) Erosão
g laciária e nival; f) E rosão marinh a; g) E rosão acelerada ( devido à inter-
ve nção humana ).
Os processos dc,·idos ao~ agentes exte·m os es tão cm função dt•: va riações
de temperatnra e umidad e; altern ância ele gê lo c degelo; prec i pit ~H;ões soh
di versas fo rn1as; vento; vag~1s e co rren tes lllLU inhas ; ri os; ;.ts :.:Íguns no es tado·
sóli do ; águas das chu vas qu e escorrem na superfíc ie c as CJU e se infilt ram.
2 - Agentes intern os on endógenos a ) Di as·trofis mo 1 - Tectôni co - movi mento
orogênico ); 2 - E pirogenismo - mo vimento de con j11nto ) ; b ) \ 'ulcan ismo;
c ) Sismos.

As ro chas são :-~s substâncias sujeitas à ação das fôr ·a~ intern as c externas.
D es tas fôrças resultam: a) D eformações, b ) Desgas tes·, c) Acumulações.
Qualqu er forma ele relêvo primitit;o ou original é passível de modificação,
porém, as deforma ções de maio r importància são as ([ UC res ultam da ação ele
fôrças end ógenas, especialmente a9 q ue são devidas ~\ tcctônica.

Frederi co Machatschek afirm a que: "A tarefa da expücação gcomorfológica é, en tão,


o exame e a separação sistemá ti ca da~ formas produzidas por gra nd es grupos de fà rças e
processos qu e trabalham em conjunto, e contrá rios um ao ouh·o, no mode lado ela superfície
terres tre. De un 1 lado, O!; qu e tf: m o se u fo co a ce rta profundid ade, deslocando pa rtes da
crosta no se ntido hori zo ntal e vertica l e altern ando as co ndi ções ori ginári as, e pn.:s io nando
as mas!;as existentes no estado ígneo do interior da terra. Se hou ve r fôrça sufici ente chegam
ú su perfíc ie. ( Geo morfologia, pág. 9 ) .
Importância da geomorfologia pa-ra o topóg-rafo e o cartógrafo - H:í uma relação mu ito
estreita entre êstes três ramos do sa ber hum ano. Os levan tam entos topográficos são ind is-
pensáveis pa ra a confecção de mapas geomorfológicos. O con hec imento da geomorfo logia,
por sua vez vai conco rrer para uma me lhor rep rese nta ção cartogrúfica dos acidentes. Ru ellan
salienta a importi't ncia dos conhecimentos geornorfol ógicos por parte do cartógrafo, d izendo :
" no problema d a generali zação, a prim eira condição a se considera r é o co nh ecimento, por
parte do ca rtógrafo, das fo rmas do relêvo de maneira a fa zer ressa lta r as linh a ~ cliretrizes
do terreno, sem tirar o caráter típico dessas formas " (C urso de Ccomo rfologia Gera l -
Cap. II - Bol. Geográfi.co n. 0 83 - pág. 13-23). Também D erru au afi rm a que a "visão
d ireta do terreno não dispensa a leitura ela carta topográfica " , qu e l.· ele grand e si~n ifi cnçã o
para o geo mo rfó logo.
A escala da carta topog rúfica tem grande importàneia para o estudo da gcomorfologia.
As es·calas ma is úteis pa ra os traba lhos de gcomo rfo logia são as que estão compreendidas
e ntre 1/ 20 000 e 1/ 100 000. As esca las ma iores qu e 1/ 20 000 só são úte is para as ob<>ervações
ele micro[!.eomorfologia - deta lhes ele dunas, roc has calcá ri as, etc.
A importància de uma boa ca rta topográfica para os es t11d os gcomo rfológi o:; é evi-
dente. Derru au a firm a: "A ca rta topo gráfica perm ite '} U C se fa çam J! Crfis incl i s pcnsá v e i~ ao
estudo da ori gem do relêvo. O perfi l não é scmcl.h ante ao grúfico feito por um fís ico
ou econom ista, qu e liga por seguim entos retos, pontos determin ados. Ê le é um a represen-
tação do relêvo co m suas .irregularid ades eve nt uais c por conS<'gJJintc, rcprescn.ta as curvas
do modelado" ( pág. 5).
Impo·rtânóa das fo tografias aéreas pa ra a geomo rfologia - Pode se r esqu ematizada do
seguinte modo:

a) Observaç::io da paisagem feit·a no terreno c de bordo de aviões.


b) As fotografias aéreas são ma i'' fiéis g ue as ca rtas topogrHi cas. ~ estas, o to-
pógrafo e o cartógrafo, podem agir subjeti va mcnte, na hora de representar
as ' form a~ de relêvo. D erruau di z : "Mais fi éis q ue a ca rta topográfica, as
fotografia 9 aéreas torn aram-se um instrum ento ele traba lho incomparável, a
tal ponto que as novas cartas são feitas a partir elas fotogra fi as" (pág. 5 ).

DICIONÁRIO C'EOLÓG JCO-GEOi\ fOHFOLÓGICO 201


c) Faixas d e vôo e pares es tereoscópicos - é possível a res tituição.
d) A interpretação d as foto9 aéreas não disp ensa o contrôle terres tre.
c) An álise dos elementos físicos cons tituidores das fotos aéreas: 1 - O relêvo
e su as d ifere ntes forma s - Tipos de rochas, es trutura geo lógica e geomorfo-
lógica, clim a c vegeta ·ão; 2 - Trabalho das águas: - rêcle hidrográfica ( erosão
fluvi al ); - p lu vie ro~ão ( úguas d as chu vas); - erosão marinh a.

Impmtância da genmn rfologia pam a geologia - a geologia considera o estudo do


.~lo b oterráqueo ( no sentid o verti cal ), enquanto a geomorfologia es·tud a de cima. para baixo,
fica ndo res trita, ~\ parle superfi cial. I sto significa qu e o geomorfólogo ao encontrar uma
Forma d<' re Jtl ,·o v:1 i hu sca r sua expli cação no subsolo e correlacion{t- la ao tipo de clima.
A rncl ical diferen ·a de m entalidade entre o geólogo e o geomorfólogo eleve ser procurada
no método de trabalho utili zado por ês tes dois especia listas-.
H.u ellan di z a ês te propósito: " Os métodos da p es[juisa geomorfológica, muito diferentes
dus CJI1C c a plicam cm geologia, trazem a es ta últim a ciéncia interpretação às- quais ela
não pude1ia chegar p elos me ios r:Jne lhe são próprios" ("Tratado c1e Geomorfologia" in
13o/cti•n Geng rríficn, n ° 1.53) .
O geó logo físico ou estruturalist n tem grande necessidade dos estudos geomorfológicos..
l'\as relações en tre a .geommfologia e a geologia, Ru ellan aceotua qu e as mesmas são
m nit o est reitas, " p orque a geo logia informa a respeito da q ualid ade e di sposição dos- ma-
te ri ais. nos quais são esculpid as as formas. D êste modo, a geomorfologia tem por base
essencial a pet rogra fí<t, qu e d á co nh ecimentos sôbre os· materiais, m ais qu e a geologia his-
tórica. A petrografia ana lisa a form açêw das rochas c tamb ém os processos de sua desa-
t; rl'ga<;<to u decom pos·i<;[lll. enqu ant o cad a um el os se us elementos min era is constitui o objeto
elos c~t u dos mineralógicos, mais afa stados da geomorfologia porque interessa ma is aos geo-
nlo rl'ólogo, o cn nh cci 111ento elas rochas q ue o conlwc imcnto elos ntitw rais, elemen tos isolados ,
q ue COtbl'itu cm as roch as e que são o objeto da mineralogia ( " Nota s ele Gcomorfologia", in
Hnletim C:eográfico n. 0 1.'52, Set, Out. 19.59 ).
A geo morfologia e a geo logia , no tocante à consti tu iç:-10 elas for mas de relevo atual e,
ele vra' an t i :~as. t<~ lll que es tar baseada s no pos tulado da p P-mutm.! lll'ill das leis Ja 11atu·rez.a .
Jsto significa que niio se pode saber algum a coisa d o p assad o, sem se adm itir, qu e as leis
de evol nção atn nl n ão sofrcrnm mmlanças.
A gr•o,norfologia procu ra ex p licar as fo rmas atuais p ela sua gl' nese, p elo seu passado,
q ue pode remontar a tclllpos m ui to recuados. T ocla,·ia, d a niin a,·ançou, se não baseada
num raciocí ni o lógico partindo do presente. A geologia reco nstitui o pas~a do a p arhr do
prese nte, e a geom.orfologi.a ex plica o prese nte pelo p assa do, um a c outra deve m admitir
e ntüo o atunlismn.
Huellan forn ece u m exe mplo h rm claro el as ligações entre o geo nw rfólogo e o geó logo
clizc nclo: "A gcom01fologia fornece aos geó logos infonn.tçõc' preciosas. Assim , a 01;gem
das gran des esca rpas. como a sl' n a do Ma1 c ~l antiq u e it a , assunto dos mai s discutidos
t·ntre gcóln)!OS·, seria o r,·sult aclo de falh a nu d·· erns<tO? Estudando o terreno. o ?,enmorfólogo
vê que nfto se p od e tratar úni camcntc da erosftO fluYi al, pois ela agi ri a igualmente nas. du as
encos tas destas se rras. Não há motivo para qu e os rios elo Atl:inti co, mais a,·an tajados p ela
p l uv io~i daelc ten ham crodiclo mai s len tamente q ne os ou tros. Ê stes ri os niio ca varam senão
, ·ales nntilo e lementares. enqu anto os q ue vão p ara o interi or crodira m mu ito mais
( ":\lotas de Gcomor fo logia .. , in n nlcti111 Ceogl'lífi('() , n. v 152 ).

Importt111 cia. da. gen mnrfolngia para a geologia eco mlmica.


a) E studo ele d cpr1sito alu viais ( pla.cers) cm an ti .~o s leitos flu viais - reco ns.ti-
tui çiio elo tr~ça cl o el o anti go curso flu via I.
b) D epósito ele pl.acers cm terraços m arinh os escalonados c tamb ém em terraços
fluvi ais.
c) Locali zaçi'lo de certas linh a~ salien tes em relevo pleneplanado, correspondendo
a p eg matitos - exemplo, os p egmatitos heterogêneos do Nordeste, que são
po rtadores d e m inerais va li osos. Os pegmatitvs homog{}neos não são portadores
ele min erais d e grande va lor.
d) Locali zação de chapadas ( planaltos.) no Ceani, no Hi o Grande do Norte, onde
hft de pósitos ele gêsso.

202 DICION ÁH IO GEOLÓClCO - GEOMOHFOLÓCICO


Si nt etizando , podemos dizer q ue a geom orfologia é o estudo racional e sistemáti co
das formas de r elêvo, baseando-se nas leis que lhe determinam a gê nese e a evolução. Es-
tudam-se por me io d ela, as fo rmas em sua ori gem e as transform ações sofrid as até nossos dias.
Assim, é o estudo da relação entre estrutura e topografia.
A geomorfologia é, p ortanto, a ciência que tem por objeto o e!;tudo d as fom1as terres-
tres, de finind o-as pelo seu as pect o, por sua dim ensão por sua gê nese e pela sua evolução.
E, analisando-se ês te conceito observa-se qu e o aspecto nada mais é qu e a d escrição, à
dime nsão correspondem as med idas; a gê nese é a origem das diferentes fo rmas, e evolução
é o processo de form ação e de transform ação dos diferentes aci dentes do relêvo.
O dese nvolvimento dos estud os geomorfológicos prova que, no p as~aclo , as p esquisas
s·e ori entaram ou melhor estavam por demais calcadas na estrutura e na natureza elas
rochas. Tôdas as formas de relêvo eram descritas e explicadas em fun ção daq ueles ele-
mentos geológicos - i!co morfologia es trutmal - atu almente, a lém clêsses elementos, es-
pecial destaqu e é dado, como já salientamos ao clima e à vege.tação
O estudo ew lógico das fonn as de relêvo - geomorfologia climáti ca - levou os Profs.
Jean T ricart e André Cailleux a d esenvol verem as formas zonais ou melhor, os sistemas
morfoclimâticos ou zonas bioclimáticas. An teriormente aos estudos dêsses dois autores, A.
Cholley havia di stingu ido, no globo, 7 regimes morfoclimát icos tendo cada um, o sistema
de erosfto peculiar: 1 - Hegi mes d os países temperados úmidos ( geomorfologia normal ) ;
2. - Jkg ime árido; 3 - Hegimc ~ l ac i ú ri o; 4 - lkgime d o ~ trópicos úm idos; 5 - Hegime
dos trópicos úm idos sazona is (regime d ~~ savanas ); 6 - Regime mediterrâneo (subtrop ical );
7 - Hegime p eriglaciário ou subnival.
A moderna geomorfologia clim(ttica intensamente desenvolvida, na França , por Tricart
e Cailleux, é at ualmcnte s·cguida por vários gcomorfó logos. Êles substitniram a denom i-
nação de sistema de erosão ( de Cholley) por sistema morfoclim ático, pois consideram
esta expressão mais genérica do qu e a primeira. Dividiram o globo em 12 zonas morfocli-
má ti cas, a saber : 1 - Hegiões glaciárias ; 2 - Hegiões perigl aciárias com per geli ~so lo (solo
perpetwtmen te gelado ) : 8 - Hegities perig laciárias sem p erge üssolo; 4 - F lorestas sóbre
perg<c> li ssolo, r1u a tern ário; .'} - Zonas flores tais de médias latitudes, marítimas , sem invernos
wd es; (i - Zonas fl o re <; t ;~ i ,. de m édi as latitud es com in ve rnos rudes ; 7 - Zona<; fl ores tais de
médi a · latitudes - ,·ariedade mcdit crrfmca; 8 - Estepes c pradar ias subdesérticas com
in vernos wd es ; 9 - D ese rtos c es tepes degradadas sem in ve rnos meles; 10 - Desertos e
estepes degraclachs com in H•rnos rud e~: 11 - Savanas ; 12. - F lorestas interlropi cais. M. -
regiões acidentadas, onde a altitud e tem papel predominante. Através dessa enum eração
das diferentes zonas: pode-se b t> m com pr<:-cnder as expressões: ecologia das fo l'lnas â e 1·e/é-r;o,
zonas bioclim.át-icas ou aind a sistemas morfocNm áticos.

GEOMORFOLOCIA APLICADA - a evo lução da gcomorfologia ch1ssica e cspecnlativa,


ocupada apenas no es tudo elo ci.clo erosiio e elas Jle ne plan íci.es, caminhou para um a nova
moda lidade que iu k res>a a todo geólogo, q ue é a geomorfologia aplicada. E la forn ece im-
portàntes dados aos r;ngcnhciros , CJ l W estão pouco afeitos ao mecanismo dos processos exóge-
nos. Como exempl o podemos citar os problemas de impla nta ção de barragens p ara p rodução
d e energia c lé-trica, traçado de ferroYias. etc. As ca rta ~ geomorfológ icas siio instrum entos de
,·alor .indispens:í,·el para a gpomorfologia aplicada c clw ias de· importan tes dados para ~eó­
logos, engenh eiros. Vejamos algumas das aplicações da gcomorfologi,t: 1 - nas pesquisas
min erais, 2. - no con tri\le ele movim entos coletivos de solos e m assa~ de rochas decom pos tas,
num a YE' rtente, 3 - erosão acelerada. Enxurradas c mv inamentos, <1 - locação de traçados
rodoviúri us, ferr oviúri os e aeroportos, 5 - implantação de cid a<les - cscolh n de sí ti o ~, - uso
ela terra - clcc.li,·idadc cbs encos tas c uso de im pleme.ntos ngrícolas.

CEOMORFOLOCIA ANTROPOGE NÉTICA - o estud o da ac;ão elo homem sôbrc as fo rm as


da superfíc ie d a terra, pnrticu larmentc o d esatê rro a.ntwpogc nético ( dcsnudaçiío, erosão ) e o
oté rro a ntropoge nético ( acnmu la ·iío ) .
Segundo E. F clds, "a geomorfo logia, cujo cs htdo e progresso co nstitu em geralmente
o objctivo elos geógrafos, foi considerada do seu início, até hoje, como a ciência da ação
e da eficácia das fôrças ela natmeza inrrni macla modeland o a mullipliciclacl e d as formas ela
,; uperfícic da terra" . T ocht,·ia, só muito tardiam ente se reconheceu c)ue a natu reza viva e
particularmente, o homem, tem importânc ia na criação das fonn as. ' O hom em como fa tor
~eomo rfo l óg i c o não entrou ainda na consciência e no domínio d a inves ti gação dos geógra fos".
Êste fato é fà cilmente observável quando se examina qu alq uer compêndio ele geomorfologia.

lllCJO); ,\H lO G EOLÓ GJCO-GEI1MOHFOLÓGJ CO 203


Fi~. n .0 3G - O centro da cidade do Rio de Janeiro é um dos bons exemplos para se estudar as
transformações da }Jaisagem física, especialme nte no ~ue diz rcs,eito aos desmontes e aterros an-
tropogenéticos. Como exemplos recentes têm-se o do morro do Castelo e o de Santo Antônio. Na foto
acima vê-se um aspecto do desmonte do morro de Santo Antônio, cujo matl' rial roi carregado para a baía
de Guanabara. 1\o fundo, o l'enário da cidade e a silhueta da serra da Tijuca.
(Foto CNG)

E. Felds, em recente trabalho, publicado na Alemanha, ( 1954) descreve amplamente


a n~·ão do homem como modificador da face da terra. A atividade econômica do homem
rnud(r. a face da terra ( 258 págs.).
De Martonne diz CfUe o homem como fator morfológico não pode ser comparado aos
fatôres endó!!cno~ ou , ainda, aos exógenos. "E, sem dúvida, incapaz de produzir desnivela-
mentos comparáveis, pela sua ampli tude e con tinuidade, à(jueles que são devidos às fôrça;;
tcdonicas c ;\s erosões que atuarn durante séculos. Pode agir indiretamente, acelerando
determinados processos, e até mesmo criar, diretamente, certas· formas de dimensões re-
duzidas " ( in Panorama da Geografia, vol. I , pág. 473).

Fig. n. 0 4G - Os tra<;ados das rt~rrovias c das rodovias obrigam os engenheiros a realizarem muitas
vt>zcs grandes cortes, ou imensos aterros. E:stes 90dem ser fritos ou com a rocha meteorizada, ou mesmo
CIHH a rocha sã. Tod rlS ês tes movimentos de materiais feitos pelos grupos humanos alteram a fisionomia
das regiões. O equilíbrio das vertentes, não raro, é rompido e, com êle, uma série de fenômenos
ocorre. Como exemp lo, pode-se citar, os deslizamentos de barreiras, ou mesmo as corridas de blocos. -
Na rodovia Rio-Belo Horizonte é interessante ressaltar o fato de que em certos trechos, logo nas pro-
ximidades da cidade de Belo Horizonte, esta foi cortada sôbre afloramentos de minérios de ferro. - Na
fotu ao lado , tirada próximo de Ouro Prêto. vê-se, por exemplo, um barran co onde aflora a jacutinga, ·~
isto é, minério de rerro pulverulento.
(Foto Tihor Jablonsky)

204 DICION ,\HtO GEOLÓCJCO-CEOJ•IOHFOLÓ':tCO


Ações imediatas ou cliretas dos grupos humanos:
A) F e nôme nos nos quais o homem intervém, na qua lidade ele ::tcrc 1:">
nte aeomorfo -
.~

lógico, co m emprêgo de utensílios· de trabalho sempre mais possa ntes, pro-


vocantlo deslocamen tos de massas co nsideráveis :
a) Construção de habitações isoladas e povoados .
b ) Exploração das minas. O des locame nto de massas, na cxp lorac,:<1o elas mi-
nas , ultrapassa de muito o vu lca nismo ahta l.
c) Regularização de costas m arítimas - cri ação de tipos de cos tas artificiais·.
d ) Grandes deslocamentos provocados p ela agricultura nas mon tanha s·; a cul·
tura nas mon tanhas; a cultura em terraços freia a erosão.
e) Nos d esertos, a luta ela população contra a in vasão da areia nos oásis,
é ele vital interêsse para os palmeirais.
f ) Cortes e aterros na constru ção das vias de transporte.
B ) F e nômenos qu e influem sôbre a ação geomorfológica el as úguas con tinen ta is
e obrigam a submeter seu trabalho natural à vontad e elo hont em .
a) Trabalhos hidráulicos, co mo : irrigação de terrenos s·ecos, proteção contra
as grandes e nche ntes, d es ob~tru ç ão ele rios e portos, cons tru ção de barra-
gens p ara captação de energi a . etc. No co njunto, os trab alhos hidráulicos
são dominados p ela preocupac;ão de diminuir o escoamento no p ercurso
da úgua ao mar, gua rdando-a mais tempo, p a ra o setYiço do homem.
b ) Grande nútnero de lagos de barragem a rtifi cial.

Aç6es m ediatas ott indiretas d os grupos humanos :


E stas ac;ões são hoje, muito mais fortes fJU e as influ ências geomor fo lógi ca ~ diretas. Ela se
produ zem em eo nseqüí\ncia de o home m operar inte rvenções no reves tim ento vegetal da
te rra. (Figs. ns. 3G e 4G ) .
Como exe mplo , tive mos os cl esflores tam e ntos e o eo nsecutivo ace leram e uto da e rosão
(Erosão dos so los, antropogenética ou humana), os fittmar es mediterrân eos ( torrentes do
Mf' diterràneo) se intensifi caram co m c gra nd e cl esflor es t::tm ento ocorrid o na região. •
Erosão a.nt'I'Opogenética ou e1·osüo hu.mana é p ois o desencadea me nto de p rocessos que
tra nsform am a pa isagem natural , após a rea li zação de um trab alho feito pelo homem. E rosão
a ntropogenéti ca é também sinônimo el e erosüo acelerada.
O Prof. JPa n Tricart dú em seu curso ele Geomorfologia C lim :ítíca, bastante ê nfase ao
traba lho human o, te ndo e m vista o deseneadeamento dos processos erosivos e m á reas fio-
restadas e cl esfl o res tad as.
O geógra fo Alfredo José Pôrto Domingues no se u estudo sobre "As superfícies de aplai-
namento" di z o seguinte : "Gra nd es transformações se verificam hoje em di a na p aisagem
onde em grand es áreas predomina um sistema erosivo antropogenético. Basta p ara isto
eonsiderann os a séri e de colin as ela serra do Mar, q ne fora m desprovidas de vegetação ,
tornando-se domínio el as e nxurradas onde surge a miúcle os raviname ntos e voçorocas.
É uma nova paisage m onde os eq uilíbrios foram rompidos e na qual o homem el eve pro curar
por todos os m eios co rrigir os efeitos d a erosüo ano-rmal" ( "In: Enciclopédia dos Muni-
cípios Brasileiros, vol. XIII ) .
Entre os diferentes sistemas de erosüo, D erruau considem o antrópi co, dizendo: " O
hom em pode modificar o clim a, ou mais pràpriamente, a cobertura vegetal natural, criando
assim condições biológicas nova&, colocando em march a um sí_:; tema de e rosão original, o
sistema a.ntrópico" ( P.recis ele geomorpholo{!.ie - p ág. 200). E ste autor cons idera a pen a~
o trabalho dos hom ens- como age nte morfológico indireto. T rata-se ap enas elo traba lh o de
e rosão das águas das chuvas e do~ ventos.
Na própria Al em anh a, F elds assinala (jUe os geo morfólogos n ão são un ânimes em
<~ce itnr êste capítulo intitulado homem , agente geommfo lógic;o . Tanto assim , <1uc Machatschek
( 1952) e O. Mau li, ( 1938) , não fa zem nenhuma refe rência e m seu~ comp ê ndios. :l;;ste
último diz m es mo qu e elimina de sua cogitac,:ão, tôda e q ualq uer transfor111 ação que p ossa
ser iutrocluzicla p elo home m .
GEOMORFOLOG1A CLIMÁTICA - recente escola ele geo rnorfol ogistas, (j UC procu ram
e xplicar as formas de relêvo dando ênfase ao clima no trabalho do modelado. O clima é
na realid ade um fator ele g rande importâ nei a, porém , não se pode deixa r d e levar em

206 DICION ,\H lO GEO LÓGI CO-CEO;\ IORFOLÓGI CO


consideração, os fatôres estrutura e natureza das rochas. A geo morfulogia climática constit ui
um a corrente que relega a chamada geomorfologia normal, deixando cair por terra a noção
ele e1'0são normal e p assa ndo a considerar os sistemas de erosão como os ve rd a d e iro~ respon-
sáveis pelas formas de relêvo, combinados com ou tros fatôres co mo: natureza elas rocha!>
e estrutura.
A corrente elos adeptos da erosão ·normal, isto é, ela geom.orfologia 11 0n nal co nstitui
~ma verdadeira abstração ela rea lidade. É um têrmo chocante para o espírito científi co ,
o mesmo ocorre com as exp licações dadas. Ao lado dessa geomorfologia norm al ( elas regiões
temperadas ) deveria logicamente existir uma geomorfologia ano rmal.
And ré c;1olley, em seu artigo: "Morphologie structurale et morphologie climatiqt1 e"
cliz que se compreende o sucesso obtido pela ex pressão " morfologia climática", pois: "Ela
marca, de algum a ma,.eira, a reação co ntra a ativiclade ela maior pa rte dos geógrafos qu e
faz iam da estrutura o princípio ele tôda morfologia" .
A geom01jologia climática é pois o estudo das formas de relevo comandadas pelo
cUm a. Para André Cholley, "a expressão morfologia eli mática não designa corretamcnte
a realidade que e la quer escolher. Engloba fatos muito diferentes" .
A geomo rfclogia climática n' presenta a moderna orientação qu e se opõe it geomm fo-
lng.ia estmtuml, segundo a lguns autores. Cholley acentua que se deve evitar a " dis tin ~ão
entre u ma morfologia estrutural e um a morfo logia climática. Tôda morfologia deriva de
um :>istema de erosão desenvolvido pelo clima e que se exerce nos terrenos e nos relevos
diverso;;, devidos à estrutura e à tectôni ca. Os têrmos morfolog ia estrutural e morfologi•l
climática, devem portanto ser evitados, em virtude de seu significado dúbio, que não
permite que se apreend a convenientemente a rea lidade" .
Há processos azonais que completam a geomorfolog ia, co mo: 1 - Modelado do litoral;
2 - Ações eólias ; 3 - Modelado do leito da ~ águas eo n entes . Cada -um dêsses grupos
de t•mcessos está· na de;)(mdência de leis físicas vróprias. As foTmas elem entaTes do relêvu
resultam de anta gonismo ou de e(juilíbrio, entre o ataq ue ela rocha ·in situ, por ce rtos pro-
ces·sos, e a resistência da própri a rocha, a êste mes mo processo. A relação entre fat ôres
est·ruturais e fat6res climáticos comanda ele modo diverso o relêvo, segundo a escala con -
siderada.
T opografia mo·r foclim ática. e estmtu.ral - até certo ponto é possível distingu ir uma
topografia com d om inância morfoclimática e outra com o predomíni o estrutural. Opor uma
à outra, se ri a f.t zer um a violência nos· fa tos, e defonn á-los por um espírito simplista.
Não há exclusivam ente o di lema ( influências estruturais ou influências c li m áti ca~) mas a
com binação em proporções variáveis, ao mes mo tempo que a oposição ou adaptação .
Fatôres zonais e fat ôres azon ais - p ertencem co njuntamente ao grupo de fôr\.'as ex-
tern as <Jue agem na morfogenese. Além elos dois conjuntos : geomorfologia estwtural e geo -
morfologia cUmât-ica, eleve-se juntar a geomorfologia azonal. Neste particular, deve-se acen-
tuar que, embora exista um a ca tegori a de fat ôres mo rfoclimát icos sôbre os quais p odemos
assentar o estud o de um a parte da geomorfologia, esta categoria todavia não pode ser
isolada elo res to, pois, devem ter sempre presente o espírito da unidade da natureza.
Cholley co nsidera os sistemas de e·msrí o de m<Íx ima importância na Geom01j ologia Cli-
mática . Acentu a que no estud o de um a paisagem física "deve-se encontrar na morfo!O!(ia
de uma região os traços de tantos sistemas de erosão q uantos tenham sido os tipos de
cli mas que ela conh eceu" .
São os seguinte9 os sistemas m orfoclimríticns ou si5·temas de erosüo, segundo algun s
autores:
A nd1·é Cholle y:
1. 0 Regime dos países. temperados úm idos ( geomo rfo.lo gia normal );
2.0 Regime árido;
3.0 Regime glaciário;
4. 0 Regime dos trópicos t'mlidos;
.5 ° Regime dos trópi cos t'm1idos sazo nais ( regime de savana);
6. 0 Regime med iterrâneo (s ubtropical );
7° Regime peri glaciári o ou subni val;
Jean Tricart e A ndré Cailleux:
1 Regiões glaciárias;
2 - Regiões peri glaciárias com pergelissolo (solo perpetu amente ge lado ) ;

D!C !0:-1 ,\1110 C.'EOLÓC TCO-CF.Ol\-IOHFOLÓC.!CO 207


3 Regiões peri glaciárias se m pergelissolo;
4 Flores tas sàb re pergE:Iissolo quatern ário;
5 Zonas fl ores tais ele médi as latitudes, marítim as, sem invernos rude~;
6 Zo n a~ fl orestais de médi as latitudes com invernos rudes :
7 Zonas f lorestais de médias latitudes - vari edade mediterrânea;
8 Estepes e prada ri as subcl esérticas co m invernos rudes;
9 D esertos e es tepes degradadas s-em in ve rnos rudes;
lO D esertos e es tepes degradadas co m in vern os rudes;
11 Savanas:
12 Flores tas intertropicais;
l\'1 - HE'g iões acidentadas onde a altitude tem papel predominante.

A<> va r i a ~·õ es clinüticas num a área clarão: l - Formas a tu ais ou vivas; 2 Formas
rclírpria, ou fósseis ou ai nda mortas; 3 - Formas exumadas (eventu almente) .
D e ~·! artnnne acentu a : "o clima surge como um fator essenci al do relêvo, no sentido
e m qu (' determ ina as ca racterísticas do modelado . Porém, não devemos atender somente
ú di s-tribuição a tu al dos climas. Os efeitos do modelado glaciário qu aternário tendem a
d cs:lpar.:cer nas regiões onde atualmente trabalha a erosão normal, mas são a inda evidentes
c m grandes ex tc nsõ< ·s" ( Pn nora.m a. da Ceogmfia, vol. I ,págs. 472/473).
GEO~tORFOLOGJA NORMAL - o estudo das forma s de relêvo d as regiões temperadas.
A9 pesqu isas mais minu ciosas refe1·entes à morfologia terrestre foram fei tas nessas regiões.
Êstc neologismo implica, porém. na ex istência de uma gcomorfologia anorm al, tôda vez que
se trat ass<: de es tudos feitos· em regiões de clim a qu ente. Mas na realidade a geom01jologia
tropical é norma l, pois suas caracterí sticas são peculiares ao próprio clima.
O conceito de gE'omor.fologia norm al co meça a tornar-s·c confuso, segundo se co nsidere
os d i ersns autores yne tem tra tado dêste as·sunto.
A) Pa ra Davis a geo m orfologia normal di zia respeito às áreas que tivessem sido
moclebclas p elo clima temperado {unido, como ocorre no nordes te dos E stado9
Un idos, no noroes te da Europa e, em alguns outros poucos lugares da terra,
inclusive na Nova Zelân dia ( importantes es tudos de Coton - discípulo de
D avis) .
B) Pa ra Paul i\-Iacar a geo morfologia n o-rmal é num a parte da geomorfologia.
D e um a maneira gera l podemos disti nguir diferentes tipos de mod elado
terres tre cm ligação com os tipos de clima. Tes te caso podemos falm: de
m od elado d esértico, de um modelado glaciário e, por conseguinte, ele
uma geo m orfologia da s regiões árid as, etc. As form as ele relêvo ele cada
um a dessas pai~age ns d iferem muito das qu e são encontradas nas regiões
cl clima temperado úmido que recebe o nome de geomorfologia no·r mal.
Esta d enominação liga-se ao fato de qu e o mod elado das regiões temperadas
é: o mais estudado e, por conseguinte, o mais co nh ecido.
C) Cholley a dota aSo ex pressões erosão n ormal e geom orfologia normal dando
as seguintes ju stifica tivas:
l - normal, porqu e corresponde ao modo ele escoame nto norm a l e regular
elas :'tguas sôbrc a superfíci e do globo.
2 p orqu e refl ete Úm trabalho regular progressivo e susceptível de alca nçar
uma ú ltim a etapa.
3 agindo sôbre rochas- d iferentes, o trabalho cont ínuo , realizado p elos rios
terá como res ultado diferentes tipos ele relêvo. Impressão de ordem e
hi erarquia qu e sa tisfaz ao espírito.
4 se u ca mpo abra nge a mai or parte elo globo terrestre, 70% excetuando-se
as regiões polares e desérti cas .
5 os es tudos morfológicos fei tos em regiões temperadas são ma is acurados,
pois, nelas vive grande p arte d a população culta da h umanidad e.
D) Para D e Martonne a denomin ação m od elado normal teve um s·enticlo res-
tri to, já que se lim ita à erosão fl·uvial. "Olhando cm tôrno de nós , analisando
os melhores mapas topográ fi cos do território fra ncês, achamo-nos em presença
ele um modelado cujo agente principal é incontes tàvelmente a erosão das
águas correntes e cujo resultado é a multiplicação dos vales, qu e são a

208 DT CION .~RJO GEOLÓ GI CO-GEOlviQRF OLÓG ICO


form a domin ante. Todos os· fragmentos topográfi cos reproduzidos neste ca-
pítulo co rrespondem mais ou menos a êste caso. E é isso o que a topografia
considera como "caso normal" ( Pan orama da Geogmfia- Vo!. I- pág. 457).
CEOMORFOLOGIA S U B~!J.ARINA - trata-se de um a especialidade, dentro elo imenso
c am po da geomorfo logia. O seu es tudo é muito complexo, e na maiori a elas vêzes feito
de modo indire to, atrav és da leitura e interpretação d as cartas batimétricas. Estas, por
s ua vez, são m uito precárias, quando se consideram os ocea nos como um todo, tendo em
vista o pequeno núm ero ele so ndagens existentes.
:-.Ja ge omo rfo l o~ia submarin a podemos de modo geral selec ionar os seguintes grupos
de formas: I - as form as marginais dos oceanos; II - formas escavadas e III formas
sa lien tes .
l\o pri meiro grupo tem-se a plataforma continental, a plataforma insular, o talude
ou decli ve co ntin c••la l. Entre as fo rmas escavadas des tacamos: bacias, fo s;;as submarinas,
ca nhões, etc.
No terceiro grupo de formas subm ersas, ou 1;eja as form as salientes, temos: maciços
·ubmarinos dorsais ou espigões, plana ltos, monta nh as, pbníeics abissa is, pico submarino,
montanha tabular guynf ( Yide), e te.
CEMORFOLOGIA THOPICAL - es tuda as· formas do relevo existentes na·s regwes inter-
trop icais ele clima úmido. Certas forma s de relêvo, certos tipos ele alteração elas rochas
c onstit uem ca ra<.:tcrísti eas do cli ma da região e não entram no panorama elas regiões ele
clima te mperado. Assim , a E uropa desconhece os laterilos ( canga) , p eculiares ao clima
tropical úm ido. Hcd pro can•ente as regiões tropi ca is atuais desco nhece m os traba lhos feito9
p e lo !!;<'lo c prla neve ( '' ' c c~· ão fe ita :Is altas 1110nta nh as ), própria das regiões temperadas.
Na morfologia lrnJiical, há portanto gran de núm ero de ca racterísticas próprias que a
di fe1c el as regiões telll pcraclas: ·

A) Grand e espess ura da ca mada de rochas deco mpostas que m ascaram as for-
m as esh·uturais;
B) Coloração domi nantemente verm elha ou ala ranjada dos solos e regolitos -
aparecinw nt n ele latosso fos ( s{) los lateríti cos ) e de laterUos (crostas ele canga),
C) Vc.:rtenks convf'xas c forma s típi cas de pão- de-aç úcar c pontões, nas áreas
c.-istalinas. ·
D) Vale,; de fundo chato, grandes alvéo los e escassez de materi al aluvionar
(seixos ) Clll terraços, por ca usa da grande di ssolução. ( Vide geomo·rfologia
110"/"1/l{/l ) .

CEOSFE RA - denOIIl inação dada :1 parte sólida do nosso planêta. O exame da estrutura
da geo fe ra, demonstra a existcncia d as segu intes camadas : 1 - Litosfera ( e~fera de
pedra) - a ctlafi zação de sua parte super fi ·ial dá aparecimento ao solo, 2 - Pirosfera,
!c11nh f. m denom inad a sima, ou mesos fera e 3 - J3arish.: ra, nife, ou ainda, núcleo central.
CEOSSJNCLI NAL - depressão alongada ond e os sedi 1nent os, por efeito da subsidência,
:acarretaram u m afund amen to progressi,·o no deco rrer dos tempos geológicos, permitindo
assim a ac umulação de grand es es pess uras ele materi ais. Êsses, p o~te riorm e nte, vieram a
se r elevados por efeito de pressii<:>s· laterais, co mo ex plica a teori a da mi gração dos continentes .
Os geossinclinais co rrespondem às zonas ele in tensa movimentação tectónica onde apa-
r-ecem os diversos tipo> de dobras, charriages, fa lhas e vulcani smo.
Os geossinc linais represent:1m áreas ele afund amento produzida ~ pelo acúmu lo ele sedi-
m entos e separam as :Í reas continenta is. lloje já existe um a certa oposição a esta teoria
d a subsiclencia produzida pelo pes{) dos detrito acumulados nessas zo nas ele fraca resis-
tcJncia.
O tcrn1o gc•>ssin t: lina l ou gcoss inclí nico foi cri ado pelo geólogo James D . D ana.
-GEOSTÃTICA - o ml'srno q ue geologi(! cslrufural. Vide geo logia.
CEOTECTÔNICA - o mesmo CJU e tectônica ( ,·ide ) ou geologia mecânica ( vide) .
C ÊSSO ou GIPSO - rocha form ada pela hidratação do sulfato d e cúlcio, isto é, a gipsita,
<:: uja fórm ula é a seguinte: SO'Ca + 201-1' =
SO"'Ca 201-F.

l"H C: ION ,\ n ro CEO LÓC: Ir.O-CEO:\ IOHFOLÓ G ICO 209


O gipso se encontra geralmente em ca mad as, cuja textura granulada fina e coloração
clara ou levemente amarelada, pode confundi-lo com um calcário. Experim entando-se, porém
o ácido clorídrico imedi atamente se observará que não apresenta nenhuma reação, além
do mais fà cilmente riscado pela unha, pois sua dureza é 2 a 3.
Al gum as vêzes aparecem nos bancos ele gipso cristais ele gipsita, mu ito desenvolvidos,
que são chamados pelos franceses de gipses fer de lance.
Quanto à sua utilização, q uando constitui o alabastro gessoso é usado na fab ricação
de estatuetas, substituind o a p edra mármO're. O gêsso compacto é ainda usado na fabri-
cação de estuques e tamb ém na agricu ltura. O gêsso é o gipso calcin ado - semi-llidratado
para qu e a desid rataç·ão não seja com pleta.
GEYSER - jato~ de Ú~tHl fiU ente contínuos ou intermitentes , q ue irrompem do solo. Os
geysers podem ser considerados como fonte9 termais intermitentes. Junto aos geyscrs é
comum o depósito da geiseri.ta .
Os geysers são abundantes na Istl ndi a e no Parque Yellostonc, nos Estados Unidos.
(Vide água t e·rmal )
GEYSERITA - rocha depoYitada junto aos ge ysers ( vide) .
GIPSITA - su lfa to de cálcio hidratado cuja fórmul a é a seguinte : CaSO' 2H' O, crista -
lizado no sistema monoclínico e dureza variando de 2 a 3.
A gipsita é o material fili e co nstitui o [!,êsso ou gipso . Apresenta-sr sob divPrsas fnm1as:
finam ente granulada, fibrosa co m longo brilho, etc. Ela con9titui a matéria-p,·ima para
a fabricação do cimento e tam bém do pêsso . Pode ser usad a ainda como alabastro. 1o
Brasil a gipsita é explorada prin c ipalm c nt~' no H.io Grande do Nmtc, Cearú e Pi au í.
GIPSO - o mes mo qu e gêsso . (vide )
GIZ - rocha calcá ria de coloração branca, friá vel e constitu ída de grand e número ele
pequ enos detritos orgâ nicos, carapaças de foraminíleros radiolares e mesmo corais. Os
afloramentos dessa!'> rochas são muito fissurados sendo, por consegu inte, muito penn eáveis.
Gera lmente, encontram-se no Sl'io dêsst; tipo de rocha, nódulos c <.:o ncreções de sílex de
forma e tamanho muito variados.
Segundo os elementos qu e entram na composição do giz, êste pode ser margoso, glau-
conítico, mi cl:íce o e mes mo fosfatocá lcico. O giz é também <.: ha111ado greda. branco e co rres-
ponde à craie elos geólogos fran ceses.
GLACIAÇAO - formação de g lacia is em uma determinada regmo e em diversas épocas
da história física da terra. As glaciações deixam suas marcas impres ~as na paisagem por
ca usa do efeito da9 geleiras. Como já dissemos, n:1s diversas fase9 da história física da terra
existiram períodos glaciais cujas extensões foram , por vêzcs, uni ve rsais, isto é, atingiram
quase tôda a superfície do globo, enqu anto outros se restringiram . apenas, a certos locai~ .
No fim do P lioce no começa ram as glaciações mais importantes, send o, porém, no Qu atem ftrio
que os seus efeitos se fi zera m se ntir com mais intensidade e é por isso chamado de era
glacial.
Os efe itos da glac iação se tradu zem na paisage m através cb s morainas, elas argilas
com blocos erráti cos, estrias ele rochas , seixos facetados, etc.
GLACIAL ( d epó~ito) constituíd o por ma teri a is deixados pelos glac iares - m orai. n a ~. tilUo,
drift glacial, etc.
GLACIÁRIA (ero são) - vide e rosüo glac iária .
GLACIOLOGIA - ciência qu e estuda sistemàticamente as ge leiras e as glaciações. Na
Suíça é ond e encon tramos atualm ente grandes especialistas dedi cados ;\s pesq uisas g lacio-
lógicas.
"GLACIS" - denominação usada por alguns autores para os taludes de fra co dt>clin :.
"GLACIS D 'EROSION" - vide pedim.ento .
"GLACIS DE SEDIMENTA TIOl\'" - o mesmo fiU e "bo jada" (vide) .

210 DICIONÁRIO C EOLÓGICO-CEOMOII FOLÓG!CO


GLA UCONITA - hidross·ilicato de ferro e potássio, ele coloração verde, cuja fórmul a é a
seguinl e: (Fe, K") O, ( F e" AI'O' SiO' +
I-!"0 ). É um mineral ca racterístico de depósitos
ma rin l1os atuais c se forma na zo na subm arina de 200 a 2 000 m de profundidade. ' os
mares atuais a glau co nita aparece, geralm ente, misturad a co m co ncreções fo sfatadas. Tor-
na-se preciso fri s·ar q ue nenhuma re lação genéti ca existe entre a form ação da glauc:onita e do
fo ~ fato de c:'t leio.
A glauconita pode aparecer cm grâ nul os isolados ou em grãos cimentados por uma
argila. Con ~titui um elemento fertili za nte dos terrenos ond e aparece, por causa do seu
teor em potassa.
GLlPTOG.ENESE - fase do cicl o geológico na qu al se ve rifi ca o domínio do escavamento,
representando a última fas e elo res pectivo ciclo (vide ciclo geológico).
GLUCíNIO - o m c~mo que herífio ( vide); não se encontra livre na na tureza. É um metal
Jc,·c, cujo min ério é o silica to ele alumínio e berílio .
GNAISSE - rocha cristalofili ana com os mes mos elementos do grn nito - quartzo, feldspatos
e mica - porém orien tados. Esta ori e nta ~'ão elas ca madas (x istosidade ) não deve ser con-
fundida com es trias, como pe nsam a lguns , pois, estrias silO as marcas deixadas na superfície
das rochas pelas m.u·rainas g laciais.
Os gnaisses se dividem cm doi s grupos: paragrwisse c ortognaisse, segundo provenham
do metamorfismo P lll depósitos sedim entares ou de ori gem ígnea .
GOETITA - óxido ele ferro hidratado muito sc mell1a nte ,\ limonita c ele aspecto mamelonar.
GôLFO - ampla reentn\ncia ela costa, bem larga, na qual o mar p enetra com profundeza
como um a ponta. Os go iJo~, em geral são maiores q ue as ba·ías ( vid e ), e são definido s
como grande porção do mar que se intromete pela terra e ntre pontas ou cabos. o~ golfos,
por conseg uinte, são alll plas reentrâncias d a costa com grande aberhua, co nstihlindo assim
amplas baías, e englobando, por vezes, baías, enseadas, sacos e p01tos.
CONDU ANA -: o m e~ m o que go nclwarw ( vide).
GONDWANA - de nominação dada ao co ntinente hipotéti co qnc existiu no hemisfério sul,
o qual compreendia massas continenta is ela Améri ca do Sul, ·África do Sul, lnclia e Aus-
trália. No decorrer da era Mesozóica deu-se ft fragm e ntação desse co ntinente.
GOl\'D,VANIDES - denomin ação usada para o~ terrenos antigos ( Paleozóico) do conti-
nente de Gondwana (vide).
GONFOLITO - conglomerado cujo cimento é ele natureza calcária.
GORGULHO - depósitos aluviais cl iamantíferos ou auríferos situados em terraços alto."l. D e-
IIOmina-sc também de go rgt~ lh os aos hu11cos de areia ou ele seixos <)U C obstruem, parcial-
lllcntc, a foz de alg uns ri os.
GRÃ - tt\n no usado em geologia e c m petrografia co mo s·inônimo de grão. Ao se estud ar
a textura de um a rocha e a sua gran ul ação, di z-se : grã fina , gni média , grã grossa, ao
invés de gnio.
CHABE N - o llll'SiliO q ue fossa tect ón ica ( vide ) t~ o opos to ele ho-rst.
GHADIENTE GEOTÉRtviiCO 0 mes111o qu e g mu geotérm·ico (vide) .
GHANITITO - vide gra11ito .
GH<\N ITO - roch.t etup tiv,t cu111posta ele tres min era is es-se ncHus: quartzo, feldspato alca-
J,nr, c 1nicas . tex tura é, geralmen te, granu lar, na qu al apa recem elementos passíveis de
se rem aprec iados a olho nu . A densida de elo gran ito oscila enb·e 2,55 a 2,75.
Na con1posição do granito a lt'>m dos minerais essenciais, aparecem outros que servem
pam de ·ignar o tipo de gra nito, ex.: gmnito com anfibólio, piroxênio, mica b-ranca, biotita
e du.as micns. Os gra nitos podem aflorar em b a t ólito~, !acólitos, filões camad as, etc. H á
na nomenclatura es trangeira, certa confusão entre a!Y diversas denominações de grani-
to c granitito. As escolas fra ncC'sa , norte-a meri ca na, alemã c inglêsa entendem de ma-
neira diferente êstes tt\ nnos. Ass im o granito de du as mi cas ( bioti ta e moscovita) receb e

D!C fON 1\RJO GEO LÓG!CO-GEOJ\·l OHFOLÓGJCO 211


dos autores anglo-saxões a denominação de granito, p ropriam ente dito. No Brasil não há
discussão, porém chama-se, de maneira geral, gran ito às roch as eruptivas que contêm
quartzo, feldspatos e mica preta; aliás, essa é a orientação da es-cola francesa . Granitito
para os norte-americanos, inglêse e alemães, é o q ue denominamos ele granito biotita.
Ainda há o têrmo gran ulito, isto é, um granito onde clomin~ a mica branca (vide
lepti11ito) .
Os granitos são denominados ele alcalinos ou plagiodúsiu, quand o dom ina o feldspato
ort6sio, associado a um felâspato plagioclásio .
Os granitos leucocrúticos são at1uelcs em que existe grande núm ero ele minerais claros.
Os aflora mentos ele granito ap arecem gerahn ente em grandes rnaci\;OS, e representam
cêrca de 5 a 10% da área total das rochas que apa recem na superfície elo globo.
Aflora em grande quantidade no "complexo cristalino b rasileiro", gerah11 ente, associado
aos gnaisses. Podemos ent:ontrar os granitos des·de o Arqu ca no até o Terciá ri o. No maciço
do Morvan (França ) - encontram-se granitos terciúrios, em pequ enos afloramentos. Não
h<Í nenhum a 1·eferência a grani tos quaternários.
Os afloramentos de granitos, como jCt vim os, são muito di sseminados na superfície
do globo aparecendo, geralm ente, nas áreas dos escudos. O m ais freqi.i ente é encontrar
afloramentos dessas rochas, em largas ex tensões e mais raram ente, cm p eq uen as úreas como
a elo Morvan.
A decomposição elo grani to nas ;Íreas intertropicais de clima úm ido se fa z com gran de '
facilid ade e a roch a como que se fund e sob a ação dos agentes d e d ecomposição .
O trabalho da erosão elementar d:í surgimento a u'a massa argilosa de coloração aver-
melhada por causa da hidrólise dos fe ldspatos que se transforma m cm argila. Os granitos
nas regiões onde domin a a esfoliaçiío térmi ca dão aparecimento a um grande n{unero de
fra gmento9 d e forma s mui to variadas . 0 : granito · se deco mpÜ<' m dando origem, princi-
pa lmente, à m·e-na. granít·ica - (saibro ) . T odavi a, na região ele clim a mediterrâneo e
tropical úmido, tamb ém obsermmos, o aparecimento de argilas vermelhas.
Através elas fotografias aéreas jú se pode pensa r em es tud ar a delimi tação dos terrenos
graníticos b em como forma s de relêvo. Cumpre tod avi a ass inalar, qu e ex iste uma série
de elementos qu e deverão ser considerndos em conjunto, para se conseguir identifi car êste
tipo de rocha. Os primeiros elementos a serem considerados nas fotog rafi as aéreas são as
diferen tes tonalidad es de co loraçiio cin za-claro e também, pCCJ LH:'nas ma nchas mais claras
qu e assinalam a presença d a arena grnníti ca. Nem sempre podc•111os basea r nossas observa-
ções nas côrcs , é p reciso recorrer, tambL\m , aos outros e lemen tos qu e porventura possam
dar aparecimento a um núm erc maior de indí cios qu e confirm 111 a identifi cação, tais como,
rêd e de drenagem <'l.rborescente ou d cnd rí ti ca, escarpamen tos, form a d e verten te, etc.
GRA NITO RECOJ'viPO STO - dc n om in a~·ão usad a por cert os autores para o arcó;;;-i.o ( vid e) .
GRANITóiDE - vide gmn ulaçüo.
1
GR A ULACÃO - tamanho dos elemen tos cri talinos q ue entra m na co mpos1çao de u ma
rocha. A te;tura elas roch as pode cr granular ou compacta . Os granitos apresentam, geral-
mente, textura granu lar, também chamada g-ran itóide.
O tamanho dos elementos da grnnula ç·ão permite a seguinte di visão : fina, aquela em
qu e os grãos são reconhec íve is a ôlho nu , c sflo in ferio res nu igual a 1 mm; m édia., grãos
cu jo taman ho oscila entre 1 e lO mm c, grosoeha, de 10 a 30 mm . Usa-se ainda para as
roch ns eruptivas e metamórficas o term o mic·rocriotalin a para designar a tex tura cujos ele-
mentos só são reco nh ecíveis com o uso do m icroscó pio.
GRA NULAB. - vide granulação.
GRAN ULAR ( desintegração ) - vi de desin teg raçüo granular.
GRANULITO 7 o mesmo qu e lepti.n-ito (vide) .
GRANULOMETIUA - especificação da dim ensão dos diâmetros elos materiais detríticas.
No es tudo dessa ordem o Prof. Jacqu es Boucart fez t.1mbém entrar, em linha de conta,

212 DICION ,\.mo G EO LÓ GI C O-CEOJ\WRFOLÓG I CO


os fatôres de ordem química que ca rac teri zam êsse material. A divi são proposta por êste
autor é a seguinte:
I Classe dos seixos ou balastro > 0,002 mm.
II C lasse das areias de 0,002 m a 0,02 mm.
III C lasse das poeiras de 0,02 mm a 0,001 mm.
IV Classe dos precolóides ou suspens6ides <0,001 mm.
O número d e classificação do material que compõe o solo, ou os depósitos sedim en-
tares é muito variado, e a título de exemplo daremos ainda a classificação ele Atterberg e,
também, a am eri cana .
Classificação de Atterberg
Material Diâmetro
Ma tacão ...... . ...... . . .. . . . . .. . . > 200,0 mm
Cascalho grosseiro .... . .. . . . . . . .. . . . 200,0 a 20,0 mm
Cascalho fino ... ... ....... .... . .. . . 20,0 a 2,0 mm
Areia grossa . ............ ...... .. . . 2,0 a 0,2 mm
Areia fin a ........................ . 0,2 a 0,02 mm
Silte .. ............ .. . . . . 0,02 a 0,002 mm
Argila ....... .... .. ...... .. .. ... . < 0,002 mm.
Classificação ameri cana
Seixo fino ........ .... . . ..... . .. . . . 2 a 1 cm
Areia gr?s;a .. .. ... . .. . . 1 a 0,5 cm
Areia mecha .... . .. ..... .. ... ..... . 0,5 a 0,25 cm
Areia fin a ....... . ... . .. . . . .. .... . . 0,25 a 0,10 cm
Areia muito fina ... . ..... . . . . .... . . 0,10 a 0,05 cm
Silte ..... . .. . . . .. ..... ..... . 0,05 a 0,02 cm
Argila < 0,02 cm.
Os estudos granulométricos são de capital interesse para os engenheiros, especialmente
para os especializados na co nstru ção de estradas. No Congresso Nacional de E stradas ele
Rodagem, realizado em 195.0, constou uma série de teses que trataram do assunto referente
à granulometria elos materiais, bem como ele suas denominações . No trabalho de escava-
ção e no9 materiais ele constru ção, em geral, a granulometria é muito imp01tante.
Na geomorfologia, mais que na geologia o emprêgo dêsse método, no es tudo do material
sedimentar está trazendo novos esclarecimentos muito importantes na interpretação da mor-
fologia terres tre. Nas questões referentes aos terraço9 marinhos e fluviais, êste método está
trazendo maiores revelações. Quanto aos eclafólogos, desde longa data, usaram a granulo-
metria na caracterização mecâni ca dos solos.
GRÃO ~ pedaços de minerais de tamanho e fo rm as cliver&as. O mesmo qu e grã (vide) .
GRAU GEOTÉRMICO ou GRADIENTE GEOTÉRMICO - número de m etros necessários
de aprofundamento, no interior do globo terres tre, para que se verifique o aumento de
1. 0 centígrado na temperatura. A maior profundidade alcançada co m as oo nclagens foi da
ordem de 7 400 metros. Na Europa, a sondagem mais profunda foi feita em Bastennes -
Gaujac, a 20 km de D ax, cuja profundidade foi ele 4 -163 metros. Numa so ndagem de 5 000
metros, a temperatura encon trada foi de 150° centígrados. Na Am érica do Sul, temos a
rlestacar as minas ele Morro Velho, as quais parecem constituir, no mom ento atual, uma
das galerias mais profundas elo hemisfério ocidental, onde o homem já conseguiu descer
( cêrca de 2 450 m).
As maiores profundidades alcançadas nas s-ondagens não p assaram de 7 400 metros,
como já dissemos, e, no entanto, admi te-se que o grau geotérmico varie regularmente até
a profundidade aproxim ada de 100 quilômetros, onde a temperatura deve chegar a uns
3 000° centígrados. Todos os corpos conh ecidos ( exce to o carbono) estão em estado de
fusão a esta temperatura.
No fundo da Mina d e :Morro Velho (Município de Nova Lima) em Minas Gerais -
2 450 metros a temperatura é de 64°. D escontando-se a temperatura m édia anua l de 18°,
temoy um aumento de temperatura de 46° o que dá um gradiente de 54 metros.

DICJONARIO GEOLÓCJ CO-CEO~ IOHFOLÓCICO 213


Fig. n.• 5G - Aspecto tabular da topografia dos chapadões de Mato Grosso. Trata-se de um planalto
típico, isto é, sedimentar, cuja escarpa foi entalhada por "Crotõcs" (v ide ).
(Foto CNG)

Em urna sondagem em Cururu, na ilha de Marajá foram encontradas as seguintes tem-


peraturas:
146°C em 3 021 m de profl11~.diclacle .
176°C 3 845
178°C 3 872 "
A temperatura média da região é de 25°C, o gradiente geotérmico é ele 25 metros.
O grau geotém1ico depende de vários fatôres, como: condutibilidade térmica deu; ro-
chas, variando a média da profundidade necessária para se verificar o aumento de 1° centí-
grado entre 30 e 34 metros; tipo da estrutura, as camada9 inclinadas possuem um gradiente
térmico mais curto que as horizontais; distância a 11m foco ténnico, como um vulcão, por
exemplo.
GHAUVACA - denominação dada à rocha que constitui um intermeclühio entre as bre-
chas, os conglomerados, os arenitos e os xistos. Apresentam, por con~eguint e, fragmentos
de quartzo, de feldsp ato, de mica, pedaços de xistos argilosos, reunidos por um cimento
silicoso, silico-argiloso e, mais raramente, calcário. As grauvacas devem seu nome ao co-
lorido, geralmente, cinzento da rocha.
GREDA - calcário de coloração branca, de origem orgânica também chamada craie. Na
história física da terra observamos que a denominação de um dos p eríodos da era Mes<J-
zóica - Cretáceo - foi motivada pelo fato de ter-se encontrado depósito de greda branca
I giz) em terrenos dêsse período (vide Crctáceos).
GMS - denominação usada em português, por certos autores, utilizando-oo do têrmo
francês. (Vide arenito).

214 DICIONÁRIO GEOLÓGICO- GEOMOHFOLÓGICO


GR ÊTA - denominação usada por algu ns autores para as itmtos ou düíclases (vide) que
surgem nos afloramentos . Geralm énte prefere-se a denominação diáclase a grêta, reservan-
do-se es ta última , para as juntas produzidas pelo d es~ccam e nto (vide grêta de contração).
GRÊTA DE CONTRAÇÃO - pequenas fend as es treitas produzidas pela desidratação.
Êste fenàmeno é muito co mum na~ argilas dando a desagregação ele pequenos polígonos e
solos poligonais por ca usa do fenclilhamento produzido pe la desidratação. A espes-sura dos
polígonos elo solo est<l na dependência ela espessura ela argila e elo grau de dessecamento
sofrido .
As arg ilas ass·illl rachadas ou gretadas se torn am no vam ente plásticas quan do emb e-
bi das clP água .
"GHIT'. arenitos cujos grãos são angulosos, is to é, sofreram pe(jueno transporte.
CROTA têrm o regional usado para as depressões elo s-olo que aparecem em encostas
a lca ntilallas . Nas bordas elos chapaclõcs são fregüentes essas depressões cavacla9 pela erosão,
que quando muitn grand es são denominadas grotiies. ( Fig. n. 0 5G )
CROTÃO - aum entati vo ele grata, (vide) .
GRUPAMENTO CRISTALINO - vide macla.
CRUPIARA - d epós ito sedimentar d iam antífero ou aurífero encontrado em baixadas ou
na zona elo leito maior dos rios - Aos depósitos situados em terraços mais altos clenom i~ a-se
d e go rgulho.

GRU TA ou CAVERNA - cavidades ele form as


Yari aclas qu e aparece m mais freqü entemente
nas rochas calcárias (Fig. n.O 7G) ou em
arenitos de cimento calcário. Êstes buracos
.-ão realizados p ela dissolução do carbonato
de cálcio produzida p elo ácido carbônico,
p ela erosão mecâ ni ca e tamb ém pela pressão
hi cl rostátic;l. Cons titu em, às vêzes, ve rd aclei-
IO S salões, geralmente, muito procurados p elos
turistas. Outra teori a para cxpJjcar a forma ção
das grutas é o d esmoronamento ou escorrega-
mento irregular de ca madas dando apareci-
mento a cavidad es pequ enas. Nas regiões onde
a floram rochas erupti vas ou metamórficas,
a lgumas vêzes, o am ontoado irregu lar ele blo-
cos d esmoronados d á aparecimento ao qu e
ch amamo~ de ftt.rna, geraL11ente, confundida
pelos leigos com as cavernas, propriamente
ditas. Aí não encontramos as estalactites e
est a lagn1Ji ~cs qu e tão fu rmhç'Jes produzidas
pela precipitação ela calcita, de formas bi-
za rras e muito curiosas . No es•taclo ele Minas
Gerais, porém, designa-se ele furna a uma
gruta maior qu e a lapa.
No Causses, do Maciço Central Francês,
enco ntram-se lindas gru tas como a do ave n
A rmand que já se acha preparada para os
turistas, existindo um jôgo ele iluminação ele
côres muito bonito. As mais lindas grutas elo
mundo são as d e Fingal, nas ilhas H ébridas, Fig. n. 0 7G - Gruta litorânea no calcário da
fal ésia d e Cascais (Lisboa). Por efeito da va-
a noroeste ela Escócia. Na Baviera, nas grutas riação entre o nível das terras e dos mares, ou
de Offnet, fizeram-se importantes dest::obertas por um movintento tectônico local, ou ainda
epirogênico, as grutas marinhas aparecem acima
arqueológicas e antropológicas. Na Espanha, a do nível das águas oceânicas, algumas vêzes a
gruta ele Altamira famosa por suas pinturas ; v ~írias dezenas de ntetros.
no México a gruta de Carlsbad, onde se encon- (Foto d o a ut or )

DlCtoNÁRIO GEOLÓGJC O- GEOMORFOLÓGICO 215


tra a maior es talagmite do mundo, com cêrca de 186 metros ; no sul da França, a famosa
gruta de L ourdes, venerada pelos cri stãos de todo o mundo.
No Brasil , as grutas de Minas Gerais, como a da Lapinha e Maquiné es tão pràti camcnte
abandonadas e sem preservação das es talactites e estalagmitcs qu e comumcnte são quebra-
das pelos que por acaso as visitam. A grnta do Bom Jes us da Lapa, na Bahia, na
margem direita do rio São Francisco (Fig. n. 0 6G ) é muito visitada , porém, devi do m:~is-­
à existência de uma igreja no seu interior. E~ t as últimas gr utas aparecem num ca lcári o
de coloração escura e, do ponto de vista ele sua idade, são do Eopaleozóico.
Em Minas Gerai s, na região ele L :~goa Sant:~ , o S<Íhio din:~marqu c's P. Luncl enco ntrou
vú rio~ crànios e esq ueletos de interesse antropológit·o.

Fig. n. 0 SG - Antiga g ruta prod uzida pelo trabalho de dissolução das :íg;uas das chuvas e do mar.
Vê-se na foto acima uma d e pressão d e forma circular que constituía uma gruta cujo teto desabou
ficando atualmcnte ligada ao mar por um pequeno canal que se acha e ncimado por um tcto d e pouca
espessura c l arg ura pequena . No Jitoral português, em Cascais, é freqiientc o aparecimento de g nttas
dêsse tipo, nas falésias calcárias .
(Foto Co lcção Passaporte "Loty'')

GRUTA \1ARINHA - cavidades produ zidas p elo trab alho elo mar nas rochas elo litoral
( Figs. ns. 7G e 8G) ou na p la taforma continental. T i\m grand e importància r1uando :~pa­
recem na borda do litoral, pois, provam indiscutivelmente uma va riação de nível entre
terras e águas. Estas grut:~s também poderiam ser d e nornin:~clas de marmita9 emersas à
semelhan ça elas flu viais. No Menez Lux, em Telgruc, no Finisterre, foi descoberta unm
an tiga gruta marinha a 135 metros acima do nível elo mar atual. I gualmente no Uru~a i ,
t·m Punta Ball en:~ , encontram -se ca vidades emersas produ zidas pela abrasão marinha. Nas
grutas marinhas emersas, podemos encon tmr um a prova geomorfológica, isto é, um a cavi-
dad e emersa acima do nível do mar, ou ainda um a prova geológica, quando há seixos e
m eias depositados pelo mar.
GUANO - fosfato cálcico originado elo acúm ulo ele excrementos de :~ves marinhas em
il has qu e aparecem no litoral do Peru e, tamb ém, na cos ta chil ena. O guano é mn ito
utilizado como a dubo na agricu lt ura. A palavra guano é ele origem quíchua e signific:~
estêrco (principalmente de aves marinhas). O guano recente, além d e conter o fosfa to
d e cálcio, poss·ui também fo sfato de magnésio, oxalato de amànio, urato d e amônio,
sulfatos de potássio e sódio, matéria orgâ ni ca dos dejetos e detritos de animais mortos.

216 DICION ÁlUO G'EOLÓG ICO-GEO~IOHFOLÓG lC O


GUAPIARA - o mesmo que gntpiara (vide ).
GUIRLAND A INSULAR - cons tituída por um conjunto de ilhas mais ou menos alinhadas
em forma de arco, que aparecem a pouca di stância do contin ente. A gu irlanda insular
corresponde a um arquipélago cujas ilhas têm um certo alinhamento.
"GULLY-EROSION" - denominação usada para o es-cavamento acelerado m ais ativo,
advindo de um l"ill-emsion (vide) . As diferentes fases atravessadas pela erosão em lençol
podem ser sinteti zadas do seguinte modo: 1 - sheet-erosion , 2 - ·r·ill-erosion e 3 - gully-
-erosion.
GUPIARA - o m e~mo que grupiara (vide).
GUYOT - diz-se da montanha submarina em form a de co ne trun cado, de mais de 200 me-
tros de profundidade, cujo tôpo é uma plataforma topogrà-
ficam ente quase horizontal. ( Fig. n.0 9G) Se esta profun- ----------~---~--------
didade fôr inferior a 200 metros é preferível usar-se o têrmo
banco. Tentando dirimir dúvida~, usamos dados altimétricos,
afim de se distinguir o gu.yot, do banco, e ês te do alt o
fundo (vide) . Por conseguinte: o guyot estari a numa cota
negativa superior a - 200 metros, o ban co co ta negativa
inferior a - 200 metros e o alto fundo da ordem dos -
1 000 metros . Fig. n. 0 9G

DICION A HIO GEOLÓGICO-GEOJ\•I ORFOLÓGICO 217


HADAL (zona) - denominação usada modernamente para as áreas submarinas profundas,
a lém dos 5 000 metros. Parte des ta zona era antignmente incluída ele modo genérico
dent ro da dcnomiml<;ãu abissal ( vide) . Alguns procuram chamar a zona hadal ele ultra-abissal.
''HAFFEN" - denominação usada na Prús·sia Oriental para os lagos de barragem marinha
( lagun a ), como a nossa lagoa elos Patos, no Rio Grande do Sul. Podemos citar, como exem-
plo. o haffe n de Kuri sche e Frische.
HALl TA - o m esmo n u c wl d e cozin ha. ou, ai nda, sal-gem a (vide) , sendo êste último
ac um ulacl n em jazid as. ·
HAMADA - o mesmo q ue deserto de pedra (vide ) , tem a superfície constituída não só
pe lo afloramento de lajes de rocha, mas tamb ém um gra nd e núm ero ele dreikanter qu e
dão <l paisagC'm um ,·crcladeiro aspecto caótico.
HARDPAN - nome dado pelos inglêses à9 crostas ferruginosas que aparecem a certa pro-
fundid ade do solo ( Vide aliósio) .
HEMATITA COMPACTA - sesquióxido de ferro anidro, m aciço, compacto e sem
cli vage~n . A hem atita é encontrada nas rochas eruptivas, metamórficas e, mesmo, sedimen-
tar es . E s·se min eral é, tambt'm, conh ecido pelos nomes de hematita vermelha, ferro oligisto,
e tc.
HEMA TITA LAMINADA - o mesmo qu e itabi.rito (vide).
HEMATITA MICÃCEA - o m esmo que itab-irito (Vide) .
HEMATITA PULVERULENTA - denominação usada por certos autores como sinônimo
de faGutin ga ( vid e ) . No "simpos·ium" apresentado ao XIX Congresso Internacional d e
Geolo gia reali zado cm Argel, em 1952, a propósito do min ério de ferro, estabeleceu-se que
hema tita puh·erulcnta é um min ério bran do com a média de 66% de ferro , ou m ais.
HEJ'viATITA TERROSA - Vide oc·re.
HEMERA - é a meno r porção, ou melhor, a menor camada que se pode precigar, na
escala es tratigráfica, enqu anto a fas e é o seu correspondente na escala cronológica. Segundo
outros autores, a he mcra diz respeito à divisão cro nológi ca que tem o seu correspondente
na divisão es trati gráfi ca, nos andares.
HEMIPELÁGICO (sedimento ) - depósitos de rochas e ca rapaças de animais marinhos ,
cujos detritos foram tmnsportados e depositados a pouca distância da costa. Os sedimen tos
hemipelágico9 são diferentes dos pelágicos, isto. é, dos que forram o grande fundo dos
oceanos, e estão longe do litoraL
I-IERCINIANO (dobramento) - movimentação de camada,; da crosta terrestre ocorrida
durante o período carbonífero, da era primária, tendo dado origem ao dobram ento central
ela Europa. Seu nom e provém dos Bosques H ercínios, na Floresta Negra (Alemanha). Êste
movimento de caráter orogenético também se fêz sentir em outros continentes.

218 DICIONÁRIO G'EOLÓGICO-GEOMOHFOLÓGICO


liiATO - o mes mo que law na estratigráfica (vide) .
HIDE!\'ITA - va riedade de espodwn ênio (sili ca to duplo de alu mí ni o e lí tio ) de côr
verd e, usada pelos joalheiros.
HJDRATAÇ?i.O - penetração da <Í~u a nas roc has facilitada pela per meabilidade ou pelas
fi ss uras - diáclases . Tôda9 as rochas qu e aflora m na superfície do globo são mais ou menos
permeá veis à água. A hidratação ocasiona nas rochas um aum ento de volu me e conse-
q üentemente, n ma diminuição na densidade. As águas q ue circulam no interior d as rochas
podem ser cons-ideradas como us responsáveis mais importantes da decomposição q uímica.
Assistimos por exemplo, o sulfato de cálcio transfom1ar-se em gêsso, SO,Ca + 20H , =
CaSO•. 2H' O ( gêsso) a hem.atda se hi dra tando p assa a lim onita 2Fe Oo 3H O, isto é,
óxido de ferro hidratado . A limonita é um material que se formou devido à hidratação de
um a substância ferrosa; em razão ele sua formação ela não pode apresentar ~ra nd e homo-
.l!eneidacle de com posiçiio. Nos grani tos, a desagregação é du as vêzes ma i ~ lenta, no en-
tan to, os fenômenos de hidratação asseguram a produção ele elementos cada vez mais finos,
~e n do o trab alho ela água feito em virtude dos d escascamen tos superficia is, ela clivagem
c el as espécies minerais, m ais ou menos alterada9. A hidratação ocasiona nos granitos e
gnaisses a transformação dos felclspatos em argilas - silicatos alwni11 osos hidratados. Nas
regiões tropicais a hi dratação se faz em maior profundid ade devido à temperatura ser
mais elevad a.
A hi dra taç::io é nma elas r~s ponúveis pela d imin uição ela área elos afloramentos rochosos,
pois, as rochas são h·ans.formaclas em produtos alterados.
HIDRATOS - corpo resu ltante ela combi nação dos óxidos com úgua (vide águ a ele C?"is-
ta /i;w çrlo) . l nt<!ressa m particularmente os processos ele pe1w tração das águas nas- roch as e
as conseq üentes mod ificações que sofrem os minerais, isto é, a hídm tação ( vide).
HIDROCARBüNETOS - materi ais earbonáceos como: petróleo, gás natu ral, asfalto e di -
versos postos ele petróleo .
HID.ROGEL - os gels ou solos cheios ele água (vide gel ).
HIDROGRAFIA - segundo o co nceito etimológico, é a p arte da geografia física q ue estuda
as águas corrente;,, úguas p aradas, águas oceânicas e as águas sub terrâneas. A hidrografia
pode ser divid ida elo seguin te modo: 1 ) hid:rograf'ia subten ·ânea; 2 ) hidmgrafia superficial
terrest·re; 3) hi.d rografia marít im a Por conseguinte os trabalhos d e hi drografia ap licada
têm grande import:'u1cia nos laboratórios de geomorfologia. A hidrografia é o estudo do
elemento líq uido como os oceanos, mares, lagos, ri os, etc.
HIDRóLISE - o mes mo q ue hid ra tação ( vide).
HIDROSFERA - conjunto das p artes líquidas, q ue apa recem na superfície elo glob o terres tre
compreendendo 7 1%, enquanto as terras emers·as perfazem 29%. A espessu ra médi a d a
hid rosfera pode ser avaliada cm 3 km e sua de nsidade igual a ] ,02.
HIDROSSOL - o mesmo q ue hidrogel (vide) .
HIMALAIA BRASíLICO - denominação dada, por al gun s geólogos, às elevações elo relêvo
b rasileiro na sua p arte orien tal, res ultantes dos mo vimentos orogenéti cos do laurenciano e
huro niano, no fim dos períodos: Arqu e;wo e Algo nq ui ano. O têrmo Hima laia Bras íli co é
devido ao sa udoso geólogo Mati as Roxo.
RIPO-ABISS AL (rocha) - aq uela q ue se forma num a profundid ad e média entre as plu-
tônicas ou abissais e as efusivas ou vulcânicas. Sua ocorrê11cia é verificad a através de
!acólitos, filões, etc., e p ela textu ra porfírica ou microgranular.
1-IIPO-ABISSAL (zo na) - área. s·ubmarina que se estende entre a plataforma continental e
a abissal isto é, entre 200 e 1 000 metros de profundid ade. A zona hipo-abissal é também
chamada de zona batia.l e correspondente ao que os geomorfólogos denomin am de talude
continental.
HIPOCENTRO -Vide sism o.
HIPOCRISTALINO - Vide estrutura .

DICIO N ÁRIO GEOLÓ GI CO-GE OMOHFOLÓGI CO 219


llll'ÓTESE COSMOGóNICAS - di z-se das diferentes teorias a propósito ela ori ge m
elo- sistema planetário e, particul armente, ela Terra.

A) Hipóteses antigas com fundo religioso:


1 H esíoclo no século VIII a.C. acreditava ser a terra oriunda ele um caos
primitivo.
2 Os egípcios acreditavam qu e a terra havia se originado de um ôvo gi-
gantesco chocado nas· margens elo Nilo. A metade ele baixo seria terra,
e a de cima o céu.
3 - Os israelitas seguiram a idéia elo cerbo criodor q ue se universali zou pelo
Cristianismo.
B) Hipóteses com fundo científico :
1 - Hipótese ele Buffon - os planêtas e sa télites seri am o rc~u ltado ele massas
expelidas pelo sol, em virtude da queda de cometas sôbre êste. T ais
massas passava m a constituir globos que pela cond ensação originavam
aquêle~> as tros.
2 - Hipótese ele Kant - ( T eoria elo caos) - foi o primeiro a conceber que
o sistema solar ter-se-ia originado ele uma nebulosa primitiva. Antes de
se formar o mundo havia confusão ele todos os elementos. A substância
fo rm adora elo sol e elos planêtas es tava na ori gem espalhada no es paço.
F inalmen te deu-se uma acumulação ela matéri a cósmi ca no ponto onde
se encon trava o sol.
3 Hipótese ele Laplace - foi descrita no seu livro intitulado Exposiçüo
do Sistema do Mundo ( 1796) , cu ja sí ntese é a segu inte:
a) Grande nebulosa animada ele movimento de rotação ele oes te para
les te;
b) Movimento lento, tornou-se rápido ;
c) D es tacamento ele anéis em virtudes ela fôr ça centrífu ga, superior à
centrípecla ( atra ção );
d) Movimento clêsses· anéis em tôrno do globo centra1 (s ol ) - pla-
netas e satélites. (He liocentrismo).
Objeções a esta hipótese:
l Partiu de uma nebulosa circular, quando as conhecidas possuem formas
espirais, não podendo ter-se originado de formas circulares.
2 O desprendimento dos :m éis não poderi am ser elos· gra ndes planê tas, e
sim planetóides.
"
() Pela análise espectral, sabe-se qu e as nebulosas são constituídas de par-
tículas sólidas e líquidas e, não ele gas·es .
4 O movimento retrograclo de alguns satéütes ( 2 de Júpiter, 1 de Saturno,
4 ele Urano e 1 de Netuno ); a não ser (1ue ês tes satélites sejam cometas
capturados·.

H á outras hipóte9es como a de Faye, ele Flammar ion, ele Moreux, planetesimal ele
Chamberlin e Moulton, teoria elas marés, ele Jean Jcffrey e James Jean e a T eoria ele
Dauvillier.
Segundo a hipótese planetesímal de Chamberlin e Moulton - a m atéri a ele que se
constituem os planêtas e satélites era outrora um exa me de partículas ou planet esimais
que se dispunham em espiral em tôrno ele um núcleo do sol. Pela passagem ele outra es-
trêla próximo do sol, desprendeu-se grande quantidade ele matéria. Os corpos maiores
foram, em seu giro, absorvendo os menores e, portanto, aum entando de vo lume como se
dera com o nosso planêta.
H á quem acredite, que os m eteoros atuais são p artes destas partícul as, relíquias elos
planetés·imos, da mesma forma a luz zodiacal.
HIPSOMETRIA - diz respeito às medidas· altimétri cas ex : mapas hipsom étri cos. Vide al-
titude.

220 DIC IONÁRIO GEOLÓGICO-GEOMOHFOLÓGl CO


l•'ig. n. 0 li-I - Hogback da serra do Curral dei Rei, em Belo Horizonte, estado de tvlinas Gerais.
O tópo desta serra é constituído de itabirito, isto é, minério de ferro.
(Foto elo CNG)

"HOGBACK" - têrmo inglPs usado para definir um a estrutura inclinada semelhante à de


uma cuesta, mas na qual o mergulho das camadas é, geralmente superior a 30°. Algumas
vêzes, certos autores, usam o têrmo s-em a devida precau ção ele observar a es trutura, limi-
tando-D apenas à topografia. (Fig. n .0 lH)

HOLOCÊNIO - Quatcrnúrio recente ou aluvião em oposição ao Plistocênio ou Quaternário


antigo - último p eríodo elo tôpo ela coluna geológica. É também chamado de época post-
-glacial. Tôdas as espécies atuais estão nêle rcprest•n tadas.
Na divisão do tempo <]Uatemário feita pelos arqueólogos, es te período corresponde ao
neolítico.
Os terrenos holoct\nios são represe ntados p elas rochas de forma ção recente c, muitas
vêzes, contemporâneas elos nossos dias - praias, dunas , res-tingas , terra ços, etc.

HOLOCRISTALINA - Vide estrutura.


HOLOIALINA - Vide estwtura .
HOLOLEUCOCRATICA - rocha na qual há o predom ínio absoluto dos minerais de côr
branca ( holos - inteiramente, leucos :_ branco, cratica - dominante).
HOLOSSIDERITO - o mesmo que siderito, isto é, m etcoTito (vide ) metálico. Oposto
aos assideritos (vide), isto é, meteoritos rochosos.
HOMOCLINAL - conjunto ele camadas que possuem um mergulho regular e na m esma
direção.

DlC:IOKÁHIO GEOLÓCICO-GEO:\[OLIFOLÓG!CO 221


HORIZONTE - diferenciação de côr, de textura e de compos1çao química das diversas
camada!; qu e compõem o solo (vide : solo). Os d iferentes horizontes reunidos constituem o
que se chama pe1jil do solo (Fig. n.0 2J-I).

Jlor izonf• á1 acurnula~à.o

llori zonfe e lu v to.!.

8 Hortzonte i/av i a i.

Jmnilliillm ~
Ro ch a d ec o m posta
c

+ + + ~ + + + + +
Rocha m(;lfrtz.
+ + + + + + + + +
+ + + + + + + 1' +
+ + + t -t + + + +
Fig. n . 0 2H - Perf il ideal d o solo.

HORIZONTE ESTRATIGRÁFICO - camadas definid as pelos seus caracteres paleonto ló-


gicos. Não se deve confundir a noção de horizonte com a de faci es, pois esta engloba si-
mu ltâneamente caracteres litológicos e paleontológicos.
HORIZONTE GEOLóGICO - o me!;mo qu e horizonte est·ratigráfico (vide) .
HORST ou PILAR - parte elevada ou saliente em relação ao re lêvo contígu o. Esta proe-
minência pode ser devida à elevação do terreno por falha escalonada ( Fig. n.0 3H ), ou
ao contrário, por causa do estab elecimento de uma fossa t.ectônica ou graben.

F i ~:. n .0 3H - H orst .

222 DIC IO N..Í. RIO GEOLÓGIC O· CEOMOR FOLÓG !CO


HULHA - costuma-se u&ar êste t ênno para designar a todos os tipos de carvão de pedra
ou carvão 11Uneral (vide). Todavia, em geologia, a hulha é um tipo de carvão mineral,
intermediário entre o antracíto (vide) e o linhito (vide).
HULHA SUB-BETUMINOSA - diz-se da5 camadas mais puras de linhito.
"HUM" - tênno iugoslavo usado para os pequeno9 testemunhos rochosos, de calcário cx is-
tente5 num polié (vide), isto é, numa plaQÍcie cárstica.
HURONIANO - movimento tectônico ocorrido no Arqueano (vide diastrofismo).

IJICION ÁRIO G"EOLÓGICO-GEOMORFOLÓGICO 223


JCEBERG - blocos ele gelo oriundos elos continentes glaciais (geleiras contin entais) . E stas
massas ele gêlo f lu tuante são carregadas p elas correntes mari nha;; e constitu em grandes
p erigos à navegação. A parte qu e fi ca emersa corresponde a uma pequ ena fração , apenas
l / 10 do seu tot al.
A orige m d ê~s es blocos ele gêlo e das ba nquisas é completamente diferente. Os pri-
m eiros são form ados no c:ontinente e q uando penetram no oc:eano são postos a flutuar;
e nqu anto a banq uisa é p roduzida pelo co ngelamento ela própria água dos oceanos come-
ç ando de preferênci,1 junto aos litorais.
O s icebergs, devido ao fa to de se for marem sôbre os continentes, carregam consigo
muito materi al detrítico , o q ua l pode ser depositado, por eaus>a do d egêlo, em regiões
submarinas longe elas que estão suj eitas à glaciação .
ICEFIEL D - o mes mo q ue banquisa ( vide ) , ou campo de gêlo.
IDADE - subdivisão c:ro nológic:a elo tempo inferi or it época ( vide colu11a geológica ) .
IDADE DA TE RRA - avaliação aproximada ou m e~mo hipotética ela duração das diversas
e ras geológicas, isto é, a duração elos diferentes p eríodos d a história fís ica da terra. A
idade ela terra é tomada c:o nsi derando-se, naturalmente, a idade das rochas. Porém, a
noção cl;\ssica d e q ue o reino mi nera l não tem vida, e apenas os reinos animal e vegetal
nascem, crescem, e nvc ll ,eccm c morrem, faz co m qu e não se conceba que a terra também
e nvelheça jú qu e o globo terráqu eo é constituíd o de um conju nto de minerais e êstes não
têm vida.
Vários processos tem sido usados p ara determinação da idade da terra. De modo
geral, êstcs são baseados na fí sic:a, na geologia na astronomi a, q ue conju gados permitimm
as conclusões q ue hoje con hecemos.
Os estu dos físiws servem p ara o globo solidifi cado, a geologia para os e ~tud os da
terra solid ifi cad a com sua a tmosfera envolvente, e a as tronom ia, q uando a terra era u' a
mass·a flu íd a p arti cipante da grand e nebul osa. Quatro m étodos distintos, baseados exclusi-
vamente em fe nômenos geológicos podem ser citados, como os utili zados neste cálculo da
idade da terra: 1 - 7Je1·da de cal o·r do sol e da terra , 2 - exte11são necessária para a acumu-
laç ão dos sedi m ento · e depósitos de sais, 3 - e~-te 11 siio da erosão atra·r;és do passado, 4 -
mdioatividade dos minerais ( urâni o e tório).
O prin1eiro e o terceiro métodos apontados são m uito hipotéti cos. A avaHação da idade
d a terra pelo ~eg u ml o método foi calculada em 100 miU1ões ele anos. O m ais importante
dos cálculos é o basead o no princípio d a radioa ti viclade e que deu como idade aproximada
d a terra c<'· rca de 2 bilhões de anos di stribuídos da seguinte maneira:

E ra C enozóica 60 milhões ele anos


Mesozóica 140
P aleozóica 340
C ri ptozóica . . ... .. . . ... .. . . .. . . . . .. . . . 1 500
( Proterozóica + Arqueozóica) .

