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HERMENÊUTICA SAGRADA

INTRODUÇÃO

Este estudo faz-se necessário porque há hoje, muitos ensinamentos distorcidos acerca da Palavra de
Deus, levando muitas pessoas ao erro.
A Hermenêutica Sagrada, proporciona a condição adequada à compreensão do texto bíblico, pois sem
os princípios por Ela abordado, jamais poderemos conhecer o verdadeiro sentido dos ensinamentos sagrados
exarados na Bíblia.
Portanto, cabe-nos a responsabilidade de aprendemos esses princípios e ensiná-los corretamente.

CONCEITOS:
A - Hermenêutica:
1 – É a ciência da interpretação.
2 - É a interpretação dos sentidos das palavras ou textos.
3 - É a ciência e arte de interpretar; ciência porque determina regras e princípios seguros e
imutáveis; é arte porque estabelece regras práticas.

B - Hermenêutica Sagrada
1 - É o estudo metódico dos princípios e regras de interpretação das Sagradas Escrituras.

OBJETIVOS:
A - Visa a capacidade do estudante a interpretar corretamente a Palavra de Deus.
B - Qualificar o ensino das Sagradas Escrituras

IMPORTÂNCIAS:
A - Dá autoridade ao que transmite a Palavra de Deus.
B - Cria respeito dos ouvintes.
C - Desenvolve a qualidade do transmissor e do receptor.

ESTUDOS PRELIMINARES

A - Distinção Necessária

1 - Critica Textual:
Procura determinar quais as palavras exatas do texto original; preocupa-se na tarefa de restaurar o
texto original na base das cópias imperfeitas que chegaram até nós.
Procura selecionar as evidências oferecidas pelas variações, ou leituras diferentes, quando há uma
falta de acordo entre os manuscritos sobreviventes, e pela aplicação de um método científico chegar àquilo que
era mais provavelmente a expressão exata empregada pelo autor original (o que é que está escrito).
Conhecida, também como ciência da baixa crítica.

2 - Alta Crítica:
Análise Documentária

3 - Exegese:
É a aplicação dos princípios e regras estabelecidos pela Hermenêutica

4 - Hermenêutica:
Visa descobrir o exato sentido das palavras no texto em estudo (o que é que o autor queria
dizer?).

B - Verdades Indutivas
1 - A Hermenêutica Sagrada tem a própria Bíblia como alicerce, i.e, a Bíblia interpreta a si
mesma, Hb 2.7; cf. Fp 2.7 cf. Jo 1.14 Vide 1 Pe 3.22 cf. Jo 1.1 cf. Jo 17.5.

a - pelo seu conteúdo e ensino geral;


b - pelo ensino geral do escritor de cada livro;
c - pelos textos e contextos, paralelos, precedentes ou que se seguem;
d - pelo conhecimento e leitura continua;
e - pelo que conhecemos de seus escritores.

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2 - Objeto central de toda revelação divina é Jesus Cristo.

3 - O intérprete por excelência é o Espírito Santo 1 Co 2:11-16.

4 - Condições necessárias para compreender a Bíblia Sagrada:


a - estudo diligente da Bíblia,
b - materiais para anotações pessoais
c - comparar as coisa espirituais com as espirituais: Cl 1.9; 1 Pe 2.5; 1 Co 2.10-15; 14.37; Jo
14.26.
d - procurar conhecer a realidade e a verdade: 2 Tm 2.25;3.7; 1 Tm 2.4; Cl 1.5; Ef 4.15, 21; Ap
22.6.
e - ser sensato e saber raciocinar: Pv 2.3,5; Tg 1.5; Sl 119.130; 138.6; 19.7; Mt 11.25; 16.3; Lc
12.56; 1 Jo 5.20.

5 - Crer e saber que o autor da Bíblia é Deus.

II- EXEMPLIFICAÇÃO BÁSICA PARA A COMPREENÇÃO DA BÍBLIA

A - Texto Bíblico At 8.26-35

B - Fatos a Notar
1. Prerrogativas do leitor.
a - sua capacidade.
b- Sua confissão.

2 - Prerrogativa do interlocutor.
a - explica o texto, visando a própria escritura.
b - explica pelo contexto.
c - explica pelas passagens paralelas.

3 - Respeito a autoridade do transmissor.


a - o viajante não conhecia o transmissor.
b - ouviu atenciosamente a exposição.
c - aceitou o que lhe foi dito como verdade.

4 - Jesus é apresentado como objeto central.

Podemos ler a Bíblia sem a entendermos, mesmo em pontos essenciais, podemos também lê-la
entendendo-lhe o sentido.
Do fato de haver dificuldades na Bíblia não se deve concluir pelo seu abandono. O que convém é
aprender os princípios e regras que a mesma estabelece para a interpretarmos corretamente.

III - INICIAÇÃO Á INTERPRETAÇÃO

A - Auxílios Internos
1 - Conhecer o sentido usual e ordinário das palavras (usual: rotineiro, costumeiro;
ordinário; habitual comum, normal).
Isso não quer dizer que devemos tomar as palavras ao “pé da letra”, pois cada idioma possui os
seus modos próprios e peculiares de expressão.

2 - Conhecer o sentido da palavra que indica conjunto da frase.

Na linguagem bíblica, como qualquer outra, existem palavras cujo significado varia muito.
Importa pois, verificar e determinar sempre qual seja o pensamento especial que o escritor se propõem a
expressar.

Ex. Gn 6.12 “porque toda a carne tinha corrompido o seu caminho sobre a terra”.

a - Textos obscuros:
- uma base segura para interpretar as passagens obscuras é saber que as escrituras foram
dirigidas ao povo em geral.

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b - Exemplos a observar:
- a palavra Fé (ordinariamente) significa confiança, porém pode ter outros
sentidos. Vide Hb 11.1 cf. Cl 1.23.
- a palavra casa (ordinariamente) significa moradia, domicílio; no entanto há
outros sentidos. Vide Ec 7.2 cf. Gn 7.1.

c - Alguns exemplos gerais de palavras e seus vários significados:


- Salvação: Liberdade At 7.25; Escape Hb 2.3.
- Graça: Dom divino Ef 2.8; Poder At 14.3; 2 Co 12.9; Vida Rm 5.20; Sacrifício de Louvor
Hb 13.9; Salvação Tt 2.11.
- Carne: Pessoa Rm 3.20; Natureza Humana Ef 2.3.
- Sangue: Vida Mt 27.25; Redenção Ef 1.7; Justificação Rm 5.9.

d - Hebraísmos:
- Há na Bíblia muitas expressões hebraicas com significados próprios Lc 14.26; Mt 10.37;
Gn 29.31; Dn 21.15; Ml 1.2,3; Jo 12.25; Jó 19.20.

3 - O contexto: texto quer dizer tecido, e contexto é tudo o que se acha, por assim dizer,
entretecido lógicamente com o texto em apreço.
Quase todos os erros de doutrinas se estribam em asserções separadas do seu contexto. Ex. Sl
14.1; Rm 7.1-6.

a - Tipos de contextos:
- Imediato:
- Remoto:
- Situação histórica:

b - Exemplos: o cego de nascença Jo 9.3; a unção com azeite Tg 5.14.

4 - Vocabulário do escritor.
É necessário verificar cuidadosamente em que sentido o escritor usa certa palavras afim de
termos a compreensão exata de um texto em que ela aparece.
a - Exemplo de alguns escritores.
- Escritos de João.
• vocabulário: “mandamento” 1 Jo 2.4; 3.23; Jo 6.29; 15.12; 13.34.
- Escritos de Paulo.
• vocabulário: “a Justiça de Deus”.
- Escritos de Mateus.
• vocabulário: “o Reino dos Céus”.
- Escritos de Lucas em Atos.
• vocabulário: “o Caminho”.

b - Exemplos gerais.
- Mistério Ef 3.4,5 —> a participação dos gentios;
- Rudimentos Cl 4.3,9,11 —> práticas judaicas;
- Arraigados Cl 2.7 —> confirmados.

5 - Vocabulário bíblico em geral.


Assim como há palavras e frases peculiares a certos escritores sagrados, há também palavras e
expressões bíblicas cujo sentido tem de ser determinado, não unicamente pelos dicionaristas antigos e
modernos, nem pelo uso de escritos profanos que foram contemporâneos dos que escreveram a Bíblia e
falavam o mesmo idioma, e sim pelo emprego que delas fizeram os próprios escritores sagrados, pois estes,
usando a linguagem existente, tiveram necessidade de exprimir idéias que essa linguagem não podia transmitir
com a exatidão desejada senão por uma adaptação nova.
A palavra justificar, Por exemplo, assim se define no dicionário: “provar a justiça ou a inocência de
... restituir ao estado de inocência. Ora, em Rm 4.1-5, Paulo argumenta sobre a justificação de Abraão,
mostrando que este foi justificado pela fé, concluiu: “mas aquele que não pratica, mas crer naquele que
justifica o ímpio, a sua fé lhe é imputada como justiça”. Qual o sentido do verbo justificar? Não é “provar a
justiça ou inocência”, pois como poderia Deus provar a justiça ou inocência do ímpio? também não é
“restituir ao estado de inocência”, porque a última cláusula mostra que este ato de justificar consiste em
imputar como justiça o ato de crer e imputar é o mesmo que tomar em conta, ou lançar à conta de alguém

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(vv 23,24). Assim a justificação pela fé, segundo o Novo Testamento, é ato pelo qual Deus judicialmente lança
à conta de quem crê em Jesus aquela justiça perfeita que este realizou no calvário.
Então neste caso muitas palavras e expressões que na Bíblia se empregam com significação
especial, que se tem de verificar pela comparação de diversos textos e pela observação cuidadosa dos
respectivos contextos.

Obs: Há os casos das palavras transliteradas das línguas originais por falta de correspondente nas
línguas modernas.

6 - Passagens Paralelas ou Paralelismos.


É igualmente importante que sejam comparadas as passagens paralelas.
Há duas classes de passagens paralelas: as verbais e as reais.

a - Paralelismos Verbais são passagens em que ocorrem as mesmas palavras.

b - Paralelismos Reais. são passagens em que se tratam do mesmo assunto ou expõem a mesma
doutrina.
O valor hermenêutico das passagens paralelas, quer se trate de paralelismos reais ou verbais,
consiste na possibilidade de comparar textos que nos afigurem algo um tanto obscuro com outros que, tratando
do mesmo assunto ou empregando certa palavra ou frase cujo sentido procuramos associar, venham projetar
sobre eles uma nova luz.

7 - O intuito do escritor.
Saber qual era o intuito de um escritor é colocar-nos no seu ponto de vista e segui-lo nos seus
processos mentais.

a - Alguns escritores declaram seu intuito.


- João, em seu evangelho (Jo 20.30,31).
- Lucas, no início de seu evangelho (Lc 1.1-4)
b - Alguns precisam ser deduzidos Riu 1.1-7; 1 Tm 1.3,4.
c - Há escritores que usam uma palavra ou frase que lhe serve de chave.
- No deserto (Nm 1.1).
- Debaixo do Sol (em Eclesiastes).

Em certos casos não será fácil determinar o intuito do escritor, tornando necessário ler todo o livro
várias vezes do princípio ao fim até conseguir uma visão do conjunto.

8 - Correlação:
“A Bíblia é toda harmônica e bem ajustada. Apesar de composta de sessenta e seis livros escritas
no decurso de mil e seiscentos anos por pessoas de variadas condições sociais e não menos variados graus de
cultura mental, há em toda a Bíblia uma unidade de propósito, um fio doutrinário ininterrupto, uma perfeita
harmonia moral e espiritual e um constante revelação de suas verdades, que tem causado a admiração das
maiores celebridades da cultura humana e que demonstram cabalmente ser um só o autor dela, ainda que
muitos os escritores”. A. Almeida.

a - Há profecias que ainda não se cumpriram.


b - Há tipos de variadas modalidades, a que correspondem os respectivos antítipos.
c - Há verdades enunciadas em linguagem doutrinária, moral ou filosófica em certas passagens, e
em outras se encontram ilustrações correlatas.

B - Auxílios Externos
O estudante da Bíblia, para se tornar bom intérprete, precisa de vários conhecimentos exteriores
ao Texto Sagrado mas auxiliares de sua exata compreensão.

1 - A filologia bíblica ou estudo das línguas originais, embora tenhamos hoje a Bíblia traduzida
em todas as principais línguas modernas e até várias traduções em nosso idioma, as quais porém se
comparadas entre si, trazendo-nos muita luz sobre o sentido do texto. Sendo as línguas originais da Bíblia o
Hebraico e o Grego, deve-se procurar aí o sentido verdadeiro, o significado das palavras, do texto ou da
passagem da Escritura da qual queremos a interpretação certa.
Ainda assim, há modalidades de expressão nos diferentes temas verbais e relativa intensidade
tanto verbal como nominal na língua hebraica, e há matizes de significação nos tempos verbais gregos e na

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estrutura etimológica de várias palavras dessa língua, que só a pessoa regulamente versada em tais línguas
pode apreciar, e tirar dessa apreciação o valor hermenêutico que essas delicadas modalidades encerra.
Exemplo:
a —Bíblico Mc 15.34,35.
b - A arte: o interprete da arte musical sendo um bom musicista.

2 - A História Antiga
A história dos povos orientais mais ou menos relacionados com os hebreus, que, não somente
confirma os fatos narrados nas Escrituras, mas também nos habilita a melhor compreender muitas de suas
narrativas. Com a História, vem, muito naturalmente, a Arqueologia enriquecida pelas múltiplas descobertas
feitas em escavações que se tem praticado nas terras orientais, esclarecer centenas de passagens que outrora
pareciam obscuras por falta desse conhecimento.

Exemplo:
a - Bíblico At 2.22,23.
b - O início das civilizações.

3 – Os Costumes
Os costumes, os hábitos dos povos orientais, o modo de vida dos hebreus, devem ser
estudados tanto na própria Bíblia como na arqueologia e na história dos povos antigos, porque tais
conhecimentos esclarecem muitos textos que, sem ele, seriam pouco iluminados (2 Rs 17.26-28).
4 - A Geografia Bíblica
A geografia da Palestina e das terras circunvizinhas; a História Natural no que concerne aos
nomes dos metais, pedras preciosas, vegetais e animais; a Legislação antiga dos povos relacionados com os
israelitas, como sejam os “os juízes de retidão” atribuídos a Kamurabi (Ramurabi) ou Amrafel, que vigoraram
nos tempos de Abraão e de Moisés, e o direito romano nos dias do Novo Testamento — tudo isto é útil ao
exegeta.

C - Métodos Literários de Interpretação das Escrituras

1 - Linguagem Literal
A linguagem literal é aquela conforme à letra do texto; rigorosa.

2 - Linguagem Figurada
A linguagem figurada não quer dizer linguagem sem sentido, nem linguagem ininteligível.

a - Regra Geral
Devemos ler a Bíblia deixando-a significar o que quer dizer. Sua linguagem figurada é
geralmente indicada pelo contexto; seus símbolos e tipos são explicados por outras passagens, quando não o
são no próprio texto ou no contexto imediato. Fora disso, sua linguagem deve ser entendida literalmente, a não
ser que o sentido requeira interpretação figurada.

b - Considerações
• Figuras de Retórica

- Metáfora: é a figura em que se afirma que alguma coisa é o que ela representa ou
simboliza, ou com que se compara. Ex: Jo 6.55; 14.6; 15.5; Mt 5.14.

- Metonímia: é o emprego do nome de uma coisa pelo de outra com que tem relação.
a)Do efeito pela causa — Gn 25.23.
b)Da causa pelo efeito — Lc 16.29
c)Do sujeito pelo atributo ou adjunto — Gn 41.13.
d)Do atributo ou adjunto pelo sujeito — Jó 32.7.

- Sinédoque: é a substituição de uma idéia por outra que lhe é associada.


a) Do gênero pela espécie — do geral para o particular — Mt 3.5; Gn 6.12.
b) Da espécie pelo gênero — do particular para o geral — Mt 6.11.
c) Do todo pela parte – Gn 3.19.
d) Da parte pelo todo - Gn 3.19.

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- Hipérbole: é a afirmação em que as palavras vão além da realidade literal das
coisas. (exagero). Dt 1.28.

- Ironia: é a expressão de um pensamento em palavras que, literalmente


entendidas, exprimiriam o pensamento oposto.
a) Usada por Deus — Gn 3.22; Jz 10.14.
b) Usada por homens — Jó 12.2; Mt 27.40.
- Prosopopéia: é a personificação de coisas de seres irracionais. Sl 35.10; Jó 12.7; Gn
4.10.

- Antropomorfismo: é a linguagem que atribui a Deus ações e faculdades humanas, e até


órgãos e membros do corpo humano. Gn 8.2,15; Sl 74.11.

- Enígma: é a enunciação de uma idéia em linguagem difícil de entender. Não é do


domínio geral das Escrituras. Apenas temos enígma propriamente dito no caso de Sansão
com os filisteus. Jz 14.14.

- Alegoria: é a narrativa em que as pessoas representam idéias ou princípios. As


narrativas bíblicas são históricas, verídicas, e não alegóricas. Temos no entanto, uma
interessante aplicação alegórica, feita por Paulo, do incidente de Agar e Sara e seus
respectivos filhos. Gl 4.21-31.

- Parábola: é uma narrativa de acontecimento real ou imaginário em que tanto as


pessoas como as coisas e as ações correspondem a verdades de ordem espiritual e moral.

• Figuras Gramaticais

- Símile: significa analogia, semelhança, comparação que se faz de uma coisa com outra
que se assemelha. Sl 59.6; 2.2-4; 37.2-3; 103.15,16; 131.2; Is 1.18; Ml 3.2,3; Mt 10.16;Tg 1.6.

- Antítese: significa contraste, oposição de pensamento ou de palavras. Mt 5.43,44;


7.13,14,17,18,24,26; Rm 6.23; 1 Co 15.35-50; 2 Co 3.6-18; 6.8-10; 6.14-16.

- Apóstrofe: é a interrupção que o orador faz para dirigir-se as coisas ou pessoas, é a


interpretação direta e repentina, o dito mordaz e imprevisto. 2 Sm 18.33; Jr 22.29; Lc 13.34.

- Clímax ou Gradação: refere-se ao grau máximo, o ponto culminante. Rm 8.38,39; 1 Co


15.54; Hb 11.39,40; Is 40.29,31; 55.10,11; Ef 3.14-21.

- Interrogação: ação de interrogar, perguntar. Figura pela qual o orador se dirige ao seu
adversário ou ao público em tom interrogatório, sabendo que não terá resposta. Rm 8.33,35; Jó 11.7,10;
20.4,5; Gn 18.25.

- Provérbio: sentença ou máxima expressa em poucas palavras e que se tomou vulgar e


comum. Lc 4.23; Mt 13.57.

- Paradoxo: é a proposição que é, ou que parece ser contrária à opinião comum; é sinônimo
de desconchavo, de contradição. Mt 16.6; Mc 8.35; Lc 9.61,62; 8.19-21; 2 Co 4.18; 6.8; 12.10.

3 - Linguagem Simbólica

a - Símbolo: é o emprego de algum objeto material para evocar idéia ou coisa espiritual ou moral.
A Bíblia está cheia de símbolos. São abundantíssimos, e seu estudo constituiria, por assim dizer,
o estudo de toda a Bíblia.
É preciso ter a noção clara dos símbolos para compreender os tipos, vistos que um tipo é, em
regra, um conjunto de símbolos.

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b - Classificação dos Símbolos

- Objetos reais: grande número de símbolos pertence a essa classe.


- Visões.
- Transações ou atos.
- Nomes:
- de pessoas,
- geográficos,
- Números:
- Um - unidade, primazia,
- Dois — relação, diferença, divisão,
- Três — solidez (as três dimensões),
- Quatro — cessação, fraqueza,
- Cinco — (quatro + um) o fraco com o forte,
- Seis — limitação (o número do homem),
- Sete — plenitude, perfeição, repouso,
- Oito — (sete + um) novo começo, o novo em contraste com o velho,
- Dez — perfeição ordinal,
- Doze — (4 vezes o 3)o governo de Deus manifesto no mundo,
- Cores.
- Formas.

c — Princípios de Interpretação dos Símbolos


• A imagem deve ser contemplada em seus aspectos gerais e comuns, como se
apresentariam naturalmente às pessoas regularmente familiarizadas com as palavras e métodos de
Deus, e não em seus incidentes mínimos ou usos recônditos apenas conhecidos de alguns.

• Deve se fazer aplicação corrente e uniforme dos símbolos, não saltando o sentido
figurado para o literal sem que o original o requeira, nem um aspecto simbólico para outro essencialmente
diverso, mas aderindo a um tratamento regular e harmônico dos objetos.

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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

A PALAVRA.

A palavra pode ser escrita ou falada.

PALAVRA ESCRITA- É a transmissão do pensamento através da grafia, de letras.


PALAVRA FALADA- É a transmissão do pensamento através da pronúncia, da voz.

Como a palavra de Deus é transmitida das duas maneiras, tanto escrita como falada, e é através dela
que o Espírito Santo convencerá o pecador e santificará o crente, é importante conhecermos algumas regras
básicas para errarmos o mínimo possível.

A COMUNICAÇÃO

Comunicar é trocar informações, é pensar... .As palavras pronunciadas devem fluir audivelmente,
eliminando dúvidas por parte dos ouvintes.
Dez dicas auxiliares para uma boa comunicação:
1- Pensar antes de falar;
2- Usar exemplos;
3- Ser consciente;
4- Ser verdadeiro;
5- Usar a razão;
6- Usar palavras conhecidas do público;
7- Falar claramente e pausadamente;
8- Evitar digressão do tema;
9- Ouvir atentamente;
10- Eliminar o medo.

Em comunicação:
O transmissor: é quem diz.
O código: é como se diz.
A mensagem: é o que se diz.
O receptor: é a quem se diz. (quem ouve).

ELEMENTOS FUNDAMENTAIS NA COMUNICAÇÃO

a) conhecer o assunto.
b) conhecer o método.
c) prática.
A VOZ

É o principal veículo que o comunicador usa para transmitir os seus sermões.

* Ênfase - dá vida, energia e expressão ao sermão.


* Entonação - os elementos que fazem parte da entonação são: a velocidade, o tom e o volume.
* Pronúncia - o aperfeiçoamento da califasia deve ser adquirido. Pronunciar as palavras de forma correta,
distinta, expressiva e agradável é uma exigência do público.
* Ritmo - a preleção não é uma música. Você não pode fazer do seu sermão uma melodia. O comunicador
deve conhecer as regras da pontuação, pois o ritmo da pregação determina o estado psicológico do pregador.
* Articulação - é a pronúncia nítida das palavras. A voz requer qualidade.
* Dicção - é a articulação artística da voz. A respiração é o elemento fundamental para a boa dicção. Entre
falar e respirar deve haver harmonia.

O que me faz falar depressa quando estou pregando?

1- Nervosismo: evite-o treinando sempre;


2- Hábito adquirido: elimine-o;
3- Preocupação com o tempo limitado;
4- Excesso de entusiasmo.

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PRONÚNCIA

Correta Errada
A profetiza a profeta
Amós Amois
Apóstolo Aposto, apostólo
Áquila Aquíla, Aquilá
Batizando batizano
Bênção ença
Benevolência benevolença
Boaz Boaiz
Brincando brincano
Calvário alváro, calvarío
Capítulo capito, capitu
Círculo de oração Circo de oração, circu de oração
Andando Andano, andanu
Como comu
Barquinho Barquim
Convivência convivênça
Convivendo conviveno, convivenu
Bendiz bendiiz
Coríntios corintos, corintus
Bombeiro bombero
Cruz cruiz
Cantando cantano
Curando curano
Demônio demonho
Deuteronômio deuterenômio, deuteronômo
Dez deiz
Diácono iáco, diacôno
Dificuldade dificulidade, dificurdade
Dirigindo dirigino, diriginu
Discípulo disciplo
Dois pães dois pãe, dois pão
Efésios éfeso (livro), éfesios, efesíos
Enfermo infermo
Ensinando ensinano, ensinanu
Falando alano, falanu, falani
Família amia
Faz faiz
Fevereiro feverero, fevereiru, fevereru
Fez feiz
Feliz feliiz
Filho fio, fíu
Gás gais, gazi
Gênesis ênezi, genésis
Goiânia oiana
Goiás Goiáis
Gólgota ógota, golgóta
Gritando gritano, gritanu
Homem ome, homi
Identidade indentidae, dentidade
Impecilho impecílio, impecío, impecíu
Inferno enferno
Inimigo nimigo
Insistência insistença
Janeiro janero, janeru
Jesus Jesuis, Jésus
Junho junio
Lázaro Lazo, Lazáro
Lúcifer lucifér, lucifé

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Luz Luiz, luzi
Mártires mártire, martíre
Melhor mior, mió
Mesmo emo, mermo, memu
Miguel Minguel
Missionário missionáro, missonário
Moisés Moiséis
Muito muito, munto
Mulher muier, muié, mulér
Multidão mutidão, murtidão
Nascimento naiscimento, nascimeto
Nome nomem, nomi
Nós nóis, nóz
Onipotência onipotença
Onipresença onipresencia
Onisciência onisciênça
Operando operano, operanu
Orando em espírito espírito de oração
Paciência paciença
Paz paiz
Pensando pensano, pensanu
Perseverança perseverancia
Persistência persistênça
Pés péis
Plano prano
Polícia poliça, pulícia, puliça
Português portugueis
Potência potênça
Pregando pregano, preganu
Presbítero presbíto, presbitu
Privilégio previlégio, priviléju
Proclamar procramar, proclamá
Rapaz rapaiz
Samambaia sambambaia
Sangue saingue
Santa Ceia santa cêa
Satanás atanáis
Soar zoar
Sorrindo sorrino, sorrinu
Tabernáculo tabernáco, tabernácu
Tessalonicenses ezalonicenses, tessalocences
Trabalhando trabalhano, trabaiano, trabaianu
Velho veio, véi
Versículo versíco, versícu
Viajando viajano, viajanu
Vir vim
Voando oano, voanu
Você ocê, cê
Vós vóis, vóz

FRASES EQUIVOCADAS

Errada - meus prezado irmão e prezado amigo.