224 DICIO N Á lU O GEOLÓG ICO - GEO MO!U~OLÓGI CO


Segundo pesquisas modernas feitas por Rutherford, u&ando o processo da evolução re-
lativa do urânio e de seu isótopo actino-urânio, calculou-se a idade da terra em 3 400 milhões
de anos. ( Vide tempo geo lógico ).
IDIOMóRFICO - diz-se dos minerais que no momento da cristalização conservam formas
próprias. Os minerai& que freqüentemente se apresentam idiomórficos são os fenocristais .
O oposto aos minerais idiomórficos são os alotriomórficos, os q uai s se a presentam nas rochas
sem as sua& formas próprias .
JGAPÓ - denom inação reg ional da Amazô ni a p ara os terrenos q ue fi ca m alaga dos por
ocas1ao dos tra nsbordamentos dos rios, e onde ex i ~te co bertura flore tal. O têm1o do
vernáculo correspondente ao i.e,apó é lezi·ria ou lezi:ra (vide).
IGARAPÉ - denominação dada aos p equenos rios, na g rande Região Norte (Amazôni a).
Corresponde aos a rroios ela região sul. Todavia o volume d 'águ a de um i garapé é, de modo
geral, muito superior ao de um arroio.
íGNEA ( rocha) - vide eruptiva ( roch a ).
ILHA - p orções relativamente pequenas de terras emersas circund adas ele água doce ou
salgada . As ilhas co ns·titu em m assas de terras emersas cuja defini ção é a mes ma qu e e
dá para os co ntin entes . Porém a gran de diferença está no grau da escala 1·eferida, isto é,
na extensão. As ilh as têm gera lmente ex tensões p equenas. A Austrália pode, p or exemplo,
ser considerada co mo o m enor dos continentes ou a ma ior das ilhas. Outra caracterh;ti ca
a ser salientada, é qu e ex istem ilhas cu jas terras es tão ci rcundadas a penas por água doce,
e nquanto os litora is de todos os contin entes estão cercados a penas por água salgad a.
A& ilhas podem se r class ificadas em dois grandes grupos:
I) ilhas continentais ou costeiras :
1 ilhas de erosão
2 ilhas de sedimentação
3 ilhas de erosão e afund amento
4 i lh as de afund amento
5 ilhas residuais
II ) ilhas oceâ11ícas ou isoladas:
l ilha& vul cânicas
2 - ilhas de 01i gem biológica

O es tudo da origem do crescimento e das transform ações do relêvo dessas massas de


rochas que constituem as ilhas é que interessa ao geólogo e ao geomorfólogo . Por con&e-
guinte, p ode-se dizer que a ilha é um a porção de terra cercada de água por todos os lados,
isto é, um a miniatura de um continente.
as chamadas ilh as contin entais ou costeiras incluem -se as ilhas fluvi ais e as lacu stres
além das marítimas ou cos teiras, isto é, que estão próximas da costa. D o ponto de vist~
da extensão, oito são a& m aiores ilhas do mundo (excluindo-se a Austrália ): Groenlândia,
Nova Guin é, Born éu , T erra de Baffin, Madagás-car, Sama tra, Honshu e Bretanha.
Antigaii1ente os comp êndios de geografia costumavam rotular o capítulo do estudo das
ilhas com a denominação de nesografia (vide).
No Brasil p odemos ci tar grande núm ero de ilhas continentais como: Marajó, Ca-
viana, Mexiana, Bailique, Maracá, São Luís, Itamaracá, Governador, Grand e, Santa C atarina,
São Franci&eo, Bananal, etc. Já o núm ero de ilhas oceâni cas é b em m enor. Podemos citar
como exemplo: o arquipél ago de F ernando Noronha, constitu ído d e cinco ilhas: F ernando,
Rata, Rasa, M eio, Lucena ; os rochedos de São Pedro e São Paulo; Trindade, Martim Vaz,
atol d as Rocas, etc.
ILHÉU - ilha p equena co nstituída de rochedos, o mesmo que ilhota.
ILHOTA- o m esmo q ue ilhéu ( vide).
ILUVIAÇÃO - processo que resulta no aparecimento de um hori zonte, co nstituído p or um a
camada compacta. Ao contrário da eluviação, ela receb e as partícula1>, os colóides e as solu-
ções que vêm de cima. A crosta assim form ada é chamada de alias pelos franceses , hardpan
pelos inglêses e ortstein p elos alemães.

DIC.ION ÁRIO GEOLÓGICO - GEOMORFOLÓGI CO 225


JLúVIO - vide solo.
IMPERMEÁVEL - diz-se dos terrenos e rochas que deixam p assar a água com certa difi-
culdade. Nos terrenos impermeáveis, como os argilosos, é freqüente o desenvolvimento de
uma rêde hidrográfica muito ramificada. As rochas mais permeáveis são constituídas pelos
depósitos arenosos.

I CLINAÇÃO - vide mergulho.


INCLINAç_:\o MAGNÉTICA - ângulo que a agulha magnética forma com o plano do
horizonte, pois quando se suspende por um fio uma agulha imantada ela se inclina para
o solo. Isto é de grande importância, pois é um dos métodos da prospecção geofísica
utilizado na pesquisa de jazidas minerais sem1íveis à agulha magnetizada.
INFRA-CRETÃCEO sene de andares compreendidos entre os terrenos do tôpo do Ju-
rássico e os da base do Cretáceo superior.

INFILTRAÇÃO - capacidade de penetração da água das chuvas, devendo-se con~iderar


dois aspectos: o que diz respeito à permeabilidade de 01igem, como é o caso das areias;
e a permeabilidade adquirida, produzida pela fmtura ção e pelas juntas de estratificação.
Como exemplo podemos citar os calcários, ou mesmo os basaltos, diabásios, etc. ( Vide
permeabilidade.)
I NICIAL ( forma) - vide original (forma de relêvo).
INJEÇÃO - o mesmo que intrusão (vide).
IN}EÇÃO ABISSAL - diz-se das penetrações e conwlidações do magma a grandes pro-
fundidades. Porém, em certas circunstâncias a press·ão é tal que o magma se vem conso-
lidar à superfície. Vide abissal (rocha).
I L ANDSIS - espêssas camadas de gelos continentais cobrindo tôdas as fom1as de relêvo,
como ocorre na Groenlândia.
No decorrer das eras geológicas temos exemplos de grandes inlandsis que cobriram, no
antrocolítico, parte do continente de Gondwana. No Pleistoceno vasta capas de gêlo ( in-
landsis) cobriram o norte da Eurásia e da América do Norte.
Atuah11ente imensas calotas glaciais cobrem tôda a Groenlândia, Spitzberg, a Terra de
Francisco José e a Antártida. :ltstes campos de gêlo estão sujeitos a progressões ou recuos
suces ~ivos segundo as estações, escoando-se em direção ao mar.

F ig. n.o 1 I - Na reg ião de Patos, na Paraíba , vê -se uma supe rfície pediplanada, onde surge uma
série de umontanhas-ilhas,, isto é, inselbergues .
• (Foto do CNG)
O nome de inlandsis foi dado primeiramente para os campos de gêlo da Groenlândia
e hoje é extensivo n tôdas as calotas glaciais, cujos aspectos se ap roximem do existente na
Groenlândi a.
INSELBERGUE - denominação usada por Bornhardt para as elevações ill1adas. q ue aparecem
em regiões de clima árido. (Fig. n. 0 1 I) Hoje ês te têrmo está sendo usado de modo con-
fuso por certos geomorfólogos para designar cones vulcânicos, form as de pães-de-açúcar, etc-
Os inselbergues são como q ue resíduos. da pediplanação , em climas áridos quentes
e semi-áridos, à semell1ança dos monadnocks, devidos à peneplainação, em regiões de clima
úmido. Neste particular podemos citar o caso do Prof. De Martonne q ue usou a denomi-
nação de inselbergue na des'<.'ri ção do Itatiaia. Aliás, se ativenno-nos à definição dada
acima, o Itatiaia não deve ser descrito como sendo um inselbe·rgue.
O Prof. ~'ilhelm Kegel ao estudar os serrotes, na região da serra dos Cariris Novos
(Ceará-Piauí) diz que os mesmos form am, em certos casos, ·inselbergues. Conceb e-os
neste caro, como elevações pouco alongadas, e relativamen te ilhadas, cuja evolução se fêz
em função de um sistema de erosão, com o clim a semi-árido.
INSOLAÇÃO - q uantidade de calor enviada pelos raios solares à superfície da terra.
A importância da variação d a amplitude térmica diária, isto é, da insolação, é grande, pois
ela explica o aparecimento de certas formas de relêvo. Nas regiões de grandes contras.tes
diários, como nos desertos, a insolação se faz sentir com mais intensidade.
Na superfíc ie do globo observamos que a insolação vari a com a latitude e a altitude,
pois é produ zida pelos raios solares. Mas outros fhtâret> loca is entram em linha de
conta, sendo a cob ertura vegetal a mais importante. Nas. zonas de florestas, o microclima
aí existente, faz com que o efeito da insolação seja bem menor q ue nas superfícies de
campo, onde a exposição aos raios solares é maior.
1NSUA - denominação usada para as iThas. fluviais ou lacustres de pequena dimensão.
Nos rios meândricos é freq üente o aparecimento temporário dessas ínsuas.
íNSULA - o mesmo qu e ·ínsua (vide).
INTEMPERISMO - conjunto de processos mecamcos, qu umcos e biológicos que ocas.ionam
a desintegração e decomposição das rochas. O uso do têrmo intemperismo tem sido com-
batido, por certos autores, que preferem o de meteorização, pelo fato de mell1or corres-
ponder ao têrmo inglês weathering. Talvez mais feliz que o emprêgo do têrmo meteorização
s.eria o de erosão elementar, tendo em vista que esta constitui a etapa preliminar, ou mesmo,
elementar, na realização de qualquer dos ou tros tipos de erosão .
INTERTIDAL - zona costeira que com-
preende a faixa localizada entre a maré baixa
e a maré alta. Chama-se de Unhas coti.dais •
aquelas que, sôbre um mapa, unem pontos
B A
que apresentam a mesma altura de maré,
num a determinada hora. Vide estrão.
lNTERFLúVIO - pequenas ondu lações que
separam os vales, cujas. vertentes são na ! ++
+ +
+
j
maioria dos casos de form a convexa, co nsti- + + ::., . -::
tuindo pequenas colinas. Fig. n.0 2 I ( Vide -+- + + + + +
areolar (erosão). Fig. n .o 21

INTERFLúVIO DISSIMÉTRICO - pequenas colinas de declives assimétricos que apare-


cem em regiões de es·trutura inclinada, ex. : região do Soiassonais ( França).
INTERZONAL (solo) - vide solo.
INTRACRUSTAL - roch a magmáti ca consolid ada no interior da cros ta .terres tre. ~on~titui
sinônimo de rocha plu.tónica, abissal ou mesmo endógena. As rochas mtracru ta1s sao o
oposto as supracrustais, que se co nsolidam na su perfície da crosta.
INTRATELúRICO - term o aplicado a todos os fenôm enos- e rochas que se originam no
interior do globo terrestre, oposto a extmtelúrico.

DICIONÁRIO CEOLÓGICO-GE O"-IORFOLÓGICO 227


INTRUSÃO - penetração de rochas eruptivas ou em fusão, entre outras formações, ex.:
batólito, !acólito, dique, sill ou filão camada e negue ( neck). Chama-se também a êste
fenômeno de injeção (vide) .
INTRUSÃO MAGMÁTICA - o mesmo que intrusão (vide ).
INTRUSIVA (rochas) - são as produzidas pela intrusão de magma e podem aparecer à
superfície tanto sob a forma de maciços intru$ivos, como também filonar es graças ao trabalho
de erosão (vide intrusão). As rochas intrusivas resu ltaram, por conseguinte, da consolidação
do magma sob a superfíci e.
INVASÃO MARINHA - o mesmo que t·ransgressão marinha (vide) , isto é, o avanço das
águas sôbre as terras emersa9. Os res ultados de uma transgressão marinha podem ser, não
somente um avanço do mar sôbre o continente, como afirmou o Prof. Jacques Bourcart, mas
também um aumento da profundidade para os sedimentos que virão a ser depositados. No
caso inverso, isto é, por ocasião de uma regressão marinha, vai aparecer uma diminuição
de profundidade para os outws s·edimentos que serão depositados. A conseqüência dessa
variação da s profundidades, nos dois casos, será uma mudança no tipo de facies. Estas
oscilações entre c nível das terras e das águas acarretarão também variações climáticas
e modifi cações na flora e na fauna local (Fig. n° 3 I )

Fig. n .o 3 I

INVERSA (falha) - vide falha .


INVERSÃO DO RELÊVO - diz-se das form as outrora proeminentes que, ao sofrerem· o
trabalho de arrasamen to feito pela erosão, se tornam zonas mais baixas. Na9 estruturas
doJ:>radas é que se observa com facilidade a inversão das forn1a s de relêvo (Fig. n.0 4 I).
IPU - denominação dada no Ceará a terrenos alagado9 adjacentes aos serrotes, ou mesmo
a pequenos lagos.
ISOBASE - linha que une os pontos da superfície do globo que tiveram os mesmos levan-
tamentos tectônicos.

228 DICIONÁRIO GEOLÓr.ICO-GEOMORFOL6ciCO


ISóBATA - linha que une os pontos de igual profundidade. As cartas isobáticas ainda
não foram suficientemente exploradas. pelos geógrafos . Uma circunstância também deve
ser apontada, no estudo do relêvo submarino, que é a grande generalização que se faz por
causa do pequeno número de sondagens existentes. Apenas. certas áreas da plataform a
continental têm sido mais bem estudadas, devido a interêsses estratégicos.
ISOCATABASE - linha que liga os pontos de igual abaixamento tectônico.
ISóCLINA - linha que liga os pontos de igual inclinação e igual intensidade magnética.
ISOCLINAL - conjunto de camadas ou de dobras que se orientam com a mesma inclinação.
ISOGEOTÉRMICA - linha que une os pontos de igual temperatura interna do globo
terrestre. Não se deve confundir com isotermas, isto é, linhas que ligam os pontos de
igual temperatura média, na superfície do globo terrestre.
JSóGONA - linha que liga os pontos da mesma declinação magnéti ca. Isto advém do
fato de que a agulha não se orienta segundo o meridiano. O ângulo que a agulha forma
com o meridiano d o lugar chama-se declinação.
ISOlPSA - linha que liga os pontos de igual altitude, situados acima do nível do mar.
O mesmo que curva de nível. (Fig. n.0 51). Considerando-se as isoípsas. de 100, 200, 300,
600, 900, l 500 e 3 000 m, determinadas no mapa hipsom étrico, o relêvo do Brasil pode
ser expresso através dos ooguintes dados altimétri cos:

ALTITUDES Área em km2

Até 100 m ........ . .. 1 902 735


De 101a 200 m .. . 1 574 475
D e 201 a 300 m . 1 463 770
De 301 a 600 m .. . .. ... . . . 2 331 361
De 601a 900 m . 979 562
D e 901 a 1 500 m ... 254886
Acima de 1 500 m ... 9248

BRASIL . 8 516 037

FONTE : Anuário Es tatís tico do IBGE - 1949. f:s tes d ados d e medida de á reas hi psom étri cas
não foram mai< a tu alizad os pelo IBGE. Atu a lm ente a á rea do Bras il é de 8 511 965 km 2 •

ISOSISTA - linha que liga os pontos de igual intensidade sísm ica, dispo ndo-s-e em form a
concêntrica, ou irregularmente, ao redor do epicentro (vide).
ISóSTASE - grafi a usada em Portugal para isostasia ( vide) .
ISOSTASIA - teoria devida a Pratt, em 1869, e aperfeiçoada por H ayford , em 1909,
segundo a qual a terra tende a tomar permanentemen te uma form a de eq uilíbrio isostáti co,

Fig:. n.o 4 I - Rel ê vo com comêço de inversão d evido ao afundamento de dois va les de anticlinais ficando
em destaque o sinclinal.

DICIONÁIUO GEOLÓGICO-GEOMORFOLÓGICO 229


400

FIGURAR EM CURVAS OE N{VEL U"' V.t.LE PROFUNDA"'ENTE ENCAIXADO ENTRE


DUAS MONTAN~AS ALINHADAS NA DIREÇÃO NOROESTE-SUDOESTE . O fUNDO
00 VALE ESTÁ A 490 NETROS, SOlDO QUE A ELE V.t.ÇÃO POSSU[ 850 WE -
·TROS O ALTO OA ELEVAÇÃO TOPO É SUA V EMENTE ONDULADA .

EQUIOISTANCIA DAS CURV.t.S: 50 NETROS ESC . li E R T. : I


~

•o o

•o o

400

300

zoo

'00

I
000 400

Fig. n.o 5 I

230 DJCJON ,\. Rio GEOLÓGICO- GEOMOHFOLÓGICO


i;;to é, de co mpensação de pressões. Quando se fa z um a sobreca r~a numa regtao a massa
de sial é obrigada a p enetrar no sima. Como compensação outras regiões próximas sofrem ,
necessàriamente, uma elevação .
O trabalho erosivo dos agentes externos modeladores da p aisagem destroem os pontos
altos elo relêvo, carregando o& detritos para os rios e êstes, algumas vêzes, para os oceanos.
Haciocinando com a teoria isostática, a tendência normal é para um s0erguim ento lento da
litosfera devido ao con tínuo desbastamento reali zado pela erosão.
O escudo escandin avo, "por exemplo, qu e no Quaternúri o foi cobeito co m espêssa capa
de gêlo teve um a sobrecarga que lhe forçou certo abaixam ento. D epois da retirada dos
glacwre8, êste movimento suave de descida não foi estancado repentin amente e continuou
a se proce&sa r. Atu almente assistimos a um soerguim ento lento q ue se es t{• processando no
ritmo de 1 metro por século.
Ê sse equilíbrio isostático se verifi ca porque a litosfera é co mpos ta de sili ca tos alu mi-
nosos, que flutu a m sôbre silicatos mag nesianos, ma is pesados (s im a ) . O vodbulo iso.stas·ia
vem do grego e signifi ca equilíb·rio de pressão, equilíbrio estát·ico . A isostasi.a é o nível,
pôsto em eq uilíbri o, para o qua l a gravidade tende a redu zir um corpo planetário, q uer
seja homogêneo ou não. Se o globo terres tre fôsse ele com;titui ção homogênell, sua figura
seri a de um elip óide de revolu ão p erfeito. Todavia, sendo heterogêneo, existe acú rnulo
ele materi al nas partes menos densas, e depressão nas partes m ais dens·as.
A fase ela hipótese ela isostasia está nas diferenças·, no va lor ela intensidade da gravi-
dade, qu e é maior nas bacias oceânicas e menor nos maciços continentais; mai01 nas mon-
tanh as ve U1 as (desgastada;) e menor nas mo ntanhas jovens.
D e form a muito esqu emática, pode-se compar ar a crosta terres tre co mo constituí da de
uma séri e de blocos siálicos, flutuando sôbre o sima. Pode-se a&Semelh ar com um conjunto
de embarcações que ao sere111 carregadas ele materi al, afundam-se, cm relação à linha de
flutu ação. Estas m es mas embarcações ao serem descarregadas, elevam-se à primitiva linha
de flutuação.
No caso dos blocos siá licos, o eq uilibrio isos táti co é também feito em fu nção ela ca1·ga
(a um ento ele depós·ito) ou da desnudação ( retirada de materi al ), conseqüente d im ;nui ção
ele pêso e nôvo reaju stam ento isos táti co se reali za .
Isos tasia é, p ortanto, uma condi ção ele equilíbrio qu e se realiza entl'e as diversas partes
ela crosta terres tre. É o equilíbrio fund amental entre a9 m assas conti nentais e oce âni ch~.
Os blocos siá licos emergem, tanto mais alto quanto mais leve forem. O têrmo isostasia
foi proposto pelo geólogo C . E. Dutton, em 1889, para a t eoria do equi.líbrio gm vit,ltivo
entre superfícies co ntíguas, relativamente extensas, de altitudes dife,·entes.
Na realidade o eq uilíbrio se verifi a entre os blocos ele espess ura diferente e, como
o fluíd o não é comparável à água, possuindo grande viscosidade, não tem urn equi.líhrio
hidrostática, mas sim um equilíbrio isostático. O eq uilíbri o elos blocos, no entanto, se
iguala a uma profundidad e ele 60 km - sttperf'ície de compensaçtio isostática. L eo n Moret
em seu Précis d e Géologie diz que es ta compensação eleve ser reali zada num a ca mada
ele aproximadamente 300 km de es pessura, baseado nos trabalhos de Pratt. As m e did a~
recentes ele Hayforcl colocam a 113 km e Bowie 96 km.
A teoria da isostasia admite que cones ele abe1iura igual, com o vérti ce no centro ela
Terra, co ntêm massas iguais, seja qual fôr a altitude ela form a ela superfíc ie topográfica .
Abai,xo da superfície d e compensação isostática, no di zer ele D erru au, "a 1·epartição
ela massa é regulad a, segundo um a di sposição em zo nas concêntri cas" ( P1·écis de Géom or-
/)110/ogie - púg. 26).
Para Airy, a superfí cie ele compensação isos táti ca não existe, ela é profundamente
irregular. Está, como já vimos, em fun ção da densidade elo materi al. Para Pratt e H ay ford ,
os blocos de materi a l de densidade diferente, em relação ao bloco contíguo, parte da su-
perfície de compensação qu e é unHorm e.
O equilíbrio isostáUco da supe1jíc ie pode ser ,·ompido :

1 Quando se dá a forma ção ele um a cadeia ele montanha.


2 Se a oros·ão torn ar-se muito vigorosa num ponto da crosta carrega ndo grande
qu antid ad e de material (desnudação).
3 Se um reaq uecimento fi zer fundir um a calota g lac ial ( glác io-isos táti co).

Dlf'I OK ,\ RJQ GEO LÓC ICO-CEOMORFOLÓ C ICO 231


O restabelecimento do equilíbrio se fará por movimentos verticais. O bloco tornado
mais leve se levantará, e o bloco sobrecarregado se afundará. :ll:ste reequilíbrio deve estar
ligado a movimentos intracorticais de matérias fluidas.
As anomalias da gra vidade põem em evidência a diminuição geral da mesma nas
regiões montanhosas e um aum ento nos meios oceânicos .
Estas anomalias são explicadas pelo fato de a constituição do globo terres tre ser muito
heterogênea. Medidas feitas por Pratt, em 1&85, na cadeia do Himalaia (planície Indo-Gan-
gética - ( Kaliane - Kaliampur ) mostraram que o desvio registrado não correspondia aos
cálculos teóricos sendo bem menor do que se poderia esperar em montanhas daquela
elevação e daquele porte. Nas ilhas oceânicas isoladas, é superior, próximo dos litorais e,
em geral, pouco diferente da calculada teoricamente.
As anomalias locais são aproveitadas na prospecção geofísica de jazidas min erais·, e
de estruturas geológicas, tais como, anticlinais, etc. O estudo das anomalias da gravidade
vai nos dar precisão oobre a estrutura da parte superficial da crosta terrestre, como afirm a
Max Derruau. ( Précis de C éomorphologie - pág. 25) .
Para satisfazer o seu equilíbrio, as partes mais densas, têm, menos material e, as
partes menos d ensas, vão formar as elevações montanhosas. A tendência da erosão é des-
gastar as partes altas e depos-itar nas depressões, pela sedimentação. A conseqüência dêsse
deslocamento d e material é que no restabelecimento do equilíbrio, há a movimentação,
repelindo para os continentes o seu conteúdo e, conseqüentemente, a formação de montanhas,
provocada pelo empuxo unilateral.
G. B. Airy, astrónomo inglês, para explicar a anomalia da gravidade diz : "Podia-se
encontrar uma justificativa, na existência de "raízes" sob os maciços montanhosos, tal como
se êstes flutu assem no magma subjacente (de densidade maior que a litosfera), sendo. a
parte imersa no magma tanto mais profunda, quanto mais alta a montanha. Haveria assim
uma compensação p arci al, entre a atração da montanha e defi ciência de atração, resultante
da menor densidade da raiz em comparação com o magma" ( Lysandro Vianna Rodriguez
O problema do datum geodésico - págs. 38/39).
A isostas·ia, por si só, não parece suficiente para expHcar a formação das montanha"·· Mas ,
somente, para provocar a elevação de certas áreas da crosta terrestre (Movimentos epiro-
genéticos). No caso da península es-candinava, ela foi no Quaternário, coberta por um
inlandsis de 1 500 a 2 000 metros de espessura. Sob o pêso do gêlo processou-se um afun-
damento da península escandinava segundo os cálculos de Rudzk , o inlandsis da Escan-
dinávia teria abaixado o continente de 930 metros. Com a fusão do gêlo e a erosão gla-
ciária, o bloco continental perdeu aquela sobrecarga tornando-se, então, ]11ais leve. Conse-
qüentemente co meçou a soerguer-se para que fóss e restabelecido o equilíbrio is-ostático.
E, segundo as medidas realizadas, êsse levantamento é de 20 centímetros por século, na
entrada do gólfo da Finlândia e 1 metro, no fundo do gólfo de Bótnia. Em conseqüência
dêste fato , as constru ções portuárias foram feitas, levando em conta, êste levantamento.
E , por várias vêzes, tiveram as mes-mas que ser deslocadas.
Há vários argumentos a favor da existência da ísostasia:
1 - E~tratigráfico - a geologia estratigráfica prova que os processos erosivos.
embora cíclicos foram, no passado , pràticamente iguais ao presente ( Atualis-
mo). Neste caso, se não fóra a isostasia, desde há muito que todo o globo
te rráqu eo estaria coberto por uma capa hídrica contínua, de 3 km de altura.
2 - Paleogeográfico - a distribuição geográfica e es tratigráfica das rochas sedi-
m entares e dos fóss ei9, através dos tempos, tem sido variada. Áreas de terras
firmes, temporàriamente, sofreram transgressões marinhas, e posteriormente,
tornaram-se emersas. A peneplanação de uma área leva a perder o equilíbrio
isostático e, muitas vêzes, o conseqüente levantamento de fundo epirogené-
ti co para a estabilização do equilíbrio antigo - relevos policíclicos em plata-
forma s cristalinas.
Ru y Ozório de Freitas diz : "O peneplano, fisiogràficamente, aparece
como forma topográfica de equilíbrio entre a estrutura, a natureza da rocha
e a erosão, porém francamente de deseq uilíbrio isostático por ter se tornado
uma área leve de um compartim ento da crosta" ( "Relevos policíclicos na
tectónica do escudo brasileiro" - Bol. Paulista de Geografia n. 0 7 - pág. 3).
3 - Estrutu-ral - a história geológica da região do Grande Cafión do Colorado,
onde há um empilhamento estrati gráfico de sedimentos marinhos do Cam-

:232 DICIONÁRIO GEOLÓG ICO - GEOMORFOLÓGICO


briano ao Cenozóico. Nestas camadas existem inúmeras discordâncias, que
provam repetidos períodos de leva ntamento com desnudação e, novos de-
pósitos.
Os calcários marinhos do Pérmico que hoje formam os bordos do Grande
Cai'ión es tão estratigràficamente há 3 200 metros acima das forma ções cam-
brianas marinhas, na base do Paleozóico. E stas form ações, agora bem acima
du nível do mar, deveri am ter estado a 1 600 metros abaixo dêsse nível,
no tempo em que se acumularam 0 9 sedimentos marinhos do Pérmico.
4 - Geom árfico - os peneplanos soerguidos em busca de um nôvo equ ilíbrio
isos tático.

Veiamos algumas obieções à isostasia:


1 Contraste entre a grande regul aridade d a ação isostática com a irregularidade
da orogênese.
2 A isosta ia não é capaz de explicar a contemporaneidade das grandes cadeias
do globo e, particularmente, a extrema complexidade do seu traçado, de
sua es trutura e de suas ramificações.

ISTMO - es treita faixa de terra situada entre dois mares, correspondendo, de modo geral,
a wn a zona onde se verificou um afundamento do solo, ou ao contrário, uma invasão do
mar. O trabalho de rasgamento de um braço de terra dêsse tipo - construção de um
canal pelo homem, pode fa zer com que grande economia de tempo seja conseguida pelos
navios, ex. : canal de Suez, Panamá, etc.
lTABIRITO - quartzito hematítico, ro cha metamórfica, xistosa, constituída de grãos de
quartzo e palhêtas de hematita micácea. Ocorre no Brasil na forma ção Itabira, da série
Minas, do Pré-Cambriano Superior. Os itabiritos menos silicosos constituem bom minério
de ferro. Pela p erda total do quartzo passam a hemati ta pura. A substituição metassomá-
tica da silica pelo óxido férrico dá lugar aos; maciços de hematita com pacta q ue formam ,
em Minas Gerais, os proeminentes picos de Itabirito (I tabira do Campo ), Ca uê ( Itabira
do Mato Dentro ), Conceição, Mutuca , Jangada, etc. As reservas itab iríticas do quadri lá-
Lero ferrífero, MG, somam entre 50 e 100 bi lhões de toneladas, e estão entre as m aiores
do mundo.
ITACOLOMITO - q uartzo flexível, no qua !aparecem lâminas de mi ca . Esta rocha de
coloração branca é muito flex ível, sendo encontrada, principalmente, no Brasil e, sobretu-
do, no estado de Minas Gerais.
"ITAIMBÉ ou TAIMBÉ: - denomi nação dada para os grandes abruptos d a "serra" Gear!
no sul do Brasil. Tamb ém usam o têrmo aparado ( vide) para êstes escarpamentos.
ITAIP AV A - de nominação usada em certos estados do Brasil, como sinônimo de co rredeira ,
cachoeira ou salto. No es tado do Pará, há mesmo uma corredeira no rio Xingu com o nome
de Jtaipava.
ITAPIOCANGA - o mesmo que canga ou laterit o (vide)
"ITARANA" - denominação regional dos la.teri.tos (vide) no município de Marapanim, na
zona do Salgado, es tado do Pará.

DIC! ON..\mo G'EOLÓC ICO-r.EO~ J O H FO L ÓC J CO 23:3


JACUTINGA - têrmo usado por grande número de autores para a hematita p ulveru.lenta .
( Fig. n. 0 4G) O têrmo jacuti.nga tem sido usado, no entanto, com um sentido vago, por
vários geólogos que têm es tudado as jazidas de minério de ferro, no estado de Minas
Gerais. Hoje ca rece ele significação precisa, logo deve ser abandonado pela literatura
científica.
JANELA TECTÕNICA - abertura escavada pela erosão num lençol de arrastamento
(nap pe de clwrriage) ou em dobras deitadas ou ainda inclinadas, permitindo ao obesrvaclor
ver o substrato ou a exis·tência ele camadas m ais recentes, sob mais anti gas (Fig. n. 0 lJ} .
+
+ +
+ +
+ + +
+ + + + +
+ + + + +
++++++
++++++
+ + + + + + +
+ + ++++++
+ + + + + + ++ + + + + +
+ + + + + + + + + + + + + + +
Fig. n .o lJ - Observamos uma dobra deitada, que recobriu 1>arte de rochas eruptivas. Uma grande
janela foi abe rta na estrutura dobrada que nos permite observar a rocha cristalina que lhe está abaixo -
Na parte dire ita d a ilustração vemos un 1 resto da parte terminal do dobramento <JUC no' ntomento do
deslocament o foi represado pe lo pequeno pilar aí existente.

Êste fenômeno geológico é de grande importância nos estudos morfológicos das regiões
dobradas, como os Alpes, Himalaia, Aneles etc.
JASPE - calceclônia impura ele côres variadas, sendo a vermelha a mais comum. As prin-
cipais. variedades são: jaspe vermelho - contém sesquióxido de ferro qu e lhe dá tal colo-
rido; jaspe roxo, amarelo, negro, p edra ela Iídia ou lidita, que é a p edra de toque elos
joalheiros, muito dura e opaca. Costuma-se ainda chamar ele jas.pe, à argila carregada ele
sílica, que se torna dura e compacta.
JAZIDA MINERAL - ocorrência anormal ele minerais co nst ituindo um depósito natural
que existe co ncentrado em certos pontos ela superfície elo globo terres tre. Consideram-se
assim, tôdas as substâncias minerais ele ori gem natural, mesmo as de origem orgânica, como :
carvão, petról eo, calcário, etc.
As jazidas podem ser classificadas segundo a sua origem, o seu aproveitamento, a sua
proftmdidade, etc.
Segundo a origem podem ser divididas do segu inte modo :
A) Or·igem magmática :
1 Ortomagmáti ca
2 Pneumatolítica ( pegmatíti ca )
3 Hidroterm al

234 DlC ION ,uuo G"EOLÓ GI CO - CEO MORFOLÓGI CO


B) Origem sedimentar.
C) Origem m etamó-rfica.
D) Origem m etasso mática.
As jazidas magm dticas são também chamadas de filonares ou i.nt-rusivas, de vido ao fato
do seu jazimento ser em forma de filao incrustado ou intrusivo, isto é, cortando as rochas.
Quanto à profundidade as jazidas podem ser dividid as em : 1 - jazidas superficiais,
2 - jazidas profu.ndas.
As jazidas de min erais não têm grande significado no qu e tan ge às formas de relêvo.
Geralmente são áreas res tritas e pouco extensas. A sua maior importância é no que diz
respeito à geologia econômica por ca usa do valor comercial ou da utilização que podem
fornecer certos minerais e rochas.
A ocorrência de jazidas de diamantes e ouro no Bras il, por exemplo, teve importância
históri ca no povoamento e nos ciclos eco n ô mi co~, q ue o pa ís atravesso u (século XVIJI).
JOVEM - denomin ação usada, por certos geógrafos e geólogos, ao aplicarem a terminologia
de Davi , q uando descrevem os. diferentes asp ectos do relêvo ou da hidro grafi a. (Fig. n. 0 2 J)
Costuma-se empregar o têrm o jovem para as form as. de relêvo áspero e pouco desgas-
tado pela erosão, ex. : os picos d a~ cadeias terciárias. a descrição da rêde hidrográfica a
fase da juventude é caracterizad a pela existência de um grande níun ero de corredeiras,
vertentes íngremes e falta de regularização do perfil longitudinal e transversal do rio . Por
co nseguinte, a fa se da juventud e é ca racteri zada p elo predomínio do escavamento verti cal
no leito elos rios. ( Vide ciclo de erosão do relêvo) .

Fig. n . o 2J - No pri_me iro bloco vêem-se as formas agudas do relêvo jove m. No segundo bloco, tôdas
as saliê-ncias já estão arrasadas pela erosão, relêvo maduro.

JU TA - co ntato de uma ca mada com outra. Nas rochas estratifi cadas e, principalmente,
nas de natureza sedim entar se observa ~ue as juntas são da máxima importância para se
e~tud ar o ritmo da sedimentação e a separação d a natureza elo materi al depositado. O têrmo
junta, também, é usado às vêzes para significar as fendas, as frattlra s ou di áclases encon-
tradas na rochas (Vide diáclase)
JUNTA DE ACAMAMENTO - coincide co m os planos de estrati.ficaçâo (vide estratifi-
caçün, plano de ).
JUNTA ESTRATIGRÁFICA - o mesmo qu e ju.nta de acamam ento ou planos de estratifi-
caçân ( vide estmti fic ação, plano de) . São os interstí cos existentes entre as camadas ou
estratos concordantes, que podem ser originadoS> pela variação no tipo ele sedimentação.
JURÁS SICO - compreende os terrenos elo Mesozóico situ ados entre o Triáss ico e o Cretáceo.
Foi no maciço do Jura, na França, onde se encontrou a me lhor coluna de terrenos dêsse
período, daí o seu nome. Na Franç-a e na Inglaterra os depósitos dêsse período são muito
espessos.
A vi da no Jurássico é caracterizad a pelo máximo desenvolvimento dos répteis em di-
versidad e e ta manh o. Êsses répteis eram extremamente especializados em suas fun ções e
adaptados a diversos hábitos de vida.

DICI ONAmo GEOLÓG I CO - GEOMORFOLÓG! CO 235


Entre os grandes répteis terre~tres do grupo dos Dinosauros, distingue-se: Triceratops,
Iguanodon, Atlantossauro, Brontossau.ro, Ceratossauro, Alossauro, Megalossauro e Tiranossauro,
entre o~ voadores os Pterodactilos e Ptem.n odon e entre os marinhos os Ictiossauros e Plesios-
sauros.
Verifica-se o aparecimento das primeiras aves, entre as quais a Archueopterix, encontrada
em Solenhofen na Baviera, com caracteres de réptil, gigante~a e com dentes.
Do ponto de vista da flora, há o desenvolvimento das cicadáceas e abundância de
coníferas, sobretudo do tipo Araucária.
A paleogeografia dos ten enos do Jurássico revela importante modificação no conti-
nente austral, com a fragmentação do continente de Gondwana.
No Brasil, não há nenhuma indicação segura da existência de ten enos jurássicos, devido
à ausência de fósseis. As formações Uberaba ( Minas Gerais ) e Caiuá ( São Paulo ) são
colocadas de maneira duvidosa neste período.
Alguns. admitem que as erupções de rochas alcalinas que aparecem, em pequenas
áreas, são dêste p eríodo. Entre essas rochas alcalinas predominam os sienitos nefelínicos
ou fonólitos , tinguaítos, etc. Alguns afloramentos aparecem no Itatiaia, nas divisas
de Minas Gerais como o estado do Rio de Janeiro; nas ilhas Trindade e F ernando de
Noronha, nos rochedos São Pedro e São Paulo; em Cabo Frio e no Tinguá, no estado do
Rio de Janeiro ; em Minas Gerai9, em Araxá e Poços de Caldas; e nas divisas do estado
do Rio de Janeiro com o e~tado da Guanabara, em Jericinó - Medanha, e em São
Paulo, em Ipanema.
JUVENIL - o mesmo que água de origem magmática, isto é, águas qu e não participam
do ciclo hidrológico.
JUSANTE - denomina-se a uma área que fica abaixo de outra, ao se considerar a con ente
fluvial pela qual é banhada. Costuma-se também empregar a expressão ·relêvo de fti.Sante
ao se descrever uma região que es tá numa pos.ição mais baixa, em relação ao ponto con-
siderado. O oposto de fusant e é montante.

'

236 DICJON ÁRIO GEOLÓGJCO -CEOMORFOLÓGI CO


.


KARREN ou SCHRALTEN - terminologia germâni ca para os lapiás (vide) qu e no Jura
são regionalmente chamados de rascles.
KARST - topografi a típica de terrenos calcári os como os que aparecem a noroeste da pe-
nínsul a balcâni ca. E ~ta designação foi tomada da região de Cartso, no Adriáti co. Karst -
grafi a iugos lava de carste (vide) .
KATAZONA - grafi a antiga do tênno catazo1w (vide).
KEEWA TIANA - um a das épocas em qu e se divide o Arquea no, da Améri ca do Norte.
KEUPER - di visão do T riássico superior dos terrenos europeus, situados acima dos do
Muschelkalk.
KIESELGUHR - denominação alemã, a dotada por alguns autores, para o cliatomito (vide).
KILARNEANA - revolu ção orogenética ocorrida no fim do I'Toterozóico da Améri ca do
Norte. As revoluções orogenéti cas L aurenciana, Algom aniana e Kil arn eana fo ram as res-
ponsávei pela formação de cadeias de montanhas da era Proterozóica da América do orte
(engloba os períodos Arq ueano e Algonquiano ).
KIMBERLITO - breccia p eridotítica encontrada em Kimberley, na Afri ca do Sul, da qual
é extraído o diama nte.
KNICK - ângulo form ado pelo sopé do i·11selbergue ( vide) co m a supedície topográ ~i ca de
um pedim ento ou de um pediplnn o ( vide).
KUM - denominação dada na Asia, para as grand es ex t en ~ões de areia, nos desertos. O
mes mo que erg - árab e. ( Vide deserto ele m·eia ).
KUNZITA - varied ade da espoclumênio (silicato duplo de alumínio e lítio) de côr lilás,
rosa, ou mesmo incolor, usada pelos joalheiro .

DICION.UUO G'EOL ÓG ICO-GEOMOR FO LÓGI CO 237


LABRADORITA - Feldspato do tipo plagioclásio, intermed iário na sen e de Tchermak,
entre a andesita e a bytownita.. É um silicato duplo de alumin a e cálcio con tendo p equena
proporção de soda.
Aparece, geralmente, nas rochas. eruptivas básicas como : basaltos, doleritos, etc. Êste
mineral é aproveitado nas joalherias.
LABRADORITO ou PóRFIRO LABRADORíTICO varieda des de basaltos ou meláfiros
que não poss-uem olivina .
LACóLITO - intrusão na q ual há um estr·eita mento inferior e um alargamento concordante
na massa superior constituindo, algumas vêzes, verdadeiros lençóis-camad as, no es paço entre
os estratos. O !acólito é pôs-to a afl orar devido à erosão e tem a aparência de um "lago de
pedra", daí o nome propos-to por G. K. Gilbert. Os !acólitos são também chamados de
vulcões frust_os (fi g. n.0 lL ). No continente europeu são pouco numerosos, e mais fre-
qüentes na Africa do Sul e na América do Norte. Na Fra nça, um dos mais célebres !acó-
litos é o de Dramont, perto de São Rafael ( Var ) .

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+
+ t + +
+ + + + + +
F ig . n .0 l L L ac6li tos são as intrusões n as quais h á twl estre itamento inie ri ot
e um alarga1nento na 1.n assa superior constituindo alg umas v êzes verdadeiros
lençóis- camadas no espaço e ntre os estratos. O !acóli to pôsto a afl orar devido à
erosão dá a aparência de um "l ago de pe dra", do nde o seu nome.

LACUNA ESTRATIGRÁFICA ou HIATO - falta de um a camada na séri e normal dos


terrenos. Podemos ter dois tipos: 1 - Lacuna de sedim entação; 2 - Lacuna de erosão.

2-38 DICIONÁ RIO GEOLÓGICO- GEOJ\ [QRFOLÓGI CO


No caso da fi gura, ( Fig. n.0 2L ) observamos que na parte esqu erda do corte há um a lacu na,
pois a camada II não está representada. Esta camada pode ter sido d epositada, e posterior·
mente, a erosão tê-la carregado, não deLxando vestígios, mas também, pode nun ca ter sido
depositada.

]JL:-·

I
Fig. n.o 2L - Lacuna estratigráfica .

LACUSTRE (sedimento ) diz-se dm; depósitos detríticas ou ele restos orga mcos acumu·
lados em anti gos lagos. É através do estudo da faci es q ue podemos determin ar a origem ela
rocha sedimentar.
LADEIRA - têrmo descritivo usado, com pouca freqüência, em geomorfol ogia, para designar
terreno inclinado ele uma encosta, ou melhor, de um a eleva ão do relevo.
LAGO - depressões do solo produzidas por ca usas- diversas e cheias de águas confinadas,
mais ou menos tranqüilas, pois dependem da área ocupada pcla9 mes mas. As fo rmas, as
profundidades e as extensões dos lagos são muito variáveis. Geralmente são alün entados por
um, ou mais rios afluentes. PosSouem tamb ém 1·ios emissários o q ue evita o seu transborda-
mento. Os lagos são mais freqüentes nas regiões montanhosas e no hemisfério norte.
Quanto à origem os lagos podem ser : lagos tectônicos, v ulcânicos, residuais, de erosâo,
de barragem , ( Fig. n .0 3 L ) mistos, etc.
Quanto ao regime os lagos podem ser ele caráter tempo rário ou permanente.
Os lagos situados na borda litorânea, que possuem ligações com o oceano são, geral-
mente, cham ados de lagoas, ex.: lagoa dos Patos, Mirim , Rodri go de Freitas·, etc. ( Vide
lagoa).
Pode-se, então, dizer que um lago é uma vasta extensão de água confinada, cercada
de terra por todos os lados. As lagoas podem também ter água salobra ou mesmo salgada.
Ao passo q ue os lagos têm mais comumente água doce, embora exi9tam lagos ele água
salgada como é o caso do chamado lago Salgado, no oeste dos Es tados Unidos.
Na Finlândia, encontramos um grande número ele lagos de barragem glaciária, bem
como de erosão provocada p elas geleiras. Contam-se 35 500 lagos na Finlândia, e aparecem
mais densos, na área compreendida pelos paralelos de 61° e 62° ele latitude norte.

LAGO DE CRATERA acum ulação de água que aparece nas crateras dos vulcões (vide
c ratem ). Ésse tipo de lago tem, geralmente, pouca duração, pois, não possui rios afluentes,
e vive na depend ência exclusiva da água das chu vas.
LAGOA - depressão de formas variadas - principalmente tendendo a circul ares de
profundid ades pequenas, e cheias ele água doce ou salgada.
As lagoas podem ser defin idas como lagos ele peq uena ex tens·ão e profundidade.
Algumas lagoas são temporárias e existem apenas na es tação das águas, h·ansforman.
do -se em pasto~ por ocasião ela estação sêca. A tendência natural dessas lagoas é o seu
enchimento, isto é, sua colmatagem . Muito comum é reservarmos a denominação . lagoJ
para as lagun as situadas nas bord as litorânea , q ue possuem ligações. com o ocea no, ex.:
lago as dos P atos e Mirim , no cstnclo do Hio Grande elo Sul c Hocl n go de Freitas ( Fig.
n.0 4L ), no es tado da Guanabara.
LAGOA EM CRESCENTE ou FERH ADURA - peq uenas depressões cheias de águ a, a9
r1uais aparecem no leito maior elos rios c res ultam de um sacado ( vide).

DIC !ONÁRIO GEOLÓG I CO-GEOMOHFOLÓGICO 239


Fig. n.o 3L Aspecto da paisagem da floresta hileiana, (sul d a Amazônia), vendo-se pequeno lago de
barragem e a formação de ilhas aluviais no leito do rio Teles Pires, nos limites do estado do Pará
con1 Mato Grosso.
(Foto do CNG)

LAGOA EM FERRADURA - o mesmo que lagoa em crescente (vide).


LAGUNA - depressão contendo água salobra ou salgada, localizada na borda litorânea
A separação das águas da laguna dag do mar pode-se fazer por um obstáculo mais ou
menos efetivo, mas não é rara a existência de canais, pondo em comunicação as duas águas.
J a maioria das vêzes, se usa erradamente o têm1o lagoa (vide) ao invés de laguna.

LAJEADO - afloramento de rocha sã na superfície do solo, constituindo uma área de


extensão variável.
LAMA - o mesmo que vasa (vide).
I,AMA GULOSA - denominação regional dada às vasas no litoral amapaense.
LAMAÇAL - diz-se das áreas de terreno encharcado pelas águas das chuvas, ou mesmo
pala inundação de zonas marginais a um rio, a um lago, etc. Lamaçal é sinônimo de
leziria ( vide).

Fig. n. 0 4L - Aspecto do relêvo da zona sul da cidade do Rio de Janeiro. Do ponto de vista geológico
observam-se dois tipos dominantes de estruturas: 1 - alinhamento de serras e pontões, 2 - as antigas
restingas formando a área da planície. A lagoa Rodrigo de Freitas é resultado de um processo d e 7,~
barragens devidas à justaposição de restingas sucessivas. Observe-se ainda a importância da ponta do
Arpoador entre as praias de Copacabana e a de Ipanema.

240 DICIONÁRIO GEOLÓGICO-GEOMORFOLÓGICO


Fig. n. 0 5L - Flexura ou dobra tnonoclinal.

LAMEIR.~O - denominação regional, dada no baixo rio São Francisco aos solos arenosos
e argilosos, que são aproveitados com a rizicultura.
LAMELA - têrmo pouco usado como sinônimo de camada· (vide).
LAMINAGEM - adelgaçamento das camadas por ocasião de um dobramento. :ll:ste fenô-
meno é mais fácil de . ser observado nas flexuras ou dobras monoclinais . (Fig. n. 0 5L ). Do
ponto de vista geomorfológico, o aspecto topográfico é, mais ou menos, semelhante ao de
um escarpamento de falha. Porém, o exame da estrutura das camadas, imediatamente
revela a existência de continuidade dos estratos, tratando-se, apenas, de um desnível sem
ruptura, por causa da plasticidade das camadas.
LAPA - denominação dada em alguns estados e, principalmente, em Minas. Gerais, a cavi-
dad e9 ou grutas que aparecem nas encostas das rochas. Usa-se, também, esta denominação
para o chão de u'a mina -em exploração. O teta da mina chama-se capa e as partes
laterais pés direitos.
O têrmo lapa é usado ainda para designar, por vêzes, o afloramento de roch ~s de
superfície chata que aparecem na borda do litoral, nas marés vazantes.
LAPIDIFICAÇÃO - vide díagênese.
LAPIÃS - caneluras ou regos paralelos que entalham a s·uperfície das rochas. É um fenô-
-meno próprio d as rochas solúveis cou1o o calcário, gipsito, etc. Fato análogo pode ser obser-
V-ado, porém, nos arenitos, e mesmo em certos granitos, o que prova que estas rochas podem
ser, em certos casos, sensíveis à corros·ão química e lavagem feitas pelo escoamento super-
ficial das. águas . ( Figs. ns. 6L e 7L )

Lapiós (colcorio)
FiJI:. n.o 6L

Os lapiás são mais comuns e mais bem estudados nas rochas calcárias. No Brasil, po-
demo9 observar, em certos granitos e gnaisses que a superfície das rochas é cortada, por
la pi ás (Fig. n. 0 7C) , como, por exemplo, na ilha do Tatu, na baía de Sepetiba. Algumas
vêzes, a instalação dêsses lapiás se faz por meio da rêde de diáclases existentes na rocha.
Por conseguinte, estas caneluras na superfície horizontal resultam de decomposição quí-
mica realizada pelos agentes exógenos ao longo das diáclases. É freqüente no cruzamento
das diáclases aparecerem mesmo, pequenos alvéolos•. Geralmente, nesses lapiás se encontra
uma vegetação de musgos, líquens e às vêzes, pequenos arbustos. Além da decomposição,

242 DICIONÁRIO GEOLÓGICO - GEOMORFOLÓG I CO


l''ig, n. o 7L - Afloramento de calcário da série Bambuí, ao norte de Belo Horizonte. Este aspecto
ruinifonne do calcário é produzido pela dissolução da rocha. Ao longo do vale do São Francisco são
comuns os afloraments de calcário. As escarpas rochosas são nuas abruptas e crivadas de lapiás (vide).
(Foto Tibor Jablonsky do CNG)

no trabalho de construção dos lapiás, temos a salientar a corrosão e deflação, que consti-
tuem os agentes principais das formas de erosão nos climas árido9 e semi-áridos, onde
os mesmos aparecem.
O Prof. Jean Tricart, na região ootentrional de Belo Horizonte, distinguiu os seguintes
tipos de lapiás: 1 - lapiás de juntas, 2 - lapiás alveolares horizontais, 3 - lapiás celulares
e 4 - lapiás em marmita.

LAPIASADA - diz-se das superfícies calcárias cortadas de lapiás (vide).

LAPIÉS grafia francesa muito adotada, cuja tradução em português é recente - lapiás
(vide).
LAPmz - grafia adotada por vários autores para o têrmo francês lapiés (vide).
LAPILI - produto sólido lançado pelos vulcões cujo tamanho pode variar de 5 mm a 5 cm.
A forma dêsses fragmentos pode ser angulosa, arredondada, etc. No cone vulcânico o
lapili, geralmente, aparece misturado com cinza, bombas e blocos. No Maciço Central
Francês, certos vulcões, em determinadas ocasiões, expeliram quase que exclusivamente
lapili, cujos leitos pos9uem inclinações diversas e mesmo alterações, o que prova que êsses
leitos foram expelidos em datas diversas.
LATERITO - rocha ferruginosa que aparece nas regiões de climas intertropicais úmidos,
resultante da alteração que se realiza em qualquer tipo de rocha. Esta alteração está
ligada e9Sencialrnente, ao clima, pouco importando a natureza da rocha.

DICIONÁRIO GEOLÓGICO-GEOMORFOLÓGICO 243


No processo da laterização verifica-se uma hidratação e oxidação dos elementos mi-
nerais, sendo o ferro liberado sob a fom1a de hid róxido férr ico. O silício e o óxido de mag-
nésio são eliminados quase completamente,
restando um resíduo insolúvel na superfície
de: Fe, AI, Ti e Mn - lateritos. A lateri-
zação acarreta uma p erda em volume e em
p êoo, por causa da p artida de certos ele-
mentos. Os lateritos quando cavernosos
adquirem certa p erm eabilidade.
Para a form ação clêsse tipo ele altera·
ção intertropical é necessário uma séri e ele
condições esp ecíficas, além elo clima, tais
como : topografia p lana e cob ertura vege-
tal. E sta última, ainda não constitui pon-
to p acífico, sendo para a lgun ~ indisp ensá-
vel a existência ele campos cerrados; para
outros, ela se form a mesmo sob florestas .
D o ponto d e vista regiona I estas for-
mações são denominadas ele "canga" (no
Brais l ), Bie11o-ho ( na penínsu la da Indo-
chin a) e de Bowal ( têrmo Foula usado
p elos geólogos africanos para a crosta de
laterito) ( F ig . n .0 SL ) . A ca nga é ele as -
pecto cavernoso ( Figs . ns . 9L e l OL ), co m
alvéolo ele côr vermelha, co nstituindo uma
variedade ela h ematita. Quanto à d istrib ui-
ção geográfica elo lateri to verifica-se o seu
aparecimento apenas na faixa intertropical
de clima úmido, sendo cl esconh eciclo nas
outras pmtes elo globo, onde tal tipo de
cli ma não tenha existido .
l\o contin ente africano, a cros ta ferru-
ginosa ( cu.í·rasse) ela ~ savanas tem sido re-
ferid a por quase todos os geó lo,gos que per-
correram a região. Na Ásia, temos os tra- F ig. n .0 RL - A cresta de l ate rito c hamado d e
Bowal pel os geólogos afri canos atinge, algmn as vêzes,
balhos dos inglêses, na índia, e dos ktn- grande espessu ra. A fo to ac ima fo i tirad a e m Bafatá
ceses na penínsul a ela lnclochi na . No Bras il, (G uiné Portu g uêsa), o nde vemos a c ros ta de late rito
a cros·ta ele canga aflora em grandes exten- assinacobe rt a por um a peque na camad a de solo como
la mos na fo to . A árvo re qu e a parece é um
sões nos chapadões do Centro-Oeste bra- "bice!ão", cujas raízes não consegue m pe n e trar
leiro. Na floresta amazôni ca, encontram-s e, profundame nte n o solo . Esta árvo re chega a al ca nçar
:~ l gumas vêzes, blocos ele laterito no meio
30 a 4 0 me tros de a ltura.
(Foto do au tor)
da flores ta: em Teresinha (serra elo Navio
- Am apá) , estrada ele Oi apoque à Cleve-
lâncli a, etc. No Nord es te do Brasil, ele clima s-e mi-árido, é mais difí cil enco ntrarmos êste
tipo de alteração. Apare ce, no entan to, na Chapada elo Araripe, bem como no litoral da
Paraíba, no cabo Branco ( pequen as co ncreções e arenitos ferru gi nosos).
Os primeiws es tudos referentes a êste tip o de altera ção foram feitos, em 1807, por
F. Buchanan , na índia, co m material proveni ente ele um gra tino alterado . ( Vid e canga).
O proce9SO de lateri zac;ilo consiste, como já dissemos mais acima, numa meteorização
intensa ele um solo ou de um a rocha, co m a li xiviação elos minerais primários e uma con-
centração ele hidróxidos ele alumínio e de ferro, acompanh ados ai nda elos outros elementos
lateríticos, como : óxido ele tit,1nio, manganês, e tc. Seg undo Harrassow itz, a ca racterística
fundamental que distingue um lateri to, na superfície elo terreno, é mai 9 a presença elo
hidróxido ele alumínio, elo qu e a elo hidróxido ele ferro.
Procuramos dar ênfase no caso d a localização, ao fato de os lateritos es tarem limi-
tados apenas às zo nas intertropicais úmidas . - Pol ynov, no entanto, disse que o fenômeno
se dá nos cli mas trop icais·, não porque sejam daí exclusivos mas porque na presente época
geológica o processo de acumu lação ele sesquióxidos atingi u ao máximo nessas regiões.

244 D!CION.!...mo GEOLÓC JCO-CEOMORFOLÓCICO


LATERIZAÇÃO ou LATOLIZAÇÃO - processo ca racterísti co das regiões intertropicais de
clima {mlido e estações chuvosa e sêca altern adas, acarre tando a remoção da sílica, e o
enriquecimento dos solos e rochas em ferro e alumina. Vide laterito e solo laterítico.
A laterização consti tui fundam ental-
mente um processo ele diagênese resultante
em aumento do ca ráter electropositivo dos
colóides do solo. Quando o processo se
com pleta, temos solos transfonn ados em
rochas (lateri to ).

LATOSSOLO - solo submetido ao processo


de laterização.
LAURENCIA O - subdi vis ão inferior dos
terrenos arqueano , na coluna geológica
dos Estados. Unidos. (Vide Arqueano).
LAVA - mater ial em fu são natura l no es-
tado líquido ou viscoso, res ultant de uma
erupção vu lcâ nica. As lavas podem-se so-
lidificar ràpidam ente - quando ácidas, c
podem percorrer grande ex tensões - quan-
do básicas. Um a lava vu lcânica é, por co n-
seguinte, um magma cuja solidificação pode-
mos assistir ao JJresenciam1os um a erupção
vulcânica. Os. errames vulcânicos podem
alcan çar, por vêzes grandes ex tensões, e
formar camadas espêssas, como ocorreu com
o t1"Ct]Jp do Paraná. As lavas podem ser
a tuais ou pertencer a outros períodos da
coluna geológica.
A saída elas lavas pode-se dar por fen-
das laterai s. da chaminé vu lcânica, ou então Fig. n. 0 9L - Late ril o cavern oso ctue a pa re ce na
falésia da costa africana, na localidade de Bn:-ra,
pela cratera central, situada no tôpo elo nas proximidades da foz da ria Gâmbia, na margem
cone. direita. Na parte supe rior aparece unt d epósito se-
dimen tar ctnc atesta uma variação e ntre o n ível das
A superf ície de um lençol de lava tem te rras e dos oceanos.
o aspecto de escória ao resfriar-se, e êste (F o to d o au tor)
é feito a partir da s·u-
perfície. Durante o mes-
mo, às vêzes, se verifica
o aparecimento de ver-
dadeiros prisnms, como
se vê em certas rochas
bás icas.

LAVA CORDADA
aquela cuja solidificação
dá uma superfície seme-
lhante a uma série de
cm·elas; daí o seu nom e.
Os indígenas do H avaí
denominam as s-uperfícies
d êsse tipo de "pahoe-
h.oe". A lava cardad a,
por conseguinte, nad a
mais é q ue um vasto der-
rame de magma básico,
o qual se res.friou lenta- F ig. n .0 lOL - Grand es blocos d e la terito cavernoso d esagrega do do
litoral no Cabo Verde (Africa Ocidental) .
men te (vide aa ). (Foto do a utor)

DICIONÁHIO C"EOLÓCICO-CEOMORFOLÓCICO 245


LAVA EM BLOCO - aquela que ao consolidar-se dá aparecimento a verdadeiros bloco9.

LAVRA - lugar onde se realiza a exploração de mina, geralmente de ouro ou de diamante.


Lavra significa, por conseguinte, exploração económica da jazida.

LAVRAR - explorar minas na acepção mais larga do têm1o.

LEHM ou LIMO - um a argila colorida com grande proporção de quartzo. O loess ( vide)
por lixiviação se transfmma em lehm.
LEITO FLUVIAL - canal escavado pelo talvegue do rio para o escoamento dos materiais
e das águas. Em função do escavamento d ê~e talvegue resu lta a fomw do vale, das
veTtentes e também das próprias cristas. O leito fluvial é também chamado de álveo.

LEITO MAIOR - bangu eta de forma plana, inclinada levemente na direção de jusante e,
situada acima do nível das águas, na estação sêca. O leito maior dos rios é ocupado, anual-
mente, durante a época das chuvas , ou então, por ocasião das maiores cheias. Esta banqueta
lateral, aci ma do leito menoT, é tamb ém chamada de terraço. (Fig. n. 0 llL )

Divi sor Dagua

+ Le ito Maio r ++
+ .j.
+
+ Leito Me~ + +
~-.~----------~~~~
.. +
Fig. n. 0 llL

LEITO MENOR - canal por onde correm, permanentemente, as águas de um rio, sendo
a sua secção transversal melhor observada por ocasião da vazante. Durante as cheias, os
cursos d'água sobem e inundam a banqueta superior, leito maio·r ou terraço, ocasionando,
algumas vêzes, calamidades. A ês te respeito são bem conhecidos os efeitos das cheias do
Paraíba do Sul e do São Francisco. O rio deixa o seu curso normal e ex travas·a acima do
leito maior, inundando as áreas próxin1as.

LEMúRIA - continente hipotético que, possivelmente existiu no oceano índico, formado,


em parte, pelas terras qu e hoje constituem a índia e Madagáscar. Êste continente ter-se-ia
fragmentado no Cretáceo superior, tendo a zona intermediária afundado, deixando traços
d e altos-fundos (- de 4 000 m).

"LENÇóiS 1\fARANHENSES" - denominação dada à9 dunas, na zo na costeira do estado


do Maranh ão, no t'r~cho compreendido entre a foz do Parnaíba e a baía de São José.
' .

LENÇOL AQüíFERO - até bem pquco tempo correspondia ao que chamava de lençol
d'água subterrâneo. Hoje são chamados sin1plesmente de aqii.íferos (vide).

LENÇOL D'ÁGUA ARTESIANO - o mesmo que aqüífero catioo (vide).

LENÇOL D'ÁGUA, ~ATIVO - diz-se do aqüífero que se encon tra entre duas camadas
impermeáveis. O m e'91'i,o ."que aqüífero artesiano . A importância da água subterrânea é muito
grande para os grupo9 humanos, condicionando certos tipos de habitat. Êsse tipo de depó-
sito d'água é o menos visível, e o mais . difícil de ser medido, tendo em vista a sua situação
interna, isto é, abaixo do solo (Fig. n. 0 12L ).

246 DICIONÁRIO G'EOLÓGICO-GEO!viORFOLÓGICO


LENÇOL DE ARRASTAMENTO - uma grande dobra deitada horizontalmente que sofreu
carreamento, por vêzes, superior a vários quilômetros. Nas grandes cadeias terciárias dos
Alpes, Andes, Rochosas, Atlas, Cárpatos e Himalaia, o fenômeno das nappes de charriage
foi mais extenso. D êsses grandes dobramentos, os Alpes parecem constituir o que maior
complexidade apresenta do ponto de vis-ta tectônico.
O es tudo morfológico das áreas, onde a tectônica é muito complicada, só pode ser
feito com a existência de bons mapas topográfi cos, estruturais e tectônicos .

Fig. n .o 12L -
·-·---·--·...,..,.- .-- .----
lnfluência do len çol d e escoamento n a concentração
da drenagem lateral para o rio A.

LENÇOL DE CARRIAGEM - o mesmo qu e lençol de arrastamento (vide).


LE NÇOL DE ESCOAMENTO SUPE;RFlCIAL ( misselwment d os franceses ou mn-off .
dos inglêses) - formado pe las. águas das chuvas, que ao caírem na superfície d a terra
escorrem imediatamente no sentido do maior declive. As águas dêsse lençol que correm
pela superfície, alimentam de modo irregul ar os rios, por causa da sua dependência das
chuvas.
Em portugu ês usam-se de modo indiferen te, várias expressões : água selvagem, filête
de rolam ento, água de rolamento, água de escoamento superficia l e flttxo laminar, etc.
(vide) .
LENÇOL DE LAVA - também denominado corrida de lava (vide lava ) é co nstituído de
camadas de m aterial vulcânico. As camadas·, ou melhor, os lençóis de lava podem alcançar
grandes extensões, quando são de natureza, essencialmente, b ásica.
Com as fotografias aéreas é, relativamente, fácil cartografar-s e os derrames pouco
antigos·, isto porque a superfície do lençol de lava é, um pouco caótica, e além do mais,
a vegetação é diferente das áreas circunvizinhas .
LENÇOL DE ESCOAMENTO SUPERFICIAL ( missellem ent dos franceses ou 1'ttn-off
menta (vide).
LENÇOL EFUSIVO - com;tituído pelo derrame de material magmático, isto é, lavas
sôbre a superfície do solo. Não se deve, porém, co nfundir ês te tipo de lençol, com os
chamados lençóis intntsivos, cuja textura da ro cha é bem diferente, pois seu afloramento
só ocorre graças à erosão.
LENÇOL INTRUSIVO - o mesmo que sill (vide ) ou filã o camada.
LEPIDOLITA - variedade de mica branca, tend endo ao violeta. É um s·ilicato de alumí-
nio, potáss-io e lítio, con tendo flúor. A sua exploração é, geralmente, feita visando à obtenção
do lítio.

LEPIDOMELANA - variedade de mica biotita muito ferrífera e de côr preta carregada.


LEPTINITO - rocha constituída, essencialmente, de quartzo e feldspato, podendo conter
um pouco de mica. :Êste têrmo dos franceses corresponde aos granttlitos dos alemães.
Nos. leptinitos, aparecem ainda como minerais acessórios, em pequena quantidade, a
apatita, o distênio, o rutilo, a turm alina, etc.
LEQUE DE ALUVIÃO - O mesmo que cone de dejeção. (Vide).
LEQUE DE DE}EÇÃO - denominação, pouco usada, por certos. autores, para os depósitos
1 de ·sedimentos que são acumulados após o canal de escoamento ·d e uma torrente; o mesmo
qúe cone de dejeção (vide) .

DICION1\Rio GEOLÓCICO-CEOMORF~LÓCICO '247


LEUCITA - silicato aluminoso podendo conter cêrca de 22% de potassa.
LEUCOCRÃ TICA - rocha em cuja composição predominam (mais de 50%) os minerais de
coloração clara ou esbranqui çada. As rochas leucocráticas são, geralmente, silicosas . É o
antônimo de melanocrática.
LEVANTAMENTO DA COSTA - (vide eustatismo e epi.rogênese). Na linguagem dos ofi-
ciais de marinha, entende-se como sendo os trabalhos de topografia realizados na zona
ws teira, os quais permitem o traçado da costa na carta náutica Para os geólogos· e geomor-
fólogos pode significar um movimento na linha do litoral.
LEZIRIA ou LEZIRA denominação usada para trechos de áreas• alaga diças por ocas1ao
das cheias, junto a certos rios, isto é, na planície de inundação ou leito maior. Esta deno-
minação é pouco usada, preferindo-se as d enomin ações regionais como: igapó, banhado,
tremedal, lamaçal, ipueira., ipu, etc. O têrmo lezíria restringe-se, apenas, ao campo des-
critivo da paisagem fí S<ica do leito maior onde há depressões qu e são in vad idas pelas cheias.
LIMNOLOGIA - parte da geografia, ou mais propriamente, da hidrografia, que estuda os
lagos, lagun as e as lagoas .
LIMO - o mesmo que lehm (vide).
LIMONITA - óxido de ferro hidratado , F e 2 0 3 H 20 , resultando da alteração da hematita,
da pirita, da siderita ou de outros minérios de ferro . Pêso es pecífico 3,7 a 4,0 e dureza 5,5.
É compos-ta de hidrato de ferro, 14% de H 20 , geralmente, acompanhada de um pouco de
sílica ( Si02 ) . Seu aparecimento na superfí cie do globo se verifi ca sob duas formas: crosta
limonítica ou concreções de tamanhos muito va riados .
A li..monita pode aparecer sob o aspecto fibro so, ou sob a form a de pequ enos grãos,
oolitos, ou ainda em grânulos mais desenvolv idos, 09 pisoli.tos. A limonita é, algumas vêzes,
muito friável e tenra e, em outros casos, mais compacta e resistente.
LIMONITA TERROSA - vide ocre.
LINHA COSTEIRA - o mesmo que linha de costa (vide), isto é, a intersecção do plano
das águas de mar com as terras emersas.
LINHA DE COSTA - denominação dada à zona de contacto entre as terras emersas e as
águas do oceano. Logo não se trata, propriamente, de uma linha, mais sim, de uma zona.
Correntemente usamos esta expressão para as terras da faixa costeira. Todavia para os
hidrógrafos da marinha a linha de costa deve ser restrita à linha até onde se faz sentir o
efeito da maré. E a costa ou litoral propriamente dito, é a parte situada acima de linha
de costa. Em geomorfologia quando definunoS< o litoral, (vide ) nós o consideramos como
uma zona ou faixa , e não fa zemos es ta di stinção.
LINHA DE CRISTA - pontos a ltos do relêvo alinhados segundo certas direções. As linhas
de crista, algumas vêzes, se confund em com a linha ele cumeacla, isto é, divisor de águas .
A linha de crista ou espigão, pode se r definida topogràfi camente como a linha de
menor declive entre as linhas de maior decli ve (vertentes ), isto é, uma linha divisora de
águas.
As linhas de cristas constitu em traços fundamentais de um relêvo juntamente com os
vales. A utilização das fotogr afias aéreas veio facilitar de muito a tarefa dos pesquisadores,
pois, o estudo de uma crista pode ser fàcilmente reali zado através da análise de pares
de foto grafias com um simples- estereoscópio. O rendimento do trabalho e a noção do con-
junto da crista são obtidos de modo mais eficiente, a tra v é~ das fotografias aéreas do que
no próprio campo.
LINHA DE CUMEADA - linha que un e os pontos mais altoS< de uma cadeia de montanha ,
tornando-se o divisor de águas. Por vêzes, a linha de cumeada não constitui um divisor
de águas, quando existem, por exemplo, cortes produzidos por epigenia ou por impo~içáu
tectônica, etc.
A denominação linha de crista ou de cumeada é reservada, por alguns autores, apenas
para as formas montanhosas em que os pontos mais altos se di!ipõem formando como que
uma linha.

248 DICIONÁRIO GEOLÓGICO-GEOMORFOLÓGICO


LINHA DE FESTO - denominação usada em topografia com o mesmo se ntido de linha
divisora de águas, linha de crista (vide), linha de cttmeada ( vide) .
LINHA DIVISORA DE AGUA - o mes mo qu e diviso·r de ág uas.
LINIDTO - carvão fós 9il de coloração castanho-negra de valor secundário, sendo sua
formação atribuída aos terrenos terciários , como nas bacias de Ga nd arela e Fonseca (estado
de Minas Gerais ) Caçapava (estado de São Paulo ), e também, na bacia amazôni ca, prin-
cipalmente, na sua parte oeste, nos municípios de T abatin ga e Benjamim Cons tant. É pro-
vável qu e exista linhito, tamb ém, em terrenos elo Mesozóico .
O linhito representa um carvão secundário quanto ao seu valor, es tando numa situação
interm edi ária entre a turfa e o carvão betuminoso. No Brasil existem vári as áreas onde
há linhitos co mo em T abatinga no oes te do estado do Amazo nas.
LIPARITO - d enominação antiga que se clava ao riolito (vi de) .
LíTIO - metal muito leve, extraído ela lepidolita ( um tipo ele mica), do espodumên·io
(silicato duplo ele alu mínio e lítio com as cluas vari edades : kttnz íta ele côr lilás e amb li-
gonitd (fosfato duplo ele alumínio e lítio).
O m etal lítio é empregado em pequena porcentagem em certas ligas na indústri a me-
talúrgi ca. Recentemente sua importância foi acrescida, passando êste metal a ser consi-
derado como um elemento estratégico por causa elo seu ·uso na física nuclear.
LITOCLASE - diversos tipos ele fratura, fendas, diáclases falh as, etc., q ue afetam as
rochas; vem a ser o mesmo que geoclase. ( Vide) . A denomin ação litóclase foi criada p elo
geólogo francês Daubré, para designar um plano ele separação das rochas, quer o de sim-
ples fratura, qu er o de falhas.
LlTOGÊNESE - fase do ciclo geológico assinalada por uma co bertura sedimentar - trans-
gressão marinha . (Vide ciclo geológico).

LITOLOGIA - es tudo científico da origem das rochas e suas transformações. Esta parte
da geologia é também denominada de petrografia. E um a importante ciência auxiliar da
geomorfologia no estudo das formas do relêvo terrestre.
LITOLOGIA SUBMARINA - es tuda a origem e a transform ação elos sedimentos orgamcos
ou inorgânicos que forram o leito ou fundo dos oceanos, isto é, as ro chas de origem marinha.
LITORAL ou COSTA - faixa de terra emersa, banhada pelo mar. Não se deve definir o
litoral como sendo apenas, a linha de contacto entre o relêvo terres tre e as ág uas oceânicas.
devida à movimentação rítmica da água elo mar - marés·, vagas , correntes, etc. - o que
ocasiona uma variação do nível das águas oceânicas.
Em sentido restrito, o litoral com preende um a faixa qu e tem os seguintes limites:
a) inferior - nível das m arés baixas, b) superior - nível das marés altas . Trata-se de
uma es treita nesga cuja linha ele costa tem a ex tensão globa l de 262 000 km. A zona lo-
calizada abaixo do nível das marés de vazante é a zona sublitoTânea., e a qu e está acima
do limite das< marés montantes é a zona S1.tpralitorânea. Do ponto de vis ta geomorfológico
as zonas litorâneas são interceptadas por um plano de referência - nível zero, a partir
do qual se medem as altitudes positivas< ou negativas - relêvo em erso e relêvo imerso.
Todavia, é preciso acentuar, qu e o atual nível zero, era a isoQ Ípsa ele + 150 metros, por
ocasião da glaciação ' Vurniana . D êste modo, as atuais zonas litorâneas são, até certo
ponto, costas de S1.t.bm ersão. O plano de referência é variáve l no deco rrer da história fí sica
da terra.
O es tudo d o li toral sempre preocupou os geólogos , geógrafos e geomorfólogos e, de
modo geral, cada um, procura esboçar uma classificação para os diferentes tipos de costa.
Eduardo Suess dividiu 09 litorais em: 1 ) Tipo Atlântico e 2) Tipo Pacífico. Os primeiros
têm um a es·trutura de dobram ento ou de falh amento, oblíqua à costa. Como conseqüência,
tem-se um litoral mais rico em acidentes salientes (cabos, pontas, etc.) e reentrantes (baías,
golfos, enseadas etc. ). Quanto à9 do tipo pacífico, a estrutura do dobramento é paraleh
à crista; como exemplo, pode ser citada a da Dalmácia, Andes, Rochosas, etc.
A costa do tipo atlântico é discordante enquanto a do tipo pacífico é concordante. Isto
significa que na primeira, as elevações do relêvo formam um ângulo maior ou menor, com

DICION.oÍ.ru:O G'EOLÓCICO-GEOMORFOLÓCICO 249


a linha do litoral, enquanto na segunda, elas são paralelas-. As costas discordantes são
também chamadas transversais, enquanto as concordantes recebem a denominação de lon-
gitudinais.
O geógrafo K. Ritter classificou os litorais em: 1) Costa de adensamento, isto é, ar.
ticulada e 2) Cos-ta de repulsão, isto é, retilínea. Johnson dividiu as costas em vários
tipos: 1 - . subtnergentes, 2 - emergentes, 3 - neutras, 4 - complexas ou mistas.
Na realidade o exame de uma carta geográfica revela como os contornos atuais dos
continentes são b as tante variados. Cabe à geomorfologia explicar estas diferenças exis tentes,
pois, pode-se tratar de influência estrutural, natureza das rochas, sistema morfogenética -
pretérito, movimentos epirogênicos, isostáticos ou eustáticos, etc. Embora exista uma grande
variedade de formas litorâneas, ainda não se conseguiu chegar a um acôrdo sôbre uma
classificação sistemática.
Os aspectos costeiros- não são devidos exclusivamente ao trabalho da dinâmica das
águas do mar, através das vagas, marés, conentes etc., pois, em muitos casos, depende
do relêvo continental. Assim , numa costa acidentada e escarpada a erosão vai ser grande,
nas partes salientes, enquanto nas reentrantes, haverá depósito. A tendência normal será
para a regularização da linha de costa. Já nas cos tas- baixas, o desgaste é, de modo geral,
bem menor, que nas- acidentadas e escarpadas.
A linha de costa, quanto à sua articulação, pode ser retilínea ou muito recortada,
segundo a natureza das rochas e sua estrutura. As costas articuladas, ou melhor, as que
possuem grande número de baías, angras e golfos, freqüentemente, aprese ntam maiores
possibilidades de ancoradouros para os navios.
Ainda do ponto de vista geográfico, as costas podem ser segundo o seu aspecto geral:
baixas ou planas; (Fig. n. 0 13L ) e altas ou abruptas. As primeiras se caracterizam por um
declive suave, descendo lentamente para o largo, com extensa plataforma continental (vide)
ou planalto costeiro submerso. Já lldS costas altas, do tipo pacífico, como no caso do~
Andes, por exemplo, observa-se que as grandes culminâncias da cadeia andina, têm a
oeste, grandes profundidades, a pouca distância da linha de costa. A plataforma conti-
nental é portanto muito es·treita.
Fig. n. 0 13L - A topografia costeira pode ser baixa ou alta, retilínea ou articulada. Naturalmente o
tipo de topografia está estreitmnente relacionado com o relêvo costeiro. Neste trecl1o do litoral do
Espírito Santo, etn Nova Almeida a plataforma litorânea de canga é relativamente extensa o que lhe
dá wn aspecto de costa baixa. No entanto, acima do nível atual das praias, vê-se ntais a oeste um
litoral do tipo falésia (alt.itucle 10 a 20 metros) de material da série Barreiras (vide).
(Foto Tibor Jablonsky do CNG)
Do ponto de vista geomorfológico, as características topográficas da superfí cie costeira
de baixa altitude, são muito diversificadas, tendo-se p or exemplo : planície costeira de
acumulação, superfície de um peneplano, dunas, skjeTs, etc.
Quanto às costas altas ou abruptas há uma grande variedade de tipos. Convém
acentuar q ue a distinção entre cos tas baixas e costas altas-, tem o mesmo valor que na
topografia continental, a disti nção entre montanha9, planaltos, planícies, colinas, não im-
pedindo, - por exemplo, q ue haja costas baixas de várias origens e mesmo as que resultam
da transformação de costas abruptas.
A topografi a da linha costeira depende da erosão diferencial levad a a efeito pelo mar,
como _jú acentuamos, mas tam bém, da erosão produzida pela meteorização pela erosão
eólia e pela erosão fluvi al nos terrenos marginais ao oceano.
A configuração geográfica dos continentes tem variado bastante no decorrer da his-
tória física da terra ( vide: continente e p aleogeografia) . E, segundo os movimentos da
linha de cos ta, pode-se ter costas de emersiio e costas de imersão. No segundo cas-o ter-se-á
uma transg-ressão marinha ( vide) e conseqüentemente, pode-se ter um envelhecimento no
relêvo litorâneo.
la bord a dos litorais encontram-se por vêzes depósitos detríticas, juntamente com
outros materiais, como sejam co nch as 3 carapaças de moluscoS' diversos, que indicam uma
variação entre as terras e as· águas.
Há uma extensa nomenclatura p ara designar os diferentes tipos de cos ta, sendo alguns
têru1n9 mer:1mente descritivos e outros mais geomorfológicos. D e modo sintéti co j)Odemos
considerar costas de emersão e costas de submersão . Do primeiro tipo podemos citar: costa
de lido, de hatfen, lim ans, de dunas e ele restinga; no segundo grupo tem-se: costa de
estu ário, sk;ers, fi ord e, ria, dálmata, falha e anses (enseada).
A costa baixa de lido - tipo mexicana - pelo fato de todo o gôlfo elo México possuir
um litoral clêsse tipo, caracteriza-se pela existência dum grande núm ero de lagunas qu e
se estendem por centenas ele q uilômetros e são devidas à fonna ção dum cordão litorâ neo
avançado, geralmente coberto de dun as. Outro exemplo dêsS'e tipo de costa ocorre no
Bonlonais francês, na embocadura do Sena (França).
As cos tas clC' es tu ári o e costas ele limans - tipo Maril ândi a, nos Estados Unidos,
onde se encontra o tipo mais perfeito clêsse litoral - são costas baixas de imersão com
contôrno litorâneo muito irregular, onde os moles submersos formam estuários ramificados .
As costas ele skje·rs - costa da Suécia e da F inlândi a, ele onde vem o nom e é um litoral
ori ginado pela imers·ão ele um a planícia glaciária . Apresenta-se imensamente retalhado,
cheio de canais, formando verd adeiros labirintos, baías, promontórios, ill1as ele todos os.
tamanhos dando um aspecto ca rac terístico a êste litoral. As costas abruptas, tipo dálmata,
pois, é na D almácia que se encontra o exemplo mais. perfeito, são costas de submersão
de es.trutura longitudinal. Já as costas do tipo anse são de estru tu ra transversal ; sua
principal característica é a largura das baías., dando um aspecto de angras arredondadas;
daí chamar-se, também, costa de angras - exemplo típico ocorre na Ásia Menor. As cos tas ele
rias têm sua origem numa imersão do litoral com a conseqüente invasão do mar, nos
vales modelados p ela erosão fluvial. T êrmo originado da Galiza (vide ria). A costa tectô-
nica tem seus mel11ores exemplos na Nova Zelândia, região trab alhada por deslocação muito
recente. A costa epigênica demonstra a influência da estrutura w bre a evolução do li-
to ral - melhor exemplo na Nova Inglaterra (América do Norte). Também é denominada
de contracos ta. A costa ele escultura glaciária, sua principal camcterístico é o vale gla-
ciário invadido pelas águas. São as costas denominadas fiO'I·de, na Noru ega. (Vide fio-rde ) .
O litoral brasileiro, que se estende por 7 367 km, desde o cabo Orange, na foz do
rio Oiapoque, até o arroio Xuí, no estado do Rio Grande do Sul, embora não possu a
golfos profundos, nem penínsulas salien tes, apresenta uma paisagem bastante variada.
Diversas. classificações têm sido propostas para o litoral brasileiro, nas quais, o critério
descritivo tem sido o dominante. D elgado de Carvalho fêz uma classificação geológica
do litoral, dividindo-o elo seguinte modo : a) Costa Quaternária do Norte; b ) Cos ta Ter-
ciária Oriental; c) Costa Granítica do Sul; d) Costa Quaternária do Extremo Sul.
Os aspectos morfológicos da Costa Quaternária do Norte podem ser assim caracteri-
zados: um a grande área baixa e lamacenta que se estende do Oiapoque ao Golfão Ma-
ranhense, (Fig. n . l 4L). Todavia, fora des ta faixa de influência das marés, sucedem-S'e
vários níveis escalonados de terraços, atestando os movimentos do mar até a cota de
100 metros, fa l é~ i as fós-seis, ri as, e mesmo plataforn1as lateríticas submersas, como as de
Salinópolis e da ilha de Marajó. •

DICIONÁIIIO GEOLÓGJCO-GEOMORFOLÓGICO 2s'i


A Costa T erciári a Oriental compreende o trecho litorâneo entre o Golfão Maranhense
e o cabo Frio, no estado do Rio de Janeiro. E ssa denominação é muito genérica, pois, as
intrusões graníticas, arqueanas, por conseguinte, ocorrem em vários trechos, especialmente
na Bahia.
No Nordeste as grandes extenooes de falésias estão bem caracteri zadas nos barrancos
abruptos dos sedimentos pliocênicos da série Barreiras. Também no sul da Bahia e nos
estados do Espírito Santo e Rio de Janeiro, as Barreiras chegam a dar aparecime nto a
antigas fal ésias fós-seis.
As dunas e os recifes são outros traços morfológicos comuns neste trecho do litoral
bra~il eiro. No es tado do Maranhão, as grandes extensões dunosas recebem a denominação
regional de Lençóis Maranhenses . Quanto aos recifes, são na sua maioria, cons tituídos pela
consolidação de antigas praias, tratando-se por cons-eguinte de recifes de arenito. Um dos
melhores exem plos destas linhas de recifes costeiros pode ser obs-ervado na capital do
estado de Pernambu co, donde veio o nome ela cida de do Recife. (Fig. n. 0 5B )
A Costa Granítica do Sul é definida e caracterizada, em suas linh a~ gerais, pelos
"espetaculares" escarpamentos da "serra" do Mar q ue desde Santa Catarina até o estado
do Rio de Janeiro se mantém pràticamente junto ao litoral. Em Angra dos Rei!l e em
Santos observam-se os trechos mais característicos.
No eMado do Rio de Janeiro, o trecho da costa de Angra dos Reis ou mais propria-
mente de Mangaratiba a Cabo Frio, é mais baixo qu e a parte sulina, isto é, de Santa Cata-
rina, Paraná e São Paulo, um a vez que a "serra" do Mar é antecedida pelo!l maciços
costeiros e pela grande Baixada Fluminense. No trecho entre Niterói e Cabo Frio as
faixas arenosas de res tin gas, dunas e lagoas/ são traços bem indivbdualizadores desta
costa.
No litoral sulino, m; baixadas pràticamente desaparecem, podendo-se citar apenas as
de Santos e Ribeira do Iguape. :!!:ste trecho elo litoral b rasileiro, forma como que um
grande S maiúsculo e foi impropriamente chamado de Gôlfo de Santa Catarina, por Pierre
Deffontaines. A maior reentrância nesta costa é a baía d e Guanabara que, segundo os
estudos geomorfológicos de Ru ellan, pode ser explicada co mo um a grande ria.

S· •o
" 20 )0 ...

Fig. n. 0 14L - Litoral afo&ado, na costa do Pará-Maranhão.

252 DICIONÁRIO GEOLÓGICO-GEOMORFOLÓGICO


Os estudos da paisage m fís·ica dêsse acidentado trecho da costa também revelaram a
existência de níveis escalonados de terraços, que segundo Ruellan têm sua co ta máxima
a 100 metros de a ltitude.
A Costa Quaternári a do Extremo Sul tem início ao sul dos cabos de Santa Marta
Grande, e Pequena, ccmpreendendo vastos areões que barraram, a les te, as lagoas dos
Patos e Mirim. No limite norte da cos ta ri o-grandense os "aparados" da "serra" Geral
chegam q uase ao litoral, como se pode ver na altura aproximada ele T ôrres . (Fig. n.0 7B ).
O litoral atlântico do Bras il apresen ta, por conseguinte, um a séri e de aspec tos geomór-
ficos cuja compartim entação es·tá na dependência elo grau de generali zação empregado ,
devido à natureza do objeti vo em vista .
LITOSFERA - ou esfera de pedra - parte sólida da crosta terres tre cuja espessura máxima
segund o Suess é avaHada em 60 a 120 km. É form ada, principalmente, de sílica e alumina
e por i so toma a nom e de sial. F luhw sôbre o sima, co nstituído de sílica e mag nésio.
O geomorfólogo tem como campo de obse rvação a crosta superfi cial terrestre, isto é,
a litosfera.
Doi geoqu ímicos - Clarke e W as hington - dedicaram-se ao estudo da composi ção
química das diversas rochas que afloram à superfí cie do globo. Durante 30 anos exami-
nara m ma is de 5 508 amostras, chega ndo à co nclusão de q ue apenas oito elementos- prin-
cipais constitu em 98,58% das rochas qu e aparecem na cros ta terrestre. São os seguintes:

~1/~i~i~ .::: :: :: :: :::::::::: :: :::::::::::::::::: :::::


1 46,71%
2 27,69%
3 Alumínio . . .. ... .. . . . .. ......... . ..... ... .... . .. ... . 8,07%
4 F erro 5,05%
5 Cálcio 3,65%
6 Sódio . . . ... . .... . . . .. . .. . . . ...... . . .. .. . .. .. . . . .. . . 2,75%
7 Potássio 2,58%
l:l Magnésio 2,08%

TOTAL 98,58%

Êstes oito elementos entram na composição dos principais minerais: quartzo, feldspato,
micas, anfibólios, piroxênios, peridoto que por sua vez cons tituem as vá rias rochas; sendo
que o silício, o alum ínio e o oxigênio formam 82,47% das rochas da litosfera. Por cons eguinte,
a litosfera nada mais é do qu e o conjunto das partes- sólidas do globo terráqueo, isto é, o
sial, secundado pelo si.ma; material situado abaixo do sial.
O estudo da litosfera é de importância tanto para a geologia, como para a geomorfologia,
devido, p rincipalm ente, aos seguintes fatos :
1 A crosta sóHda, isto é, a litosfera, é constituída por diferentes tipo ~ de rochas
(eruptivas, sedim entares, metamórficas) .
2 A litosfera é a camada da crosta terrestre cujas form as topográfi cas dependem
dos agentes geológicos exógenos e endógenos-. Ela vai preocupar, particular-
mente, ao geomorfólogo por ser a ca mada que possui as formas- de relêvo,
sôbre as qu ais age a erosão .
3 A p elícul a superfi cial da litosfera alterada e edafisada, co nstitui o que de-
nomin amos, co mum ente, de solo.
4 Na litosfera encon tramos importantes jazidas- de minérios.
LITOSSOLO - di z-se dos solos em cujos horizontes se verifi ca o predomínio da rocha
matri z ( vide so lo ).
LIXIVIAÇÃO - processo qu e sofrem as rochas e solos-, ao serem lavados p ela águas das
chuvas Nas regiões equ ato1i ais, e n a~ {u eas de clima úm ido, com abundantes precipitações
sazo nais, verifi cam-se, com maior facilidade, os efeitos da li xiviação.
Na regiões intertropicais de clima úmido os solos tornam-se estéreis com poucos anos
de uso, graças, em grande parte, aos efeito9 de lixiviação produ zidos pela água das chuvas .
LIXOSSOLO - solo resid ual ele clima úmido se m estia gem ou superúmido co m esti agem,
co ncl içõ s e' tas de extr ema lixiviação sem possibilidades ele retôrno elos iônios lavados.

DICI O ÁHIO G'EO L ÓC ICO-CEOi\ l Ol1FOLÓC LCO 25:3


LLANO - têm1o originado do latim "planus", que significa grande extensão de terreno
mais ou menos plano, onde não há elevações.
LôDO - o mesmo que vasa (vide).
LOESS - sedimento eólio de granulação fina constituído de argila muito quartzosa e rica
em calcário. Este concreciona-se fàcilm en te dando aparecimento às "bonecas ele loess" ( pou-
pées de loess). A coloração dêsse material, transportado pelo vento, é amarelada. Nas
regiões da China, estas terras constituem os melhores exemplos a serem e!ltudados. Na Eu-
ropa, também , encontramos loess, na França, Bélgica, Holanda, Alemanha, Polônia, etc.
Os solo9 de loess são bons para a agricultura, sendo por isto muito procurados.
LOMBA - vide lombada.
LOMBADA - diz-se das ondulações do terreno, que ora se tornam mais acidentadas, ora
mais suaves. É um têrrno ele caráter descritivo não pos9uinclo qualidade específica, que
permita uma definição mais clara. Todavia alguns• autores definem as lombadas, como
constituídas por uma série de colinas pequenas, isto é, por uma série de lombas.
LOMBADA JUSTAFLUVIAL - denomi-
nação usada por certos autores para os
diques marginais ou pestanas (vide) . Por
vêzes, pode dar origem a um )ago de bar ..
ragem. F enômeno freqüente nos baixos
curs<Js dos rios da Amazônia.
LOPOLITO - denominação dada por Grout
às intrusões de magma que muito se
aproximam dos lac6litos (vide). O teto
porém, dos lopolitos, é de forma quase
tabular e deprimido, ao contrário dos la- Fig. n. 0 l5L - Lopolito.
cólitos, que apresentam o teto arqueado.
Comumente os lopolitos se confundem com os !acólitos, sendo, portanto, o teto, a dife-
rença única, entre estas duas intrusões. (Fig. n . l2L).
LUMAQUELA ( do italiano - lu macha - lesma, caramujo ) - brecha conchífera.

254 DICIO NÁRIO GEOLÓGICO-GEOMORFOLÓGICO



.
~

MAAR - o mesmo que lago de cratera ( vide ). Êste tipo de lago todavi a se encontra numa
cratera de um vulcão embrionário (vide), cuja ativid ade vulcânica se limitou a uma única
explosão, sem ter havido derrame de lavas.
MACIÇA ( rocha) - o mesmo que rocha fresca e compacta.
MACIÇO - têrm o descritivo, u sado em geografia para as áreas montanhosas que já for am,
parcialmente, erodicl as, ex.: maciço arm oricano ( Bretanha), maciço guia no, maciço bra-
leiro, etc. No estudo elas formas ele relêvo do Brasil, o Prof. D elgado de Carvalho teve
oportunidade de fazer wna classificação sistemática usando o têrmo maciço, indistintamente,
para as rochas sedimentares, recentes, como é o caso dos chapadões, que foram por êle
denominados ele Maciço Central, ou ainda a região elo Maciço Atlânti co, compreendendo
as serra~ elo Mar, ela }.(antiqueira e tamb ém a sena Geral, cuj a origem e aspectos morfoló-
gicos são completamente diferentes elas duas outras serras.
O têrmo maciço eleve ficar reservado para as grandes massas ele rochas eruptivas ou
metamórficas, que abranjam áreas, relativamente, extensas.
MACIÇO RESIDUAL - cons titui restos ele antigas superfícies, ou melhor, ele anti go
peneplanos ou pedi planos ge ralmente relacionados com as rochas mais duras, ex.: maciços
ele granitos, ele sienitos, etc, Podemos dizer que os maciços residuais são quase verda-
deiros monadnocks, ou ainda inselbergues, todavia, abrangem extensões muito grande .
MACLA - grupamento ele dois ou mais cristais constituindo, às vêzes, tl111 conjunto gemi-
nado. No estudo microscópico elas rochas, a geminação cons titui, algumas vêzes·, o traço
fund amental na verificação, e na identificação ele certos minerais. Outras vêzes, êste in-
dício auxili a, também, nos reconhecimentos macroscópicos, ex.: o ortósio poss ui as macias
que se produzem segundo as leis ele: Carlsbacl, Baveno e Manebach.
MACROSCóPICO - antônimo ele micwsc6pico, significando o exame elas rochas que pode
ser feito a ôlho nu, no campo, ou mesmo, com o auxílio ele uma pequena lupa. Es-se tipo
ele exame das ro chas só é prati cável em trabalhos ele reconhecin1entos, tanto geológicos
como geomorfológicos.
MACROSSISMO - movimen tos sísmicos elas camad as ela crosta terrestre, percebidos pelo,
homem s-em o uso ele aparelhos.
MADUREZA - diz se dos relevos onde as fonn as fora m completamente destruídas.
MAFICO - mineral ele côr escura como os silicatos ferro magncsianos, ex.: biotita, anfibólio,
piroxênio, etc.
MAGMA - material ígneo qu e está no interior ela crosta terrestre e que deu origem às
rochas emptlvas que se encontram no globo terrestre. As lavas expelidas p elos vulcões
são magmas não solidificados. A composição química elos magmas é um campo vasto
p ara discussões. Algumas vê.zes, êsse magma pode atravess ar r ochas sedimentares, ou
mesmo, eruptivas constituindo um dique, um filão camada, um lacólito, um bat6lito, um
lopolito, dependendo ela fonna que tomar após a solidificação.

DICIONÁRIO GEOLÓGICO-GEOMORFOLÓGICO 255


MAGMASFERA - denominação usada por certos autores como sinôn imo de si.ma, isto é,
da e9fera que se encon tra sob o s·ial.

MAGMÁTICA ( rocha) - ori ginada da consolidação do magma. Consoante a postçao em


q ue o magma sofreu consolid ação, as rochas são cla9Sificadas em: plutônicas, vulcânicas e
hipoabissais. D as rochas magmá ti cas, a família elos granitos é a que ocorre com mais
freq üência, na superfície do globo . É caracterizada p ela coexistência de dois minerais claro9
relativamente leves e ri cos em sílica: quartzo e fe ldspato alcalino.

A · rochas magmáticas são classificadas segund o vários critérios:


l) Compo9ição química e min eralógica .
2 ) Origem e disposição dos minerais no co rpo da rocha.

MAGNETITA - mineral de ferro qu e aparece, geralmente, em terreno · metamórficos, em


pegmatitos, e em algumas rochas sedimentares ou eru ptivas. A magnetita é um óxido duplo
de ferro FeO F e"O" cu ja fórmula q u ímica é Fe,O ,. Forma u'a massa compacta e possui
magnetismo natural, sendo denominada de ]J edra ímri.
A magnetita pode também re9ultar da a lteração ela limonita ou de um a hematita.
É um excelente minério de ferro. A magnetita aparece mais fr eq üentemente nos basaltos.

1\•IALACACHETA - têrmo p op ul ar usado para a mi.ca branca ou moscovita ( vide mica).

MAMELÃO - forma topográfica piramida l, porém, arredondada, constituída por pequen:..


elevação, às vezes isolada . Nos mam elões, ge ralmente, é d ifíci l disti nguir-se a linha ele
t:um cacla. Quando o manw lão termina co m a forma agud a chama-se p·ico; quando termina
com a forma a proximada a uma elipse cham a-se dom o (com um em terrenos _graníticos) .
finalmente, quando isolado e de tôpo ma is ou menos plano, chama-se mesa. Es-te último
é mais com um nas áreas sed imenta res.

MA 'GA ÊS - metal cin zento, duro , r1uebradiço, densidade 7,2 e s·ímbolo quí mico Mn .
H.á vá ri os minerais de tnangan.~s , ex. : pirolusita , m.anganita ou acerdésio, polianita, braunita,
rodonita, etc.
O mangan ês embora tivesse sido usado pelos romanos há vários anos ante9 de C risto,
sàme nte a partir do ano de 1808, foi class ificado como elemento quím ico definido.
Na an ti guidade, fôra usado na indústria do vidro, agindo co mo clescorante quando
1n isturaclo à massa ví trea . Atua lnw nte o mangan ês represe nta verdadeira chave da pre-
paraçao do aço . Mais de 90% do 111a nga nês são empregados no preparo ele aço. Na fabri-
c:a~·ão elo aço o mangan ês atu a como clesoxidanl'e e cles-sulfurizante.
Os vcÍrios minéri os de mangan ês qu e cita mos acima ora são óxidos, ora são carbonatos.
As jazidas de mangan ês p odem ser classificadas, de modo gera l, em dois tipos princi-
pais: 1 - jazidas filonares, 2 - jazid as sedim entares su perficiais, 3 - jazidas- de intemperis-
mo de sili catos. O Bras il poss ui jazidas de manganês qu e se distribuem por diversos es tados .
En tre as mais importante scitam-se as qu e oco rrem no cen tro de Minas C erais, Amapá, Mato
C rosso e Bahia.
No ce ntro elo es tado de 1vlinas Gerais, destaca-se a jazid a elo morro da Mina, em
Consclh eiro L afai ete, com u111a reserva e~ timacl a em 4 mi lhões ele ton eladas de minério,
se ndo sua produção diri gida principalmente para o ex terior. Atua lmente, foi es tabe lecido
um sistema de redu ção progress iva da exportação ele manganês de Minas Gerais. Esta si-
tuaç·ão provocou uma intensificação na explotação do min ério de mangan ês de Mato Grosso .
Em Uru cu111 , próx imo a Co rumbú , o orre possa nte jaz id a es timada em 30 000 milhões ele
toneladas de minér io.
A descoberta do manganes no territóri o elo Am apá data ele 1945, tendo a prospecç:io
come ·ado dois anos após. As minas da se rra do Navio, nas marge ns elo rio Amapar i,
a flu entc do Aragu ari , poss uem uma rc~:e rva ele mais ele 20 milhões ele ton eladas.
A explotação do min éri o cslú sendo feita pela firma arrendatária, Indústria e Co-
mércio de ~ li nérios S. A. de Belo H orizon te ( ICOYI I ).
D e\'e-se acentuar que a conco rrência do minério ex plotado na se rra do Navio será cada
vez maior no co mércio de ex portação. A Bethlehem Steel Co., assegu ra um consumo anual
de 500 mil toneladas de min ' rio do Am a pá. ( Fig. 1M e 2M )

256 DICION ..\H\0 CEO LÓ CI CO-GEO MOHFOLÓGICO


Fig. n.o 1M - Afloratnento de mmeno de manganês, ora em explotação, na Serra do Navio, no território
do Amapá, - A jazida está cubada em 25 milhões de tol)eladas, apresentando teor de 49o/o. - !Em.
virtude da grande importância dêste minério, para a indústria siderúrgica, é exportado para os Estados
Unidos e representa uma boa fonte de receita para o Brasil.
(Foto ICOMI)

o estado da Bahia os depósitos de manganês estão localizados em Nazaré, Jacobina,


Bonfim, Santo Antônio de JeSlus e Urandi. Deve-se rassaltar que, embora o manganês
seja de alto teor - 50 a 52%, todavia as reservas são pequenas e as exportações têm
sido da ordem das 1 000 toneladas mensais.
l.VIANGROVITO - depÓ9itos vasosos paludais, correspondendo, por vêzes, ao shorre. No
litoral do Paraná, encontram-se no rio Guaratiba, na praia de Matinhos, mangrovitos, ater-
rados com areias eólias, como cita J. J. Bigarela.

DICION.WO GEOLÓGICO·GEOMORFOLÓGICO 257


Fig. n. 0 2~1 - Beneficiamento do Innngnnês na serra do Navio, no território federal do Amapá.
(Fo to ICOMJ )

Na (;Oslu amapacnsc há, possivelmente, mangrovito;; nas proximidades da cidade de


Amapú, na ilha de Marad. Também no litoral da Ribeira do l guape, no estado de S.
Paulo, o Prof. João Dias da Silveira identificou linhas de mangrovito consolidado de 7 a 8
metros, acima do nível elo mar.

MA GUE - terreno baixo, junto à costa, sujeito às inundações d a~ marés. Esses terrenos
são, na quase totalidade, constituídos de vasas ( lamas) de depósi tos recentes.

MANTO - o mesmo que capa geológica ou camada, com a diferença, todav ia, de ser, ge-
ralmen te, de pouca espessura. Também é freqü ente usarem-se as denominações : manto de
decomposição, manto detrítica, manto alw;ial, manto de internperismo, manto de tena
Para os geofísicos, o manto {- uma das• ca madas do globo terrestre, sob a litosfera.

MANTO ALUVIAL - o mes mo que capa ou camada de sedim entos aluviais.

MA TO DE DECOMPOSIÇÃO - o mesmo que manto de intemperismo (vide). Todavia


deve-se acrescentar o predomínio da decomposição q uími ca das camadas expostas à ação
da erosão elementar ou meteorização. Sinônimo de rególito .

MANTO DE INTEMPERISMO - material decomposto que forma a parte externa d a


crosta terrestre podendo ser rocha alterada ou solo. Esse manto pode ser formado de produto
decomposto in sittt denomin an do-se residual, ou ao contrário transportado. (Vide intem-
perismo) .

258 DICIO:\"ARIO GEOLÓGICO-GEOMORFOLÓGI CO


MANTO DE TERRA expressão usada para a camada de material decomposto e, geral-
mente, edafizado, isto é, solo ( vide).
MANTO DETRiTICO - o mesmo que capa ou camada de sedimentos desagregados das
rochas circunvizinhas.
MANTO TECTóNICO - o mesmo que lençol de arrastamento ( vide ) .

MAPA GEOLÓGICO - de um a área é elaborado de acôrdo co m os afloramentos exi&·


lentes. A geologia é !\ ciência que es tud a a estrutura ela cros.ta terres tre, as rochas, sua
composi ç:ão e estrutura, e a vida no decorrer ela históri a do planêta.
A carta geológica des tina-se a dar um a informação a. propós-ito da natureza elas rochas,.
da idade, ela es trutura e mesmo das jazidas de recursos minerais qu e ocorrem numa região.
f: stes d iferentes fatos siío indicados por co nve nções, côres, ou s·ímbolos, e seu maior ou
menor núm ero depende da escala.
A ca rta geológica deve indicar, portanto, os diferentes tipos de rochas e as idades dos
terrenos, bas·eanclo-se nos afloramentos. Representa os terrenos sem considerar a camada
superficial a Iterada , 0u, ainda, os diferentes solos (ca rta pedológica ). Todavia, o material
superficial alterado ou a tena vegetal pod e fornecer indicações p ara identificação ela rocha-
-matri z. Um elos grand es obstáculos para a elaboração de uma carta geológica é a vege-
tação, especialmente as florestas. Como exemplo citaríamos, no caso brasileiro, as área9
da Amazô ni a ta mb ém, da encosta atlântica, onde a vegetação form a um a cobertura co n-
tínua. No sertão nordestin o onde dominam o clima do tipo semi-árido e a vegetação de
caati nga, os afloramentos são bem visíveis e constantes .
Os g eó l ogo~ das áreas de clima temperado ao rea li za rem a elaboração de wn mapa
geológico encontram co ndi ções de alteração química bem diferentes das observadas em
seus país es de origem. A intensa meteorização das rochas mascara os afloramentos nas
áreas onde o clima é tropi cal úmido ou equatorial.
As cartas geológic:-:s têm por fin alidade a represe ntação das form ações geológicas e
minerais sôbre uma ca rta topogdfica. Esta9 podem ter sido ob ervadas diretamente OL'
ainda por suposição, isto é, interpolação de conhecimentos dos fatos existentes ao redor.
Os mapas geológicos. têm grand e importfmcia científica c prática. Como exemp lo
destacaríamos a geologia econôm ica (recursos minerais·), geo morfo logia (evolução das for-
rn r.s ele relêvo) , trabalhos de obras públicas (geologia ap licada), etc.
Do ponto de vista ela escala des taca mos as cm·tas geológ icas detalhadas e as cartas
geológicas de co ntunto.
As cartas geológicas de conjunto, como a que estamos es tudando, têm por objetivo a
geologia teóri ca e o ensino, CJ.Uanto as de detalhe se prestam a estudos técni cos locais, ou
sejam, de aplicação.
As cartas geológicas são verdadeiras sínteses de num erosas. informações e muitos en-
sinamentos. No entanto, é necessário o hábito de seu manuseio, para se conseguir tirar
das mesmas a melhor soma de informações . As cartas geológicas. têm sua precisão rela-
cionada com as pesquisas de campo realizadas pelos geólogos e, também, com a escala.
As cartas geológicm; es tão sujeitas à evolução dos conhecimentos a propósito da coluna
geológica do país. Para efeito de compreensão do qu e estamos afirmando vamos traçar
um breve bosquejo co111parativo entre os mapas geológicos do Brasil do ano de 1942 e o
de 1960.
A coluna geológica na carta de 1942 é bastante simplificada em relação a de 1960.
As generalizações na primeira carta são maiores que na segund a. As séri es metamórficas
dos terrenos antigos acham-se especificadas nas suas subdivisões na carta de 1960.
As grandes man chas de terrenos cretáceos do Brasil Central da carta de 1942, foram
consideradas co mo do Mesozóico indiviso. A grande bacia sedimentar pleistocênica das
cabeceiras do Xingu e as planícies de terrenos holocênicos que não se conheciam segundo
a carta de 1942, foram cartografadas no mapa ueológico de 1960. Veja-se ainda a dife-
rença na extensão dos ter.renos holocênicos e pleistocêni cos do rio Araguaia nas proxi-
midades da ilha de Bananal ( 1942 e 1960 ).

DICION Ámo G'EOI- ÓGICO-GEOMORFOLÓGICO 259


As modifica~ões registradas nessas du as cartas geológicas do país dizem respeito ao
melhor conhecimento que se es·tá adquirindo, pois, as escalas d as duas cartas é a mesma,
1/ 5.000.000.
D o ponto de vista didático veja-se a generalização 1·ealizada no pequeno mapa geoló-
gico do Atlas Geográfi co Escolar, 1964 (pág. n .0 20 ), cuja escala é de 1/ 32.500.000. Por
conseguinte, exigiu uma generalização dos conhecimentos registrados na escala maior.
Veja-se o gruparnento realizado na legenda dêste p equeno m apa.
"MAR DE MORROS" - denominação criada pelo geógrafo franc ês - Pierre D effontaines
para as colinas dissecadas que formam verdadeiros níveis, na zona da serra do Mar, MaH-
tiqueira; como exemplo podemos citar a região de Santana, no estado do Rio de Janeiro,
d eS>Cendo-se da serra do Mar em direção à baixada . Pode-se dizer, em última análise, que
um mar de mor·ros é um conjunto de m eias laranjas como as q ue são vistas no médio
Paraíba (vide).
MAR EP1RICO - o mes mo que mar epicontinental (vide epico ntinental - mar ).
MAR UNIVERSAL - o mesmo que Pantalassa (vide).
MARAUITO - variedade de turfa terciári a que aparece em Maraú, no estado da Bahia.
Este nom e foi proposto p elo geólogo Orville D erby. O marauito é fom1 ado p ela acumu-
lação de algas oleígenas . Esta deposição ll1e dá um a es tratificação nítida, na qual as
fita ~ escuras pro vêm da acumulação de humo . Certos trechos do afloram ento mo!ltram ,
por vêzes, um a estratificação nebulosa escura.
A aparência externa do marau ito é de um a rocha amarelo-clara, terrosa, assemelhando-se
ao linhito amarelo claro de natureza húmica. O marauito é um carvão - boghead - na
fase de forma ção do linhito.
Segun do estudos antigos a reserva da turfa, em Maraú, é da ordem de 450 000 to-
Heladas; apa recendo em dois tipos: o marauito legítimo e o pobre em óleo e rico em
cinzas, possuindo uma boa estratificação, à semelhança ele um folh ell1o betuminoso .
O marauito legítimo forneceu os seguintes dado!l: 2,58% de água ; 70,09% da matéria
volátil e inflamável; 10,20% de substância não volátil e combustível; 17,20% de cinza.
O fo lhelho betuminoso que aparece em Maraú sôbre rochas cristalinas é de idade cretácea,
enquanto a turfa com 15 a 30% ele substância volátil, na fas e de formação elo linhito, é o
marauito de idade terciária.
MARAUNITO - denominação introduzida p or Orville D erby para a turfa que denomina-
mos hoje de marauito, conforme proposição feita pelo geólogo Gon zaga de Campos.
MAREMOTO - d iz-se das grandes ondas, extremamente violentas, devidas a tremores de
terra subm arinos. Os maremotos são tamb ém chamados ele raz de maré ou ainda de tsumani
p elos japonêses. Es te fenôm eno pode-se fazer sentir a vários quilômetro!l ela zona litorânea.
MARGA ou MARNE - resultado do acúmulo de argila, juntamente com carbonato de
cálcio. É um misto de argila e calcário, sendo por isto definida como um calcário argiloso
ou um a argila com teor calcário .
As ma rgas são rochas mais ou menos duras e compostas, como já clis·semos, de car-
bonato de cálcio (calcário) e silicatos aluminosos (argila).
MARGEM - faixa de terras emersas ou firm es junto às águas de um rio, de um lago,
ou uma lagoa.
As m argens de um rio são denominadas de esqu erda e direita, tomando-se sempre
oomo orientação o sentido d a corrente. O observador dá as costas para montante, isto é,
as cabeceira!l, e terá do seu lado direito a margem direita e do lado oposto, a margem
esquerda.

MARGEM CôNCAVA ou DE CHOQUE - aq uela cujo flu xo d a corrente fluvial, num


meandro, ataca diàriam ente, enq uanto na margem oposta, convexa, verifica-se a deposição
de detritos. A margem côncava é abrupta e escavada diàriamente.

260 DICIONÁHIO GEO LÓGI CO-GEOMOHFOLÓGICO


MARGEM CONTINENTAL - denominação dada por J. Bourcart e Umbgrove à reunião
das duas zonas submarinas chamadas de platafarma continental e talude continental (vide).
Alguns autores, porém, usam indistintamente êstes dois têm1os como sinônimo!f.

MARGEM CONVEXA - aquela que no curso de um meandro fica oposta à margem de


choque ou côncava e na qua l se verifica a deposição dos detritos ( Figs·. ns. 6 e 7M). É
também chamado de margem de silêncio.

MARGEM DE CHOQUE - o mesmo que matgem côncava de um meandro.

MARGEM EMERSA - denominação imprópria, porém usada por certos au tores, em s·ubsti-
tuição à palavra tetraço (vide).

MARGEM LITORÂNEA - faixa de terras contígua9 ao mar (vide litoral).

MARINHA (erosão) - vide erosão marinha.

MARINHO (sedimento) detritos depositados pelo mar. São classificados, geralmente,


segundo a zona em que foi feita a deposição ~m : nerítico, batial e abissal.

MARIPOSITA - mica cromífera, de coloração verde, empregada, geralmente, para fins


decorativos. Sinônimo ele fuchsita.

MARMITA - buracos que aparecem no leito dos rios produzidos pelas águas turbilhonares
(Fig. n. 0 3M). ~stes buracos aparecem, comumente, logo após uma cachoeira, ou então,
quando há rápido desnível sendo, no entanto, o leito elo rio de rocha dura e compacta. As

Fig. n.o 3M - Marmitas produzidas pelo atrito constante dos seixos. Nesta rocha calcária compacta
espaleozóica (série Bambuí) o rio São Francisco cava êsses buracos pelo efeito do eixo vertical
turbilhonar. Há, porém a acrescentar o efeito da dissolução. O aumento do diâmetro da marmita pode,
algumas vêzes, ser produzido pelo recortamento de várias pequenas, fonnando sàmente uma grande.
(Foto do autor)

DICIONÁRIO GEOLÓGJCO-GEOJ\lORFOLÓGJCO 261


marmitas são prod uzidas pelo eixo vertical dos turbilh ões. Segundo a lgu ns morfologistas,
o afund amento d os talvegues dos rios é realizado, apena9, pelas marmitas e seus recorta-
mentos ( Fig. n. 0 4M ).
No fun do dessas marmi tas encon-
tramos sempre seixos e areia q ue pa-
recem responsáveis· pela erosão. Isto p ro -
va a existência de u ma evolução p rogressi-
va muito localizada. D enomina-se ainda a
estas cavidades hemisféricas ou cilíndricas
de ma1·m.ita dos gigantes.
As cavidades ou b uracos ele fo rma cir-
cul ar que aparecem no leito das torrente.•
são de9ignadas d e m armitas torrenciais.
MARMITA DE DISSOLUÇÃO - pequ e-
nas cavidades produ zidas pela dissolução
na superfíc ie das rochas especialmente as
que são ricas em carbonato de cálcio. A
origem dês-ses b uracos é geralmen te, di -
ferente das mm·m·itas do leito dos rios ou
da zona litorânea, onde o escavamento
principal é p rodu zido pelo atrito dos seixos,
enq uanto o fenômeno d e d issolução pode.
Fig. n. 0 4 M - Recortamento de marmita.
muitas vêzes, ser inteiramente renegado a
segundo plano.

MARMITA TORRENCIAL - vide marmita .

MÁRMORE - calcário cri stalino , ou melhoi, um carbonato de cálcio metamorfizado e


r~cris talizado . As cli versa9 vari eda des de côres e veios q ue aparecem nos mármores são
dev idas aos minerais q ue con têm ou substância orgânica. E m estado ele p ureza, é de
coloração branca. O má rmore é mu ito usado na estu ária e também como ma teri al de co ns-
trução, em geral.
A extração do calcá ri o metamorfos eado, só é reali zada q uando a rocha poss ui estrutura
e coesão q ue p ermitem poljm en to. No co mércio, e, m es mo, para os engenh eiro&, em geral,
d á-se o nome d e mármore, aos calcários que podem receber polimento, mes mo q ue nãr;
seja uma rocha metamórfi ca.
O primeiro tear de serrar blocos de mám1ore foi instalado no Brasil, no ano de 1910.
Representa êsle fa to, a primeira ink iativa do aprovei tam ento do mármore nacional. O
Brasil importou muito m ármore dos s-eguintes países da E uropa: Itália, Portuga l e França.
Entre os edifícios importan tes da cidad e do Ri o de Janeiro onde o mármore europeu foi
utilizado, pocle-s·e citar: Palácio Monroe, Itama rati, o Palácio elo Catete, o Palácio Guanab ara,
a Igreja da Candelária, etc.
To p eríodo da pri meira grande guerra - 1914/ 1918, as poucas instalações de co rte
existentes, desempenharam import ante papel nu suprim ento da indústri a de artefatos.
O mármore nacional, em geral, é muito ataca do pelos agentes de meteorização. Nesk
particular, deve-se fri sar que depois de 10 anos, as pedras expostas ao tempo são, geral-
mente, muito atacadas.
O estado b ras ileiro que mais se di stinguia na produ ção do mármore era Minas Gerais,
todavia em 1960 sua produção caiu muito, sendo mesmo sobrepujada, em algum as toneladas
pela do estado do Rio de Janeiro, q ue vinha ocupando o 2. 0 lugar. A seguir, vêm os
estados do Hio Grande do Norte, Espírito Santo, Paraná, S. Paulo, Alagoas, Santa Cata-
rina e Bahia. O márm ore de Gand arela é caracteri zado pelos s·eus coloridos variados.
Quanto à exploração de mármores do tipo fino, como o mármore branco de Carrara,
q ue o Brasil importava eh Itália, foi 9ubstitu ído pelo m ármore encontrado no E spírito
Santo, em Cachoeiro do Itapemiri m e em Minas Gerais, no município ele Mar de E spanha.

262 DI CIONÁRI O GEOLÓGI CO- GEOMORFOLÓGI CO


Fig. n. 0 5M - Jazida de mármore branco no município de Mar de Espanha (Minas Gerais). A extração
do mármore é feita mecânicamente com perfW'atrízes e serras, produzindo blocos que são vendidos,
principalmente para o Rio de Janeiro, São Paulo, Niter6í, Belo Horizonte, etc.
(Foto Tíbor Jablonsky do CNG)

Do ponto de vista da distribuição geográfica das J'azidas de mármore conhecidas,


pode-se dizer que traçando-se uma linha reta que partin o do centro do Rio Grande do
Sul alcance a fronteira do Piauí com o Ceará, ela corta o país em duas regiões: a pri-
meira, a leste que encerra mais de 90% das minas; e a segunda, quase em branco, exce-
tuando algumas manchas no Maranhão, Pará, Goiás e Mato Grosso. Dentre estas considera-
ções pertinentes à distribuição geográfica das minas de mármore, deve-se pôr em destaque,
que em 1950, calculava-se em 2 000 a9 jazidas conhecidas, sendo o estado de Minas Ge-
rais (Fig. n. 0 5M) o que as po9Suía em maior número. No estado da Guanabara, estavam
mais de 50% das máquinas beneficiadoras existentes no país.
A produção de mármore, embora venha tendo desenvolvimento, ainda não é suficiente
para o consumo do paí9, importando-se, por conseguinte, similares de Portugal, Bélgica e
Itália, principaLnente. Em 1964 produzimos 50 952 t, sendo o estado de Minas Gerais
o que mais contribuiu - 23 386 t. Em 1962 a produção foi de .59 393 t, tendo baixado
nos anos subseqüentes.

MARNE - o mesmo que mmga (vide).


"MAR CHE " - denominação usada na Alemanha para as áreas d~ solo, conquistaclas
ao mar. O mesmo que "polders" da Holanda.
MASSA BASAL - vide fenocristal.

DICIONÁRIO GEOLÓGICO-GEOMORFOLÓGICO 263


MASSAPÊ - denominação popular para os solos argilosos. o estado de São Paulo, são
constituídos por solos oriundos da decomposição do granito. No 1 ordeste, são solos férteis,
nos quais o calcário concorre para a s.ua form ação, sendo muito cultivados com os grandes
canaviais. Na Bahia massapê é o barro originado pela alteração dos folh elhos da bacia
cretácea do Recôncavo.
MATACÃO - designação regional usada para as bola~ de rochas compactas; o mesmo que
bou.lder (vide) .
MEAND RO - sinuosidades descritas pelos rios, formando, por vêzes, amplos semicírculos,
em zona de terrenos planos, sendo então, chamados de m eandros divagantes. O têrmo
genérico para designar estas voltas coleantes dos curso9 d'água veio do rio Meandro,
Twje Menderes, na Anatólia ( Ásia Menor). este tipo, como o seu nome está a indicar,
o leito do rio muda com facilidade de lugar, em fun ção ela erosão. ( F ig. n.0 6M e 7M) .

Turbilhóes Horizontais
I \ , ·~----~------~--------~
Solapamento_, " '-,-=-

Fig. n . 0 6M

Outro tipo de s·inuosidade descrita pelos cursos d'águ a são os meandros encaixqdos, nos
quais as margens são altas e o vale se acha profundamente escavado.
Nestes meandros é freqüente o recortamento ( sacado), fazendo uma passagem reti-
línea entre as duas extremidades do arco ele círculo, dando aparecimento a um lago em
form a ele crescente, com uma ínsua, cujo destino é a colmatagem e conseqüente de-
saparecimento.
MEDÃO - · têrmo pouco usado para 09 montes de areia ou dun as ao longo ela costa.
MÊDO - o mesmo que côm.oro ou duna. (vide ).
MEGASSISMO - denominação d ada aos terremotos ele grand e intensidade, isto é, ab alos
catastróficos. É o oposto ao mícrossism.o ( vide) .
MEGASCóPIO - o mesmo que nwc1·oscópíco ( vide) .
"MEIAS-LARANJAS" - denominação regional usad a por Pierre D effontaine r,ara as formas
de relêvo qu e aparecem como calotas. Algum a9 vêzes, essas "meias-laranjas ' dão um as -
pecto típico ao 1·elêvo, sendo então denominadas de mm· de m o·rros.
As "m.eías-laran;as" são formas arredondadas que aparecem em rochas graníticas, pois,
os gnais,-es dão mais freqüentemente aparecimento a "pães-de-açúcm·" . No vale do Pa-
ra íba do Sul, pode-se observar vários níveis de "mar de morros" .
MELÃFIRO - denominação dada por alguns geólogos aos basaltos vawolares antigos, isto
é, de idade primária . Certos autores dão esta denominação a todos os basaltos que apre-
sentam vermiculações e vacúol os, cheio , por vêzes, de zeólitas. Outros consideram-na uma
denominação obs<>leta.

264 DICIONÁRIO GE OLÓGICO-GE OMORFOLÓGICO


Fig. n. 0 7M - Os rios de meandros livres são típicos de áreas de planície. Já nos trechos de planaltos,
os meandros são comumente encaixados. O mecanismo da erosão fluvial manüesta-se pelo solapamento
nas margens côncavas e o conseqüente depósito nas margens convexas. - A topografia drenada pelo
baixo curso do rio Jequitinhonha, é quase plana vendo-se amplos meandros, bancos e praias de areia
no primeiro plano, e em tôda a região a densa e pujante floresta da costa atlântica.
(Foto Tomas Somlo)

MELANIZAÇÃO - processo em que a matéria orgamca se incorpora ao solo. Conseqüen-


temente há um escurecimento dos horizontes, onde se processa esta incorporação.
MELANOCRÃTICA - rocha em cuja composição dominam os minerais de coloração escura
e, geralmente, subsilicosos. É o antônimo de leucocrática.
MERGULHO - inclinação dos estratos. geológicos em relação com o plano horizontal dado
pelo nível dos mesmos. A direção perpendicular ao mergulho é a inclinação. Do ponto de
vista geológico e morfológico, há uma certa confusão entre os dois têrmos. Preferimos a
utilização de mergulho, apenas, para os estratos ou camadas do terreno, e inclinação para
o relêvo. Supondo um anticlinal ligeiramente dissimétrico, ou deitado, verificamos que as
camadas mergulham para oeste e o relêvo é inclinado para leste (Fig. n. 0 8M).
O ângulo do mergulho é medido com o auxílio de uma bússola com clinômetro ou
bússola de geólogo. Nos terrenos sedimentares e nas rochas metamórficas, além do valor
do ângulo do mergulho, mede-se sua direção e o das diferentes camadas. Nos terrenos
cristalinos não há determinação da direção das camadas, nem do mergulho. Nos mapas
geológicos ou geomorfológicos estruturais, os mergulhos são representados por uma pequena
seta perpendicular à direção das camadas. O tamanho da seta varia em função do valor
do ângulo do mergulho. Nas zonas de grandes movimentos, os mergulhos são fortes e com
direções variáveis.

DICIONÁRIO GEOLÓGICO·GEOMORFOLÓGICO 265


"MESOCARSTE" - fenôm eno9 cá rsticos, em rochas margosas (vide marga).
MESA - remanescente de um a an tiga superfície, cujos terrenos ao redor foram escavados
e retirados pela erosão. Êste tipo de relêvo é constituído, geraL11ente, por uma form a que
lembra no seu tôpo um a m esa cujas bordas termin am, geraL11 ente, por escarpas de acen-
tuado declive (vide testemunho) .

Fig. n. 0 SM - N as ilustrações acima vê-se tnimeirame nte a m aneira cmno se apresentam as ca1nadas,
e poste riorme nte a detcrminaçào da direção do mergulho e o se u valor.

MESETA - denominação regional d a Espanha Central para O!> planaltos cuja topografia
é acentuadamente plana.
A meseta é uma forma de relêvo tabular, situada em altitude elevada e ocu pa, às vêzes,
grandes extensões. As mesetas da Espanha são constituídas por estratos sedimentare!> que
foram perturbados por derrames vulcânicos. Nas áreas de mes-etas, disti nguem os geonior-
tólogos, as plataformas estruturais e as platafo rm as de efusão vu lcânica . As primeiras são
constituídas por superfíci es de es·tratos mais ou menos horizontais e mais resistentes à
erosão, q ue carregou as camadas tenras. As seg undas são co nstituídas pelo afloramento de
derrame vulcânico.
O têrmo mese ta tem sido empregado de modo genera lizado, até para superfície de
erosão.
Os autores d e língua es·panhola usam m eseta, indistintamente, para tôdas as formas de
relêvo que se aproximam das formas do planalto, e - quando estas são muito elevadas,
empregam ainda: altiplanície - geralmente a mais de 3 000 m, e altiplano, a mais de
4 000 m.
MESOCRÃTICA - rocha de coloração média, sendo uni intermédi o entre as mela nocráticas
e leucocráticas .

MESOPOTÂMIA - têrmo usado nas descrições geográficas para denominar terra entre
rios.
MESOSFERA - denominação dada, por alguns autore~, à camada da geosfera que se lo-
caliza entre a litosfe-ra (vide) e o núcleo central (vide ) .
MESOSSILíCICO - grupo de rocha em que a quantidade de sílica varia entre 52 e 55%;
mais comumente chamadas de rochas neutras. Vide ácida (rocha ). Como exemplo de rocha
mesossilícica pod emos citar o andesito.

266 DICIONÁ RIO GEOLÓGICO - GEOMORFOLÓ GICO


MESOSTASIS - o mesmo que material vítreo, que se encontra nas rochas eruptivas de
derrame ou nas que pos<Suem textura porfirítica.
MESOZóiCA ou SECUNDÁRIA - era que sucede a primária e antecede a cenozóica . A
duração de seu tempo geológico é bem inferior à do paleozóico - cêrca d e 140 mi lhões de
anos, e superior à cenozóica.
A era mesozóica não se refere à parte média da história física da terra, e s.im à idade
m édia da evoluç ão . da. vida .
Esta era é subdividida em três. períodos: triássico, jurássico e cretáceo.
Do ponto d e vista orogênico, a era mesozóica é caracterizada por uma grande calma,
qu e precede às grandes revo luções alpinas que se vão desenvolver no terciário. Há, porém,
lentos movimentos epirogênicos do solo que vão ocasionar deslocamentos das linhas li-
torâneas.
A vida no mesozóico é caracterizada pelo grande desenvolvimento dos répteis, po-
dendo-se dizer que é a era dos répteis. Nessa era, ê5ltes animais dominaram em quase tôdas
as concüções ele vida: ar, terra e água. Atuah11ente, existem apen as 5 ordens de répteis,
tendo existido no m esozóico, 25.
E ntre os répteis ma rinhos destacam-se o IctiossattTO e o Plesiossauro . Quanto ao9 répteis
terrestres eram mu ito grand es, distinguindo, entre herbí voro Diplodocus, Brontossauro, Igua -
nodonte, TTiceratops; entre os carnívoros, o Cemtossaum e Tímnossaum. Os répteis .voa-
dores são representados pelos PteTodáctilo e Ptemnodonte.
A evolução dos mo luscos cefa lópodos, no Mesozóico, foi grand e, sendo as amo nitas c
e beleminitas. os mais típicos.
Aparecem os primeiros pássaros e mamíferos evoluindo ràpidamente para as fom1as
atuais, todavia somente no cenozóico é qu e alcançaram pleno desenvo lvimento .
No reino vegetal, a flora mesozóica é muito diferente ela paleozóica. Na primeir:l
metade ela era, dominam os ginmospermas e no cretáceo, os angiospermas, aparecendo as
monocotileclônias e as di cotiledôn eas .
O clima é no início da era, ainda quente, e uniform e, manifestando-se porém, um a
tendência para o resfri amen to dos pólos. As zonas climáticas começa m a se est ab elecer, bem
como as estações.
Do ponto de vista paleogeográfico, no fim dessa era, já começavam a aparecer os
continentes do hemisfério sul, com as formas aproximadas que possuem atualmentc.
MESOZONA - zona de transformação das rochas por efei to elo metamorfismo, situada
entre a epizona e a catazona, no dizer ele Grubenmann .
METALESFERA - o mesmo que barisfera (vide) .
METAMORFICA (rocha) cristalofiliana, qu e inclui os xistos cristal-inos - resulta
ela trans formação de outras rochas preexistentes. Quando esta transformação é feita em
rochas eruptivas, estas são chamadas ele ortometa:mórficas, e no caso elas rochas sedimen-
tares, denominam-se de pammetamórficas.
As rochas m etamórficas res ultam elas condições ele pressão e ele temperaturas elevadas.
Sua grande característica é possuir orientação de camadas, da í ser também denominada
de cr-istalofiliana. Quanto às rochas eruptivas, não possuem camadas, e os• cri stais se di s-
tribuem indiferentemente na massa; são por isto rochas sem orientação . Há nas metamór-
fica9, o alinhamen to ele cristais em leitos ou camadas, que constitui muitas vêzes, um fator
importante na direção da erosão sôbre o relêvo.
Entre as principais rochas metam órficas podemos citar : quatzitos, gnaisses, filitos.
ardósias, mi caxis tos, mármore etc.
METAMORFISMO - conjunto de processo9 pelos quais os depósitos detríticas ou outros
tipos de rochas venham a ser transformados. As alterações das rochas devidas ao meta-
morfismo são d e vários tipos : metamorfismo de contacto, regional ou geral, hidrometamor-
fismo, etc. Estas alterações não devem ser confundidas com as motivadas pela ação dos
agentes erosivos exógenos, isto é, dinâmicos externos.
r \I

DICIONÁ RIO GEOLÓGICO- GEOMORFOLÓGICO 267


No hidrometamorfismo podemos ter a albitização em granitos, granitização em gnaisse,
saussuritização dos tordilitos em felds·patos, etc., além das transformações dos elementos
máfi cos em cloritóides, arenitos com cimento recristalizado, arenitos ricos em calcedônia,
etc.
O metamorfismo pode ser endógeno e exógeno. No primeiro caso, quando por con-
tacto a auréola da rocha que estava próxima foi m etamorfizada e englobada após uma
série de transfonnaçõ es·; no segundo, quando o magma efusivo extravasa sôbre a rocha
encaixante. ( Vide regional - metamorfismo).

METAMORFISMO ENDóGENO - o mes mo que endometamorfismo ( vide ) .

METAMORFISMO EXóGENO - o mesmo que exometamorfismo (vide) .

METAMORFISMO CATACLÃSTICO (vide) cataclase.

METAMORFISMO REGIONAL - metamorfose susceptível de atingir g r ande~ áreas e terre-


nos de várias idades geológicas. O metamorfismo regional é também d enominado de n'i:eta-
moljismo geral em oposição ao metamo·rfismo local.

METASSOMATISMO - processo diagenético que acarreta modificações quumcas nos mi-


nerais e sêres orgânicos. O metassomatismo nada mais é que as transform ações de ordem
química sofrid as pelas rochas podendo ser devidas a : hid1·atação, oxi.dação, 1·edução, dissolH-
ção, decomposição, dolomitização, silificação dos calcários, etc. Verifica-se uma mu dança de
substânci a, nestes processos, sendo alguns minerais das rochas substituídos por outros. Os fe-
nômenos metasso máticos podem-se, restringir, exclusivamente, à parte s-uperficial, ou então,
penetrar profundamente, graças à existência de fendas ou diáclases . As rochas cristalinas
e maciças são mais difíceis de serem atacadas em profundidade, porém , a circulação da
água ao longo das di áclases vai ocasionar hidratação que pode chegar a vários metros.

METEORITO - corpo metálico ou rochoso caído na s-uperfíci e da terra, tendo vi ndo dos
espaços interplanetares ou interestelares. É, por conseguinte, matéria rochosa ou mineral
de origem extratelúrica. O estud o da compos·ição quími ca dos di versos minera is (1ue
compõem os meteoritos é de grand e importância para se conh ecer a petrografia dos outros
astros e compará-la com a do nosso planêta.
Tomando-se por base a composição química e, em p arte, a estrutura, os meteoritos
podem ser class ificados do seguinte modo: a) sideritos ou holossideritos, b) sideroli tos, c)
aerólitos-condritos, d ) aerólitos, c) vítreos.
Como exemplo podemos citar o meteorito de Bendegó, caído no rio do mesmo nome,
no estado da Bahi a, e achado em 1789. Seu pêso é de 5 360 kg. E stá atualmente. exposto
no Museu Nacional.

METEORIZAÇÃO - conjunto de fatôr es exodinâmicos que intervêm s.ôbre u ma rocha


acarretando modificações de ordem mecânica e química. Na geomorfologia, consideramos
de modo mais amplo, englobando os fenômenos de desagregação mecânica, decomposição
química, dissolução, hidratação, etc. É o complexo de fatôres que vai ocasionar a alteração
das rochas. Na ciência elos solos, algum; pcclólo gos encaram a meteorização como a trans-
foml ação ele rochas decompostas ' em solos ( eclafização ). Para o geólogo e o geomorfolo-
gista, a decomposição é causada pela atuação dos diversos agentes exodinâmicos, que
transformam a rocha inicial, numa rocha alterad a ou decompos-ta.
De acôrdo com os diversos tipos ele climas, po.demos sinteticamente, distinguir: nos
climas quentes e úmidos - tipo equ atorial e tropical - p redomina a decomposição química ;
nos climas seco ~ e quentes (áridos) e frio s ( nevosos) predomina a d esagregação mecânica;
nos climas úmidos moderad os - a des-agregação mecânica e a decomposição química se
contrabalançam.

MICA - famíli a de m inerais constituída por silicatos hidratados ele alumínio, potássio,
sódio, ferro, magnésio e, algumas vêzes, lítio, titânio, cromo, manganês e flúor. A família

268 DICIONÁRIO GEOLÓCICO-GEOMORFOLÓGICO


das micas divide-se em dois grupos: 1 - micas potássicas, ex.: moscovita; 2 micas ferro-
magnesiana8, ex.: biotita. (Fig. n. 0 9:1\1).
As micas têm uma densidade de 2,7 a 3,1 e uma dureza de 2 a 3.
A importância das micas para a geologia econôrnica é devido ao fato de apresentarem
um conjunto de propriedades que a9 tornam de grande utilização. A clivagem facil permite
que sejam separadas em lâminas de espessura, por vêzes, insignificante, flexíveis e elásticas.
Esta propriedade aliada a outras corno: a má condutibilidade calorífica e elétrica, resistên-
cia a altas temperaturas e as mudanças súbitas, tornam as micas de grande valor econômico.
As micas conforrhe o seu aspecto, isto é, o tamanho das placas ao serem extraídas das
jazidas, podem constituir tipos comerciais como : as grandes placas de moscovita e flo-
gopita, ou pulverizadas, e, nes te caso, vendidas em menor escala, como a biotita e clorita.
Em 1964 o Brasil produziu 1 470 t, sendo que o estado de Minas Gerais contribuiu com
1 361 t e os estados de Goiás e Ceará com, apenas, 89 . e 20 t respectivamente.

Fig, n. 0 9M - Placas de mica que vão ser classificadas para emprêgo na indústria, em geral.
(Foto Esso Brasileira de Petróleo)

t.UCAXISTO - rocha de origem metamórfica, constituída essencialmente de micas, quartzo,


alguns feldspatos e vários mim·rais secundários. Como tôda rocha metamórfica, aparece
na natureza disposta em camadas de espessuras rnuit</ variadas sendo porém muito laminada.
A decomposição do micaxis-to dá aparecimento a um material argiloso, untuoso ao
tato c, geralmente, estéril para a agricultura.

MICROCLINA - feld9fato potássico semelhante ao ortósio quanto à compos1çao qmrmca,


dureza, pêso específico e caracteres gerais; porém, cristalizado no sistema triclínico, en-
quanto o ortósio cristaliza no sistema monoclínico.

DICIONÁRIO GEOLÓCICO-CEOMOHFOLÓGICO 269


A varied ade verde de microcUna é de largo emprêgo nas joalherias sendo denominada
de amazonita ou pedra das amazonas .

MICROGRANITO - variedade de rocha em qu e a textura se aproxima de um granito


porfiróide, ma9 na qual a dimensão dos grãos só pode ser distinguida no exame micros-
cópico de um a lâmin a. Sinônimo de qua.rtzo-p6rfiro.
MICROLíTICA - textura das roch as cujo resfriamento dos minerais se fêz em dois tempos :
um intratelúrico e outro embora profundo, porém, mais superficial em relação ao primeiro.
Observa-se, por conseguinte, a existência de cristais de tamanho9 menores - os mais su-
perficiais - e d e tamanhos maiores - os mais profundos.
MICROSSIENITO - vide traquito.
MICROSSISMO - movimento sísmico d as camadas, de pequena intensidade, perceptível
apenas por m eio de si m 6gra.fos.
MIGRAÇÃO DOS CONTINENTES - o mesmo que tmi'ISlação continental ( vide) ou teoria
ela mobilidad e elos contin entes segund o A. W ege ner.
MILONITO - rocha finam ente tri turada que aparece, comum ente, junto às linhas de fa lha.
Os milonitos podem ser definido s como rochas esmagadas ao longo de fraturas e fa lhas.
Em zonas onde a erosão arrasa as fom1a9 salientes ele relêvo produ zidas p elas falhas,
podem-se descobrir as linhas de falh as, com certa facilidade, quando se encontram rnilonitos .
MINA - é o d epósito mi neral ( jazida) em exploração pelo homem. Um pegmatito decom·
posto e inexplorado é uma iaZ'icla ; o mesmo em es tado ele exploração, com galeri as, escava-
cleiras, etc., é uma mina. A designação ele 1nina, para os jazigos ele rocha, é usada, apenas,
quando se trata ele um minério ou ele m ateri al usado nas co nstru ções ou em ob jetos ele arte.
Cost1m1 am, algu ns autores, reservar a palavra m ina, para as ga leri as de onde os homens
extraem metais, combustíveis, ou quaisquer substâncias minerais.
A atividacle extrativa dos minerais no Brasil é, em grande p arte, realizada de modo
primitivo, isto é, a garimpagem ou fai scação . As lavras concedid as ou manifes tad as têm
produção pequena, por falta ele capital, de orga ni zação, e ele conh ecimento cient ífico elo
potencial da jazida.
No decorrer dos tempos coloniais clava-se o nom e ele faisca.cloms aos que explotavam
o ouro, enquanto se reservava a denominação de garimp eiros para os que explotavam
diamante.
Caio Prado Júnior tecendo considet·açõe9 a propósito elo garimpeiro no período do
monopólio ela explotação elos diamantes pela Coroa frisou: "Odiado e perseguido p ela
administração, admirado pelo povo, temido por todos, vivia o garimpeiro à margem ela
lei, constantemente a um passo da fôrca ou do tiro ele uma es pingarda, invadindo as áreas
proibidas para minerar nelas, desafiando não raro as autoridades a quem chegava a fazer
frente de armas na mão ("Formação do Brasil Contemporân eo" - Colônia, pág. 179 ).
Hoje, não se faz tal distinção, dando-se, genericamente, ambas as denominações, para
os qu e vivem da explotação ele recursos. min erais, ele modo primitivo.
Silvio Fróis Abreu corrobora em nossa afirmativa, dizendo que a mineração elo Brasil
tem um caráter predomi.nan.temente de gm·irnpagem, pois, 50% elo ouro produzido, 90% do
quartzo, 100% do diamante, 100% elo rútilo, 100% de tantalita, 100% ela cassiterita, 100% do
berilo, provêm ela garimpagem. (Fig. n .0 10M)
Do ponto de vista da política ele mineração é interessante observar o que ocorre
na extração de carvão mineral no es tado de Santa Catarina, pois ao lado de importantes
instalações industriais como é o caso da Companhia Siderúrgica Nacional há várias minas
de garin1pagem.
A indústria min cil'a, no Brasil, teve intenso desenvolvimento nos últimos 30 anos, e mais
especialmente, no período de 1939 a 1950, devido à grande procura ela matéria-prim a mi-
neral pelos países beligerantes, que tiveram que recorrer a outros países, como é o caso
do Brasil. No dizer expressivo de Mário da Silva Pinto: "a demanda criou a ativiclacle,
numa espécie de aplicação no campo econômico, da afim1ação da fisiologia ele que a
função cria o órgão ("As perspectivas ela mineração no Brasil", pág. 28 ).

270 DICIONÁRIO GEOLÓGICO - GEOMORFOLÓ GI CO


Deve-se, por conseguinte, pôr em destaque, o fato de que ao lado de uma mineraçál:
adiantada, persiste ainda no Bra&il o tipo primitivo da garimpagem, coexistindo assim,
comu que em flagrante contradição, ttma indústria moderna e uma arcaica reminiscência
do século dezo·ito. (Vide minério).

Fig. n.o 10M - Mineração de garimpagem, é o traço mais característico da economia mineira dos
paúes subdesenvolvidos. A garimpagem constitui, na grande maioria dos casos, uma verdadeira dila-
pidação dêsses recursos. Na foto acima vê-se a mineração do cristal de rocha, no estado de Goiás .
(Foto Esso Brasileira de Petróleo)

MINERAL - mas&a inorgânica natural, de compostçao quumca definida, com um ou vários


tipos de cristalização. Os minerais compõem as rochas que constituem a litosfera. Pode-se,
pois, definir rocha como um conjunto de minerais ou apenas como um mineral consolidado.
Por exemplo a calcita isolada constitui um calcário, a sílica em estado cristalizado, o quartzo.
As rocha9 podem ser identificadas pelos minerais que as integram. D êsse modo quando um
mineral caracteriza um tipo de rocha passa a ser considerado como "mineral essencial". O
granito é constituído por três minerais essenciais: quartzo, micas e feldspatos. Há ainda os
"minerais acessórios" que revelam condições especiais de cristalização e os "minerais secun-
dários" que aparecem nas rochas depois de sua formação .

PICIONÁRlO GEOLÓGICO-GEOMORFOLÓGICO 271


Na Fí9ica Mineral há uma sene de propriedades cujo conhecimento se torna indispen-
sável para um rápido reconhecimento macroscópico: estmtttra mineral ( minerais amorfos,
cristalizados e cristalinos), clivagem, fratura , brilho, côr, propriedades organolépticas (unto-
sidade, aspereza, sabor, odor ), opacidade, etc.
Existe ainda uma categoria de minerais indispensáveis p ara as operações industriais
de certos p aíses, os quais são denominados de minerais estmtégicos. E sta categoria de
minerais indispensáveis para indústria de um p aís, resulta todavia dos recursos de exploração
de um ou tro p aís. Por conseguinte o e~tanho é um mineral estratégico para os E stados
Unidos e não acontece o m esmo com a Bolívia que o produz, etc. Podemos dizer, então,
que um mineral é uma substância inorgânica q ue existe na superfície da terra, e provém
da própria constitui ção da crosta terres tre.
Características físicas dos minerais:
a) Estado cristalizado, crist:alino e amorfo.
A maioria dos minerais são cristalizados. Na natureza, os minera is cri9talizados somente
se formam em condições d e absoluta tranqüilidade anulando, por conseguinte, a influência
das pertmbações exteriores, exigindo ainda extrema lentidão. Os minerais cristalizados ca-
racterizam-se pela sua forma geométrica, pela sua regularidade.
Tos minerais. amorfos não há formas geométricas regulares, uma vez que não há nêles
uma estrutura molecular que dê aparecimento a faces planas como nos minerais crista-
• lizados. As substâncias amorfas podem ser compactas ou pttlverulentas assemelhando-se ao
vidro (substância vitrosa), à porcelana. Podem apresentar-se também em estado coloidal.
Os minerais cristali nos são aquêles que à primeira vista pal'ecem amorfos, não pos-
suindo formas geométri cas regu lares, mas es tu dados ao mi croscópio, revelam propried ades
dos corpos cris ta li zados e são por isso, chamados cristalin os.
b) Dumza - é a resis tência oposta p elo mineral ao risco que se fa z na sua super-
fíci e. Um corpo é mais duro do que o outro, quando o Iisca. A resistência
co nsid rada na mineralogia, é ao 1·isco e não ao choque. A dureza dos minerais
depend e da co e~ão superfi cial das moléculas.

A escala de dureza organizada por Mohs é a seguinte:


1 - Talco, 2 - Gipsita, 3 - Calcita, 4 - F luorita, 5 - Apatita, 6 - Ortósio, 7 -
Quartzo, 8 - Topázio , 9 - Coríndon, 10 - Diamante.
A escala de dmeza mais comum é a unha, o aço, o vidro e o diamante. Qualquer
dos têrmos risca o antecedente e é riscado p elo conseqi.iênte.
c) Densidade - é mui to variável; há minerais pesados, médios e leves. A deter-
minação da densidade dos minerais pode ser feita com a balança de ]olly C'U
com o vaso de Pisani.
•. . d f cassiterita - 6,8
i\'!lnerms
1 pesa os: l barita _ 4 ,5
Minerais médios: biotita - 3,0

Minerais. leves: f opala - 2,2


l ortósio - 2,57

Man eim de ocorrência dos minerais nas mchas -


Os minerais das rochas podem se apresentar em formas diversas: dentríticas, lamelares,
geados, lenti cula res e filiform es. :Êss.es minerais podem dispor-se em : filões, bossas, disse-
minados e damos.
Quanto à sua importânci~, na com posição e caracterização das rochas, podem ser
classificados em: 1 - essencw1s 2 - acessórios e 3 - secundários.
Os minerais essenciais - quartzo, feldsp atos e micas - quando distribuídos de ma-
neira não alinhada, constituem um granito. A rocha possuindo ê!ites três elementos, porém,
de maneira alinhada, forn1 ando verdadeiros olhos ou fitas, vai constituir outro tipo, isto
é, o gnaisse.
Ao lado dos minerais essenciais, deve.D10S destacar outros, 09 chamados acessórios
q ue nos permitem conhecer a profundidade aproximada e as condições onde a rocha

.272 DICIONÁHIO c ·E oLÓGICO- GEOMORFOLÓGI CO


foi consolidada. Quanto aos minerais secundários, são aq uêles qu e se formam da alteração
dos outros minera is, isto é, do& essenciais e acessórios.
A sílica livre, isto é, o quart-.w e alguns silicatos como os feldspatos, ortósio, plagio-
clásio, feldspatóid es, as mi cas e os anfibófios, piroxênios e peridotos ( silicatos pesados ) en-
tram na composição de q uase tódas as rochas eruptivas e metamórfi cas .
Os recursos minerais do Brasil ainda não estão completamente conhecido9, do ponto
de vista de sua importância económica. Conhece-se a existência de afloramentos de di-
versos minerais, em vários trechos do país, ma& pouco se sabe do verd adeiro significado
de tais jazidas.
Muita incerteza e controvérsia existe por exemplo, a propósito da verdad eira impor-
tância económica dos minerais atómicos.
Na pesquisa de campo, ou melhor, na "caça" feita aos afloramentos de minério, deve-se
~a lientar qu e com a implantação do primeiro Código de Minas, regido por D ecreto-lei de
1934, o país experimentou as verdadeiras atividades da mineração. A nova Constituição
Federal de 1946, que modificou a aplicação do aproveitamento das jazidas e minas, dando
preferência ao proprietário do solo onde se situassem os depósitos , restringiu o desenvol-
vimento mineiro do país.
Há no &ubsolo brasileiro muitos recursos minerais indispensáveis à es truturação do de-
senvolvimento industrial moderno do país, porém, falta a prospecção das jazidas.
A descoberta de minéri os no Amapaá, especialmente, a~ grand es jaz idas de manganês
da serra do Navio, constituiu surprêsa para todos o& que trabalham no campo da mine-
ração . :Êste fato foi provocado pela ignorância que se tem da estrutura geológica, de grande
parte, do territór.io nac ional. O ad ve nto ela acrofotogrametria, aerogeologia e aerofísica
dará certamente acesso a diversas jazidas, que difi cilmente se riam enco ntradas com os
métodos antigos.
Para Sílvio Frói ~ Abreu, r1ua tro são as áreas de alta concentração mineral, no Brasil :
1 - Area da Borborema: Berilo, Tungstênio, Tantalita; 2 - Chapada Diamanti!Ul:
Diamantes; 3 - Cent-ro e leste de ll·finas Gerais : F erro, Manganês, Ouro; 4 - Su.l de Santa
Catarina e Rio Gmnde do Su.l : Carvão. Hoje incluiríamos também as áreas manganíferas do
Amapá e Mato Gwsso .
No Nordeste o<.:orrem intrusões pegmatíticas, onde os minerais são procurados com
insistência. Nas chap adas cretácicas do Rio Grande do Norte e Ceará, há depósito9 de gês-
so. No Recóncavo Baiano e Carmópolis (SE) salienta-se a descoberta do petróleo. Na
Região Leste do país, os grandes afloramentos de rochas algonquianas constituem a sede de
importantes ocorrências minerais. No algonquiano do estado de Minas Gerais, destaca-se o
ouro de Morro Velho, o mangan ês de Lafaiete e Burnier e o ferro em Itabira, Congonhas e
vale elo Paraopeba.
Nos terrenos permocarboníferos, q ue formam a depressão p eriférica do sul do Brasil,
há vários hori zo ntes de carvão mineral (vide) enquan to nos terrenos algonquianos atraves-
sados pelo Hibeira de Iguape, na chamada serra de Paranapiacaba, há grande!Y jazidas de
chum bo.
Na região amazónica há o p etróleo, em Nova Olinda descoberto na área sedimentar e,
ainda, o ouro, diamante, ferro e manganês, em terrenos algonquianos, que afloram no
extremo setentrional do planalto e no sul do planalto das Guianas.
Na Região Centro-Oeste, só alguns minerais são explorados, como o ouro, diamante,
cristal de rocha e manganês. O estado de Mato Gros-so tem um dos maiores depósitos de
manganês do mundo, nas proximidades da Bolívia. Em Goiás há grandes jazidas de níquel,
destacando-se o município de Niquelândia, sendo o estado, também, muito rico em cristais
de rocha. É o estado de Minas Gerais o maior produtor de níquel.
O minério de ferro é, das matéri as -primas do reino mineral, o que se tem maiores
jazidas . Po&Sivelmente a URSS, em conjunto, seja a única potência do globo que ultrapassa
o Brasil.
Ao sul e a sudeste de Belo Horizonte, numa área de 5 000 km 2, há depósitos valiosos
de minério de ferro, formando o chamado "quadrilátero ferrífero" cu jas reservas estão esti-
madas em várias dezenas de bilhõe9 de toneladas .

DICIONÁIUO C'EOLÓGI CO - GEOMORFOLÓG ICO 273


MINERAL ESTRATÉGICO - vide mineral.
MINERALOGIA - ciência que estuda a natureza e a formação dos minerais. Pode ser
dividida em duas partes: Minera logia Geral e Especial. A primeira trata do estudo das
·propriedades física&, químicas e físico-químicas ; e a segunda da classificação e descrição
das espécies.
A mineralogia não deve ser confundida com a petrografia, embora sejam ciências muito
afins, pois a primeira estuda, como já dissemos., a gênese e a cons tituição dos minerais,
isto é, os minerais isolados; a petrografia, os complexos ou agrupamentos de minerais que
constituem as rochas.

MINÉRIO - é um mineral ou uma asoociação de minerais ( rocha) , que pode ser explo-
tado do ponto de vista comercial. A noção de minério está intimamente associada ao
rendimento econômico.
Um mineral que, durante determinadas épocas, se torna um minério importante,
devido a circunstâncias de ordem cultural, momento históri co, etc., pode perder sua
importância, desde que outros produtos naturais ou sintético& venham substituí-lo, podendo,
também, se dar o contrário.
Primitivamente, a noção de minério estava circunscrita aos metais; hoje, porém, ela se
acha generalizada a tôda substância mineral utilizada comercialmente, mesmo as não m e-
tálicas.
As nece&Sidades da vida moderna, exigindo um maxuno de rendimento na explotação
dos min érios, determinaram o desenvolvimento da chamada ciência mineira, a qual fornece
os dados indispensáveis para o estabelecimento d e grandes emprêsas.
Os minérios, por conseguinte, representam o resultado geral da combinação de diversos
metais com o oxigênio e enxôfre. Outros existem, que apresentam em sua estrutura o ácido
carbôni co - como os carbonatos, os qua is s·ão, por vêzes, grupados nos compostos do
metal e oxigênio, desprendendo fàcilm ente o gás carbônico, quando aquecido. Finalmente,
o grupo de minérios mais importante é aqu·êle que se compõe de mais de um metal, como
no caso do chumbo, prata, ferro, cobre, etc. Neste último caso pode-se extrair, apenas,
o metal mais valiooo ou, então, retirar-se todos os metais úteis, deixando naturalmente o
resíduo, a ganga.
MIOCENO - p eríodo qu e marca o comêço dos terrenos do neogeno (era Cenozóica), e
durou aproximadamente 12 milhões de anos, tendo começado há uns 18 milhões. A palavra
m·ioceno significa que contém mais ou menos a metade das espécies atuais.
No fim dêsse p eríodo ou, mais. exatamente, no Pontiano, terminou o segundo paroxismo
dos Alpes. Dobramentos póstumos e carreamentos se realizaram na parte axial, que já
es tava elevada d esde o oli$oceno, como também na fo ssa pré-alpina. Pireneus e Apeninos
têm ne&Se perído o segundo paroxismo, tendo-se o primei1·o verifi cado no enceno.

MISSISSIPIANO - período na coluna geológica regional norte-americana, que até bem pouco
tempo era considerado como uma divisão do carbônico. Hoje, os ten enos do período Missis-
sípico são considerados como os qu e se encontram abaixo do Pensilvâ,nico .
MODELADO - aspecto do relêvo, resultante do trabalho realizado p elos· agentes erosivos.
O trabalho executado pelas águas correntes - erosão fluvi al - é o mais importante trans-
form ador do relêvo primitivo. A esculturação do relêvo terrestre pela erosão fluvial é
universalmente admitida. Os principais agentes do modelado do relêvo terrestre são, além
da eros·ão fluvial : erosão elementar, eólia, marinha, glaciária, pluvial e biológica.
MODELAGEM - ação dos agentes erosivos trabalhando o relêvo, (vide m odelado).
MOFETA - nome dad o às últimas manifestações gasosas da atividade vulcânica. É o
período caracterizado pelas exalações de gás carbônico ( co2) frio, quase sêco, podendo
também misturar-se com água formando fontes ácidas.
As rochas têm grande importância nas paisagens morfológicas graças às diferentes rea-
ções, ou respostas aos agente& do modelado. Todavia, não se deve pensar, apenas, em
afloramentos de 1·ocha sã, pois, nas áreas sujeitas ao clima tt·opical úmido, a intensa decom-
posição quími ca dá um manto de í11temperismo que mascara tôda a estrutura.

274 DICIONÁRIO GEOLÓGJCO-GEOJ\!ORFOLÓGICO


A m eteorização ou erosiín elementar cons titui o processo inicial de tôdas as modifi-
cações impos tas pelos agentes do modelado . Por conseguinte, a desagregação m ecânica
e a decomposição química vão fornecer materi a i ~ diversos, segundo o tipo de clima. Os
7J rocessos elementares da meteorização se reaHzam na parte exterior da crosta terrestre. Não
têm grande profundidade e o mecanismo se realiza a partir da superfí cie p ara o interior.
Exceção deve ser feita à di~olu ção química que · se verifica nas áreas calcáricas. ( Processo
da carstificação).
A deco mposi ção elas rochas ela superfície ela crosta terres tre dá origem a um material
diferente da rocha sã. Quando subm etido aos processos pedogenéticos ou ele edafizoção
tem-se o solo, qu e é diferente do subsolo.
O trabalho de erosão, vai mostrar que o desgaste ela cros ta terrestre es tá condicionado
a uma série de fatôres, em que a natureza elas rochas entra com grande parcela ele res-
ponsabilidade. Na geomorfologia antiga era a litologia e a est·n ttura as que definiam cate-
gàricamente as fom1as de relêvo.
MOLHE - o mesmo que pilar ou horst. O têrmo mais usado é o ele horst, p ara designar
as elevações produzidas por esforços tectônicos. O moll1e pode ser produzido por causa
elo aparecimento de um graben, isto é, de uma fossa de desabamento, ou então, de uma
região que foi erguida e acompanhada de fall1as em degraus .
Algw11as vêzes êste têrmo é u~ado como sinônimo de maciço.
MOLISSOLO - área de clima frio, cuja superfície degela numa espessura de três metros,
nos meses de verão. (Vide pergelissolo).
"MONADNOCKS" - são designadas as-sim , as elevações residuais que resistem mais à
erosão, em áreas peneplanizadas. Geralmente usamos êste têrmo como sinônimo de teste-
munho ( butte temoin). AHás, o mais comum é usar-se indiferentemente os dois têrmos.
D avis distinguiu dois ti pos de monadnocks: a) resíduo de divisores de água, q ue so-
freram fraca erosão (Femling, do alemão) e b) resíduos oriundos de rochas mai9 resistentes
e, por conseguinte, menos atacadas pela erosão ( Hiütling , do alemão ).
"MONADNOCK" DE POSIÇÃO ou FERNLING - denomin ação dada pelos geomorfó-
logos alemães, p ara os tes temunhos localizados nas linJ1as divisóri as de águas.
"MONADNOCK" RESIDUAL ou HARTLING - denom inação utilizada pelos geomo rfó-
logos alemães, para os testemunhos localizados nas linhas divisórias de úguas .
MONAZITA - fo sfato ele cério, lantânio, tório, mesotório e outros metais raros existentes
nas chamadas areias monazíticas. Estas são, geralmente, muito coloridas não só por causa
elos cristais intrínsecos à s·ua composição e que lhe dão a coloração amarelo-alaranjada ou
averm elhada, mas também, em virtude de outros minerais que aparecem juntamente com
a monazita, tais co mo: ilnienita, granadas, turmalinas, zircôn io, mtilo, etc.
A monazita se acha disseminada nas rochas eruptivas e o seu aparecimen to se verifi ca
após a desagregação mecânica e decomposição química sofrida~ por estas rochas, liberando
assim ês tes minerais cuja alteração se faz com maior difi culdade.
A exploração elas areia9 monazíticas nas praias dos estados da Bah ia, Espí rito Santo
e Rio de Janeiro é feita visando à extração do tório, mesotório e do cério. Sua aplicação
industrial será sensivelmente modificada com o possível emprêgo do tório na energia alô-
mica, o qual parece constitnir um dos elemento9 indispensáveis ela bomba de hidrogênio.
O cério também tem aplicaç-ões importantes, entre elas a fabricação ele ferrocério ( ped ras
de isqueiro) .
O Brasil é o maior produtor de monazi ta do mundo. Em 1898, em Corumaxatiba
( Prado) na zona praieira do Espírito Santo descobriram-s-e as primeiras jazidas de mona-
zita e ilmenita no Brasil. D e 1900 a 1947 o Brasil exportou cêrca de 62 115 toneladas
distribuídas elo seguinte modo: Bahia e Rio ele aneiro 23 315 toneladas e Espírito Santo
38 000 toneladas (Fig. UM ). Comercialmente, a areia monazítica refinada deve ter os
teores médios ele 23 a 28% ele P' O" e 55 a 60% ele terras raras e óxido de tório; embora
o teor de Th0 2 da monazita possa variar de 1 até 33%, acha-se, na maioria das vêzes,
compreendido e ntre 4 a 10%.

DICION.ÁRJO GEOLÓGI CO-GEOMORFOLÓGI CO 275


Fig. n.o 11M - Vista parcial da praia de areias monazíticas de Guarapari, no estado do Espírito
Santo. Ao fundo vê-se a escarpa sedimentar (falésia vide) da série Barreiras que assenta diretamente
s&bre o embasamcnto cristalino. As areias monaziticas constituíram motivo de debates entre especialistas
e deputados, tendo em vista o aproveitamento das mesmas (minérios atômicos). - A geologia entre nós,
ou melhor os geólogos, ainda n ão estão de posse de dados suficientes para dar o volume de minério
existentes e1n tais areias. D e modo que os dados quantitativos heterogêueos 1nais acirraram os debates.
(Foto Tibor Jablonsky do CNG)

Diferentes tipos de iazidas: I) Monazita em cristais de dimensões microscópicas, disse-


minados nas roch as graníticas, nos gnaisses magmáticos e outras rochas. A monazita se
acha disseminada nas rochas eruptivas e o seu aparecimento se verifica após a desagregação
mecânica e a decomposição química, sofrida por estas rochas, liberando assim êstes minerais,
cuja alteração se faz com maior dificuldade; II) Monazita em cristais discerníveis micros-
copicamente, nos pegmatitos; III ) Concentração de monazita nos depósitos aluviais c
me~mo em eluviões: IV ) Depósitos praieiros constituídos da destruição de falésias pró-
ximas ou de materiais transportados pelos rios que se acumulam no litoral; V) Monazita
nos arenítos da formação Barreiras, pliocênica. Diz Othon H. Leonardo& que do mesmo
modo que nas praias atuais, hou'Ve também concentração de monazita nas praias e restingas
terciárias, que constitU'em a formação Barreiras.
MO TOCLINAL ( relêvo) - diz-se quando a esbutura das camadas é inclinada numa só
direção (vide cu esta) .
MO TANHA - grande elevação natural do terreno com altitude superior a 300 metros e
constituída por um agrupamento de morro9. A orogénese é o ramo da geologia que estuda
a origem e a formação das montanhas.
As montanhas podem ser classificadas segundo diversos critérios: a) quanto à origem:
1 montanhas de dobras, 2 - montanhas de falhas, 3 - montanhas vulcânica&, 4 - mon-
tanhas de erosão; b) quanto à idade: 1 - montanhas novas, 2 - montanhas velhas, 3 -
montanhas rejuvenescidas.

276 mcioNAruo GEOLÓGICO-GEOMORFOLÓGico


Esta classificação simplis·ta quanto à origem tem apenas função didática para a sis-
tematização de um conhecimento muito mais complexo das formas que aparecem na na-
tureza. Os tipos, por exemplo, de montanha de dobra e de falha , dificilmente podem ser
separados na natureza, pois, o comum, é o aparecimento simultâneo de dobramentos, falh a-
mentos, carream entos e, por vêzes, até mesmo o vulcanismo, por ocasião da manifes·tação
das fôrças orogênicas·.
Quanto às m ontanhas de erosão, restringem-se, mais especialmente, a testemunhos e
são de pequenas extensões. Não se deve considerar as formas resultantes do trabalho erosivo
pondo em destaqu e as estruturas produzidas pelo tectonismo e pelo vulcanismo (montanhas
de deslocamento e vulcânica, como montanhas de erosão, poi~ aquelas têm grande extensão).
Alguns autores distingu em as montanhas de acumulação, numa categoria separada da
erosão, chegando a incluir as dunas como montanhas de acumulação .
A montanha típica é uma grande elevação de terreno, que foi formada por fôrças
tectônicas, isto é, orogênese . Estas fôrças são desenvolvidas no interior da crosta terrestre,
sendo capazes d e amarrotar as camadas formando dobras, ou provocar fraturas que podem
ser acompanhadas de desnivelamento entre as camadas, isto é, falhas.
Nas montanhas típi cas, encontra-se, por conseguinte, uma série de dobras e falha s.
Como exemplo, pode-se citar . a grande Cadeia dos Andes que se estende por todo o oeste
da América do Sul. Esta grande cordilheira é bem diferente das chamadas "serras" bra-
sileiras.
A Cadeia dos Andes é uma típica cadeia orogênica e de relêvo iovem. I9to significa
~ue foi pouco trabalhado pelos agentes de desgaste ou erosivos. No caso das chamadas
serras" brasileiras o aspecto é bem diferente. As elevaçõe& são, de modo geral, de baixa
altitude e o& topos bastan te regulari zados pelo trabalho de desgaste feito, principalmente,
pelas águas das chuvas e, também, pelos rio~. Além do mais, as serras não têm duas en-
costas tão nítidas, como acontece com a Cadeia dos Andes ou com a Cadeia das Rochosas,
na América do Norte, ou com as outras grandes cordilheiras da Europa (Alpes, Apeninos,
Cárpatos e Pireneus); Ásia (Himalaia); Afri ca (Atlas), etc. No caso brasileiro o que se
cbserva é a existência de grand es escarpamentos ou abruptos, como os da serra do Mar
ou da Mantiqueira, com um tôpo de relêvo mais ou menos ondulado. A vertente oposta
quase que não existe, pois, o planalto desce suavemente.
Quanto à idade, as montanhas novas são aquelas que têm form as aguçadas. E9tas
montanh as tiveram origem, de modo geral, na era terciária. Quanto às montanhas velhas
são aquelas que já sofreram o trabalho de vários ciclos de ero~ão , tendo suas fonnas e suas
altitudes bastante suavizadas e rebaixadas. As reiuvenescidas são as que, após modelada9
pela erosão, sofreram nova movimentação orogenética, dando novam ente formas aguçadas.
Quanto à altitude as montanha~ podem ser classificadas de modo geral em duas
grandes categorias: 1 - montanhas baixas - aquelas cujo relêvo relativo apresenta desnive-
lamentos que oscilam de 300 a 900 metros·, medidos numa área de 100 km 2 ; 2 - mon-
tanhas altas - aquelas que apresentam de&nivelamentos relativos ~u pe riores a 900 metros,
medidos numa área de 100 km 2 , (destaca-se na paisagem , e com a altitude compreendida
entre 200 e 300 metros ) .
A montanha é, portanto, uma elevação do relêvo, com certa amplitude. Os geógrafos
antigos davam um valor extraordinário à altitude e às forma s que tais elevações tinham na
paisagem.
Do ponto de vista geomorfológico as montanhas s-ão produ zidas por fôrças endógenas
ou hipogêni cas, dando ori gP-m a form as es truturais originárias ou primárias. (Vide geomor-
fologia) . Também há certas form as de acumulação que 9ão consideradas como produtoras
de montanhas ; exemplo: acumulação vulcânica (relêvo postiço de De Martonne), ou ainda,
as elevações produzida9 por dunas .(formas de relêvo sobrepostas de Machatschek). A
geomorfologia moderna não pode, assim como a topologia ou a geografia, contentar-se
com uma defini ção simplória e descritiva - montanha: co njunto de montes, que por sua
vez, são elevações consideráveis do terreno.
Tôdas estas elevações têm um a gênese, e possuem um a explicação evolutiva. Seu
aspecto, ou seja seu perfil pode ser caracterizado tecnicamente pela geomorfologia mo-
derna.
É preciso ressaltar que tais formas de relêvo surgiram desde as épocas mai9 remota,s
da história física da terra, e em função da idade, o perfil das montanhas se apresenta
bastante variado. Assim, a9 montanhas surgidas por revolu ções orogenéticas L aurencian.a ,

DICIONÁRIO GEOLÓGICO-GEOMORFOLÓGICO 277


Huroniana, Caledoniana ou H erciniana, apresentam uma topografia rebaixada e intensa-
mente desgas tada, quer pela meteorização, quer pelos agentes de erosão, no sentido amplo.
As montanhas produzidas pelo ciclo orogenético alpino são grandes cadeias ou cor-
dilheiras, com picos aguçados e de relêvo jovem. As montanhas·, portanto, também têm
uma idade, isto é, podem ser jovens, maduras e velhas, em função do perfil que as mesma
.apreseútam,
1o continente europ eu pode-se citar as jovens cadeias do enrugamento alpino como

P ireneus, Alpes, Apenin os, Cárpatos, cuja topografi a é completamente diferente dos velhos
maciços Xistoso-Renano, ou ainda dos Montes Grampians, ou mesmo dos chamados Alpes
Escandinavos. Também no con tinente americano do norte, êste contraste fris-ante entre
montanhas jovens e montanhas velhas pode ser observado entre as Montanhas Rochosas,
do lado do Pacífico e as Montanhas L aurencianas do Canadá, ou mesmo com o relêvo
rejuvenes-cido da cadeia dos Apalaches. Na América do Sul, também o contraste entre as
montanhas jovens da cadeia Andina e as velhas montanhas desgastadas do Brasil Atlânti co,
é bem marcante.
MONTANHA ANTICLINAL - denominação utilizada por certos au tores para elevação do
terreno que constitui u'a montanha, em razão de um dobramento. Todavia é necessário
frisar que se trata mais de uma noção teórica, do que propriamen te de fenômeno encon-
trado com facilidade na natureza.
MONTA NHA-ILHA denom inação que pode ser usada co mo sinôni.mo de inselbergue
(vide) .
MONTANTE - diz-s e de um lugar situado acima de outro, tomando-se em consideraçãc.
a corrente fluvia l que passa na região. O reMoo de montante é, por conseguinte, aqu êle
que está mais próximo das cabeceiras de um curso d' água, enquanto o de jusm1te (vide )
es tá mais próxim o da foz.
MONTE - grande elevação do terreno, sem se con~id e rar a sua origem. Apenas se leva
em conta o aspecto topográfico, ao descrever-se a região onde aparecem êstes· tipos de
acidentes de relêvo.
O têrmo genérico de monte se aplica, de ordinário, às elevações q ue surgem na pai -
sagem como formas isoladas.
No morfologia dos lagos, monte corresponde ao t alude (vide) so topos to à plataform a.
MORAINA ou MORENA - amontoados de blocos e argi la carregados pelas geleiras. Se-
gundo a sua posição na lingua glacial, elas podem ser classificadas em: moraina de ftmd o,
laterais, fro11tais, m edia11as, etc.
MORAINA TERMINAL - o mesmo que v aZZ.um morainico (vide) .
MORENA - o mesmo qu e m oraina (vide).
MORFOGENIA o me9mo que geomorfologia (vide) .
MORFOLOGIA o mesmo que geomorfologia (vide).
MORFOLOGIA DO SOLO - diz-se da cons tituição física do solo como: textura, es trutura,
consistência, porosidade, côr e espessura dos horizontes, considerando-se cada perfil de solo.
MORFOTECTÕNICA - estudo das. correlações e interações existentes entre a morfologia
e a tectônica, compreendendo o exame das formas devidas à tectônica inicial e a deter-
minação da influência das deform ações tectônicas sôbre a morfologia.
MORRO - monte pouco elevado, cuja altitude é aproximadamente ele 100 a 200 metros.
Têrmo descritivo para o geomorfólogo, e muito usado pelos topógrafos.
MOSQUEADA ( rocha) - diz-se das rochas que apresentam pintas. de côres diferentes :
ex.: argila mosqueada.
MOVIMENTO DE CONJUNTO - o mesmo que epirogênese (vide).