Certa - meus prezados irmãos e prezados amigos.

Errada - eu saldo os irmãos com a paz do Senhor.


Certa - eu saúdo os irmãos com a paz do Senhor.
Nota: saldo significa: resto, sobra.

Errada - cumprimento os primos católicos romano.


Certa - cumprimento os visitantes (não evangélicos).

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Errada - nós ficamos alegre por sua visita .
Certa - nós ficamos alegres por sua visita.

Errada - vamos cantarmos o hino 48.


Certa - vamos cantar o hino 48.
Nota: na combinação do verbo auxiliar com o principal só varia o auxiliar.

Errada - vamos lermos o salmo 23.


Certa - vamos ler o salmo 23.

Errada - ele vai cantar o hino que João e Maria está pedindo
Certa - ele vai cantar o hino que João e Maria estão pedindo

Errada - ele subiu para cima do monte


Certa - ele subiu ao monte
Nota: só podemos subir para cima, não há como subir para baixo.

Errada - ele desceu para baixo do porão.


Certa - ele desceu ao porão.

Errada - ela entrou para dentro da sala.


Certa - ela entrou na sala.

Errada - ele saiu para fora do carro.


Certa - ela saiu do carro.

Errada - agradeço a oportunidade o qual DEUS me deu.


Certa - agradeço a oportunidade a qual DEUS me deu.

Errada - comprimento os irmãos com a paz do Senhor.


Certa - cumprimento os irmãos com a paz do Senhor.

Errada - daí-me filho meu o teu coração.


Certa - dá- me filho meu o teu coração.

Errada - está conosco os irmãos Paulo e Silas.


Certa - estão conosco os irmãos Paulo e Silas.

Errada - eles é membros desta igreja.


Certa - eles são membros desta igreja.

Errada - a irmã Maria é membra desta igreja.


Certa - a irmã Maria é membro desta Igreja.

Errada - o conferencista Veiga é récem chegado...


Certa - o conferencista Veiga é recém chegado...

Errada - eles é récem-nacidos.


Certa - eles são recém-nascidos.

Errada - para que o Senhor seje exaltado.


Certa - para que o Senhor seja exaltado.

Errada - para que você veje sua glória


Certa - para que você veja a sua glória

Errada - o plenário estão cantando.


Certa - o plenário está cantando.

Errada - o pastor quer que fazermos uma reunião.


Certa - o pastor quer que façamos uma reunião.

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Errada - Maria chegou ao sepulcro meia cansada.
Certa - Maria chegou ao sepulcro meio cansada.

Errada - você não quer participar do culto.


Certa - você quer participar do culto.

Errada - eu vi ela chorando.


Certa - eu a vi chorando.

Errada - ele foi na igreja.


Certa - ele foi a igreja.

Errada - ele foi no correio.


Certa - ele foi ao correio.

Errada - Inspirito Santo tu és meu amigo.


Certa - Espírito Santo tu és meu amigo.

QUANDO USAR A PALAVRA CORRETA?

Absolver - declarar inocente, perdoar pecados


Absorver - embeber, consumir, esgotar

Acender - por fogo, fazer arder


Ascender - subir, elevar-se

Cega - que não vê


Sega - ato de ceifar

Comprimento - tamanho, usa-se para medidas


Cumprimento - saudação

Concerto - recital de canto


Conserto - reparação (DEUS fez um novo conserto conosco)

Desapercebido - desprevinido, descautelado


Despercebido - que não se viu nem que se ouviu

Delação - denúncia
Dilação - adiamento, demora

Emenda - correção; acréscimo


Ementa - rol, sumário, lembrança

Emergir - vir a tona (ex: batismo quando sai da água)


lmergir - mergulhar (ex: batismo quando entra na água)

Emigração - saída de um país


Imigração - entrada num país
Migração - muda de uma região para outra

Emitir - publicar, expedir


Imitir - fazer entrar, mandar para dentro

Entender - compreender
lntender - superintender, administrar

Esotérico - diz-se da doutrina secreta (ex: adivinhos)


Exotérico - que se expõe ao público

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Flagrante - momento de surpresa
Fragrante - perfumado

Imoral - libertino, contrário à moral


Amoral - que não tem censo de moral

Ablação - ação de tirar por força


Ablução - ação de lavar-se antes de uma prece
Oblação - sacrifício a DEUS

Preeminente - nobre, distinto


Proeminente - alto, saliente

Ratificar - confirmar, reafirmar


Retificar - corrigir, emendar

Tacha - pequeno prego; grande tacho


Taxa - imposto

Tráfego - transporte de mercadorias, trabalho


Tráfico - negócio indecoroso (ex: drogas)

Censo - estatística
Senso - entendimento

O William está acostumado vencer


O William costuma orar antes de deitar-se
Nota: acostumar é ter por hábito
Costumar é contrair o hábito

O Flávio foi cumulado de elogios


O Flávio acumulou cartões
Nota: acumular é amontoar
Cumular é dotar

O Gilmar ao invés de comprar vendeu


O Gilmar em vez de falar, ouviu
Nota: “ao invés de” é o mesmo que “ao contrário”
“em vez de” é o mesmo que “em lugar de”

Aonde a Sônia vai?


Onde a Sônia está?
Nota: Usa-se “aonde” com verbos de movimentos
Usa-se “onde” com verbos de estado

Usaremos “o tempo que dispomos”


Usaremos “o tempo de que dispomos”
Nota: A frase “tempo que dispomos” significa que pomos em ordem o tempo que.
A preposição “de” faz a diferença, a frase “tempos de que dispomos” significa que possuímos o tempo. Ex;
faremos a obra de DEUS com o tempo que dispomos.
Faremos a obra de DEUS com o tempo de que dispomos.

Disse a Williane: tenho muito dó do Fábio.


Nota: evite dizer: Tenho muita dó, dó é masculino.

LISTA DE PALAVRAS DIFÍCEIS NA BÍBLIA


Arganazes - ratazanas, Lv 11.5; Pv 30.26; o justo engordará (alma generosa) Pv 11 .25-AIB.
Necedade, Serôdia - fruto que amadurece depois.
Cominou, cibo (alimentos para aves), as primícias da virilidade nas tendas de Cão - Sl 78.51; leivas (terra
lavrada), cetro de eqüidade - Hb 1 .8.

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Procuraram abocar-vos (apanhar com a boca) - Ez 36.3 ler todo o versículo.
Janelas com fasquias fixas (ripas).
Trasfegar - trasfegadores (passar um líquido de uma vasilha para outra) - Jeremias 48.12;
Asiarca (os asiarcas eram deputados eleitos por várias cidades da província da Asia, que dirigiam os jogos em
honra do imperador romano - Atos 19.31.
Jarretar (cortar o jarrete, isto é, o nervo ou o tendão da perna dos animais) - 2 Samuel 8.4; Gênesis 49.6.
Aparato (enfeite, adorno) - 1 Pedro 3.3.
Aprisco (curral, redil, albergue, cabana, caverna, toca) João 10.1,16.
Ascético (místico, contemplativo). Colossenses 2.23.
Assolar (arrasar, destruir, arruinar) - Nós os asseteamos. . . e os assolamos - Números 21 30
Ataviado (ornado, adornado, enfeitado) Apoc 21 .2.
Basilisco (lagarto, cobra grande) - Isaias 11.8; Pv 33.22.
Bilha (vasilha) - 1 Samuel 26.11,12,16.
Borralho (cinzas quentes, lareira) - Gênesis 18.6 (braseiro com cinzas em cima).
Brenhas (mata espessa, matagal) - Isaias 9 . 18.
Calafate (indivíduo cujo o ofício é calafetar. vedar com pano) Ezequiel 27.9.
Cardos, abrolhos (espinhos) - Isaias 34. 1 3; 7.23,24,25.
Celeuma (baruho, algazarra, tumulto) - Atos 23.10 (tomando vulto a celeuma).
Carpideira (mulher que vive a lamentar-se; que era chamada para chorar nos enterros) - Jeremias 9.17
Cerviz (pescoço, nuca e pescoço) - Isaias 48.4 (a tua cerviz é um tendão de ferro).
Chasquear (zombar) Isaias 57.4 (de quem chasqueais?).
Choupo (um tipo de árvore) - Oséias 4.13.
Cilício (pano de saco, cinto ou cordão para penitência) Isaias 3.24.
Colocintida (fruto, purgativo, cabacinha) - 1 Reis 6.18; 7.24; 2 Cor 4.3.
Compungir (magoar, sensibilizar, afligir) - Atos 2.37.
Conjuração (conluio, maquinação, trama).
Consoante (a respeito de) - Gn 6.22; Dt 12.15; 17.10.
Consternar (desalentar, causar profunda aflição e abatimento) Isaias 19.9.
Contígua (perto) - Atos 18.7.
Debalde (em vão, inutilmente) - Ec 6.4 (pois debalde vem o aborto).
Decurso (decorrido, passado) - Gênesis 17.7,9.
Denegrir (tornar negro, escuro, enegrecer, escurecer) Isaias 23.9.
Derriçar (puxar, com as mãos ou com os dentes, para arrancar ou despedaçar) - Daniel 4. 14.
Desbaratar (contigo desbarato exércitos) - Salmo 18.29.
Detença (demora, delonga, dilação) - GaIatas 1 .16 (sem detença não consulte carne sangue).
Dignitário (aquele que exerce cargo elevado) - Marcos 6.21.
Dissuadir (desaconselhar, desistir) - Mateus 3.14 (fazer mudar de opinião).
Dromedário (um tipo de camelo) - Isaias 60.6.
Dormitar (coxilar, dormir) - Naum 3.18 (Os teus nobres dormitam).
Desgrenhar (emaranhar, despentear) - Lv 10.6.
Dorso (costas) - Salmos 129.3 (sobre o meu dorso lavraram os arados).
Efígie (imagem, figura, retrato) - Mateus 22.20 (de que é o nome e a cara nesta moeda? -BLH).
Eirado (terraço) Lucas 12.3; 17.31.
Eira (lugar onde secam os cereais e legumes).
Desferir (lançar, atirar, vibrar) - Salmo 64.7.
Enfadar (cansar, incomodar, irritar) - Jó 4.2 (se intentar alguém falar-te, enfadar-te-ás?).
Enlear (ligar, atar, prender com liames) - Salmo 119.61.
Enxovia (prisão térrea, escura e úmida) - Êxodo 12.29.
Enxúndia (as banhas das aves e do porco) - Jó 15.27 (e criou enxundia nas ilhargas).
Escarmentar (repreender, castigar) - Ezequiel 23.48 (para que se escarmentem todas as mulheres).
Esquadrinhar (examinar) - Jó 13.9 (se ele vos esquadrinhasse?).
Escalvado (que não tem vegetação) - Isaias 13.2.
Esquife (caixão) - Lucas 7.14 (tocou o esquife) - parece instrumento...

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Esterroar (desfazer os torrões) - Isaias 28 24.
Estirpe (origem, tronco, raça, ascendência) - Isaías 14.29 (da estirpe da cobra).
Estulticia (loucura, tolice) - Salmo 49.13
Estulto (estúpido, ignorante, tolo).
Euro-aquilão (euro: vento de leste; aquilão: o vento do norte).
Féretro (caixão, ataúde, esquife).
Fumo (fumaça) - Isaias 4.5; 9.18; 51.6.
Fundibulário (aquele que combate com a funda) - Zc 9.15.
Galardão (recompensa) — Mateus 5.12; 6.1; 10.41.
Gavela (feixe) - Ruth 2.7: 2.15; Jeremias 9.22.
Gonzo (dobradiça) - Provérbios 26.14 (como a porta se revolve nos seus gonzos).
Grassar (desenvolver, propagar) - Salmo 106.29 (e grassou peste entre eles).
Gusano (verme que se cria na madeira, que se desenvolve em matéria orgânica) - Isaias 14.11.
Gral (pilão) - Provérbios 27.22; Números 11.8.
Gradar (aplanar a terra, ou afofar com grade) - Jó 39.10.
Geco (largatixa) - Levítico 11.30; Provérbios 30.28.
Labor (trabalho) - Êxodo 2.11; Apocalipse 2.2.
Lascívia (luxúria, sensualidade, libidinagem) - Marcos 7.2; Gálatas 5.19.
Leira (sulco em terra arada para se colocar a semente, canteiro) - Isaias 28.25.
Libelo (exposição articulada daquilo que se pretende provar contra um réu) - Atos 24.1.
Limiar (Patamar, entrada, portal) - Isaias 6.4.
Malfazejos (malfeitor, malfazente) - Is 9.16.
Néscio (ignorante, estúpido, tolo) - Provérbios 1.22,32; Mateus 25.2,3,8.
Opróbrio (ignominia, desonra, injúria) - Salmos 22.6; 31.11; Isaias 25.8.
Pulular (brotar, rebentar, renovar) - Salmos 50 11; 80.13.
Primípara (fêmea que tem o primeiro parto) - Jeremais 4.31.
Prevaricar (faltar, por interesse ou má fé, aos deveres de seu cargo. Abusar do exercício de suas funções,
cometendo injustiça eu causando prejuízos) - Isaias 43.27; Ezequiel 2.3; Jeremias 2.8.
Premido (espremer, apertar) - Lucas 9.32 - (achava-se premido de sono).
Porfia (polêmica, teima, discussão) - 2 Co 12.20.
Ponderar (considerar, medir, pesar, refletir) - Mateus 1.20; Lucas 19.25.
Pastio (terreno em que há pastagem. pasto) - Isaias 7.19.
Primícia (começos, prelúdios, os primeiros frutos colhidos, ou animais nascidos) - Génesis 4.4.
Quebrantado (aflito, arrasado, abatido) - Salmos 34.18; 38.8.
Reqüestar (pedir a proteção de alguém, desafiar para duelo) - Jeremias 31.22.
Sicário (cruel, assassino) - Atos 21 .38.
Trasfegadores que os trasfegarão (fazer passar um líquido de uma vasilha para outra; negociar, vendendo e
comprando, estar atarefado) - Jeremias 48.12.
Vitupério (insulto, desprezo, injúria) - Hebreus 13.13.