278 DICIONÁRIO G'EOLÓG ICO- GEOMORFOLÓGICO


MOVIMENTO DA COSTA - diferentes vari ações existentes entre o nível das terras e dos
oceanos no decorrer da história física do globo. Esta& variações podem ser explicadas de
modos diversos, segundo a corrente que adotamos : eustatistas, epi.roge nistas, i.sostasista ou
ainda a da "flexum conti11ental", teoria mais recente. ·
MOVIMENTO NEGATIVO - abaixamen to lento do continente, acompanhado de uma
transgressão marinha (vide eustatismo).
MOVIMENTO OROGÊNICO - designação dos movimentos que deram origem às grandes
cadeias de montanhas compreendendo um a série de deformações que afetaram a crosta
terrestre desde o seu comêço - Arq ueano.
MOVIMENTO OROGÊNICO PóSTUMO - no dizer de 1-laug, é o movimento cuja di-
reção é a mesma dos iniciais, is·to é, dos movimentos anteriores.
MOVIMENTO POSITIVO - soerguimento lento do continente, acompanhado de um recuo
d as águas do mar (vide eustatismo) .
MOVIMENTO TECTóNICO - vide diastrofismo.
MURALHA - segundo a geologia estrutural são os grandes abruptos., produzidos por es-
forços tectônicos, ex.: serra do Mar, Mantiqueira, Espinhaço, etc.
A serra do E spinhaço forma uma grande muralha cuja origem é devida a um a dis-
tensão do escudo cristalino, orientada na direção - WI\TW-ESE, resultando, como assinalou
Rui Osório de Freitas, no aparecimento de linhas de ruptura NNE-SSW.
As muralhas são consideradas, de mo do geral, pelos tectonistas como o lado elevado
de um horst, ou melhor de um bloco falhado com eocalonamentos. Para êles, o têrmo mu-
ralha não tem necessàri amente conexão com a forma de relêvo, porquanto a erosão pode
ter an asado parte do referido bloco, porém, a estrutura intrínseca persiste.
"MURUNDUS" - têrmo usado no p antanal mato-grossense para pequenas elevações cir-
culares, com mais ou menos 1 metro de altura, por 4 a 6 m de diâmetro, tratando-se, possi-
velmente, de dun as incipientes.. Os muru11dus situam-se na periferi a das baías (vide) ou
nas encostas elas co1'dilheiras (vide).
O têrmo mumndu é usado em várias partes. do Brasil, como nos estados do Rio Grande
elo Sul, Bahia e Ceará, com o sentido ele mon tículo. N [~ Chapada D iamantin a, no estado
ela Bahia, alguns caboclos denominam os montí culos elos cupins de murundus.
MUSCOVITA ou MOSCOVITA - mica clara, também chamada mica bra.nca ou malaca-
cheta. A moscovita é um silicato hidratado potássico, sendo sua fó rmula: ( H2 K 2 ) O,
AI' o•, 2 Si o•.
A alteração da moscovita se faz com mais dificuldade que a da biotita, resultando a
damourita, sericita, paragonita. As micas brancas caracterizam os gm.nulitos.
As grande& lâminas dêsse tipo de mica, empregadas no comércio, são encontradas nos
pegmatitos. Cons.tituem a variedade mais procurada para o comércio, sendo mesmo a {mica
mica lavrada no Brasil.
Na indústria de automóveis, a moscovita devido à propriedade de não es tilhaçar, por
ocasião de choques e a sua transparência, é muito empregad a unida à sílica, no9 pára-brisas.
É, também, usada quando reduzida a pó, na fabricação de papéis reluzentes para forrar
objetos, paredes, leques, caixas de fan tasia, cenários de teatros, etc. A sua maior impor-
tância econômica, no entanto, é devido ao s.eu uso nos aparelhos elétricos.

DICIONÁRIO GEO LÓGI CO-GEOMORFOLÓGICO :!79


"NAPPE D E CHARRIAGE" (designação francesa ) - o mesmo q ue lençol de arrastamento
( vide) ou acavalamento. Formas de relêvo comuns nos grandes dobramentos terciários do
tipo alpino. ( Fi g. n° l N ) .

I
ARENITO CALCARIO

FOLI:IELHO ~ CONGLOMERADO
~
Fig. n.o lN

NASCENTE - o mesmo que cabeceira (vide ) de um rio. Geralmente não é um ponto e


sim uma zona considerável da superfície da terra.
"NECK" - conduto de um vulcão, enchido de lava solidificada, cujo afloramento é reali-
zado pelo trab alho seletivo da erosão diferencial que desbasta as rochas tenras que lhe

DICIONÁRIO GEOLÓGICO-GEOMORFOLÓGICO
280
estão ao redor. Pode-se di zer, por conseguinte, qu e o "neck" é um pedaço ou tes temunho
de uma anti ga chaminé vulcâ ni ca ( Fi g. n.0 2N). Constitui , algum as vêzes, uma saliência
eS>tranh a de relêvo com a forma mais ou menos arredond ada. Nas fotografi as aéreas, alguns
"necks" são fàcilmente identificáveis, não só por causa da form a, mas também por causa
da qu antid ade de diáclases, da coloração, da peq uena elevação, da vegetação, etc.

Fig. n. 0 2 N - Neck.

NECTO - denomin ação dada por H aeckel ao co njunto de orga nismos das águas do~
mares e lagos possuidore9 de m ovimentos próptios, em oposição ao plancton . A designação
necton é, tamb ém, extensiva aos organismos voadores: atmonecton.
NEFELINA - silicato de alumíino e sódio apresentando cristais de forma hexagonal. E um
mineral incolor e hialino do grupo dos feldspatóides.
NEGATIVO ( movimento ) - vide movimento negativo.
NEOGE O - grupamen to dos dois períodos superiores do Terciá·rio, is to é, Miocênio e
Pliocênio. Vide cenozóica (era).
NEOLíTICO - subdivisão da era quaternária, do p onto de vis·ta da pré-história, correspon-
dente ao aparecimento do homem da época da pedra polida.
NEOZóiCA (era) - o mesmo que era cenozóica (vide ) .
NEQUE - grafia portuguêsa do têrmo neck ( vide).
NERlTICA (região) - aqn:ela que se estende desde a zona intertidal, até a isóbata de
200 metros.
NERíTICA ( se dimentação) - material, relativamente, grosseiro, terrígeno que se acumula
junto à costa. O material que co mpõe êste tipo de fa.cies é, geralm ente, de es tratigrafi a
confuS>a, em relação aos depósitos batiais.
Sedimentação nerítica significa depósito em mares rasos, e se opõe à sedimentação
batial ou abissal.
NERíTICA ( zona) - vide zona nerítica.
NESOGRAFIA - an ti ga denominação dada à parte da geografia estereo gráfi ca (vide) que
se ocupava do es tudo das ilhas. Hoje está completamente abandonada tal denominação.
NETUNIANA ( rocha) - denominação antiga usada para as rochas sedimentares cujo depó-
sito foi realizado no fund o dos mares. A teoria do netunism o fo i criada por G. W erner, expli-
cava a form ação das rochas sedim entares pelo efeito das águas .
NETUNINISJ\'10 - teori a antiga que atribu ía à ação das águas, um papel importante, na
form ação das rochas sedimentares.
NEUTRA ( rocha) - aquela que possui um teor de sílica qu e va ria entre 52 e 65%, isto
é, menos qu e as ácidas e mais do que as básicas.
NICHO - designação usada em geomorfologia, com duplo sentido ; para indicar as cavi-
dades que se encontram nas paredeSl de um a rocha ( o mes mo que taffone), ou aind a para
o sulco escavado nas falésias pela erosão marinha - acanaladura (vide) ou encoche.
NICHO DE NIVAÇÃO - pequenas depressões produzidas pela erosão nival (vide ) .

DICIO NÁRIO GEOLÓGICO-G EOMORFOLÓGICO 281


NIFE - núcleo central do globo t e rre~tre, com posto de níquel e ferro, segundo E. Suess.
Abrange tôda a região central da terra e é constituído de materiais pesados, tendo uma
densidade médi a de 7,5.
Segundo os dados da geofísica moderna, êsse núcleo tem uma rigidez elástica., e não
é constituído pelo fogo central - pirosfera. - como admitiam alguns . A temperatura su-
posta é de 3 000°C e a espessura de 3 500 km . O nife é, tam bém, denominado de barisfem
ou centrosfero .
NíQUEL ( Ni) metal branco acinzentado pesado qu e é empregado na preparação de
várias ligas, e também no aço-níquel. Serve para reve~tir objetos de ferro - niquelagem .
Em 1964 o Brasil produziu 54 494 t de minério de níquel. No estado de Goiás en-
cont ram -se importantes jazidas ele níquel (município de Niquelàndia). Destaque também
den' ser feito ao morro do Níquel em PTatápolis, no es tado de Minas Gerais. Esta é a
unidade da F ed eração que mais produziu minério de níquel, pois em 1964 contribuiu com
54 084 toneladas das 54 494 t produzida~. O maior produtor dêste metal no mundo é
o Canadá.
Supõe-se qu e o núcleo central da terra possua êste metal em grande quantidade, daí
a denominação de Nife ( vide), dada por Suess.

Fig. n.o 3N - Ao;peclo parcial de uma ntineração de níquel, no muntc•p•o de Niquelânclia - Goiás.
(Foto E sso Brasileira d e Petróleo)

NIVEL DE BASE (de um rio) - ponto limite abaixo do qual a erosão das águas correntes
não pode trabalhar, constituindo o ponto mais baixo a que o rio pode chegar, sem prejudicar
o escoamento de suas águas. O nível de ba ~, embora seja um ponto instável, no perfil
longitudinal dos rios, é no entanto, mais estável, comparando-se com a fragilidade da insta-
bilidade dos outros pontos.
O nível de base geral de todos os rios é o nível do mar. Existe, porém, uma série de
níveis locais ou regionais, em função do!1 quais, os rios realizam o escavamento do perfil
de equilíbrio. Qualquer variação no nível de base do rio acarreta modificações na erosão,
ocasionando uma parada ou, então, uma retoma&.! da. erosão (vide).

282 DICIONÁRIO G'EOLÓGICO-GEOMORFOLÓGICO


NíVEL DE BASE DE EROSÃO - o mais baixo nível a que um grupo d e agentes exodi-
nâmicos, e mais raramente auxiliados por movimentos de origem endógena, pode reduzir
determinada superfície; ex:
Nível de base das água9 corrent es
Nível de base dos agentes eólicos
Nível de base da erosão marinl1 a.
O nível de base de erosão é, por conseguinte, o limite inferior, ab aixo do qual não
pode haver mais erosão. O nível do mar, isto é, o nível zero, é o nível d e base geral, que
comanda tôda eros·ão. Além dêste nível geral, temos que considerar os níveis de base loctlis.
É, em função d êsses níveis locais, que se formam, por exemplo, as chamadas planícies de
montanhas ou ainda planícies locais.
NíVEL DE BASE DE DEPOSIÇÃO - o mais alto n ível que um depósito pode alcançar.
NíVEL DO MAR - o mesmo que nível do oceano ou nível zero (vide ) . ~ste nível é
·i nstável.
NíVEL DO OCEANO - plano de referência ou nível zero uti lizado para as diferentes
medidas de desnivelam entos dos acidentes terrestres, isto é, medidas d e altitudes e de
profundidades. (Vide ampl-itude m lativa do relêvo) . Por co nseguin te, o nível do mar é a
altura média ideal da& águas oceânicas tom adas como nível de referência para tôdas as
medidas de altime tria e batimetri a. Assim, o nível dos oceanos represen ta o nível instantâneo
de referência para as medidas altimétricas. Todavia, o que mais interessa é o nível m édio
do mar, que noS\ é dado p elos marégrafos.
NíVEL ESTRA TIGRAFICO - o me9mo que horizonte estratig!'áfi co (vide) .
NíVEL HODROSTATICO - a di stância medida entre a superfíci e do solo e a superfíci e
freática, num poço. O mesmo que nível estático.
NíVEL ZERO - plano de referência adotado para medir as altitud es e as profundidades,
isto é, os des nivelamen tos de relêvo. O nível zero adotado é o ·nível dos oceanos. (Vide
amplitude relati va do m lêvo).
NóDULO - concreções qu e se form am nos depósitos sedimenta res, graças à preci pitação
de substâncias min erais, em tôrno de um núcleo, de um eixo, ou ainda o enchimento de
pequ ena cavidades . H á também as concreções de origem pedológica. (Vide concreções) .
NúCLEO CENTRAL - parte do globo terres tre ab aixo da esfera de p edra - litosfera.
Durante muito tempo pensaram alguns cientistas, que êsse núcleo fôsse constitu ído por
um fogo central, recebendo a denomina.ção de p·i.rosfera, e outros, de metais pesados
barisfera ou m etalisfera.
Atualmente, considera-se o núcleo cen tral como composto pela pi·rosfera (s ima) e
barisfera ( nife) .
NUMULíTICO - denominação dada ao terciário inferior, pelo fato de ter sido nes te
período q ue se verificou o maior desenvolvimento dos foraminíferoS\ do tipo numulites.
"NUNATACK" - relêvo residual que subsistiu ao trabalho da erosão glaciária, surgindo
como um relêvo ilhado, à semelhança de um inselbergue, num inlandsis (vide). No alto
do ressalto topográfico ilhado encontra-se gêlo, enqu anto as· suas encostas são, algumas
vêzes, os únicos afloramentos rochosos na região.

DICIONÁRIO GEOLÓC l CO- CEOMOHFOLÓGICO 283


OBSEQ(JENTE ( rio ) - . aquêle qu e corre perpendicular ao mergulho das camadas num
relêvo de ct~.est a . Desce da escarpa da cuesta para a dep-resslio subseqüente. Os rios obse-
qüentes correm contrários aos rios conseq üentes. Cerahnente são rios de curto percurso e
de forte decli ve.
OBSIDIANA - rocha da família dos riolitos conhecida, tamb ém, sob a denominação de
vidro dos Vtllcões. Sua côr é verde escuro, algumas vêzes, tend endo ao negro; fratura con-
cloidal lisa e extremamente brilhante, como o vidro. Esta rocha não co ntém água na sua
composição, portanto, quando aquecida no tubo de ensaio a sêco, não desprende vapor
d 'água ; pos ui cêrca de 55 a 78% de sílica e, também , alumina, óxido de ferro e de cálcio.
A textura das rochas obsidianas é vítrea .
OCEANOGRAFIA - ciência que estuda os oceanos, em todos os seus as·pectos como: a
form a, as propriedades físicas ~ químicas da úgua, os seus movimentos, a vida etc. Os dados
oceanográfi cos que interessam, particularm en te, aos· geomorfólogos são os qu e dizem respeito
às sondagens, natureza do material encontrado, os movimentos da água do mar e as suas
possibilidades no transporte de sedimentos, o poder erosivo nos· litorais, etc.
OCORRÊNCIA - modo como aparecem, ou como afloram os m inerais e as rochas.
OCRE - argila cuja coloração é devida ao óxido de ferro hidratado ou anidro. Algumas
vêzes, ês tes óxidos predominam de modo sensível na argila, constituindo uma limonita ter-
rosa de coloração amarelada ou, então, um a hematita ten·osa de côr verm elha vivo.
Os ocres vermelhos e pardos es tão geralmen te associados com minérios de ferro ( he-
matita). Com a tostação da pirita de ferro também se obtém ocre vermelho. Do ponto de
vista da geologia econômica d evemos dizer que alguns ocres são suficientemente puros
para serem utilizados depois de uma simples dessecagem, seguido de uma trituração e
peneiragem. Outros, ao contrário, têm de ser cuidadosa mente lavados e levigados.
Quanto à utilização do ocre, êle é empregado na fabricação de encerados, linóleos,
nas fábricas ele papel para colorir a pasta, e na pintura de casas.
OLD RED SANDSTONE - arenito vermelho, característico do período devoniano da In-
glaterra.
óLEO MINERAL - d enominação usada por certos autores para o petróleo, em virtude
da análise do tênno, o qual significa petrae - pedra ou rocha e oleum - óleo. ( Fig.
n. 0 l O ). Etimolàgicamente, portanto, petróleo significa óleo de pedra (vide petróleo) .
ÓLHO D'ÁGUA - designação dada aos locais onde se verifica o aparecimento de uma
fonte ou mina d'água. As áreas onde aparecem olhos d'água são, geralmente, planas e
brejosas.
OLIGISTO vide hematita compacta .
OLIGOCENO - compreende os terrenos que se sobrepõem aos do enceno e que precedem
os do mioceno, sendo o término dos terrenos· chamados mumulíticos ( cenozóica); significa

284 DICIONÁRIO GEOLÓGICO-GEOMORFOLÓGICO


FiJ!. n .o 10 - Aspecto d a pa.isagt"m mon6 tona da A rá bia Saudita (Orie nte Médio), ve nd o· se uma tô rre
de perfuração pa ra extra ção do óleo mineral. Na fo to acima o ' ' passado e o prcse nt cu ou melhor,
as bases eco nô micas d a A rá bia Sa ud_ita.
(Foto E sso Bras ile ira d e P e tró leo)

DICWNAR!O C'EOLÓC: ICO-GEOMOHFOLÓC:I CO 285


que contém poucas espécies atuais e sua duração foi curta, cêrca de uns 7 milhões de anos,
tendo começado há uns 25 milhões. Os terrenos dêsse período estão b em repres-entados na
Alemanha.
No fim do oligoceno acentuou-se o levantamento dos Alpes, constituindo o primeiro
dos dois grand es p aroxismos oro genéticos (o segundo se verificou no mioceno).
Na Mongólia ( Asia), encontrou-se um a faun a muito rica e relacionada, principal-
mente, com a americana, sobretudo no oligoceno inferior. Aí foi encontrado o maior ma-
mífero terrestre, o Baluchiterium .

OLIGOCLASITA - feldspato do tipo plagioclásio, intermedi ário na sen e de Tschennak,


entre a albita e a andesita, cuja fónnula é a seguinte: (Na C a) Al'0 3 2Si0 2 e a densi-
dade é 2,64. Este tipo de feldsp ato é comum nas rochas eruptiva9.

OLIVINA - s·ilicato de magnésio e ferro de côr verde que aparece sob a fom1a de cristais
ou de grãos nas rochas eruptivas e metamórficas. Pertence à família dos peridotos. Êste
mineral tem a propriedade de riscar o vidro e não ser riscado por uma lâmina de aço.
A olivina é, por vêzes, um mineral essencial na caracterização macroscópica de certos
basaltos. Altera-s-e fàcilmente, transform ando-se em serpentinas (vide). Os basaltos e melá-
firas que não contêm olivina são designados pelos geólogos franceses de - labradorito ou
pórfiro labradorítico.

OMBREIRA - patamares qu e s·urgem nas encostas de vales escavados por glaciares.

OOLíTICO - textura de rochas sedim entares, em cujas camadas aparece uma porção de
minúsculos grãos, semelhantes a ovos de peixe, reunidos por um cimento calcário ou ferru-
ginoso. Os oolitos calcários são típico9 da região do Jura francês, tendo servido aos geó-
logos para denominar um dos níveis de terrenos do jurássico.
A textura semell1 ante a esta, mas do tam anho do grão de ervilha é denomi nada de
piso lítica ( vide pisolito) .

OPALA - mineral amorfo, de aspecto vitroso ou re9inoso. Ê uma variedade de sílica hi dra-
tada apresentando-se, muitas vêzes, com a textura botrioidal ou mamilonar.
A opala é solúvel com facilidade na potassa cáustica, a quente. A proporção de água
é variada, comumente entre 5 a 10%. Existem algumas variedades que podem conter
até 30%.
Entre as variedades de opalas, temos : opala nobre ou preci.osa, muito procurada pelos
joallieiros; opala comum; opala de fo go; opala hid·rófana e opala geisel'ita, qu e aparece
comumente próxima aos gêiseres.

ORDOVICIANO - período posterior ao cambriano ( paleozóico inferior ), cujo nome foi


retirado da tribo Ordovices, que habitava o País de Gales, no tempo da dominação romana.
Sua duração é avaliada em 70 milhões de anos ( tempo correspondente ao siluriano e de-
voniano juntos ).
A vida no ordoviciano é caracterizada pelo grande domínio da fauna marinha, maior
que no período precedente. Aparecem novas classes de invertebrados, constituindo os grapta-
litos, os fós-seis mais característicos. A flora tamb ém continua, apenas, nos mares, represen-
tada pelas algas . Não há ainda vestí gios da vida terrestre nesse período.
O clima é suave e uniforme, existindo fósseis semelliantes, desde o Artico até as baixas
latitudes.
Verificaram-se nessa época as maiores transgressões marinhas, que cobriram quase todo
os Estado& Unidos, Canadá e México.
Os terrenos do ordoviciano no continente americano do norte foram perturbados no
fim do período com a revolução taconiana ou tacônica, acompanhada de intenso vulcanismo.
No Brasil, é muito hipotética a ocorrência de terrenos dêsse período. Não há nenhuma
prova científica da sua existência, pois, todo o con tinente estava emersoQ, não se verificando
transgres·sões marinhas.

286 DICIONtÍ.RIO G'EOLÓGICO- GEOMORFOLÓq;rco


ORGÂNICA (rocha) - aquela que provém do acúmulo de sêres biológicos, tanto do reino
animal como vegetal. As do primeiro tipo são chamadas zoógenas e as do segundo, fitó-
genas. Os principais tipos de rochas orgânicas são as de natureza calcária e combustíveis
minerais.
ORIENTAÇÃO DE CAMADAS - é medida com a bússola (vide direçüo ).
ORIGEM DO RELÊVO - o conceito de relêvo tem grande significado para o geomorfó-
logo, pois esta ciência dedica-se esp ecialmente, a explicar as diferentes formas do relêvo.
O obieto dn geomorfologia é o estudo dos tipos de relêvo segundo os processos desen-
volvidos. Têm-se formas de relêvo ligadas à estrutura geológica, ex.: as cuestas, frentes de
blocos falhados, etc., ou ainda ligadas ao sistema morfoclimático, ex.: pediplanos, pene-
planos, crioplanos, etc.
A crosta ten·estre sofre ações oriundas dos meios antagônicos: o endôgeno (interno )
e o exôgeno (externo ) . As formas do relêvo repres-entam o resultado da ação clêsses dois
grupos de fôrças antagônicas. Podemos então considerar as fomws do relêvo como resul-
tantes aos agentes geológicos internos e externos.
A crosta terrestre sólida não tem uma superfície plana - apresenta elevações, de-
pressões, superfícies onduladas, hori zontais, etc.
As teorias são várias, e des.cJ e a mais remota antiguidade os filó sofos gregos, tenta ram
a seu modo dar interpretação cabível na época, para expl icar diferentes formas de relêvo.
Ainda até bem pouco tempo a teo·ria elos catastmfistas ou dos cataclismos era aceita como
a única capaz de explicar o aparecimento das grandes cordilheiras do globo, ou ainda, dos
grandes vales como: Reno, Volga, etc. Outras teorias se sucederam como: contwção, isos-
tasia, atualismo, ciclismo dos fenômenos orogenéticos, etc.
ORIGINAL ( fonna de relêvo) - diz-se em geomorfologia segundo o geógrafo D a vis -
das formas novas que não derivaram de formas análogas, isto é, formas que se encontram
no início de sua evolução morfológica. Davis distinguiu as formas originais das f01·mas ini-
ciais, pois, estas últimas existeni no comêço de um ciclo ele erosão, mas podem originar-se
de formas anter·iores análogas.
ORIGINAL (rio) -o mesmo que 1·io conseqüente, segundo a classificação feita dor Davis,
nos anos ele 1889 e 1890. Os rios dêsse tipo correm conforme ao ·declive da superfície elo
terreno, correspondendo à direção do mergulho das camadas. Êste tipo de rio se desen-
volveu antes clo9 subseqiientes.
Antes da sis tematização feita por Davis, já em 1862, J. B. Jukes havia usado o têm1o
subseqiiente, e outros autores como De La Noe e De Margerie haviam usado os têrmos
cursos d'água o·riginais, cursos d'água subordinados e cursos d'água ele primeira e segu.nda.
ordem.
OROGÊNESE - conjunto de fenôm enos que no ciclo geológico (vide) levam à formação
de montanhas ou cadeias montanhosas, produzidas principalmente pelo diastrofism o ( do -
bramentos, falhas, ou combinações dêstes). Geralmente re emprega, também, esta denomi-
nação para as formações montanhosas originadas pela atividade vulcânica ou mesmo pela
erosão.
As causas da orogênese são dis-cutíveis existindo várias teorias qu e procuram explicá-la,
como a teoria das contrações, a teoria das migrações dos continentes e as teorias magmáticas.
A orogênese reflete os diverso9 aspectos das fôrças endógenas, porém, as formas de
relêvo dela resultante estão sempre esculpidas pelos agentes exógenos.
Os estudos orogenéticos têm necessidade de s-erem apoiados pela tectônica e pela
estratigrafia. Somente com o auxílio dêstes dois ramos do conhecimento humano pode-se
compreender a origem, o desenvolvimento e a determinação da idade dos movimentos oro-
genéticos.
OROGÊNICO - vide mouim ento orogên:ico.
OROGRAFIA - estudo des-critivo geral das montanhas. Na moderna geografia, ela es tá
inteiramente em desuso por causa do seu caráter empírico e unicamente descritivo. Alguns
retrógrados ainda insistem em usar êste têrmo como sinônimo de geomorfologia. Analisando-se
etimologicamente o vocábulo "orografia", êle significa apenas o estudo das montanhas, ao
passo que a geomorfologia é o estudo genéti co evolutivo das diferentes formas do relêvo
como : planaltos, planícies, p eneplanos, pediplano!i, montanhas, depressões, etc.

DICIONÁRIO GEOLÓGICO-GEOl'v[QRFOLÓClCO 287


ORTOCLASITA - o mesmo que ortósio ( vide ) .
ORTOCLI AL ( rio ) - o mesmo q ue rio subseqúente (vide) .
ORTOGNAISSE - gnaisse produzido pela transform ação de rochas eruptivas ( vide gnaisse ).
ORTOME TAiVlóRFICA - rocha meta mórfica oriu nda da transformação de uma rocha
eruptiva.
ORTÓSIO ou ORTOCLASITA - feldspato potássico contendo às vêzes um pouco de sódio
cuja fónnula é a segui nte K AI Si3 0 8 • O ortós.io é o úni co dos feldspatos cuja cristalização
se dá no sistema monoclínico, pois, os demais cristaliza m-se no sistema triclínico.
O ortósio apresenta, comumente, as macias de Carlsbad, de Baveno e de Maneb ach.
As principais var.iedades de ortósio são : sa nidina e adu lári a. O ortósio é um m inera l m uito
com um na9 rochas eruptivas.
OHTSTE I N - nome dado pelos alemães às crostas ferruginosas q ue aparecem a certa pro-
fundid ade da superfície do solo. O mesmo ·qu e " hardpan" dos inglêses, ou aliósio ( vi de )
elos franceses.
OSTRE IR A - denomi nação usada por certos autores p ara os mon tes de conchas que sur-
gem, principalmente, na zona costeira. O mesmo que sambaqui (vide ) .
OUHO - metal precioso, m uito difundido na natureza, principalmente, no estado nati vo.
Seu símbolo é Au, pêso específico 19, d ureza 2,5 a 3, côr amarela e brilho metálico.
Surge em vári as partes elo mundo em aluviões e rochas ígneas. Os depósitos mais produ-
tivos são os ela Uni ão Su l-Africana, Canad á, Es tados Uni dos, Austrália, Gana, Rodésia,
México, Colômbia etc.
No Brasil o ouro se enco ntra em veios ele q uartzo ri cos em piritas ( S' Fe) e arseno-
piritas ( S As F e) sendo m ais importantes os q ue estão sendo explorados em Minas Gerais
nas minas de Morro Velho e Passagem.
No deco rrer elos prim eir os séculos. ela colonização elo Brasil, constituiu o ouro, o alvo
ela cobiça pelas terras recém-descobertas. Graças a êle e, também, às pedras preciosa9,
como os diamantes, várias áreas elo interior fo ram devassadas - entradas e b andeiras - e
povoadas.
No século XVIII, o ouro foi o principal produto ela economia brasileira, condicionando
o povoamento das Minas Gerais . (Fig. n.0 20 ) . E p recis-o q ue se po nha em evidência que,
naq uela época, a extração das p epitas de ouro, além ele mais abundante, era mais fácil,
uma vez q ue a bateia era p1·ódiga.
A produ ção aurífera atual elo Brasil é muito pequena, o que influi sensivelmente
na economi a geral elo país. e no bem-estar social da população .
Na produ ção do ouro, destaca-se o oriundo d a garimpagem, isto é, da lavagem das
aluviões, e o oriundo da extração de filões profund os, ou ainda, os trabalhos de dragagem
industrial. Os dois últimos exigem instalação custosa, devendo-se acentuar que o teor do
meta l ouro, não é grande, nos fil õe& até agora explotados.
Presentemente, as minas aurí feras de maior destaque são as de Morro Velho, Espírito
Santo e Rapôso, situadas nos muni cí pios de Nova Lima e Sabará, em Minas Gerais, e de
propriedade da St. Joh n dei Rey Colei Mining Com pany Lin1ited, hoje da Mineração No-
va-Limense. Esta emprêsa prod uz a maior parte do ouro extra ído do solo brasileiro.
Quanto à garimpagem, pode-se do ponto de vista da distribuição geográfi ca, fa zer as
seguintes referências: alto rio Branco ( território do Roraima); vale do Oiapoque, serra
Lombarda, vale do Jari , ( território do Amapá); vale do Gurupi, zona de Tucuruí (Pará),
interior da Bahia; Diam antina e Triângulo Mineiro ( Minas Gerais); sul do Espírito Santo ;
va le do Hibeira do Iguape, ( S. Paulo); Brusque ( Santa Catarin a) , Lavras no Rio Grande
do Sul , e ainda, em Goiás e Mato Grosso.
A situação atu al das aluviões auríferas é de baixa co ncentração de ouro; daí a pequena
produção.
Os dados estatísticos da produ ção aurífera do Bras.il, do período de 1835 a 1955 re-
velam qu e o mínimo foi registrado em 1835 com uma produção de 77 045 g, tendo o
máximo ocorrido em 1944, com 5174 937 g no va lor de Cr$ 117 115 000. No ano de

288 DICIONÁRIO G'EO L ÓG IC O-GEOMORFOLÓGI CO


1955, a produção aurífera do Brasil alcançou, apenas, 3 408 826 g, no valor de .... . .. .
Cr$ 290 671 000. D êsses totais, é preciso des tacar q ue só o estado de Minas Gerais
concorreu com 3 403 662 a, no valor de Cr$ 290 195 000. Em 1964 o total foi de 4 432
toneladas, sendo oriunda9 de Minas Gerais ( 4 402 t ) e Paraná ( 30 t ), segundo o Anuá·rio
Estat-ístico do IBGE - A. 1965.
OURO DE ALUVIÃO - diz-se dos pláceres auríferos que se encontram nos depósitos alu-
viais . Resultam da destruição de bêtas (vide ), pelos agentes exógenos principalmente as
águas correntes ( vi de).
"OURO DE GATO" - denomin ação popular dada à mica biotita des-corada p elo processo
de baueritizaçfío (vide) .
OUTEIRO - denominação dada aos pequenos morros, cuja a ltitude média varia entre 50
e 100 metros. T êrmo descriti vo us.ado pelos topógrafos, e ap roveitado pelos geo morfólogos
ao narrarem os aspectos físicos de um a paisagem.
"OUVALA" - depressões bem maiores que as dolinag existentes em terrenos cald rios, e
que lembram os " sotch", do Maciço Central Francês. E no Kart iugoslavo, onde se enco n-
tram as mais típicas ouvalas.
Elas resultam da coalescência de várias dolina9 dando um a depressão com a form a
ele uma rosácea irregular. Também podemos dar esta denominação, qu ando há coalescência
de depressões alongadas, articuladas a um sistema de fend as.
"OVALE MEDITERRANIENNE" - corresponde a bacia de aftmdamento tectônico (vide )
onde existe wna série de fa lhas cruzadas e, na parte central, apenas, aparecem algumas
poucas . radiais.
OXIDAÇÃO - compreende-se como sendo qualquer mudança que sofra um mineral, uma
rocha ou, mesmo um solo, graças à adição do oxigênio ou seu equivalente químico.
óXIDO - diz-se d a9 combinações elo oxigênio com elemento electropositivos e dos com-
postos ele metalóide e oxigênio, incapazes de se unirem . com a água para dar origem a
acidas .

DtCIO NÁ RIO CEO LÓC ICO-GEOl\IOR F O LÓG ICO 289


"PAHOEHOE" - denominação regional do I-Iavaí a um certo tipo de corrida de la va cor-
dada . ( Vide aa) .
PALEOBOTÃNICA ou PALEOFITOLOGIA - divisão da paleo-ntologia que estuda os ve-
getais fós seis.
PALEOCENO - período intercalado entre o cretáceo e eoceno - tem feições de cenozo1co
e sua denominação foi criada por Cope. A 9Ua duração foi de 5 milhões de anos, tendo
começado há uns 60 m ilhões.
Os animais dêste período são bem mais primitivos que os do eoceno.
O clima se tomou mais frio que o do cretáceo, havendo abundância de coníferas nos
Estados Unidos ( scquóias) e raras palmeiras.
Entre os mamíferos arcaicos há o Creodonta, correlacionado à hiena e, alguns animais
de cas-co, da ordem dos Ambli.poda. e Condy lartm . Os fósseis quase não têm relação com a
fauna atual.
A existência do paleoceno é ainda problemática, em vários continente9, tendo sido re-
conhecida na E u ropa e na América do Norte. No Brasil, possivelmente, a bacia de Itaboraí
possa ser relacionada ao paleoceno.
l'ALEOCLIMA TOLOGIA - estudo dos climas existentes em eras pass·adas Este tipo de
pesquisa é feito atravé dos fó sseis animais e vegetais, das alterações de rochas, dos dife-
rentes depósitos, da es tmtificação do material e das próprias fom1 as de relêvo . E de grande
importância o estudo dos paleoclirnas para explicar as formas atu ais do relêvo. ( Vide
paleoformas).
PALEOFITOLOGIA - o mesmo que paleobotânica ( vide).

PALEOFORMA - diz-se das formas de relêvo desarmônicas existentes dentro de um


sistema morfoclimático diferente do atual. Exemplo. inselbe·rgttes dentro da área do sis-
tema morfoclim ático equatorial; crostas de canga capeando " mesas" em área9 de clima
temperado, etc.

PALEOGÊNESE - denominação dada às rochas qu e sofreram uma verdadeira refusão.


PALEOGÊNEO - denominação dada a dois períodos do Terciário. Vide Cenoz6ica (era).

PALEOGEOGRAFIA - ramo d a geologia histórica ~ u e se ocup a com o estudo da distri-


buição das terras e mares nas diferentes eras geologicas. A paleogeografia dos terrenos
arqueanos é quase tôda hipotética, baseada em reduzido número de observações.
O aspecto que possui hoje a crosta emersa, bem como os seus contornos têm variado
com o decorrer da história física da terra. A paleogeografia tem por fim estudar es9as
diversas transformações e dar as modificações que afetaram essa distribuição dos diferentes
blocos continentais . Alguns autores a definem como sendo a geografia física das épocas
antigas da superfície do globo. A paleogeografia é, portanto a reconstituição, em cada

290 DlClON ÁRIO GEOLÓC I CO- CEOMORFOLÓGICO


época geológica, da distribuição das terras e dos mares. Em cada época geológica, esboça
o relêvo co ntin ental existente, o sentido da drenagem, os arcos insulares, a9 fossas subma-
rinas e, também, a posição relativa dos pólos.
O estudo dos continentes, em eras passadas, é o objeto da paleogeografia. Cabe a
ela, baseada no9 dados forn ecidos pela geologia, especialmente a geologia histórica, for-
mular hipóteses e procurar demonstrar as distribuições das terras e dos mares nos diversos
períodos geológicos, bem como as fom1as de relêvo exi!ltentes . Dêsse modo, a geomorfologia
tem como campo de estudo as fonnas atuais de relêvo, enquanto a paleogeografia estuda
as form as pretéritas. Ela tenta reconstituir a vida da terra no decorrer das idades geológicas,
o que signifi ca dizer, que estuda a configuração geral clo!l continentes e suas transfonn a-
ções. Até certo ponto, pode-se di zer que a paleogeografia é w11a paleogeom orfologia, como
afirma Francis Ruellan, ou ainda, segundo D e Martonne, uma, geografia antiga, um a vez
que considera a extensão das terras e dos mares, das planícies, das montanh as e até dos
climas. Na recon!ltituição das form as passadas , a paleobotânica, a paleozoologia e a es-
tratigrafia forn ecem elementos preciosos ao paleogeógrafo . Levando em consideração êstes
fatos, Ru ellan dividiu a geomorfologia (vide Geomorfologia ) em descritiva e evoZ.utiv a.
Para êste au tor, a geomorfologia evo luti va compreende u ma pa·rte pretérita (que seri a a
paleogeografia) e um a pa·rte atual, que representa o resultado da evolução havida.
A paleogeogmfia ao traça r as suas cartas tem que utili zar fatos ioolados e observados .
pois, a interpretação só é possível a partir dêsses dados. D êsse modo, as hi póteses têm
grande acolhida nes ta ciência, se ndo os es tudos tanto mais· hipotéticos, quanto mais antigo
fôr o p eríodo. Assim a paleogeografia dos terrenos arquea nos é co mo já acentuamos quase
tôda hipotéti ca, e basea da em reduzido núm ero de observações.
É importante ressaltar que absolutamente não se pode co nsiderar a paleogeografia
como sinônimo ele geog ra fia hist órica, pois, e9ta trata das mudanças da paisagem geográ-
fica, após o p aleolítico, e que se efetu aram sob a influência dos grupos hu ma nos. Para
S.V. Kales nik, a paleogeografia é o terceiro ramo da geografia fís ica :
1 - geografia fí sica geral, 2 - geografia regional ; 3 - paleogeografia. Esta última
se ocupa especia lmente da históri a do desenvolvimento do land.schaft - esfera ( paleogeogra-
fia geml ) e as paisagens geográficas tomadas separadam ente ( paleogeogmfia regional) em
todo decorrer de sua existência.
PALEOGEOMORFOLOGIA - parte da geomorfologia qu e estuda as fo rm as ele relêvo no
decon er da história física da t erra (vide paleogeografia ).
PALEOLÍTICO - período da pré-históri a em que o ho mem &e utili zava ela pedra lascada
( vide).
PALEONTOLOGIA c1enc1a qu e estud a os sêres vivos q ue existiram nos diferentes pe-
ríodos d a históri a fís ica ela terra. Pode-s€ di vidi-la da seg uinte maneira: Paleozoologia, estuda
os sêres animais fósseis. 2 - Paleobotânica ou Paleo fi.t ologia, es tuda os sêres vege tais que
apareceram na superfície elo globo . Esta ciência é um a auxiliar muito importante ela Geo-
-história . Graças a ela, pode-se datar co m segurança a idade elas diferentes camad as ela
cros ta terrestre; as mais anti gas se encontram, normalmente, sob as ma is recentes .
Graças à paleontologia, os geól o~os puderam definir c caracteri zar os anel ares da
coluna geológica. A detennin ação da idade elos terrenos só pode ser feita com segurança
quando baseada em dados forn ecidos. pela paleon tologia.
PALEOPLANO - anti gas superfícies aplainadas, isto é, 7J e11eplanos ( vide) soe rguiclos. As
altas superfícies d e aplainamen to do "Planalto" Atlântico elo Bras il Sudeste são cons id erad a ~
por Ab'S áber como paleo·plainos.
PALEOZÓICA (era) - também denom inada era primária, co mpreende a história física do
globo terrestre d ecorrida entre o p-roterozóico e o m esozóico. É dividida, comum ente, nos
seguintes períodos:
oenniano
Paleozóico superior carbonífero
}
devoniano
siluriano
Paleozói co inferior
} orcloviciano
cambriano

DICIONÁRIO G'EOLÓGICO- GEOJI'!OH FOLÓGICO 291


.1<- ig, n. 0 IP - O Pão-de-Açúcar grande elevação gnáissica de 390m de altitude, localizado à entrada
da bafa ele Guanabara, na cidade do Rio de Janeiro.
(Foto elo CNG)

0& nomes desses períodoj foram quase todos retirados dos lugares onde pela primeira
vez foram seus terrenos estutlados, ou das tribos que aí habitavam . Assim temos: tribos
dos Ordovices e Silures, do Pms de Gales; Câmbria e D evon, localidades da Grã-Bretanha;
Ferm , aldeia da Rússia. Os terrenos dos dois últimos períodos do paleozóico superior são
geralmente denominados permocarbonífe1'Ds ou antracolíticos.
A era paleozóica durou cêrca de 340 milhões de anos, sendo caracterizada p ela exis-
tência de um clima quente, úmido, pouco diferenciado, desde a zona dos pólos até o
equador e, sem estações. No permiano e no cambriano, todavia, se verificaram duas gla-
ciações. D o ponto de vista da vida, caracteriza-se pelo domínio dos trilobitas e graptolitos.
Quanto à cobertura vegetal, só começou a desenvolver-s·e no devoniano, culminando mais
tarde, no carbonífero, com o desenvolvimento abundante de uma flora de calamitas, sigi-
lá?·ias, lepidodendros e grande abundância de fetos m·borescentes.
As principais revoluções orogênicas dessa era são as seguintes: penoquiana - no
cambriano; taconiana - no ordoviciano; caledoniana - no fim do siluriano; acadiana - no
fim do devoniano e hercinian a - no carbonífero.
PALEOZOOLOGIA - divisão da paleontologia (vide) que se ocupa do estudo dos animais
fósseis .
PANGÉIA - grande bloco de terra emersa, que no dizer de A. vVegener, constituía o
único continente que existia até o período cretáceo.
PANIDIOMóRFICO ou ALOTRIOMóRFICO - o mesmo que textura sacaroidal ou
aplítica. (Vide - t extura) .
PANTALASSA - denominação dada por Su ess para o grande 11W1' universal, isto é, a
camada líquida ou hidrosfera, que atua lmente constitui 71% da superfície do globo ter-
restre.
PÂNTANO - terreno plano, constituindo baixadas inundadas, junto aos rios.
''PÃO-DE-AÇúCAR" - denominação regional brasileira, usada para os cumes arredonda-
dos e bastante abmptos, como se pode observar no Rio de Janeiro, (Fig. n .0 lP) e no
Espírito Santo. Neste último estado , cos tuma-se, também , chamar es ta fonna de rel êvo
de "pontão".
PARÃCLASE - o mesmo que falha (vide).
PARAGNAISSE - gnaisse oriundo do metamorfismo de sedimentos, cons tituindo as·sim
uma rocha do tipo cristalofiliana. Pode-se, também, chamar o paragnais·se de gnaisse se-
dimentar. Na prática é muito difícil distinguir um gnaisse dêsse tipo de um ortogn aisse,
isto é, de origem eruptiva (vide gnaisse).

292 DICIONÁRIO GEOLÓGICO-GEOMORFOLÓGICO


PARAGONITA - variedade sód ica d e mi ca, d e coloração esbranq ui çada ou prateada.
A parago nita muito se assemC'lha à moscovita, porém, nela o potássio é substituído p elo
sódio.
PARALOMETRIA - es tudo da arti culação do litoral, ou seja, a relação entre a costa real
e a costa ent;olvente co m a extensão da fr ente costeira e a superfície continental correspon-
dente. E sta noção é de especial valor, p ara a geografia comparada de zonas cos teira .
PAHA.METAMóRFICA - rocha m etamórfi ca ori unda da transforma ção de uma rocha sedi-
mentar.
PARCEL - têrm o descriti vo usado p or alg uns autores ao cons-iderarem as áreas costeiras
onde existem obs táculos como: baixio (vide), escolho (vide), recife ( vide), ou mesmo res-
tinga (vide). E x.: pareei dos Abrolhos, no ac idente citado é o mesmo qu e arquipélago.
PAROXISMO - per íodo de maior aceleração das atividades vulcânicas, sísmicas, tectônicas,
etc. O p arox ismo corresponde a uma aceleração vio lenta dessas ati viclades geológicas.
PATAMAR CONTINENTAL - denominação usada por certos autores co mo sinônimos de
plataforma continental (vide).
PATAMAR D E VERTENTE - corresponde a um a superfí cie p lana que interrom pe a con-
tinuidade do decli ve de uma vertente. Estes p atamares ou 1·eplat ( dos fra ncese~) p odem
ser motivados por um a retomada de erosão, sendo ne5'te caso considerados como terraços,
ou ainda, dev idos à estru tura, d aí a denominação de patamm· estrutwra l. Nos va les gla-
ciários, denomina-se ele ombreiras a ês tes patamares escavados pelas geleira!;.
PATAMAR ESTRUTURAL vid e patamar de ve1t ente.
PÁ TINA - coloração produ zida p ela ação do tempo ( meteorização ) nas superfí cies expostas
ao ar livre. A pátina, por conseguinte, nada ma is é do qu e a g radua l transformação das
9Uperfícies expos tas, pelo efeito ela oxidação.
PEDALFER - têrmo introdu zido por Marbut p ara os so los onde há acumu lação de ferro
e alu míni o, após lixi viação da ca l. Êste tipo de solo aparece com g rande freqüência na s
regiões tropicai!;.
PEDESTAL - o mesmo que embasamento ( vide) .
PEDIMENTAÇÃO - di z-se das superfícies aplain adas por um sistema de erosão dev ido
a um cli ma árid o qu ente ou sem i-árido - coalescência de pecUmentos (v ide) . ( Fig ura
n .0 2P) .
PEDIMENTO - form ação q ue
aparece nos p aíses de clima árido
q uente ou semi -árido, cujo ma -
teri al é traz ido pelos rios q ue
fa zem um lençol à semelhança de
um g rande leque, logo à saída da
montanh a. Todavia esta zona de
lenço l de detri tos será aplain ada
e constitu irá o chamado "glacis
d'erosion" . Êsse m aterial será as-
sim tran sportado mais para baixo, Fig. n .o 2P - Na zona A é o d~o mfnio da erosão vertical; zona
dando ori gem a um a planí cie de B da erosão lateral (glac is de erosão - v ide) e zona C de
acumulação (glacis de sedime ntação ).
a luv iões cha mada de "boiada" ou
de "glacis de sédimentaUon".
1 essas planícies ele "boiadas" p odemos encon trar dep ressões onde se acumu lam águas de
ca ráter perm anente ou temporári o, as quais são denomin adas de "playas" .
Os aplainam e ntos atuai s de maior exten são e mais nítid os ca racterizam as regi ões ele
clima semi-árido.
PEDIPLANAÇÃO é o processo maj9 efi caz de aplainam ento de superfícies extensas de·
globo ten estre, submetidas a clima árid o quente ou semi-áriclo. Trica rt e Ca illeux afirmam
q ue a p ed iplanação é seguram ente a úni ca capaz de elaborar tão ex tens·a e tão planas
superfícies .

DICION rÍ.RIO GE0LÓC I CO· CEOi\WRFOLÓCICO 293


Os aplainamentos estão se tornando cada vez menos extensos e mvuos. perfeitos,
passando-se, progressivamente, dos pediplanos aos re-plats, mais ou menos vagos..
PEDIPLANO - denominação proposta por L. C . King para as planuras formadas pelas
justaposição de "glacis". (Fig. n.0 3P) O pediplano é uma superfície inclinada, formada
pela coalescência de pedimentos (vide) . Nos pediplmws ou nos pedimentos pode-se en-
contrar relevos residuais, isto é, os inselbergues ( vide).
As áreas desérticas a tuais sofr eram no decorrer ela história física d a terra várias
flutu ações climáticas. D e modo que, ao lado ele formas ligadas ao sistema morfoclimático
.árido quente - seri am formas atuais ou harm ônicas. -, encontramos formas desarmônicas
ou fóss eis, isto é, ligadas a ou tros sistemas, qu e não o atual. Como exemplo de form as
desann ônicas podemos citar as formas cá1·sticas elo Suara, e os grandes vales fluviais, hoje
ês tes estão trans form ados em ttecles.

Fig. n. 0 3P - Pe diplano, vendo-se: K - knick, G - glacis d'e ros ion (pedimento ), R - raila, f - in-
selbcrgue, B - bajada ou playa c S - sebkra.

Os pediplanos são gran des superfícies de erosão modeladas. nos climas áridos qu en tes
e semi-áridos, não devendo ser confundidos com as penepla:nícies (vide) de Davis.
PEDIPLANO INTERMONTANO - superfí cie aplainada pelo sistema eros.i vo de climas
semi-áridos ou mesmo ári dos quen tes, que s-e localiza en tre trechos montanhosos. Segundo
Ab'Sáber, os campos do alto rio Branco são típi cos pediplanos intermontanos, localizando-
·se entre as serras Ocide ntais e Orientais, elo Planalto das Guianas.
PEDOCAL - t êrmo introdu zido por Marbut, para os. solos calcá ri os, onde não há acúmulo
de ferro e alumínio (vide pedalfer ). Formam-se em regiões cuja precipitação não seja
abundante. As grandes regiões agrícolas do mundo estão em solos da classe dos pedocálcios.
PEDOGENÉTICO (p rocesso) - di z-se elos p rocessos qu e dão ori gem à form ação elos solos
e sua evolu ção .
PEDOLOGIA - ctencia que estuda a origem e o desenvolvim ento elos so los. Seu campo
de es tudo va i d esde a superfície do solo até a rocha decomposta. As inve ti gações p edoló-
gicas são de gra nd e valor para o agrogeógrafo, o geo morfólogo e o geólogo . E, ele não
menos importâ ncia para a ciência dos solos, são também as p esquisas feitas por estas duas
ciências.
Os p rim eiros estuclm; sistemáticos referentes à pedologia foram iniciados pelos ru ssos,
por causa de suas preocupações agrícolas .
PEDRA - denom inação genérica usada para qualquer pedaço ele TOcha (vide) .
PEDRA-DA-LUA - vid e adt~lá?"ia.

PEDRA-DAS-AMAZONAS - o mes mo qu e a.mazo nita (vide).


PEDH.A DE AMOLAR - denom inação usada para os quartzitos e arenitos duros os quais
podem ser utilizados para amo lar objetos co rtantes. Nas viagens de exploração pelo inte-
rior do Brasil as indic<\çõe~ elos habitantes da região no que di z respeito à existência de
pedras de amol ar, bem como de p edras para caieiras, forn ecem dados sôbre a ocorrência
de quartzito ou arenito e de calcário.
Qualquer pedra qu e possua ca madas duras co mo a do guartzi to pode ser utilizada
como pedra de amolar.

294 DICIQN,Í.JUO GEOLÓG ICO - GEOMORFOLÓG I CO


PEDRA DE AREIA - denominação dada ao depósito de grãos de quartzo (areia) cimen-
tados ou aglutinados. O mesmo que arenito (vide).
PEDRA-DE-GALHO - denominação dada pelos canteiros ao gnaisse lenticular. Rocha
muito comum na cidade do Rio de Janeiro, cuja aplicação é grande nos trabalhos de
cantaria.
PEDRA DE GOTA - denominação dada aos depósitos de calcita, dentro das grutas,
correspondentes, geralmente, às estalactites (vide) e às esta.lagmites (vide) . Dada à va-
riedade de condições sob a9 quais a depositação se faz, as pedras de goteiras são também
diversificadas em suas formas.
PEDRA DE GOTEIRA - o mesmo que pedra de gota (vide).
PEDRA-FERRO - denominação us·ada pelos caboclos , no estado de São Paulo, para o
diabásio.

PEDRA-íMÃ - vide magnetita.

PEDRA LASCADA - pedaços de rocha grosseiramente quebrados, que serviam ao9 homens
do período paleolítico, como armas. :ll:sse período é mesmo conhecido como o da Pedra
Lascada; em oposição ao período posterior, em que os grupos humanos embora se utili-
zass·em das pedras, todavia, davam-lhes polimento. :ll:ste período do neolítico é chamado da
Pedra Polida .

Fig. n. 0 4P - Pedaços de upedra sabão", utilizados na fabricação de panelas, potes, cinzeiros, estatuetas,
etc. Há em Congonhas, Minas Gerais, uma verdadeira indústria baseada nesta rocha
(Foto E sso Brasileira de Petróleo)

DICIONÁRIO GEOLÓGICO·GEOMORFOLÓGICO 295


PEDRA LITOGRÁFICA - variedade d e calcário muito poucas impurezas de grã-fina,
relativamente poroso e com uma certa porcentagem de sílica, que lhe empresta um pouco
de dureza. Era utilizad a para impressão, antes de surgir o processo off-set.
PEDRA POLIDA - período do neolítico, no qual o hom em se utilizava da pedra , dando-lhe
polimento (vide pedra lascada).
PEDRA-POMES - o mesmo que pom ito (vide) .
PEDRA PRECIOSA - diz-se das s-ubstâncias minerais qu e, por qualidades diversas, podem
ser transfom1adas em jóias, ornamentos e objetos de arte. As pedras preciosas são bastante
duras, não se deixando riscar por uma ponta de aço, sendo transparentes, ou pelo menos,
translúcidas. Podem ter côres e nuances divers as. D entre as gemas p1·eciosas podemos citar :
zirco nita, diamante, safira branca, topázio branco, tum1alina , água marinha, etc.
As pedras preciosas constituem um importante capítulo da geologia económica. O ciclo
da mineração no século XVIII teve grande importância no desbravamento e ocupação do
solo brasileiro.
PEDRA PRETA - d enominação dada aos lateritos (vide) pelos habitantes da ilha de
Maraj6 e no leste paraense.
PEDRA-SABÃO - rocha de coloração esverd eada , untuosa ao tato, sendo um a variedade
compacta de talco, encontrada nos xistos cristalinos ( Fig. n.0 4P, 5P e 6P ) (vide esteatita).
PEDREIRA - jazida de onde se ex traem pedras para as construções. Nas pedreiras do
estado da Guanabara se exploram , na quase totalidade, rochas do embasamento cristalino,
granito e gnaisses, principalmente.
PEGMATITO - rocha, geralmente filonar, intrusiva, da mesma composição do grani to. A
crü=tali zação dos minerais nos pegmatitos se faz em gr::tndes cristais, superiores a 15 m ilí-
metros, por vêzes. Nos pegmatitos se verifica, geralmente, o aparecim ento de minerais de
grande valor eco nómico. As fotografias aéreas es tão fadadas a pres tar grandes serviços à
humanidade no que tange à pesq uisa mineral nos pegmatitos . Ê les podem ser ass im carto-
grafados, determin ando-s e a sua possança, sua direção e seus limites.
Fig. n.o SP - Na cidade de Congonhas, cm Minas Gerais, encontra-se o Santmírio do Senhor Bom
jesus, que possui a mais bela coleção escultural do estado, os 12 profetas, trabalho em. pedra-sabão,
de autoria do famoso Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho.
(Foto E sso Bras ile ira de P etró leo)
Fig. n. o 6P - A foto mostra com mais nitidez um dos profetas, podendo-se observar a pedeição da
obra do grande mestre da arre brasileira.
(Foto Esso Brasileira de Petróleo)

DICIONÁRIO GEOLÓGICO-GEOMOUFOLÓCICO 297


Os pegmatitos são freqüentes em granitos e sienitos, porém, podem cortar outros tipos
de rochas. O t ênno pegmatito, sem outro qualificativo, indica uma rocha de caráter gra-
nítico, na qual aparecem cristais de grandes dimensões, constituindo o antônimo de aplito .
PELÃGICO (depósito ) marinho formado em grandes profundidades oceânicas e, conseqüen-
temente, a grande distância d as bordas continentais. :ll:sses depósitos são con9tituídos de
argila9 finas e carapaças de organismos que foram transportadas pelas correntes marinhas,
pelos inselbergues, etc.
Os depósitos pelágicos são constituídos de m aterial muito fino que forra o ~r~nde
fundo elos oceanos . Êstes depósitos são constituídos, como já di9Semos, de detritos orgamcos,
e onde êstes faltam ..ou se tomam mais raros, se estende uma fina película ele argila com
partículas de Óxido de ferro e ele manganês, ex.: argila vermelha elos grancle9 fundos
oceâ nicos.
Os sedimentos pelágico9 se encontram nas seguintes zonas marinhas - batial ou hipoa-
bissal e abissal (vide).
PELITO - rocha criptoclá9tica formada ele materiais muito finos , os quais podem, também.
se apresentar consolidados ex.: vasa, argi lito, etc.
PENDA-LIMITE - denominação dada por A. Surre li ao perfil de equilíbrio dos rios ( vide).
PENDOR - vide mergulho.
PENEDIA - o mesmo que falésia ( vide ), ou ainda lugar cheio ele penedos (vide).
PENEDO - nome regional dado aos penhascos ou pontões constituídos pelo afloramento
de rocha nua. O barão de Capanema usou ê9te têrmo na acepção geológica ele afloram ento
ele rochas duras, como o granito, gnaisse, etc.
O penedo é, portanto, o afloramento de um pontão de rocha !faliente nas encostas, no
alto ele um mor ro, ou a inda, nos mares, no leito elos rios, lagos, geralmente ele difícil acesso
ou acostagem. ( Fig. n. 0 7P ) '
PENELAGO - o mes mo q ue la go re-
sidu al ou litorâneo, isto é bacias lacus-
tres que se indi vidualizaram graças a
um elos segu intes fa tôres: regressão ma-
rinha, emersão ela linha ela cos ta, ou
ainda, pelo depósito ele sedi mentos na
fo rma de bancos de areia, cordões li-
to râneos e deltas f luvi a i ~ . As águas
ac umuladas na bacia lacustre, ass im for-
mada, vão se d essalga nd o e tornam -se,
por fim , lagos de água doce, o que se
convencionou, e ntão, chamar la gos ?'e-
sichwis ou 1·elíqu.ia .
PENEPLAÇ .i \0 ou· PENEPLANIZA-
ÇÃO - co njunto ele processo~ ou siste-
Fig. n . 0 7P - A pir5mide do bairro do Grajaú, mode-
ma de erosão q ue degrada, ou melhor lada pe la esfoliaçiio do gnaisse . Note-se a semelhança
regulari za, as asperezas ele uma super- com o Pão de Açúcar da entrada d a Guanabara.
fíc ie topográfica. (D es. d e S. F. Ab reu )

No trabalho reali zado pela erosão, as rochas duras fi cam em relêvo, e nas rochas
tenras tem-se as partes mais deprimidas, co m a implantação elos talvegues. Nas superfícies
de aplainamento encontram o9 pequ enas bossas ou elevações de rochas mais resistentes
que constituem o qu e Davis chamou ele m onadnocks. Algumas vêze9, estas elevações
não coincidem com as rochas duras, existindo em função d e sua locali zação, por exemplo,
em zonas de cri stas. Neste último caso os alemães chamam a estas elevações, acima da
superfíc ie ele aplainamento, de fernlin g. E , quando coincide co m rocha9 duras é o hartling.
PE NEPLAINAÇ.\0 - diz-se do aplainamento de um peneplano, não se devendo confundi;
com a peneplanizaçtio, isto é, a evolução normal dos processos d e erosão que tendem a
construção de um 7J eneplmw (vide).

298 DJ CIONÁHIO GEOLÓCICO - GEO M ORFOLÓ C: ICO


PENEPLANíCIE - o mesmo qu e peneplano (vide) .
PENEPLANIZAÇÃO - o mes mo que peneplaMção ( vide).
PENEPLANO - su perfície plana ou levemente ondulada, resultante de um ciclo geomor-
fológico, cujo trabalho se reali zou até a extrema senilidade. O peneplano ou peneplanície
aparece, por conseguinte, como uma forma topográfica de equilíb rio entre a es trutura, a
natureza da rocha e a erosão . A superfície topográ fi ca de um peneplano não implica que
êle seja inteiramente plano, porém, a ondulação de qu e é possuidora se resume, no seu
conjunto a pequenos bosselamentos qu e, algum as vêzes, correspondem a " testem unhos"
O peneplano é, pràticamente, uma superfície seni l e po~ ui uma es trutura na qual o tra-
balho modelador da erosão foi o de arrasamento.
O h~ nno peneplanície vem do inglês peneplain, e foi criado pelo geógrafo americano
W . M. Davis. Correspo nde a peneplanície dos geólogos, a uma superfície de erosão, ou
melhor, superfíci e de aplainamento dos <1eógrafos. A su pe rfície de erosão é utiHzada p elos
geógrafos, num sentido am plo englobanclo : superfície de erosiio aplainada e supeTfície de
cmsão o:ndulada.
1a F rança, o general D e L a 1oe e Emmanuel De Margerie, no trabalho intitulado
L es Formes du T e1-rain ( Pari s - 1888) havi am proposto o têrmo de superfície de base.
A topografia seri a sensivelmente aplainada e evoluiri a p ara um a superfície limíte,
apoiada sôbre os perfi s de equ ilíbrio e esta superfície, inclinada para o nível de b ase,
com peq uenas ondulações correspondentes aos vales, que se afundam na p lan ície aluvial.
Douglas Johnson criti cou o têm1o peneplaü1 - peneplanície - preferindo peneplane
- peneplano - pois, no primeiro caso indi ca erradam ente relêvo de acumulação, e no
_,egundo, relêvo aplainado. Os peneplanos correspondem ao últi mo têrm o da eros·ão e podem
ser confundidos com as planíci es . D aí a necessidade de estud ar a natureza e a es trutura
do material que constitui a superfí cie topográfica sub-horizontal que se es teja considerando.
A planície é um relêvo de acumulação, enqu anto o peneplano é um relêvo resultante
essencialmente da ero!Yão. E a superfí cie sub-hori zo ntal do peneplano co rta indistintamente
mch as t nras e duras, com es truturas di versas, ni veland o-as indistintamente. Por conseguin te,
trata-se de d uas forma s de relêvo, cuj a origem e evolução são compl etamente diferentes,
porém, de topografia fin al s-emelh a ntes.
O peneplano ou sttperfície de aplainamento compree nd e uma sup erfície de emsão qu e
oorta estruturas di versas, possuindo form as fr aca mente onduladas e planas.
No di zer de Rui Osório de Freitas - "o penep lano, fis iogràficam ente, aparece co mo
um a forma topográ fi ca de equilíbrio entre a es trutura, a natureza e a erosão, porém, fra n-
camente ~e deseq uilíbri o isostático por ter-se torn ado uma área leve de um com partim ento
d a crosta .
No toca nte ao prob lema da origem dos peneplanos podemos sinteti zar da segu inte
maneira:
1 - O co nceito mais anti go é o de Ramsay q ue em 1846, "observando a altura uniforme
dos cimos da região meridional do País de Gales, admi tiu serem êles remanescentes de urn
antigo plaina, hoje profundamente entalhado pela erosão". Segundo êste geólogo inglês,
a fo rmação d êsles plainas era d evida à erosão marinha, co nstituindo a ntigas plataforma s de
abrasão marinh a.
2 - O conceito de Von Richthofen é bastante s.emelhante ao de Rams ay. Todavia
êste autor estu dando os m aciços herci manos ela Europa e as montanhas existentes na
Asia, comb ina o trabalho de ab rasão marinh a com um desabamento tectômco lento das
terras.
3 - Conceito de Powell. - Ao estudar o efeito das águas correntes sôbre as rochas que
afloram na su perfí cie do globo, p rocurou ês·te autor decons b·ar que, por mais 'q ue seja a
resistência oferecida pelas rochas, a ação continuada dos agentes des truidores acaba redu-
zindo a um p la ina situ ado proximamente ao nível do mar.
4 - Conceito de D av is - Peneplanície é um a superfície levemente ondulada, resultante
da degradação provocada por um ciclo geo mórfico norma l qu e se tenha desenvolvido até
a extrema senilid ade.
Davis definiu a peneplanície como uma superfície ondulada qu e corta uma estrutura,
geralm ente dobrada, qn e se desenvolve em relação a um ní vel de base gera l. Por conse-
guinte, se desenvolve, em hm ção de um a rêde hidrográfi ca exorreica.

DICI ON.ÁHIO CEOLÓGICO-GEOMOHFOLÓG!CO 299


O trabalho dos agentes exógenos. é exaltado, principalmente, através da erosão fluvial.
É pelos rios que vai ser evacuado todo material do leito fluvial e, também, das próprias
vertentes. Em outros têrrnos, podemos dizer que todo ciclo de erosão vai funcionar se-
gundo a erosão fluvial.
5 - Conceito de D . vV. Johnson - Os plainas· continentais, mesmo os mais extensos,
podem se formar pelo trabalho da erosão marinha, não sendo necessano fazer intervir
concomitantemente desabamentos, nem movim entos positivos do nível do mar, como havia
feito Ramsay, em 1846.
6 - A. De Lapparent es tudando os peneplanos da Europa pôs em evidência um ar-
gumento geológico muito importante, provando que tais superfícies de antigas montanhas
niveladas estavam quase sempre recobertas por uma camada de depósito continental. E,
sôbre êste depósito repousava, então, as camadas devidas à invasão marinha. Por conse-
guinte, o modelado de tais superfícies de aplainamento, no dizer de A. De L apparent,
só poderia ter sido feito pela erosão normal.
Explicação dos peneplanos pelo Prof. F. Ruellan.
Classifi.cação das superfícies de aplainamento quanto à extensão:
As superfícies de apl ainamento podem ter extensões muito variadas; de modo w·ral,
podemos class ificá-las em :

1 Superfície de aplainamen to local


2 Superfície de aplainamento regional
3 Superfície de aplainamento geral
4 Superfície de aplainamento continental
5 Superfície de aplainamento intercontin ental.
Denominações imp·róprias pam os pr-neplan os:
1 Peneplano embrionário
2 Peneplano em nascimento
3 Peneplano parcial

Peneplanos soe1·guidos em planaltos


A confusão dos peneplanos elevados. com os planaltos advém do lato dos autores se
prenderem à superfície topográfica, sem considerar a es trutura geológica. Nos planaltos,
a topografi a sub-horizontal deve corresponder a idêntica estrutura. Se tivem1os, no entanto,
uma topografia sub-horizontal, porém, uma estrutura geológica com plicada, com falhas e
dobra9 niveladas, em altitude relativamente elevada, concluímos evidente mente qu e se trata
de um peneplano soerguido. Como exemplos dêsse tipo de peneplano, podemos citar a
Ardena (Bélgica), os planaltos do leste africano, o planalto de Kibaras, no Katan ga.
No estudo dos plainas elevados deve-se considerar ainda o caso complexo das plata-
formas estruturais ou superfícies estnttttmís que muitas vêzes podem ser confundidas com
peneplanos. E isto é tanto mais fácil, quando há um trabalho um pouco 1~1a i s intenso da
erosão entalhando vales e d ando aparecimento a ondulações. suaves. Nes tas circuns tâncias
lem-se uma superfície de erosão levemente ondulada e não um peneplano ou superfície de
erosão aplainada.
No estado da Guanabara a parte montanhosa, constituíd a de .rochas do embasamento,
está cortada por uma superfície de erosão soerguida, e não pode ser confundida co m uma
superfície estrutural.
O nordeste brasileiro foi dado por Pierre Denis como um grande p eneplano. Hoje,
porém, sabemos que na realidad e o que encontramos no nordeste são vários níveis de pedi-
plano, e não como pensa o grande geógrafo francês·.
A região do noroeste da França - Bretanha - é uma das regiões mais típicas de pene-
plano, citada pelos geomorfólogos.
Em recentes estudos sôbre a tectônica do relêvo brasileiro Rui Osório de Freitas teve
oportunidade de mostrar a existência de relevos policíclicos em áreas consideradas es táveis
como era o caso dos escudos cristalinos brasileiros provando geologicamente a movimentação
dessas áreas p eneplanizad a~ por compensação isostática.
O peneplano é, por cons.eguinte, o estado final do trabalho de arrasamento feito pelos
agentes erosivos e representa uma superfície na qual existe já um certo equilíbrio nas di-
ferentes formas de relêvo e no perfil dos rios.

300 DICION "~RIO GEOLÓG ICO- GEOMORFOLÓG I CO


PENESSíSMICOS - denominação dada às áreas onde os fenômenos sísmicos s-e fazem
sentir com certa freqüência, porém não apresentam o mesmo aspecto de9astroso, como nas
á reas sísmica9.
PENHA ou PENHASCO - grand e massa de rocha saliente, form ando um mon ólito isolado,
na enco!Yta ou no dorso ele uma serra.
PENHASCO - penha ele,·acla e pontiaguda.
PENíNSULA - pon ta ele terra emersa cercada ele água por todos os lados, excetu ando-se
apenas um clêles, pelo qual se liga ao continente. Aprese ntam ex tensões muito va ri adas, e
o critério usado para se considerar uma península é, por vêzes, co nfuso. Assim, a Europa
pode ser considerada como uma gra nde península do co ntinente asiáti co.
A9 massas de terras emersas que form am as penínsulas podem ser constituídas de
pmtes integrantes do cont-inente ou então ele fra gm entos independentes que se ligaram pos-
teriormente a sua forma ç(ío. Os problemas li gados à gênese e à evolução das massas de
rocha que constituem as peníns ul a9 interessam mais diretamente aos geólogos e aos geomor-
fólo gos, sendo que aos primeiros interessa a natureza das rochas, e aos segu ndos a gênese
do relêvo e a sua evolução.
Na Europa temos bons exemplos de penínsulas como : Escandinava, Ibérica, Itálica,
Balcâni ca, etc. o continente africano, no extremo oeste da costa, tem-se a penímmla do
Cabo Verde, a q ual foi ligada ao continente por fl echas de areia, constituindo atu almente
um a península típi ca. Nos outros co ntinentes tam bém existem vár ias p enínsulas . Por con-
s·eguinte, uma penínsul a é um a porção de terra de form a mais ou menos alongada, e cercada
de água por todos os lados, excetu anclo uma que está em ligação com o continente.
PENSIL VANIANO - período ela coluna geológica regional norte-ameri cana, que até bem
pouco tempo era considerado como u'a divisão do Carbonífero. Hoje, os terrenos do período
Pensilvaniano são co nsiderados como os que se encontram abaixo do Permiano e acima do
mississipiano.
PERAU ou GARGANTA EPIGÊNICA - luga r fundo de um rio, próximo às· margens, mas
qu e não dá pé. É o oposto de vau (vide) .
"PERCÊE" - abertura feita por um rio conseqüente ao atravessar uma frente ele cuesta .
No nordeste brasileiro, o tênno regional usado para ês te fenômeno geomorfológico é o
boq-ueirão ( vide) , ex. : o Poti ao atravessar a cu esta da Ibiapaba.
PERFIL DE EQUILíBRIO - curva hiperbólica descrita por um curso d'água quando se
verifica a existência ele um a estabilidade nas condi ções hidrodin âmi cas, isto é, o rio nao
escava nem aluviona. A noção de perfil de eq uilíbrio correspond e a uma situação ideal
só conseguid a teoricam ente.
O Prof. Baulig, d a Universidad e de Strasburgo, introd uziu um a noção nova distinguin do
dois tipos de perfi s: pmfil de equilíbrio provisório e outro definitivo. No primeiro cas<J, o
rio limita-se, apenas, a leva r até ao mar os detritos fornecidos pelas vertentes; no segundo
caso, isto é, no p erfil definitivo , o rio não carrega detrito algum.
É preciso salientar que o perfil de equilíbrio definitivo constitui uma noção abstrata,
pois qua lquer modificação nas co ndições hidrodin âmi cas é sufi ciente para acabar com o
anti go eq uilíbrio e iniciar um nôvo ciclo de e ro~ão . Não se pode, portanto, considerar um
perfil ele eq uilíbrio como definitivo .
PERFIL DE EQUILíBRIO DE UMA SUPERFíCIE - diz-se de uma superfície, onde a
erosão e a depositação mais ou menos se equivalem em seus efe itos finais. Em outros
têrmos, podemos dizer que uma superfície de terreno e tá em equilíbrio, quando não há
rebaixa mento pelo desgas te, nem alteamento p ela sedimentação: trata-se, por conseguinte,
de um a noção teóri ca.
PERFIL DE EQUILíBIUO TRANSVERSAL DE UM RIO - o trabalho de aprofundamento
do talvegue vai dar origem ao p erfil longitudinal dos rios; por sua vez, as águas que escoam
pelas encostas elos vales vão escavar e rebaixar as vertentes, em fun ção do talvegue que
funciona, assim , de nível bare . Por conseguinte, o perfil de eq uilíbrio transversal se realiza
em fun ção do talvegue qu e em cada ponto funciona como nível de base da encosta do va le.
Diz-se qu e a encosta do vale está em equilíbrio quando as águas das chuvas escoam nor-
malmente sem produzir erosão. Neste caso o vale tem encos ta com declive suave, é um
vale largo e de fundo chato.

nrCION ÁRIO GEO L ÓGICO-GEOMORFOLÓGICO 301


PERFIL DO SOLO - corte do terreno, no qual obs-ervamos a sucessão dos horizontes.
:l!:ste perfil, algumas vêzes, possui todos os horizontes, indo desde o horizonte Aoo até à
rocha decomposta e, gradativamente, chegará à rocha matriz. Outras vêzes encontramos
p erfis nos quais há ausência de certos horizonte9.

PERFIL GEOLóGICO - o mesmo que corte geológico (vide).

PERGELISSOLO - área onde o solo p ermanece sempre gelado. ( Vide - tiale) . Perto do
lago Baical ( UHSS) o pergelissolo tem a espessura de 400 metros. No Alasca o pergelissolo
com eça a cêrca ele 3 a 4 metros, de modo qu e não impede a forma ção da floresta ( taíga ).

PERICLINAL - parte terminal de um dobram ento . Nas fotografias aéreas são fáceis de
ser identificad as com grande rapidez. Quando observamos um relêvo dobrado e arra-
sado vemos qu e, na parte peri clinal, as cam adas aparecem na paisagem à semelhança de
lâminas concêntricas, com fracos ou fortes mergulhos e, em arco de círculo, em todas a~
direções, como se observa na fig. n. 0 BP. A presença de falha s, em qualquer direção, com-

F ig. n. o BP - Parte periclinal de um anticlinal.

plica a morfologia d a parte terminal do dobramento. la fi g. n. 0 9P vemos u ma falha


e um arras tamento ( decroch e) em direção d o sul. Por causa dêsse m ergulh o variável
acompanhando um arco de círculo, denomina-se a esta parte do anticlinal como o t érmino
periclinal do enrugamento.
Denomin a-se, ainda ele p ericlinal, à estrutura sedimentar de camadas depositadas em
bacias de forma , acentuad amente, circular e onde os mergulhos das camadas se fazem
em direção ao eixo do vale.

PERIDOTO - silicato de ferro e magnes10 qu e constitui a família dos seguintes minerai9:


olivina, forsterita, hilosiderita, faialita, etc. São, geralmen te, encontrados nas rochas erup-
tivas e metamórficas. Por alteração, os peridotos são tamb ém transformados, freqüente-
mente, em serpenti11as (vide ).

PEHíODO - é uma das divisões ela era geológica . Vide coluna geológica.

302 DICION ÁRJO G'EOLÓGICO-GEOMORFOLÓ GICO


PERíODO GLACIÁRIO - denominação usada para as épocas da históri a fí sica da terra,
nas quais ocorreram glaciações. No Pleistoceno, verificou-se uma grande glaciação e, por
generalização, os autores d enominam êste lapso de tempo, de era glaciária ou per·íod o
glaciário .

F ig. n. 0 9P - Periclinal de arrastamento .

PERMEABILIDADE - p ropriedade das roch as e dos terrenos de se deixa rem atJ·avessar,


!àcilmente, pela água de infiltração. Há terrenos qu e ão mais p e rm eá vei ~ q ue outros,
por causa da dimensão e do modo de agregação dos elementos mineralógicos constituidores
das camad as. Nas rochas sedimentares estratifi cadas, a penetração das águas se faz mais
fàcilmente ao longo dos estratos, isto é, dos planos de estratificação.
Os terrenos• arenosos são mais permeáveis que os argilosos. As águas d as chuvas fàcil-
mente se infiltram nas areias, enq uanto nas argilas, onde o material é imperm eável, a infil-
tração se faz com maior dificuldade. (Fig. n. 0 lOP )
O fator permeabilidade é de grande
importância p ara os geomorfólogos, e tam-
b ém para os engenh eiros encarregados da
captação de águ as subterrâneas. Nos terre-
nos impenn eávei9 a água das chuvas oca-
siona, geralmente, erosão ( desgaste ), muito
mais acentuada q ue nos terrenos p ermeá-
veis, onde as águas se infi ltram para cons-
tituir o aqüífero subterrâneo.
++ + ' + +
IMPERME AVE.L
+
A permeabilidad e é, portanto, a capa- + + + +
cidade que possuem certas rocha9 e solos
Fig. n. 0 1 OP
de transmitir a água pelos poros ou interstí-
cio; sendo expressa pela quantidade de
água que p assa por uma secção em uma unidade de tempo, segu ndo um gradiente e
hidráulico.
A permeabilÃdade é inerente a certos tipos de ro ch a~ como: areias e seixos. Também
certas fendas qu e atravessam um afloramento, podem constituir vias de p enneabilidade no

DICIONÁRIO GEOLÓC I CO- GEOMORFOLÓG ICO 303


seio da rocha. A permeabilidade das rochas é de grande importância para o regime dos
rios, pois os curso9 d'água que atravessam áreas muito permeáveis podem sofrer grandes
perdas. Porém, em áreas onde a permeabilidade não é excessiva, os rios têm um regime
ma is regular.
PERMIANO - compreende os terrenos entre o Carbonífero e o Triássico, sendo sua duração
de uns 40 milhões de anos. Sua denominação lembra o distrito de Perm, na Rússia. Com
o perí odo Permiano termina a era Paleozóica. A separação dos terrenos do Permiano, dos
do Carbonífero, é muito incerta, do mesmo modo que a do Permiano e o período Triá9Sico,
da base da era Mesozóica ou Secundária. Essas imprecisões existentes do ponto de vista
paleonto lógico e estratigráfico na separação do período Carbonífero do Permiano, têm levado
muitos pes-quisadores a reuni-los num só sistema, denominando-os de Antracolítico ou Per-
mocarbonífero .
A vida animal e vegetal no Permiano é caracterizada como uma fas e de transição entre
as eras Paleozóica e Mesozóica. Na flora há uma diminuição na pujança observada no
Carbonífero.
Quanto à fauna há diminuição grande dos invertebrados marinhos. Os trilobitas
desaparecem completamente. A característica principal da vida animal é o desenvolvimento
dos répteis, em número e espécies. Tinham, no entanto, porte bem menor que o alcançado
pelo grupo dos dinossauros, do Jurássico. Os principais répteis do Pernúano são o m esos-
sauro, o stereosterno e o paleossauro. Foi na Rússia que se encontrou maior número de
fósseis de répteis dêsse período.
No Brasil, os terreno9 permianos foram primeiramente estudados por I. C. White, que
os distinguiu no sistema Santa Catarina, coluna clássica do Brasil Meridional.
A di ~tribuição geográfica dos terrenos permianos pode ser resumida da seguinte ma-
neira: Série Parnaíba - sudeste do Pará, parte do Maranhão, quase todo o Piauí e norte
de Goiás; Série Estância (idade duvidosa) - Sergipe e Bahia; Série Pa9Sa Dois com os
grupos Ira ti (inferior) e Estrada Nova Inferior (superior) que se estendem em uma faixa
longa, estreita e mais ou menos contínua, desde o norte de São Paulo até o Rio Grande do
Sul e, ainda, em trechos de Goiás e Mato Grosso.
As rochas permianas, no Bra9il, são constituídas pelos folh elhos, calcários, arenitos,
tilitos, etc.
As glaciações que se verificaram durante o Permiano atingiram o Brasil Meridional,
tendo vindo do norte para o sul e deixaram depósitos de tilito e varvitos (Fig. n. 0 6V)
que provam sua existência.
O Permiano, no Brasil, é importante do ponto de vista económico por terem sido nêle
encontrados os depósitos hulhíferos, os quais têm sido explorados nos estados do Rio Grande
do Sul, Santa Catarina e Paraná. O carvão do norte do Paraná ocorre intercalado com
camadas glaciais. Há também indicações da existência de petróleo nos xistos de Irati .
PERMOCARBONlFERO - - denominação dada por alguns autores aos terrenos do9 p e- ,
ríoclo9 Carbonífero e Permiano, em virtude da dificuldade de distinguir um do outro. É
também chamado antracolítico.
PEROLA DAS GRUTAS (hohlen-p erlen dos austríacos) - o mesmo que eMito (vide) .

PERSILíCICA - denominação proposta por Clark e para as rochas ácidas (vide), isto é.
as que contêm maior quantidade de sílica.
PESTANA ou DIQUE MARGINAL - p equena acumulação de material aluvial, que apa-
rece ao longo ele rios, cujo declive é muito fraco. A denominação pestana é mais usada
no interior do Brasil, em detrimento de dique marginal. Em certos rios da planície ama-
zónica, excepcionahnente noli baixos curso9, podem-se ver alguns bons exemplos de diques
marginais.
PETROGÉNESE - parte da geologia que estuda a origem das rochas.
PETROGRAFIA - parte da geologia que estuda a origem e as transformações das diver-
sa9 rochas. Os elementos mineralógicos que entram na composição das rochas não têm
todos o mesmo tamanho e, além do mais, são às vêzes, de tamanho muito pequeno e não
discerníveis a ôlho nu. O microscópio constitui um precioso auxiliar no estudo petrográfico.

304 DICIONÁRIO GEOLÓGICO-GEOMOHFOLÓGICO


PETRóLEO BRUTO - combustíve l líquido, escuro ou amare lo esverd eado, formado por
uma mistura de hidrocarbonetos . Um traço característico do petróleo, qu e o diferencia dos
ca rvões, é a a us ~ n c i a ele oxigênio e, ap enas, tra ços d e azôto e enxôfre . ( F igs . n. 0 llP e
12P ). A pa lavra petróleo etim olàg ica mente sign ifica óleo de pedm ( petrae = pedra ou
rocha e ole11m óleo), razão p ela qual é, também, conh ecido co m a denomin aç ão ele
óleo minem/.
O p etróleo é, ele modo gera l, encontrado no subsolo donde é ex b·aído à custa ele
so ndagens. As roc h a~ porosas são as que podem conter peb·óleo embebido, ex.: areias.
arenitos, arcós io, calcú rios, etc. A rocha matr iz do p etróleo é, gera lmente, argilosa, ês tc
porém, escapa para as rochas porosfls, eneo ntrand o-"c, freq iientementc, em regiões dobradas,
nos anticlina is.
Os di versos ti pos de petróleo podem ser distingui dos sum àri amente uns elos outros ela
seg uinl l? manei r;\: carbo netos sa turados ou parafi nados da séri e de meta na ( C" H'"''); car-
bonetos naftêni cos (C" H'") pobres cm parafin a ; e ca rb onetos do tipo b enze no ou aro-
máti cos.