MAIS ALGUMAS EXPRESSÕES:

Poderíamos colocar também: LEIRA. LAVOR NÉDIO, NECROMANCIA, NEÓFITO, NÓMADE, NOTÓRIO,
OBLAÇÃO, OBREIAS, OFEGAR. OBSTINAÇÃO, OFUSCAR, ÓMER, ORÁCULO, ORIUNDO, OSCULO, OUTORGAR,
PADEJADOR, PARASCEVE, PASCER, PAVÉS, PEJO, PERCEPÇÃO, PERECER, PERFÍDIA, PERSCRUTAR,
PERSPICAZ, POSTIGO, PRECEPTOR, RÉPROBO, SÁTIRO, SÁTRAPA, ÁSPIDES, VESTÍBULO, (os seus vestíbulos
olhavam para o átrio) - Ezequiel 40.31. XÓ! XÓ’ (“Com xõ! xõ! e exílio o trataste”) – Isaias 27.8.

ATIVIDADES PRÁTICAS

Muna-se de um bom dicionário e dê o pleno significado das palavras que estão em letras maiúsculas nas
frases. Todas as frases foram retiradas do Velho e Novo testamentos da Bíblia revista e corrigida, considerada
de linguagem muito erudita.

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1. Todo o seu DESPOJO tornarás para ti.

2. Então PELE.JARAM os reis de Canaã.

3. E do orvalho do VELO espremeu uma taça de água.

4. Deixa-me colher espigas. e ajuntá-las entre as GAVELAS após os SEGADORES.

5. E Davi meteu a mão no ALFORJE

6. Rei Salomão fez duzentos PAVESES de ouro batido.

7. Abaixou o seu ombro para ACARRETAR.

8. E o sacerdote fará PROPICIAÇÃO por ela.

9. E o fogo consumiu o HOLOCAUSTO.

10. QUEBRANTAREI a soberba de sua força.

11. Vos serão por espinhos e por AGUILHÕES.

12. Estas nações ouvem os PROGNOSTICADORES.

13. Na EIRA de Ormã, jebuseu.

14. E vieram a Jerusalém com ALAÚDES, e com harpas, e com trombetas.

15. Tu, ó nosso Deus, ESTORVASTE que fôssemos destruídos.

16. Os CORREIOS sobre GINETES das CAVALARIÇAS do rei apressuradamente saíram.

17. meu ventre é como MOSTO, sem respiradouro, e virá a arrebentar, como ODRES novos.

18. Para que se não ASSENHOREIE de mim.

19. Deus é o que me CINGE de força.

20. Liberta aqueles que estão presos em GRILHÕES.

21. Tu, ó Deus, bem conheces a minha INSIPIÊNCIA.

22. CRISOL é para a prata, e o forno para o ouro.

23. Tira da prata as ESCÓRIAS.

24. Seu ESTANDARTE sobre mim é o amor.

25. E o campo fértil será REPUTADO por um bosque.

26. Porque foi subindo como RENOVO perante ele.

27. A APREGOAR o ano aceitável do Senhor.

28. Para fazeres NOTÓRIO o teu nome.

29. Um bando de ALEIVOSOS.

30. Passou a SEGA findou o verão.

31. E não se lembrou do ESCABELO dos seus pés.

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32. E pelo ministério dos profetas proporei SÍMILES.

33. interior está cheio de RAPINA.

34. Um vaso de ALABASTRO com UNGÜENTO de grande valor.

35. Teu pai matou o bezerro CEVADO.

36. E eram mais de quarenta os que fizeram esta CONJURAÇÃO.

37. E ouviu palavras INEFÁVEIS.

38. O que se entende por ALEGORIA.

39. Nem PARVOÍCES, nem CHOCARRICES.

40. O mesmo Senhor descerá do céu com ALARIDO.

41. Que pregues a palavra, INSTES a tempo e fora de tempo REDARGUAS, repreendas, exortes, com toda a
LONGANIMIDADE e doutrina.

42. Na doutrina mostra incorrupção, GRAVIDADE, sinceridade.

LEIA COM ATENÇÃO O TEXTO ABAIXO E RESPONDA AS QUESTÕES QUE VÊM NO FINAL.
UM SONHO INSOLENTE

“Façamo-nos um nome...” (Gênesis 11.4.)


A mais antiga vaidade do ser humano, afastado da graça de Deus, foi a de fazer um nome para si.
No momento em que um indivíduo ou um grupo de pessoas faz para si um nome, é porque rejeitou o
Nome que é sobre todo o nome.
Aqui jaz um mistério.
Toda a honra, toda a glória, todo o louvor, toda a adoração, todo o império, toda a soberania, devem-
se a ele e somente a ele.
Como pode o pó, o verme, a lama, o barro, a imundícia, desejar para si um nome?
Querer ser alguém, ser grande, ser famoso. ser reconhecido, ter um nome e, não apenas isto, ter
renome...
Vaidade de vaidades, diz o pregador, tudo é vaidade.
Nimrode e sua turba de rebeldes queriam um nome, queriam notoriedade, queriam fama.
E eles ficaram famosos. Não apenas famosos, mas famigerados.
E Deus?
Deus foi deixado de lado, esquecido, colocado em segundo plano.
As grandes almas que já passaram pela terra desejaram, sempre, ficar à sombra, deixando Deus
aparecer em primeiro plano.
“Convém que ele cresça e que eu diminua!’’
Preferiram as coxias, os camarins, os bastidores, do teatro da vida.
E por terem a preferido esta posição, não tiveram seu nome gravado em pedras, ou em cartazes
cinematográficos, ou em “out-doors”.
Não foram manchetes de jornais, nem de revistas, nem noticias principais do jornal das oito, na
televisão.
Mas, tiveram seus nomes escritos no livro da vida do Cordeiro.
E tiveram a promessa de Apocalipse 2.1 7:
“Ao que vencer.., dar-lhe-ei uma pedra branca, e na pedra um novo nome escrito, o qual ninguém
conhece senão aquele que o recebe.”

APÓS LEITURA ACURADA DESTE TEXTO, RESPONDA:


1. Qual é o assunto principal desta crônica?
2. Qual é a palavra-chave aqui utilizada?
3. Quem é comparado com “o pó, o verme, a lama, o barro, a imundícia...”?
4. Defina RENOME.
5. Defina NOTORIEDADE.

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6. Defina FAMIGERADOS
7. O que significa a expressão FICAR À SOMBRA?
8. Que figura sintática é utilizada na expressão ‘TEATRO DA VIDA?
9. Defina TURBA.
10. Defina COXIAS.
11. Defina BASTIDORES.
12. Por que, na expressão FICAR À SOMBRA, existe crase no A?
13. Na expressão TUDO É VAIDADE, a palavra VAIDADE não tem nada a ver com orgulho, ou desejo de
aparecer. O que ela realmente significa?
14. Por que a expressão AO QUE VENCER termina com reticências?

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PERÍODO INTERBÍBLICO

OS 400 ANOS ENTRE OS TESTAMENTOS

O Que Aconteceu nos Séculos entre o Antigo e o Novo Testamento?

Introdução:
Os quatrocentos anos entre a profecia de Malaquias e o advento de Cristo são freqüentemente
descritos como sendo “silenciosos”, mas foram na verdade repletos de atividades.
Nenhum profeta, cujos escritos estão incluídos na Bíblia, se levantou em Israel durante estes séculos.
O escritos do Antigo Testamento foi considerado completo.
No entanto, muitas coisas aconteceram e deram aos judeus da época de Cristo a sua ideologia
característica. Esta era preparou providencialmente o caminho para a vinda de Cristo e a proclamação do Seu
Evangelho.

A. O IMPÉRIO PERSA CONTROLA A JUDÉIA

Cerca de 100 anos antes desta época, os judeus haviam sido levados para o cativeiro babilônico
(persa) (2 Rs 24.15; Jr 20.6). A antiga Pérsia era constituída de regiões que hoje formam as nações do Iraque
e do Irã.
Os judeus passaram muito bem durante o seu cativeiro de setenta anos sob domínio persa. No final
desses setenta anos, Ciro, Príncipe da Pérsia, lhes deu permissão de voltarem para Jerusalém e construírem o
seu templo (compare Jr 29.10 com Dn 9.2).
Muito embora houvessem encontrado oposição dos habitantes da Palestina, o templo foi completado e
consagrado durante o reinado de Dario, o Grande (Ed 6.1-14).
Esdras, o escriba, e Neemias, o leigo, tentaram fortalecer a comunidade judaico-palestina e incentivar
a sua lealdade para com a lei de Deus (veja Esdras 10).
Durante cerca de um século e meio após a época de Neemias, o Império Persa exerceu um controle
sobre a Judéia, e os judeus podiam manter as suas instituições religiosas sem interferências.
A Judéia foi governada por sumos-sacerdotes, os quais eram responsáveis diante do governo persa,
um fato que garantia aos judeus um bom nível de autonomia. Ao mesmo tempo, no entanto, isto fez do
sacerdócio um cargo político e lançou as sementes de problemas futuros. As competições pelo cargo de sumo-
sacerdote foram marcadas por invejas, intrigas e até mesmo assassinatos.
Dizem que Joanã, filho de Joiada (Ne 12.22), assassinou o seu irmão Josué dentro das dependências
do templo.
Joanã foi sucedido como sumo-sacerdote por seu irmão Jadua, cujo irmão Manassés, de acordo com
Josefo, casou-se com a filha de Sambalate, governador de Samaria.

1. Os Samaritanos edificam o Templo.


Foi nesta época que um templo samaritano foi construído sobre o Monte Gerizim. Este templo, ao
invés de Sião, era considerado como sendo sagrado pela comunidade samaritana. Por algum tempo, isto
reforçou o sistema religioso substituto, o qual havia sido iniciado por Jeroboão vários séculos antes, seguindo-
se à morte do Rei Salomão (1 Rs 12.25).
O santuário sobre o Monte Gerizim foi destruído pelo governante Asmoneu João Ircano (134 - 104
a.C.). Até a metade do Século XX, um remanescente de samaritanos (cerca de 300 em número) ainda
consideravam o monte como sendo sagrado.
A mulher do poço de Samaria queria discutir com Jesus sobre os méritos dos lugares sagrados rivais.
Jesus, o Salvador, escolheu enfatizar a atitude espiritual do adorador, ao invés do local de adoração (Jo 4.20).
O Sambalate de Josefo não pode ter sido o mesmo indivíduo que o homem de mesmo nome
mencionado por Neemias (Ne 4.1). Josefo, no entanto, parece estar refletindo uma tradição válida, pois
parece que um templo foi mesmo edificado sobre o Monte Gerizim ao redor desta época.
O fracasso da Pérsia de sobrepujar a Grécia estimulou outros povos conquistados a buscarem a sua
independência. O Egito estava constantemente tentando livrar-se do jugo persa. A Judéia, geograficamente
situada entre o Egito e a Pérsia, não conseguia escapar do envolvimento.

2. Os Judeus Migram.
Durante o reinado de Artaxerxes III, muitos judeus estavam implicados numa revolta contra a Pérsia.
Depois do seu fracasso, os persas os deportaram para a Babilônia e a costa ao sul do Mar Cáspio.
Os judeus haviam fugido para o Egito na época de Jeremias há um século ou mais antes. Depois da
morte de Gedalias, o profeta Jeremias foi forçado a unir-se a um grupo de refugiados que buscaram asilo em

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Tafnes, ao leste do Delta (Jr 43.4-13). Outros judeus indubitavelmente conseguiram chegar ao Egito para não
serem capturados por Nabucodonosor.
A migração continuou durante o período persa e, no quinto século antes de Cristo, uma colônia
judaica de soldados mercenários estava localizada na Ilha Elefantina, perto da atual Assuan, na Primeira
Catarata do Nilo.
Contrariamente à Lei Mosaica, estes colonos construíram um templo para si próprios e combinaram a
sua devoção ao Deus dos seus antepassados com elementos pagãos (Jr 44.15-19). Os Judeus Elefantinos
mantinham correspondência com os samaritanos, como também com os que habitavam na Judéia.