J" ig:. n.o l lP Vis ta pano râmica das nume rosas tf,rrcs de pc rfu rac:ão para cx tração de pe h·ó lco ,
mantid as sô brc es ta cas. no la go ~ l aracaib o, na Ve nezue la.
(Foto E "o Bras ileira d e 1'l'tr61eo)

Dois g rupos pri nc ipais de teo rias podem se r apontados pa ra ex plica r a ori ge m elo pe-
tró leo: teorias inorgânicas e teo rias orgânicas. Segund o os indícios ma is fr eqi.i en tes a pre-
sença cons ta nte de fósse is animais e vege tais nas jaz idas petrolífe ras, cons ti tui um argu-
mento a favor ela ll:oria orgànica.
A importància do petróleo é grand e pela si• ri c ele produtos q ue d ele se obtém: gaso li na,
fJ Ul'J'OS·e ne, so ]v,· ntcs, óleos hiiJrifi ca ntes, CO<JUC, para fin a, vase lina, etc.
A di stribui ção geográfica dos principais produtores é a seguinte: Es tados Unidos, Mé-
xico, Ori ente Próximo, região do ma r Cáspio, Venez uela ( gô lfo Maraca ibo), etc. Qu:1nto
ao Brasil, o petróleo cstú sendo ex plorado na região elo Recôncavo Ba iano, Ca rm ópolis (SE)
e T abuleiro do ~ l a rtin s ( AL ) , have ndo poss ibilidade de ' ua cx isten cia co mercial cm outros
pontos do país.

D!CION .~ HlO C'EOLÓC ICO-CEOl\ f OHFO L ÓC I CO 30.5


Fig. n.• 13P - Refinaria d e Manguinltos, localizada na baixada da Guanabara - na avenida Brasil
na c idade do Rio de Jane iro, vendo-se ao fundo o maciço da Tijuca.
(Foto Tibor J ablonsky do C NG)

Podemos dizer, por conseguinte, qu e o petróleo é um líq uido viscoso, cuja densidade
é inferior à da água, coloração escura e odor penetrante. Desde a mais remota antiguidade
foi utilizado como combustível. Hoje é uma matétia-prima ele grand e valia, fo rn ecendo os
produt@s petmq uímicos.
No territóri o nacional, a históri a da pesquisa do petróleo co meça co m Eugênio F er-
reira ele Camargo, q ue nos fin s do século XIX, s-egundo Glycon de Paiva, conseguiu
em Bofete, no estado ele São Paulo, faz er uma sondagem qu e atin giu 410 metros, segundo
uns, e 448 metros, de acôrdo com a tradição. D êsse poço, apenas, jorrou água sulfurosa.
O ano de 1918 pode ser considerado como o início da segunda fase da pesq uisa do
petróleo, com a criação da Empr~sa Paul-ista de Petróleo, q ue no ano de 1919 fêz uma
sondagem, em Rio Claro, no lugar chamado Assistência, alguns qu ilômetros a nordeste da
cidade de São Pedro, tendo atin gido 300 metms de profundid ade.
Em 21 de janeiro de 1939 o petróleo jorrou pela primeira vez no Recôncavo Baiano,
em Lobato, sendo esta a área p etrolífera mais importante elo país, no presente. A sondagem
163, era a terceira que fazia em Lobato e, depois de atravessar arenitos e folhelhos do
Cretáceo, a 216 m, foi encontrada uma camada ele arenito impregnada de óleo, co m a
espessura de 1,50 m. A subida do p etróleo à superfície, ocorreu no momento de repouso
da turm a de sondagem, não obs tante a pressão ela coluna d'água no poço.
Os campos da Bahia estão produzindo, s-egundo a Petrobn1s; mais de 90 000 barris
diários. :l!:ste grande salto não foi devido à expansão ele ativiclacle exploratóri a ou de de9-
~oberta s importantes de novos poços produtivos, e sim o aproveitamento da produção de
poços do Recôncavo anteriormente paralisados por causa da falta de meios. p ara o escoa-
mento do óleo. Foi a construção do termin al Madre ele Deus que proporcionou o apro-
veitamento daqu eles poços qu e de outra form a continu ariam sem exploração.
Na bacia Amazônica várias sondagens foram realizadas com resultados infrutíferos,
até qu e em 1955 jorrou o precioso líquido na localidade de Nova Olinda, alguns quilômetros
ao sul da cidade ele Mana us, interêsse apenas para a pesquis·a, pois o poço não é comercial.
A faixa costeira do Nordeste com suas bacias cretácicas ma rinh as apresenta possibili-
dades. de poss uir petróleo, estando bem localizada, elo po nto ele vista geográfico. ( Fig.
núm eros 13P e 14P).

pH - anotação inclu ída por Sorensen p ara des ignar ac idez e alcalinidade de um solo.

PIÇARRA - têrm o usado para indicar, por vêzes, o estado ele decomposição, ele certas
rochas, no qual elas se acham s-em i-agregadas, ex.: areia grosseira; outras vêzes usa-se
para designar o cascalho que aparece no solo, ou ainda, para as co ncreções ferru.ginosas,
como as que aparecem no território do Amapá.

Fig. n.o I2P - Exudação de pe tróleo no Canad~í. D o ponto de vista geol6gico, d evemos salie ntar que
raramente o geólogo tent a chance de verificar o extravasamento superficial do pe tróleo . O mais
co mum é o processo custoso das prospecções, seguidas por perfurações.
(Foto E sso Brasileira de Petróleo)

DIC IONÁRIO GEOLÓC I CO-GEO M ORFOLÓG ICO 307


Os garimpeiros ou fai scadores cham am de piçarra aos afloramentos rochosos do fundo
do5 Iios, onde deixa de aparecer o casca lh o. Distinguem, ainda, dois tipos de piçarra : a)
piçarra de sebo q uando o fim do cascalho é lama cento, e b ) piçarra de pedra , g uando o
fim do cascalh o é pedregoso.

Fi g. n. 0 1 4P - A indústria do pe tróleo fornece in úme ros sub produtos. E ntre ê lcs destacam-se os
fertil iza ntes . Na fot o acima vê-se a fábri ca de fe rtilizantes e m Cuba tão, no litoral d e São Pau lo. No
mu nicípio d e Duque de Caxias, no es tad o d o Hio d e Jane iro , a P c trobr(ls in stalo u um a re finari a, c uj o
subproduto m a is i mportante é a borracha s int é tica.
(Foto PETH OBF\AS )

PIÇABRA DE PEDRA - vide piçarra.

PIÇARRA D E SEBO - vide piça rm .


PICO - p onto culm ina nte ele um a m ontanh a ou ele um a serra . Apresenta, geralmente, a
fo rma p ont iagud a. Os picos são fom1aclos ele roc has mais d uras c po r efeito seleti vo pro-
du zid o pela eros·:w, torna m-s e pontos proem inentes elo relêvo. (F ig. n° l.SP )
A tendência gera l el a erosão é para o rebaixam ento, ou mes mo,
tota l arrasa mento dos· picos sa lientes . A fo rma el os picos depend e,
muitas vezes, el a natureza el a rocha . Os granitos, por exemp lo, dão
aparecimento a fo rmas ele pi cos, já as rochas metamórficas muito
fitadas, podem da r aparecimento a picos em fo rma ele Llm inas, etc .
E stas fo rmas ori gin ais 5:-ão, todav ia, masca radas e com pli cadas po r
ca usa do efeito da erosão elementar e dos outros tipos de erosão q ue l"i g. n.o 151'
mod ifica m o aspec to primiti vo, ta nto el a nat ureza elas rochas, como
el a es trutura. O p ico, por conseguinte, nada mais é do q ue um po nto saliente de um re levo
de m ontan ha.
PIEMONTE (d epósito) acumulação de matei ia! muito heterogêneo, co nstituído ele blo-
cos, s-eixos, areias, argilas, limo, que litificaclo constitui um fanglo merado ( vide) . Os dep ó-

308 OlC IONÁHIO GEOLÓG I CO-GEOMO HFOL Ó GICO


Fig. n.o l6P - A grande escarpa da serra dos órgãos, nos limites de Magé e Teresópolis, RJ, tem u1n
aspecto bent característico, que lhe é dado pelos grandes caninos ou pináculos. O Dedo de Deus (1 695'
metros de altitude) é um pináculo bem característico, vendo-se várias dio&clases. No futuro a parte
superior dêste pontão desmoronan), tendo em vista a desagregação que se está processando ao longo
de tais dh\dases.
(Foto Tibor Jablonsky do CNG)

sitos ele piemonte se reali zam sob um clima temperado e ocupam grande extensão, cujo
exemplo clássico é registrado no norte da Itália, nas encostas meridionais do Alpes. Não
se deve confundir êste tipo de depósito com 09 encontrados nas regiões de clima semi-árido,
isto é, os pedim entos (vide), ou mais especificamente "bajadas" (vide).
PILAR - o mesmo que horst segundo os geólogos estru turalistas (vide).
PINÁCULO - formas de relêvo aguçado como se fóssem pontões alongados no sentido
ela vertical, à semelhança elo Dedo ele Deus, na serra dos órgãos. (Fig. n. 0 16P). Para
que tenhamos o aparecimento desta forma é necessário uma desagregação no sentido cla9
diáclases e um conseqüente transporte de todo o material decomposto e clcsagregagaclo. De
modo geral êsses produtos meteorizados são carregados pela gravidade, pela erosão pluvial,
fluvial, eólia, glaciária, nival, etc. Por conseguinte, para que tenhamos um pináculo, é
nece~sário que o material meteorizado não permaneça in situ , isto é, seja carregado pelo9
cliferc=ntes agentes ele transporte da erosão.
PffiÂMIDE DE FADA formas de relêvo que aparecem, principalme~te, devido à erosão
diferencial realizada pelo lençol ele escoamento superficial que carrega os detritos, deixando,
porém, em des·taqu e pequenas piràmides protegidas por blocos ou pequenas placas de
rochas mais resistentes. Essas formas de relêvo são muito localizadas e sem grande extensão.

DICIONÁRIO GEOLÓGICO-GEO~fORFOLÓGICO 309


Nos locais de aterros novos, realizados em zonas de declives regulares, com material
heterogêneo, é comum observarmos o aparecimento das pirâmides de terra ou de fada,
após um a fonte chuva (Fig. n.0 3D ) .
PIRÂMIDE DE TERRA - o mesmo que pirâmide de fada ( vide).
PIRATARIA FLUVIAL - denominação u9ada por alguns autores para o fenômeno de
capttt.m hidrográfica ( vide captura).
PIROCLÃSTICA (rocha) - resultante de material de origem vulcânica lançado na atmos-
fera por ocasião das erupções ou explosões, tais como: cinzas, lapili e bombas. Êsse ma-
teri al é que dá origem aos tufos vulcânicos (vide) .
.PIROMETAMORFISMO - o mesmo que termo metamorfismo ( vide).
PIROSFERA - e&fera de material em fusão, cujo significado é esfera de fogo. Constitui
com a barisfera, o núcleo central (vide) da terra.
Na massa magmática da pirosfera domina o silício e o magnésio, o que levou Suess
a denominá-la de sima.
PIROXÊNIO - grande família de minerais, formad a de meta-silicatos ferromagnesianos e
cá lcicos, e rarametn e alu minosos. A composição química des;;a família de minerais é quase
análoga à dos anfib ólios, vendo que nos piroxênios o cálcio é mais abundante que o magnésio,
enquanto nos anfibólios verifica-se o oposto, isto é, o magnésio domina sôbre o cálcio.
Os piroxênio9 podem ser: ortorrômbicos ( bronzita, enstatita, hiperstenita ), m onoclínicas
( diopsíclio, salita, jacleíta, augita, cUalágio, aegirita) e t1'iclínico ( wolas tonita).
PIROXENITO - rocha granular, escura, cujo principal mineral é o piroxênio e na qual
falta a olivina. Outra caracterís tica muito importante é a ausência de feldspatos nesta
rochas. Algun9 geólogos, todavia, denominam ele modo genérico a diversas rochas eruptivas
e metamórficas, qu e contém feldspatos e, nas quais há dominância do piroxênio, de píro-
xenito. Um gnaisse com píroxênio se torn a, por exemplo, um piroxenito, desde que perca
os seus feldspatos.
PISOLITO - concreções semelhantes aos oólitos (vide oolítico) porém, granulação sensi-
velmente m aior - quase elo tamanho de um grão de feijão ou de ervilha. São comuns nos
calcálios e em rochas ferruginosas.
PLAGIOCLÃSIO - nome genérico dado a todos os feldspatos calcossódicos isomorfos . Com-
titui uma grand e série de silicatos aluminosos de sódio e cálcio, denominada série de
T schermak. Os têrmos cle&ta série são: 1 - albita, 2 - oligoclasita, 3 - andesita, 4 -
labrado1·ita, 5 - bitoníta e 6 - anortita.
PLAGIOCLASITO - rocha da família dos gabros, constituíd a quase qu e essencialmente
por felclspatos calcossódicos ( plagioclás io).
PLAINO - designação proposta por Leuzinger p ara as superfícies de fraca acidentação,
aproximadamente planas e horizontais, correspondendo aos têrmos alemães flachland e
ebene .
O têrmo pla·ino, quando não es tá s·eguido de um adjetivo, tem apenas valor descritivo.
PLAINO DE ABRASÃO - o m Psmo que plaina de erosão marinha (vide ) .
PLAINO DE ACUMULAÇÃO - trata-se de superfícies de agradação, isto é, de acumu-
lação de sedimentos, ex.: planícies, terraços, etc. O oposto à superfície de erosão em sentido
restrito.
PLAINO DE EROSÃO denominação proposta por Leuzinger para designar as superfície9
de topografi a plana que se formam junto ao nível de base geral, quaisquer que sejam as
suas ori gens. Nes te caso, a palavra peneplano ( peneplanície ) fi ca resguardada para as super-
fícies aplainadas pela erosão norm al esgundo o ciclo geomórfico de D avis (climas tempe-
rados ).

310 DIC ION ..Í.RJO GEOLÓGI CO-GEOMORFOLÓGICO


As formas de plainos de erosão são tabulares nas quais os agentes erosivos atuaram
nivelando os acidentes. Os plainos de erosão em sentido restrito correspondem às super-
fícies de degradação.
A superfí cie de equilíbrio, onde houver o maxm1o de arrasamento de todos os acidentes
topográficos, chama-se de peneplanície ou peneplano. Por conseguinte, podemos dizer que
os processos de peneplanização e~tão ligados aos 'climas temperados. .
A superfície de erosão ex tensa e modelada no sistema morfoclimático árido ou semi-
-árido é o pediplano. O processo da pediplanação é o das grandes enxurradas.
PLAINO DE EROSÃO MARINHA - diz-se das superfície& aplainadas pelo trabalho do
mar (o mesmo que que plaina de abrasão ).
PLAINO DE EROS ÃO ORMAL - o mesmo que peneplano (vide).
PLAINO ESTRUTURAL D ESNUDO - o mesmo que plataforma estrutural (vide).
PLANALTO - extensão de terrenos sedimentares mais ou menos planos, situados em al-
titudes variáveis. Em geomorfologia usa-se, às vêzes, êste tênno como sinônimo de super-
fície pouco acidentada, para designar grandes massas de relêvo arrasadas pela erosão,
constituindo uma sttperfície de erosão. Diz-se, então, que a superfície do planalto é muito
regular.
Constitui assim um têrmo de valor, apenas descritivo, se não fôr associado ao problema
da estrutura. É por conseguinte, uma superfície levemente ondulada constituída de rocha&
cuja estrutura é, no seu conjunto, horizontal ou levemen te sub-horizontal. Esta mesma de-
fini ção, empregada para os planaltos típicos, pode ser usada para as planícies desde que se
faça intervir o fator altin1étrico. D êsse modo, os termos planalto& e planície têm sido em-
pregados com vários significados. O têrmo planalto é usado para definir uma superfície
elevada ~1ais ou menos plana delimitada por escarpas íngremes onde o procesoo de de-
gradação supera os de agradação.
As forma9 de relêvo da área sedimen tar, ou melhor da bacia sedimentar amazônica,
referindo-se aos terraços do baixo Amazonas os planaltos terciários e, outras vêzes os baixos
platôs são do Pleistoceno. Constituem , portanto, os planaltos ou platÔ& - têrmos descritivos
que dão id~ia da forma, sem significação do ponto de vista da origem, a não ser, em
certos casos, quando seguido de um qualificativo, ex.: planalto de erosão, planalto de
acumulação (lava, e nunca sedimento), planalto de deslocamento, etc.
Alguns autores classificam, porém, os planaltos quanto a sua origem em: 1) planaltos
tectônicos, 2) planaltos de erosão, 3) planalto9 vulcânicos. Os planaltos tectônicos são os
que resultam do soerguimento ou do abaixamento de superfícies mais ou meno~ planas
PL ANALTO

Fig. n.o 17P

DICIONÁHIO GF.OLÓGICO- GEOi\(OHFOLÓC I CO 311


da cros ta terres tre. Os de origem vulcânica são constituídos p elo capeam ento fe ito pelas
lavas acumulad as. Não se deve pensar que o empilhamento de lavas seja muito espêsso,
pois ês-te pode ser pequeno e cobrir um a topografia q ue outrora se apres entava em altitude
um pouco mais baixa, quando sem a cobertura ele lava. Quan to aos planaltos ele erosão
são os mais co muns e os mais ex tensos na superfície elo globo.
Nas descrições morfológicas ela paisagem usa-se freqüentemente a designação de pla-
nalto p ara as terras situadas acima de 200 m etros, Cttfa superfície sefa relati.varnente plana.
No sentido restrito, há geomorfólogos que só aceitam 09 planaltos típi cos de estrutura
sedimentar. Para êles o plana lto é a form a de relêvo tabular, extensa, qu e ao menos por um
dos dois lados é circund ada por s·uperfícies mais baixas. ( Fig. n. 0 17P e 18P ) O planalto
típi co apresenta analogia com as planícies, sendo q ue nêle há o predom ínio do desgaste
sôbre o da depositação e a saída des ta superfície é por declives, ao menos num a certa
extensão . Quanto às planícies, a saída é por aclives, havendo condições favoráveis para o
depósito (vide planície).

Planalto T(pico
F ig. n. 0 18P

O estudo da implantação e de desenvolvimento de uma rêde de drenagem nu m planalto,


revela que há com mais fr eqüência que nas planícies, o escavamento de va les encaixados.
O perfil longitudinal do9 rios de planalto é sempre en trecortado por rápidos e cac hoeiras .
As escarpas, ou melhor, as bordas dos. planaltos são entalh adas por ravinas, cujo de-
senvolvimento maior ou menor depende do sistema morfoclimático (vide geomorfologia
climática ).
Os plana ltos típi cos são co nstituídos, à semelh ança das planíc ies·, de rochas sedim en-
tares com uma estrutura horizon tal ou sub-horizontal. (Fig. n. 0 18P ) .
Não se deve co nfundir as superfí cies de erosão ou as superfícies de peneplano, mesmo
as soerguidas, com os p lanaltos típicos. Como exemplo pode-se citar os chapadões do
Centro-Oeste (Mato Grosso e Goiás), que s.ão típicos planaltos sedimentares, alternando
com superfícies de erosão entall1adas em rochas pré-cambrianas (V ide chapada ).
O planalto de Colorado, nos Estados Unidos, é um relêvo tabul ar sedimentar carac-
terístico isto é, um planalto . Enquanto, outras 9uperfícies topográficas planas, como os
planaltos dos Grandes Lagos ( África Oriental) , planalto de · Catanga são na realidade
peneplanos soerguidos (vide p eneplano). Nêles a natureza das rochas e a estrutura são bem
diferentes d as encontradas nos planaltos típicos.
Resta fazer referência aos bai.xos planaltos, ou baixos platôs, nos quais a natureza
das rochas e a estrutura são de uma planície. Em virtude da evolução geomorfológica
da região, estas superfíci es dão saídas por declives, havendo o predomínio do desgaste.
Como exemplo tem-se o baixo planalto do norte da Bélgica, ou ainda o baixo platô da9
terras firm es na Amazônia.

3 12 DIC IO NÁRIO GEO LÓC !CO-CEOMORFOLÓC I CO


J<'ig, n. 0 19P - Aspecto da escarpa sedimentar desgastada pelas águas de escorrência. Trata-se de un11
típico planalto sedimentar da e:rande região do Centro-Oeste - chapada dos Guimarães no estado
de Mato Grosso. Na foto acima vêem-se dois níveis da topografia sedimentar do planalto.
(Foto Tibor Jablonsky do CNG ).

Vejamos a segu ir uma síntese dêste assunto segundo Paul Macar in Geomorphologie
normale de modo a fixar melhor o que foi dito:

A) Planaltos típicos
B) Peneplanos soerguidos em planaltos
C) Baixos planaltos

O planalto, de um modo geral, designa uma parte da superfície da crosta terrestre


de fraco relêvo, mas de altitude relativamente elevada, de superfície quase horizontal e
que pelo menos, de um lado, está acima de um relêvo de altitude mai~ baixa. O planalto
apresenta certas analogias com a planície. Todavia, além do fator altitude, êle pode ser
contornado por relevos mais baixos, pelo menos contornado de altitudes superiore~, mas
apresenta sempre, em um dos lados, um rebôrdo abrupto.
A) Planalto típico - do ponto de vista geológico é constituído, como um a planície,
de rochas horizontais ou sub-horizontais. :l;:)e corresponde à9 vêzes a um bloco soerguido
da crosta terre~tre. Pode resultar de uma larga ondulação epirogênica anticlinal.
Pode ser também devido à formação de um horst. Pode resultar da combinação de
dois movimentos, ex.: planalto do Biano ou Manika, no Catanga. De um lado um abrupto
correspondente a uma série de falhas, do lado oposto uma inflexão apenas marcada pelas
camadas.

DICIQN,UUO GEOLÓGICO-GEOMORFOLÓGICO 313


B) Peneplanos soergu.idos em planaltos - topogràficamente se assemelha a um planalto
mas, geologicamente, sua estrutura é bem mais complicada que a de um planalto típico
e geomorfolàgicamente, a sua evolução, também, é diferente, ex. : planalto do Catanga,
planalto do leste afric ano.
C) Baixo planalto - áreas mais ou meno9 planas de baixa altiturle, com um abrupto
em relação à região vizinha. Ex. : o baixo platô de terras firm es da Amazônia, onde há
um rebôrdo rúticlo em relação à!i terras de várzea.
PLANALTO CONTINENTAL - o mesmo que plataforma continental (vide) ou margem
continental (segundo a denominação do Prof. Jacques Bourcart) .
PLANALTO INSULAR - o mesmo que plataforma insular (vide) .
PLANALTO SUBMARINO ou PLANALTO OCEÂNICO -constitui uma elevação do fundo
oceân ico, cujo tôpo é mais ou menos plano e suas paredes laterais abruptas, des tacando a
referida forma ele relêvo submerso .
PLANALTO TíPICO - es trutura sedimenar hori zontal ou sub-horizontal onde há o predo-
mínio da degradação. (Vide planalto).
PLÂNCTON - organismo aquático que flutu am livremente, sem domínio dos seus movi-
mentos, sendo arrastados segundo a direção do movimento das águas. :l!:!iSe nome foi dado
por H ensew.
A abundância ele plâncton é um dos fatôres qu e determina a riqueza dos oceanos em
peixe. O plâncton, p or cons-eguinte, é uma denominação geral dada aos sêres aquáticos flu-
tu antes, encontrados em profundidades diversas e em gran des extensões d' água.
"PLANESES" - denominação regional do Maciço Central Francês· para os planaltos
basá lticos.
PLANíCIE - extensão de terreno mais ou menos plano onde os processos de agradação
superam os de degradação. É necess·ário salientar que existem planícies, que podem estar
a mais de 1 000 metros de altitude que constituem as chamadas planícies de nível de
base local, ou planície de montanha.
Nas áreas de planícies, a topografia é caracterizada por apresentar superfícies pouco
acidentada9, sem grandes desnivelamentos relativos.
A planície no senti do res trito · ele planura, não existe. Trata-se de terrenos mais ou
menos planos, de natureza sedimentar e, geralmente, de baixa altitude. Alguns geógrafos
a ntigos escravizam-se ao conceito de altitude, chamando planaltos às superfícies planas com
mais de 200 metros de altitude, enquanto as planícies são aquelas planuras baixas com
menos de 200 metros.
É preferível, como já dissemos, cham ar planaltos às superfície!; elevadas mais ou menos
planas que são modeladas em rochas sedimentares delimitadas por escarpas que constituem
.declives. As planícies são superfícies modeladas em rochas sedimentares delimitadas por
aclives. Assim sendo, pode-se caracterizar as planícies de montanhas que são encontradas
.em diversas altitudes, onde os vales apresentam grande quantidade de aluviões (ex.: pla-
nície de São Paulo, planície de Taubaté, etc. ).
No estudo da origem do baixo planalto e d a planície amazônica, observa-se que o
·soerguim ento dos Andes, b arrando a comunicação franca existente entre o Atlântico e o
Pacífico levou à forma ção de um grande braço de mar. :l!:ste foi totalmente enchido, isto
é, colmatado com aluviões carregadas, não só d a grande cadeia jovem que surgira na
·era T erciária, mas também com o materi al carreado dos dois grandes maciços velhos e
desgastados. Um ao norte - maciço ou Planalto das Gtt'ianas e outro ao sul - maciço ou
Planalto Brasileiro. (Fig. n .• 20P)
A planície é uma forma de relêvo, geralmente ex tensa, cuja superfície plana ou suave-
mente ondulada lhe confere um caráter monótono e é assim que, do ponto de vista descritivo,
-deve ser considerada. Geomorfolàgicamente não deve ser confundida com a forma topo-
·gráfica plana de um peneplano ( vide ) ou de uma superfície de erosão.
O exame da natureza do material e da estrutura de uma área de planície revela tratar-se
de rochas sedimentares relativamente recentes e acamadas horizontalmente ou na sub-hori-
·zontal. A planície é, portanto, uma form a de relêvo onde os processos de deposição são su-

:314 DIC IONÁ.ruO G'EOLÓGICO - GEOMORFOLÓGICO


perion1s aos de desgaste ou dissecação da paisagem. Isto significa di zer q ue a verdadeira
planície é uma form a de relêvo relativamente recente.
Examinando-se a área sedimentar da Amazônia, observa-se que a extensa p arte sedi-
mentar considerada "terras firm es" é, na realidade, um baixo planalto, enquanto os trechos
ribeirinhos e "alagados", isto é, as várzeas, são as verdadeiras planícies da Amazônia.
As planícies podem ser claS>sificadas quanto a situação em marítimas ou costeiras e
cont.inentais. Como exemplos das primeiras, pode-se citar a planície báltica, a grande pla-
nície do litoral atl ântico dos E stados Unidos, as planícies costeiras do Brasil, especialmente,
nas áreas das restingas, etc. As planícies continentais podem, em certoS> casos, ter grande
extensão e constituírem-se em forma dominante da paisagem. No dizer do geomorfólogo
Paul Macar, estas p lan ícies são formas de relêvo de acumu lação de origem tectônica
- afundamento. Como exemplo tem-se a típica planície da Alsácia, enb·e os Vosges
(França) e a Floresta Negra (Alemanh a); a planície da bacia con gole~a, na África; as
grandes planícies a leste das Montanh as Rochosas, no Canadá e Estados Unidos; no
Brasil, inclui-se nesse tipo a grande área sedimentar amazônica, com a dis ti nção b aixo
planalto e p lanície típica, e o pantanal mato-groS>sense.

FORMAÇÃO DA BACIA E PLANÍCIE A MAZÔN 1C A


SEGUNDO ORVILLE OERBV
r-------------------~

GOLFO
Ot L ESTE

,
l-ERA PRIMÁRIA 11-ERA TfRCIARIA ArtT.

, ,
III- E R A TER CIARIA IV-OUATERNARIA
Fig. n. 0 20P

Há, aínda, as planícies lacustres, resultantes do entulhamento de lago~, como por


exemplo no Maciço Central Francês; as planícies aluviais, que como o. próprio nome indica
são aquelas jus.tapostas ao flu.xo fluvial, e apresentam largura e extensão b astante variadas.
As planícies são comumente drenadas por rios de escoamento lento e que descrevem
meandros, ou se dividem em vários braços. O exame d e um a planície, do ponto de vista

DICIO N ÁTUO GEOLÓG ICO-GEOMORFOLÓGI CO 315


geológico, releva, em sua parte superficial, rochas sedim entares relativamente rece ntes, na
posição horizontal ou su b-horizontal. Estas rochas podem ser marinhas ou continentais.
Vejamos a seguir uma síntese feita do capítulo referente às formas do relêvo, de au tori a
ele Paulo Macar - Geomo-rphologie norm.ale.
A) Planícies ma-rítimas ou costeiras:
1 Planície marí tima ou costeira de origem tectónica ( epirogênese )
2 Planície marítima eustáti ca ( um a noção teóri ca ligada a transgressões e re-
gressões marinh as).
Como exemp lo temos: grande ·planície báltica - deve sua existência a uma sen c de
movimentos do solo - começa em Cala is (França), F landres ( Bélgica), Holanda, Ale-
manh a ( parte norte) Polóni a e Dinamarca e finda nos países bálticos; a grande planície
do lito-ral Atlântico dos Estados Unidos, começa em Nova York e va i-se alargando para o
sul. No Gôlfo do México tem , em certos lu gares, mais de 400 km de largura. As ca madas
do subsolo descem, na esca la geológica, até o Cretáceo, no gôlfo do México. O seu
declive é sua ve para o mar.
B) Planícies continentai - podemos distinguir :
l - Planícies continentais de acu mulação simples
a) Planícies lacustres
b ) Planícies alu viais ou fluviais
2 - Pl a ní c i e~ continentais de acumul ação de origem tectóni ca.

As planícies conti nentais ·ão essencialmente relevos de acumulação . Todavia, q uand o


es-tas planícies atin gem grande extensão, passa ndo a forn ecer os traços maiores do
relêvo, constata-se qu e um a acumulação de tal ordem es·tá ligada a fenômenos tectóni cos .
Neste últim o caso, têm-se as planíciPs loca li zadas em zo nas ond e o afundamento cm forma
de sinclinal ou ele fossa, fo i entulh ado.
a) Plan ícies lacust1·es - vários lagos de barragem vu lcân ica no Maciço Central Francês
foram colmatados, dando uma pequena planície.
b ) Planícies aluviais ou fluviai s - têm form as alongadas ( quando ele nível ele base
local ) e são p ro du z id a~ p elos depósitos deixa dos pelos rios. Podemos ainda citar as planí-
cies de p iemonte ou de sopé e as pla nícies Lle nível ele base geral.
2 - Planícies continentais d e acwnulação ele origem tec tóni ca
Ex.: Planície do Congo -
A parte central congoles-a é atuaL11ente uma vas ta plan ície. O subsolo é cons ti tuído por
camadas que se cleposita ran1 num vasto lago qu e ocupava a região. A planíci e corresponde,
em sua p arte superi or, a um a acumulação ele depósi tos recentes elo fim elo T erciário e elo
Quaternário . O aspecto ele sinclinal elas camadas secundári as mostra a existência ele um
movimento epirogênico qu e é, em ~u a essência, a causa da própri a fom1a ção elo lago. A
planície ela Alsácia, por exemplo, é um,, grande área ele acumulação, qu e se estend e entre
a F lores ta Negra e os Vosgcs . O subsolo é form ado ele terrenos terciários e qua tern ár ios
de fáci es lagunares e flu viais . As camadas superiores for am acumuladas pelo Reno e seus
a flu entes. A planíc ie corresponde, neste caso, a um gmbe11.
As ~ ra ncles p lanícies a leste elas Rochosas, qu e se es tend em, às vêzes, num a largura
ele 600 km , oferece um belo exemplo. Esta planície foi formad a p elas aluviões trazidas
pelos rios qu e descem elas Rochosas, em clireção ele les te. A espessura elos sedimentos pode
chegar a ser ele 600 m e tro ~ . A acumulação resulta essencialmente da presença ele uma zo na
depri mida ao lado de um forte relêvo fornecedor ele materiai s.
PLANíCIE CÃRSTICA - o mesmo que polié (vide) .
PLANíCIE DE INUNDAÇÃO - banqu eta pouco elevada aci1na do nível médi o das águas
sendo freqü entemente inundada por ocasião elas cheias. A planície de inundação é, ta mbém,
chamada terraço, várzea, leito maior, etc.
PLANíCIE MARGINAL DE ALAGAMENTO - denomin ação usada por certos autores
como sinónimo ele leito maior (vide).

316 DICIONÁRIO GEOLÓG I CO - GEOMO!IFOLÓGI CO


PLANO DE ALEITAMENTO - o mesmo que plano de estratificaçüo (vide - estratifi-
caçüo ( planos de).
PLANO DE FALHA - o mesmo que superfície de falha (vide).
PLANO DE SEDIMENTAÇÃO - o mesmo que plano de estratificaçüo ou plano de alei-
tamento. (vide - estratificação (planos de) .
PLÁSTICO - diz-se de um material capaz de ser moldado sem se romper, ex.: argila
plástica (vide). Não se deve, no entanto, confundir a plasticidade de um material com
a sua friabílidade (V ide friáv el).
PLATAFORMA CONTINENTAL - planalto submerso que orla todos o ~ continentes. O
aspecto topográfico é de uma superfí cie quase plana, cujos declives são pouco acentuados
até a cota de - 200 metros. Na morfologia submarina é nêle qu e enco nt ramos o maior nú-
mero de acidentes, pelo fato de o efeito ela erosão submarina não se fazer sentir a grande~
profundidades.
A pla taform a co ntinental possui depósitos de origem contin ental , algumas vêzes gros-
seiros-, q ue vão se tornando mais finos , à medida que aumenta a profundidade e a distância
da linha da cos ta.
O problema da origem dêsses planaltos submersos ainda constitui um assunto cujas
controvérsias se faz em sentir no campo da geomorfologia das áreas s·ubm ersas. A corrente
mais aceita, é a qu e diz terem êles se originado por efeito da erosão das vagas nas bordas
litorâneas e o seu consecuti vo desgaste.
A região da plataforma continental aparece em continuação à ~ terras firm es, ou melhor,
às terras, emersas e constitui como se fôsse um prolongamento da área contin enta l emersa.
Em têrmos num éri cos temos, por conseguinte, para a platafom1a co ntinental, a área que vai
desde o nível zero até a isóhata de 200 metros.
O planalto continental representa, por ass-im dizer, o limite batim étri co da penetração
da lu z sobr e d as va ri ações da temperatura, em função da mudan ça das estações . Marca,
ainda, o planalto continental, o lim.ite da existência da vege tação subm arina e, conseqüente-
mente, dá fauna herbívora. Abaixo dessa zona oceân ica, isto é, a partir do talude conti·
nental, encontramos um a fauna carnívora.
A política atu al dos diversos países é de ir·corporação dessas áreas co m0 constituind o
o bordo ex terior do contin ente, e não co mo um a região con tinental marinha, por ca usa
do perigo que rep resen tam es tas porções juntas aos litorais·.
PLATAFORMA DE ABRASÃO - diz-se da zo na costeira ou zona do litoral (vide) onde
o m ar reali za o seu trabalho de erosão , isto é, depósito e desgas·te.
PLATAFORMA ESTRUTURAL - área cuja topografia é winc idente co m a estrutura.
Vide superfície estmtttral .
PLATAFORMA INSULAR ou PLANALTO INSULAR - denominação dada à região sub-
marina que vai do níve l zero até a cota negativa de 200 metros , ao redor de uma ilha.
PLATÕ - o mesmo que planalto ( vide).
"PLAYAS" - constitui um a depressão, um lago, ou mesmo um pântano, qu e apa rece, al-
gumas vêzes, nas "haiadas" . Trata-se de uma forma de relêvo dos sistema!> morfoclimáti cos
áridos, quentes ou sem i-áridos. ( Vide - pedim ento).
PLEISTOCENO - período qu e segue ao Plioceno e marca o início do Quatern>trio. Durou,
aproximadamente, cêrca de um milhão de anos. Nesse período apareceu a maioria das
es pécies aluais. Correspond e ao paleolítico dos arqueologistas.
O Pleistoceno é tamb ém cham ado época glacial ou rece nte, ou ainda quaternário
antigo ou diluviano .
PLIOCENO - término da coluna de terrenos do Terciário su perior. Ê o período mais
curto do Cenozóico, tendo durado apenas 5 milhões de anos, começado ~ un~ 6 milhões
de anos; contém mais espécies atuais .
Os terrenos dêsse p eríodo estão bem representados na Itáli a. Aliás, os nomes do9
terrenos dessa idade foram retirados de localidades italianas.

mcroNARio G"EOLÓcrco-cEoMonFoLÓcrco 317


Os primeiros hominídeo9 (primitivos, representantes da espec1e humana) são atribuídos
ao Plíoceno. O Eoanthropus dawsoni é consider::td•1 por alguns estudiosos como um membro
primitivo da transição para a espécie humana.
PLISSADO ( relêvo) - denomin ação usada para as formas de relêvo resultantes de mo-
.
vimentos tectônicos em que predomina a es•trutura dobrada. O mesmo que m lêvo dobrado .
PLUTóNICA (rocha) - rocha ígnea consolidada a grandes profundid ade. O m es mo que
wcha abissal. A textura é caracterizada por apresentar os cristais bem desenvolvidos.
PLUTONISMO - conjunto ele fenôm enos intratelúricos, relacionados com a subida de
magma qu e provoca intTusões como batólitos, b cólitos, filões camadas, necks, etc. Ês;;es
fenômenos q ue .ocorrem no interior da crosta terrestre, também se acham es·treitamente
relacionados com o orogenismo.
PLUTONITO - o mesmo que 1·ochas intrusivas ( vi de ), .ou, mais· e~J:> edficam e nt e, rocha
cuja consolidação se deu a ce1ta profundidade da superflCJe, ex.: batolitos.
PL UVIEROSÃO - o mesmo que ewsão plttdal ( vide) , isto é, erosão provocada pelas
águas da9 chu vas.
PLUVIAÇÃO - ação geológica direta das águas das chuva!<. Adotando-se critério análogo
ao trabalho das águas fluviais ou do ven to, co nsiste a pluvia.ção em: a ) pluvierosão, b)
deplúvio c) aplúvio.
PLUVIAL (erosão) - vide erosão pluvial.
POÇO ARTESIANO - poço ele água com pressão suficiente para jon ar acima da bôca
elo mes mo. ( F ante a.rtesiana vide),
PODZOL (solo) - grupo zonal de solos de coloração cinza que possui uma camada orgâ-
nica e um mineral lixiviaclo e des-corado, assentando sôbre um horizonte iluvial marrom.
Êste tipo de solo surge nas florestas temperadas.
O processo da podzolização consiste, por conseguinte, na lavagem, ou melhor, na elu-
viação do horizonte A e a concentração, por w)zes, de óxido de alumínio, óxido de ferro
e matéria orgânica, no horizonte B.
Solos podzólicos são aquêles· formados, total ou p arcialmente, sob a influ ência do
processo da podzolização.
PODZOLIZAÇÃO - process-o atinente à formação do podzol (vide).
"POLDERS" - denominação dada aos solos lamacentos d a costa b aixa da Holanda, que
foram conquistados ao mar.
POLIGONAL (solo ) - originado p elo dess-ecamen to ou congelamento de um solo argiloso
q ue estêve muito encharcado de água.
POLIMETAMóRFICA - rocha metamórfica que sofreu um pré-metamorfismo. Na prá-
tica não é fácil distinguir os diferentes tipos ele rochas metamórficas, segundo a origem,
isto é, ortometamórficas, parametamórficas, polimetamórficas, etc.
"POLJÉ" - grandes depressões de fundo plano, em terreno calcário, estende-se por vêzes,
por dezenas de qu ilômetros. D eve-se aqui fri sar qu e poljé significa simplesmente planície.
Todavia, os geomorfólogos reservam a denominação poljé, p ara as planícies cársticas.
POMITO - rocha efu siva, cheia de vacúolos que a tornam muito leve, sendo sua densidade
de 0,7 a 1,1. Flutuam quase sempre sôbre a água. O pomito é muito poroso, por causa
do grande número de bôlhas gasosas que o magma con tinha e que persistem, também,
na nova rocha consolidada.
Sua denominação vulgar é pedra pome!f, nome empregado, geralmente, para designar
qualquer tipo de rocha muito vacuolar, cujo aspecto relembra um po uco o desta rocha.
Quando observamos o pomito com uma boa lupa, vemos que êle é cheio de pequenas
cavidades, alongadas ou não, e estreitas - cêrca de 1 milímetro, por vêzes - , que ocupam
mais da metade do volume da rocha, torn ando-a assim muito leve. As pedras pomes podem

318 DICIONÁRIO GEOLÓG I CO-GEOMOHFOLÓGI CO


ser classificadas segundo a composição mineralógica e a~ form as das cavidade em: pedra
\ pomes basáltica, riolítica, traquítica, andesítica, fonolitica, etc. Generalizando, podemos
dizer que a pedra pomes é constituída por lava leve e esponjosa.
"PONOR" - Lêrmo iugoslavo para designar a p ~ <dr. ele um rio, que dren e um poljé (vide),
já qu e as planícies cársticas não têm gargantas subaéreas.
PONTA - ex tremidade saliente da costa, de fraca elevação, que avança ele forma aguçada
em direção ao oceano, sem ter porém grand e altura . Do ponto ele vista geomorfológico, as
pontas coincidem, geralmente, com o aparecimento ele rochas duras que resistem m ais ao
efeito da erosão diferencial.
PONTAL - língua de areia e seixos, ele baixa altura, disposta de modo paralelo, oblíquo,
ou mesmo p erpendicular à costa e que se prolonga, algum as vêzes-, sob as águas, em forma
de banco. No primeiro caso pode mesmo ser considerada uma restinga. No caso dessa
língua de areia ligar o continente a um a ilha, temos um tômbola (vide). Vários exemplos
podem ser encontrados no litoral ela Guanabara e elo estado do Rio de Janeiro.
"PONTÃO" - têrmo regional, usado no es tado do Espírito Santo, pa ra as formas de relêvo
que possuem cum es arredondados c bastante ab ruptos. (Fig. n. 0 21P) O mesmo que "pão-
-de-açúcar" (vide) .
Os pontões parecem constituir resíduos ou núcleos- ue a nti ga ss uperfícies deslocadas c
erodicl as posteriorm ente, isto é, verdad eiros "monadn ocks" (vide).
PONTÃO CÃRSTICO - denominação dada à paisagem calcária onde, sôbre um a super-
fície extens-a, emergem, de modo enérgico, pontões de rocha cald ri a. A expressão fran cesa
para êsse tipo de relêvo, estud ado pela primeira vez por A. Lcclerc, na China e no Tonquim
é region karstiqll.e de pitons ( 1900 ). O. Lehmann empregou o tênno alemão Kegelkarst
( 1925). Estas superfícies são form adas pela corrosão lateral, de modo que não têm os
mesmos caracteres elas superfícies- flu viais. Distin guem -se estas superfícies pela regularidade
do aplainamento.
PONTO FIXO - denominação devida a A. Surrei usada, ainda, por certos autores, ao
invés de nível de base (vide) dos rios. Não se pode esquecer que a expressão ponto fixo
não é muito feliz, uma vez que o nível de b ase representa um ponto de es tabilidade relativa,
~m fun ção do qual a erosão fluv ial escava o seu leito.

Fig. n.o 2JP - Na fach aà<t ('Os lc ira do sul do Espírito Santo, vê-se na parte leste uma frente escarpada
e contínua de serras, const ituídas por uma série de cabeços c pontões, ora isolados, ora mais gru-
pados. Na foto vê-se um as pecto parcial do pico de Itabira, no município de Cachoeiro do Itapemirim.
(Foto Tibor Jablonsky do CNG)
PORFIRíTICA - tipo de arranjo dos min erais num a rocha. ( Vide textura ) .
PORFffiiTO - roch:-: intrusiva do tipo hipocrhtdina, constituída por fenocristais numa
mas-sa magmas clioríti cos pré-terciários. As se m el ~l<\-se aos a.ndesitos, dos quais se distingue
por questões de idade ecológica. ( Vide arulesito ). Por conseguinte, porfirito é um a.ndesito
de idade pré-terciári a.
PóHFIRO - denominação geral que abrange diversos tipos de rochas ácidas, neutras e
básicas de tex tura porfiróide (vide porfirito).
PÕRFIHO ELEOLíTICO - denominação dada por alguns autores aos fonolitos ele idade
paleozóica.
PóRFffiO LABRADORíTICO ou LABRADOHITO - va ri ed ades de meláfiro s e basaltos
que não possuem olivina.
PóRFffiO QUARTZíFERO - denominação dada aos ri o li tos pré-terciári os (vide riol-ito).
PóRFffiO VERMELHO ANTIGO - trata-se ele andesitos ( vide) da era primária ou Pa -
leozóica .
PORI~IROBLAST~CA - textura ele rocha pseu doporfír ica, co mum em alguma,s w ch as
metamórfi cas, co mo os gnaisses e os xistos. Os porfim blastos, isto é, os grandes cri stais,
são min erais novos q ue se dese nvolve ram mais qu e o resto da massa envolvente.
POHFffiOBLASTO - vide porfiroblástica.
POHOLOGIA - vocábul o pouco usado pa ra a cjência qu e estud a as grutas ou cavernas,
isto é, a espeleologia ( vicl<>).
PORTAL EPIGE 1ÉTICO - o mes mo qu e garga nta e pigênica. (vide) .
POS SANÇA - es pessura de uma ca mada, ele um dique, de um sUl, etc. Ta9 regiões do-
bradas, o estudo da es·pess ura das ca madas pode fornecer muitas vêzes a reconstituição
das form as do relêvo logo após o efeito tectôni co .
De não menor importúncia é o es tudo das espess uras dos. sedim entos num a bacia
sedimentar, para o conhecimento de sua evolução geológica e geomorfológica.
Em geologia aplicada, a possança é definid a como o volume do material utilizável.
POTÊNCIA - o mes-mo q ue possm1ça (vide).
POTO-POTO - denom inaçi'io regiona l dada às vasas no litoral do oes·te afri cano.
POUDINGUE ou PUDIM - o mes mo qu e co nglomerado (vide ).
PRAIA - depósito de areias acumul adas pelos agentes de transportes flu viais ou marinhos .
As praias representam cintas anfíbias d e grãos de quartzo, apresentando um a largura maior
ou meno r, em fun ção da maré. Algumas vêzes podem se~ totalmente encobertas. por
ocasião das marés de sizígia. Qu anto ao materi al qu e co mpõe as prai as, há um domínio
q uase abso luto dos· grãos de q uartzo, isto é, as areias .
Os depósitos de praia, qu ando situados a alguns metros ac ima do alcance das m arés
de sizígia, servem como indicadore9 ela oscilação entre o ní ve l dos oceanos e d as terras.
Os depós itos de praias permitem a inda a seguinte di visão: a) praias ordinárias e b )
pmi as de tempestade. Es tas últim as são constituíd as pelo acúmulo ele areias lançadas na
costa pelas vagas de tempes tade.
PRAIA BAHREIRA - denomi nação usada p ara os co rd ões de res tin ga que, ao colmatarem
um a an gra, um gôlfo, ou baía, form a m um a planície coste'im. As fotografi as aéreas ele
praias dêsse tipo, no litoral elo estado elo Ri o de Janeiro e na Guanabara, permite uma boa
visão clêsse depósito cos teiro.
PHAIA SUSPENSA - denominação usada por certos- au tores para designar os terraços
( vid e ) que aparecem na zona litorânea.
PRAffiiE (prad&ria) - gr3nde grupo de ;olos ?<>nais desenvolvidos em clima subúmido,
com chu vas bem di str ibuídas, verão muito q uente e inverno bem frio (conservação da

320 DICION ÁR!O CEOLÓGICO- GEOMORFOLÓGICO


matéri a orgân ica por meio ano ( 3 meses no verão e 3 meses no inverno ). E generi ca mente
"Osolo ma is rico do mundo, pois a riqu eza da rocha enriq uece a superfí cie sem que a
defici ência de chu vas impeça alta produtividade agrícola. Exemplo: estado de Iowa, USA.
PRE-CAMBRIANO ou A 1TF.CAMBRJANO - d e nomina ~ iio genérica dada ,\ sucessão das
rochas an teriores ao Cambriano, engloba ndo assim o Arqu eano c o Algonq uian o, hoj e de-
signados Pré-Cambri ano Inferior e Pré-Cambriano Superi or.
PREGA - o mesmo qu e dobra (vide ) .
PREGA-FALHA - vide laminagem.
PRIMARIA (e ra ) - o mes mo que Paleozóica. (vide) .
PRIMITIVA ( era) - também chamada Az6ica (era sem ves tígios de vida) ou Agnotoz6ica
(vida desconhecida). Dividida geralmen te cm dois p eríodos: AnJueano e Algonquiano
( vide) .
PROMITO - rocha elástica, for mada de elementos de granul ação pequ ena, porém ma cros-
cópicos, ex. : arenitos .
PROMONTóRIO - denominação dada aos cabos quand o termina m por afloramentos ro-
chosos escarpados .
PROTEBOZOICA ( era ) - sinônimo ele Algo nquiano e Pré-Cambriano Superior.
PROTóGENA - denomin ação genéri ca dada às rochas eruptivas, em virtude ele sua ori-
ge m primitiva, iS'to é, não derivando de modifi cações de rochas preexistentes.
PBOTUBEBANCIA ANTICLINAL - di z-se da for ma ele relêvo onde a saliência do ter-
reno co rres ponde a um anticNnal (vide).
PSAMITO - deo nmina ·ão usada para as 1·ochas c:lásticas, cujo di,\m etro do material é me-
nor do qu e os seixos. Trata-se, p or co nseguinte, dos aca mamentos el e areias lap idificadas,
ou não. O tipo de rocha sedimentar qu e tem tex tura psa mít ica é o arenito (vide). Grabau
cha ma ê~te tipo de tex tura de arenáceo.
PSEFITO - rocha macro elás ti ca formad a de e lementos grosse iro~, rolados ou não,
ex.: co nglo merados,· brec has, etc. Tra ta-se, por consegu inte, de um tipo de textura das
roc has clústicas. Na class ificação elo geólogo Grabau as rochas, co m esta textura grosseira,
s·iio denominad as de 1'ttditos e a textura é rudácea.
PSICOZóiCA (era) - o mesmo qu e Anf1·opoz6ica (vide).
PTIGMÃTICO - rocha onde as dobras e~tiio presentes, antônimo ele aptigmático.
PUDIM ou POUDINGUE - depósito form ado pela cimentação ele seixos rolados com outros
materi ais cletríti cos; o mes mo qu e conglomerado ( vide ).

DlCJON .:-\ fUO GEOLÓGICO - C EO~'tORFOLÓCICO 321


QUATERNÁRIA (era) - Vide Antropozóica (era).
QUARTZITO - rocha metamórfica constituída, essenciahmmte, por grãos de quartzo,
alinhados em camadas. 09 quartzitos, geralmente, resultam do metamorfismo sofrido por
certos arenitos, sendo mesmo definidos, por alguns, como um arenito metamorfizado, no
qual o cimento que ligava os grãos de areia se recristalizou.

1--.ig. n. 0 IQ - A gariJnpagem no Brasil constitui uma atividade, depredadora de nossos recursos 1niner~tis . .
Vemos na foto uma cata de cristal de rocha perto de Cristalina no estado de Goiás. Esta cidade eshi
a poucos quilômetros ao sul de Brasília, e foi o maior centro produtor de cristal de rocha durante a
segunda guerra mundial. Hoje é uma cidade fantasma. Observar o tipo de cristalização do quartzo-hialino.
(Foto Tomas Somlo)
Do ponto de vista geon10rfológico , es tas rocha s dão aspectos ruiniform e~, semelhantes
:1os dos arenitos. Quando ata cados pela eles-agregação mecânica, os qu artzitos se transformam
uovam ente em graos ele areia . Geram solos mu ito arenosos e pobres para a agricu ltura.
QUARTZO - sílica quimicamente pura ( Si0 2 ) , cristali zada no sistema wmboédrico, apre-
sentando prismas retas ele base hexagonal, termin ando em duas piràmid cs . Na escala de
dureza dos minerais é um dos mais· duros - 7.
O quartzo é um mineral qu e tem distribui ção geográfica muito grande, pois ent ra na
co mposição de num erosas rochas eruptivas, metam órficas e sedime ntares.
Do ponto ele vista de suas propriedad es químicas, o quartzo é a sílica aniclra sendo
constituído de 46,7% d e Si e 53,3% de O . O úni co ácido capaz ele clissoh'- lo é o [teido
fluorídrico.
O seu ponto de fu são é de 1 775° C, transformando -se assim cm vidro. Ao resfriar-se,
não retorna à form a cristalina . Toma o molde em qu e fô r co locado, sendo por is·to larga-
nl cnte utili zado na indústri a.
As variedades ele quartzo podem ser consideradas segundo a coloração, cri stali zação, etc.
A classificação dos cristais ele quartzo quanto à coloração pode ser dividida em doi s
grupos: 1 - f]Uartzos qu e apresentam um a co loração ún ica : quartzo hial-ino ou cristal ele
rocha (Fig. n° lQ ) mu ito empregado no fabri co ele lentes, aparelhos de física e q uímica;
prasio - coloração verd e ( por causa ele
um hidrossilica to d e ferro ); quartzo enftt-
maçado; am etista coloração roxa sendo o
óxido ele manganês, o responsável por
es ta côr; citrino ou falso topázio; quartzo
leitoso coloração branca ; mbi da Boêmia,
coloração rósea. 2 - qu artzos q ue apre-
sentam incrustações visíveis macros·càpi-
cam ente e que dão lindos ef~ ito s artísticos,
quartzo cloritoso, ôlho ele gato, cabeleira
de vênus ou setas ele amor, sagenita, aerí-
drico, aventurino, etc.
Quanto à cristali zação temos as· cal-
cedô nias criptocrista linas e as opalas, mi-
neral inteiramente amorfo.
O quartzo tem um papel mu ito im-
portante na geomorfologia. Êste min eral
quando aparece em es tado livre torna a
rocha mais resistente à erosão diferencial
(Fig. n .0 2Q). No Amapá, sob um clima
equatorial observa-se, algumas vêze&, o
aparecimento ele superfíci es ele granito
eriçadas por causa ela grande dissolução
dos silicatos, em geral, restando apenas a
sílica em estado livre.

QUEDA D 'ÁGUA - deg rau existente no


perfi! longitudin a l ele um -rio fa zendo com
que ~e verifiqu e uma interrup ção na con-
tinuidade elo declive. Êsses degraus po-
dem ser produzidos por movimentos tectô-
nicos, ex.: falhas ; podem ser devidos à
erosão diferencia l, etc.
As quedas d 'água, assim como a& Fig. n. 0 2Q - A d esagregação elo q u artzo clá, de
cachoeiras, catadupas, ca taratas e, mesmo modo geraJJ, aparedlnento a um solo arenoso e
as correcleiras, constituem variedade ele ch eio de fra gme ntos onde a e rosão ele mentar ainda
não os tenha também reduzido a areia . Na cidade
saltos cuja denom inação varia, ele modo de D ·i amantina, e m Minas Gerais, a desagregação do
geral, com as regiões (vide salto). To- quartzito algonqu ia n o dá forntação a uut solo muito
davia poderíamos· reservar o têrmo queda cheio de pedregulhos e fragmentos menores, denom i-
nado reg io naJm e nte de "piçarra" . Vê-se ainda na foto
d'água para as descidas rápidas ele água uma canela d e ema (Vc lloz ia sp. e m flor ).
ele um rio fazendo es trépito. ( Fotn d f' \V;tlt <' r A11H'r to Egl er)

DICIONÁRIO CEOLÓCICO-CEOMORFOLÓGICO 323


QUEDA DE BARREIRAS - denominação dada no Brasil ao fenômeno de solífluxão tro-
pical (vide); em sentido amplo às corridas de terra ou lama.
QUEROSENE - produto líquido extraído do petróleo e muito usado para iluminação nas
regiões desprovidas de luz elétrica. Atualmente êste combustível adquiriu grande importância
com os aviões a jato.
QUILHA DA DOBRA - denomina-se ao prolongamento do plano axial de um sinclinal

324 DJCION ÁRIO GEOLÓGICO-GEOMORFOLÓGICO


HACHADURA DE CONTl\AÇÃO - o mes mo que gd<'llt de contraçiío (vide) ou fenda de
dessecação.
RAMPA - o mesmo que declive, usado por é~11, p elo geólogo e geomorfólogo, quando se
descuram um pouco da linguagem t écni ca. Este topônimo é, todavia, muito empregado
pelos engen heiros construtores de rodovias e ferrovias.
RÃPIDO - trecho curto de um rio, no qual s-eu p erfil longitudinal é ligeiramente acentuado
no seu declive ocasionando um aum ento na velocidade da corrente fluvi al. Verifica-se uma
quebra na co ntinuidade d êsse p erfil, form ando-se assim um degrau, ou um a sucessão de
degraus, sem haver, no entanto, sutura na superfície da corrente.
Os rápidos, num curso d 'água coin cidem, geralmente, co m o afloram ento de rochas
duras. Ou ~m outras palavras, êles são na maioria dos casos devidos à erosão diferencial.
RASTEJAMENTO - deno minação usad a por alguns geólogos, para o mov im ento de des-
lizamento do solo, isto é, creep (vide) ou cripe.
HAVINAMENTO - a água de escoamento &uperficial ao so frer certas conce ntra ções passa
a fa zer incis·Ões, p assa nd o do sheet-erosion (vide 1 para o rill-erosion (vide) , isto é, erosão
de m vinam ento. (Fig. n .0 lR )

TOPOGRAFIA TABULAR--+ RAVINAS

F ig. n.o IR - Tipos de ravina na encosta de uma mesa.

RAZ DE MARÉ - o m e~m o que maremoto (vide) ou tsunami dos japonêses.


RECALQUE EUSTÃTICO - diz-se das oscilações de abaixamento produzidas pelo mar
no decorrer dos períodos geológicos, acarretando as transgressões e regressões marinhas
(vide - eustatismo).
RECALQUE TECTÕNJCO - diz-se das oscilações contin entais de abaix am ento produ-
zidas por epirogênese (vide).

DICIONÁRIO GEOLÓGICO-GEOMORFOLÓGICO 325


Fig. n. 0 2R - Aspecto ela plataforma de arrecifes e1n franja, proxnno à fortaleza dos Reis :t\{agos,
litoral do Rio Grande do Norte, em Natal. - A natureza da rocha ·na recife acima focalizado é de
um arenito, cuja· Origem foi devida à cimentaçãO de uma antiga praia. De ntodo que a atual posição
do cordão rochoso dêstc recife, constitui uma prova de variação do nível do ntar. - Na paisagem
acima devemos destacar as inúmeras ntarmitas (vide) existentes na superfície do recife, e ao fundo
as dunas e as barreiras.
(Foto do CNG)

RECIFE - formações gerahnente litorâneas que aparecem prox1mas à costa. Os recifes


podem ser classificados segundo a sua origem em: a) mcifes de arenito b) recifes de corais.
Os primeiros resultaram da consolidação de antigas prai::ls por cimentação dos grãos
de quartzo; e os segundos por acumulação de corais.
Os corais s·ão animais celenterados que exigem uma série de condições principais para
viverem como: temperatura superior a 20. 0 , água~ límpidas e profundidades não superiores
a 40 metros.
Os recifes coralígenos aparecem de preferência na faixa intertropical. Assim a maior
parte dê!lses recifes do oceano Atlântico se encontra nas Antilbas e Flórida; no Pacífico,
na Austrália e nas ilhas da Oceânia, e no Indico no mar Vermelho, nas ilhas de Sonda e
Madagáscar.
No oceano Atlàntico, já na extremidade da faixa tropical, temos os recifes das Bermu-
das a 22. 0 de latitude norte, porém, muito be,wficiado com a corrente do Gulf Stream,
g!le eleva sensivelmente a temperdura .
O desenvolvimento dos recifes pode ser estudado e grupado segundo a sua po!lição em:
1 - recifes em. frania quando se prende por um dos lados à costa, 2 - em barreira quando
se · desenvolve a pouca distância da costa, formando um verdadeiro obstáculo, 3 - ci1·culares
ou atol.

326 DTCIO:" .~ HTO C: EOI.ÚC:IC.O-C:E<l<\ !OI1FOI .Ór.l('()


F ig . n.o 3 1\ - Rêde de dhlclases cortando o aflo ramento de quartzito da serra do aclúmbo, no sul do
cstaclo do Pará. a par te esqu erda d a fo tografia p od e-se observar cla rame nte o produto da d ecom-
composição CJu{mica e desagregação n1ecânicn, is to é, as "areias". Os í\ngnlos re tus ela rêde de
diácta.s es, que se vêem na foto acima, cons tituem um bom exemplo didaüco sôbre o assunto. presente
foto foi gentilmente cedida pelo Professor Lúcio de astro oares, e pertence ao documentário da viagem
,1ue foi rea1iznda ao pôsto Xingu do S.P .I. na serra do Cach imbo, juntamente (.-Qm o P rofessor F. Ruellnn.
(Foto do C G)

0 9 recifes em frania, por conseguinte, estão p resos diretamente à costa, ao passo que
o do tipo barreiras deLxa um espaço entre o recife e a costa. :l!:ste fato tem grande signi-
ficação p ara a navegação de cabotagem.
Os recifes coralígenos que aparecem na costa do Brasil são formados pela classe dos
antrozoários e hidrozoários.
Existem duas teoria9 principais que procuram ex-plicar a origem dêsses diferentes tipos
de recifes: 1 - teoria da su bsid{}ncia ( :harles Darwin e J. D. D ana) a qual admite um
abaixamento lento do substrato, acarretando a passagem de recife em franja para um
recife em barreira; e o atol devido ao afundamento de um recife em barreira com uma iU1a

DlCIONÁI110 CEOLÓGICO·GEOl\IORFOLÓGICO 317


em subsidência dand o ass im o aparecimento de recife arredondado: 2 - teo ria do co'lltrôle
glacial ou da plataforma antecedente ( D aly e outros) explica baseando-se na eustasia -
o mar durante o início do Quaternário, isto é, no Pleistoceno, sofr eu um abaixamento de
nível, começando assim a form ação dos recifes, q ue com o degêlo foram obrigados a u m
crescimento para cima por causa da subida do ní vel do mar.
A di stribui ção geográfi ca dos recifes de corais está limitada it Faixa tropi ca l, ex trava-
·anclo até os paralelos de 32. 0 de lat. no rte e sul.
RECIFE DE ARENITO - diz-se dos recifes (vide) que resultam da cimentação de antigas
praias, isto é, dos grãos de c1umtzo outrora incoerente». (Fig. n. 0 2H ) Distin guem-se dos
·recifes de comis (vide) , que são organógenos.
RECIFE DE CORAIS - formações q ue resultam do crescimento el e co lóni as de cora is.
Vide recifes.
HECIFES DE PEDHAS cleoomin ac;ão usada por certos autores como sinónimo ele re-
cife de arenito (vide).
RECIFE LAGUNAR - o mesmo q ue atol ( vide).
HECOBHIMENTO - vide lanv ol de arrastamento, ou nap pe de clwrriage.
RÊDE DE DIÃCLASE - o mes mo qu e rêde de f'ratu.ra ( vide).
RÊDE DE DRENAGEM - o m esmo que rêde hidrográfica ( vide ).
RÊDE DE FRATURA OU DE DIÃCLASE - fendas q ue aparecem nas rochas cortando
indistintamente os minerais, e p ossuindo ou não, direções qu e seguem certos alinh amentos
(Fig. n.0 3R ). As rêdes de fratura resu ltam dos esforços tectôni cos sofri dos pela,;. roc has
- (vide diáclase) .
RÊDE HIDROGRÁFICA maneira como se dispõe o trac;ado dos ri os e dos va les ( F ig.
n.0 4R ), existe uma grande vari edade de form as de drenagem.
No estudo d a paisagem física de uma região as cristas e os talveg ues fornecem o
canevá geral do relêvo. Existe um a grande vari edade de f01m as de drenagem, as q uais
podem ~er esqu ema ti zadas do seguinte modo: l - dentríti ca arborescente, 2 - paralela,
3 - subparalela, 4 - retangul ar 5 - an gul ar, 6 - radial centrifu gante, 7 - rad ial centri-
petante, 8 - anela r, 9 - anastomoseada e lO - desorgani zada.
Tôdas as grandes fonnas da p aisagem são sulcadas por rios q ue vão esculpir de modo
parti cular o relêvo, q uer des truindo as partes altas, quer acumulando nas partes baixas.
A drenagem do relêvo se faz segundo a declividade geral da t·egião. ( Fi g. n° SR ) A rêde
hidrográfi ca tem muitas vêzes um traçado ca racterísti co segundo a estrutura das rochas, ou
segundo a natureza das mesmas. Ass im nos terrenos de decomposição das rochas cri stalinas,
como O!l granitos, do planalto bras ileiro, é co mu m o aparecim ento de uma rêde dendrírica ar-
borece nte hiemrqtl'izada.
Nas áreas onde afloram terrenos calcários, como na bacia de São Francisco, é freqüente
o aparecimento de grandes depressões cheias de água - doli'lws, ou então de cavernas ou
grutas qu e tanto entusiasmo causam aos leigos. Nas áreas de afloramentos calcários, os
fenôm enos cárst'icos não permitem o estabelecimento de uma rêde hidrográfi ca hi erarCJ.ui-
zada, tanto assim que os vales secos, as perdas e as ressurgências são comuns.
O hom em que mora nas proximidades de um ri.o sabe perfeitamente que o seu nível
não se m antém constante durante todo ano. Ora êle aum enta (período d e cheias) , ora
ele baixa de nível ( período de vazante) . A subida e a descida do nível d 'água no leito
ou álveo é muito importante para a geomorfologia. Quando a água do ri o transbord a, carre-
gada de a lu viões, va i form a r então pequenas plan·ícies de alu viões.
O trabalho d as águas correntes é para o aprofund amento longitudinal do talvegue e o
conseqü ente solapamento d as margens, enquanto o das águas pluviais é para uma desnu-
dação geral. D êS'se modo ter-se-á desgaste , isto é, erosão nas m ontanhas, nas bordas ou
escarpas de planaltos e acum ulação ou sedim entação, nas partes baixas, isto é, nos vales,
nas d epre~ões e nas planícies.

328 DICIO N ..Í.HIO C'EO L ÓC ICO- CEOMO HFOLÓC ICO


Si
oo
z

õ
REGIÃO - tem sido considerada segundo várias facêtas·, de acàrdo co m o ri gor cien-
tífico ele cada autor, tendo em vista o "excesso de verbalismo" existente na geografia .
Para fixa r o conceito da região, os geógrafos são obrigados a se utilizar dos prin c ípio ~ bá-
sicos ela geografia como: locali zação (onde?), extensão (até onde?) e analogia ou conexão
(como?). Há vários critérios p ara se classificfn em as 1·egiões . Assim, podemos fa lar em
regiões elementares ou primári as, regiões naturais ou fi siográfi cas, regiões hum anas e re-
g iões· gc?ogní.ficas .

/
-
B

(
\
"' \
""--~

I- Divtsor 1e oguos
· 2- Rio principal do bacio A
3- Rio pri ncipal do bac io B
4- Cotovelo de capturo
5- Cachoeiro
6- Linho de costa
2

Fi g-. n. 0 .5H.

A ' 1 egiões elementares são as áreas da superfície do globo terrestre individualizadas


por 111n elemento da p aisagem. Assim , podemos falar em: região geomorfológica - indi-
vidualiLada p elas formas d e relêvo; região climáti ca - individualizada por um tipo de
clim a; região fitogeográfica - p ela vege tação; região ou província geológica - definida
pela estrutura ou pela geocronologia; região p edológica - pelo tipo de solo; região hu-
malla - individualizada pelo tipo étni co; região lingüística, região econômica, etc.
Na cla;>sificação das regiões, podemos ainda considerar vários elementos naturais ou
v:trius elementos culturais, para identificar, respeetivamente, as regiões n ~. tur a i s ou fi-
siográfi eas e as regiões culturais.
Na caracteri zação geognífica das grandes regiões complexas, os geógrafos utilizam ,
d e modo generalizado , fatôr es· fi siográficos, como delimitadores, urn a vez qu e êstes são
mais es táveis, quando comparados aos fatôres culturais. Todavia encontram sérios problemas

s.so D IC. JO;o.l ,\H 10 GEOLÓG I CO- C E0:\1011 FOLÓCI\.0


na esco lh a de critéri os p ara deli mitar um a reg wo geográfica. I\ os trec hos limí trofes d '
uma região com outra, tem-se com um cnte uma úre(l de tra nsição, pois na natureza o ~ fe-
nômenos não terminam brusca mente. Isto si(( ni fica di zer que o · limites rígidos traçados
numa ea rta correspondem, na realidade, a fa ixas de transi ção.
D entro de uma r egião geográfi ca p odemos ter diferentes tipos de estruhtras geoló-
g icas, diversas bacias hidrográficas, diferentes tipos de solos, cobertura vegetal e, cons-e-
qüentemente, diferentes rec ursos naturais básicos e ainda, de acônl o com o grau de cultura
elo g rupo hum a no, diferentes a ti vidades eco nóm icas - ex trati vi ~m o vegetal, mineral, agri -
e ultura rotineira ou com técnica mod ern a, o mesmo ocorrendo co m a criação de gado,
indústri as, etc. Todos êstes dados são fornecidos p ela geografia das reg iões. Não se h·ata
de fatos ou eleme ntos isolado&, mas correlacionados de ntro das reg iões.
REGIÃO ACIDENTADA - vide acidente do relêvo
HEGIAO FISIOGRAFICA - a qu e é indi vidualizada e ca racteri za da pelos d iversos fe-
nômenos .Físicos. Alguns au tores usam esta expressão d e modo restriti vo e como sinônim o
d e r egião gcomorfológica.
HEGIÃO GEOLÓGICA - o mesmo q ue província geológi ca, is·to é, úrea cara cteri zada
vor determin ados tipos de rochas, ou idades.
IU~ GIÃO GEOMORFOLóGICA - o mes mo q ue área da crost(l terrest re, inclividualiz[lda
por certo número de fonnas de relêvo . Vide - 1·egiiio.
l~EGIÃO GLACIAL - o mesmo qu e ;;ona glacial ( Yide ) .
REGIÃO LACUSTRE - diz-se das áreas onde se enco ntra um certo número de lagos .
Co mo exemplo podemos citar a região do9 Grandes L agos, na Am érica do 01ie, Finlândia
o u aind a a região lacus tre da Suíça. Alguns auto res usam indistintam ente as expressões:
1·egiiío lacustm e bacia lawstre (vide ).
REGIÃO PELÁGICA - denomin ação dada i1 zona mais p rofunda dos ocea nos . O m esmo
que regiilo abissal ( vide) dos biogeóg r afo~.
REGOLITO - material decompos to que repousa diretamente sôhre a roc ha ma tri z sem
ter sofrido transporte. No p erfil ideal dos so los obserYa-se qu e o rcgolito é horizonte C,
ou ainda, a rocha d ecomposta ou alterada.
O material elo rego lito é um res íduo que não sofr eu aind a o proccss<> d a eclafi zação.
Por co nseguinte, o regolito constitui um m aterial decomposto, isto é, resultante el a metemi -
zaç:ão e não edafização, o qu e leva alg un p edólogos a denomin á- lo ele solo cru.
REGOSSOLO - solo raso ele p erfil ma l desc m·olviclo cJ c,·ido ao fato que a roch a quase
aflora.
REGRESSÃO MAIUNHA - afas tam ento elo mar, ou m elhor, [lbaixamcnto do nível das águas
oceânicas. Por ocasião ele um r ecuo d as águas oceànica9 h ~l\'e rá grandes transform ações na
p aisagem morfológica da zona cos teira e do interi or. Com o recuo das águas do mar pode
haver o [lparecimento de prai as marinhas suspensas ( terraços litorâneos), ,·ariações nos
n íveis. de bases dos rios, retomadas de erosão, etc.
D o m es mo modo qu e as transgressões, as mgressões marinlws p odem ser expücadas
pela evaporação d a água do ma r que se foi conde nsar sôb rc o con tinente e se solidificou,
d ando g raml e~ calotas no Quaternário - eustati.smo . Outros procuram explica r as regres-
~;Ões p elos m ov.imentos do solo - epiroge nismo. Jl á tamb ém os qu e as explicam co mo ele-
vidas à "flexwra co ntinental".

REGRESSIVA - vid e sedim entaç!Ío.


REGUH - denomin ação dada na 1nd ia aos so los pron'ni entes ela tl ccomposi<;ão das rochas
básicas ( b asaltos) e mais es pecialmente n a prov ín cia elo D ccan.
O derram e basáltico do D eca n é contemporàneo [lO extravas am ento de magma elo trapp
do Paraná . A espess ura dêsse tipo de solo no D ecan chega algum as ,·êzcs a 3 m etros.
O 1·egur é também denomi nado de t erm p reta por causa de sua ut il iza<;ão.
REJEITO - o mesmo qu e gan ga (v ide).

IJ I C I 0:-.1 ,\ 1<1 0 CEOl.ÓC: lCO-C:EOi\ lOHFOT.ÓC: lCO 33 1


REJEITO DE FALHA - distància qu e separa du as camadas hom ólogas desniveladas ou
deslocadas por uma falha (Fig. n. 0 6H). A altura do desnivelamento, ou melhor, o rejeito
(rejeito vertical) pode ser va ri ável dc região para região conforme a intensidad e do tecto-
nism o e da rigidez do material.
H á vário~ tipos de rejeitas : vertical, oblíquo, hori zo ntal, transversal, longitudinal , in-
clinado, etc.

REJUVENESCIMENTO
- fa se do ciclo de erosão
que atesta uma retom ada
da erosão, nas fom1 a,; de
relêvo p sensivelmente
trabalhadas, correspon-
d ente ao estág io da ma-
turidade ou mes mo ela
senilidade, segundo Da-
vis.
A recupera çi:io do
poder erosivo pode-se dar
a
d evido a varia ções cli-
máticas, ou va ri ações de
níveis de base dos rios.
HELÊVO - diversidade
de aspectos ela superfí-
cie da crosta terres tre, ou
seja o co njunto das des- Fi g. n. 0 (iH - •·Reje ito" da falha é a distância X, fornecida pelo des-
nivelações da superfí cie nivelamento vert ica l en tre a base da cam!(lda "a" do cornpartimento
superior, e a base da mesma camada no · compartimento inferior.
do globo mi crorrelêvo,
mesorrelêvo e macrorre-
lêvo. Compreende as forma s do relê r;o emerso e as formas de relêvo suhm.e·rso, co m dim en-
sões muito variadas . As-sim , os pequenos sulcos e pequenas formas com um m etro ou menos
constitu em as microformas do relêvo, enqu anto as extensas cadeias de dobramento , fazem ,
parte das macroform as.
Em topografia o relêw é sempre definido como a diferença de cota ou altitude exis-
tente entre um ponto e outro, porém, na geologia e morfologia é um têrmo descritivo
~uj eito a explicação e interpreta ção. Usa-se a expressão como sinônimo de diferentes tipos
de paisagens.
As diferentes form as de relêvo têm sido explicadas segundo várias teorias. Do ponto
de vista histórico pode-se citar as teorias do catastrofismo e a do atualismo (vide) . A pri-
meira procurava explica r a origem da9 formas de relêvo por grandes catástrofes ou cata-
clismos enqu anto a segunda afirma que as form as· são explicadas pelas mesmas fôrças qu e
atuam no presente, portan to, por movimentos lentos. Ainda a teoria dos netu.nistas ou
pltllonistas que procurava expli car as formas do relêvo terrestre como produ zida9 por fôrças
vulcânicas ou ação de pressão int3rn a.
Outra teo.ria é a da contração, qu e em síntes·e, explica o relêvo como sendo o resultado
de um resfriam ento elo material magmático e te ndo cons eqüentemente uma diminuição de
volum e.
O relêvo é o resultado da atuação de dois grupos de fôrças que podem ser sucessiva9
ou s·imultâneas: en dógenas (dobras, falhas, mantos de charriage, vulcões, terremotos) e,
exógenas - ( desgastes c acumulação).
vValter Penck, chefe da escola geomorfológica alemã, co nsiderou o relêvo, como um
produto de ações simultâneas ele fôrças endógenas e das fôrças exógenas, atuando as
primeiras, em geral, no sentido de acentuar o relêvo e as segundas no sentido de atenuar,
nas sua9 linhas gerais. As form as atuais constitu em, portanto, o resultado final dessas ações
contrári as. Para Dav is as fôrças exógenas· só começavam a trabalhar depois, que cessa
o trabalho das fôrças oriundas do interior do globo.
As fôrças endógenas dão origem à9 formas maiores (grupo de formas de segunda ordem
de Lobeck). Formas originais ou primitivas dando aparecimento a estruturas deslocadas.

332 DICION ÁH ro (:' EOLÓGICO-GEOMOHFOLÓf:tCO


A relação ent·re a erosão e a tectônica - Erosão mais ránida, ou ro1elhor, funcion ando
c0111 uma intensidade maior que o soergu imento tectônico: A) Pri:ma·r rumpf de 'W alter Penck.
Em certos casos a superfíci e apresenta-se plana com anticünais que não chegaram a nascer
cm vista de a erosão ser mais intens a que o leva ntamento tectôni co (To rso Primário de
Victor Ribeiro L euzinger ).
B) End·r umpf é a superfície mais ou menos plana onde o levantamento tectônico teve
uma aceleração forte dando um a cordilh eira. Cessado o movim ento de soerguimento, a
degradação leva ao arrasamento e ao aparecimento de uma superfície aplainada ( ToTSO
Final de V. R. L euzinger ) .
C) Um rebôrdo ele falha, onde o movimento tectôn ico seja lento, o res~a lto , isto é,
o degrau de fall1a , nunca aparece porq ue a erosão o destrói.
D ) O fenômeno ele antecedência de certos rios é expHcaclo pelo fato ele a subida tec-
tônica lenta, e o trabalho con tinuado do ri o que atravessa a região.
O relêvo é o elemento fundam ental da paisagem física e por isto suas form as são
estudadas com muito cuidado pelos geógrafos, pois elas fornecem muitas vêzes a expHcação
de certos- tipos de p aisagens cu lturais.
O relêvo é caracterizado pelas formas saüentes e formas deprimidas, através de linhas
diretrizes - cri stas e talvegues - qu e constituem o canevít da paisagem física. os grandes
conjuntos de pais-agens de re lêvo pode-se fazer referência ;\s montanhas, p lanaltos, planí-
cies e depressões - principais forma s do relêvo. No estudo de detalha nas cartas geomor-
fológicas d etalhadas, pode-se entrar em minúcias, estudando-se uma pequ ena fren te ele
cuesta (vide Cuesta ), ct·: ga rgantas epigêni cas, os inselbergues , os terraços, as superfí cies
de aplainamento, etc.
O relêvo é o resultado global da ação continuada dos agentes endógenos ou hipogênicos
e dos agentes exógenos ou epigêni cos. As formas resultan tes elos primeiros são estruturais
ou OTiginais, enquanto as formas produ zidas pelos agentes exógenos b to é, pelo desgaste
são esculturais e as produzidas pelos depósitos são forma s sobrepostas. Estas du as últimas
podem também ser chamadas formas derivaclüs ou secundárias ( Vide Geomo·rfologia).
As fôrças kctôn icas são co ns-ideradas co mo produtoras de forma s e levadas - cadeias
ele montanhas, mas também de form as deprimidas fossas tectônicas, ou mesmo depressões
nbsolutas . As formas elo relêvo representam um es tágio ela evolução ela paisagem fí sica
(ciclo geomórfico). E sta p aisagem, do ponto de vista geomorfológico, é profundamente
instável. A tendência elos processos de erosão é de cleg-racla·r as partes a ltas e agTaclar a~
partes baixas, tendendo para um ni velamento de equilíbrio (noção teóri ca) .
..
RELEVO TABULAR

... •, ' ,

~---- - --­
~--·­
- ~ . --· - ·

AREN I TO CAL CÁRIO

X I ST O AR E NOSO CRIST4LINO

F ig. n .o 7R

DIClONAJ.Uo CEOLÓClCO-CEOi\lOflFOLÓC lCO 3.33


RELEVO DOBRADO

~CALCÁRIO o XISTO ARENOSO

r== § XISTO D ARENITO

F ig. n .0 8R

O têrm o relêvo é empregado sempre com um adjetivo que o torna mais expressivo.
Assim para exprimir a natureza da rocha usa-se : relêvo granítico, cristalino, gnáissico, cal-
cári o, cárstico, ou ainda relevo de rochas ácidas, de rochas básicas, eruptivas, sedimentares·,
metamórficas, etc. Para exprimir a es trutura tem-se : relêvo tabular, (Fig. n. 0 7R ) relêvo
inclinado e dobrado, ( Fig. n. 0 8H) relêvo falhado (Fig. n.0 9R) e etc. Para exprimir altitude
c topografi a, tem-se : relêvo topog ráfico, aliás co nstitui um a redund ância, ele mo ntanh a, de

RELÊVO FALHADO

~· · .'.·: . ·.·":\.
_........~ --- - "\

..,-:-
--~--:::::- .· · · . ·. ··. -· · -··· · .··.- ·· -· .
. _:__

, .·.:::<:·.j ARENITO E. j XISTO ARENOSO

rn XISTO B GNÊISSE

1M CALCÁREO

Fig. n. 0 9R

3.34 DJCIONÁH IO G'EOLÓC t CO - r.EOJ\'fOllFO LÓC JCO


RELÊVO TECTÔNICO EM GERAL

Fig. n .o lOR

plana lto, de baixo plana lto, de plan ície, d e baixad a, ele depressão (a ) Absoluta e b ) H.ela-
tiva ), de topografi a plaina, de topografi a acidentad a, de topografi a ond ulada, ele montanha,
cíclico, tectôni co (Fig. n .0 l OR ), valonaclo, eus tático, epirogênico, glaciá rio, eólio, v igoroso,
ú~pe ro, moderado, ondul ado, rugoso , fraco, .forte, inexpressivo, morto, vivo, maciço, combi-
nado d e erosi\o e 1·elêJ;o do solo. Esta últim a no dizer de Derm au eleve ser fo rm almente
\!Onclenada q uando usada como sinônimo ele ·relêvo. É interessante observar r1ue o titulo geral
do II volume elo T m ité de Geographie Phisiqu.e ele De Marton ne aparece com a expressão
relêvo do si'Jlo no sentido que D ermau condena. H.elêvo elo solo eleve fica r restrito ao mo-
delado da película d e alteração. Devemos acentu ar que no caso cla9 " mesas" ( butte t em oin )
do Planalto Central elo Brasil tem-se um aspecto elo relêvo do solo q ue foi produzido.
por uma cros ta fe rruginosa. Mas no caso das montanhas, como Aneles, Apalaches, Alpes,
não se pode considerar q ue sejam a~p ectos elo relêvo elo solo.
Mu ito~ outros exemplos podem ser citados como: relêvo acidentado ou monótono,
r el~vo di ssecado ( fi g. n° llR ) ou dessecado, relêvo continental ou submarino, relêvo po-
~i ti vo ou negati vo, relêvo de jusante ou ele montante, etc.

Fig. n.o llR

São várias as classificações propostas para as form as ele relêvo, segundo os diferentes.
autores:
Classificação d esc1·itiva das fo-rmas de 1·elêvo, segundo Baulig - Vo cab·ttlaire de·
Geom orphologie:
I As form as de relêvo podem ser ru gosas e erg uidas
II Formas de relêvo suaves
III F ormas ele relêvo mais ou menos articuladas - dissecadas

DICIONÁlUO G'EOL ÓGI CO- CEOMORFOLÓ CI CO 3:35.


IV Form as maciças ou pesadas
V Formas de conjunto ou formas m estms
VI F ormas de detalhe ou pormenores.

Classificação do 1·elêvo continental, segtmdo Fourma-rie·r


l Relêvo de acumulação
2 Relêvo tectônico
3 Relêvo eustático
4 Relêvo combinado
5 Relêvo de erosão

Machatschek, em sua Geomorfologia apresenta a seguinte divisão:


I - Fonna s estruturais tectônicas - nunca foram observadas em seu estado
original e primitivo. Sempre houve reco nstituição mais ou menos exata.
II - .Formas esculturais produzidas pelas transfonnações e destruições elas
anteriores.
UI - Formas sobrepostas ori gina ram-se por sedimentac,:ão: fluvi a l, eólia, gla-
ciária. Estas form as são independentes elas fôrças endógena5. São fonn as
intermediárias, entre as estruturais e as esculturais .
- Cada forma ott grupo de formas da supe1jície terrestre é o resultado do
efei.to conirmto e contrário, simultâneo, de p·rocessos endógenos e exógenos
Estas form as acim a consideracla9 podem ser :
A) Formas consonantes ou autóctonas - formas q ue em sua ori ge m e desenvolvi-
mento são próprias a certas regiões climáticas.
B ) Fonnas dissonantes ou alóctonas - são form as estranhas que penetram em
outras - efeitos exógenos - vales elo Nilo e Colorado, atravessando desertos ,
C) Formas estruturais - climáticas concordcmtes ou. formas topográficas corres-
pondentes à estrutura:
l Forma topográfica hori zontal correspondente a um a estrutura horizon-
tal formas harmônicas ele Passarge.
2 Fonna topográfica inclinada correspo nden te a um a estrutura co ncor-
dante inclinada ( cu.esta ou côte e o hog-back ).
3 Formas dobrada5 e falhadas.
Formas topográficas diferentes da est·ru.tura
1 Peneplanos - erosão fluvi al, meteorizac,:ão, sistema morfochmático ele
clima temperado, erosão norma l.
2 Pedip /anos - sistema morfoclimáti co de erosão de clim a árido, quente
ou semi-árido.
3 Crioplano - sistema morfo cli mático glaciário e periglaciário.
4 - Inversão do relêvo .

Formas topogTáficas mistas - em parte ela paisagem verifica-se a coincidência das


formas elo relêvo com a estrutura e, em outros trechos , há o que se poderi a denominar de
form as indiferentes ela estrutura discordante - especialm ente nas áreas de superimposição
ou epigenia.
As form as elo mlê'w emerso são muito diferentes elas do relêvo imerso. Também é
forçoso reconhecer que cau~as diferentes tenham atu aclo sôbre umas e outras.
O relêvo continental está ~ub m e ticlo ao trab alho contínuo d e demolição nas partes
altas. Nas regi õe~ oceânicas é a sedimentação qu e , ele maneira lenta, acumul a material fino
nas grandes profundidades e os depósitos detríticas na vizinhança dos litorais, contribui
para o desaparecimento elas irregularidades.
No dizer ele Paul Macar "os continentes são essencialmente o domínio ela erosão, em
oposição aos oceanos que co nstituem o domínio da sedimentação" - l)ri.ncipes de Geomo?·-
phologie Norma le
As fôrças internas e as fôrças externas que atuam sôbre o relêvo são vanaveis, ele-
pendendo essencialmente ele dois fatôres: l - Nat ureza das rochas - tôcla rocha coerente

336 DI CIONÁRIO GEOLÓG TCO - GEOMORFOLÓG TCO


ele' e prin1 eiro ser desagregada em detritos, enquanto as partículas das rochas fri áveis são
dirdan1 enfe mobili zadas pelas erosão; 2 - A ·i ntensidade das ações - (ventos, águas cor-
rentes, vagas) pude mostrar variações cuja importância oscila de l a l 000. A relação da
velocidade de deforma ção com a velocidade da morfogênese (ablação, nas áreas altas,
acumulação, na9 áreas baixas) comanda o aspecto do relêvo terres tre. Ora esta relação
varia em grand es proporções . Determina casos m uito mais va ri ados qu e os definidos pela
noção ele ciclo.
As fôrças tectôni cas são as res ponsáveis pelas grande ~ form as de relevo. Isto significa
qu e as fôrças tectôni cas são as q ue dão as linhas mestras. elo relêvo terrestre. Os agentes
de degradação têm efeitos mais localizados .
As class ifica ções das formas ele relê.vo s·ão inúmeras, segundo os diversos autores con-
su ltados. A classificação mais simples elo relêvo terrestre admite qu atro tipos fundam entais:
l - Montanhas, 2 - Plana ltos, 3 - Planícies-, 4 - Depressões .
Os geomorfólogos norte-ameri ca nos costum am classifi car o relêvo em três grandes
ord ens ou ca tegorias, baseados em Lobeck :

l - Con tinentes e b ac ias oceân icas


2 - Montanhas, plana ltos e planí cies
8 - Bacias, ,·ales, escarpas e , cristas

Von E ngeln em sua C eom.orphologie tentou class ifi car o relevo em un idade geo-
morfológicas com o critério estrutu.ral:
I - Unidade de estwl:ura. si.m p les ou. horizontal -
A) Co nsti tuíd as por sedim entos soltos (incoerentes ou fra cam ente cimentados-);
l - Planí cie costeira ; 2 - Planí cie de piemon te; 3 - P lan ície de tundra;
4 - P laní cie fluvia l c lacustre; 5 - Ergs; 6 - P lanícies ghlciá ri as; 7 -
Planícies de loess-.
B) Constituídas de rochas sed imentares- ou magmú ti cas, ma is ou menos co n-
solidadas: l - Planaltos interiores ; 2 - Bacias em form a de concha; 3
Planícies de lava; 4 - Cones vulcânicos.
C) Constituídas por terrenos calcários, como as fo rm as elo relêvo cárs·tico e
as ilhas coralígenas.
II Unidades de est wtttms deslocadas ott pertu.rbadas -
A) Constituídas por terrenos· dobrados e fraturados, com rochas consolidarias.
Saliências ern dômo ( ]acóli tos c batólitos ) . Mon tanh as dobradas e fra-
' turaclas .
B) Cons tituídas por mas-sa rígida ele terrenos muito antigos , como os "es-
cudos" de rochas plutônicas e metamórfi cas, as regiões peneplan izadas e
as geleiras co ntin entais.

Classificação das fo ·rmas ele relêvo de Siegfried Passa·rge :


l - Planícies - no sen tido matemático ele p lanu ra não existe na natureza . As
p lanícies são extensões de terreno com d iferenças de ní veis e pend entes pouco
pronunciadas.
2 - R elevos ou formas acidentadas
A-; formas monta nhosas co m pendentes mai s· ou menos inclinadas podem ser
divididas do seguinte modo: l - Cimos em pontas ou montes; 2 - Montes
tabulares - alti planos; 3 - Crist as li neares; 4 - Monte anular - forma cir-
cul ar, semi circul ar; 5 - Montanhas co m ferradura , etc.
3 Formas de escavação ou ocas: l - Grutas ou cavern as; 2 - Va les; - 3 -
Fossas.

C lassificação das fonnas de relêvo, segundo Lobeck.


I - Formas de primeira ordem ou fo rm as maiores - considerável grau de perma-
nência: A ) Contin entes; B ) Bacias oceà ni cas.

n ..... -
Dl C IO:-i .·\ HIO GEOLÓGICO-GEOMORFOLÓCICO ·) ·) /
Pelo princípio da isus tas ia, quando se manti ver, substan ialmente, a diferença
de densidade das roch as co nstituti vas dos fundos oceànicos ( bacias oceà ni ca~) ,
não e compreend e que possa haver nlteração p erm anente e de vulto nos grandes
níveis da crosta: áreas co nt-i-nentais e bodas oceânicas - D esde o Pré-Cambrian o
as áreas emersas são os eswdos, embasam ento ou pedestal. As velhas jJlatafoT-
mas ou bou.clier, elos franceses, são zc, na ~ rí gidas c <JUC a pouc.1 vari ação de nível.
estiveram sujeitas.
II - Form as de segunda ordem ou de eo nstruç:ío:
A) Planícies
B ) Planaltos
C) Montanhas
D ) Vu lcâ ni cas (F ig. n. 0 12R )

RELÊVO TABULAR DE PLANALTO

+
-1- +-- 4-- -+-+ ++~
-+- + + + + ++
-+-++--+-++

. . BASALTO

~ CALC4RIO
~ ++ ª GRANITO

1:::.:·::.:;::0: I ARENITO

F ig. n .0 12H

III - Formas ele terceira ord em ou ele des trui ção (fôn;as exógenas·)
A ) Fo rm as ele degrada ção ( desgas te p ela erosão)
B) Fo rmas de a gradação ( acurnulação)
C) Va les, bac ias, escarpas c cri stas.
IV - Fo rm as interm ediári as co mpostas e co mplexas·. Co li nas.

Classificação das f0rmas de relêvo po r Pa ul Maca r ( Geomorplwlogie No mwlr.:).


I - Planície
A ) Planí cies lVI a rítima~ ou Cos teiras: 1 - Pla nície de origem tectónica ( ep i-
rogênese) 2 - Planície marítima eustáti ca (é ma is 1.1ma noção teó rica)
transgressão marítima seguida de regres-são.
B ) P laní cies Continentais: 1 - D e acumulação s·imples, plan íc ies lacu stres c
pluvi ais (flu viais·); 2 - De acu mu lação de origem tectôni ca.
II - Planaltos :
A) Planaltos típi cos
B) Peneplanos soerguidos em planaltos
C) Baixos planaltos
li! .H onta nhas
A ) ~1ontauhas típicas ou de ori ge m orogen ica
B) Montanhas ele origem-epirogên ica ( mais comumc ntc b ordas de planalto).
C) ifontanhas ele acumul ação.

3:38 DJC ION ,\1110 CEOLÓC ICO - CE0;\ 10 1\FOLÓC! CO


c
õ CLASSI FICAÇÃO DAS FORMAS DO HEL1WO (Seg un do Lobeck )
õ
z
:;.. .
FORMAS DE • CONSTRUÇÃO
5
C'l
"'or-
ESTRUTURAS I PROCESSOS ESTÁGIO ou IDADE (cic lo geom orfológ ico )

c('J - Geológica Gco mo rfológica Fôrças destruti vas Jo ve m Maduro Velho


i'i
o Planície madura
0 ~ "' Horizontal Planíc ie
R elêvo baixo I I Planíc ie jovem Planície velha

o"' .5"' I
w Ho;izon tal Planalto Planalto jovem P lanalto maduro P la na lto v elho
o"' ·;;"'
·:;
~
o
R elêvo a lto ::>
l\tio n ta.n ha em d omo velho l\1 on ta n h a em domo jovem
Domo l\1ontanha em domo lVlontanha em domo madura
r
o-
~ 1:"' ~ .s"'
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>"
"O
o
" Fal has Montanha em falha $"' " Montanha de fa lha j ovem l\1ontanha d e falha madura lVIon tan ha de falha velha
"O
ii
õ
o o"'
-e"'
('l
o Dobra 1\IIontanhas de dobras t l\1 ontanh a de dobra jovem Montanha de dobra m adura Mon tanh a de dobra ve lha
o
~ Complexa M ontanhas ü Montanha complexa jovem l\rlontanha complexa n1adura Montan ha complexa velh a
"
il< complexas

Vulcânica Vul cânica Vu lcânica jovem Vu lcánica m adu ra Vu lcârica v elha

F Oin L-\.S DE DES1'Rt:J Ç.1í.O

Fórça Erosão Residual Deposição

Weathcring (meteorização) Buracos c ab ismos Domos de esfoliação Cones de ta lude

Correntes flu\ ia is Vales e cafions l\1ontanhas di\·ididas Deltas


Cones aluviais
l\l[ orainas
Geleiras "Circos" e depressões glac iais Cristas em a restas cun·as Drumlins
E ske rs

Ondas G rutas marinhas abruptas Falésias Pontais


(falés ias) Platafor mas Barras, pra ias
Vento Taffôn i Pedestais em forma de cogu- Dunas
(alvéo los) me lo Loes
Organismos Buracos - R eci fes de corais term iteiras
E.rplicaçüo su.má·ria das causas formadoras do relêvo ten ·estre :
A ) .\lovimentos tectônicos de epirogênese e de orogênese :
1 Fomws fundame ntais ott primárias ou d e primei.m ordem: 1 - Con-
tinentais; 2 - Bacias oceânicas.
2 - Fo·rmas hi.pogêni.cas: 1 - Planícies; 2 - Planaltos; 3 - Cadeias de
montan ha: a) dobra; b ) falba; c) co mpl exa; d ) dom o e) form as
vu lcâni cas .
B) Erusão - degrada as elevações - Fotm.as epigên icas : 1 - E rosão ; 2
Acumula ção; 3 - Resicluai5'.
C ) Condi ções litológicas elo materi al subm etido às deformações tectôn.icas e
p osteri ormente à erosão. Rochas ela mesma natureza podem dar forma s
d iferentes, segundo os tipos de clim a ~ .
Formas p·rimitivas ou o1'iginais do relêr:o segvndo a tectônica: a) dobram entos, b ) mo-
vim entos epirogêni cos, c) rejuvenescimento, d ) afun damentos - falh as .
Os dobram entos são devidos às fôr ças ele direção sen9ivelrn ente horizontais - mot;i-
m entos orogênicos :
1 Grande fossa marinh a alongada ond e se ac umudam os sedimentos ;
2 Subsiclência;
:3 Geossinclinal e o geoanticlinal (existem desde o Primário ) .
A - A s cadeias de mon tanh as 5'ão zonas enrugadas da crosta terrestre, oriundas
d e movimentação tectônica.
B As cadeias de montanhas não são tôdas da mesma idade, conseq üentemente
as form as vão apresentar sensíveis diferenças, já q ue os movimentes tectôni-
cos foram produ zidos em épocas diversas.
HELÊ\10 ACIDENTADO - ex pres·si'io u til izada em clese ri ções da paisagem fí sica . ( Vide
acide nte do m lê vo ).
RELÊVO CALCÁRIO aciden t:=s da pa isagem física res ultantes da ação do modelado da
erosão sôbre roch as ele natureza calcária. Nenhum a rocha apresenta f01m as de relêvo tão
especíFicas como as crtlcá rias, ex .: doU nas, avens, grutas, ·t;ertentes 11endentes, poljés, uvalas,
va les subte1Tâ11eOs ou aveugle, etc.
O clássico sistema de erosão descrito para as· outras rochas, co m rêde hidrográfica or-
ganizada, vertentes com declives descendentes, etc., é por vêzes compl etamente transformado
por causa dos fe nômenos cársticos, com rêde hidrográfi ca subtcrr ànca, vertentes pendentes,
clepress·ões fechad as, etc.
B.ELÊVO CÃRSICO - o mes mo que k{l!·st-ico (vide) ou re /ê~_;o cârstico .
RELÊVO CONTINENTAL - irregularidades da superfí cie da cros ta terres tre, form ando
as depress-ões, os va les, montanhas, planaltos, planí cies, etc. ( Vide m lêvo) .
O relevo co ntin ental é co nstituí do por tôdas as formas d e acidentes qu e se encontram
acima elo nível elos oceanos e mares, isto é, acima do nível zero (excluindo as depressões
absolu tas) . As formas de relêvo são bastante variad as, já qu e a superfí cie da litosfem, isto
é, ela cros ta terres tre é bastante trabalhada pelos agentes de erosão, tais como: . águas
correntes ( rios), águas d as chuvas, ventos, águas congeladas (geleiras ), águas dos
mares (correntes, ondas e marés) e os sêres vivos, em geral (homem, animais e vegetais) .
Além clês tes agentes eros·ivos elevemos citar, como mais importante, a ação do tempo sôbre
as 1'0clws, isto é, a meteorização que realiza o trab alho prelimi nar da desagregaçâo mecânica
e deco mposiçrio química em tôd a a superfície do planêta T erra.
A m eteorização é q ue vai fornecer o material para ser carregado pelos diversos agentes
d e transportes (Vide - relêco) .
O 1·elêvo continental é d efi nido pelas suas diferentes forma9, se ndo urnas O'l'iginais ou
primi.t ivas, isto é, devidas a fat ô,·es endóge nos e ou tras seettndárias ou deTi.vadas, isto é,
devidas aos agentes extemos ou exógenos.
RELÊVO DE ACUMULAÇÃO - resulta ela adi ção ele ma téri ais a anti gas superfíci es, ex.:
cones V'ulcânicos, dunas, planícies sedi.mentares, etc.

340 DIC IONÁR IO GEOLÓGIC O-GEOMOHFOLÓC ! CO


RELÊVO DE EQUIPLANAÇAO - tra ta-se de uma superfí cie aplainada pelo sbtema
morfoclimáti co do tipo fr io. A paleoclima tologia indica qu e tais climas foram raros no
passado. fnfi mas porções aplainaclns na superfí cie elo globo foram rea l iza cl n~ sob ta l tipo
de clima.
RELÊVO DE jUSANTE vide jl iSllll te .
nELÊVO DE MO NTANTE - vide montante.
llELÊVO DISSECADO - co mpreende-se em geo morfologia como a par te emersa da crus ta
terrestre sulcada com grande vigor p ela rêde hidrográfica. Esta dissecação ela paisagem
física de um a região pode estar ligad a à erosão diferencial, às vari ações elo nível elo m ar
ou elo regime climáti co, à estrutura, à isostasia, etc. No Maciço Central F ra ncês, na região
el <2 Cevennes, há um a li nd a paisagem cuja dissecação teve início após os movimen tos isos-
t:tticos, começados no Terciár io. No sul do Piauí, os chapaclões do Alto Parn aíl a, tem uma
rêde hidrográfica encaixada mos trando a existência ele vários ciclos de erosão, dissecando
a paisagem tabu lar.
RELÊVO DO SOLO - expressão usa da no sentido de relêvo em geral elas. terras emersas.
Rclêvo elo so lo não se trata, propriamente, de modelado elo relêvo, mas refere-se apenas
:1 d l .~a d a camada superficial ( rególito e solo) . A ês te propósito D erru au di z que uma crosta
endurecida q ue dê aparecimento a um pequeno ressalto no rebôrcl o de um planalto, é
um ac idente elo relêvo do solo. T odavi a, não se poderá dizer qu e um a montanha seja um
dos aspectos elo relêvo do solo.
RELÊ VO GLACI ÁRIO - elo pon to de vista geográfico aSo famílias de form a de erosão
glaciári a es tão restritas pres·cntemente às áreas de altas latitudes, ou aind a às p artes a ltas
rias regiões montanl1osas. O 1'elêeo glaciário está ligado à ação de um agente d o m odelado
- o gé lo. Trata-se de u1n cap ítul o d a geomorfolagia cli má ti ca, em fun ção da iso ferm a
F.cro grau centígrado.
As ações ele ap la inamento na áreas peri glaciais, tendem por ablação e por depósitos,
r cl uzirem os decli ves e nivelarem os. relevos - equiplanação (segundo D . D. Ca irnes -
l912), altip lanação ( M. H . Eakin - 1916 ) crioplanação ( de K. Rryan ) .
As fonn as ligadas aos sistemas morfoclimáticos glaciári os e peri glaciúrios ~ão de modo
geral bem conhecidas, por causa elos es tudos feitoY especialmente na Europa e na América
do Norte.
O pmcesso de gelivaçrio elas rochas co nstitui um importante cap ítu lo na m orfologia
glaciá1'ia, tendo em vista o materi al forn ecido para a eTosão glaciária. Q uanto à á rea ~eo­
gráfi ca atual onde se processa o modelado glaciári o, esta é bem res trita nos. nossos di as .
A paleoclimatologia nos mostra qu e no decorrer elas diferentes eras geológicas ocorreram
vúrias glaciações em outns áreas q ue atu almenle estão sujeitas. a outros tipos ele clima . .
llELÊVO KARSTICO ( deve-se preferir a grafi a cártico ) - formas de relêvo devidas,
princip:dm ente, ao processo de eros·ão ele dissolução . No modelado d1 rsti co não se observa
a hierarqu ia na rêcle de drenagem . D erru au considera um tipo ele re lêvo "anorm al" . ( Vide
relêw calcário ).
RELÊVO NEGATIVO - constituem as área9 de terrenos situadas abaixo do níve l do mar,
tais como os solos oceânicos e as d epressões continentais, cujos fund os estão abaixo elo
plan o de 1'eferência . Os lagos não podem ser cons.iderados como relevos negativos a não se r
aqu eles que fi cam abaixo elo nível elo mar como: mar Morto, mar Cáspio, etc:.
HELÊVO ONDULADO - diz-se das áreas onde há pequenas movimentações do terreno.
Expressão utili zada na geomorfologia com um duplo caráter : 1 - pura mente descriti vo
( F ig. n.0 13R) e 2 - estrutural. Todav ia, acreditamos não estar longe o dia em qu e a
geo morfometria p oderá usar es ta expressão baseando-se nos decli ves méd ios e nas alti tud es
relati vas, medidas. numa área co nsiderada.
Na geomorfologia estrutural, não se pode deixar de assinalar o fat o de que, em certos
casos, pode-se considerar o relêvo ondulado, pelo tectonismo. Neste caso, as partes co nvexas
coincidem com anti clinais, e as côncavas com sinclinais.
Na topologia militar, o terreno ondulado é assim considerado quando a variação de
ní vel é sensíve l, dando-lhe o aspecto ele ondas do mar. Sign ifica, por cons-eguinte, bastante
suavidade na topografia.

DlCIQ N,\nro CEOLÓCICO- CEOi\lOHF OLÓCJCO 3-l.l


Fig. n .o 1 3R - Relêvo ond ulado e uma flores ta gaJcria

RELÊVO POLICíCLICO - aquêle que foi sujeito a diversas fas es de erosão e conseqüente
parada. Êste fato deixa na pais·age m marcas importantes para os geomorfólogos e geó-
logos co mo sejam: ruptura9 de declives em vertentes, foz suspensa dos rios aflu entes, ter-
raços, fom1 as mostran do escavamento e paradas de erosão, etc.
RELÊVO POLIGÊNICO - elaborado por 9istemas de erosão sucessivos, podendo em cer-
tos casos chegar a um peneplanu . Helêvo poligênico não é sinônimo de relêoo policíclico
(vide ). Pode-se ter relevos polic íclicos que estejam ligados, por exemplo, à vari ação d e
níveis ele bases. Pode, no entanto, haver coincidência de um relevo policíclico com um
poligênico. Significa sistema de erosão de9Cncadeados, por flutua ções climáti cas (sistema
de erosão diferente do precedente) .
RELÊVO POSITIVO - di z-se das áreas de terrenos situados acima do plano de m ferência,
isto é, do nível do mar.

RELÊ\' O RELATIVO - form as ele acidentes expressas não em relação ao nível do mar
(nível zero ), mas a qualquer nível teó1;co, tom ado p ara efeito de com paração. Nas áreas
de intenso movim ento tectônico, isto é, cadeias de montanhas, encontram-se os maiores
d.esni.v elamentos m lativos ou amplitudes relativas do relêvo. Nas áreas de planície se en-
contram as menore9 amplitudes relativas do relêvo.
RELÊVO TECTÕNICO - formas topográfi cas da superfície do globo terráq ueo qu e re-
sultam ela movim entação feita pelas fôrças lectôni cas (Fig. n. u ] 4H).
RELÊVO VALONADO - vide vallons.
~

RELEVO TECTONICO

vvvvvvvvv
VYvvvVVVVv

~!~ª~~~~~~~vY v V v V V V V

11 " v v

Fig. n .0 14R

342 DICIONÁRIO G'EOLÓGICO-GEOMOHFOLÓGI CO


RELÊVO VULCÃ 1ICO - as fo rmas de vidas ao vulcanismo, a presenta m interêsse partiCL,la r
aos geomorfó logos. E las sig nificam o refl exo dos agent es geológicos endógenos e co ns-
tituem-se e m verdade iros aparelhos reveladores da existência de um materia l ígnea sob a
c ros ta só li da. Ao geomorfólogo interessa m p arti cularm ente os tipos de erupção no qu e di z
res peito às formas dela res ultantes . Pois tra t a -~e de form as pos ti<;as, segundo D e Martonn e
euja hi era rqui a den tro do ciclo geomorfológ ico não é importan te. São formas q ue podem
s urgir de rep ente.
Con trastes gran des são e ncontrad os e nt re formas vul cân icas do ti po h ava iano e formas
vulcânicas do tipo pelean o.

REMANSO - trecho de um rio no qual a corrente flu vial fi ca co mo qu e parada.


REMONTANTE (e rosão) - escava mento rea li zado pela e rosão flu v.ia l, qu e se faz da foz
para as cabeceiras, isto é, de jusante para monta nte em função do n ível de base. D á-se,
por co nse gtünte, o nome de e rosão remontante ao escava mc nto feito de modo regressivo,
a partir do n ível de base, para as cabeceiras.
RE NDZINA - ti po de so lo de colomç·ão ve rm e lh a, on gin ada da decomposição do calcário.
Nes te t ipo de so lo a massa a rgilosa colorida pelo óxido de ferro está m isturada com p eda -
ços de calcári o, ainda não decom posto. Quando êstes fragme ntos desa pa recem, &urge um
solo constituído inteiramente de argil a, chamado terra 1·ossa.
RESIDUAL (so lo) - " ide solo.
RESSEQOENTE ( ri o) - agu êle que con e na direção do mergulh o das camadas, sendo
geralm ente afluente de rios subseqüentes. Os ri os resseqüentes aparecem depois dos con-
seqüentes e s·ubseqüentes.
A distinção dos rios ressegüentes dos conseq üentes é feita qu ando se olha o con-
junto da região, p il ra se ter noção do tipo da drenagem de tôcla a úrea .
RESSURGÊNCIA - fonte de água que aparece em terre nos calcários, sendo ta mbém cha-
mada el e font e voclusiarra ( \'aucluse na França) . Estas font es são caracteri za d a& p ela grande
abundância de água e, també m, p ela intermitênci a . Na mai ori a dos casos não passam de
an ti gos cursos d'ág ua sumidos, qu e ressurgem .
Estas fontes são ta mbém chamadas de fontes torrenciais.
HESTRERGE - denominação dada pelos ale mães para as pequenas montanhas residuais
que surgem numa á rea peneplanada. O m esmo que hartl-i'llg ou fernling (vide mo'llacl'llock ).
RESTINGA o u FLECHA LITOHÃNEA - ilh a alongada, fah a ou língua de areia, depo-
~ itada paralelame nte ao li toral, gnu,:as ao dinamismo destrutivo e construti vo elas águas
oceâni cas. Esses d epósitos são feitos com apoio cm pontas ou cabos q ue co mu mente podem
barra r um a séri e de peC]u e nas lagoas , como acon tece no litoral, do sul da Bahia ao Hio
Grande do Sul.
O problema da or ig m clêsses de pósitos litoràneos aind a é um pouco co ntrovertido.
Há três teori as principais: 1 - as co rre ntes marinh as secundárias, 2 - influ ência do mode-
lado do fund o elo mar, se nd o a praia formada no9 limites da ação elas vagas, 3 - o efeito
d as vagas de tra ns lação, e as corre ntes de marés . D o ponto de vista geomorfológico o
litoral de restinga poss ui a pectos típi cos como: faLxas paralelas de depósi tos s-ucessivos
de areias, lagoas res ul tan tes do represame nto de an tigas baías, p eq ueninas lagoas. fom1adas
entre as diferentes flechas de areias, dunas, resultantes elo traba lh o do vento sôbre a areia
da restin ga, formação de barras ob li teran do a foz ele alg un s ri os, e tc.
Na Amazô nia ch ama-se ele rest·i'llga aos diques m arginais ou p es.tanas, que se depo-
sitam na planície do leito maior, junto ao curso d 'água. O meca nismo genéti co de tais diqu es
é o tra nsporte d e alu viões por uma co rrente fluvi al, no mom ento ele um a innndação, ou
me lhor, alagação .
RETINITO - rocha cu ja éo mposi ção qu ími ca se aproxima da obsicliana (vide) . O ret.i.nUo
ou pechstei11s é um a ro ha de coloração mui to escura e de textura vítrea .
RETOMADA DE E ROS ÃO - apa recim ento ele co ndi ções qu e p ermitem o comêço de um a
nova fas·e ele erosão. Isto se verifica quando h[t uma variação do nível ele base ou um a
mudan ça cli múti ca numa bacia hidrogdfi ca .

D!C:ION Á HIO GEOLÓG JCO-GEOMO II FOLÓG ICO 34:)


RIA (costa) - ori ginada ele uma imersão elo litoral co m a conseqüente invasão du mar
nos va les modelados pela erosão flu vial. A9 cos tas dêsse ti po são altas e os rios afogados
c ele larga em bocad ura .
A ri a é, portanto, um tipo de cos ta de sub mers-ão, carac teri zada por apresentar va les
muito largos com foz em forma ele trombeta. O nome ria foi introduzido por M. ele
Richth ofen para clesi&nar os go lfos digitados, com litora l esca rpado, co mo os da costa da
Gali zia, no noroeste d a Espanha, ( de onde se origina o têrmo) onde se instalaram im por-
tantes portos como os ele Pontevedra e Vigo. Mais tarde êste co nceito foi estendido, aclqui -
J·indo um sentido mais genéri co, isto é, todo vale afogado, !iem levar em co nta a altit ude.
Quan to aos golfos digitado9 caracteri zam-se co mo foz do tipo b·ombeta.
Outros exemplos de ri a podem ser observados na Bretanha (F rança ) e no oeste
a fri cano ( ria ele Sine - · Saloum, ele Gâmbi a e Casamance).
No litoral b rasileiro, é na costa leste elo es tado elo Pará e no noroes te do .tvlaranhão,
onde se pode identifica r certos exemplos ele ri as. Ta mbém no litoral ori ental elo Bras il
têm-se as ri as da Baía de Todos os Santos, Paragua1çu, Vitó ri a c Guanabara - estas co r-
respondem ao conceito inicial ele R ich throfen. Por êstes diferentes exemplos, conclui-se
q ue o litoral ele ri as ta nto pode ser baixo , como alto e relativa mente ac identado. Todavia
a caracterís tica m ais importante é a ele apresentar ri os co m a fo z tol;:clmente afogada, em
virtude ele transgreS'sÕes marinh as. O lei to at ual elos rios é en tão des propo rcional ú la rgum
elo vale, cujo talvegue an teri or à trangrcssiio e>lá muito abaixo elo nível das p lanícies do
leito maior elo a tu al fun ào ele vale.
"RIFT-VALLEY" ou VALE DE DESABAMENTO TECTÕNICO - aqu êle cu ja calha oc upa
pràti camente o Jund o de um gra be n . O têrmo 1"ift-v alle y foi usado por J. vV. Grcgory
para significar va les p rod uzidos por fô rças de tensão ou ele compres~ão. E ntre os vales
dêsse tipo temos, o do rio Reno e elo São Franc isco, segundo Hu i Osório ele F reita>.
"RJLL-EROSION" - p equenas incisões feitas na superfície do solo q uando a água de
escoa n• ento superfi cial passa a se concentrar e a fazer pequenos regos. A rêcle ele ra vina-
menta não é sem pre paralela, s·endo p or vêzes cru zada e anastomos<='ncla. T entam os tradu zir
ril-e rosion por ravin am.en to.
RIO - corrente lí(juicla resultante da co ncentração elo lençol rl' úgua num va le. U1n cu rso
d'água pode, em tôcla sua extensão, ser dividido em trus p artes: 1 - curso supe ri or, 2 -
curso médio, 3 - curso inferi or.
No curso superior, gcraL11 ente, h{t o ~ ra n de predomí nio do esca\·,, mento ve rtical, isto
é, a erosão intensiva elo talvegue longitudinal. É a parte do ri o mais próxima ele suas
cabeceiras, já no curso médio há um certo predomíni o elo transporte c um ace ntua do
modelado das vertentes, isto é, um rebaixamentó das encos tas . Fina lm ente no curso inf rior
há o fenômeno de aluvionamento.
A velocidad e elo ri o depende ele um a séri e ele fatôres, co mo decl ive do talveg ue,
volume d'água, estação climá tica, etc. Igualmente variável é a htrgura do ri o, dependendo
ela ~u a fàrça erosiva, da natureza elo material atravessado, etc.
O ri o pode ser definido pelo talvegue, pelas vertentes e pelos terraços. Um rio
constitui, por conseguinte, a reuni ão elo lençol d'águ a num a ca lha cujo declive co nt ínu o
permite um a hierarqui zação na rêcle hidrográfi ca. Êles poss uem várias cabeceira1; que dão
origem ao se u curso e recebem vários aflu entes . São limitados. lateralmente pelas margens,
e pelas vertentes as q uais dão a form a, ou melhor o tipo de va le. E , chega m ao mar,
ou a um lago, d esemboca ndo, às vêzes, por um longo canal, outras. vêzes a foz é· cons-
titu ída por um a série ele ilhas, sendo no primeiro caso chamado de estuário e, no segundo,
ele d elta .
Os ri os podem se ori ginar elas (lguas das chu vas, isto é, da junção de vú ri os fil t· tes,
de fontes, ela fu são de neve e geleiras, ou ainda, de emissários de lagos .
O desenvolvimento elos ri os s-e realiza segu ndo determinadas leis, as qu ais são co nh e-
cidas por leis h-idrográficas ou ainda R eg1·as ele Brisso n, muito utili zada pelos t opo l ogis t il~
c podem ser sinteti zadas elo seguinte modo:
l - "Os ri os s·ão, cm geral, sinuosos e, nas sinuosidades, a margem voltada p <tra o
lado co nvexo co manda a m argem oposta".
2 - "Quando o rio segue um a clir e~·ão sensivelmen te retilínea, o vale é, Cll l !!;na !,
apertado, profundo e estreito, e suas vertentes apresentam forte declive" .
3 - "Quando o ri o se divide em ramos sinuosos , form ando ínsuas, o va le ordi núri o,
é largo, pou co fundo e ele superfície qu ase hori zontal".

DJ C JON;\ HJO GEO LÓG JCO - GEO,\ fO HFO I .Ó(: JC"O


4 - " Qu ~n do o va le é fo rmado de vertentes da mesma altura, o rio corre, via de
regra, a igual ilistància delas quando, ao contrári o, as vertentes são de alturas diferentes,
o ri o corre mais próximo d a de maior altura".
A declividade do talvegue de um rio é muito importante, pois os ri os com um de-
clive superi or a 2%, são chamados de rios torrencia-is, e geralm ente co rrem em regiões mon-
tanhosas ou mesmo de planaltos . Enquanto os cursos d'água qu e correm nas regiões
de planícies têm fraca declividade e são geralmente navegáveis.
Aqui não vamos tratar propriamente do regime dos rios porém, desejamos deixar es-
boçadas algum as noções qu e julgamos importantes no tocan te ao escoamento flu vial, tais
como: índi.ce pluviom étr-ico, índice ele escoamento e de ficit de escoam ento .
v,,
Indice pluciométrico P :
s
\ ri>
= volume total da água ca ída S superfí ci<' ela bacia hidrog ráfi ca.
V"
tndice de e coame11to E:
s
v,, - descarga a nua l do ri o S = superfície ela bacia de alimentação.
D efiGit de escoam ento - ou coefi ciente ele escoamento D = P - E
O índi ce el e escoamento depend e da chuva, ela temperatura e do decli ve.
No toca nte aos elementos qu e formam os rios devemos co ns-i derar : as cabeceiras, o
álveo com o leito meno r e o leito maior, margens, aflu entes e s·ubaflu entes, confluênci a,
foz e seus diferentes tipos, bacias hidrográfi ca, talvegue e diviso r de águas.
Os ri os e os vários curses d'água, de menor importância, muito dependem da região
que atravessa m. Assim. o qu e se chama de rio no sul do Bras il, na Amazônia poderá
ser um simples igarapé.
RIO ALÓCTO ' 0 - diz-se dos cursos d'água q ue ao atravessa rem uma determin ada regwo,
no trec ho méd io e inferior do se u curso, não recebem a contTib ui ção de nenhlltn aflu ente.
Assim, o ri o corre greças à ali mentação recebida no curso superior, como exempl o podemos
citar o Loa, no norte do Chile. (Vide al6ctono ).
RIO CAPTURADO - aquêle qu e é subtraído, em parte, de seu curso. Nos fenôm enos ele
capturas são freqüentes as decapitações. (Vide captttra). Nos Aneles, e m ais especiah11ente
na Patagôni a, é freqüente êste fenômeno, pois 1·ios qu e outrora desaguava m no Atlânti co
tivera m s u a~ cabeceiras cortadas e desvi adas para o Pacífico.
RIO D E F OZ SUSPENSA - quêle que possui o seu nível de base aci ma do nível elo
rio principal ou oceano. O fenôm eno da exis tência clêsse tipo de ri o pode ser explicado
pelo escavamento mais rápido do vale principal que o do aflu ente; degrau de falha na
foz do ri o; ero são glaciári a; movimento negativo do mar, etc.
Usa-se, indiferentemente as expressões vale suspenso ou rio de fo z suspensa. Estes
vales podem ser classificados segundo a sua gênese, do seguinte modo: vales suspensos de
glaâaçüo, vales suspe nsos costeiros, vales Sttspensos de rios tributários e vales suspensos
de falha..
lUO DECAPITADO - curso d' água que teve capturadas as suas fontcy ou mes mo o a lto
curso (vide rio capturado ).
RIO EFÊMERO - o mesmo q ue rio temporário (vide ) .
RIO Ei\USSÃRIO - ele um lago, isto é, ri o q ue têm sua ori ge m em um lago .
RIO INTERMITENTE - vide rio temporário, qne corre durante a época elas chuvas.
Como exemplo citaríamos os rios da zona do sertão nordestino. Ês tcs rios, segu ndo o
linguajar dos caboclos "cortam" na época ela sêca.
IUO PERE E - cursos d'água cujo leito m enor (vide) es tá sempre transportando o cle-
flúvio d a bacia contribuinte.
RIO PRii\UTIVO - vide conseq-üente (rio) .

Ol C IONAniO GEO LÓC I CO -CEOMOHFOLÓC IC O 345


RIO SUBTERRÂNEO - di z-se do curso d 'água que corre em parte do seu percurso en-
coberto. Aliás, ês te tipo de ri o só pode existir em áreas onde afl oram ro c ha ~ solú veis,
como: calcário, g ipso, etc.
IUO SUMIDO - oco rre quando há um a "perda ' ' em rocha calcária. (Vide J;a le sêco ).

RIO TEMPORÁRIO - diz-se do curso d 'água cujo regime não é p ermanen te. No caso
dos rins que atravessa m a zona do sertão nordestino, o leito elos mesmos fica sêco na
época da es tiagem. Por ocasião da ~ chuvas, as águas se avolumam com grande rapidez
no leito elo rio, adquirindo grande correnteza, tendo mesmo características torrenciais,
provocan do inundações. Regionalmente, o caboclo elo interior da caatinga costuma de-
nomin ar êstes rios temporári os, ele 1·ios qu e co rtam, is to é, deixam ele existir peri àclicamente,
embora , haja água no subálveo .
Rio temporá ri o é sinônimo ele 1'in efêm ero, no entanto o ~ hiclrologis tas cos tu mam
di stinguir um a ou tra categori a de tipo de curso d' água, q ue chamam ele ·i ntermitente. Nes te
caso os rios do interior nordestino seriam intermitentes, reservando-se a denominação ele
tempor:u·ios, para aquêles cujo cleflú vio é úni ca mente das ág u a~ superficiais, e subsuper-
fi ciais.
IUOLITO on LIPARITO - rocha efusiva correspondente ao magma granítico, tendo,
porém, textura p orfirítica ou felsítica. Os ri oli tos anteriores- it era T erciári a são chamados
t ambém de pórf"i.ros qum"tz-íferos.
Os riolitos mais an ti gos são geralmente ele coloração ros a e contêm p alhêtas macros-
cópicas ele ferro oligisto . Os riolitos recentes têm geralmente a coloração cinzenta, branca
e às vêzes preta
À famí.li a dos riolitos pertencem, geralmente, os- pomitos, retini.tos, ceratófi.1'0s, obsi-
dianas, perlitos, etc.

"RIPPLE MARKS" - ondulações v!Slveis qu e aparecem nas camadas sedimentares, ong t-


naclas pela ondulação elas vagas ou pelas águas correntes. Os ripples m.a.rks fósseis são
VJSlveis mais fà cilmente quando produzidos em certos tipos ele rochas, como nos calcários
ele depósitos ele f undo9 rasos.
ROCHA - conjunto ele minerais, ou apenas um min eral consolidado. O es tudo elas rochas
interessa aos geó logos e aos geógrafo s. Enquanto, porém, os prim eiros estudam -nas em s·i
mesmas analis·ando -lh es a co mposição quími ca, o sistema ele cristalização, a textura e es-
trutura, os seg undos es tudam-nas, principalm ente, tendo em vista a maneira como reagem
aos vários tipos ele erosão.
A9 rochas q ue afloram na superfí cie elo globo terrestre não apresentam sempre o mes mo
nspecto. As suas diferenciações es tão ligadas a um a série ele fatôres tais co mo: origem,
composição qu ímica, estrutura, tex tura, tipo ele clima, declive, cobertura vegetal, tempo
geológico, etc. Todos êstes fat ôres inter vêm em grau maior ou menor nas diferenciações
q ue as rochas superficiais possam apresentar.
As class ificações mais- diversas são datadas pelos geólogo; mineralogistas , geógrafo s e
engenheiros. Cada especialista p rocura usar certo número ele critéri os ele modo a satis-
fazer suas necessidades . As classificações mais co muns são as b a9ea das na o1'igem , na
compo.1ição qttímica, na t el:ttua. e na estrutura .
Quanto à ori.gem. podem ser class·ificadas em três grupos: 1 - eTuptivas, 2 - sedimen-
ta.ms, 3 - m etamórficas; quanto à composiçüo química. elas rochas . o assunto é muito com-
plexo. A escola ameri cana é a partidária m ais entusiasta dessa classificação . Se tomarmos
por exemplo, como ponto de partida a acidez ela rocha, isto é, a porcentagem ela sílica,
elas podem ser classificadas em: 1 - ácidas, 2 - básicas, 3 - n eutras, 4 - u ltrabâsicas;
q uanto ao estado ele cri stalização da estrutum cristal-ina podem ser cli vicli clas em: 1 - halo-
cristali na, 2 - h oloiaUna., .'3 - criptoc1'istalina, 4 - hipocristalina e quanto à text u·ra. em:
1 - grmwla-r, 2 - p01'firóide (m icrolítica e microgranul ar ), 3 - J;Í trea.
A composição qu ímica elas rochas sãs refl ete, d e modo geral, fie lment e as va ri açõe~ das
com posições min eralógicas, forn ecendo, como já vimos, as bases, de uma classificação de
rochas. Exige, porém, longas e custosas análises e representa de modo mais exato a
{;Omposição mineralógica e a natureza elo magma original. Esta é a única que pode s·er
aplicada para as ro chas vítreas, isto é, qu e não possuem min erais cri stalizados - obsicliana
.e vidro.

346 D!CIONÁHJO CEOLÓCICO-C EOMOHFOLÓCICO


Para os engenheiro s cons trutores de es tradas, a classificação dos materi ais de escavação
constitui um s·ério problema. Não existe uma classificação que sa tisfaça inteiramente e
que tenh a aplicação a tôdas as regiões. Geralm ente êles classifica m as rochas nas seguintes
c·a tegorias: rocha bra nda, ·rocha. semibranda, e rocha dura. Em cetros casos especifi-
ca m mais ainda, classificand o-as em: m cha duríssima e rocha lamelar . Em geologia, ou
em geomorfologia, es ta classifi cação das rochas feita pe los e n ge nh e iro~ não tem nenhum
valor científi co. O qu e rea lmente interessa é a gênes·e, a co mposição quími ca, a textura,
e a estrutura.
Por co nseguinte rocha em geologia é todo materi al que com põe a cros ta terrestre ( ex-
cluindo a água e o gelo ) qu e se estende por áreas com ex tensões di versas, apresentando
todavia os mes mos C<\racteres . Uma rocha pode s·er forma da de um agrupam ento de mi-
nerais ou por um úni co min era l. E in versa mente um min eral pode entrar na co nstitui ção
de rochas muitu diferentes .
Atualmente, ele ines tim ável valor pa ra os geólogos e geomorfólogos é a utilização d e
fo tografias aéreas para se identifi car os diferentes tip o~ de rochas que aparecem na super-
fí cie do globo. Exige êste estudo o emprêgo d e ap arelhos simples qu e auxiliam o inter-
pretador a distin guir as di versas tonalidades de coloração cinza q ue aparecem nos p ares
estereoscópicos de fotografi as em prêto e branco. Não só a coloração, ma ~ todos os detalhes
geomorfológicos têm que ser analisados para se chegar a determinar o tipo de rocha. Tam-
b ém as próprias tonalid ad es de colora ção da vegetação podem fornecer indícios para a
existência d e uma mud ança no tipo de solo e, possivelmente, no tipo de rochas.
Empregando-se fotografi as colorid as, o reconhecimento do tipo de rocha será m ais
simples . Todavia êstes estudos interpretativos da natureza e do tipo de rochas só têm valor
<]U ando se fazem excursões de con trôle, isto é, alguns itinerários cortando os principais
a floramentos e a lguns contactos mais duvidosos. T em-se a~im, um mapa geológico de
uma região feito com grande economia de tempo e ele dinheiro.
ROCHA BIOGÊNICA - o mes mo qu e racha sedi.mentar de origem orgânica, co mo ca rvão
min eral, recifes d e corais, etc. As rochas desta categoria sempre mos tram na sua estrutura
vestí gio dos organismos qu e d eram origem ao corpo da rocha .
HOCHA CA TACLÃSTICA - vide cataclase.

ROCHA DE FILÃO - aCJu ela cuj a co nsolidação se processou em fendas ex istentes na crosta
t erres tre. É tamb ém chamada ele m cha. int·r11.siva.
HOCHA DO EMBASAMENTO - aq uela qu e faz parte elo escudo, ou elo embasa mento,
como é o caso d e certos gnaisses, granitos, qu artzitos, etc.
HOCHA ENCAHNEIHADA - aq uela cuja superfície se acha es-triada e na qua l aparecem
pequ enas forma s arredondadas assim étricas, produzidas pelas geleiras.
HOCHA ERUPTIVA - vide eru.pti oa ( rocha ).
ROCHA ESTRATIFICADA - de nom inação cheia <ts rochas sedim entares (vide sedim entar
rocha) .
Cada material depositado corresponde a um a rocha sedim entar:
D ep ó.~ito Rocha sedim entar
Argila Argilito
Areia Arenito
Seixos Co nglom erado
HOCI-IA FHESCA - o mes mo qu e rocha sã (vide ) .
ROCHA ÍGNEA - vide e·rupt'iva ( rocha )
ROCHA MAGMÁTICA - vide eruptiva ( rocha).
ROCHA MATRIZ ou ROCHA "SÃ" - é aquela em qu e os elementos oliginais ou primi-
ti vos não sofrera m transformações mot iV<lclas pela meteor ização. Nos climas intertropicms
úmidos as rochas são mais fàcilmente atacadas, qu e nos climas secos ou semi-áriclos onde
a meteorização não tem o mes mo poder p ara modificá- l a~.
ROCHA METAMóRFICA - vide m etamó1jica ( rocha ).

DICIO NÁ RIO C'EOLÓ C: I CO-GEOlllOHFOL ÓG !CO 347


HOC II A MJSTA - segu ndo a le;u rh a utorc' o m<•,mo ' i"<' rocha lll l'tOIII(Írfica ( ,ide). .\
denomi nação d e rocha mista advém do fillo d '•la pos> uir propri edad e das rochas crnpti\ "'
c ta mbé m das sedimentares-. Como as primeiras são cristalinas c· como as últimas sao <·o-
rnum entP es tra tifi cadas , isto l.·, di spos tas cm camad as.
1\0CHA PALINGEKÉTICA - trat a-so de roc ha s pr cxi!. tentl'S qu e so freram refu sõc:y ~ ra~· a ..
ao fenóme no de anat exe ( vidl'), f om1anclo um n óvo ma gma , cuja co nsolida ão dú a rocha
palin gênica ( Palingênese - wm do gr go <' palin s ig nifi ca novam en te) .
ROCHA PER lLíCICA - antónimo d e roeh a básica ( id e) ou subsil íe iea.
ROCHA PRlí\fÃRIA - de nominação d ada às roch as ígn eas, lend o cm ' Ha sua ori~crn
que é- devid a <1 co nsoli d a ção , 011 à cri stnHzação do magma. Também pode se usa r, do
pcml o de vista da geologia hi stórica, es ta dcnominac;iio quando nos rdcrimos às rocha,
a nti gas da e ra Pri m(rri a ou Palec,;;ríica ( 'ide ) .
ROCHA SECUNDARIA - denominação d a d a its roc has sedim entares· c m c tam ó rfi c~h.
tendo c n1 vista qu elas se originam d a transforma ção d t> roc has pr(-c;-. islcn tcs. Tambl.:m
pode se usar elo ponto de 'ista da geo log ia hi stórica es ta d enom in ação quando nos rcl< ·-
rimos :'rs rochas ela e ra 'ccnndária ou ·" eso::ríica ( "iclt' ) .
HOCIIA EDl)..JENTAR - 'ide sedim entar ( rocha ) .
HOCHA VIVA - o m es mo qu e roc/w nwtri;:; (vici e) ou rocha sü.
HOCTTA \' LCÃN I CA - o rm•smo qu e rocha eruptira de derram e, ou extrusiw ( Fig
n." 1.'51\ ) - con~ titui o opos to elas rochas plutónicas ou tam btm deno111inadns abissais ( 'ide ).