B. ALEXANDRE O GRANDE
A Pérsia nunca conseguiu subjugar os gregos, mas um herdeiro da cultura grega, Alexandre da
Macedônia, finalmente pôs um fim ao Império Persa.
Alexandre não era simplesmente um déspota louco por poder. Pelo fato de ser um discípulo do
filósofo Aristóteles, ele estava totalmente convencido de que a cultura grega era a única força que poderia
unificar o mundo.
Em 333 a.C., ele saiu da Macedônia e entrou na Ásia Menor, derrotando o exército persa lá
estacionado. Em seguida, ele se dirigiu ao sul através da Síria e Palestina, até chegar ao Egito.
Tanto Tiro quanto Gaza ofereceram uma obstinada resistência, mas os atrasos não desanimavam
Alexandre, ele simplesmente fortalecia a sua determinação de vencer.

1. Um amigo dos judeus


Não havia nenhuma necessidade para uma campanha contra os judeus e, na verdade, as lendas
fazem de Alexandre um amigo do povo judeu. Dizem que Jadua, o sumo-sacerdote, teria saído para
encontrar-se com Alexandre, para contar-lhe sobre a profecia de Daniel, segundo a qual o exército grego seria
vitorioso (veja Daniel 8).
Muito embora os historiadores não levem esta história a sério ela, no entanto, ilustra de fato os
sentimentos amigáveis existentes entre os judeus e o conquistador macedônio.
Alexandre permitiu que os judeus mantivessem as suas leis, concedendo-lhes uma isenção do tributo
durante os Anos Sabáticos. Ao construir Alexandria no Egito (331 a.C.), ele incentivou os judeus a se
estabelecerem lá e lhes deu privilégios comparáveis aos dos seus súditos gregos.

2. Persas derrotados
Alexandre foi bem recebido no Egito como um libertador da opressão persa.
Os seus exércitos vitoriosos voltaram pelo mesmo caminho através da Palestina e Síria e, aí então,
dirigiram-se para o leste. As cidades da Babilônia (Iraque) e Pérsia (Irã) caíram diante de Alexandre e ele
prosseguiu para o leste até chegar na região de Punjabe na índia.

3. Legado de cultura grega.


Muito embora ele fosse muito poderoso na batalha, foi uma cultura helenística, ao invés de um
domínio macedônico, o legado que Alexandre deixou para o Oriente Médio.
Ele resolveu fundar uma nova cidade em cada país do seu império, que serviria como modelo para a
reordenação da vida do país como um todo, segundo os padrões gregos.
Materialmente falando, isto significava a construção de ótimos edifícios públicos, um ginásio para
jogos, um teatro ao ar livre e qualquer coisa que se aproximasse do estilo de vida de uma cidade-estado
grega.
Os indivíduos foram incentivados a assumirem nomes gregos, a adotarem as vestimentas gregas e a
linguagem grega, em suma, a se tomarem helenizados.
Os aspectos materiais do helenismo devem ter sido atraentes para grandes segmentos da população.
Os negócios e o comércio trouxeram riquezas à nova classe mercantil. As bibliotecas e as escolas
eram bem recebidas pelos estudantes. Melhores moradias e na melhor alimentação causaram uma elevação
nos padrões de vida.
Muitos em Israel, como em outras partes também, ficaram satisfeitos em aceitar esta fachada de
cultura grega. Se a idolatria foi a pedra de tropeço para Israel no período anterior ao Exílio, o helenismo foi a
grande tentação após o Exílio.
Um escritor do terceiro século a.C. observou o seguinte: “Em épocas recentes, sob o domínio
estrangeiro dos persas e, em seguida, dos macedônios, pelos quais o Império Persa foi derribado, o
intercâmbio com outras raças fez com que muitos dos costumes judeus tradicionais perdessem a sua
influência.”
Muitos judeus adotaram nomes gregos, aceitaram uma escola de filosofia grega e tentaram combinar
a sabedoria da Grécia com a fé dos seus antepassados. Outros resistiram ao helenismo e se tornaram cada
vez mais absortos no estudo da sua Lei.
Aos trinta e três anos de idade, Alexandre morreu na Babilônia.
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Por vários anos, o futuro do Oriente Próximo esteve incerto, mas os generais foram bem sucedidos na
divisão do Império entre si, e a onda de helenismo aumentou.
Ainda que os Ptolomeus do Egito e os Selêucidas da Síria tivessem lutado entre si para obterem terras
e poder, eles estavam em completo acordo com relação à sua missão social e cultural.
O historiador W.W.Tarn diz que Alexandre “transformou o mundo de tal maneira que nada depois dele
poderia ser como era antes”.

C. OS PTOLOMEUS
Depois da morte de Alexandre, a Judéia ficou primeiramente submissa a Antígono, um dos seus
generais. No entanto, ela caiu rapidamente nas mãos de um outro general, Ptolomeu I, cujo sobrenome Sóter
significava “Libertador”. Ele capturou Jerusalém num dia de sábado em 320 a.C.

1. Os judeus prosperam
Ptolomeu, cujo reinado centralizava-se no Egito, tratou bem os judeus. Muitos deles se estabeleceram
em Alexandria que continuou a ser um importante centro do pensamento judaico por muitos séculos.
Sob Ptolomeu II (Filadelfo), os judeus alexandrinos traduziram o seu Antigo Testamento para o grego.
Esta tradução ficou conhecida mais tarde como a Septuaginta (que traduzida significa “setenta”).
Este nome veio dos setenta judeus que foram enviados da Judéia para produzirem a tradução grega
das Escrituras Hebraicas. Na verdade havia setenta e dois, seis de cada uma das doze tribos.
Os judeus da Palestina desfrutaram de um período de prosperidade durante a época ptolemaica.
Tributos eram pagos ao governo no Egito. Os assuntos locais, no entanto, eram administrados pelos sumos-
sacerdotes, os quais haviam sido responsáveis pela governo do seu povo desde o período persa.
A maior figura dentre os judeus do período ptolemaico foi Simão o Justo, o sumo-sacerdote. Ele é alvo
do mais alto louvor do Livro Apócrifo do Eclesiástico, que o chama de “Grande dentre os seus irmãos e a
glória do seu povo”.
A ele se atribui a reconstrução das muralhas de Jerusalém, que haviam sido destruídas por Ptolomeu I.
Dizem que ele reparou o Templo e dirigiu a escavação de uma grande represa que fornecesse água fresca
para Jerusalém em épocas de seca e assédios. Além da sua reputação como sumo-sacerdote, Simão é
também considerado um dos grandes mestres do antigo judaísmo. O seu aforismo favorito era: “O mundo
repousa sobre três coisas: a Lei, o Serviço Divino e a Caridade.”
Contudo, a identidade de Simão Justo apresenta um problema histórico. Um sumo-sacerdote conhecido
como Simão I viveu durante a metade do terceiro século, e Simão II viveu em cerca de 200 a.C. Um destes
dois é indubitavelmente o Simão o Justo da tradição e lendas judaicas.

2. A rivalidade aumenta entre as famílias sacerdotais.


Durante o período ptolemaico, as famílias sacerdotais de Onia, e Tobias tomaram-se rivais
implacáveis. A casa de Tobias era a favor do Egito e representava a classe rica da sociedade de Jerusalém. A
família de Tobias pode ter sido ligada a Tobias, o amonita (Ne 2.10; 4.3,7; 6.1-19) que causou muitos
problemas a Neemias.
Um papiro da época de Ptolomeu II fala de um judeu chamado Tobias, que era um comandante da
cavalaria no exército ptolemaico estacionado em Amanitis, a pouca distância ao leste do Rio Jordão.
Os arqueologistas descobriram um mausoléu do terceiro século a.C. em ‘Araq el-Emir na região central
da Jordânia, como nome “Tobias”. Segundo o que se pensa, os “Tobias” foram arrecadadores de impostos,
ocupando a mesma função que os publicanos do Novo Testamento.
Josefo afirma que Onias II recusou-se a pagar vinte talentos de prata a Ptolomeu IV, que era
evidentemente o tributo exigido dos sumos-sacerdotes. Ao recusar o pagamento, Onias aparentemente
renunciou a sua fidelidade a Ptolomeu.
José, um membro da casa de Tobias, conseguiu então ser nomeado “coletor de impostos” para toda a
Palestina. O coletor de impostos tinha que ir a Alexandria todos os anos para tentar conseguir a renovação da
sua licença para arrecadar impostos. José manteve este cargo influente durante vinte anos, sob os Ptolomeus
e após a vitória de Antíoco III, sob os Selêucidas.

D. OS SELÊUCIDAS
Os governantes sírios deste período são chamados de Selêucidas. Isto se deve ao fato de que no reino
deles, um dos estados sucessores ao império de Alexandre o Grande, foi fundado por Seleuco I (Nicator).
A maioria dos primeiros governantes tinham o nome de Selêuco ou Antíoco. Eles governavam da
cidade de Antioquia, no Rio Orontes.

1. A cultura grega imposta sobre os judeus


O ambicioso governante Antíoco III, apelidado “o Grande”, travou uma série de batalhas com o
Egito. Em 199 a.C., ele arrebatou a Palestina dos Ptolomeus depois da Batalha de Panion, perto das
nascentes do Rio Jordão.
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Isto marcou o início de uma nova era da história judaica. Muito embora os Ptolomeus tivessem sido
tolerantes com relação às instituições judaicas, os Selêucidas resolveram impor o helenismo sobre os
judeus.
A crise veio durante o reinado de Antíoco IV, mais conhecido como Antíoco Epifanes. Ele encontrou
aliados no partido helenístico da Judéia.
No início do reinado de Antíoco IV, Jerusalém foi governada pelo sumo-sacerdote Onias III, um
descendente de Simão o Justo e um judeu rigorosamente ortodoxo.

2. Sacerdócio vai para o maior lance do leilão


Os judeus que favoreciam a cultura grega se opuseram a Onias e adotaram a causa do seu irmão
Jasão. Prometendo maiores tributos a Antíoco, Jasão conseguiu ser nomeado sumo-sacerdote.
Muito embora Antíoco considerasse o sacerdócio um cargo político, que poderia ser devidamente
preenchido por ele como quisesse, os judeus devotos achavam que o sacerdócio era divino em sua origem
e consideravam que a sua venda ao mais alto “lance de leilão” era um pecado contra Deus.
Jasão incentivou os helenistas que haviam buscado a sua eleição. Um ginásio foi construído em
Jerusalém, nomes gregos tomaram-se comuns, e a ortodoxia hebraica foi considerada obscurantista e
obsoleta.
Contudo, Jasão discutiu com o seu companheiro íntimo e colega helenista, Menelau, da Tribo de
Benjamim. De acordo com as Escrituras do Antigo Testamento, somente os Levitas deveriam ser
sacerdotes.
Menelau, da Tribo de Benjamim, ofereceu um maior tributo a Antíoco do que o que foi pago por Jasão e
conseguiu ser empossado como sumo-sacerdote.

3. A fé judaica ortodoxa atacada


Os judeus ortodoxos, que haviam ficado escandalizados quando Jasão foi nomeado sumo-sacerdote,
ficaram transtornados mais ainda, quando Menelau da Tribo de Benjamim, com nenhum direito ao cargo
sacerdotal, foi empossado.
Jasão formou um exército para defender a sua reivindicação ao sumo-sacerdócio, e Menelau tentou
conseguir a ajuda de Antíoco.
Os sírios, que estavam lutando contra o Egito, acharam essencial manter o controle efetivo da
Palestina. Assim sendo, Antíoco Epifanes efetuou um ataque sorrateiro contra Jerusalém num dia de sábado
(quando os ortodoxos não lutariam), e assassinou um grande número de inimigos de Menelau.
As muralhas da cidade foram destruídas e uma nova fortaleza, a Acra, foi construída no local da
cidadela.
Antíoco resolveu eliminar todos os vestígios da fé judaica ortodoxa. Diziam que o Deus de Israel era o
mesmo que Júpiter, e uma imagem bárbara deste deus pagão (talvez à semelhança de Antíoco) foi erigida no
altar do Templo, onde porcos eram oferecidos em sacrifício.
Os judeus eram proibidos, sob penalidade de morte, de praticarem a circuncisão, a observância do
sábado, ou a celebração dos três festivais anuais do calendário judaico. Foi ordenada também a destruição de
cópias das Escrituras.
As leis eram impostas com extrema crueldade. Um idoso escriba chamado Eleazar foi açoitado até a
morte porque não quis comer carne de porco.
Pela força das armas, Menelau continuou como sumo-sacerdote e o partido helenizante teve uma
vitória. Contudo, os helenizadores haviam ido longe demais, e o próprio zelo deles em aniquilar a antiga
ordem provou ser a sua própria destruição.
Os ortodoxos estavam dispostos a morrerem pela sua fé, mas nem todos estavam convencidos de que
deveriam morrer passivamente.