Fi~. n. 0 15H - Pico cu lminante do ll·rritúrio federal de Fe rnando de i\'"oronha , com 32 .1. m de alt itmlt·.
~~~ te ar<íuÍpéla g:o ~ de natureza vukiànica. O pico focalizado acima é uma ag ulha fonolítica dia<:lasada.
Xo primeiro plano vt--sc a praia ela Concci(;iio.
(Foto L úcio <k Ca; tro Soares do c:-; c )
HUBEFACÃO - op eração m etasso má tica p e la yua l o óx id o el e ferro, co ntido nas roch as ,
,-c m à p~riferia, formando ass im uma p elí cula , cuja esp essura é vari áve l e m fun ção do
microclima e das condições laçais. A rube fação na superfíci e el e um a rocha, ou num d e pó-
s ito ele sedim entos, ocasiona o a parecim ento im ediato da co loração alaran jada ou aver-
m elha da , segundo o· tempo ele exposi ção e a quantidad e el e óx id o d e ferro con tido na
roc ha.

R UBI - mineral co nstituído p elo óxido d e alumíni o juntamen te com óx ido crómico, te ndo
<1coloração averme lh ada. O rubi é uma varie dad e ele cor·índon de c o l ora ~ã o averm e lhada ,
usado gera lm ente p elos joalh e iros (vide alumhw ).

HUDÃCEA - tipo ele tex tura das mchas elásti cas, co mo os co ng lom e rados e brech as . t:ste
tipo d e rochas constitu i a ca tegoria dos ntcUtos (v id e).
HUDITO - d enominação u sa da p elo geólogo Grabau para as rochas elást icas qu e têm
tex tura do tipo 1"ttdácea, co mo os co nglom erados e br ech ,1s
HUGA - o mesmo que dobra (v id e) .
RUGA OHOGENÉTICA - o u simples me nte ntga (v ide) .
RUI VA - vide agu.lh as.
"RU N-OFF" têrrn o ing lr' s significa ndo o mes mo 'Jll l' IÍg u a de escnarn cnt o SUJ!erfi cial
( ,·icl e ) .

HUPTURA DE DECLIVE - falta d e cont inuida de d e um aclive numa e ncos ta d e Yal e


o u d e monta nh a, produ zida po r influên c ia estrutural , tectóni ca, erosiva , e tc.
As rupturas d e d ec li ves têm grande importância p ara o geomo rfólogo e, por vêzcs,
fo rn ecem dado s el e ca pita l importà ncia prlra a reconstitui ção elos ciclos de erosão p <ua a
com pree nsão ela estrutura ela região , o u mes mo elo jógo da c roso difere ncial.
RUTILO - óxido d e tit::\nio, cujo símbo lo quím ico é T i02 , e ncontra-se freqli enteme ntc
nas roc has m etam órfi cas , g ranitos, dioritos, alguns ca lcári os metamorfi zaclos, e tc . O rutilo
é um elos mine rais m a is constanles entre os s·a télites el e di a mantes, se ndo p or isto co nsi-
d erado como b om indi cador ela ex ist ência el e dia ma ntes . O s garimpe iros d enom inam d e
ag ulh11s aos fragm e ntos d e rutilo el e fo rm a acicular qu e aparecem na s fonnaç6es.

D IC IO:-.i .\mo CEOLÓC ICO - CEOM.OH I'OL ÓC ICO 349


SABAO (pedra) - ,·ide pedra ·ctlHío ( Fig. n. 0 4P).
SACADO - corte natural feito por um ri o, torn ando mais retil íni o o seu curso. Os s·acados
; iio muitos co muns no, rios com meand ros di gavantes ou li vres .
SACARóiDE - tcxtma granubr das rochas, que se as·se melh a ao açúca r cri sta li zado. Esta
denom inação é u ~ada, geralm ente, para os arenitos, cal cá rios, m:mnores, etc.
SAFIRA - mine ra l composto pe lo óx ido ele aluniÍnio e os óx id os de tit,\nio e ferro . .\luito
II S[ldo co mo pedra preciosa nas joalh eri as. As safiras podem sN de cô r branca ou azuL
Denom in a-s<· cmn ercialmente a ,;afira dl' côr az ul segundo domin e a totalid ade esc ura ou
c lara de safira mac/10 e safira femea.
A sa fira , po r co nsei-"uint e. nada mai s i· elo q ue um a ,·ari edaclc de co ríndo n de colo raçiío
gl' ralm enl e a'lu lada.

Fi ~ . 11. 0 1S - Sa linas de Cahu Frio.


t F'otn E"o Hra ... ik ira dl' Petról eo)
SAIBRO ou ARENA
ma terial devido à decom-
posição in sittt do granito
ou do gnaisse, com a p ar-
t ida dos silica tos alLunino-
sos hidratados ( ar gila) qu e
são levados pelas águas do
lençol de escoamento Sll-
perfi cial. E ssas arena~ são
geralm ente de g rã grossa
p or causa da falta de tran s-
p orte. Nos exames morfos-
cópicos e na natureza do
dejJósito, verifica-se que:
1 ) os grãos de qu artzo s:io
todos n ão trab alh ados ( ca-
tegoria dos 110n usés -
NU de A. C ailleux) por
causa da decomposição in
situ, pràticamente sem
transp orte; 2 ) mi sturado
co m a sílica ain da resta um
p ouco de ~ilica to a lu mi-
noso n ão hidratado - n~
feldsp atos - por én1 , desa-
gregados. O saibro pode
provir do granito ou de
um gnaisse. É m uito co-
mum ap arecer nos terrenos
de socle ( pPdestal ou cm-
basamento ) brasileiro sen-
do usado n a argamas·sa
para as constru ções.

SAL DE COZINHA - sal


m arinho ou simplesm en te
sal - cloreto de sódio, ele-
mento mineral, indis-pensá-
ve l à vida hum ana, ao gado
e também a um a séri e de
indústrias. (F ig. ns. 1S e
Fig . n . 0 2S - ~ n o litoral do Ri o Grand e do Norte, onde se e n -
2S ). co ntra o noss o ma ior pa rq ue sa lin c iro. Na fo to ac im a d<~ mus tt n l
aspecto parc ial d as sali nas d e l"vla. ca u.
O Brasil até o ano de
(F oto E-; so Ti ras ileira di.:- l'e tróleo)
1925 era um país im porta-
dor de sal, principalmen te
da E spanha. Na atu alid acle, há auto -suficiencia, exis ti ndo, no entanto, o pro blema do
transporte.
E stá se desenvolvendo no Brasil a cam panl1a do sal iodetado, no comba te ao bócio
e tamb ém do sal cloroquínado, no co mba te à m alári a residua l. D eve-se a ind a lembra r as
vantagens do emprêgo do sal iodetado na alimentação do ga do. In úm eras expe ri ências
nestes últim os anos demonstraram a impo rtância do iodo na alimen tação dos an ima is.
domés ti cos.
A indústria salineira pode ser esq uematizada através das segui ntes etapas : a) colheita
d a águ a do m ar, b) co nce ntração das águas, c) cristalizaçiio, d ) retira da do &a i, c) be-
nefi ciam ento.
O principal processo de extração do sal marinho usado nos parq ues sa lineiros da cos ta
do Brasil é o da obtenção do p roduto graças à evaporação ao so l c ao ve nto . A ativ idade
salineira da exh·ação do p rodu to fica res·trita à es tação sêca .
Na extração do sal deve-se tamb ém assinalar a ex istencia de um processo mai Y moderno
para a deca ntação do sa l, q ue é o da vapori za ·ão em rcto rtas.

DICJON .\ HIQ GEOL ÓGICO-CEOMOHFOLÓC ICO 351


No p arque salineiro de Cabo Frio, no litoral flumin ense está locali zada a usin a pioneira
d ês te processo, no Bras·il.
As p ais·agens sali neiras tanto do Nordeste, quanto do estado do Rio, no dizer do Pro-
fessor José Veríssimo, são expressas por certas analogias, como: vento intenso, ( alís·ios)
aridez mais ou menos pronunciada ; vegetação rasteira, psamófila, mesdada de cactáceas
e bromeliáceas; série de dun as paralelas m·lando as praias e constituindo as iminências, re-
vestidas de mato ralo, que barram, às vêzes, a brancnra . típica do quadro geográfico.
Êstes aspectos da paisagem fís·ica são completados pelas instalações técnicas das salinas,
para a evapora ção da água do m ar visando à cristali zação do sal. Como elementos ess-enciais
da paisagem salineira têm -se: os trabalhadores, os moinhos de vento, o tabuleiro quadriculado
dos "cristali zado res", entremeados pelas "eiras" alvacentas qu e jazem es parsas "chorando"
ao relento. .
No toca nte à preparação elo sal, por mu ito tempo houve um ambiente ele suspeiÇao
em tôrno do sal nacional, em virtude da putrefa ção da carn e s·algada, quando preparada
com o sal recentemente colhido. Todavia, a explicação, conforme Dioclécio D. Duarte,
estava no fato de que o sal ve·r de, além ele conter menor teor de cloreto de sódio, d evido
à água de interp osição e cristalização, está saturado com os sais deliquescentes de cloreto
de sódio e sulfato de magnésio.
Mas, o ~ verd adeiros responsáveis pela putrefação da carn e preparada com o sal verde
é· a fauna e flora m icroscópica, onde se des taca o Chloclist1'iu:m flab elUforme e a Sarima
rosea.
O sal curado é indispensável à indústria de carn es, laticínios e derivados. Devido à
fa lta d e estoque, mes mo o sal verde, isto é, recentemente colhido, é exportado.
As trê9 maiores úreas sali neiras do país, estão localizadas no litoral dos es tados elo
Rio Grande do Norte - Areia Branca, Macau , a mais importan te; Rio de Janeiro - no
trecho entre Araru ama e Cabo F rio e no Ceará .
No Rio Grande do Norte, Macau é o centro da s maiores salinas, que se estendem
nas du as margens elos rios Amargozinho Açu e dos Cavalos. A salina Conde é a mais
importan te do Brasil.
Dioclécio D. Duarte, ao tratrtr do prtrque salineiro do H.io Grande elo Norte, assim se
expressou: "Para a indústria do sal, nenhuma região do planêta rtpresen ta melhores con-
dições : temperatura elevada, ventos• constantes, amplitude normal das marés, ausência quase
absolu trt d e chuvas durante seis mese9 no ano, ausência ainda de vertentes de água doce
nas encostas dos vales ( A indústria extmti üa do sal e a sua importância na eco nom·ia do
Brasil, pú g. 67).
Para am parar e orientar tôcla a produção salineira elo Brasil, foi criado pelo govêrno
em 1940 o Instituto Nacional do Sal.
o~ portos d e Camocim , Aracati, Areia Bmnca e ivl acau , locali zados no litoral nor-
desti no, são os p ri ncipais exportadores do sal.
Tratando-se da produção salineira, deve-se fazer referência aos "barreiras", isto é,
depósitos ela sal-gema (verde) existentes no vale do São Francisco, cuja importância remonta
<>.os primeiros ano ~ da coloni zação. Süo co nhecidos d epósitos profu ndos de sal-gema nos
es tados de Sergipe, Alagoas c Amazonas.
A produção ela~ salinas naturais do vale elo São F rancisco tinha certo vulto e satisfazia
às necessidades elos sertões. Hoje, a extração do sal elos "barreiras" é uma atividade quase
que desaparecida, não resisti ndo à concorrência ela ex tração do sal reali zada na zona do
litoral, esp ecialmente, no Rio Grande do Norte.
A produção salineira elo Bras·il, embora tenha sofrido um senslvel aumento, todavia,
o sup ri mento de sal para o nso doméstico e para as indústrias no su l e sud este elo país
se faz com certa dificuldade.
Êste fato está ligado ao bai xo preço elo produto e ,\ localização dos principais centros
produtores ela ma téria-prima, em relação à posição elos mercados consumidores. A defi-
âência elos transpo1tes co nst-itui, por co11Segu:inte, impmtante óbice no supri-mento de sal
aos ce ntTos consumido-res.

352 DICIONÁRIO GEOLÓG JCO - GEOi\lOHFOLÓGICO


SAL DE TERRA - denominação dada pe los caboclos para as eflorescências salin as, ond e
o gado passa alg um tempo lambendo o sal (vide barreiro).

"SALÃO" - denominação dada no nordes te do Brasil aos so los sa linos, tendo efl oresçencias
de sa i na superfície. i
I

SALÃO SUBTERRANEO - I
denomin açóio usada por alguns autores co mo s·inônim o de
gru.tas ( vide).

SAL-GEMA - sa l ele cozinha, sal comu m, halita ou &implesmente sal - clol-e to ele sódio
encontradéJ no subw lo. A acumu lação do sal-gema se reali zo u pela cvapOr<\ção da água
dos mares nas épocas ~a históri a fís ica da terra. Na Alemanha se re a !iza r arr~ os melhores
estudos teóri cos e práticos sôbre o sal-gema, na jazida de Stassfurt. ;
O sal-gema também se enco ntra em efl orescência nos cli mas semi-áridos e desérticos
Foram descobertas cspfssas camadas de sal-gema a grande profundi dade, em Sergipe,
lagoas e Amazôni a.
Podemos di zer qu e o sal-gema é um sal fóssi.l no sentido de sua antiguidade.

SALITRE - nitrato de potássio ou ele sódio . O co nhecido salitre do Chile, mu ito usado
na agri cultura, é do ti po sódico. Nas grutas calcá rias aparece, algumas vêzes, a forma ção
de nitrato de cá lcio.

SALMOURÃO - solo argiloso com a lto teor de areia grossa. Êste nom e popular no Centro-Su l
do Pa ís. pa rece provir das encostas lavadas apresenta ndo-se como q ue cobertas de sal grosso,
pois as argilas são caiTcgadas pelas águas e a areia grossa sobressai na superfície. Sáo geral-
mente ori ginados ele granitos em cli ma Úmido: o Feldspato é decompos to em argila, enquanttJ
o q uartzo só sofre alguma fragmentação "in situ.".

SALSA ou VULCÃO D E LAMA - peq uenos montículos comcos, de onde con e lama
sa lgada. carregada de gás, es pecialmente a nafta e carb uretos. ele hidrogênio - terrenos
ardente> elo Caúcaso, Sicíli a e na península itá lica .

SALTO - denominação genéri ca dada a todos os tipos de desnivelamento ou degraus en-


con trados no perfil longitudinal de um rio, ex. : cascata, catarata, catadupa, qu eda d'água,
cachoeira, co rredeira, etc. Ao geomorfólogo o que mais interessa náo é propriamente o
têrm o usado na descri ção, mas sim a explicação da razão ele ser da existência de seme-
lha ntes degraus ou simples desnivelamentos. Algu ns autores defin em os saltos como sendo
apenas uma q ueda súbita elas águas ele um ri o, como que havendo um a separação das
partes : superior ela inferi or.
As corredeiras e cascatas são formadas por fracos des-nivelamentos em relação às cata-
ratas, cachoeiras e quedas cl' água.

SAMBAQUI - acúm ulo ele moluscos ma rinhos, flu viais ou terres tre, feito pelo!i índios
( Figs . ns . 3S c 4S ). 1 esse jazigo de conchas se encontram , correntemente, ossos hum a-
nos, objelos lí ticos e peças de cerâmica .
Os sa mbaquis são rn onmnentos arqueológicos e não pe·1tencem ao campo ela geo-
logia ou da geonw rfologia. Até o presen te tem havido grande co nfusão entre sambaqui
de mige·m artificial, q ue co rres ponde ao Kjoekkenm oeclcling clinamarquê!i e os de origem
ltalural e m·ista.
Os chamados sambaquis ele ori gem natu ra l, melhor designados co11cheiros, são
depósitos realizados pelos agentes geológicos, cons tituindo o que denominamos em geomor-
folo gia de terraço. Qul:lnto à teoria mista, esta afir:rna que os sambaquis podem ser
tanto de ori gem natural como artificial, o que constitui grande esperança para a so-
lução ela q uestão. Porém, a realidade dos fatos observados demon9tra que o sambaqui
corresponde a um depós ito artificial de conchas deixadas pelos indígenas, nada tendo a
ver com os chamados concheiros, q ue cons tituem terraços.

DlCIONÁIUO GEOLÓGJCO -Ç E OMOHFOLÓG ICO 353


Fig-. n. 0 3S - L e itos estratificados hori zonta1mentc d e conchas c are ia
nas marge ns d a la goa do Im a nLÍ, cons tituindo um te rraço sob o sambaqui
do ]>errichil. Observa-se claramente a exis tência d e uma es trutura h o-
ri zontal na qual se ve rifica a aHernància de le itos d e areia com le itos
de conchas. Aspecto inte iramente dife rente dos sambaquis.
(Foto do a utor)

Fig. n. 0 4S - Esquele to hmuan o enterrado a 12 metros de l>rofundidadc,


no monte d e conchas eLo sambaqui da Cabeçud a, ou seja 10 metros acima
do nível do mar. O esque le to se achava envolv ido por um depósito de areia .
(Foto do au tor )

:0~ sambaquís representam testemunhos pré-históricos dos. nossos antepassados não po-
rl endo ser confundido co tn os t-erraços, testemunho de origem geológica e de grande sign i-
fi çação ge~m~qológi ca.
No qi.tadro ·''sumário que segue procuramos dar as ptincipais características que di s-
tingu em os terra ço~ elos sambaquis.

354 DJCIONÁIUO GEOLÓGJCO-CEOMOR FOLÓG I CO


TERRAÇOS (Concheiros de origem natural) SAM BAQ UI (Kjo ~ kke.n1I'.oedcli ng)
------·----------------------· ----
1 - Est rat,ific.ação em camadas hori zontais ou entrccm zJdas 1 - Xão há es l ra tif i caçã~ hori zoptal; a disposiç<1.o do I fl.>t tc r i ~ l
é f0iLa egundo i ncli na.çõ ~ s do monte nas épocas elas
di vers!ls cstaçõJs.
2 - Leitos de areia rtcui to fi n~t alte rn ando com leitos ele conc has 2 -- "\'iío há alterntt!l.cia de camadas de nr-"ia c c onc h a~ . As
inteiras ou partidaR, por ém, a quant idade ele areia é g r~nclc carapaça ele molusco· estão dispost:-:s de qu alquer n'.r:-
c a porcentagem ele conc has é pequena. ne ira, jun tamen te com res tos ele co zi n h ~ .
3 - O material pode ser constituído apenas ele a reia e .·e i xo~ nu:- 3 -- É constitu ído essencialmen te de moluscos : m· trinhos, l l'r-
rinbos ou fluvi a i.. rcstrcs ou de água salobra.
4 - Ausência de ossadas humanas. Oco rrência esporádica. 4 - Re tos humanos, algu mas vêzes verdadei ros cc nci! éri o..
5 Ausência de cinzas, car vão ou restos de cozinha. Ocorrência 5 - Presença ele cinzas, carvão vegetal, espi nhas ele pcix .•s,
esporádica. cabeç9s de bagre, ossos de baleia, etc. Chr ga m a formar
verdadeiros conglomerados ar tificiais ele cô1· cinzPn ta ou
escura.
6 Ausência de indúst ria lí tica . Ocorrência espunídi ea . 6 - Presença de gr<t:ude quantidade ele ma terial lí t.ico: n•.achado ,
raspadeiras, apon tadores de flechas etc.
7 Existênci a de sr ixos cm. cN tos r\epósitos.
7 - E xistênc ia ele pequenos blocos, fragmen tos ele pedra (gcnd-
mente rocla básica - dia básio, etc.) não tra balhadas
pelas águas. Aparecimento esporádico de seixos. A po-
sição c o m~tte ri al cm redor provam que êles foram aban-
D o pont o de vista mo rfolégi co podem ter a forma · longacla donados pl' IO homem p ré-histórico sôbre o jazigo.
elo depósito sedimentar. As diversas va ri açõ~s c ~: istc n­
8 - Os sambaquis têm gera lmente a form.a ele pequenos monte ·.
tes entre o nível elas terras c das águas leva ao a pare- O seu valor é apenas elo pon to de visla a rqueológico.
cimento ele ni vei3 diversos de te rraços, tendo v,dor do
ponto ele vista geomo rfológico.
9 - Estão localizados em qualquer t recho elo li toral, tendo estado
imersos ou anfíbi os c hoje en'.c rsos a di ferentes alturas aci- 9 .-\ sua orig~ m só se pode ter efetuad.o cm zonas emersas,
ma do nível do ma r. onde os indígenas se agrupavam pa ra comer os moluscos.
Escolhera m de preferência os pont os e lugares bem pro-
Sua formação foi reali zada ou ao nível do mur uu s ub- tPgiclos.
mersa. K o caso rlu vial êlcs são de vidos ou a va ri açõ ~:
c
do nível de ba . ou a va ri ações cli máticas.
SANIDINA - variedade de álcali-feldspa to transparente, de brilho ví treo, encontrando-se
geralm ente nas rochas emptivas recentes.
SAPROPEL - vasa depositada com restos orgânicos, derivados de plantas e a nim ais, na
beira de lagos, e9tuários e na borda do mar. Por efeito de transformação diagenética o
sapropel p assa a sapropeUto.
A acumulação de vegetai9 microscópicos e de restos de an imais, juntamente com seus
excrementos, form a a matéria-prima das rochas b etuminosas.
SAPROPELITO - vide sapropel.
SARÇA ARDENTE - o mes-mo que vulcões de lama, terrenos ardentes ou salsas (vide ) .
SATÉLITES DO DIAMANTE - constituem os elementos anunciadores das forma ções
diamantíferas. Estas foram muito es tudadas por Hussak e H enri Gorceix e a êste último
se deve a expressão satél·ites do diamante. 0 3 garimpeiros são muito práticos no reco-
nhecimento dêsses elementos que acompanh am o diamante. Todavia, é preciso acrescentar·
que a presença dêste satélite não signific a em absoluto a existência do mineral típi co.
Os garimpeiros denominam, com nomes muito expressivos, o ~ minerais qu e acompanham
o diamante como: agulha, bagageim s, cativos, cativos de ferro, chifre de boi, esmeTil, favas ,
feiião prêto, og6, ôvo de pombo, etc.
Por consegui nte, satélites do diamante são os minerais qu e acompanham fr eqüentc-
mente o diamante nos depósitos secundários . Segundo E. Hussak pode-se contar êstes
satélites em número de 56.
SAUSSURITIZAÇÃO - transformação dos feldspato!l plagioclásios, alterados em zoisita,
epidoto, albita, actnita e granada. A saussuritização é comum no9 plagioclásios, sobretudo
nos gabros. Os feldspatos embora resistentes e com aspecto compacto, sem clivagem nem
macia têm uma coloração clara ou esverdeada, porém, sem brilho.
SCHISTO - grafia a dotada por alguns geólogos ( vide ~·is to ) .

SCHORRE - superfície vasosa que aparece numa altura superior à slikke e qu e raras
vêzes é recoberta p elas águas salgada9 ou salobras. O schone é separado ua slikke por
uma microfalésia. (Vide vasa).
SEBKHA ·- denominação dada no Saara ( lingu jar árabe ocidental ) ao fundo ele depressões·
fechadas. Trata-se de região de evaporação, sempre s·algada e nua.
SECUNDÁRIA (era) - o mesmo que Mesozóica (vide ).
SEDIMENTAÇÃO - processo pelo qual se verifica a deposição dos sedimentos ou de
substâncias que poderão vir a ser mineralizadas. Os depósitos sedim entare9 são resultantes
da desagregação ou mesmo da decomposição das rochas primitivas . Êsses depós·itos po-
dem ser de origem fluvial, marinha, glaciária, eólio, lacus·tre, vulcânica, etc.
Os estudos ütológicos estão em grande progresso, constituindo a "Sedimentalogia" , para
alguns geólogos, uma ciência autônoma. Já em 1949 s·e reali zou, na região de Charente
Maritime (França), um congresso exclusivamente dedicado às questões de sedim entação e
Quaternário.
O Prof. A. Cailleux do L aboratório de Geomorfologia da Escola Prática de Altos
Estudos de Paris desenvolveu um nôvo método morfológico· para o estudo dos grãos de
areia e dos seixos. Os estudos morfoscópicos e granulométricos :>ão ele grande importância
para a sedimentalogia. Usando êstes cloi9 métodos A. Cailleux consegue distinguir
a origem fluvial, marinha e eólia dos grãos de areia, ou mesmo quando há vários agentes
sucessivos de transporte. Essas técnicas s·ão importantíssimas, especialmente na região lito-
rânea para a distinção dos terraços fluviais e marinhos.
Os diferentes tipos de materiais uma vez depositados dão início à sedimentação, que
pelos efeitos diagenéticos pode d ar origem a uma rocha coerente, como Oi'i arenitos, ar-
coses, conglomerados, brechas, etc.
Distinguem-se dois tipos de coberturas sedimentares: transgressiva e regressi:oa. No
primeiro caso quando os estratos mais novos ao se acumularem numa bacia, cobrem total-

356 DICIONÁlUO GEOLÓC I CO- CEOMOHFOLÓG ICO


mente os mais antigo!i; no segund o, nas bordas da bacia de sedi me ntação qua ndo a fl oram
camadas mais velhas, fi cando as novas mais no centro (Fig. n. 0 5S).
A sedimentação representa o têrmo final da ab lação e do transporte ele fragm entos
r1ue depositados, constitu em as rochas sedim entares. Es tas, por sua vez, quando eda.fi zadas
se transformam em solos (solos alóctones ) . A sedimentação representa por conseguinte um
predomínio ela fôrça ele gravidade sôbre a fôrça transportadora, d ando depósitos elásticos,
químicos ou O'rgân'icos.

+ + +
+ + +

+ +++ +
++++++
SE.DIM EN TAÇAO TRAN SGRESSIVA

t +

+
.·.
'íY.': o .~
+
() () +
+ + ++ + + + + +
t
+ + + + + + + +
SED!f'1E.NTAÇÂO REGRES 5 I VA
Fig. n . 0 5S - T ipos de sedimentação .

SED IME 1TAÇAO REGRESSIVA - ( Vide secli.m entaçiio).


SEDIMENTAÇÃO TRANSGRESSIVA- ( Vide seclimentaçüo).
SEDIMENTAR ( rocha) - res ulta ela precipitação química, da deposição de detritos de
outras. rochas ou de acúmulo de detritos orgânicos. A deposição de fragmentos de outras
rochas, ou de minerais qu ando acumulados os sedimentos constitui o qu e denominamos
ele depósito seclim en tar. (vide)
A deposição se fa z em cam.adas separadas por ittntas de estratificação, muito impor-
tantes na erosão; daí a denominação de rochas estmtificacla (vide).
• Em geral a sedim entação se realiza em estratos ou camadas horizontais. Porém, após
o depósito tôda um a série de fatôres pode vi r perturbar a horizon tabilidade das camadas.
Os esp açog qu e separam uma camada sedimentar de outra, são as "juntas de estratifi-
cação" também denominadas ele diáclases horizontais. Estas diáclases elo ponto de vista
morfológico, têm importância por causa da erosão diferencial - isto é, do trabalho des igual
ela erosão que quando atu a sô bre um a camada tenra age com mais intensidade qu e quando
trabalha um a resistente. Vários acidentes ocorrem na sedimentação : a ) a altem ância do
material gros9eiro e do material fino, b ) os -ripples-marks - pequenas ondulações, que
aparecem nas. areias, ocasionadas pelo movimento de pequenas ondas, c) as impressões
deixadas por res tos orgânicos (fósseis) d) as fendas qu surgem nos solos ( principalmente

D lCION,\ m o GEOLÓGI CO-GEOMOTIFOLÓGICO 357


nas argilas). O exam e do material quer no que se refere à natureza quími ca, qu er no tipo
de facies é da maior importância para :;t geomorfologia alu via l. Nos d e pó ~itos sedim e ntares
dos ri os, é comum , identifica rmos o regim e reinante na época da deposição, de acôrdu
com o exa me da natureza do material acumu lado e da altern ância das camad as .
C lassificação das m cl!a:; sedi.m entares - tentaremos· num CJUadro relativa mente minu cioso
expor as principais rocha9 sedim entares :
1 - Hurlws grosseimm enl e detríticas:
J areias g rossas
a) dt'lríticas não consolidadas l seixos
blocos
pouclingues - m aterial trabalhado
b) detríti cas consolidadas { conglome radoY (Fig. n ° GS ) .
brechas - materi al angu loso.
li - Jl ocl!as sili cosas:
1) areia

a) sili cosas detríti ca,; não co ns-olidadas r 2)


l 3)
saibro
areias n1i cáceas
l 4) areias vasosas
b) si licosa9 consolidadas - arenitos.
l) sílex
c) silicosas de origem C]UÍmi ca c orgân ica { 2 ) certos tipos d e calc{nios.
Jll - li ochas argilosas :
a) Caulim
b) Argila
c) Margas ou marn es
d) Xistos argilosos
lV - Roclws ca lcários:
a) Calcários de ág ua doce - os cs talactites c
estalagmite9
b) Calcúrios lacustres
d e origem orgânica
c) Calcúri os marinh os el e origem qu ími ca.
\' - Rochas salinas:
a) Cloreto d e sódi o
b) Cloreto de magn<''sio
c) Cloreto ele potáss io
d) Gipso.
VI - Depósitos co ntinen tais de origem orgân ica : Fig. n. 0 65 - Conglomerado quaternár io com
c im e nto ferru ginoso, no rio Verde P equeno,
a) T urfa na esh·ada rodoviária Urandi - ~1onte Azul
b) Linhito Limite Bahia com :M inas Gerais.
c ) Hulha (Foto Al fredo J, P. Domin g ues)
d ) Petróleo
AY rochas sedim entares são formadas, em parte, p elos grãos e poeiras el e origem con ti -
nenta l. Estas p artícul as resultam d a desagregação e ela decomposi ção elas rochas erupti vas,
metamórfi cas e mesmo sedimentares, que são carregadas pelos ventos, pelo lençol d'águ a
ele escoamento superfici al, p elas geleiras e mesmo p elo efeito d a grav idade, etc.
Qua nto à o·rigem, as rochas sedimentares se d ividem em:
a ) Clásti ca ( fr agmentadas ou detríticas )
h) Orgânica
c) Química
a - m e h as sedimentares de ot·igem detrítica ou elástica: são consti tu idas por fragm en tos
desagregados· elas diversas ro chas existen tes (eruptivas, metamórficas ou mesmo seclimen-

358 DICIONÁRIO GEOLÓ GTCO -G EO l\fORFOLÓGTCO


tares) quP, transportados para ou tras regwes, são depositados em es tratos. Ex. : areia,
;lrenito, co nglomerado, argila, xisto argiloso, tilito.
b - rochas sedi me11tm·es de origem o·rgâ.nica: são formad as p ela ação do9 sêres vivos ve-
ge tais, a nima is. O carvão de pedra resultou da transformação das grandes flores·tas que
existi am na superfície do g lobo durante o período Carbonífero. No caso do Brasil, as
n o~sas fl orestas são mais recentes e datam do período Permi ano ou p érmico .
c - rochas sedim entares de origem química : são formadas pela precipitação, dissolução,
pela a ~·iio coloidal ou ainda por uma reação.
O fenômeno de dis·solução na rocha calcári a é mu ito fác il de ser observado porq ue as
águas ca rregadas ele gús ca rbônico, dissolvem o carbona to ele cálcio, transformando-o em
bicarbonato, o qual é carregado pelas águas. Em dado mom ento, êsse bicarbona to p recipita-s e
novamente d ando luga r i1 form ação ela calcita.
Q 11 anto à coe1·ência d e seus elem e11tos, p odem ser :
a - Coerente - arenitos - conglomerados, argi las calcári as.
b - Incoerentes - areia - cascalho.
A tex tura das rochas sedimentares elás ticas pode ser subdividid a segundo o tamanb:>
dos se u elemento9 em :
1 - Psifi.tas - grãos maiores elo qu e os da areia grosseira, ci mentados com outras
Jn cnores. Correspond e à tex tura ·ru.clácea de Grabau e as rochas co n s o lid ada !~ são chamadas
de ruclitos. (Conglomerados Brucbar).
2 - Psamitas - os grãos siio menores qu e o grão de arroz, e às vêzes q uase mi-
c ro~ cóp i cos. Corresponde i1 textu ra are nácea. ele Grahau c as rochas co nsolidadas des-sa tex-
tura são os are11 i tos.
3 - Pel-itas - os grãos são finí ssimos, torn ando-se por vêzes um pó im palpável, ou
farinh a de rocha. Co rrespondente à textura lutácea de Gmba u e as rochas co nsolidadas são
os rutitos (rochas ele lama) . - argilas - xistos argilosos - margail - limo - loess -.
SEDIMENTO - materi al n"ri ginado pe la des trui ção de rochas pré-ex i ~tentes, susceptível
de ser transportado e depositado. Os sedimentos class ifica m-se segund o o ambiente de
sedimentação, ou segundo o tipo de sedimentação.
Os sedimento9 conti11e ntais podem ser subdivididos pm: fluvi ais, lacustres, eólios, gla-
cia is; os marinh os, segundo a zona que ocupam, em nerítico, batia! e abissal. Qua nto ao
tipo ck scclin1 en tação temo : elástico ou m ecâ.nico, químico e biológico.
SEDII'\'IENTO H EMIPELÃGICO - vide l1 emipelágico (sedim ento ).
SEDIMENTO MARINHO - materi al depositado abaixo do nível do mar, ocupando a9
zonas in tcrco ti ch l, nerítica, batia! ou abissa l. Em certas úreas litorâneas, no en tan to,
também podemos encontrar sedim entos de origem marinha situ ados a vários metros acima
elo nível atual dos mares, prova ndo um a os-cilação entre as terras e as águas . É preciso
toda via chamar a atenção dos es tudi osos. como fêz A. Ca illeux, que a velh a con cepção
flU e aparece em alguus compênd ios antigos e cartas geológicas, co nsiderando todos os
a nti gos depósitos, próximos ao litoral, co mo sendo forçosa mente marin hos, deve st> r abando -
nada . Examinando-se o mat<>ri al depos-itado podemos, em certos casos, enco ntra r seixos pouco
gastos, intcrcabdos de so los for111ados ao ar !i vre ou mesmo de d u m:~ , o q ue prova s·cr
mat<:> ri al acumulado acima do nível das águas oceâni cas .
Os '<·d ime ntos marin hos são constit1.1í clos em cêrca de 50% pelas conchas, poliperos,
for<l lllÍ IIÍfl'ros. espícul as ele esponj a, ouri ços, etc. Êste ma teri al é tamb ém denomin ado de
deiJÓsito zoágeno.
SEDIM ENTOLOGlA - cs t11cla os sedimentos c os amb ientes de sedimentação das fa cies.
Isto si.l(nifiea em considerar os caracteres li tológicos e tamb ém paleontológicos.
"SEIF" - denomin aç-ão dada pelos árabes às d unas longitudinais . Vide d rm a.
SEIXO - frag mentos de rnG has transpor tados pelas águas, cujo res ultado é um arredonda-
mento das ares tas (Fig. n ° 7S). Usa-se também o term o cascalho co mo sinônimo de
seixo. Alguns pedólogos se referem à existência de ped regulh os no solo, que muitas· veze:,
nada mais são qu e seixos. Na língua portu guêsa nfw há a mesma ri q ueza de vocábulos
para a des ignaç-ão das variedades de s-eixos como na língua fra m:esa. Os tennos casca lho e

D(C ION ,( H lO r.EOLÓGI CO-CF.Oi\ f0 11FOLÓC ICO 359


pedregulho devem ser abolidos dos geomorfólogos, em preferência do vocábulo seixo, que
tem um sentido genético seguido de adjetivos (grande, médio e pequeno) expri mindo a
gra ndeza dos mesmos. Na classificação das rochas não coerentes, o Prof. Bourcart adot~u
as seguintes dim ensões para o eixo maior.

Fig. n. 0 78 - D e p6sito de seixos rolados, constituído de rochas de natureza diversa, na fronteira do


Piauí com o estado do Ceará.
(Foto Jo C:-IC )

francês português
1 > 500mm blocs blocos
2 de 500mm a 25mm galets seixos grandes
3 de 25mm a lOmm graviers ou gravillon seixos médios
4 de lO mm a 2mm granu le seixos peq uenos
Usando-se esta terminologia - blocos, seixos grandes, seixos médios e seixos· pequenos
estaremos falando a mesma linguagem c compreenderemos fàci lmente a unidade do
tamanhos referido. Os fragm ento9 levados pelos rios, ou ainda os fragmentos de rochas
tl espreendidos dos litorais e transportados a longas distâncias, tomam fonnas denunciadoras
do trabalho a que foram submetido9 preliminannente . Os seixos fluviais têm geralmente a
forma de uma esfera ou mesmo de um a elipse. Os seixos transportados pelas vagas oblíquas
e correntes marinhas tomam formas muito achatadas por causa do va ivém ( flotement)
ua9 águas do mar junto ao litoral. Aliás esta é a razão pela qual as areias marinhas no
exa me granulométrico são geralmen te mais fina 9. -
0 9 seixos estriadas são os transportados pelas geleiras. Num depósito de origem glaciária,
se não fôss-e a existência ela argi la com blocos qu e tão bem caracteriza os depósitos
de morainas, o exame elos seixos com a série de es trias basta ri a para revelar a origem
do depósito .

360 DICION ÁHJO GEOLÓC JCO-GEOM011 FO!.ÓCICO


A form a dos seixos depende também em grande parte da natureza da rocha e da
clistància a que fo i transportado o fragm ento. Os seixo · de argila têm duração efêmera,
os de rochas xistosas tomam fàc ihn ente a form a achatada, como é o casQ elos seixos de
ardósia, de gnaisse, etc.; os de rochas maciçaY, co mo o granito, o basalto, dioritos, diabásios,
sienitos, etc., revelam no estudo de suas formas o agente principal do transporte; os de
latt ritos ou de ca nga cavernosa apresentam geralmente form as estravagantes .
Na geologia o estud o dos seixos é feito principalmente tendo em vista a natureza do
material que os constituem e a idade geológica do jazigo depositado. Para o geomorfó logo
os leitos de seixos são da mais alta significação para o estudo interpretativo da evolução
elas diversas fonnas de relêvo. OY barrancos ou nas encostas dos vales, nas fal ésias ou
nos litorais, um depósito de seixos evidencia um afundam ento do talvegue do rio, um a
va ria ção elo nível do mar, etc. A pesquisa pormenori zada dos depósi tos de seixos, constitui
um capítulo importailte ela geo morfologia alu vial, existindo atualmente grandes e&pccia-
listas ne&Se campo ele estudo.
SEMI-SERRA - denomin ação proposta pe lo geógrafo francês Pierre Deffontain es pa ra os
escarpamentos do planalto brasileiro, os qua is são designados ele serra, ex.: serra do Mar,
Mantiqueira, Espinhaço, Borborema, etc.
SENIL (form a) - a qu e, segundo o geógra fo Davis, es tá no es tado final ela sua evolu ·ão
(ciclo ele erosão ) . E representam formas onde domina a sedimentação. Ao contrário do
estágio da fu. ve ntt~de, ond e domina a fas e erosiva, temos a da maturidade, onde as form as
aparecem pràticamente em equilíbrio. Esta concepção ideal das formas de relêvo, q ue
teve tantos entusias tas no comêço da sistemati zação da geomOl-fologia , começa a S(• r aban-
donada nos nossos dias.
SERICITA - vari edade sedosa de moscovita, dando um produto alterado untuoso ao talo,
qu e por vêzes ganh a a coloração esverdeada.
A sericita aparece em grande núm ero de rocha qu e form am os terrenos ela série de
Minas ( Aigo nq ui ano ).
SÉRIE - vide coluna geológica.
SÉRIE DE MINAS - nom e dado pelo geólogo ameri ca no Orville D erby aos terrenos bras i-
leiros ela b ase elo P rot0roz6ico . Como o seu nome indica os terrenos desta série são muito
importantes por ca usa ela riqu eza minera l que contêm: ouro, diamante, ferro , manganês,
etc. A região típica elos terrenos des ta série é a serra do E 9pinh aço ( bacia do rio Doce) .
SERNAMBI - denomin ação usada por alguns autores para 09 sambaquis (vide).
SERPENTINA - silicatos hidratados de magn ésio e ferro. A serpentininização se verifica
também em certos minerais, sem alumina como os piroxênios, anfibólios e p eridotos. O
no me serpentina vem elas ma lha9, ou da semelhança do colorido ela rocha com algumas
serpentes.
SERRA - term o usado na descri ção d a paisagem fí sica de terrenos acidentados com
fort es desníveis. No Brasil elas designam , às vêzes, acidentes variados, .co mo eoca rpas de
planaltos co m alturas de 50 a 100 metros, na região amazô ni ca, no p lanalto mato-grossense,
etc.
O vocábulo serra é usado com sentido muito amplo na linguagem corrente, porém,
tecni camente, êle está renegado pelos geomorfólogos, em vi9ta da utilização de outros
termos que implicam num a explicação genética evoluti va como sejam: escarpa
d e fa lhas, nappe de ch01riage, crista m onoclinal, cuesta, hogback, horst, com i;a, fl e1'11xa, etc.
As serras são às vêzes divididas qu anto a sua extenYão em : serras ctwtas e serras longas.
As linhas de serras não constihtem linhas C<J ntínu as, e além elo mais nem sempre podem
ser tom adas por cli visu·res de águas. I-l á fenômenos geomorfológicoy como: anteced ência,
epigenia captura, bem corno ti pos de relêvo - apalachiano j11r1Íssico, q ue explicam p er-
feitamente a não coincidência de um a linha de altos picos, ou mesmo ele um relêvo mais
acidentado co nstituin do um divisor ele águas. Pode-se, por co nseguinte, di zer que nem tôda
&erra corresponde a um divisor de águas, e nem todo d ivisor ele águas é um a serra.
As serras são estu dadas pela orografia, isto é, ramo da geografia qu e estud a as eleva-
ções elo terreno. Tra ta-se de uma descrição empírica. Constitui também um têrmo técnico
da moderna geomo rfolog ia e, neste caso, são es htdaclas do pon to ele vista de sua origem
e evolu ção . As clescri çÕe9 das serras, embora detalhadas, têm pouco valor para a geomor-
fologia. As denominações ser-ras curtas, serras longas, são qua lificativos meramente descri-

D ICION ÁRIO G'EOLÓCICO-GEOMORFOLÓGICO 361


ti vos . Ass im tamb ém, serras maciças, serras fina s, serras delgadas, serms alongadas, serras
em forma de arco, ou cu:r·lJa, etc. Para o esp ecia lis•ta em geomorfologia o q ue interessa
é a gênese e a evolu ção ele cada um clêsses tipos .
O conceito ele serra é, pois, elo p onto ele vista geog ráfico muito impreciso. Não h {o
p ossi bi lidade de cm 1 regá-lo com exaticlão, tendo em vi sta as próprias va ri açr'ics de se nti do
de um a região para outra. A~s i m, serras, montes, colin as, maciços cadeia ele mo~ltanha ,
sistema montanh oso, co rd ilheira, são têrmos usados co m o sen tid o descriti vo, p ara form a~
de re lêvo, cu ja ori gem e evo lução podem ser comp letam ente dife rentes. O gomorfólogo
prefere empregar co mo já dissemos termos que p ossuem uma explicação genéti ca.
No Brasil o vocá bulo serra é usado ele maneira b astante ampla. Tomando-se alguns
exem plos observa-se qu e, ele modo geral, as serras brasileiras, ora constitu em escarpas de
blocos falhad os, como se rra do Ma r, Mantiqueira , Espinhaço, ora escarpas de erosâo, como
serra Geral, Botu ea tu , Serrinh a, lbi apaba ; ora escarpas de chapadas -residt~.ais, como Ara-
ripe, Tiraca mbu , Man gabei ra, ora agrupa mentos de inselberg11es, como Meruoca, Urubure-
tama , Baturité, etc.
i\fuit as das chamadas "serras" são portan to, escarpas dissimétricas, possuindo um a
vertente com des ní vel abrupto, enqu anto a outra encosta é um a superfície fracamente
in clin ada. Es túo nes te caso a "serra" ele Botu catu, I biapaba, Apodi , etc.
Outro fato (]U e eleve ser destacado é o a ~p ecto elo tôpo destas serras, b em como a
co ntinu id ade das mes mas. Algum as· apn·sc ntGm o tôpo relati vG mente pouco acidentado,
como po r exe mp lo a serra elo Mar ou ela Man tiq uei ra, qu e co nstitu em velhas sup erfícies
ele erosão . Não se eleve p ensa r qu e elas poss·uern o tôpo à se melh ança ele uma serra, com
ckn tcs c recn tràn eia, i s ~n <\ Jíicos e colas. Ês tcs aspectos s::io encontrados nas cadeias jo-
vens. No relêvo ve lho e clesga ·taclo elas SC' rras <l o Bras il, a parte elevad a ó ele velh as su-
perfícies clesgastGclas e erocliclas.
SERHA ISOLADA - denom ina ção usada por certos a utores no Nordes te do Brasil para
<<S elevações ele rochas res istenlcs . Sinônimo ele ·i11selbergr1P. Como exemp lo podemos citar as
serras ele Baturité, U ru bun~ tama , i\ leru OC'<l, Pedra Branca e Maran guapc, tôclas no es tado
elo Cea r:'t.
SÉSSEIS - seres b en togênico> fixos, dife rentes el os t;âgeis. Vide - be!lt o.
"SHEET-EHOSION" - denom ina ção usada p ara a erosúo produ zid a pelo le11çol de escoa-
m ento superfi cial (vide) se m produzir ·ra uinamento, ( ri/1-erosion). Cos·tum a-se ainda
di stin guir a slr eet-erosion produzida p ela água e a sheet-erosi.on feita p elo vento. E m ambos
os casos, os efeitos desse tipo de erosão ~ ão menos ev identes que os tipoy ele erosão qu e
p rocluzC'm des barra ncaclos.
SIAL - co mb ina çiío de síli ca e a lu min a (si li catos alu minosos·) 4ue constitui a cros ta sólida
elo globo terres tre - segundo denominação ele Sues·s. É a capa de materia l soli cl ific,1do
q ue repousa sôbre o sima ou magma existente logo ab aixo. A es pess ura ela camada elo
sial é muito va ri ável, h avendo grand es p enetrações· no sima, qu e ocorrem sob as áreas
1110ntan hosas. Na es tr utura da crosta há uma in terco nexão elo sial com o sima. As p artes
emersGs elo globo, islo é, os con tinentes são formados ele sial que por ter clens·iclacle inferior
ao elo sirna flutu a sôbre ês te. O fund o elos ocea nos ao co ntrário é quas e inteiramente for-
rado ele sima. A espessura m édia ela crosta do sia l é avaliada de 60 a 100 km. (segu nd o E.
Suess). O sia l é de grande in1portância tanto para o es tu dos ela geologia como da geomor-
fo lol!ia. A p ri meira se prcoc11parú mais com a estrutura e com as ida de&, enc1uanto a se-
g unda ficarú apt nas nu campo superfi cial es tudando as formas ex ternas, se us agen tes e sua
evoluç·ilo .
SIALITA - cl cno mi n:~ção usada por Ha rras-sowitz para os sedimen tos res iduai s, compostos
essencialmente ele sil icatos a lu minosos, po rém, não lateri zaclos. Vide alita.
SIALíTICO - p 1~oc esso qu e d,1 ori gem ::t produtos s·ecunclários sílico-alumi nosos h idratados ,
como as argilas. Este proecssu de meteori zação t' próp ri o elas reg iões úmida ~ . (V ide sialita ).
SIDER ITA - o mesmo qu e siderose (v ide).
SJDEHITO - meteo rit o metúl ico, o mesmo (jlle lwlossiderit o ( vide), composto ele ferro
nw tá li co com ce rta proporçiio ele ní q uel. Vide m eteorito .
SIDEBOSE cu SID ~ HlT A - carbonato el e fe rro , minério bE.m inferio r aos óxidos desse
metal, como : h ematita, li mo ni ta ou a mag netita . A siclerita pode ser um min ério primário,
ou mesmo secundá ri o, isto é, rt>sultar ele um produto ele alteração, ond e existam m inerais
con lenclo ferro.

362 DlC10Nt\rno C'EOLÓG ICO - GEOJ. [()HFOLÓG ICO


SIDEROSFERA - o mes mo q ue núcleo da terra , ou nife (v id e) .
SIENITO - não é uma rocha tão co mum quanto os g ranitos . Forma ge ralm ente pequ enos
mac iços. Os minerais s>\0 os m esmos d o gra nito, nota ndo-se a ausê ncia do quartzo e a
f req üê nci a d a h ornb lenda. As principais ocorrências situ am -se nos· ma c i ~· o s do Itat iaiu ,
Poç·os d e Cald as e na ilha el e São Seb as ti ão - litora l norte de São Pau lo.
SIEROZIOM - tipo d e so lo qu e ap a rece nas fa ixas el e c.: lim as frios. Vid e solo !Írido.
SíLEX - variedade c riptocri sta li na ele sílica torn ada opaca p e la g r;\n d e qu ;llltidacle dP
impurezas. É formado po r p eq ue nos e le mentos c ristali nos de qua rtzo ou tridimita e li ga dos
p e.l a op a la.
O sílex ap arece ap enas cm nódulos·, se ndo qu e sua orige m a inda não está perfe ita -
m ente exp licada . Foi o s íl ex o ma teri al u sado p e los home ns primitivos na fabri cação d e
seus utensílios.
Suas princ ipa is va ri ed ad es são sí lex córn eo (ama relo), s ílex negro ou piro ma ico, s íl ex
pmclacento ou mcn ilite, sí lex nécti co d e es trutura porosa, muito le, ·e, síl ex res inite - el e
asp ecto res inoso.
o~ nódulos el e sí lex resultam , el e modo ge ra l, ele um a c.:onc.:en tra ~· ão ele s íli ca cm tôrno
el e um nú cleo que, na ma iori a das vezes, é cons tituído d e co rpos org.ln icos em d cc.:ompo-
sição . Até ao presente só se e nco ntra ram aflo ra mentos d essa roc.: ha sob a form u de c.;on-
creção ou ele n ódu los d e tama nho>' dive rsos.
SíLICA ou óXIDO D E SILíCIO - substâ ncia po li morfa qu e se aprese nta na na tureza em
vários es tados: l ) - am orfa e h idratada (sí lica ge lati nosa c opa la ); 2 - crista/i.zada e
a nid·m . (qu artzo, triu im ita, c ristoba lita e c::tl cedônia).
A s ílica é um composto ex tremamente es t;h·cl na natureza . So me ntf' o (\ciclo flu orí d ri co
e ca p az ele d ecomp ô-la a fri o.
Entra na forma ção el e gra nde núm e ro d e mine rais pod e ndo-se d ize r q ue é o e ixo d e
tod o reino min eral.
SILICATO- com posto sa lin o reYultantc do óx ido silí c ico . P od e-se se r di vidido em :3 gr upos:
l - sili catos d as m chas ácidas; 2 - sili catos el as rochas b;'1sicas; 3 -- sili ca tos cl.c m eta-
morfismo.
O s sili ca lo9 são abund a ntes na na tureza e fo rm a m ns : feld spat os, rnicas, p-imxêni.os ,
anfibóUos, periclot os, e tc.
SILICIFICAÇÃO DOS CALCÃUIOS - substitui ção parc ia l elo ca rbona to el e dlcio p c·la
sílica sob a for ma d e q ua rtzo, opa la ou ca lcecl ôni a, nas rochas ca lcá ri as , co mo acon tc<:e
com a m eu.liem ela b acia d e P a ris , <JU C é extremam ente ca ve rnosa c co nstitu i a p ed ra d e
co nstru ção por excelên cia el a região p ari sie nse.
SJLL - intrusões magmá ti cas ou d erra me d e lavas em form a el e lenço l. O sill tam b C:·m
ch amado filã o - camada, ó'e d is tin gue el as outras formas intrusivas com o os necks, ·!acólit os ,
lop olitos e dicJu es, de vido ao se u m odo ele jazim ento .
Nas fotografias aéreas pode mos id entifi car co m ce rta fa c ilid ad e os si/Is - quand o
a f loram n a supe rfí cie, b e m co mo a n atureza d as roch as, p ois ge ra lm e nte são co nstituídos
pelos diabásios ou b asa ltos. Éste tipo d e p aisagem é f req üe nte nos esta d os du Pa ra ná e
São Pauio, nos a renitos el e Botu ca tu d a séri e São Bento . Êsses d crra mes são ma is ge neri ca-
men te co nh ecid os p or l rapp elo P ara ná.
SILTE - grãos q ue e ntra m n a fo rm acão d e um solo ou el e uma roch a sed imentar c uj os
d iâmetros variam en tre 0,02 mm e 0,002 mm. Outros cons ide ram os s·cguintes dü\ mctros
0,05 a 0,005 mm .
SILURIANO - pe ríodo q u e segue o Orclov icia no e p recede o D evo nia nn. Com ês te p er íodo
termina o P a lcozó ico inferi or. O seu nome foi ti rado ele Si lures, d esignação dada p e lo9
roma nos c urn a tribo elo País el e Gales.
A v id a no Siluria no a inda é essc ncia l111c nt c aqu;1 ti ca com o apa rcc im cn to dC' pe ixes
rob ertos com ca ra paça 9 óss eas - ostm code rmos. Aparecem tam b ém n e~se p eríodo os pri -
m eiros anim a is terrestres, os escorp iões . Quanto à fl ora , p a rece consti tuíd a por a lgas·, b ac-
térias c ta.IH•z a lg umas p la ntas· terrestres , d ev id o ao ,;c u s úbi to d esC n\'o lviln cnto no p e ríod o
segu inte.

DTCION \ rno C:EO I.ÓG r(;Q - GEO;\ [{) P. F OLÓG ICO 3():}
O clima no Silmiano co ntinua o mesmo do!:i períodos precedentes, isto é, uniforn1e,
apresentando todavia zonas áridas, como nos Estados Unidos, por exemplo, com form a ~·ões
de sal e gêsso.
As rochas do Si lmiano são represe ntadas princi palmente por arenitos, folhelhos ar-
dósim; e calcári os.
No fim do períod o houve a grande revolu ção caledoni ana, que afetou pri ncipalmen te
o norte ela Europa (Escandinávia, Escócia, etc.).
No Brasil ês te dias trofismo apenas produziu dobramentos de peq uena importància. pois,
há muito qu e já e tava form ada a terra firm e chamada Brasília pelos geólogos .
A distribui ção geográfica dos terreno!:i silurianos no Bras il é a seguin te : baixo pla n,1lto
amazónico em es treita faixa desde a co nflu ê ncia elos rios. Negro e Branco até o bai.xo
curso do Amazonas, nos estados de Minas Gerai s e Bahia, no alto e médi o ,·a le do São
Francisco, gra nd es ex tensões de s-ed imentos silurianos da série Bam buí, no vão do Paran á
em Goiás, no Pantanal ~!ato-Grosse n se, c no Hio Grande do Sul .
DeviCl<;> ,'?í· grande ocorrência de calcári os na série
Bambuí são freqü entes as grutas, entre as r1ua is se
des tacam as de Maquin é em l\'linas Gerais e a de
Bom Jes-us da Lapa, na Bahi a.
SIMA - zona qu e vem abaixo do sia l fo rm ada na
maior parte de silicatos, predominando os de magné-
sio e ferro, com pêso especifico próximo de 3,4. O
sima aflora em grande parte nos fundos oceâ nicos .
É também chamado de e·Íwolt6rio basáltico, ou a inda
substrato basáltico da lit osfera . F ig. n .o SS - Sincl in::•l.

SíMBOLOS GEOLóGICOS e GEOMORFOLóGI-


COS - convenções us·adas nos co rtes e mapas, qu er
geológicos, qu er gcomorfológicos, à seme lhança das
convenções topográficas.
SINCLINAL ou SI NCLfNIO - parte cô ncava de
uma dobra, na qual as camadas se inclinam de modo
convergente, fo rmando um a depressão. O fundo dos
sinclais co nstih1i como q ue um a bacia ou vale a longa-
do (Figs. ns . 8S e 9S) .
Os rio9 que se insta lam nos sinclinais são cha-
mados de primitioos ou a inda co nseqüentes.
Fig. n.o US - A erosão traba iJ tando ao
SI NCLI NóRIO - agrupamento de clobra9 deprim i- longo dos anticlin ais (vide - combe) pod e
das como um sinclinal de grande extensão, reunindo, ser unt sinclina l "pe rchéc", isto é. sus-
pe nso. (V id e - inversão d o rt; ll·vo ).
no entanto, vários 9inclinais e anticlinais (Fig.
n. 0 lOS ) .
, ,'
''
'''
~

''
' ' .... ....

Fig. n .o .L OS - Sincl inó rio.

364 DICJONÁHIO CEOLÓG lCO - C:EOMO IW OLÓC ICO


,
ZONAS MORFOCLIMATICAS DO GLOBO

SEGU NDO J . TRIC AR T


Projeção de Mollweide

f±±m}
-
I - REGIÕES

2- Rf Gia ES
LEGENDA

GLACIÁRIAS

PERIGLACJÁRIAS CO "' PER GELI SSOLO


2~~i~iii;liij~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~;~~~;C;B:I:I! :~ 9~
( :: ::::1 6- ZONAS FLORESTAI S OE lo!ÉDIAS LATITUDES COM INVERNOS R IGOROSO S liiiiiiiiiJ
DESERTOS E E.STEPES DEGRADADAS SE M tNVE: RN 09 RIG OR OSOS

tO -DESERTOS E E.STEP ES DE GR ADADAS COJol I NVERN OS R IGO ROSOS

~ l- REOI5ES PERIOLA CIÁ RIAS SEM PER GELISSOLO B ., - ZONAS FLORESTAIS DE MÉD IAS LATITUDES- VAR IEDADE MEDITERRÂNEA ~ 11-,S.WANA$

fí}t%~J 4- FLORESTA SÔBRE PEROELJSSOLO OUARTEN ÂRI O ~~-=-~ 8- ESTEPES E PRADAR IAS SUIOESÉRTJCAS ~ 12· F-.OAESTAS INTtRTROPJCAIS

FLOR E:T;~s1 1 ~~v~!~~~: ~~;~:~~~:·MAR ÍTI MAS , REGI~ES


0
[3 5- ZONAS ~ 8o- ESTEPES E PRADARIAS SUIDESÉRTICAS COW INVERNOS RIGOROSOS - N- AC tÔtNTAOAS ONDE A LATITUDE TEM UM PAPEL PAEDOMJNAHTE:

00/SAI · D• • · ~. S.C.

Fig. n .0 US
SlNFllA TISMO - denomin ação proposta p elo geólogo Grabau para o m etam orfismo re-
gional, tamb ém chamado d e presslio, de geossinclinal, ou ainda, dinâmico.
SISMO - tremores súbitos da crosta terres tre, que podem ser de forte intensidade, e sen-
tido pelo hom em, ou fraca intensidade e registrados apenas p elos aparelhos. A fonte de
onde partem as ondas vibratórias é denominada de hipocentro ou foco, e o ponto da su-
perfície locali zado diretamente sôbre o fo co de epicentro.
SISMóGRAFO - aparelho usado para re g i ~tra r os terremotos ou sismos. Por meio do sismo-
grama pode-se saber o . tipo ele onda vibratória e sua intensidade.
SISMOLOGIA - ciência q ue es tudo os terremotos.
SISTEMA - vide col-ttn a geológica.
SISTEMA BRASILEIRO - denominação dada pelo geólogo A. d ' Orbigny às rochas elo
complexo cristalino ou brasileiro.
SISTEMA DE CRISTALIZAÇÃO - diferentes formas q ue apresentam os minerais após
s-e cri stalizarem. D e modo geral podemos esquematiza r os tipos de cri stali z:1ção dentro clu
seguinte quadro:

1 sistema cúbi co (cubo)


2 sistetn a q uadrático ( p risma rcto de base 'luadracla )
"
·) sistema ortorrômbico (p ri ~m:l reto onde a base é um losa ngo ou rombo )
4 sistema hexagonal (prisma reto de base hexago nal regular )
.5 sistema rcmboédri co ( paralelepípedo onde tôdas as faces são losangos igua is)
6 sistema monoclínico ( p1isma oblíquo sendo a base um losa ngo )
í sistema tri clínico (é um prisma oblíquo de base p aralelogrâm ica) .

Cri stali z:1 m no sistema cúbi co : halita, galcna e fluorita; no qu adráti co: rutilo e zir-
co nita; no ortorrômbico: topázio e baritina ; no hexagonal : q uartzo e berilo; no romboé-
dri co : ea lcita, co ríndon e ben1atita; no monoclínico : ortósio e gipsita ; no tri clín ico: albita.
SISTEM A DE EROSÃO - associação orgâ ni ca de processos, nos qu ais há u ma combinação
de fôrças qu e atu am p ara esculturar ou modelar as vári as fo rmas de relêvo. Nas diversas
regiões segundo a influência do clima encontra-se um co njunto ele processos nos qu a i ~
domin am a insolação, o gê lo e degêlo, a hid ra tação, etc. Assim teremos· o domínio da de-
sagregação mecâni ca, ou da decomposição q uímica ou mes mo o seu equ ilí brio.

SISTEMA DE EROSÃO MORFOGENÉTICO - expressão usada por Dcrrua u para o sis-


tema do modelado ele D e Martonn c dando, no e nt ~ nt o , especial destaque :10s clim as ( \'ide
m odelado.

SISTEMA DE MONTANIIA - denominação usada por certos autores quando classificam


as montanhas de acôrdo com o caráter genético, grupando -as no seu conjunto. No Brasil
os livros didáti cos usavam até bem pouco tempo a seguinte class ificação: Sistema Parima
e Sistem:1 Brasi leiro. Todavia esta class ificação era feita erradam ente segundo o grupa-
mento ou posição, e não o ca ráter genéti co elo relevo co nsiderado.

SISTEMA MORFOCLIM.ÃTICO - esta expres ~·ão foi preferid a por A . Cailleux e Tean
Tricart cm substitui ção a que vinha se ndo adotada, ou seja, sistema de eroslio (vide ) ele
A. Cholley. Di zem aq uêles au tores qu e as zonas bioclimatológicas têm grande importância
na explimção das form as de relêvo, podendo- e mes mo fa lar num a ecologia das form lrs
de ·relêvo. ( Fig . llS ).
O sistema morfoclimático representa o complexo de intcração dos processos geomor-
fológicos, que têm início nos p rocessos elem entares, isto é, desagregação mecânica, ou
deco mposição q uímica. Dos elementares, p assa-s e aos processos complexos, e fin almente a (>S
processos morfogenéticas e mo-rfoclimáticos .
Os sistemas !1tOrfoclim áti cos repres-entam um co m plexo por associação e imbricação
ele elementos. Para m elhor compreensão vejamos, por exemplo, o conceito de ecologia
dado pelos natu ralistas - ciência biológica q ue trata da relação elos sêres vivos com o
meio, e entre si. No caso d a geomorfologia moderna as form a9 de relevo passa m a ser

D ICJON..\1110 GEO I.ÓC ICO - GEOMO HFOLÓGICO 365


Fig. n.0 125 - O sistema morfocliJnático das áreas da floresta hilc iana de terras firmes (baixo planalto)
é bem difere nte do sistema Jnorfoclimático das áreas de floresta temperadas. - Na espessa cobertura
florestal com ,\rvorcs cujas COI>ns chegam a 3 0 c 40 metros de altura, formando como que mn toldo
interposto à insolação, ou aos efeitos da pluvierosão, desenvolv<"ram-se processos diferentes dos existentes
nas áreas campestres. - Na foto acima, nm aspecto d a floresta amazônica, na rodovia Plácido de
Castro que liga Rio Branco (ca p. do es tado do Acre) a PUteido de Castro, na fronteira com a Bolívia.
(Foto do CNG)

conside rad as e111 relação com a natureza litológica, a es·tru tura e, também, o meio orgtlni<;o
- como os vegetais, animais, e os grupos humanos.
No Brasil a localização geográfica do sistema morfoclimático eq uatoria l é a área ela
grande região norte, isto é, Amazônia. D en tro desta grande área submetida ao sistema
morfoclimático equatorial e tropical úmido tem-se dois morfogenéticas, ou seja, os da floresta
eC]natori ais e o dos campos cerrados.
No sistema morfoclimático eq uatorial, (Fig. n. 0 12S) o processo elementar de maior
importância é a meteorização química. Espêssa é a camada de decomposição das rochas
neste tipo ele clima .
No sistema morfoclimático árido , o processo elementar dominante é a meteorização
física, isto é a desagregação mecànica, por causa da intensa insolação da!j rochas, e a
grande amplitude tém1ica diária.
O processo elementar dom inante no sistema morfocl imático glacitírio é a meteorização
mecànica produzida pelo efeito do congelamento.

"SKIBES" - denon1inação d ada aos litorais baixos e muito acidentados, cujo modelado
foi devido à erosão glaciária, tendo sofrido posteriormen te uma invasão marinha, como
no caso do litoral sueco.

366 IJ IC IO!'ÁHIO GEOLÓG I CO-GEOMOHFOLÓCICO


SKROURS - denomin ação da da pelos árabes às cri stas de qu artzito ac ima do ní v<;d do
pene plano do Marrosos Ocidental, isto é, testemunh os de e1·osão ou m onaclnocks ( vide)
SLIKKE - p arte b aixa dos terrenos vasosos q ue permanece quase' s·e mprC' so b as águas.
Esta superfície é separada do schorre, p arte mais a lta, por microL ](•s ia (v ide v asa ) .
SOCALCO I NSULAR - o mesmo q ue plataforma insular (vide).
SOCLE - o mes mo que embasamento, ped.tstal ou esc udo.
SOCO ANTIGO - sinônimo de área continental vide - escudo.
SOCO CONTINENTAL - denominação pouco comum , usada por ce rtos autores para a
plataforma continental (vide).
SIFIONI - jatos de vapor d' água, de gás sulfrídi co e gús ca rbónico, a uma temperatura
qu e varia entre 100 a 175°. Os sofioni s são num erosos na Toscana ( Itáli a) , cuja condensação
em bacias-lagon i dá aparecimento ao ácido bórico .
SOL - vide gel.
SOLEIRA - barra ele rocha dura qu e fun ciona co mo n ível de base num ciclo de erosão.
As soleiras são muito im portan tes nos leitos flu via is, pois s·ão e las q ue servindo de nível
de base, co manda m a erosão.
No relêvo submarino as soleiras cons tituem elevações largas c ex tens·as com decli vi-
dades suaves .
SOLFATARA - o mes mo que sulfatara (vide) ou sulfrue ira.
SOLIFLUXÃO - vide creep .
SOLIFLUXÃO TROPICAL - diz-se do movimento de descida de grand e massa de argila
ou de arena graníti ca por ocasião das chuvas mu ito intensas. Êste fenômeno é comum ente
de nomin ado ele queda de barreiras. Êstes mov imentos de solo e rochas· deco mpos tas são
acelerados, isto é, intensifi cados pelos clesfl orestamentos reali zados pelo homem.
SOLO - camada superficia l de terra aráve l possuidora de vida microb iana. Algum as vêze!i
o solo é espêsso, outras vêzes pode ser redu zido a uma delgada película ou mesmo deixar
de existir. As rochas qu e afl oram na superfí cie elo globo estão s·ubm eticlas a ações mo -
dificadoras dos di ve rsos agentes exodinâmicos. Um dos processos mais importantes na
formação dos solos é a alteração elo material inicial, fi ca ndo no próprio local sem ter
sido transportado. Isto tanto pode !Yér solo, como pode ser rocha decomposta. A diferença
primordial entre um e ou tro, é que mesmo no estado ma is avançado da deco mposição, a
rocha não poss ui viela microbiana. Os solos possuem viela. Esta nasce geralmente com a
altera ção das rochas, desenvolvendo-se com elas as associações vegetais. Com a d esagre·
gação mecânica elas rochas, temos o co mêço das form ações móveis sedim entares .
A peclogênese propriamente dita, só começa com o aparecimento da viela m icrobiana.
Os solos podem evoluir à maneira de um ser vivo, isto é, possuírem um "ciclo vital" . As
associaçõe:;; vegetais qu e têm sua fonte de alimentação no manto superfi cial ele terra arável
C'S tão em íntima interdepend ência com o meio ecológico . ·
O solo é o úni co <1 !1 Jbi ente onde se enco ntram reunid os em as ~oc i at; ã o ínti ma, os quatro
,-lementos: domínio elas rochas ou pedras - litosfera ; domínio das ág uas - hiclrosfera;
domínio elo ar - atmosfera ; e clomí1~io ela vida - bio~fe ra. Ê um complexo vivo elaborado
na superfície de contato ela crosta terrestre, com seus invólucros: atmosfera, hiclrosfera e
formado de organismos vegetais e animais que lhes d ão a matéri a orgânica .
O solo no di zer ele Dokoutchaiev, é um corpo natural completamente diferente do
mundo mineral, vegetal e animal, sendo no entanto um mundo vivo, pois um solo pode
ser jovem (incompleto na sua formação) adulto (b em formado ), velho e morto ( fóssil ).
Por causa d e sua gênese, sua evolu ção e suas propriedades, o solo difere dos três reinos
d a natureza, devendo ser co nsiderado como um quarto reino.
Os pedólogos adotam vári as denominações para OY diferentes tipos de solo, segundo
sua gênese. No presente, há uma certa co nfusão de terminologia, devido à falta de con-
ceitos claros, nas d iferen tes di sciplinas correlatas com a pedologia.

DJC IONÁHIO GEOL ÓG JCO· GEO l\lORFOL ÓGICO 367


Solo geológico, ou solo físico corr sponde ao que denominamos de "rocha decom-
pos ta" em geo morfologia ; e solo biológico ao qu e designam os solo ou "solo pràpriamentc
dito" . Segundo o processo genético, os solos podem ser: solos autóctonos, eluviai9 ou
residuais, isto é, form ados uni camente de elementos proveni entes ela " rocha-m áter"; solos
alóctonos os que receberem elementos "exógenos". 0 9 "minerais-residuais" qu e aparecem
nos solos autóctonos devem ser co nsiderados como proveni entes da " rocha-máter", e de
evolução irreversível.
A atuação ele alguns fatôres exteriores, consegue elimi nar, em certos casos, quase
co mpletamente os elementos que haviam sido tomados da "rocha-máter". Êste tipo de
~o lo recebe o nome ele "ectoclinamorfo". Em tôdas as rochas sílico-aluminosa9, os silicatos
d e alumina são decompos tos em sílica hidratada. A alumina hidratada ( alumogel ) carre-
gada pela água d e infiltração se acumulará nos solos juntamente com os hidratos d e ferro
fo rm ando argilas laterí ti cas ou cros tas.
A alteração das rochas nem sempre se vel"ifica na formação de fragm entos, p ois
nos climas intertropicais úmidos temos o aparecimento de crostas ferru ginosas - lateritos;
e nas estepes, crostas calcári as . Ambas resultante9 da altera<;ão de rochas ou de solos .
Os solos autóctonos ou residuais são, como já vimos, os qu e res ultam de um a alteração
local d a rocha, com a eliminação de certo9 materi ais, fi cando apenas o resíduo no próprio
local. Nesta categori a de solos temos tamb ém os q ue são formados por agentes orgânicos,
isto é, solos autócton os ettmulósicos.
Os solos,a lu viais e colu viais, juntam en te com os solos de ori ge m eólia e os produ zidos
pelos depósitos morâ ini cos são solos alóct01 os.
Verifi ca mos por co nseguinte que há dois grupos de fatôres qu e intervêm na formação
dos solos•: 1 - fatôres endodin âmicos - que di zem respeito às rochas, 2 - fatôres exodi-
nâm icos, co nju nto fom1ado pelo clima e pelos organ ismos vivos que vão atu ar sôbre a
rocha -máter. E sta últi ma ca tegoria de fatôr es pode ser subdividid a em : mecânica, química,
e biológica. Os sêres vivos qu·e atu am sôbre as rochas são os microrganismos e macrorga-
ni ~m os da flora e fau na terres tre.
Uma vez form ado o perfil geológico do solo, observa m-se certas diferenciações de côr,
de textura, e de composição q uímica, que cons·ti tu em os horizo ntes . Nos solos tropicais,
grande lixiviação ela parte superficial ocasiona a emi gração das partícul as p ara o hori zonte
i nferi or, horizon te il uvia l. O superior, isto é, hori zonte A ( elu vial) , passará a ter uma
textura mais p orosa, e o .i nferior começará a ganh ar uma tex tura compacta cons-tituindo,
em ce rtos casos, uma crosta - o "ilúvio".
O hori zonte C, muito compacto, ('!S tá próximo da rocha inalterada, não constituindo
sua pa tte superficial uma rocha sólida, e sim um agregado de minerais inconsistentes .
Co nstitui o ma teri al que está abaixo do hori zonte B, no qual a ação ela erosão elementar
ainda não teve tempo d rea li zar seu completo d esenvolvimento. Em certos casos o materi al
pode es tar completamente decomposto e h·ansfonnado em argi la. O hori zonte A é também
cha mado horizonte eluviado, e o B, hori zonte iluviado.
Em fac e das necessidades da moderna agri cultura científi ca tem-se procurado definir,
co m mais efi ciência, os diversos tipos ele solos . H istàri ca mente temos a escola m ssa, como
a iniciadora dêsses estudos, no último qu atto elo século p assado, com Glinka, D okoutchaiev
Sibertev, etc. As primeiras classificações propostas foram vagas, assim os solo9 eram conl1 e-
cidos como: argiloso, arenoso, vermelho, etc.
A equ ação genéti ca dos solos qu e, segu ndo Dokoutchaiev, é resultante de um sistema
de variáveis : clima, vegetação, rocha m atri z, a~pe cto topográfi co e tempo, levou Sibertev
a estabelecer a classificação zonal dos diferentes tipos de solos qu e aparecem na superfície
do globo. Os solos podem ser classificados segundo sua gênese, sua côr, sua composição
física, sua composiçfro ctuími ca. etc.
O solo é o resultado primordial da ação do clima sôb re as rochas ( ele modo geral ) .
Toma nd o-se em consideração êste fato temos seis ca tegorias de solos :
ú ·c1 { q uente . ... .. . . . ..... .. laterito
mr 0 tfri o ... . . ......... ..... podzólico
Subúmido . .. . ......... . ..... . . .. pradarias
Semi-árido ... . . . .. . .. . .. . ... . ... tchernozion
Quente ........ . ........... . .. . . solontchak
Áridos frio s .. . .. ......... .. . ... sierozion .
Ê stes solos chamam-se zo na is - grupados segundo dife re nt e~ tipos climáti cos, (suas
caracterís ti cas rnorfo lógi cas e pedogenéticas dependem elo clima ).

3Gí-l Dl CIONÁruO GEOLÓC JCO·GEOMORFOLÓG !CO


Algumas vêzes nãc é o clima, e sim a topogra fia qu e domina , nes te caso ele é
désig~a'élo de intcrzo nal. Finalm ente, se o fator rocha sobrepuja os outros, temos um solo
azonal ou li tossolo.
:)egundo a carta esqu cm{ttica elos solos elo mundo, ela autoria de G li nka, r ev ista por
V. Agalo noH, tctnos : l - solos de tundra, 2 - solos podzó licos•, 3 - so los escuros de
"H.amann" e solo am arelo, 4 - rcndzinas (so los carbonataelos humíferos), 5 - solos
degradados e lixiviaclos, 6 - tchernozions e solos elo mes mo tipo, 7 - solos castanho9 c
<.scuros, 8 - so los cinzentos c es tep e s·h<l ( sierozion), 9 - so los arenosos ele estepe desé r-
ticas, J O - solos verm elhos de es tep ·s· desérti cas, ll - dese rtos das latitudes temperadas
e subtropi cai s, 12 - solos verme lhos ele clima quente temperado , 13 - solos lateríti cos
c lateritos (c lima ~ubtropi ea l ) com preclominància de solos verm e lh os, 14 - latcritos e
solos Yermelh os lateríticos, com predomin ànci a dos Jatcritos, 15 - so los das regiões mon -
tanhosas ( zo nas verti cais).
O Prof. J l. Pratt di stribuiu os s·ulos segundo os climas ( pcdoclímax) ela seguinte
matwira: 1 - Solos das regiões fria s, 2 - Solos das regiões temperadas chu vos·as, 3 - Solos
das rl'giõcs m ecliterrúnl'as. 4 - Solos elas regiões áridas : es te pes c desertos, 5 - Solos das
fl orestas e sava nas equ atoriai s·. Êsses são os principais tipos d e so los segundo os diferentes
a utores. Gomo subsídio não devemos esqu ecer qu e dentro do quadro ge ral temos as va-
ria ções loca is d evid as it altitude, it ex posição, ao subsolo, às co ndi ·ões hidrológi cas, etc.
q ue vão influir nas diferenciações reg i o nai ~ . ( L•'ig. n ° 12S )
0 ,; so los tropi ca is ,1w reccram grand e distin ção dos países culoniz,td ores. Assim os in g l •~ses
na índi a e na Afri ca, os be l ga~ no Congo e r1as ilh a~ do oceano l'a..: ifico, os fran ceses na
África c na península da 1.1clochina procuram dar maior informaçãrJ no qur• tan ge ao
çam po da eclafologia trop ica l. Deve-se acrescr·nta r, no enta nto, rJUl' a mc1 io ri a cles,:es técnicos
1 ccebcu form ação adequada its- zo nas ll'rn peradas, encam ncl <1 sem pre com pess imismo os
solos intcrtropi eais t'tmi dos . f.~ nr·cessú rio qu e se dese nvolva ao mú:d mo o conhecim ento
edafo lóf!ico dos solos tropicais a fim de podermos lutar co m mai s d icic\ ncia co ntra o esgo-
tam ento rápido das tC'rras , r• eY itar q ue o processo de late ri za~·iio co ntinu e Hci lmentc
ace lerando o ::: parecint cn t·o d e concreções fer ru ginosas e de lateri tos .

Fig. n .O I 3S - Repartição geográfica dos difere ntes tipos zonais de solos: 1 - tundras; 2 - solos
poch.ASiicos e solos pardos; - 3 - tch c rnozion; 4 - so los esq ue léticos de mo nta nh as; 5 - solos mcd i-
t'crrfmeos; G - so los de es tepes e descrl'os; 7 - zo na lateríti ca. Os solos 3 c 6 co mpreendem os
pcdocillcicos c os 2 , 4. c 7 os pcda lfcrcs.

o, solos trop.ica is são, de modo geral, úcido9 e p ouco 1tcos em bases trocáveis. Nos
clim as intertropi ca is Ún1iclos temos o aparecimento de um a alteração qu e lhe é esp ecífica,
ou se ja a la tc r i za~·i'to e latcrito . Êstes processos ele a lteração aparecem un icamente nos
clim a~ intertropi cais úmidos, não es tand o ligados ao tipo de rocha. O laterito tem sido

369
definido por diversos autores e as opmwes são muito desencontrad as até ao presente. Em
certas condições especiais ele topografia, de vegetação e cli ma, temos o aparecimento ele
crosta lateríticas que afloram formando grandes carapaças fe rr u g in os ,l~ chamado ele bové
( têrmo Foula) pelos geólogos africanos. (Vide lateri.zação e /aterito) .
O solo é, por conseguinte a parte mais externa d a litosfera, e as ca rtas pedológicas,
usadas por geomorfólogos são raras. As cartas zonais, isto é, os es tudo; zonais dos solos não
têm grande valor científico, se não ve jamos o caso elo Brasil c;om 8 511 965 km' aparece
com apenas dois tipos: l - solos latcríti cos, 2 - solos solontch{lk.
SOLO ABC - diz-se dos solos em cujo perfil se enco ntra o hori zon te A, seguido dos ho-
ri zontes B e C .
SOLO AC - denominação usada para os perfis ele so lo qu e pos-s uem sàme nte os hori zo ntes
A e C. (Vide solo ABC) .
SOLO ALUVIAL ~ grupo ele solo azona l, constituído ele detri tos ou sedimentos q ue foram
arra ncado· de outras áreas mais a ltas e depositados em zonas mais baixas . Todavia é
necessário acrescentar que tal d epósito aluvial só passarú ú ca tegoria ele so lo, quando sofr er
eclafização do material.
SOLO ÁRIDO - pelíc ula de terra arável formada s<Jb um clima árido. Êste tipo de solo
é freqü entemente ri co em sais, sendo portanto alcalino. Os solos dêsse tipo, gerados nos
desertos qu entes, são chamados ele solontchak e os áridos fri os sieroz ion.
SOLO AZONAL - q ualquer grupo de solo, onde o perfil não se aprese nta perfeitamente
desenvolvido, havendo por conseguinte grande influência ela natureza geológica da rocha.
ou o tipo de topografi a. Vi de solo.
SOLO BIOLóGICO - vide solo
SOLO BC - di z-se dos solo9 q ue tiveram removidos pela erosão a capa ma is ex terna , isto
é, o hori zon te A. (Vide sul o ABC ).
SOLO CRU - o mes mo CJUe reaolito (vide) segu ndo a lgu ns pedólogos . Através do tempo
passa a so lo sc mimaduro e f inalmente senil.
SOLO GEOLóGICO - vide solo .
SOLO IMATURO - denom inação usada para os s<Jlos cujos perfi s não es tão co mpletamente
dese nvolvidos; o mes mo qu e solo iove m.
SOLO LA TERíTICO - gru po zonal de solos que surgem nas regiões intertropica is de clima
úmido com estações altern adas. O so lo adquire um a co loração avermelhada por ca usa ela
concentração do min éri o de ferro e da li xiviação das bases trocáveis, torn ando-o, assi m,
ácido,
SOLO MADURO - deno minação usada para os solos, cuj o perfil es tú perfeita mente de-
senvolvido e em equilíbrio com as co ndições ecológicas ambientais.
"SOLO OCEÂNICO" - denom inação dada às terras imersas, isto é, ao relêvo subm erso
ou das; bacias oceânicas, n ~o devendo se r confundida co m a denom inação solo no sentido
71eclológico. Geogràficarn ente, "solo oceâ nico" significa con fi guraçfto do relêvo submerso.
É o oposto de rel€oo do solo (vide) .

SOLONTCHÃK - grande grupo de solos zonais do clima árido q~ t c nt e . São salinos e


a lcali nos dev ido à concentração de sai9 solúveis na superfície.
SOLONIÉTZ - solon tchák em q ue a salinidade sódica predomina sôbre a cúlcica por fJ uestão
de natureza da roc ha- mãe ou em co nseqüência de cultivos co m irrigação, sem drenagem
perfeita.
SOPÉ - base d e u :n abrupto ou de uma elevação do terreno, ex.: so pé da fal ésia, sopé
da m ontanha, etc. O mesmo q ue aba (v ide).
SOTAVENTO - encos ta ab rigada do ve nto. Opos to a ba rlave nto (vide) . Do ponto de
vista da g~? om o rfologia , os procesó;OS ele meteori zação das rochas são b em diferentes nos

370 DJ CIO NÁ HLO CEOLÓC tCO - GEO MOHFOL ÓG I CO


clois tipos de encosta. Assim , nas encostas marítim as de barlavento h,1 o predomínio da
decomposição quím ica, enq uanto nas de so tavento p redomina a meteorização mecânica.
"SOTCH" - têrmo regional usado no Mac iço Central Francês para as grandes clolinas ela
úrea do Causses.
STOCK - vide estoque.
STRACTUlVI - o mes mo (jU C camada ( vide ).
SUBSEQüENTE ( rio ) - aq uêle qu e segue a clireção das camadas aproveitando li n ha~ de
mais fraca resistência, como juntas ou pla nos estrati gráfi cos, diáclases, falhas, etc. Por
causa clês te fato é tam bém chamado de ·rio direcional. Não se eleve confundir o rio conse-
qüente com o subseqüente, pois enqu anto o pri meiro corre segundo a clireção elo mergulho,
isto é, conseq üente à incli nação das camadas, o segundo corre na clireção elas ca m a d a ~
e form a-se em tempo subscqüente ao rio conseq üente. O perfi l transversal elos vales subse-
qüentes é ge r<!lmente <!Ssim étri co pdr causa elo tipo de es trutura inclinada cm q ue êle
entalha o seu leito.
S UBSEQüENTE (vale) - vid e subseq iien.te ( rio) .
SUBSILíCICA - denominação proposta por Clarke para as roc has q ue con têm pouca sílica,
co rrespon lendo assim às rochas básicas ( vide) .
SUBSOLO - corres ponde it par te qu e segue ao solo, ou melhor, ao horizonte A. O sub&olo
é pobre em matéria orgân ica e co nstituído principalmente ele material min eral, correspon-
dendo ao horizonte B elos perfi s ele solo. Sobrepõe-se ao ma nto de rocha decompos ta ou
regolito, isto é, o horizonte C .
SUBSTRACTUM FUNDAMENTAL - o mes mo qu e co mp le~·o brasileiro ou complexo cris-
talino, na geologia brasileira, e socle ou embasa mento na geologia, em geral.
"SUDDS" - denomin ação us·ada no alto Nilo (Egito ), p am as turfeiras (vide - turfa ).
SUL-AMAZôNICO (escudo) - denominação dada à velha pla ta forma cristalina, locali zada
ao sul da área amazôni ca . Luís F. d e Moraes Rêgo denominou-o de Arqueo-Atlâ.ntida
(vide ) e K. Cas tcr de Bóreo- Brasília .
SULFATARA - en 1anações gasosas ca rregadas de vapor cl 'úgua ele anidrid o su lfuroso e
gás sulfídri co, os C'juais ao se decomporem em contacto cm:n o ar dão origem aos· impor-
tantes depósitos ele enxôfre.
SUMIDOURO - depressões onde pode existir uma circul ação subterrânea à semelhança
elo aven (vide) .
SUPERFíCIE D E APLAINAMENTO - diz-se qu ando uma superfície de erosão corta
es truturas diversas, mostrando no entanto form as fracamente onduladas. Numa superfície
de erosão podemos encontrar formas levemente onduladas, mamelonadas e mesmo nive-
ladas . (Fig. n .0 14S )

Fig. n.o l4.S - Supe rfície de apla inamento ou de arrasamento, vcndo~ s e dois vales encaixados, por
causa ele uma re to mada de erosão, c urna pe quena crista {>roduzida por um dique.

OIC LO N ,\ R IO CEO LÓC I CO-GEOMOH FO L ÓC I CO 37 1


SUPEHFíCIE DE BASE - denomin ação proposta pelo general De La Noe e Emmanu el
De Margeri e para a superfí cie inclinada no sentido do nível d e base (vide ) com pequ enas
ondulações, as quais são produzidas p elas. planícies aluviais dos vales, qu e se encontram
em posição _r elativamente m ais baixa qu e as áreas próximas. Por conseguinte superfície
d e h ase pode ser, att' ce rto ponto, s·inônimo de peneplaní cie ( têrmu cri ado por \~T . M .
D avis ) .
SUPERFíCIE CAVEHNOSA - denominaçiio cL da por Brann er aos al1;énlos ( vide ), qu e
aparecem nuP1a superfície roch osa.
SUPEHFíCIE DE EROSÃO - área do relêvo com estruturas diversas·, aplainada ou cortada
de mod o indiferente pela erosão, dando u ma form a topográfi ca di scordante ela estrutura
( F ig. 11 . 0 15S ) . O mesmo qu e supe rfície d e aplainam e nto (vide) .

Fi J,.!. n .0 ] SS - S upe rfície topo gráfica horizonta l resu ltante do arrasament o de estrut uras d iversas.

SUPERFíCIE DE FALHA ou PLANO DE FALHA - é o plano ao longo do qu al se ve-


rifi ca o deslocamento dos compa rti me ntos de rochas.
SUPEHFíCIE D E FHICÇÃO - o mesmo que espelh o d e falha ( vide) .
SUPEH.FíCIE ESTR UTUHAL - aquela cuja topografi a coincide com a E'S trutura. Os tra-
ba lhos dos agent es en1>iV(lS nas nmssas de rochas dãu, neste caso, form as de relêvo qu e
coincidem com a es trutura geológica, colocando em destaqu e as cama das duras.
A expressão s11 perfície estnttttral foi introduzida na geografia física por E mmanuel de
Margcri e e de La Noe no li vro L es fm·m es d e termin, ass inalando a exi stência de super-
fí cies. terrestres de forma s próprias, resultantes da coi11 cí.il ência d e for·mas topog1·á[icas com
as form as estruturais, mesmo d epois da ação dos agentes exoclinàmicos. Por conseguinte
pode-se ter superfí cies estmturais resultantes ela própria gênese, ou ainda a ~ qu e fornm
subm etid as a açõcs din tun icas da erosão ou de deslocamentos.
SUPEHFíCIE PHIMITIV A ( 111fliiche elos gcomorfólogos alemães ) - di::-s·e da superfí cie
que existia antes do início do modelado feito pelos agentes erosivos. E , como di z Paul
]VIncar, a superfície dos - fundos submarinos antes ele sua emersão, ou as ~up e rfí c ies ele
corridas de lava no mom ento em qu e se acabam de formar. Na prática a superfície pri-
mitiv a não pode ser vista, já qu e a erosão é um fenômeno qu e se faz sentir em tôda a
superfí cie elo nosso planêta.
SUPERI MPOSIÇÃO - o mesmo qu e epigenia ( vide ) .
SUPERIMPOSTO - vide ep-igenia.
SUPEHSATURADA (rocha) - rocha magm.íti ca qu e contém silic'' cm excesso, d ando apa-
recimento ao quartzo, ex.: o granito.
SUPRACHUSTAL - rocha magm.ítica efusi va con solidada na parte superior da crosta
terrestre. A rocha supracru sta l constitui o oposto ela intmcn 1stal, que &e consolida no
intE' ri or ela cros ta.
SURRAIPA - denomin ação usada em Portugal para os horizontes ferruginosos qu e os
fran ceses chamam de alias, os inglêses de hat"Clpan e os alemães ele ortstein.
SUSPENSO (va le) - vide rio d e fo z suspe nsa, comum nas úreas ela morfologia glac i.íri a.

D IC !O NÁ HIO C EOLÓGlC O-G EOM OHF OLÓ G ICO


TABATINGA - termo regional usad o para d esignar argilas e m gera l, d e co lora\;Ões dive rsas.
Os indíge nas , porém , a usavam apenas para o barro branco, pois tin ga na língua tupi,
signifi ca branco.
TABULEIRO - forma topográfi ca de terreno qu e se asseme lh a a pl a nalto~, terminando
g eralme nte de form a abrupta. No nord este bras ile iro os tabuleiros a parecem ele modo
~er a ! em tôcla a costa . Paisagem el e topografi a plana, sedim enta r e d e baix a a ltitu d e tamb ém
;•parece na zo na cos te ira ela Bahia e elo Espírito Santo.
TABULEIRO CONTINENTAL - d enomin ação usad a pa ra d es ign a r a plataforma lito rânea
( vide) seg undo certos a utores.
TAFFONE ou NICHO - ca vidades h emisféricas cavad as. e m granito el e pa red es íngremes.
Os taffoni (plural d e taffon e ) aparecem ao longo d a costa ocid ental da ilh a ele Có rse~~·
( têrmo ori ginal corso) e par ti c ularm ente na Ba lagne d esértica. ~ste s bu racos ou ca vidad es
ap arecem ap enas n as p a red es próximas d a verti ca l, sendo qu e a parte a lta , isto é, a wper ..
fície mais ou me nos h ori zo ntal p a rece in tacta . Foram estud ados por Kirk Brya n e Jacqu es
Bourcart, se ndo gu e êste ú lt imo os disting uiu dos alvéolos ou erosão a lveolar q ue ta mb ém
pod e aparecer nas· superfícies m ais ou menos verti cais. Os taffoni e os alvéolos silo e le-
me ntos importantes ela pa isagem el a Córsega.
TAGUÁ - nome popu lar el as a rgilas alu viai s pre tas ou c i n ze nt a ~ escuras ela r arte su pe r-
ficial ele b an hados e <> lagad iços . É geralmente camad a supe rpos ta à t:-.ba tinga (vid e).
"TAIMBÉ" - o mesmo CJU C ·itaimbé (v ici e) .
TALCO - sili cato hidratado d e n •agnés io, co nte ndo por vêzes ferro. O talco é um prod uto
resulta nte ela a lteração elos segu intes min era is: piroxênios, anfibóli os, grana d as, o li vinas,
fe lclspa tos·, carbonatos, e tc.
O ta lco é um hiclrossili ca to, cuja fórmul a é a seguinte : 3 M g O , 4 SiO', I-FO. Ê le se
aproxima ela clorita sendo igua lm ente encont ra do nos xistos cri sta linos .
"TALHAD ÃO" - têm 10 reg ional elo sudoeste d e Mato Grosso u sado como sin ônimo cl ~
tombadouro, isto é, es<:a rpa ela frente el e ettes ta d a orla ocidenta l d a bacia do P aram\.
TALUDE - sup rfí cie inc linad a el o te rre no na base d e um morro ou ele um a e ncos ta d e
va le ond e se encontra um d epósito ele de tritos . O ta lud e é um têrmo topográ fico muito
usado e m geomorfologia a clguirinclo, por vêzes, sentido ge néti co quando seguido ele um
r1ualificati vo - ta lu d e estru tura l, el e erosão. ele acumulação, e tc. ( Vide de pósito d e talude ) .
TALUDE CONTINENTAL - região submarina qu e se estend e d e 200 a 1 000 m e tros
d e profundidad e e se encontra entre a plataforma continental e a zona abis.<al. O ta lud e
continental corres pond e à zo na q ue os biogeógrafos d e nominam el e batia/ ou hipoabissal
(vide ).
TALUDE INSULAR - zona d e clec]j ve elo relêvo subm a rino q ue vem em continuação au
planalto in s11lm· (vide). O talud e insula r li ga. por interm édio el e um fo rte dec li ve, a zona
do planalto i.nsulm· à zona abissal.

DLCIONÁRJ O GEOLÓGICO-GEo;>. rOHFOLÓCJCO 373


TALUDE MONOCLINAL denominação proposta po r J. Tri ca rt co mo sinônimo d·~
cuesta (vide ) ou côte.
TALUDE TECTôNICO - o mesmo qu e talus tectônico (vide) .
TALUS TECTôNICO - cscarpam ento produzido a uma fa lha .
TALVEGUE - linha de ma ior profundidade no leito f luvial. Res ulta da int er~ecção d o~
planos das verte ntes com dois sistemas de declives con vergentes; é o oposto da crista. O
t êrm o talvegue significa "caminho do vale" .
Num va le, its vêzes, podemos ter mais de um talvegue, co mo aco ntece no caso d o~
qu e são de fund o chato. Nos va les em V, só se observa a existência de um talvegue.
O estudo do talvegue é de grande importância morfológica, devendo ser traçado com
o máximo de exatid ão. Em q ualqu er região as águas norm almente se co ncentram nos tal-
vegues;. Por conseguinte, o talvegue é a linha qu e une os pontos mais profundos nu m
vale, e ond e se concentram as águas q ue desce m das vertentes . T opogràfica menle é a
linha ele menor decli ve entre as linhas de maior decli ve qu e repn'sentam as ,·erten tes, em
regiões acidentadas .
Nas p lanícies, onde a calha é muito l m g<~, muitas vezes não se di stin guem be m as
vertentes, de modo qu e n E'ste caso nfw podell!OS dize r qu e o talvcgue se ja a linha tl e
menor declive circund ada por linhas de mai or declividade.
TANTALITA - tan ta lato d e ferro e manganês, principal minério de t;\ntalo. Mineral raro,
apa recendo por vêzcs com a cassitE'rita e columbita. O Brasil ~ o ma ior prod utor mundi al
de ta ntali ta.
TAPANHOACA ' GA - denomina ção da qu al se ori ginou o lermo can ga (vide) .
TCHERNOZION - grupo d e solo zonal ele coloração negra, ri co em hum o, cuj a espessura
m édi a é de 1 metro, correspondendo a um clima quente e úm ido no verão e, fri o n0
inverno, co m um tapête vegetal compos·to de gramín eas ( estepE') . É uma terra m uito hca
para a agricultura.
Esta d enom inação foi tirada da região elo snl e centro da União Soviéti ca, se ndo cm
portu guês denominad a de terra. negra ( tchem o - negrum e, c ziom - terra no sentido de
gran de ex tensão ) e m assapé )Jrêto.
Os solos d êsse tipo são levemente alca li nos, devido ao fa to de a evaporação s·er mu ito
maior que a precipitação e a existf. nc ia do aq üíferu freú ti co a u111 a profnn diclaclc constan tt•
de a lgun9 m etros da superfície.
TECTÕNICA - ramo da geologia qu e estud a a movim entação ele ca madas, por efeito d ::-
fôrças endógenas causa ndo uma arquitetura especial do subsolo. A tectôni ca estud a tam-
bém o din amismo d as fôrças que interferem na mov imentação elas ca madas da crosta. O
mesmo que geologia m ecânica (vide ).
De mod o geral o resultado
d essas fôrças d á como co nseqü ên-
c ia o aparecimento d e dobras,
fa lhas, fratur as, lençóis de arras -
tamento, etc. ( F ig. n.0 1T) . Atu-
almente exis·te já uma certa cor-
rente de estud iosos que está
procurando fa zer dêste ramo da
geologia estrutural uma ciência
autônoma.
A tectônica pode ser defi-
• .-------.....1.._________:::.'-"'
nida como fêz o Prof. Bourcart, '-;,.;;,;:w-;;,-;~;-.:-
como simples descrição geométri-
ca das deformações da crosta F ig. n . 0 JT - Dobra-falha.
terrestre, e das diferentes teorias
que procuram exp licar o seu mecan i&mo . Por co nseguinte é tôda deform ação das rochas
oriundas de fôrças intern as.
TECTôNICO ( relêvo ) - vide 1·elêvo tectônico.

374 DIC IONÁ RI O GEO L ÓG JCO- GEQ ,\ 10 1\FOLÓC: ICO


TECTONISMO Q UEBRA NTÁ VEL - diz-se das formas ele relêvo oriund as principalmente
por causa d e fe nômenos de fa lhas e fraturas . Na fachad a atl ântica do planalto brasileiro
de sud este, pode-se ver os efeitos elo tectonismo quebran te nas serras elo Mar e ela Man-
ti queira, como b em demonstrou F. Huellan.

TECTONOSFERA - denominação dada por algu ns geólogos it reunião elas ca madas sial
e ima. E sta denominação advém do fato ele ser nestas du as ca madas que se realizam
os esforços· tectônicos cujo resultado é o aparecim ento das cadeias d e montan has .
TEMPO GEOLÓGICO - a noção de tempo em Geologia é um a noção capital, porque
va i p ermitir C0111preend er as diferentes t ransfo rmaçôes sofridas p ela p aisagem terrestre,
ele modo lento. :É graças a es ta concepção qu e a geologia modern a elo atualismo p ôde
antepor fortes argumentos à geo logia anti ga, catast1'0fism o. O desap arecimento de certos
fóss eis e o surgimento de outros só era comp reend ido através d e catástrofes. H oje, sab e-se
qu e êstes fatos e~t ão justamen te em função elo t empo.
A form ação ele grandes cadeias de montanhas, b em como o surgim ento de foss a ocupa-
elas p or ri os, tamb ém tiveram as mesmas ex plicações d adas p elos s·eguiclores ela corrente
elo catastrofismo. Esq ueciam-se êles do agente, ou me lh or, do fator mais i mport a nt~> qu e
é o tempo geológico
A noção ele tempo 6, p ois, fun damen tal em geo logia. E , não possu indo es ta ciência
meios precisos pa ra mcclir o tempo, costuma empregar a expressão geolàgi.came nte falando ,
com os acl jeti vos grande ou peq ueno, longo ou curto para designa r in tervalos ou lapsos,
qu e do ponto de vista hu mano sign ifica longos períodos. Assim um milhão de ano9, geo-
logicamente falando, p ode d izer resp eito a um lapso de tem po m latioamente cu.rto. D i-
ferentes processos silo 11 sados pa ra o cálculo da idade ela T erra p odemos grupá-los cm h·ês :
l - Processos geológicos: a) sa li niclacle elos oceanos; h ) sedim entação, c) des nud ação.
2 - Processos ast1·onômicos: a) p erd a d e calor elo So l e ela Terra, b ) evolução elas
órbitas dos planêtas e sa télites .
3 - Processos físicos ( método racl iogêni co).
Processos geológicos s·ão apli cados ao conh ecimento da idade ela T erra já soli dificada
c com sua atmosfera expur)!acla elo excesso elo vapor d'águ a. É fácil compree nder isso,
considerando-se o sistema solar e a ori gem elo globo terres tre.
O cálculo da idad e ela T erra, baseado na atual co ncentraç·ão salina elos oceanos, dari a
para a Terra, cem milh ões. de anos. Quanto ao processo ela sedimentação, é muito fa lho e,
co nsiderando-se q ue para a form ação ele uma camada ele 30 cm d e calcá ri o, são necessários
5 000 anos, os geólogos chega ram à conclusão ele que· a T erra teri a ele l bilhão e 500 mi-
lhões ele anos a 3 bilhões ele anos. O processo da d es nudação é tam b ém extremamente falho.
Os. processos astron ômicos consideram a massa flu ícla, iniciand o o p ercurso ele sua
órbi ta as tronômi ca. Ê les se· preoc upam em datar não só a idade ela T erra, propriamente
d ita, mas tamb ém a idade elo sistema solar. Pelo processo as tronômico que estuda a evo-
lução elas órb ita~ elos p lanêtas e elos satélites, chegou-se à conclusão, p elo estudo ela evo-
lução ela órbita do p lanêta Mercúrio, qu e o sistema solar teria a idade d e mil milhões a
dez milhões-, enquanto a Lua leri a como idade, quatro mi l milhôes ele anos.
Ainda no processo astronômi co, elevemos considerar a perda d.e calor elo sol e ela t erra.
Os p eríodos glaciais p arecem resultan tes elo desloca mento elo eixo ela terra em relação à
eclíti ca .
Quanto ao processo fís ico, consiste ~a aplicação elo ch amado m étodo radiogénico ou
elo hélio, ou ainda, ele Strutt, qu e diz res peito às transforma ções elos minerais raclioativos
em chumbo. Os elementos ele urânio e ele tório, na roc: ha, se des integram:
a - o w·ânio p rod uzindo os ch amados rádi o G
b - o tório produ zindo p or sua vez, o tório D .
Um á tomo ele urânio se desi ntegra e dá ori gem a: 8 átomos de h élio e a l átomo
de cihumbo
Um átomo de tório se desintegra e dá ori gem a: 6 átomos ele hélio e a 1 átomo de
chumbo.
D ês te~ 3 proc:essos, o mais importante é o físico, porque aplica o ch amado m étodo
racliogêni.co que é o ma is seguro p ara se datar a idade ela T erra.

DICIONÁRIO CEOLÓGJCO -GEOMORFOLÓGI CO 375


A totalid ade pois, dêsses processos é inteirame nte fa lha com exceção do radiogê nico,
baseado como di ssemos, na desintegraçã o a tôm ica dos átomos de urâ nio e de tório .
TEORIA DE WEGENER - vide translaçcio co ntinental .
TERCIÁRIO - vid e C enozóica ( era).
TERGO - o m es mo qu e cl'ista ou linha d e ctun eada ( vide).
TERMINAÇAO PERICLI 1AL - vide 7Jericlínal.
TERMINANTE DE EROSAO - têrm o proposto p or A. Philippson para o perfil de equi-
líb-rio (v ide) q ue atin giu a forma mais. reb aixada. O ri o, neste caso , tem fraca e nergia
e a penas transp orta pouca quantid ade de material em susp ensão, sem nenhum arrasta me nto.
Di z L euzinger q ue p or term-inante de emsão se deve e ntender a form a de p erfil de eq ui-
líbrio q ue chegou a se tornar pràtica.m ente invari ável.
TERMOMETAMORFISMO ou PillOMETAMORFISMO - é aquêle produzido p elo contato
de massa de rochas eruptivas aq uecidas, ocasiona ndo a s ~im o m etam o-rfismo de contato.
Nessas tra nsform ações pode-se verificar a alteração de p arte da massa das rochas e nca i-
xantes - exomorfism o, ou ainda a transform ação da própri a m assa e m fu ~ão, ocas iona ndo
o endomorf"ism o.
TERRA DIA TOMÃCEA - vide t;rípo li .
TERRA ARÁVEL - de nomin ação d ada à película de solo ;;uperfi cial hum oso, na q u al
existe um a vid a mi crobi a na q ue fornece os. elementos orgâni cos min erai s para os vege tais.
A terra a·rável é também cha mada de solo ag-ricu.ltural, terra vegetal ou simplesmente
solo, e correspon de ao horizonte A.
"TERRA CAíDA" - denomina ção dad a na reg ião a mazôni ca ao escavamento produzido
pelas águas elos ri os, fa zendo com q ue os barranco!'! se jam solap ados intensa mente, assu-
mindo p or vêzes aspecto ass ustador. Em alguns casos, podem-se ve r pedaçoY grandes el e
terra sofre re m desloca mentos· co mo se fôssem il has flutu antes .
TERRA DE ANGARA - vide A nga ra (continente) .
TERRA DE FULLER - de nomi nação da da a certas argil as q ue são usadas na re finação
el e ó leos. E stas argil as perte nce m ao g rupo da montemorilonita ( Vid e - argila ).
TERHA DE PORCELANA - o mes mo q ue catdün - (vide) , isto é, argila pura de côr
bra nca. Vide - .argila
TERRA E MERS A - o mesmo q ue úreas de relevo positivo, isto é, terras acima do nívd
méd io elos· m ares . ( Vid e - aiW:ude) .
"TERRA FIRM E" - e., l)l"essão usada pa ra os terrenos do b aixo pla nalto a mazônico, q ue
estão fom da :l~· ií o das •Íguas dos rio;.;. e da s marés.
TERHA IMERSA - a ntônim o de term em ersa ( vide ) . Mu itas vêzes as terras imers-as sãc
tratadas co mo á rea~> subm ersas ou solo oceânico, de modo genéri co.
TERRA NEGRA - vide tchem o::.io n. No Brasil as terras negras ou ta mbém te rras pre ta!:>
ocorrem , princip alme nte, na úrca ama zôn ica e no Ri o Grande elo Sul.
"TERRA POENTA" - denom in ação regional dada a um dos mais ri cos solos elo estado
de Min as G er a i ~ - muni cí pio de Pa tos - A terra poe nta ocupa a lguns mi lha res de q ui-
lômetros q uadrados, e é res ulta nte da decomposição el e tufo ~ vulcà ni cos, geolàgicamente
recentes, q ue se acha m mi stu rados com arenitos.
TERRA PHETA o mes mo C[ ue t erra neg-ra ( vid e) .
TERRA HOSSA so!o oriundo da clcc:J mp o>ição elo calcário. Vi de rendzin11.
TEHRA ROXA - de nomi nação p opular dad a e m São Pa ulo às arg ilas férteis ele coloraçã<>
vermelh a ou roxa, resulta ntes el a d eco mpo sição d e rochas bás ica9 como: b asaltos, clia básio,
etc. o su l do Brasil. as te rras roxas res ultara m da decompos ição sofrid a p elo derram e
basúlti co - trapp do Paraná - ocorrido na e ra secund á ri a ( período T ri áss ico).

37(1 D ICJOKAH IO G E OLÓG ICO - GEOi\ fOH FOLÓG ICO.


A terra roxa constitui solos lateríti cos muito ricos em matéria orgamca, porém, quando
expos·tos à erosão, por ocasião do seu aproveitamento com culturas abertas, fàcilmente se
degrada, sendo difícil a sua recuperação.
TERRA VEGETAL - o mesmo que terra arâvel, solo agr·icultuml ou solo. É co nstituída
p ela película supe rfi cial de solo na qual existe uma vida mi crobi ana . A terra vegetal é
por conseguinte, 1·estrita apenas aos hori zon tes mais superfici ais . (Vide solo).
TERRAÇO - s-uperfície horizontal ou levemente inclinada, constituída por depósito sed t-
mentar, ou superfície topográfica modelada pela erosão fluvial, marinha ou lacustre e limi-
tada por dois declives do mesmo sentido. É por conseguinte, uma banqueta ou patamar
interrompendo um declive contínuo (Fig. n. 0 2T) . Os terraços aparecem com mais fn:-
(jÜencia ao longo dos rios , ou ainda na borda dos lagos, lagoas e mesmo ao longo do
litoral. Podemos classifica r os terraços em: flu viais, mari.nhos, la custres, estruturais, etc.

RUTURA OE
DECLIVE

Fi g. n. 0 2T - Terraços flu v rars.

E s·tuda ndo o Quatern úrio, vamos observar a existência de vários movimentos, uns nega-
tivos, isto é, car;l cterizados pe lo recuo das águas do mar; outros positivos, pelo avanço do
oceano sôbre as saperfícies emersas. As diferentes oscilações do nível do mar são ates-
tadas pela existência de depósitos de origem marinha, como é o cas-o das praias suspensas,
ou terraços, ou então, dos ca'!.YOns submarinos, das ri as, etc. O problema das 'praias sus-
pensas-" tem suscitado grand es disc ussões entre eustatistas e epirogenistas. Para os eus-
tatistas, uma transgressão marinha é ca racteri zada pela superpos ição de um depósito de
orige m marinha ~ôbre uma superfície terrestre emersa. O Prof. Arnold H eim procurou
fazer no seu estudo Problemas de erosión submarina lf sedimentación pelágica del presentq
lf del pasado uma di stin ção para as qu estões referentes a êstes depósitos. Propõe o têrm o
tra·nsm ersion., para as supe rífcies terrestres, onde s-e encontrem êsses depósitos marinhos, cuj;l
origem se ja apenas a ela subida elo nível das águas elo mar, sem qu e tenha havido movi-
men to do continente. A terminologia pa ra êstes movimentos é muito rica, e a lgu ns d enc-
minam ele movimentos " hiclrocrúti cos", o abaixamento da costa; e os leva ntam ento9 sãa
"geocráticos" . A li ás, na prática, é muito difícil se comprovar se se trata ele um movimentJ
da parte sólida emersa, ou ela parte sólida imersa, ou simplesmente elo nível d as águas
oceân icas. o ~ qu e sfw epiroge nistas procuram explicar todos os mov im entos do litoral como
sendo exclusiva mente devidos aos movimentos do continente. Os movimentos epirogênicos
são harmoniosos co m Ofl princípios ela isostasia e, em certos casos, há uma relação íntima
entre a orogênese e a epirogê nese, como justifi ca m, os trabalhos de C eer, Hamsay e ou tros,
sobre a E sca ndin ávia, F inlândia e Ca nadá. Outro9 geólogos, como Issel, L ye ll, L eopoldo
de Buch, os consideram como sendo d evidos aos tremores ele terras, e os denominaram de
Bradíssimo. Quan to aos canyons submarinos existentes, nas plataformas co ntinenta is (mar-
gem con tin ental de Bourca rt ) são ori ginados. pela erosão subaárea. Es tas ex pli cações
foram dadas pelo Prof. Bourcart. Mais tard e, o seu di scí pulo Francis-Boeuf, ao estudar as
rias bretãs, descobriu a existência ele meandros encaixados, subm ersos, qu e sàmente po-
deriam ter sido cavados pela erosão fluvia l. Já Émi le Haug, em se u tratado ele geologia,
tinha emitido um a hipótese se melhante à de Bourcart, quando di z qu e a maiori a
elos rios que se la nçam no Atlftn tico, co ntinuam por um leito subm arino cavado na
plataforma continental, cuja explicação plausível, é a ele ter havido um a imersão ela borda
continental, após. a mes ma ter sofrid o a erosão produ zida pelos val es. Éste é um argu -

OI C IONARIO GEO LÓGI CO-CEO M OHFOLÓC: IC O 377


mento muito im portante p ara comprovar favoràvelmente a hipótese da "F iex ura Conti ·
nenta l" de Bourca rt . Outros procuram explicar os conyons subm arin os com o devidos
à existência de falhas; mas, cabe no entanto , assinalar qu e geralmente, não se encontra
diferença de ní vel entre as du as margens do canyon, e além do mais, a existência dêsses
m eandros encaixados é mais um argum ento p ara se supor a erosão flu vial, como primeiro
agente, e qu e o litora l atu almente, está submerso graças à sua deform ação pela flexura,
O geólogo portu guês Freire d e Andrade diz, qu e, na foz dos rim;, os vales sub marinos são
relati vamente freq üentes. Quando de pequ ena profundidn :le, são produ zidos p ela erosão
provocada pela corrente rápida d êsses rios nos sedim entos flu viais d epositados no fundo
do mar, junto à foz. Quando êsses vales passam a ter p rofundid ad e superi or a 40 metros
já não ~ provável resultarem d a simples ação das águas correntes q ue desaguam no mar.
Muito representam acidentes o:eográfi cos de a nti gas cos tas submersas. Aliás, esta hipótese,
devido à erosão sub aércn, é a ma is aceita em nossos di a~. Al guns vak s são a co ntinuação
nítid a ele outros existentes na superfí cie terrestre, havendo também,. os de origem tectônic<1
r1u e têm correspond entes na superfí cie emersa .
Há um certo número de provas geológicas e geomo rfológicas gue dão indi cação para
o traçado elo!; litorais elos diversos ní veis, segundo o p erío do d a história fí sica d a terno
q ue es tejamos co nsiderando. D e m aneira sumá ri a temos :
1 - "L acun a estrati gráfi ca", isto é, falta de um a camad a na séri e norm al dos terrenos.
2 - "Corrosão ou alteração no li mite de duas camadas" . Se tiverm os um a camada
perfurada de moluscos é ind ício de q ue ela é d e ori gem subm arina e de pequ ena profun-
d idade. E sta9 ca vidad es qu e até bem pouco tempo constitu íram u m ind ício seguro e sem
contestaç-ão, hoje já estão sendo moti vos de controvérsias. Bigarella diz que a bibliografi a
exi~ t e nl e no C] Ue se refere à biologia clês tes eg ui noderm as, não con tém inform ações satis-
fa tórias sôbre a possibilidade de êlcs- viverem fo ra d 'água, durante certo tempo. D o que
se conhece rea lme nte sôbre a respiração d êsses anim ais, sabemos qu e não são capazes de
rl'sistir nor malmente fora d ' água, entre os interva loSo elas m arés.
e a ca mada além d e perfurada, estiver altera da, trata-se de um a zona de sedi men-
tação marinh a, hoje emersa .
3 - "I ntercalações de camad as de ori gem marinh a e con tin ental". Pode-se encontra r
entre d uas ca madas de ori ge m m arinh a, u ma contin ental, o q ue atesta, neste caso, mo vi-
melltos ele subidas e des·cidas elo oceano.
4 - "Conglomerado ele b ase" é u rn a fo rmação detrítica d e elementos grandes q u <l
marcam o in ício de u ma invasão marinha.
5 - "A form a topográ fi ca de superf ícies horizo ntais ou sub -horizo ntais" q ue abrau-
gem longas extensões na bord a do li toral, também pode se rvir para caracteri zar um nível
( em ertos casos, por analogia) .
6 - "Discord ància angular na sedim en tação" (em certos casos) . Para a xplicação d as
diversas praias suspensas e elas linhas litorâneas· fósseis qu e se encon tram num litoral, nada
mais rac ional, q ue procurar a existência de m ovimentos, quer do meio líquido, qu er da
parte sólida emersa e submersa. Os fós-seis m ari nhos qu atern ários, a pouca di stância do
litora l, constitu em, inco ntes tú velmente, a prova J e que o mar a í es·têve presente.
7 Grutas m a rinh ~.s emersas.
8 - F uros de ouri ços.
9 - Além elas provas citadas temos as do relêvo imerso - canyons subm arinos. etc.
D eve-se a inda levar em consideração qu e é extremamente di fícil determin ar a extensfto
máxima de u ma transgressão, pois, a ablação feita pelas águas correntes e os diferent es
processos de alteração agem imedi atamente. A tendência natural d êsse trabalho erosivo
s·erá para o desaparecimento das anti gas linh as do litoral, e a subsistência de um pequ eno
testemunho dos depósitos trans gressivos .
O problema dos terraços m arinh os tem d eixado grande margem para di scussão, quer
para os eustatistas, quer para os epi rogenistas. D eperet e o general d e L a Mothe são os
iniciadores ele uma class ificação de terraços qu e podem es tar encaixados segundo as dife-
rentes vari ações do nível do mar ( F ig. n. 0 3T ), no deco rrer d o Quatern ário, e que são
representados pelos s·eguintes níveis:
1) 80 a 100 Jll Siciliano ( form ação do gôlfo de Palermo, na Sicília );
2) 55 a 60 m Milazziano ( definid o em Mi lazzo, nas cos-tas da Sicília ) ;
3) 30 a 35 m Tirreniano;
4) 19 a 20 m Monas teri ano ;
5) 2 a 6 m F landriano (Fig. n.O 3T ) .

378 DI CTONÁ TIIO GEO LÓG l CO -GEO llo(QllFOLÓG! CO


Fig. n .o 3 T - Nível dos terraços, segu ndo os e us tat istns.

O siciliano L' cdral:tcri zado por ter sua fauna intimamente ligada no Plioccno superior
d as regiões da Calúbria, sendo a inda de notar o desaparecimento de a lguns fó sei e n
aparecimento de espécies Frias, como a Cyclrena islandia no Mediterrâneo, etc. A jazida
típi ca dêsse andar e encontra no gôlfo de Palermo, num ma r cujo nível es tari a ent re 80
a 100 metros acima do nível atual.
O milazziano, segu nd o alguns, ainda não es tá sufici en teme nte definido e, p or esta
ra zão colocam -se juntamente com o siciliano. O Prof. H. Furon , na sua Paleografia, diz que
os terraços sicili anos· estã o na altitude média de 60 a 100 metros. O tirreniano é a época
da fauna quen te de StrombP-s no Mediterrâneo, e começa co m o segundo interglacial ( Min-
dei-Elster). A faun a é composta p elos Elephas ant-iquas, M amouth, Hh.in oceros M e rchi e
Hipp opotamus maior, etc.
Finalmente, a transgressão flandri ana cobriu tôda a plataforma emersa durante o palc,;-
lítico superi or; es ta é a idade da rena e do mamute.
Essas dife ren te~: co tas 1nos trarn a importância da variação, tend o es ta diferido profun-
damente de um a transgressão para a outra.
Antes de expor a nova explicação forn ecida pelo Prof. Bolll·cart, a respeito dos ter-
raços marinhos e dos. ccmyons su bmarinos, ve jamos alguns exemplos citados p elo Prof.
Fmon na sua Paleogeogm.fia . O terreno do Plioccno superior, que está a 150 metros de
altitude em Montpellier, está a 500 metros nos Apeninos e 1 000 metros na Calábria e
na Sicília; um terraço quaternário, tirren iano qu e es tú na co ta de 30 metros ao largo
elo cabo Creus, está a 100 metros em Heggio, na Caláb ria e a mais de 350 metros no
istmo de Corinto. :E:ste si ncronismo de depósito deve ter sido feito com um pa ra lelismo
das cotas. Como comp reend er, no entanto, êstes terraços m ar inho , litolàgicamente igun is,
mas que, em virtud e ele deformação posterior, foram colocados em níveis diferentes? Fc (
levando em considera ão ês tes fatos na cos tas do Mar rocos e de Portuga l, que o Prof.
Boucart criou a sua "Teoria da Flexura Continental". Os exemplos citados poderão dar
margens a di scussões, pois, a zo na referida está justame nte ao longo de regiões que so-
freram grandes movimentos tectônicos, cuja paralisação não podemos assegurar es tar per-
feitamente reali zada em nossos dias. O qu e a teoria da fl ex ura co ntinental ainda não
conseguiu explica r é a razão da existência de certos níveis, .cuja altitude parece ser uni-
vers·a l. Ali ás, é esta a razão qu e tem levado certos especialistas em terraços, a manter o
entusi as mo pelo eustatismo. O Prof. Trica rt, na fa lta de uma teor ia mais concreta, lançou
mão, ele maneira provi3Óri a, da teoria elo eus·tatismo juntamen te com a de terraços de origem
climática, para ex plicar certas deformações nos depósitos aluviais dos terraços da bacia
de Pa ri ~.
Acreditam os qu e tan to o eustatismo como a flcx ura têm muito a dar cm benefí cio
do conhecimento mais amp lo das praias suspensas. Uma não exc lui a outra, pelo contrário ,
completam -se.
A teori a ela 'fl ex ura continental" procura ex plica r estas plages so uleuées em fun ção
ela deforma ção da zona li torân ea. E la é definida por um eixo anticli nal, separada da parte
deprimida sinclinal pelo "eixo ela f lexura" (figs. ns . 4T e 5T). A fl exura continental é a
zo na onde o continente c o fundo elos oceanos mudam o sent ido do declive. Se o eixo da

DICIONÁRIO GEOLÓO ICO-GEOM011FOLÓOICO 379


fl exura é qu ase vertical, temos um indício de qu e as diferenças hipsométricas entre o
continente e o oceano são fracas, sendo tôcla mudança do nível elo mar, traduzida por wn
avanço ou recuo elo eixo ela fl exura. Bourcart mostra, ainda, que todo aum ento ou dimi-
nuição ela curvatura continental nesta teoria acarreta, concomitantemente, a da curvatura
do fundo elos oceanos . resu lta cons-eqü entemente um a modificação da inclinação do eixo
da fl exura e ainda o nível do oceano.

Fig. n . 0 4T Fig. n. 0 5T

O termo terraço é usado em geologia e em geomorfologia tamb ém como expl.icaçiio


de formas horizontais e sub-horizontais, cuja gênese é bem diferente da que seguimos aqui,
procurando adotar o critério segu ido pela Comissão da União Geográfica Internacionai
encarregada do estudo dos terraços e da ~ superfí cies de erosão.
TERRAÇOS DE CONCREÇÕES - denominação muito pouco comum , adotacla por certos
<illtores para as superfícies- relativamente planas, onde aparecem concreções calcárias , silico-
sas, etc. Incluem-se ainda os terraços constituídos de travertino ( vide ) neste grupo.
TERRAÇO DE FALHA - superfíci ey hori zontais ou mais comumente inclinadas que são
d es locada ~ por fall1amento e desniveladas , isto é, colocadas em altitudes diversas. Uma
·u.esta sendo fa lhada pode dar aparecimento a ês te tipo de terraço. Todavia preferimos
continu ar a adotar o tênno terraço, como foi definido pela Comissão da União G eográfic ;:~
Internacional, de tal estudo, e das superfícies de erosão. (Vide terraço).
Os cham ados terraços de fa lhas são confundidos, em certas regiões·, com os degraus de
falha, sendo porém es ta confusão injustificável.
TERRAÇOS DE LOESS - designação muito imp1 ecisa usada para qualquer tipo de terra (,>O
ou mesmo superfície topográfica relativamente plana, desde que esteja coberta por mna
camada de loess . Algumas vêzes pode o terraço de loess resultar do escavamento realizado
pela erosão num manto dêsse material, dando assim um degrau de erosão, ao invés de
depósito de loess sôbre uma superfície topográfica já modelada. Podem-se tamb ém en-
contrar degrau9 de falhas afetando zonas cobertas pelo loess, dando aparecimento a su-
perfí cies desniveladas, qu e algun s autores denominam ele terraços de loess.
TERRAÇO ESTRUTURAL - superfícies estruturais resultantes da desnudação de cama-
elas tenras . Os terraços es truturais são também denominados por alguns autores de terra.-
ços tectônicos (vide ). É preciso frisar todavia que o conceito de t e·rraço est·m tuml cons-
titui ainda uma noção duvidosa, diante da atu al concepção de terraços (vide) .
TERRAÇO FLUVIAL depósitos aluviais qu e se encontram nas encostas de um val e.
V. terraço.
TERRAÇO INFElUOR denominação usada por ce rtos autores para o leito maior (vide I
dos rios , ou banqu.eta.
TERRAÇO LACUSTRE - vide tenaço.
TERRAÇO MARINHO - depósito sedim entar de origem marinha situad o acima do niH' l
médio atual. Vide ter·raço.
TERRAÇO MORÃINICO - resulta do acúmulo ele material transportado pelas geleiras ou
mais especificamente, pelas mo·rai11as laterais abandonadas pelas retiradas elos glaciais.

380 DICIONÁHTO GEOLÓGICO-CEOMORFOL ÓG ICO


TERRAÇO TECTÕNICO ou ESTH.UTURAL - con~titui superfícies dobradas, escalonada>,
porém num sistema de camadas- inclinadas e às vêzes deitadas ou quase horizontais.
TERREMOTO - vi brações das camadas da crosta da terra prod uzidas pelo tremor e oriur. -
das de fenôm enos tectôni cos cu vulcâni cos . Ess,ls vibra ções são produ zidas por ondas lon-
gitudinais e transversais. As primeiras· se propagam com a velocidade aproximada de 13 km
por segundo , enquanto as segundas, 7 km.
As vibra ções quando fra cas não são notadas pelo homem , sendo porém registradas p elos
sismógrafos, denominando-se ele m'icrossismos. - Quando fo rtes, ocasionam grandes es tra-
gos m:. teri a is, destruindo casas e 111atando a população elas regiões asso ladas.
TEH.REMOTO D E CAHSTE - di z-se elos< aba los ela crosta terres tre ori undos dos desmoro-
name ntos em terrenos ea lcúrios. São tamuém co nh ecidos por pseud os terremotos.
TERRENO - depósito ele substâncias m inerais ou m inerali zftclas< acumulad as no decorrer
dos diversos períodos ela históri a fí s·ica da terra.
Os terrenos geológicos se su bdi vi dem em: eras, períodos, (•pocas, idades e fas es - se
gunclo o cri tério cronológico; e cm: grupos, .~ i s t e mas, séri es, <tndares, asscntarlas - segun clc
o critéri o es trati gráfico .
TERHENO ACIDENTADO vid e ociden te elo relt\,·o.
TEHHENO MOVIMENTADO - deno minação empregada pam as formas topográficas ele
terrenos fracamente onclulaclos, ~c m qu e corresponda todav ia a dobram entos. D e mocl u
gera l usa-se a denom inação ele te rre11o o ndulado quando se desc reve a paisagem , isto é,
não se leva ndo em con ta a es trutura elas fo rmas ele relevo .
TEH.RENO ONDULADO - o mesmo qu e relévo o ndulado (vide ).
TERRíGENO (sedimento ) - detritos de rochas cos teiras arrancados do co ntin ente e de-
positados sob a forma ele lalllas ou argilas a pouca d istància elo li to ra l. Êsse material é,
geralmente, ainda, um pouco grosseiro, revelando a proximidade da linh a da costa.
"TÊSO'' - nom e dado na região amazôn ica às elevações qu e fi cam fora do alcance elas
úguas por ocasião da~ inundações. Os tesos são também chamados ele, modo geral, ele
f'inn es. Na 1·egião das ilhas c no litoral elo Parú c Amapú os tesos tem a a ltura de 6 a
15 m etros, cons tituind o níveis ele terraços os quais se encontram, por vêzes, capeados pelo
o-renilo pc11'á qu e resistiu ao tTabalho ele dissecação fei to pela erns·ão . Ês tes níve is de ter-
mços ~ i\o também chama(los '11Íve is de Ma rajá.
TESTEMU 1HO - res to de anti gas superfíci es eroclidas - b ull e te moín elos fr anceses,
mnnodnoch do americano . São de grand e importància para a geomorfo logia, pois gra-
ças a t1les é possível a reco nstitu ição dos ciclos erosivo9. Apresentam forma tabular quan-
do a es trutura é hori zo ntal e ele cristas, quando inclinada ( F igs. ns. 6T e 7T).

--- Tt.STE.NUNHOS

\
'-.

"'
+ + ·+ + + + + + + + -+
+++++++++-+ + + + +
+ + +++
1· t +
+ t + t

Fig. n. 0 6T - Teste munhos.

?\o centro-oeste brasileiro apa recem testemunh os constituindo grandes " mesas", gra-
ças ao traba lho erosivo, numa es trutma tab ul ar.
TESTEMUNHO PEHICLINAL - diz-se das lâm inas que res taram do arrasamen to reali-
zado p ela erosão num an ti clíneo ou m esmo num peq ueno pedaço de sinclinal. Neste último
caso, na :nea onde existe êste fenômeno, há làgicamente uma inversão de relêvo.

D IC ION ,\ H 10 G EO I .ÓGJ CO-GEOl\ 10 1\FOLÓGlCO 381


Fig. n. 0 7T - Testemunho na área de chapadas, e m Poxore u, Mato Grosso.
(F oto <lo CNG )

TETO OROGRÃFICO - denominação usada na descri ção da paisagem para mac iço elevado
ou planalto, como o l tatiaia ou o pontão do Bandeira p:Jr exemplo.

TEXTURA - maneira co mo os minerais se orp:a ni zam e se di spõem nas rochas. Nas ro-
eh as eruptivas podemo9 distinguir os seguintes tipos : 1 granular, 2 - porfiróide ( miero·
lítico e microgranu lar ), 3 - vítrea .
A textura granular típi ca dos granitos, é com posta d e grãos· pec1uenos, tendo a crista-
li zação se reali zado lentamente e a certa profundidade. Na t extttra porfiTóide houve dois
tem pos de cri stalização : na microlita a cristalização se processou sob form a de agulhas
fin as, que para serem estudada~ necessitam do emprêgo de microscópio, e na microgramdar
observa-se a fonJla ção de cri stais maiores integ rados na massa mais fina. Na textura
vít·rea não se nota forma ção de cri stais
A distinção por nós adotada entre textura e estrutura, bem corno a nomenclatura em-
pregada ainda não constituem punto pacifico . Algun s denomin am a textura granu lar de
fan erítica e as porfiroi da is, de porfí-rica-afanítica.
Estas classificações geológicas têm a seguinte importância morfológica :
1 - As rochas holocristalinas são, em gera l, as mais re:.·isten tes à erosão. 2 - As roch as
de textura equigranular de minerais muito pequenos revelam, geralm ente, consolidação a
pouca profundidade. 3 - As texturas porfiróides do tipo mi crogranular revelam cristali za·
ção mais profund a. 4 - A9 de textura vítrea sfw as efusivas. 5 - Quanto ao tipo de tex tura,
a erosão diferencial se vai manifestar, com mais difi culdade, nas granulares e com mais
facilidad e nas microgranulares . 6 - A decomposição quí mica se fará mais fàci lmente sôbri.)
as rochas porfiroidais e mais diflcilmente sôbre as d e tex tura granular.
D evemos ainda considerar certas complicações que aparecem , co mo a de texturas iguais
reagirem de maneira diferente à erosão. Porém embora m acroscopicamente elas sejam
iguais, pode-s·e observar no microscópico q ~1 e as diferenciações de reação aos agentes

382 D LC IO N ,\ m o Gli:OLÓG I C<l-C:EOMORFO LÓGI CO


erosivos es tão em função ele cliácla es microscópicas existentes nos c ri ~ t a i s, devido a sforço
tectônicos.
Nas rochas sed imentares podemos ter os seguint s tipos ele textura: 1. - granular -
grânul os que se associam (rocha elástica); 2 - amorfas - formadas p ela precipitação
quím ica· ( rocha de pr cipita ão ) . Nas rochas biogênicas pode-se ver tamb ém a t extura
ela rocha, qu e se acha marcada pelo9 ves tígios elo organismos. A textura, elas rochas edi-
mentares pode ser res umida elo seguinte modo: 1 - gmnula·r, 2 - g1'(l n:u.losa, 3 - sa.cam'idal,
4 - oolítica, 5 - conglomerática, 6 - bmchoidal.
As rochas metamórfi cas poss uem tamb ém três tipo ess·enciais ele textura : 1 - c1'i tal
oblásti.ca; 2 - granob lástica (cristais de iguais dim ensões ); 3 - poTf·iToblásUca ( cristais
cl tamanho diferen tes - dois tempos ele cristalização ) .
THALWEG - vocábulo de origem alemã significando caminho do vale. Vide talvegue.
TlJUCO - denomi nação regiona l ela Amazônia usada como sinônimo d lama gulosa
(vide) ou vasa ( vide) . Tijuco é um vo cábulo tu pi cujo sig ni ficado é líquido corr upto nu
pod re.
TILITO - s dimento de origem glacial consolidado e não e tratificado. É cons tiluído de
arg ilas com material finíssimo, juntamente com seixos arredondados e es triadas. Os depó-
sitos de tilito ocorreram em vários p eríodos geológicos. lo sul do Brasil temos tilitos de
idade perm ocarbonífera. Os tilitos são também chamados- ele conglomerado glaciário .
TILL - depósito clásti o não consolidado, originado do tra nspor te f ito pelas geleiras -
pri ncip aLJlente as morenas intern as e basais ( Fig. n ° 8T ) . A consolidação d êss·e m aterial
pré-pleistocênico dá ap arecimento a um ti po ele rocha chamada tilito (vide).

l''ig. n .0 ST - Na depressão pe rifé rica (v ide) I>crm oca rboníJe ra do sul do Brasil, p ode-se ' 'Cr cm
certos locais, como nas proximidades de Itu (São Paulo) os e fe itos da glacia ão do fim d o Pal e oz6 ico
Na foto abaixo focali zamos um dobrame nto cm varvitos c ti litos prod uz ido pe la m_ov irnentaç5o das
massas de gêlo.
(F oto Tibor Jablonsl.;y do CN G )
TINTEIRO - denominação usada p elos garimpeiros p ara o pó fino de magnetita que apa-
rece nas forma ções, como satélite indicadores da existência de di amantes. Em certas lavra s
diamant íferas é tamb ém denom inado de esmeril.
TJALE - têrmo sueco usado para os solos. gelados . Tricart, diz que se deve preferir o
têrmo pergel-issolo (v ide), já qu e o têm1o t;ale é também aplicado aos s-olos qu e d egelam .
"TOMBADOR" - d enominação usada para lugares íngremes elas encostas ele um a colina
ou montanha e também p ara as próprias montanhas. Neste particular desejamos destacar
a serra elo Tombador, a oes te ele Jacob in a, no estado ela Bahia.
TôMBOLO - é denominação proposta por Gulliver para as l ínguas 0'.1' fl echas de areia
e seixos li gando uma il ha a um contin ente. Os tômbolas conhecidos podem s·er: simples,
cluplos e triplos. Como exem plo podemos citar os tômbolos elo Monte Argentário, a p E'-
nír: sul n ele Quiberona e Ciens. Na Guanabara existem v:1rios tômbolas fósseis, isto é, pro-
fundam en te mod ificado. Como exemplo citaríamos o tômbola em formação ela Pedra ele
Guarat iha .
TôPO - di z-se da parte mais elevada de um morro ou ele uma elevação. Usa-se, algum as
vêzes, como sinônimo d e cum e. É um têrmo descritivo sendo co mum dizer-se : no tôpo do
morro, no tôpo ela montanha, no tôpo elo planalto, etc.
TOPOGRAFIA - diz res pei to à altitude e aos decli ves . A topografia é a arte ele representar,
cm um a fôlh a ele p apel, um a determinad a área el a superfície do globo terrestre com todos
os pormenores naturais (paisagem física) e artificiais (paisagem ~u l tura l ) que aí se en-
::on tram. A topografia pode ser d ividi da do seguinte modo:
I Topologia
II Topometria {Planimetria
Altimetri a

III D ese nho topográfico


A topologia a geologia são duas• ciencias inclispens:í veis à geomorfologia, co mo exem-
plo podemos citar a importante obra : Les for-m es du tet-ra in ele Emmanu el D e Margerie
( geó lo~;o) e general D e La Noc ( topógrafo ) . No d izer de D e Martonne a topografia é
mais do 1]11-e 1111U/. ciência. auxiliar da geom.orfologia é a própria base d o' estudo do relêvo".
Também Frederi co Machatschek com entando êste fato , ao se referir aos mapas ele grande;;
escalas diz: "um b om mapa topográfico re presenta, até certo p onto, um mapa morfológico"
( Geonw-rfologia pág. 7).
TOPOGRAFIA ARGILOSA - di z respeito ao modelado em terrenos argilosos. O mesmo
qu e morfologia das argilas . Poderíamos aqu i colocar todos os tipos de rocha e tratarmJ>
das formas• que lhe são específicas. Significa, por conseguinte, o estudo das for mas de relêvo
consid erando a natureza das rochas e os diferentes agentes elo modelado.
TOPOGRAFIA GRANíTICA - deno min ação u sada como sinônimo ele formas de relêvo
nas rochas graníticas. Por co nsegn inte, a topografia granítica é sinônimo de morfologia
elos g ranitos .
TóiUO - meta l ra dioativn t'xistente nas areias monazíticas, sendo mais abundante que
o urân io. Tem sido usado na energia atômica apenas· nas p esquis as, embora se presum \l
sua utili zação como ma téria-pri ma na fabricação da bomba atômica (vide monazi.ta).
TOBRENTE - cursos· d'água p eriódicos produzidos por enx urradas selvagens, algumas vf- -
zes de grande violência. O regim e hidrográfico dêsse9 ri os frustras é temporário e espasmó-
dico, realizando-se apenas p or ocasião das chuva9. Nas torrentes encon tramos por algum a'
horas ou po r alg uns d ia' a concentração temporária da antiga água de escoamento superfi cial.
Por isto as denominamos de ri ns frustras temporários, de p equ eno p ercurso e de um de-
cli ve longitudinal forte. A p equena depressão onde se concentram as águas ele escoa-
mento superficial é a bacia de mcepção (Fig. n .0 9T) . Essas águas, por efeito da gravi dade
começam a d escer por uma calha de secção transversal peq u ena e profunda q ue constitui
o canal de escoamento. Carregam g rande quantidade de detritos qu e se acumul am n a
base do ca nal ele escoamento constituindo os cones de dejeção, (Fig. ns . lOT e l l T)
tnmh ém chamados de cones de detl"itos (vide enxr.u·rada.). Na borda dos ch apadões do

3S4 DlCJON ..\n JO GEOLÓGICO - GEOM011FOLÓC:ICO


Centro-Oes te brasileiro são muito típicas as cavidades ou bacias de recep ç~lü das águas
elas chuvas. O engenheiro Surell, ao es tudar a escolha de u m sítio para a instalação de
urna barragem para o aproveitam ento ele energi a hidrelétri ca nos Alpes, foi qu em primeiro
chamou a atenção dos naturalistas e geógra fos para o estudo d as torrentes e sua fu nçã<J
des truidora elos relevos aguçados.

Fig, n.o DT - Es bôço esquemá tic o de uma to rrc nt l'.

Ca.na.L de escoa.men.\:.o ,®
d. e ~ nfl e :JCÕ.D

~ Con.e de d.·,jecçã.o

F ig . n . 0 l OT - Pe rfil de uma torrente.

DIC IONÁJUO GEO LÓG !CO - GEOMO HFOLÓC I CO 385


1;-ig. n. 0 11 T - Ast,ecto de uma torrente vista num mapa topogdlfico: Eqiiidistância das curvas
ele nível: 1 O metros.

Entre as medidas tomadas para evitar 09 efeito~ catastróficos elas torrentes, podemos
clistinguü·:
1 - A escavação realizada pelas águas correntes fa z-se ela fo z para as cabeceiras,
2 - Correção elo leito ele uma torrente, construindo-se barragens sucessivas em degrau>,
principabnente, no canal ele escoamento.
L eis de Surell
1 - A escavação realizada p elas água9 correntes faz-se ela fo z para as cebeceiras,
partindo-se de um ponto fixo (nível de base), situado na parte terminal elo declive .
2 - O perfil longitudinal form a, a partir elo nível fixo, um a cunra regular, côncava
para o céu, tangente ao horizonte, no cu rso inferior, e se eleva gradualmente p ara a•
nascentes, torn ando-se tangente à vertical.

TORRENTE COMPOSTA - aquela onde o canal ele escoamento serve para dar vasão a
duas ou mais bacias ele recepção.
TORRENTE EMBRIONÁRIA - denomin ação dada às enxurradas que, ao descerem um a
enco9ta, podem dar origem ao escavamento de mna canal ele escoamento e cone ele detritos
sem, no entanto, possuírem bacia ele recepção.
TORRENTE TIPICA - trata-se ele uma torrente onde as três partes, isto é, a bacia de
recepção, o canal de escoamento e o cone de clejeção, surgem ele maneira típi ca.
TORSO FINAL - tradução ela denominação dada por Penck ( End?'U.mpf) à degradação
do relêvo montanhooo, cujo soerguünento foi mais rápido que o desgaste. Quando o des-
gaste fo i superior ao soerguü11ento deu Penck o nome de torso primário (vide ).
O tD'rso final ele Penck se confunde, neste caso, com a explicação dada por D av is
para os plainas de erosão nonnal, isto é, os peneplanos (vide) .
TORSO PRIMÁRIO - neologismo introduzido por V. H. Leuzin ger ao traduzir o têrmo
alemão P1imürrumpf, empregado por \V. Penck, para 09 plainos ele erosão normal (pene-
plano de D avi9). O processo genético, segundo a explicação ele Penck, é completamente
diferente ela explicação elo geomorfólogo americano . Enquanto êste explica o peneplano

386 DICIO NÁ HIO GEOLÓGICO- GEOiVIORFOLÓGICO


como sendo o prod uto do arrasamento de um a reg1ao montanhosa e de forte declive.
cujo soerguirnento foi rápido. Penck admite um levantamento suficientemente lento para
que a dej:!;radação seja capaz de se dar na mesma medida, não pem1itindo a formação de
nm relêvo alto ou acidentado.
TRAPP - têrmo Slueco utilizado para designar lençol de lavas efusivas basálticas consoli-
dadas à superfície, dando aparecimento a um a topografia em patamares como se observa
no sul do Brasil, no derrame basáltico que cobre mais de 1 milhão de quilômetros qua-
drados na bacia do Paraná. lnciado no fim do Triássico, êsse vulcanismo prolongou-se
até o Cretáceo. (Fig. n. 0 12T)
TRANSGRESSÃO MARINHA - invasão da zona costeira pelas águas oceânicas, causad3
pela variação do nível entre úguaSI e terras. As transgressões marinhas ocorridas no Quater-
nário são as mais; conhecidas. A explicação mais generalizada é que elas são ocasionadas
pela fus ão dos gelos acumu lados sôbre os continentes ( eustatismo). Vide terraço.
TRANSGRESSIVA - Yide sedimentação.
TRANSLAÇÃO CONTINENTAL ou TEORIA DE WEGENER - supõe os continente:!
constituídos por fragmentos de blocos de sial boiando sôbre u'a mass-a viscosa, o sima.
l!:sses blocos flutuando em eq uilíbrio isostt'ttico sofrem uma deriva para o oeste e p ara o
norte. Os grandes dobramentos exig,tem na superfície do globo, como o Himalaia, Alpes,
Atlas, Rochos·as e Andes, são explicados pela hipótese de \Vegcner. Esta teoria tem o mérito
de ter sido aproveitada por grande núm ero de especialistas na geologia, para explicação
de uma série de fenômenos .
Fig. n. 0 12T - Na bacia r.lo P arnnó a es trutura sedimentar de cucstas. apresenta "degraus c patamares"
bem característicos. Esta paisagem está ligada :, natureza das rochoas - arenitos e o ''trapp". Na foto
abaixo vêem-se patamares fJU C correspondem ao afloramento da efusiva basállica. ~~este trecho o rio Iapó,
:na fazend a Pjnhririnho - no es tado do Paraná) tt•m um grande afundamento do seu talvegue, d ando'
apan~cimrnto a um va le do tipo caiion. - Na borda d ns patamart"s pude-se Vt"r as comijas que
curr(•spond<·m :lOs aflnranu·ntns de basalto .
(Fo to Tibor ] ah lonsky do CNG)
A hipótese de \'Vege ner surgiu cm 1912 com a p ubli cação ele um interessante li vro
intitulado Génese dos co ntinentes e oceanos.
A quase totalidade dos geólogos aceita co mo resultado dos rea justamentos isostCtticos,
a produção de movimentos vertica is no bloco do sial, e cons-eqüente corrente horizontal
do s i~oll<l. subjacente. Admitindo que isto seja verdadeiw, a hipótese de deslocamentos
hori zo ntais da ca mada superfi cial da crosta também é verdadeira. D e Martonne citando
o traba lho de P. Dive L a déri ve dcs continents et les mouvements int-ratelLuriques, afir-
ma qu e ês te autor empregando "a análise matemática chegou a demonstrar a real idade de
c01 ·reutes intratelú·ricas, visto ser o interior da T erra, e o próp rio sima, considerado como
um fluído viscoso cuja rotação não se poderi a faz er em bloco" (Pano rama da Geo~rafia,
pág. 86) . Estas correntes intratelúricas do sim a seriam produ zidas no dizer de M. Codur
pela rotação da terra e tam bém pela atra ção da lua ( Geogm71hie Physiqu e et Topologie,
pág. 18 ) .
Segundo a teoria de \ Vegener os contin entes perm anece ram ag reg ado ~ até o Pa-
leozóico méd io Pangea, (Carbonifero ). 1 o Mesozóico se iniciou a form ação dos co ntinentes
individuais. A massa continental do Gondwana separou-se em: América do Sul, Ánica, Ma-
dagásca r, Austrá li a, índia e Antártica, e a América do Norte 9cparou_,.sc da Em·ásia , sur-
gindo o oceano Atlânti co. Referindo-se às terra9 gonduânicas, D e Martonne di z q ue a
hipótese de vVege ner "explica melhor do que os abatimentos d e grande amplitude, não
sf>mente o agrupam ento elas antigas plataformas, como também as afinidades ela fl ora e
da fauna de regiões atualmente separadas. A migração dos pólos postulada por essa teoria,
permite explicar também a extensão, durante a época primária, duma glaciação que afetou
todas as terras gond uâni cas, então reunid as em tôrno do pólo aust ral. Contudo, o sistema
wcgeneriano esbarra com graves objeções-. Os seus partidários não consegu iram , até agora,
colocar os clols pólos- simultâneam ente em posições concordantes com os climas indicados
pelos dados paleontológicos. Por outro lado, não houve p eríodos glaciári os durante duas
<-ras geológicas : o Secu ndário c o Terciário (Panorama da Geografia, p:tg. 751 ) .
Os blocos ele sial estão flutuand o sôbre a massa viscos·a o sima. Esta por sua vez es tá
sujeita ús correntes, em virtu de ela rotação da terra e da atração da lua.
Quanto aos deslocament os, há deslocações ·i:nterco ntlnentais CJUe explicam certos mo-
vim e nto~ intracontinentais:

a) As Américas para o oes te dando a co mpressc'ío do gcossincli na l, l [U e daria os


Andes c as Rochosas. To Jurássico o bloco ela Améri ca do Sul se separou da
África e cam inhou para oeste S·eguinclo posteriormente para o norte. o Atlân-
tico sul formou-s e primeiro CJUe o Atlântico norte. O deslocamento da América
do Norte separando-se da E uropa ocorreu, segundo W egener, no fim da era
T erciária
b) A Groen làncHa afa sta -se hoje da Europ:1 cêrca de 20 a 30 m po r ano.
c) A índia (Decão) na direção do norte conb·a o mar de T étis dando o Hi-
malaia.
d) Deslocam ento para o norte do bloco africano, dando aparecimento ús cadeias
do sul ela Europa, norte da África.
e) O co njunto Enropa-Ásia se separa lentamente do pólo Norte.
D erruau comentando a hipótese de \iVegener diz: "A teori a da formação de cadeias
d e montanhas por cerramento entre dois blocos não resi9tiu aos progressos da geologia e
da geofísica. Ela permitiu a um geólogo como E. Argand escrever um a cat·ivante obra
ele sí ntese sôbre a tectônica ela Ásia, mas nós veremos que é difí cil aceitannos hoje a
tectônica argandiana" ( P1·ecis de Geo mmphologie - pág. 28) .
Os principais argumentos qu e in9piraram Vlegener for am:
1 - Isostasia e a existência possível ele correntes subjacentes no sima.
2 - A similitude aparente da cos ta afri ca na no gôlfo ela Guiné e o nordes te da Am é-
rica do Sul.
A hipótese de 'Vegener é grwid iosa e sedutora, tendo a seu. fa vor a ·isostasia, argil-
mentos geodésicos, geofísicos, geológicos, paleontológicos e paleobotânicos.
Argumentos q11 e apóiam a teoria de '~'ege n er:
1 - A costa oriental das Américas e a costa ocidental da Áfri ca e da Europa se
encaixam.

3S8 DI C JoNJ..HIO CEO LÓCICO-CEoi\ IOHFOLÓCICO


2 - Similitude das sene~ estratigráficas e das floras antigas da América do Sul, África ,
Madagáscar, lndia e Austrália . Obrigam ês tes fatos a admitir que certamente
e9tas terras faziam parte ele um mes mo continente - Gondwana.
3 Os dobramentos pré-cambrianos e as massas cristalinas se ajustam dos dois lados
do Atlântico.
4 As glaciações de idade prim ári a apa recem e desapareceram no mesmo momen to
em tôdas as terras de Gondwana .
.5 A d istância em longitude entre clu:1s estações, uma na Améris a e outra na Europa,
varia sensivelmente - 1 metro por ano. Fato êste que supõe uma certa mobi-
lidade lateral dos doi9 co ntinentes ( M. D errual - P1·ecis de Géom orph ologie -
pág. 27).
Críticas à teoria de vVegener:
1 - O encaixa mento d as costas orientais das Améri cas co m a cus ta ocidental da
África e ela Europ a é apenas aproximada. Betim Pais Leme fêz interessantes
estudos demonstrando a fragilidade dês te argumen to tão importante da teoria
de W egener, no seu artigo "E stado dos conhecimentos geológicos referentes ao
Brasi l - Relação da teoria d e \Vegcner sôbre a deri va dos con tin entes" . ( Boletim
Geográfico ns. 75 e 78) .
2 A similitude da9 glaciações poderia ser ex plicada por outra ca usa que não fôsse
a continuidade topográfica - por exem plo, grandes correntes frias no oceano.
3 Quanto à variação ele longitude entre dois pontos d eterminados ele dois conti·
nentes diferen tes não se faz constantemente no mesmo se ntido. Os dois pontos
tanto se distanciam como se aproximam.
4 - Afirma D erru au qu e, elo ponto de vi9ta geofísico, 1 ão se pode admitir nenhum a
fôrça, que seja tão forte, capaz de provocar a d eriva dos continentes. NestE'
particular a fôrc;a centrí fuga f]U e faz mi grar os con tin ente,; elos pólos para o
equador é muito fr aca ( pág. 28).
Heccntes pesqu isas de Reinharcl Maack Sôb re o problema dos deslizes cont-inentais
procuram mostrar a sepa ração elas terras brasileiras das africanas, a partir do Jurássico.
1 - Pesq uisas geológicas e geofísicas efetu adas nos últimos anos, principalmente no
Brasil, África do Sul e Austrália, revelaram resultados que atualizaram novamente
o problema do movim ento transversal ela crosta terrestre ou do cl·rift continen tal ,
respectivamente.
2 - Surpreendente concurdà ncia do desenvolvim ento do D evoniano inferior do Paraná,
da séri e Campos Gerais, com as fonn ações do sistema do Cabo e a ocorrênci a
ele depósitos glaciais pré-devonianos em ambas as regiões, os quais documentam
uma zona clim áti ca uniform e para as partes atualmente separadas da terra de
Gondwan a.
3 Os típicos seixos guias dos tilitos elo sul elo Brasil são constituídos por mumeros
quartzitos averm elhados, violáceos, purpúreos ou, mais raramente, quartzito9 azul
l daro. Formações glaciais pré-gondu âni cas, que poderiam forn ecer rochas cle&ta
espécie, são desconhecidas em territóri o bras ileiro-uruguaio-argentino.
Maack enco ntrou no sul da África o paredão ele onde provieram os seixos de
gnaisse de qu artzito ele coloração verm elha e vi olácea, pertencentes ao sistema
Waterberg, na cadeia ele Zouptansberg, ao norte do Transvaal.
No dizer de Maack os deslocamentos tmnsve·rs(I'ÍS da cm sta ter·restm, durante
longos períodos geol6gi.cos têm maior imp01tância na formação elo aspecto ela
terra que os m ovimentos verticais de compensação ·isostát-ica e ele contração .
( H.einhard Maack "Sôbre o problema dos deslizes continentais" in.: Engenha·ria,
Min eração e Metalurgia.. Vol. XXV, junho 1957, p ágs. 301-304).
TRANSPORTE - fase do trabalho erosivo r1ue segue à ação de des trui ção reali zada pelos
agentes exógenos. N um a defini ção mais ampla, pode-se di zer qu e o transporte é todo o
conjunto ele fenômenos geo lógicos que aca rreta des locamento de m a ~sa de so lo e de rocb1s,
ele um pon to a ou tro.

DIC IO N ,\HI O GEOLÓC ICO-CEOMO il F OLÓC ICO 389


Os rios, os ventos, as geleiras, os mares e a gravidade são as principais fôrças elo
trans porte de materi ais na su perfície do globo terres tre.
No estudo das formas de relêvo não se pode deixa r de considerar esta etapa elo
trabalho ele erosão, que para fa cilidade didáti ca é dissociada da fas e d e desgaste, e de
acumulação.
TRAQUITO - rocha efu siva con espondente ao magma dos sienitos quanto a sua compos1çao
química e constando essenci almente de ortocla!lita e de biotita ou hornblenda ou augita.
Os traquitos são os corresponde ntes elos sienitos, tendo grande importância nas erupçõts
vulcânicas ela era Terciária.
A textura dos traq uitos é microgranular, is·to é, co m dois tempos de consolidação, muito
se parecendo com os microgranitos; sendo por isto tamb ém chama dos de microssienitos.
TRAVERTINO - rocha semelhante ao tufo calcá rio, porém , mais compacta . Muitos calcá-
ri os lacus tres d e textura brechoidal são h·avertinos (vide tufo calcário) .
O travertino é porém LUll calcário poroso que aparece mai s. comumente próximo às
fontes ricas em cálcio.
TRAVESSÃO - banco de rocha transversal ao leito elo rio c que dificulta ou impede t•
livre navegação. O travessão pode co nstituir, por vêze!l, uma soleira de grande importância
geomorfológica, ou pode ser um p eq ueno afloram ento de rocha dura constituindo um nível
de base local no leito de um rio.
No leito do l'io Tocan tins os "travessões" são inúmeros. Neste caso, " travessão" é
usado como sinônimo de cac hoeira.
TREMEDAL - têrmo usado na descri ção de paisagem de terrenos encharcados, sendo sinO-
nimo de lezíria (vide), banhado, ip tt, iga.p6, etc.
TRIÃS - o mesmo que triássico (vide) .
TRIÃSSICO - período da base da era Mesozóica. O seu nome lembra os três tipos de
terrenos que aparecem nessa idade: aTenitos, calcários e margas . Os melhores depósitos
foram enco ntrado!l na Alemanha . Na Europa, em geral, não hú uma separação muito
marcada entre os terrenos do Permi ano e os da base do T ri ássico. As di visões mais aceitas.
são as seguintes :
Lac11ano
Triássico !luperi or ou Keupcr { Virgloriano
oriano
Triássico médio ou ll!usche lkalk { Craniano
T ri ás-sico inferior ou Bunter Sandstcin.
Quanto ú vida, os répteis começam a se tornar abunda ntes e quase tôdas as ordens
estão representadas, não tendo ainda alcançado o tamanho q ue vão atin gir no Jurássico . Os
mo luscos aumentam sensivelmente, principalmente os gas terópodos e amo nitas. Entre os
anfíbios culminam os stegocefalia .
Quanto aos mamíferos, há os micro/estes, pec1uenos, marsupiais <JUe aparecem no Keuper
da Alemanha .
No domínio da fl ora, as p lantas terres·tres do Triássico inferior são muito semelhantes
às do Permi ano. No Triássico superi or jú se observa grande muda nça na evolução das plan-
tas, sendo os fetos muito ·abundantes.
o Bras il há ausência d e fós seis nos depósitos elo Triáss·ico, o qu e acarreta dificuldades
para separar os terrenos dessa idade. D e modo geral são caracterizados pelo aparecimento
ele um a grande cobertura sedimentar ele arenitos e pelos derram es de lavas básicas que
constitui o chamado tra pp do sul elo Bras·il, que é atribuído ao andar elo Rético - :l!ste
porém, ainda não constitui p on to pacífico em relação a sua idade. (Vi de Fig. n.0 6B) . A
escola francesa o colocou na base do Jurássico, os italianos e alemães fi zeram um sistema
~~ parte, e outros o colocam no Triássico superior, acim a do Keuper. o mapa geológico
publicado na Geologia do 13msil de O . H. L eonarclos e A. I. de Oliveira, êles adotam esta
últi ma corrente.

390 DJ CION.-\m .o GEOLÓG JCO-GEOl\'WHFOLÓGICO


O Triássico brasileiro pode ser cla1;sificado da seguinte maneira:
L avas da Serra Geral ( trapp)
Formação arenito Boluca t u
Grupo Botucatu { Formação Piram bóia
Formação Santa Mari a
Grupo Rio do Ra sto
( Formação Serrinh a
Formação Tcres inha.
Acima do grupo do Rio do Rasto encontramos o de Botucatu , no q ual os areni tos
de Botucatu, de coloração averm elhada qu e denotam um clima do tipo desértico. Acima
dêles e interca ladas com filões camadas e di ques apa recem rochas de basalto e de diabásio,
que constituem o m aior derrame de lavas básicas, conhecido no mundo. Cobre uma área
de 900 000 km 2 e chega a alcançar em certos lugares 600 metros de e pessura. ~sse der-
rame de lavas cobriu <]uase todo o sou ! do Brasil, parte do centro-oes te brasileiro e o
Urugu ai.
D o ponto de vista da alteração das rochas e os solos delas res ultantes, observamos
q ue os arenitos de Botucah1 dão solos muitos fraco s., quase estéreis, enquanto as lavas básicas
d i"w a famosa terra roxa, tão importante pa ra a cultura do ca fé.
No Brasil, embora tenha hav ido grande derrame de lavas, êste período é, no entanto,
caracterizado por calma orogênica. As lavas saíram por fraturas, nfto havendo dobramentos.
As falhas. são in(uneras, porém algum as sem desníveis, sendo ma is pràpriamente denomi-
nadas ele fr aturas.
TRIBUTÁRIO ( rio) - o mes mo flue ·rio afluente. ( Vide afluente)
TIUDIMITA - variedade ele sí üca aniclra, apresentan do-se sob a form a romboédri ca ou
hexagonal. É mais rara que o quartzo e encontrada nas rochas efusivas.
TRíPOLI ou FARINHA FóSSIL - sílica organógena constih1ícla por ca rapaças de cliato-
máceas . Pode ser considerada como um a variedade ele opala, ou então classificada entre
as opalas e os sílex. É utilizada como areia de clarear ou ele polimento.
Os luga res onde es t a~; carapaças ap arecem se chamam terras cliatomáceas. A rocha
resultante elo acúmulo elas carapaças de cliatom áceas recebe o nome de diatom-ito.
TROMBA - term o regiona 1 usado como sinônimo ele ita·irn.bé (vide).
TSUNAMI - denom inação dada pelos japonêses ao maremoto (vide) ou mz de mm·é .
TUFITO - o mesmo que tufo vulcânico ou cinerito (vide) .
TUFO - ês te têrmo se aplica a dois tipos ele rocha: a) tufos m dcâ.nicos e b ) tufos calcários.
Ram iz Gaivão ao traduzir o li vro de A. de L apparent Resumo de geologia pro-
pôs o têrmo tophos - formado do latim e que constitui a melhor tradu ção do frances ttlf.
TUFO CALCÁRIO - depósitos de calcário ele água doce em cuja massa se podem ver por
vêzes os vestígios das plantas q ue os formaram. Sua co loração é esbra nq uiçada. Os tufos
são incrustações irregulares ori ginadas da ressurgência em terrenos c~ l cá ri os cajo depósito
de carbonato de cálcio se va i endurecendo com o tempo e inco rporando plantas, conchas,
etc. (Vide tmvertinv).
TUFO VULCÃNICO - rochas vulcâni cas res ultantes da co nsolidação de materia is detrí-
ticas como: lapili, bombas, cinzas e lavas, ex pelidas pelos vulcões . A decompos ição dessa
rocha dá urna argila de côr vennelha muito viva .
Os tufos vulcânicos são cons titu ídos. por conseguinte, de fra gmentos de taman hos eh-
versos, expelidos pelos vulcões, durante o período ele sua at iviclacle . As roc has di\ssc tipo
~ão também chamadas pi.roclásticas.

TURFA - depósito recente ele carvões, form ado principalmen te em regiões de clima fri:.J
ou temperado, onde os vegetais antes do apodrecimento são carbonizados. Esta transfor-
mação exige que a água seja l ím pida e o local não mui to profundo. As regiões ele turfeiras
constituíam, por conseguinte, área de alagad iços.

DlCIONÁIUO CEO LÓG ICO-GE0~10RFOLÓGICO 391


A turfa é u'a matéria lenhosa que perdeu parte do seu ox1gemo por ocasmo da c~u­
bonização, transformando-se assim em carvão, cujo valor econômico como combustível é
no entanto, pequeno. A marcha do cre9cimento da espessura da turfa varia conforme as
condições do meio, podendo ser desde al).,runs centímetros até um metro ou mais por
9éculo.
No norte da Europa e principalmente na Irlanda e Inglaterra, a turfa é usada para o
aquecimento dom éstico. No Brasil existem depósitos de turfa em Macaé, Maricá, na baixada
de Jacarepaguá, no alto da serra da Bocaina, Itatiaia, etc.
TURFEIRA - terreno úmido e pantanoso() onde se encontra um depósito de turfa (vide).

392 DICION..\Rio CEOLÓCICO-CEOMORFOLÓCICO


UE DES - curs·os d 'água tcmporúrios ou intermitentes das reg10es desérti cas. Os u edes se
originam, em p arte, nas épocas ele m aior precipitação pluvial.
ULTRA-ABISSAL - denomin ação usada por alguns para a zona lwdal (vide) .
ULTRAllASICA (rocha) - aquela cuja composição quími ca revela a existência ele um
teor ern sílica inferior a 45%, o qu e acarreta assim um a pobreza, ou mes mo ausência, de
feldspatos .
ULTRAM ETAMORFISMO denomin ação usada para rochas que sofreram profunda re-
fu9ão, como por exemplo u ma rocha mista, se tr::msfonn anclo num verdadeiro granito, através
ela granitizaç·ão. Ultram ctamorfi smo é o mes mo qu e a.natexia ou palingênese.
UNDAÇÃO - denominação ela da por Stille ao empiname11to ( vide ) produ zido pela epiru -
gênese.
U)'l'IDADE FISIOGRAFICA ou UNIDADE MORFOLóGICA - região caracterizada por
certos elementos ele ordem fís ica (morfológica), isto é estmtura e natureza das rochas .
~stes elementos serão com pletados com as indicações da rêde hid rográfica, do clima, do
a~p ec to topogrMi co e da idad e das rochas. A ex tensão ela unidade fisiográfica vai depende r
ela escala tornada por base. A bacia de Paris, por exemplo, forma uma umidade morfológica
com a sua estrutura inclinad a (cu esta) no entanto, pode ser dividida em qu atro regiões
devido à n~ d e hidrográfi ca. A unidade morfológica, em certos casos, depende mais ela rêd e
hidrográfi ca que da es trutura. Observa-se qu e a hidrografi a é que fornece o "canevá
morfológico" , pois a es trutura, na maioria dos caoos, é passiva. Os chapaclões do Planalto
Central do Brasil podem ser co nsiderados como uma unidad e morfológica de estrutura
tabular; o pediplano do _101·des te ou a inda o peneplano d a Bretanha (França) são outras
regiões morfológicas.
Os primeiros a tentarem os estudos &'istematizados de "regiões" foram os geólogos.
Atualmente, os estudos regionais constitu em objeto primordial dos geógrafos .
Alguns au tores procuram, em vez de definir um a unidade fi9iográfica, tratar de "for-
mação fisiográfica", qu e vem a ser o conjunto ele caracteres geomorfológico9, topográficos,
pedológicos e clim{lticos semelhantes, que defin em uma região geográfi ca . Se incluirmos
nes ta séri e ele elementos a p arte biogeográfi ca da área co nsiderada, ela se confunde com
o que os geógrafos definem co mo "regiões naturais" .
UNIDADE GEOTECTÓNICA - compreende-se como sendo um a área individualizada por
movimentos tectônico9, quer de natureza orogênica ou epirogenéti ca . Não se d eve co nfun-
dir 11·11idade fi siográfica (vide ) co m unidade tectôn·ica, embora em certos casos um a deter-
minada unidade fisiográfica pode coincidir com uma unidade geotectônica.
No Brasil, segundo o geólogo Ru i Osório ele F reitas, podemos individualizar as se-
guintes unidad es geotectôni cas : bac ias e planaltos tectôni cos. D entto destas duas grandes
unidad es podemos di stin guir defom1a ções de fundo epirogênico menores e modernas, as
CJuais sfto representadas pelas nwmlh as, fossa s e ·va les de afundamento. ~ s t es traços estru -

DlCJO :-: ,\n JO GEO LÓC ICO-GEOl\lO ll FOLÓCJCO 393


turais orientam a geologia do Brasil desde o período Devoniano, isto é, desde o fim do
último movimento orogenéti co ocorrido no Siluri ano caledoni ano, até os nossos di as .
UNIDADE MORFOLóGICA - o mesmo qu e u.nidade fi siográfica (vide).
UNID ADE TECTóNICA - o mesmo que unidade geotectôni.ca ( vide ) .
UNIFORMITARIANISMO - o mesmo qu e atualism o ( vide ) .
URALITA - anfibólio de colora ção verd e originado ela transformação ele piroxenios pe la
ttrali.tizaçâo.
URALITIZAÇÃO - processo da pas9agem de piroxemos a uralita, q ue ocorre principalmente
em certos gabros e diabásios tornando-os de textura xis-tosa. A uralitização é explicada
por alguns como produzida pela metassomose, e p or outros, como um fenômeno de trans-
formação ocorrido na massa magmática ainda em estado pastoso.
URANIO - metal de aspecto semelhante ao aço, pouco duro, maleável, dúctil e 80% mais
denso que o chumbo. Sua importância principal está no fato de ser m aterial raclioativo,
possuindo três isótopos, sendo o principal o Uza.:;, utilizado na bomba atômica. É extraído
ela uraninita ou pechblenda e de outros minérios contendo fosfatos a arseniatos uraníferos .
O urânio aparece geralmente nas rochas eruptivas e nos pegmatitos as-sociados ao tun gs-
Lênío. Suas maio re~ concentrações estão, porém, nas rochas sedim entares.
UVAL A - o mesmo q ue ouvala ( vide ) .

394 DICIO N A IUO GEOL ÓG ICO- GEOM ORFO L ÓCl CO


V ACUOLAR - tex tura de rochas qu e poss uem na sua mass a pequenos vazios qu e tLiü
ori gem a cavidades de formas diversas . Nas rochas eruptivas os vac úolos são devidu!Y aos
gases ex istentes nos magmas q ue fi cam aprisionados por ocas·ião do resfriam ento dêste ao
ca minhar para a superfíc ie ex.: pedra pomes. Além das rochas eruptivas podemos e n-
co ntrar êste tipo de tex tura em rochas s e dim e nt a re~, como em certos calcári os, e arenitos,
et c. O laterito também apresenta fregúentemente grande número ele vac úolos, sendo
mesmo chamado nes te caso de laterito caoe m oso ou oac u.ola-r.
V AGEIS - stlrcs bentogêni cos rastejantes ou mes mo natantcs, di ferentes dos sésseis, vide
bento .
VALE - corred or ou depressão ele forma longitudin al (em relação ao relêvo contíguo ) qu,•
pode ter, por vf.zes, vá ri os q uil ômetros de extensão. Os vales são form a~ topográfi cas co nsti-
tuídas por talvegues e duas vertentes co:11 dois sistemas de decli ves convergentes. O val e
é t>x presso pela relação entre as ve rtentes e os leitos ( leito menor, leito maior e terraços ).
A fonna d o v ale (Fig. n.0 l V) e o seu tmçado es tão em fun ção da es h·utura, da na-
tureza das rochas, do vo lume do re lêvo, do cli ma e também da fase em que se enco ntre
dentro do ciclo morfológico. Em últi ma análise, a fom1a de um vale de erosão depende
sempre da re lação entre a resistência das rocha;y e a fôrça da erosão (Fig. n° 2V) .
Os vales em V aparecem em terrenos argilosos e onde o modelado das vertentes é feito
ele maneira muito diversa elas rochas ca lcárias ou mesmo de certos arenitos, onde aparecem
va lt>s com vertentes ab ruptas - ·r;ales e m ga1·gan ta.
Os va les podem ser class ifi cados segundo vários critérios : quanto à ori ge m, quanto
ao valo r hidrográfico , quanto à forma elo fund o, quanto à o ro g r af i ~, q uanto >t form a elas
ve rtentes, etc.
l - Quanto à origem:
l - Vale de sincli nais
2 - Vale de fo ssas tectôni cas
a) vales primitivos ou conseqüentes
( 3 - Vale de cordilheira
4 - Va le ele estmtura monoclin al
1 - escavado por águas fluvi ais
h) vales ele erosão { 2 - escavado por águas pluviais
3 - escavado por glaciais
2 Quanto ao t;a/o.,- hidrográfico:
a) vales principais
b ) Ya les secundúrios - aflu entes c subaflu entes
3 - Quanto à form a do fund o:
a) vales de fundo chato
b ) vales de fundo côncavo
c) va les de fundo em V ou ravina . Vale ele fund o es treito

DICJON ,\ 1110 GEOLÓG!CO-GEO~ fO!lFOLÓGLCO 395


Vale de sinclinol Vale de fosso recronlco

Vale de cord ilhelro cJe monlonho Vale de f•ndo choro

Vale de fundo concavo Vele em V V ale ern garganta

Vale cm mange doura

F ig. n .0 1 V - Tipos de vales.

4 - Q-uanto à orog1'(1fia da r egirio:


a) vales longitudinais
b) va les transversais
5 - Quanto à fo ·rma das vertentes:
a) vale em garganta
b) va le em V ou norm al (Fig. n. 0 3V)
c) vale em mangedoura ou calha
tl ) va les clissim étri cos ou monoclinais.
Ao definir- se um vale tem-se sempre em mente os ocu pados ele modo permanente
pelas úguas . I-lá tamb ém os vales secos, cujo leito se apresenta sem água durante a estação
sêca, ou ainda as simples ravinas, ou pequenos vales -secos, que apenas durante a época
das chuvas concentram, ele modo peri ódico e espasmódico, as águas ele escoamento su-
perfi ci::d. Neste último caso, podemos dizer, por conseguinte, que um vale representa
um a depressão de forma alongada entre du <lS elevações relativas.

396 D JC!ONÁ RIO GEOLÓG ICO - GEO;\ fOHFOLÓGJ CO


Fig, n. 0 2V - Encaixamento do rio Tarn que escavou o seu vale em rochas calc~írias.
(Foto: Cartão Postal " Yvon •')

VALE ANTECEDENTE - é o que foi escavado por rios antecerlentes ( vide).


VALE "AVEUGLE" - denominação d ada pelos geomorfólogos fran ceses aos rios subter-
râneos em roéhas calcári as. Também podemos chamar êste tipo de rios snmidos, de vales
ocultos ou ainda sttmidouros ( referindo-nos apenas ao fenômeno de perda).
VALE DE AFUNDAMENTO - o que resulta de falhas escalonadas constituindo autên-
ticos grabens ou rift-ualley segundo a expressão usada por J. W . Crcgory.

DTC!ONÁHIO GEOLÓGICO-GEO:MOHFOLÓG ICO 397


VALE DE AFUNDUvlENTO - expressão usadn pelos geólogos portuguêse e qu e corres-
ponde ao fJU e denominamos no Brasil ele val es de afundame nto (vide) ou de desmorona-
mento .
VALE DE ÂNGULO DE FALHA - escavado ao longo de uma linha de falha. Os vales
dêsse tipo aprese ntam geralmente grande parte do seu curso com o traçado retilíneo
muito regular. Não se deve, porém, confun di r êsses vales com o rift-v alley os q uais. são
mais co mpl exos e correm no fund o de foss as de desabamento.
VALE DE ANTICLINAL - o mesmo qu e combe, isto é, o es tabelecimento de um vale
que escavou o seu curso cm cima do eixo de um an ticlinal.
VALE DE BRECHA denominação usada p ara o entall1e produzido pelos r·ios co nse-
qiientes ao romperem uma fr ente ele cuesta, ou ainda ao cortarem pof epigenia um an -
ti clinal.
VALE DE FALHA - o mes mo qu e vale de íl ngulo de falha (vide) ou vale de linha de
falha .
VALE Ei\1 CORNJ}A
- aqu êle que aparece
escavado em regiões
onde existem altern ftn-
cia de rochas tenras c
duras e nas quais es tas
últim as formam capea-
mento co nstituindo cor-
nijas bem dclienadas ao
longo elos vales ( Fig.
n.0 4V ) . O trabalho da
erosão se fa z com maior
1·apidcz nas rochas ten-
ras e m ais lentamente,
nas rochas duras qu e
por vêzes fom1am pe-
quenas plata forma s es- Fig. n.o 4V
truturai s.

VALE EM GARGANTA - di z-se de um v ale encaixado ( vide) à seme lhança ele um cafion
(vide) . O va le em garganta adqu ire maior expressão quando o entalhe é feito num a es·
trutura ·edimentar hori zon ta l ou sub- hori zo nt a l.
VALE ENCAIXADO - di z-se do vales cujo
afundamento do talvegue foi muito grande,
dando apareci mento a margens p oucos largas
e vertente ele fortes decli ve.
VALE OCULTO - o m es mo q ue vale "aue u-
gle" ( Yicl ) .
VALE SÊCO - aqu êle cujo leito aparece sêco
temporá ri o ou p ermanentemente. As cau9as
dêsse fenômeno são várias, podendo es tar liga-
das ao clima da região, co mo em certos ri os
do nordes te bras ileiro, cujos leitos fi ca m intei-
ram ente ~ecos duran te o verão; ou podem estar
~===-~-----------
Fig. n, o 5V

Fig. n ,o 3 V - Vale e m V ("nca ixado em rochas antigas do chamado Hcomplexo brasileiro" . Na foto ~\o
Jatlo vêem-se os escarpados parcdõcs rochosos do rio lpiranga, no litoral do es tado elo Paraná. O entalba-
Incnto d o tal vergue fo i muito v igoroso, e tendo em v ista a natureza das rochus, a erosão fluvial dev.c te r-
se adapt ado a uma fra tura. De modo que, a erosão das e ncos tas é muito 1nais lenta que a e rosão ve rtical.
(Foto E sso Bras il ira d e P e tróleo)

DI C tONÁI1 10 GEO LÓ r. tCO -GEO iVIOHFOLÓG ICO 399


ligadas à natureza elas rochas atravessa das, à es·trutura, etc. Nas regwes de rochas ca lcárias
por exemplo, é freqüente o aparecimento de an tigos cu rsos ele ri os inteiramente secos, por
ca usa elas perdas flU e se verifi ca m com a forma ção ele ·rios sumidos ou "aveugle".
Em certos casos, onde o lençol fre<Ítico é inclinado c a limenta mais cliretam en te o
rio A, ocas iona normalmente no rio B a te ncl ~ n c i a para se tornar um vale sêco .
O modelado elas vertentes nesse9 va les secos é feito apenas pela erosão pJu ,·ial.

VALE SUBMARINO ou "CANQN" SUBMARINO - sulcos exi9tentes na plataforma con-


tinental. Algumas vêzes ês tes rios submersos penetram a mais de 3 000 metros ele profun-
didade, como o encontrado di ante ela foz elo rio Congo. Diversas teorias procuram explicar
c~s l e importante acidente ela morfologia submarina. Alguns acreditam que êstes vales foram
cavados por ocasião das regressões marinhas ( eustatistas); outros, qu e se tratam de falhas
perpendiculares ao litoral; há a inda os qu e acham que os pequenos sulcos tenham sido
cavados pela própria erosão marinha. O Prof. Jacqu es Bourcart criou a teoria da "Fle-
xura continental" para a explicação dêsses vales e elos terraços marinhos. Segundo ês te
au tor êstes vales s-ão cavados pela erosão flu vial e posteriormente for am subm ersos graças
a um movimento de flexura da borda do litoral. Um dos argwnentos mais importantes
é o das "rias" e meandros encaixados submersos existentes na região da Bretanha ( noroeste
da França ), pois s-àm ente a erosão fluvial poderia ter cavado êstes meandros.
Em alguns casos podem-se encontrar pefJu enos val es submarinos qu e aparece m como
fissuras na plataforma co ntin ental ou na insular, e que não são pràpriamentc caiions
submarinos.

VALE SUBTERRÂNEO ou VALE SUi\UDO - denomi nação usada por alguns geólogos
para os rios que, durante pmte do seu curso, cleLxam de correr a céu aberto infiltrando-se
sublerrâneam ente por vários quilômetros. Êsses fenômenos de p erdas e ressurgências são
freqüentes nas rochas calcárias.

V ALE SUSPENSO - vide rio de foz suspensa.

"V ALLEUSE" - têrmo francês utilizado para designar os ri o~ de foz suspensa que correm
numa região calcá ri a, 11a qual o escavam ento elo talvegue não se processou nonnahnente.
Ês te fato ocasiona a existência c.le um degrau no nível ele base clêsses rios, ao desaguarem no
oceano .

''VALLONS" paisagE:m física relativamente plana e cortada, ou melhor levemente dis-se-


cada por uma série de vales pequ enos . É um tênno francês flU e traduz um tipo de pai-
sagem ondulada com subidas e descidas à semelhança ela montanha russa, con!;tituinclo
o que podemos denominar ele relêvo va lonado ( vallonné) .

VALLUM MORÃINICO - o mesmo qu e mo·raina terminal - depósito formando de ma-


teri ais colocados na extremidad e jusante de um a geleira .

VÃO - têrm o regional usado no planalto goiano para designar vales profundamente es-
cavados, por on de corre um rio, ex. : vão do Paran5 , dos Angicos, t·tc.

V ARIEGADA - o mesmo qu e rocha abigarmda (vide) .

VARVE - depósito inconsis tente, glaciário, constitu ído ele camadas de siltc e ele mat éria
orgànica seclimentacla. No verão acumula-se a camada ele silte, no inverno cess-a o silte e
deposita-se a matéria orgânica . O varve consolidado torna-se o van ;íto (vide).
O Varve é um têrm o oriundo da língua sueca e signifi ca ciclo.

VAI{VITO. - rocha sedimentar de facies glacial ou lacustre , compos ta por uma sucessão
ele camadas - argilosas e siltosas. Estas indicam ciclos a11Uai;;, c possuem es pessura que
varia ele lmm até 2 ou 3 cm.

400 DI C IONÁRIO GEOLÓ G ICO-GEOJ\ !ORFOLÓC I CO


Fig. n .o 6V - Vista parcial de um afloramento de varvi to, p roXJmo a Itu (São Pau lo ). A estratificação
das lamas glaciais dentro de antigos lagos, nos dá normalmente uma estrutura horizontal ou sub-hori-
zontal. As placas do varvi to são extraídas c utilizadas como pe dra de re vesti me nto ou mesmo sob a
forma de pequenas lajo tas para cons trução de muros, ou ainda cortadas c m formas J,!Co métricas regulares,
para calçadas, etc.
(Foto T ibor jah loll sky do C 1G)

Os varvitos são co n s tituído~ de leito> ou camadas de co loração clara e escura, os


qu ais foram respectivamente depositados no verão ou no inn·rno, nos lagos glac iais. ( Fig.
n. 0 6V). Conta ndo -se e comparando-se estas camadas nos diversos lagos puderam chega r
a datar certos varvil os e o mais antigo que se póde da tar por c\stc processo, é do ano
13 000 A. C.

V ÃRZEA - terrenos baixos e mais ou menos planos qu e se enco ntram junto às· margeus
dm, ri os. Constitu em a ri go r, na li nguagem geomorfol ógi ca, o leito maior elos rios . Em
certas regiões, as várzeas são aproveitadas· para a agri cultura . No Brasil, êste tipo de
aproveitamento do solo é eom um no rio São Francisco, no Parna íha, E'tc. ~ s te tipo de
cul tura é, p or vêzes, denomin ado de modo diferente, segundo a região ; no São Francisco -
cultura de vaza nte, no Ac re na cidad e de Ri o Branco - cu ltura ck pra ia, etc.

VASA - depós itc argiloso, de partículas muito finas, de co l ora~·ão cinza-escura . ou mesmo,
esverdeada, muito pegajoso, escorregadio e com acentuado odor fé ti do de ovos podres.
devido ao gú ~ sulfídrico qu l' contém ( H' S ):
Os bancos de vasa, ou lamas aparecem nas orlas co>·tciras c na toz dos rios, devido
ao efeito da fl ocul ação e da gravidade por ocasião das marés cheias. Os depósitos de va9as

DIC JONÁ mo GEO L ÓC:J CU-GEOJ\ IUII FOL ÓG !CO 401


atuais aparecem ao nível das águas dos rios e do mar, sendo chamadas de slikke a parte
atingida. (Fig. n. 0 7V)
Além das vasas costeiras emersas há também as dos fundos oceamcos, como: as vasas
de globigerinas, diatomáceas, radiolares·, etc. As vasas de globigerinas são formadas de cara-
paças calcárias, de animais microscópicos e formadas , sobretudo, nas regiões tropicais. As
vasas de radiolares são constituída~ de conchas silicosas e aparecem mais freqüentemente
no oceano Pacífico, enquanto as vasas de diatomáceas aparecem nas regiões árticas, e são
devidas a carapaças silicosas e algas-.

ANT IGO SCHORRE


de 4o 5m
SCHORRE
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Fig. n. 0 7V

VAU - palavra portuguêsa usada para os trechos de rio onde o nív el das águas permite
travessia a p é, ou a cavalo. Trata-se, por conseguinte, de um têrmo descritivo, usado princ:--
palmente pela geografia.
VAUCLUSIANA - têrmo da morfologia cárstica vide voclusiana (fonte).
VAZAN TE - denominação d ada na geologia do Brasil a uma formação sedimentar pleis-
tocênica das margens do rio São Francisco. Do ponto de vista hidrográfico significa época
de águas baixas no leito de um rio . É o oposto a cheias. No pantanal, vozante é a deno-
minação dada ao~ p equenos riachos temporários que ligam as baías ( vide), pois aos riachos
p erm anentes chama-se de co·rixos (vide).
VEEIRO - o m es mo que vieira (vide).
VEIO - o mesmo que vieira (vide).
VEIO-CAMADA - di z-se do filão interes tratifi caclo ele modo concordante num depó-
sito sedimentar. O mesmo que filão-camada (vide).
"VEREAU" GLACIÁRIO - b loco rochoso ou soleira saliente no leito de um vale, barrando
a continuidade do declive de um vale glaciário.
VERNIZ DO DESERTO - p elícula pouco esp êssa que aparece cobrindo os afloramentos
rochosos ou mesmo os seixos nas regiões desérti cas, dando uma coloração es-cu ra tendendo,
às vêzes, ao avermelhado , porém brilhante. Êste vern iz é produzido p elos sais de ferro
e manganês, polidos p ela eros·ão eólia.
VERTEDOURO DE UM LAGO - denomina-se assim aos- rios emissários, isto é, os rios
que drenam as águas de um lago.
VERTENTE - planos de declives variados que divergem das cristas ou dos interflúvios,
enquadrando o vale. Nas zonas de p laníci es, muitas vêzes, as· vertentes são mal esboçadas
e o rio divaga amplamente. Nas zonas montanhosas as vertentes podem ser abruptas e
formarem gargantas. Aí as vertentes estão mais próximas- do leito do rio, enquanto nas
p lanícies estão mais afastadas .

402 DICIONÁRIO GEOLÓGICO - GEOMORFOLÓGICO


As vertentes apresentam formas muito variadas, porém para efeito didático p odemos
grupá-las em três tipos: côncava, convexa, e plana ( Figs. n. 0 ' 8V e 9V ).
Os tipos de vertentes que aparecem na natureza estão em fun ção principahnente do
clima da região, da natureza da rocha, da estrutura e do volume do relêvo. Os fatôres
exoclinâm icos atuam ele maneira complexa, sendo impossível dissociá-los.

J\ 2

Fig. n. 0 BV - Tipos de vertentes: (1) - Verte nte côncava. (2) Verte nte convexa.
(3 ) - Interse cção de vertentes planas. (4) - Interse cção de vertente s côncavas.
(5 ) - Intersecção de vertentes conve xas. x-y - Linha d e cristas ou espigões.

I
As rochas erupti va~, como os granitos, sienitos, e mesmo algumas metamórficas, comJ
os gna isses, dio, nas regiões tropicais úm id a~, o ap arecimento a vertentes de fo rma convexa
e a roc hedos nus. Nas regiões de clima árido quente ou semi-áriclo os contrastes entre as
vertentes abruptas das serras e as baixadas são bem pronunciadas, aflorando as rochas em
quase todos os p ontos-. Nas regiões de calcário são freqüentes as escarpas de vale de
fo rma vertical ou mesmo pendente - surplon (Fig. n. 0 lO V ) . A erosão elementar é um
dos fatôres mais importantes no trabalho lento e contínuo do modelado das vertentes.
O problema da explicação dos diferentes tipos de vertentes constitui ainda, nos nossos
di as, um assunto muito co ntrovertido, segundo as- diferentes escolas geomorfológicas. A êste
propósito, em uma bem funda mentada crítica, o Prof. Victor Ribeiro Leuzinger sinteti zou
o problema mostrando que : para D avis a evolução geomórfi ca das. vertentes se processa
durante longos períodos ele repouso tectôni co e, via ele regra, as transform ações durante o
levantamento tectôni co s5o desprezíveis, constituindo caso particular raro . Penck, prohmdo

DICIONÁ mo CEOLÓGI CO- GEOMOHF OLÓGI CO 403


Fig. n.o 9V - Vertente convexa típica de rochas antigas do Pré-Cambriano e caracterizant a paisagem
da en(·osta atlfmtica do Brasil Sudeste. Os grandes desplacamentos e caneluras tambétn são freqüentes.
(Foto Tihor Jnblonsky do CNG )

conhecedor dos es tudos gcomorfológicos, explica a evolu ção das vertentes ex;1tamente ao
contrário das idéias de Davis, cons·idcrando como pouco digna de atençao e evolução das
vertentes durante o repouso tectônico. A convexidade é atribuída por Davis e Gilbert ao
creep. F enneman e L awson ao escoamen to superficial e finalm ente Penck, pelo levanta-
mento acelerado do con tinente. Como se conclui dos dadoY acima, ainda nos parece ne-
cessário um número bem maior ele estudos regionais, cm diferentes tipos de clima, a fim
de que se possam tirar conclusões ele ordem geral.
VIDRO produto resultan te da fusão de areia. Vide lfllilrtzu.

VIDRO DOS VULCõES - o mesmo que obsidiana (vide).


VIEIRO - intrusões, constituindo diques, pegmatitos ou filõeY, onde se encontra grande
número de mineraiY principalmente não metálicos, d e valor econômico.
Os vieiras se distinguem, por vêze~, dos diqu es e pegmatitos por ca usa de sua for-
mação, sendo o material depositado na fenda, de modo muito lento.
O processo do enchimento dos vieiras é assunto ainda muito controvertido, existindo
uma série de hipóteses para explicar a sua formação.
VIRGAÇAO - dobramento no qual os seixos elos anticlinais se separam graclativamente uns
dos outros, ele maneira oposta ao da "serrage" . Para observação d êste fenôm eno temvs
que considerar o feixe das dobras , a posição de cada eixo ele anticlinal, comparativamente
com o eixo mais próximo e suas dircções suces-sivas. Assim a virgação é o agrupamento de
dobras em forma d e lJOll']ttet.

404 UICIONÁlllO C:EOLÚG!CO-GEOMURFOLÓC:ICO


Fig. n.o lOV - Vertente pendente típica eJn rocha cal cária

VITRóFIRO - rocha microlítica, assemelhando-se a um riólito, cujo fundo é inteiramente


vitroso. Tipo de rocha muito rara ele ser encon trada .
VOCLUSIANA (fonte) - típica das úreas calcárias . Vide ressurgência.
VOÇOROCA - escavação ou rasgão do solo ou de rocha decom posta, ocasionando pela ero-
são do lençol ele escoamento superfi cial (Fig. n. 0 llV). Nas regiões recentemente clesflores-
tadas como no vale elo Paraíb:l (RJ c SP ), por exemplo, observa-se, por vêzes. o apareci-
mento ele grandes esb arrancamento ele material decomposto, c ele solos que são carregados
pelas enxurradas . A s voçorocas, quando em grande número c re lati vamente paralelas, dão
aparecimento a verdadeiras úrcas ele badland (vide), ou ainda área voço rocada.
VOLF RAMITA - tungs tcnio de ferro, c manganês, sendo S·ua fórmula a seguinte: WO''
(Fe Mn ), crista liza-se no sistema monoclínico, seu pêso específico é 7,1 a 7,.55. Cêrca
ele 76% ela volfranita é ele \VO".
f:ste mineral ocorre na superfície do globo cm veios de rtuartzo, ou ainda em areias
aluvionares junto co m a cassiterita, a monazita, etc. Em São Pau lo, no muni cípio de
Juncliaí, es ü sendo explorada, cm veios de quartzo, cm Itupeva.
VOLUME PONDE RAL DE UMA ROCH A - compreende-se em hidrologia subterrânea
como sendo o pêso ele água que um a dada rocha pode absorver, em rclaçiío ao seu pêso.
VOSSOROCA - grafia ado tad a por certos. autores (vide voçoroca) ou ainda boçoroca.
"VRULJES " - fontes submarinas que aparecem ao longo do litoral Adriático. É preciso
relembrar qu e a circulação subterrânea no carste pode-se faze r abaixo do nível do mar
(várias ce ntenas de metro) devido ao fato de a água circular sob pressão. Os fato9
mos tram que a circulação das águas em cavidades subterrâneas se efetua em tôcla massa
calcária, independen temente elo nível do mar. Do ponto de vista científico, devemo9 dizer
que es ta circulação subterrànea es tá na dependência ele leis originais que não são ainda
conhecida com precisão.

Dl C!ONAHJo G.t:OLÓG!CO-GEUJ\101\FULÓG!CO 405


Fig. UV - Voçoroca.

VULCÂNICA (rocha) - originada da coil.'!Olidação de material magmático exlravasadtJ


na superfície da terra por ocasião das erupçõe9. Corresponde à categoria de rochas de
derrame ou efusivas.
VULCANITO - o mesmo que rochas efusivas (vide) ou de derrame. É preciso chamar
atenção para o fato de as rochas consolidadas a pouca profundidade serem consideradas
também como vulcanitos, ex.: lac6litos; enquanto os plutonitos compreendem as rochas
consolidadas a grande profundidade.
VULCANISMO - atividade própria dcs t:ulcões (vide). Do ponto de vista geomorfológico
deve-w frisar que do vulcanismo resultam formas particulares que constituem o relêvo
vulcânico, e no dizer de De Martonne constitui-se num relêvo postiço.
VULCÃO - é o "aparelho" natural que nos permite ter um conhecimento direto do ma-
terial ígneo que 9e encontra sob a crosta sólida, isto é, a litosfera (vide). Há diferentes
tipos de vulcões e conseqüentemente, diferentes tipos de formas de relêvo produzidas pelas
atividades vulcânicas. Na paisagem podemos ter formas vulcânicas achatadas, ou melhor
produzidas por lavas bastante fluídas formando mesas, planezes ou trapp. No caso de
material ácido como nos vulcões do tipo peleano, tem-se uma obturação da cratera e a
formação de grande canino, cujo melhor exemplo é o da montanha Pelada, na ilha de
Martinica. De modo geral, podemos falar na existência de várias formas de relêvo vulcânico.
segundo o tipo de vulcão. Ex.: vulcanismo do tipo· fissural da Islândia, grandes corridas de
lava; vulcanismo do tipo havaiano, denominação retirada dos vulcõe9 das ilhas Havaí (oceano

406 DICIONÁRIO GEOLÓGICO-GEOMORFOLÓCICO


Pacífico), ainda os vulcões do tipo estrombolia:rw e peleano, cujos co nes têm aspecto pro-
fundam entt diferente dús dois anteriormente citados.
Não se deve definir um vulcão como sendo u 'a montanha, de cujo tôpo saem as
lavas. Na maioria dos casos a elevação é o resultado da atividade vulcânica. Podemos então .
dizer que um vulcão é uma abertura, ou uma fend a na crosta terrestre, através da qual
saem materiais, como lavas, cinzas, gases, etc.
VULCÃO DE LAMA - o mesmo que sarça ardente (vide), isto é, p equenos montículos
cônicos de onde jorra água lamacenta, fria, salgada, carregada de bôlhas de gás, fonnadas
principalmente de petróleo c hidrocarbonetos que se inflamam fàcilmente.
VULCÃO EMBRIONÃRIO - aqu êle cuja atividade vulcânica se limitou a uma única ex-
plo~ão, sem ter havido derrame de lavas. A cratera pouco profunda pode ser ocupada por
um lago, donde o nome de lago de cratera ou maar.
VULCÃO FRUSTRO - denominação usada por certos autores para os lacóUtos (vide), não
se devendo confundir com os V11lcões embrionários.
VULCÃO SUBMARINO - di z-se das erupções que ocorrem no solo-oceânico (vide).

DICION ÁHTO GEOLÓGICO·GEOMORFOLÓGJCO 407


WOLFRANITA - grafia antiga de volfra mita (vide) .
XENóLITO - é o peda ço de rocha encaixante, isto é, da parede ou do teto que se
encontra acidentalmente incluída numa rocha magmática.
XISTO - rocha metamórfica na qu al os diferentes minerais se encontram dispostos em
ca madas, ao co ntrário do qu e se observa nas eruptivas.
XISTO ARGILOSO - rocha res ultante das transfom1a ções s-ofrid as pelas argilas sob o
efeito da press·ão, perdendo parte d'água, de embebição dos colóides. Progredindo o efeito
da pressão e, por vêzes, da temperatura, pode-se dar o aparecimento de um xisto cristal·ino,
ex.: argilito ou argi las xistosas.
XISTOSA - es trutura cara cterística das rochas metamó1ji.cas ( vide) Os minerais são orien ..
ta do~ no corpo da rocha segundo os planos de xistosidade (vide) , por causa de certas ten-
sões que ocorrem no metamorfismo . (Fig. n .0 lX )
XISTO BETUMINOSO - são xistos; ricos em betume, e, na maiori a dos casos, quando
es ta riqu eza é grande, se torn am inflamáveis (vide betttm.e).
XISTO CRISTALINO - denominação antiga d ada por certos geólogos às rochas m eta-
mórficas tendo em vista ser a xistosidade um a propriedade comum a êsse tipo de rocha.
O xisto cristalino resulta do metamodismo sôbre o xisto argiloso (rocha sedim entar ).
XISTOSIDADE - divisão das rochas estratificadas em lâminas fin as, segundo certos planos
de tensão, qu e não coincidem com os planos de estratificação. A xistos·idade pode ser
devida às pressões temporárias ou permanentes que atu am sôbre as rochas. Somente em
casos excepcionais, os planos de es tratificação coincidem com os de xistosidade (Fig.
n. 0 l X) .

Fig. n .0 IX - Formação da xistosidade.

408 DlCIONÁlUO CEOLÓCICO-GJ;:o:MOHF OLÓGICO


YARDANG - sul cos ou ca na letes profundos que aparecem na superfície d as rochas, esc:l-
vados pela erosão eólia. ( Fig. n.0 l Y). N;io se deve confundir os yardangs com os lapiás
como tazem a lgun s autores. Oso sulcos prod uzidos p elas defla ção apm·tcem no sentido do
vento ~1omin :1n te que ataca as roclms ao longo de linhas de menor c·esistência.
Os ti pos clássicos de yardangs ou clwrdc111gs são cncontmclos na Ásia Central - cle-
serlu de Lop e Tarim , no Turquestão.

Fi g . n . 0 1 Y - Yardang.

ZINCO - metal branco, lige iramente azu lado, ele gran de emprêgo em ob jetos domésticos.
E ntra na composição ele várias ligas de latão, bronze, sendo também usado nas pilhas
elétri cas e nas oficinas zincográficas .
Os prin cip a i ~ minerais ele zinco são: blenda ou esfaleri.ta zincita, calanun a e sm:ithson il:a.
ZINWALDITA - min eral da fa mília elas micas, qu e constitui um a transição entre as mica9
b rancas e as pretas . a sua composição quím ica entram o potássio, o litio e o flúor.
ZIRCôNIO - meta l raro encontrado principalmente sob a fo rma de silicatos, cuja utili zação
tem aum entado de modo qu ase que imprevisí veL Do min ério ele zircô nio são extraídos
apenas doi s minerais co m grand e aproveitamento co mercial - zirconita e badeleíta. A
ocorrência dêsse minério se dá noso depósitos aluvionares ou filonares, juntamente com o
rutilo e a monazita.
O Brasil, no momento, co nsti tui pr<ltica mente o único produtor de bacleleíta elo mundo,
sendo esta reserva calculada em 2 000 000 ele ton eladas, e quase tôd a locali zada no estado
ele São Paulo. Quanto à zirconi ta, as. reservas são b em menores e estão locali zadas nas
praias elo litorr.l do es tado elo Esp írito Santo.
A utilização intensiva do zircônio começou muito recentemente, pois o seu uso s:::
restringia, de modo precá rio, ao fabri co de p rod utos ele cerâmica refrat ária e ele certos
ligas de aço c ferro.
' Hoje ês-se mineral é considerado estratégico por causa do seu uso na fabricação de
espoleta especiais para artill1 ari a, nos obuzes, nas couraças para tangues, navios (material
resistente aos projéteis. de alto poder ele penetração). l!:sse minério é tamb ém usado em
certas ligas ele aços especiais, ele elevada dureza . Em estado metálico o zircô nio é usado
como fil amento de lâmpadas incandescentes, de lâmpadas elétri cas de alta luminosidade,
microscópios, projetares, aparelhos ele ópti ca, etc.
O seu m ais recente emprêgo é na fabricação de ligas refratárias, nos trab alhos de
constru ção ela bomba atôm ica, e outras ativiclacles referentes à energia nuclear. No pre-
sente, ainda se desconhece o seu verdadeiro valor na energia nuclear.

DTCIONÁlUO CEOLÓCICO-CEOMOHFOLÓCICO 409


,ZIRCONITA - silicato de zircomo, cujo sistema cristalino é q uadrático, de brilho vítreo; fór-
mula SiO• Zr ; pêso específico 4,68 a 4,70 e dureza 7,5. A zirconita embora muito dura,
é riscada pelo qumtzo, cuja dureza é 7 .
l!:ste mineral é encontrado com freq üência nas rochas eruptivas, como sienito, e n ~s
rochas sedimentares, principalmente nos depósitos aluviais, por causa da sua resis·tência
à meteorização . É um mineral raro qu e aparece nas areias mon az íticas. A zirconita aparece,
por vêzes, incolor ou ainda amarela, verde, vermelha ou azul.
O m aior produtor dêsse mineral é a Austrália, porém, os primeiros produtores foram
a E s p~nh a e Portugal. Qu anto à produção de zircônio do Brasil é c1uasc tôda devida à
ba.dele1t;a.
ZONA - do ponto de vista geográfico, compreende-se como as faixas da Terra delimitadas
p elos trópicos e pelos círculos p olares . Para os geólogos e geomorfólogos elas apresentm11
um interêsse especial, por causa, da melhor compreensão das famílias de formas de relêvo,
ligadas aos diferentes sistemas de erosão ou sistema m orfoclim ático. (vide ).
ZONA ABISSAL - denomin ação usada pelos biogeógrafos para as regiões mais profunda
elos oci'anos. (Vide ;:;o na lw dal ).
ZONA BATIAL - o mes mo qu e zona hipoabissal. Vide baUal (zo na ) .
ZONA COSTEIHA - geomorfológica menlc é sinônimo de zo na do litoral . Todavia p ara
os hi drógrafos da marinha há um rt distinção entre estas du as zonas. Assim a zona. do
litoml é o es paço co mpreendido entre um a pream ar e a baixamar, enquanto a zona. cost eim
é a outra parte da plataforma conti.ne ntal (vide ) qu e se segue em direção ao talude con-
tinental (vide).
ZONA DE ABMSÃO - o mesmo CJU C plataforma de abrasão (viue) .
ZONA DE ALTERAÇÃO - o mesmo q ue zona de m eteorização ou de dem orfismo (vide) .
ZONA DE ANAMOHFISMO - denomin ação dada por Van Hise à parte qu e fi ca subja ..
cente à zona. de catam01fism o ( vide).
ZONA DE CATAMORFISMO - denominação dada por Van Hise às zo nas de alteração
ou de dem01'fio11W e as de ci.m entação.
ZONA DE CL\1ENTAÇÃO - ab aixo do nível hidrostática a circulação das águas se faz
co m muita lentidão, de maneira que os processos de di ssolução e alteração cedem lugar
à cimentação por via aquos·a, daí a denomin ação de zona de cimentação.
ZONA DE COMPENSAÇÃO ISOSTÃTICA - aqu ela ~itu a d a entre a litosfera e a barisfera,
segundo alguns autores, isto é, no contacto entre o sial e o sima .
ZONA DE CONFLITO - é a fa ixa costeira onde se verifica a ação das marés, da arreben ·
tação e ressaca. l!:ste trecho da faixa cos teira é trabalh ada incessantemente pelo mar.
ZONA DE DEMORFISMO - denom inação dad a por Grabau à zo na. de alteração ou de
meteori zação da litosfera. É, por conseguinte, o espaço q ue medeia entre a superfícil;.
freática e a superfície do solo.
A zo na de alteração está, por conseguinte, acima do nível hidrostática e nela circulando
as úguas carregadas ele oxigênio e úcido carbônico, operam a dissolução dos minerais
solúveis com que deparam e, também, produ zem profunda ~ modificações nas rochas super-
fi ciais qu e atravessam. '
ZONA DE SUBSIDÊNCIA o mes mo qu e área de su.bsidêncía. ( vide ) ou bacia de sub~ i-
dência.
ZONA DO LITOHAL - em sentido restrito é o n-:esmo qu e estrãu. Vide zona cost eira.
ZONA FHATURADA - denomin ação dad a às áreas onde se verifi ca o aparecimento de
grande ntunero de fra turas ou diáclases. Geralmente se prefere reservar a denominação
de zona fratmada, para aq uela onde, além de se verificar o diacl asamento, encontram-se
tamb ém falhamentos com desníveis vari áve is.
ZONA GLACIAL - constituída pelas áreas onde o fri o é intenso durante muitos dia9 do
ano e a paisagem da região apresenta traços bem diferentes elos que são encontrados nas
regiões de clim a ~ temperado, tropica l, árido e qu ente, etc.

410 DICIO N ÁRIO CEOLÓGICO-GEOMORFOLÓGICO


Nas áreas setentrionais dos continentes próximas do pólo Norte e no continente Antár-
tico, se encontram as dnas regiões permanentemente geladas da superfície do globo. Na
ilha da Groenlil.ndia já foram levadas a efeito várias expedições científicas, e nelas par-
ticiparam especialistas frances es André Cailleux, que muito se tem preocupado com a
morfologia g lacial e periglacial.
ZONA HIPOABISSAL - o mesmo que zo na batial. Vide hipoabissal (zona).
ZONA LAVADA para os hidrógrafos da marinha é o mesmo que estrão (vide) ou
estirâncio.
ZONA MARINHA - no fundo do mar encontramos uma sene de organismos vivos dife-
renciados desde a zo na intertida l até os grandes fundos oceânicos. Do ponto de vi9ta
biogeográfico podemos dividir as regiÕe9 submarinas do seguinte modo : 1) zona nerítica .
2) zona batial ou zona hipoabissal, 3) zona abissal, e 4) zona hadal. (Fig. n. 0 1Z).

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Fi g. n.o lZ

ZONA NERíTICA - parte situada entre o nível zero, isto é, o nível dos oceanos e a cota
negativa de 200 metros, aproximadamente correspondendo à plataforma continental (vide).
Nesta zona observa-se a existência de s-edim entos terrígenos, muito mais grosseiros que nas
outras zonas submarinas.
ZONA SíSMICA - áreas onde os tremores de terra são verificados com grande freqüência.
No istmo de Panamá, no espaço de tempo decorrido entre 1931 e 1939, registraram-se 1 610
abalos sís>micos. Outras regiões freq üentemente atacadas pelos sismos são: o arquipélago
japonês, a península italiana, etc.
ZONAL (solo) - matures, cujo petfil se encontra perfeitamente desenvolvido, e nos
quais o fator clima sobrepujou os demais fatôr es de sua formação .
ZOóGENA - depósito ou rocha onde se reco nhece a existência de restos de animais (vide
orgânica - rocha).
ZOOGEOGRAFIA - parte da biogeografia (vide) que es-tuda a distribuição geográfic~
dos animais no globo terrestre. O seu estudo vem adquirindo grande relevância para o
geomorfólogo, tendo em vista a importância crescente que a biogeografia e9tá adquirindo
com a geomorfologia climáti.ca (vide) .
ZOóLITO - o mesmo qu e zoógena (vide).

DICIONÁHIO GEOLÓGICO -G EOMORFOLÓGICO 411


CONSEL HO NACI ONAL D E GE OGR AF I A

DIVISAO CULTUHAL

l3113LlOTECA GEOGHÃFl CA BL\ASLLE l HA

(Série A - Lin·os)

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Dic io nário G eolâg ico-Genmorfolágico - ( 2.. " c di ~·iío ) - A;o.;TÔSJO TE JXE m A
CuEnnA - Pub li caç·ão n. 0 2.1.
BIBLIOTE C A
,
GEOG RAFIC .
BRA SI IRA

Publicação n .o 21
S érie A - ."Livros"

RIO DE .JANEIRO 196r

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