E. A REVOLTA DOS MACABEUS


Os judeus oprimidos não demoraram muito tempo para encontrar um defensor.

1. Matatias lidera a revolta.


Quando os emissários de Antíoco chegaram à vila de Modin, a aproximadamente vinte e cinco
quilômetros ao oeste de Jerusalém, eles esperavam que o idoso sacerdote, Matatias, desse um bom exemplo
ao seu povo, indo para a frente para oferecer um sacrifício pagão. Quando Matatias se recusou, um tímido
judeu foi à frente para executar o sacrifício.
O sacerdote enfurecido aproximou-se do altar e matou tanto o judeu apóstata quanto o emissário de
Antíoco. Com os seus cinco filhos, Matatias destruiu o altar pagão e, em seguida, fugiu para as colinas para
evitar uma represália.
Outras pessoas de convicção ortodoxa se uniram à família de Matatias em sua luta de guerrilhas contra
os sírios e os judeus helenísticos que os apoiavam.

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Os ortodoxos não lutavam nos dias de sábado e, consequentemente, encontravam-se em distinta
desvantagem militar. Num sábado, um grupo de ortodoxos foi cercado e assassinado, pois não se defendiam.
Depois deste episódio, Matatias sugeriu o princípio de que a luta em defesa própria é permissível no dia
de sábado. A realidade tem um jeitinho de moderar as teologias impráticas.

2. Judas “Macabeu” conduz à vitória logo depois do início da revolta.


Matatias morreu. Ele havia recomendado veementemente aos seus seguidores a escolherem como líder
militar o seu terceiro filho Judas, conhecido como “o Macabeu”, uma palavra cuja interpretação costumeira
significa “o martelo”.
A escolha foi boa, pois mais e mais judeus uniram-se à causa. Os Macabeus, como foram chamados os
seguidores de Judas, conseguiram manter a sua própria resistência contra uma série de exércitos sírios
lançados contra eles.
Com um ataque noturno de surpresa, Judas aniquilou um exército de sírios e judeus helenísticos em
Emaús e, em seguida, marchou em direção a Jerusalém, com os despojos de guerra que havia tomado. Os
Macabeus entraram na cidade e conquistaram tudo, exceto a Acra.
Eles entraram no Templo e removeram todos os sinais de paganismo que lá haviam sido instalados. O
altar consagrado a Júpiter foi removido e um novo altar foi erigido ao Deus de Israel. A estátua de Júpiter foi
reduzida a pó.
Começando no dia vinte e cinco de Kislev (Dezembro), eles celebraram uma Festa de Consagração de
oito dias conhecida como “Hanukkah”, o Festival das Luzes.
(Observação: Os cristãos, mais tarde, se apropriariam desta data de festival, observando-a
erroneamente como o aniversário de Jesus).
Desta forma, eles marcaram o fim do período de três anos, durante o qual o Templo havia sido
profanado.

3. Os sírios recuperam o controle.


A paz, no entanto, foi curta. O general sírio Lísias derrotou os Macabeus numa batalha perto de
Jerusalém e sitiou a cidade. Durante o cerco, no entanto, Lísias foi informado de que havia problemas em seu
país e fez uma oferta de paz aos judeus.
As leis contra a observância do judaismo seriam revogadas, e a Síria se absteria de interferir nos
assuntos internos da Judéia. Menelau deveria ser removido do cargo e o sumo-sacerdócio dado a um
helenizador moderado chamado Alcimo.
Lísias prometeu que Judas e seus seguidores não seriam punidos. No entanto, as muralhas de
Jerusalém seriam demolidas.
Um conselho abrangendo oficiais do exército Macabeu, respeitados escribas, e anciãos do partido
ortodoxo foi convocado em Jerusalém para determinar as ações a serem tomadas.
Contrariamente aos conselhos de Judas, as condições do tratado de paz foram aceitas. Alcimo tornou-
se o sumo-sacerdote, Menelau foi executado e Judas saiu da cidade com alguns seguidores. Os temores de
Judas provaram estar corretos, pois Alcimo prendeu e executou muitos membros do partido ortodoxo.

4. Reinicia-se a guerra civil


Os judeus leais uma vez mais se voltaram para Judas e reiniciou-se a guerra civil. Judas, com um
exército de oitocentos homens mal equipados, deparou-se com um grande exército sírio e morreu na batalha.
Assim, terminou a primeira fase da luta dos Macabeus.
Jônatas, um dos irmãos de Judas, atravessou o Jordão e fugiu com várias centenas de soldados
Macabeus. Eles estavam mal equipados para travarem batalhas, mas as próximas vitórias ocorreram no
campo da diplomacia.
Os dois pretendentes ao trono sírio buscaram a ajuda dos judeus. Eles viram em Jônatas o homem em
melhores condições de formar e liderar um exército judeu. Com uma política de ações retardadas, Jônatas
conseguiu apoiar o candidato vencedor e, ao mesmo tempo, fazer tratados com Esparta e Roma.
Antes do fim da guerra, Jônatas já era sumo-sacerdote, governador da Judéia e membro da nobreza
síria. O seu irmão Simão tomou-se governador da região litorânea dos filisteus. Jônatas conseguiu promover a
prosperidade interna de Judá e, ao morrer, o seu irmão Simão o sucedeu como sumo-sacerdote governante.
Simão já era de idade avançada quando chegou ao trono. A sua maior vitória foi no campo da
diplomacia. Reconhecendo a Demétrio como legítimo rei da Síria, ele garantiu para os judeus uma isenção dos
impostos, o que eqüivalia a um reconhecimento de independência.
Simão conseguiu subjugar pela fome e expulsar a guarnição síria em Acra e ocupar as cidades de Jopa
e Betsura. Em reconhecimento ao seu sábio governo, os líderes de Israel o denominaram Simão “líder e
sumo-sacerdote para sempre, até que se levante um fiel profeta”.
Simão foi o último dos filhos de Matatias, e este feito legitimizou uma nova dinastia denominada
Asmoneana, que presumivelmente se deriva de um antepassado dos Macabeus chamado Asmoneu ou, no
hebraico, “Hashmon”.

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Em 134 a.C., Simão e dois de seus filhos foram assassinados por um ambicioso genro. Um terceiro filho
João Ircano, conseguiu escapar e suceder a seu pai como chefe hereditário do Estado Judeu.

F. OS ASMONEUS
Os sírios reconheceram o governo de João Ircano sob a condição de que ele se considerasse submisso
à Síria e prometesse ajuda nas campanhas militares sírias.
Pequenas cidades costeiras anexadas por Jônatas e Simão também deveriam ser abdicadas, O eficiente
governo de Ircano, no entanto, efetuou rapidamente a reconquista destas cidades e a anexação da Iduméia
(Edom do Antigo Testamento) ao território judeu.
Estas conquistas garantiram o uso pela classe mercante de antigas rotas comerciais, mas apresentaram
problemas aos judeus com pretensões religiosas.

1. Ircano amplia as fronteiras do Estado judeu


Ircano forçou os idumeus a tornarem-se circuncidados e a aceitarem a fé judaica, uma prática que o
judaismo refuta mais tarde. Há algo de irônico na idéia de um neto de Matatias forçando uma conformidade
religiosa sobre um povo conquistado por armas judaicas!
Ircano também empreendeu campanhas militares em Samaria, onde destruiu o templo sobre o Monte
Gerizim. O sucesso do militarismo judeu talvez fosse aplaudido pelo elemento nacionalístico da Judéia, mas o
fervor religioso dos primeiros Macabeus já não era mais evidente.
Antes que João Ircano morresse em 104 a.C., as fronteiras do país já haviam sido ampliadas em todos
os lados. Nesta época, a luta dos Macabeus já era praticamente ignorada e surgiram novas rivalidades.
a. Surgimento Dos Saduceus. Os helenistas mais velhos foram desacreditados, mas suas idéias
foram perpetuadas no partido dos saduceus. Os ortodoxos da época dos Macabeus tornaram-se os
fariseus da época do judaismo pré-cristão e do Novo Testamento.
O próprio Ircano era devoto e cumpridor das leis, mas os seus filhos tinham pouca afinidade com o
pensamento hebraico tradicional. Encontravam-se entre os aristocratas e chegaram a olhar com desprezo os
fariseus rigidamente ortodoxos. Ironicamente, estes herdeiros dos Macabeus tornaram-se totalmente
helenizados.

2. Continua a expansão do território judaico


A morte de João Ircano precipitou uma luta dinástica entre os seus filhos. O seu filho mais velho, que
preferia o seu nome grego Aristóbulo ao seu nome hebraico Judá, surgiu como vencedor. Ele lançou três dos
seus irmãos na prisão - dois dos quais, segundo ao que se pensa, morreram de fome. Um outro irmão foi
assassinado no palácio.
No curto reinado de somente um ano, Aristóbulo estendeu as fronteiras da Judéia para o norte até o
Monte Líbano e tomou para si o título de rei. A sua vida foi encurtada, no entanto, pela bebida, por
enfermidades e pelo obsessivo temor de rebeliões.
Por ocasião da sua morte, Aristóbulo tinha apenas um irmão vivo, o qual se encontrava na prisão. Muito
embora o seu nome hebraico fosse Jônatas, a história o conhece pelo seu nome grego Alexandre Janaeu. No
seu governo, a política de expansão territorial continuou. As fronteiras da Judéia foram estendidas ao longo
da costa dos filisteus em direção à fronteira egípcia e na região transjordaniana.
Nesta época, o estado judeu se aproximava ao território controlado por Israel nos dias de Davi e
Salomão, incluindo toda a Palestina e as regiões adjacentes, das fronteiras do Egito até o Lago Hule, ao norte
do Mar da Galiléia. Peréia, na Transjordânia, estava submissa a Janaeu, como também as cidades da Planície
Costeira, exceto Ascalom.
Os territórios incorporados ao reino Asmoneano foram em sua maioria rapidamente judaizados.
Os idumeus passaram a exercer um importante papel na vida judaica, e a galiléia tomou-se um
importante centro do judaismo.
Os samaritanos, no entanto, continuaram a resistir à assimilação, e cidades como Apolônia e Citópolis
(Bete-seã do Antigo Testamento) com apenas uma pequena porcentagem judaica em sua população,
mantiveram as suas características não-judaicas.

a) Os Fariseus se Rebelam. As lutas de guerrilha, no entanto, estragaram o reinado de Alexandre


Janaeu, o qual demonstrou um aberto desrespeito para com os fariseus, precipitando assim a guerra civil. Os
fariseus aceitaram a ajuda dos sírios em seu conflito com Janaeu e, durante algum tempo, a independência
judaica esteve na balança.
Quando os fariseus sentiram que haviam ganho a sua posição, eles desfizeram a sua aliança com a Síria,
com a expectativa de um estado judaico que fosse tanto livre de controles externos como também tolerante
para com o ponto de vista deles. Janaeu, no entanto, procurou os líderes da rebelião e crucificou oitocentos
fariseus.

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1. Salomé Alexandra Governa.
A tradição diz que Janaeu se arrependeu em seu leito de morte, instruindo a sua esposa Salomé
Alexandra a despedir os seus conselheiros saduceus e a reinar com a ajuda dos fariseus. Esta tradição pode
ter poucos fundamentos históricos, mas Alexandra recorreu de fato aos fariseus para pedir apoio.
Salomé Alexandra havia se casado sucessivamente com Aristóbolo e com Alexandre Janaeu. Sendo a
viúva de dois governantes Asmoneus, ela reinou por direito próprio durante sete anos. Ela tinha setenta anos
de idade ao chegar ao trono e dividiu as responsabilidades do reino com os seus dois filhos.
Ircano (II), o filho mais velho, tornou-se sumo-sacerdote, e o seu irmão Aristóbolo (II), recebeu o
comando militar. O irmão dela, Simeão ben Shetah, era um líder dos fariseus, e este fato talvez a tenha
predisposta a buscar a paz entre as facções contrárias do judaísmo.

a) Os Fariseus ganham Poder. No governo de Alexandra, os fariseus tiveram a sua oportunidade


de dar uma contribuição construtiva à vida judaica. em muitas áreas, especialmente na educação, eles foram
eminentemente bem-sucedidos. Sob a presidência de Simeão ben Shetah, o Sinédrio (o Conselho de Estado
Judaico) decretou que todos os rapazes deveriam ser instruídos.
Um completo sistema de instrução básica foi inaugurado de forma que os vilarejos maiores, municípios
e cidades da Judéia produzissem um povo instruído e informado. Esta instrução centralizava-se nas Escrituras
Hebraicas.
No entanto, as feridas das lutas anteriores não foram curadas durante o reinado de Alexandra.
Muito embora os fariseus estivessem contentes com o seu recente reconhecimento, os saduceus
estavam ressentidos como fato de haverem perdido poder. Para piorar o problema, os fariseus tentaram se
vingar do massacre dos seus líderes por Alexandre Janaeu. Sangue saduceu foi derramado e já se faziam
preparações para uma outra guerra civil.
Os saduceus encontraram em Aristóbolo, o filho mais jovem de Janaeu e Alexandra. o homem que
poderiam apoiar como sucessor de Alexandra. Ele era um soldado e despertava o interesse do partido que
sonhava com uma expansão imperial e poder secular.
Ircano, o irmão mais velho e legítimo herdeiro, era aceitável aos fariseus. Com a morte de Alexandra,
os partidários dos dois filhos estavam prontos para um confronto.

b) Os Saduceus se Rebelam. Com a morte de sua mãe, Ircano (II) que havia servido como sumo-
sacerdote, foi o sucessor ao trono, mas o seu irmão Aristóbolo dirigiu um exército de saduceus contra
Jerusalém.
Nem Ircano nem os fariseus estavam prontos para a guerra, e Ircano entregou os seus cargos a
Aristóbolo (II), que se tornou rei e sumo-sacerdote.
Logo depois, Ircano e Aristóbolo juraram uma amizade eterna, e o filho mais novo de Aristóbolo,
Alexandre, casou-se com a única filha de Ircano, Alexandra.
A paz, no entanto, foi curta entre os irmãos. Ircano teve que fugir e Antipas, governador da Iduméia,
adotou a sua causa. Com a ameaça da guerra civil, Pompeu apareceu com as suas legiões romanas para
garantir a paz da Judéia e favorecer as metas de Roma.

G. OS ROMANOS
Quando Pompeu suspeitou que Aristóbolo planejava se rebelar contra Roma, ele sitiou Jerusalém e,
depois de três meses, rompeu as fortificações, entrou na cidade, e ao que consta matou doze mil judeus.

1. Término da independência judaica.


Pompeu e seus oficiais entraram no Santo dos Santos do templo, mas ele não tocou em seus
dispendiosos acessórios e permitiu que a adoração no Templo continuasse. Jerusalém, no entanto, tornou-se
tributária dos romanos e o último vestígio de independência judaica foi removido.
A Judéia foi incorporada à província romana da Síria e perdeu as suas cidades costeiras, o distrito de
Samaria e as cidades não-judaicas ao leste do Jordão.
Ircano foi nomeado Etnarca (governante) da Judéia, incluindo-se a Galiléia, a Iduméia e a Peréia, e foi
confirmado uma vez mais como sumo-sacerdote. Um tributo anual era devida a Roma.
Aristóbolo e vários outros prisioneiros foram levados a Roma para honrarem o triunfo de Pompeu. Durante
a viagem, no entanto, o filho de Aristóbolo, A1exandre, escapou e tentou organizar uma revolta contra Ircano.
Com a ajuda dos romanos, no entanto, Ircano conseguiu enfrentar este desafio à sua autoridade.

2. Antipas: Poder por detrás do trono judeu.


Durante os anos de luta entre Artistóbolo (II) e Ircano (II), o governador da Iduméia, Antipas, logo se
interessou muito pela política da Judéia.
Antipas se opunha implacavelmente a Aristóbolo, em parte por medo, e em parte por sua amizade com
Ircano. Parece que Ircano confiava muito em Antipas e que ele era virtualmente o poder por detrás do trono
da Judéia.

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Os judeus melindraram-se com a influência de Antipas quase tanto quanto o que sofreram sob a soberania
romana. Muito embora os idumeus tivessem sido incorporados ao estado judeu por João Ircano, eles nunca
haviam sido assimilados e a antiga rivalidade não havia sido esquecida.
Na crise que se seguiu ao assassinato de Júlio César, Antipas e seus filhos mostraram lealdade ao novo
regime de Cássio arrecadando tributos diligentemente. Herodes, filho de Antipas, recebeu o título de
Procurador da Judéia; com a promessa de que a1gum dia seria nomeado rei.
Quando Antônio derrotou Brutus e Cássio em Filipos, a Ásia caiu novamente nas mãos de um novo regime.
Herodes, no entanto, mudou rapidamente a sua lealdade e através de subornos, conseguiu cair na graça de
Antônio.
A região leste do outrora poderoso império persa foi ocupada por um povo conhecido como os Partos, os
quais nunca haviam sido subjugados por Roma. Em 41 a.C., eles atacaram Jerusalém e colocaram a Antígono,
filho de Aristóbolo II, como rei e sumo-saderdote.

3. Herodes nomeado “Rei dos Judeus.”


Herodes, filho de Antipas, que havia herdado o trono da Judéia com a morte de Ircano, foi forçado a fugir
para Roma. Lá, ele caiu na graça de Antônio e foi oficialmente nomeado “Rei dos Judeus”. Esse título teria
significado somente depois que os Partos foram expulsos de Jerusalém. Herodes voltou à Judéia com tropas
romanas e entrou triunfantemente em Jerusalém como rei.
O governo de Herodes estendeu-se sobre os agitados anos entre 37 a.C. e 4 d.C. Ele é mais conhecido
como o rei que temia o nascimento de um rival “Rei dos Judeus” e causou o assassinato dos bebês de Belém
durante o nascimento de Jesus.
Ainda que este ato de Herodes não possa ser documentado através de registros seculares, as suas outras
atrocidades são, bem conhecidas. Ele tinha dez esposas ao todo e dizem que o Imperador Augusto teria
comentado com re1ação à sua família: “Eu preferiria ser o porco de Herodes do que ser seu filho.”
O porco era um animal imundo e não era abatido, mas as esposas e os filhos de Herodes eram
violentamente removidos se interferissem com os seus planos ou se fossem suspeitos de deslealdade.

a) Procurou ganhar a aprovação dos judeus. Muito embora fosse detestado pelos seus súditos
judeus, Herodes tentou de fato ganhar a aprovação deles. Ele construiu e reconstruiu cidades em todo o país.
Samaria tomou-se Sebaste em honra de Augusto; a Torre Estraton tornou-se Cesaréia, com um porto
protegido com um quebra-mar e uma muralha com dez torres. Fortalezas, balneários, parques, mercados,
estradas, e outros luxos da cultura helenística faziam parte do seu programa de construções.
No décimo oitavo ano do seu reinado (20-19 a.C.), Herodes começou a obra de reconstrução do Templo
Judaico em Jerusalém. O edifício principal foi construído pelos sacerdotes num ano e meio:
Contudo, a construção de todo o complexo de pátios e prédios não “foi completada até a procuradoria de
Albino (62-64 d.C.). Isto aconteceu menos de uma década antes da total destruição pelos exércitos de Tito
em 70 d.C., como foi profetizado por Jesus (Lc 19.41-44)”.

b) Morreu logo após o nascimento de Jesus. A morte de Herodes veio logo depois do nascimento
d’Aquele (Jesus), que deveria desafiar o direito de Herodes ao titulo “Rei dos Judeus”. Com a morte de
Herodes, que não foi lamentada por ninguém, o período entre o Antigo e o Novo Testamento chega ao fim e
passamos para o período do Novo Testamento.

H. DESCRIÇÃO DAS FACÇÕES JUDAICAS

Os fariseus, saduceus, herodianos e zelotes - com um papel tão importante nos registros do
Evangelho - todos eles tiveram as suas origens durante os dois séculos que antecedem o nascimento de
Cristo.
Eles representam as diferentes reações ao constante conflito entre o helenismo e a vida religiosa
judaica. Muito embora a luta dos Macabeus houvesse solucionado o problema político do relacionamento entre
os Selêucidas sírios e a Judéia, ela forçou sobre o judaísmo a necessidade de determinar o seu próprio
relacionamento com o mundo exterior.

1. Os Fariseus – Legalistas
Um partido com o nome de “fariseu” é mencionado primeiramente durante o reinado de João Ircano
(134 - 104 a.C.), e é evidente que até mesmo naquela época já havia um antagonismo entre o fariseu
“ortodoxo” e o saduceu, que era mais liberal.
A palavra “fariseu” significa “separado”. Este nome provavelmente significava, no início, uma pessoa
que havia se separado da influência corruptora do helenismo em seu zelo pela Lei Bíblica. O historiador Joséfo
disse que os fariseus “parecem ser mais religiosos que os outros e parecem interpretar as Leis com maior
precisão”.

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Os fariseus eram exigentes na observância das leis referentes à pureza cerimonial. Por esta razão, não
podiam adquirir alimentos ou bebidas de um “pecador” devido ao seu temor de serem cerimonialmente
profanados.
Os fariseus tampouco podiam comer na casa de um pecador, muito embora pudessem receber o
pecador em suas próprias casas. Nestas circunstâncias, o fariseu forneceria roupas a serem usadas pelo
pecador, pois as roupas do pecador poderiam estar cerimonialmente impuras.
Com um desejo sincero de tornar a lei viável dentro da variável cultura do mundo greco-romano, os
fariseus desenvolveram sistemas de tradições que tentavam aplicar a lei a uma variedade de circunstâncias.

a) Duas escolas de pensamento legalista - Durante o primeiro século antes de Cristo, dois mestres
fariseus influentes deram os seus nomes a duas escolas de pensamento legalista.

1) Hilel era o mais moderado dos dois, sempre pensando nos pobres e disposto a aceitar o domínio
romano como sendo compatível com a ortodoxia judaica.

2) Shammai, por outro lado, era mais rígido em suas interpretações e implacavelmente contrário a
Roma. Seu ponto de vista, em última análise, encontrou expressão na facção dos zelotes, cuja resistência aos
romanos acarretou a destruição de Jerusalém em 70 d.C.
O Talmude preserva o registro de 316 controvérsias entre as escolas de Hilel e Shammai.

b) A tradição torna-se Lei - A tradição, no pensamento dos fariseus, começou com um comentário
sobre a Lei, mas, em última análise, ela foi elevada ao nível da própria lei.
Para se justificar este ensinamento, afirmavam que a “lei oral” foi dada por Deus a Moisés no Monte
Sinai juntamente com a “lei escrita” ou Torá.
O último estágio desse desenvolvimento foi alcançado quando a Mishna declara que a lei oral precisa ser
observada com maior rigor que a lei escrita, porque a lei estatutária (isto é, a tradição oral) afeta a vida do
homem comum mais intimamente do que a lei constitucional mais remota (a Torá escrita).
Além da acusação de que o farisaismo envolvia pouco mais do que uma solicitude pelas trivialidades da
Lei, o Novo Testamento afirma que a tradição havia negligenciado muito o propósito da mesma (Mt 15.3).
Como em muitos movimentos dignos, a santidade inicial dos que haviam se separado da impureza a
grandes custos foi trocada por uma atitude de orgulho na observância de preceitos legalistas.
Homens como Nicodemos, José de Arimatéia, Gamaliel e Saulo de Tarso (após a sua conversão a Cristo,
ele se tornou o Apóstolo Paulo), representam algumas das almas mais nobres da tradição farisaica no Novo
Testamento.
Para Saulo, o fariseu representava a epítome da ortodoxia, “a facção mais rígida da nossa religião” (At
26:5). O farisaismo começou bem, e a sua perversão é um constante lembrete de que a vaidade e o orgulho
espiritual são tentações às quais os devotos são particularmente suscetíveis.

2. Os Saduceus — Materialistas
Muito embora os fariseus e saduceus sejam freqüentemente denunciados conjuntamente no Novo
Testamento, eles tinham pouca coisa em comum, exceto o seu antagonismo para com Jesus.
Os saduceus eram um partido da aristocracia de Jerusalém e do sumo-sacerdote. Eles haviam feito as
pazes com os governantes políticos e haviam conseguido posições de riqueza e influência. A administração e
os rituais do templo constituíam as suas responsabilidades específicas. Os saduceus se mantinham à distância
da massa e eram impopulares com elas.
As tentativas dos fariseus de aplicarem a Lei a novas situações foram rejeitadas pelos saduceus, que
restringiam os seus conceitos de autoridade á Torá, ou Lei Mosaica. Os saduceus não acreditavam na
ressurreição, nos espíritos, ou nos anjos (Compare Marcos 12.18; Lucas 20.27; Atos 23.8). A fé deles era
basicamente uma série de negações, o que fez com que não deixassem nenhum sistema religioso ou político
positivo.
Enquanto os fariseus davam as boas-vindas aos prosélitos (Mt 23.15), a facção dos saduceus estava
fechada. Ninguém, a não ser os membros da alta classe das famílias sacerdotais e aristocráticas de Jerusalém,
podia fazer parte deles.
Com a destruição do Templo em 70 d.C., a facção dos saduceus chegou ao fim. O judaismo moderno
atribui as suas origens aos fariseus.

3. Os Essênios — Ascéticos
Tanto os Essênios quanto os fariseus atribuem as suas origens aos líderes ortodoxos da época dos
Macabeus que resistiram contra o helenismo. Os fariseus mantinham uma rigorosa devoção à “lei oral” dentro
da estrutura do judaismo histórico. Eles mantinham a sua separação das impurezas, mas não da comunidade
judaica em si.

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Muito embora a adoração no templo fosse conduzida pelos saduceus, os fariseus a consideravam como
sendo uma parte básica da sua herança religiosa. Ainda que o fariseu pudesse se manter à distância dos
“pecadores”, ele vivia entre eles e desejava a sua estima.
Uma reação mais extrema contra as influências que tendiam a corromper a vida judaica foi tomada por
uma facção que os antigos escritores Filo, Josefo, e Plínio chamam de “Essênios”.
Os Essênios provavelmente viveram principalmente em comunidades monásticas, como a que mantinha a
sua sede em Qumrã, perto do canto superior esquerdo do Mar Morto.
(Observação: Qumrã foi onde os famosos “Pergaminhos do Mar Morto” foram encontrados numa caverna
em meados do Século XX. Ao que se presume, os Essênios os guardaram lá na era pré-cristã).
Tentando explicar o judaismo ao mundo que falava grego, Josefo falou sobre três “filosofias” - a dos
fariseus, a dos saduceus e a dos essênios.
O termo “Essênios” parece ter sido usado de muitas maneiras. Diferentes grupos de judeus com
propensões monásticas adotaram várias práticas religiosas. Contudo, todos eles eram citados como essênios.
Plínio diz que os essênios evitavam as mulheres e não se casavam, mas Josefo fala sobre uma ordem de
essênios que se casavam. As escavações em Qumrã indicam que havia mulheres registradas na comunidade de
Qumrã.
Os antigos escritores falam favoravelmente sobre os essênios, que viviam uma vida rigorosa e simples.
Os membros da comunidade estudavam as Escrituras e outros livros religiosos. Exigia-se que todos os essênios
executassem trabalhos manuais a fim de tornar a comunidade independente no seu sustento.
A comunhão dos bens era praticada e uma rigorosa disciplina era imposta através de um supervisor. Os
grupos que renunciavam ao casamento adotavam meninos de pouca idade a fim de incutir e perpetuar os ideais
do essenismo. A escravidão e a guerra eram repudiadas.
Os essênios davam as boas-vindas aos prosélitos, mas se exigia dos noviços que passassem por um
rigoroso período de experiência antes que pudessem tornar-se membros totalmente habilitados.
Numericamente, os essênios nunca foram muito significativos. Filo diz que havia quatro mil deles, e Plínio
fala sobre uma comunidade ao norte de Engedi, correspondente à área de Qumrã. Que havia outras
comunidades é óbvio, pois sabemos que todos os membros desta facção eram bem recebidos em qualquer uma
das colônias essênias.
Nada sabemos com certeza sobre os primórdios da história desta facção, pois, semelhantemente a todos
os movimentos de reforma, ela atribui as suas origens a épocas remotas. Filo afirma que Moisés instituiu esta
ordem e Josefo diz que eles existiram “desde as épocas antigas dos patriarcas”.
E certo que o movimento essênio foi em certa ocasião um extremo protesto contra as corrupções que
eram aparentes no judaismo pré-cristão, e que, finalmente, muitos membros se retiraram da vida comunitária
palestina e buscaram uma purificação espiritual em lugares semelhantes à região de Qumrã.
Aos que estudam a história da Igreja, pareceria evidente que a influência dos essênios se estenderia
diretamente ao Século XX. Muitas das suas práticas foram incorporadas em várias “ordens” religiosas das
ramificações ortodoxas e católicas do cristianismo.
É possível que Paulo estivesse se referindo a certas influências doutrinárias dos essênios ao admoestar
sobre alguns que haviam adotado “doutrinas de demônios... Proibindo o casamento, e ordenando a abstinência
de alimentos... (1 Tm 4.1-3).
Considerando-se o único Israel verdadeiro ou puro, os essênios se recusavam a cooperar com o que
acreditavam ser observâncias religiosas corruptas no Templo de Jerusalém. A vida cuidadosamente regulada
nos núcleos dos essênios parece ter servido como um substituto para o templo aos olhos dos devotos essênios.
O rigor da disciplina dos essênios e a rigidez com a qual a Lei era imposta são enfatizados por todos os
que escrevem sobre eles. Josefo diz que eles eram mais rigorosos do que todos os judeus na abstenção do
trabalho no dia de sábado.
Uma passagem no Documento de Damasco (que parece ter sido originado pelos essênios) diz que é ilegal
se retirar um animal de um buraco no dia de sábado. Uma opinião assim era considerada exagerada até mesmo
pelos fariseus legalistas (compare Mateus 12.11).
A ausência dos essênios nas principais correntes da vida judaica indubitavelmente se deve ao fato de
que eles não são mencionados no Novo Testamento nem no Talmude Judaico. Muito embora a alta moralidade
dos essênios seja elogiada de fato, os ensinos e as práticas de Jesus eram diametralmente opostos ao legalismo
e ao asceticismo dos ensinos essênios.
Muito embora os essênios considerassem que o contato com um membro do seu próprio grupo, porém
de uma ordem inferior, fosse cerimonialmente profanador, Jesus não hesitou em comer e beber com os
publicanos e pecadores (Mt 11.19; Lc 7.34).
Muito embora fosse obediente à Lei Mosaica, Jesus não tinha nenhuma afinidade com os que faziam da
Lei um fardo, ao invés de uma bênção. O sábado, de acordo com Jesus, foi feito para o benefício da
humanidade.
Portanto, é lícito fazermos o bem no dia de sábado (Mt 12.1-12; Mc 2.23-28; Lc 6.6-11; 14.1-6). Jesus
denunciou os abusos no Templo e profetizou a sua destruição. No entanto. Ele não repudiou os cultos no
Templo. Ele foi a Jerusalém para as grandes festas judaicas, e, após a Sua ressurreição, os discípulos ainda iam
até o Templo na hora da oração (Compare com Atos 3).
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Muito embora o ascetismo e o monasticismo tivessem ganho terreno no pensamento cristão, o
cristianismo, em seus primórdios, não foi de maneira nenhuma um movimento ascético. O ministério de Jesus
foi basicamente para as “pessoas comuns” que eram rejeitadas pelos fariseus, e também pelos essênios. Pelo
fato de Jesus ter se associado livremente às pessoas de sua geração, os que proclamavam sua própria retidão,
o chamaram de beberrão, amigo dos publicanos e pecadores (Mt 11.19).
Ele não se encaixava no molde legalista dos fariseus, dos ascéticos, das práticas monásticas dos
essênios, nem na politicagem materialística dos saduceus. Com relação a Ele, foi dito que “as pessoas comuns o
ouviam de bom grado” (Mc 12.37).

4. Outras Seitas
O Novo Testamento menciona os Herodianos (Mc 3.6; Mt 22.16) e os Zelotes (Lc 6.15), grupos de
judeus que se encontravam em extremos opostos da classe política.
Aparentemente, os Herodianos foram judeus de influência e prestígio, bem dispostos ao governo de
Herodes e, conseqüentemente, aos romanos que apoiavam a dinastia de Herodes.
Os Zelotes, por outro lado, eram super-patriotas que haviam resolvido resistir a Roma a todo custo. O
fanatismo deles acarretou a guerra durante a qual o exército de Tito destruiu Jerusalém e o seu Templo (70
d.C.).
Veja também abaixo a cronologia entre os Testamentos.

Cronologia entre os Testamentos


Data a. C.
612 - Nínive destruída pelos Medos e Babilônios
587 - Jerusalém destruída por Nabucodonosor
559 - Ciro herda o reino de Anshan; inicio do Império Persa. Babilônia cai diante de Ciro; fim do Império Neo-
Babilônico
530-522 - Cambises sucede Ciro; conquista do Egito
522-486 - Dario I governante do Império Persa
515 - Segundo Templo terminado pelos judeus em Jerusalém
486-465 – Xerxes I tenta a conquista da Grécia na época de Ester
480 -Vitória Naval Grega em Salamis; Xerxes foge
464-424 - Artaxerxes I governa a Pérsia; época de Neemias
334-323 - Alexandre da Macedônia conquista o Oriente
311 - Seleuco conquista a Babilônia; início da dinastia Selêucida
223-187 - Antíoco (III) o Grande, governante Selêucida da Síria
198 - Antíoco III derrota o Egito e ganha o controle da Palestina
175-163 - Antíoco (IV) Epifanes governa a Síria; o judaismo é banido
167 - Matatias e os seus filhos se rebelam contra Antíoco; inicio da revolta dos Macabeus
166-160 - Liderança de Judas Macabeu
160-142 - Jônatas é o sumo sacerdote
142-135 - Simão é o sumo sacerdote e funda a dinastia dos Asmoneus
134-104 - João Ircano amplia as possessões do Estado Judaico independente
103 - Governo de Aristóbolo
102-76 - Governo de Alexandre Janaeu
75-67 - Salomé Alexandra governa; Ircano II sumo-sacerdote
66-63 - Batalha Dinástica: Anistóbolo II e Ircano II
63 - Pompeu invade a Palestina; começa o domínio romano
63-40 - Ircano II governa em submissão a Roma; Antipas exerce um poder cada vez maior
40-37 - Partos conquistam Jerusalém e estabelecem a Aristóbolo como sumo-sacerdote e rei
37-4 - Herodes o Grande, filho de Antipas, governa como rei, em submissão a Roma.

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MANEIRAS E COSTUMES DA BÍBLIA

VIDA DOMÉSTICA E FAMILIAR

a) AS CIDADES
Eram muitas, porém pequenas. Jerusalém, Samaria e Cesaréia eram exceções. Pelas falta de templos e
edifícios públicos (exceto Jerusalém) eram de aparência pobre, com ruas estreitas, sombrias e sem
pavimentação.
As portas da cidade, que supõem a existência de muralhas, já são mencionadas em Gn 19.1, nos tempos
abraâmicos. Era onde tratavam quase todos os negócios públicos (Gn 23.10,18; Dt 21.19; Rt 4.1). Os negócios
dos israelitas limitavam-se a venda dos seus produtos ou de seus rebanhos (2 Cr 18.9); haviam mercados para
essa finalidade; mais tarde os hebreus tiveram bazares, ou ruas cobertas, cheias de lojas, que hoje em dia são
comuns em todo Oriente.

b) AS HABITAÇÕES
Os patriarcas da nação de Israel habitavam em tendas. Menciona-se as tendas logo no inicio da história
dos hebreus e tudo indica que em conexão com a vida pastoril (Gn 4.20).
As tendas primitivas eram cobertas com peles (Êx 26.14). A maior parte das tendas mencionadas na
Bíblia eram cobertas com pêlos de cabras fiados e tecidos pelas mulheres (Êx 35.26); é daí quem vem a sua cor
negra (Ct 1.5).
As tendas de linho eram usadas em ocasiões festivas ou em viagens. Provavelmente a tenda primitiva era
parecida com a que hoje se vê na Arábia, de forma oblonga, com mais ou menos três metros de altura no meio.
Um homem rico ou importante tinha três ou quatro tendas; uma para ele, outra para as mulheres e as outras
para os escravos e os hóspedes (Gn 24.67). Porém, às vezes, havia somente uma tenda bem grande dividida
com cortinas em dois ou três cômodos. O Tabernáculo foi construído segundo este modelo (Êx 26.37).
A respeito das cabanas, que é uma construção intermediária entre a tenda e a casa, temos pouca
informação na Bíblia. Jacó as usou para recolher os rebanhos (Gn 33.17), e depois estas aparecem nas vinhas
para proteger os vigias (Jó 27.18; Is 1.8).
Os hebreus viviam em boas casas no Egito, porém, quando entraram na Palestina, ocuparam casas já
construídas e só depois foram edificando as suas próprias, conforme o modelo encontrado. A arquitetura deve
ter alcançado alguma melhoria na época da monarquia. O palácio de Salomão, construído com participação dos
fenícios, mostra um grande aperfeiçoamento na arquitetônica. Em Jr 22.14 se percebe uma acentuada melhora
nas construções; no tempo de Jesus, a classe rica já conhecia a arte grega de construir.
Já as casa dos pobres do Oriente eram de barro, por isso se tornaram imagem da fragilidade humana. As
paredes facilmente se abriam em todos os sentidos, sendo fáceis de ser destruídas (Jó 24.16; Ez 12.5; Mt
6.19).
As casas dos ricos já eram diferentes. Tinham geralmente quatro paredes, uma delas dada para a estrada
e havia uma só porta e uma ou duas janelas pequenas em cima. A porta dava para um vestíbulo que
comunicava por uma porta ao lado com sala de espera que, por sua vez levava para um pátio quadrado aberto
em cima, ladeado pelas paredes da casa. Havia no térreo calçadas cobertas ao lado das paredes e acima ficava
uma galeria do mesmo tamanho. O quarto dos hóspedes ficava do lado oposto da sala de espera (Lc 22.11),
era onde o dono da casa recebia as visitas e tratava dos seus negócios. O teto era plano, cercado por um
parapeito e por uma grade. As escadas que levavam para o terraço e para os andares superiores ficavam em
um dos ângulos da casa, o mais perto possível da entrada, de modo que as visitas iam para a plataforma ou
para os quartos sem passar pelo andar inferior.
No verão o povo dormia no terraço que era usado também como local de oração, de lamentações e de
descanso. Na festa dos Tabernáculos levantavam-se tendas no terraço e durante as festas e comemorações
públicas, os convivas se reuniam no pátio, que era coberto em certas ocasiões. Isso explica as passagens a
seguir: Dt 22.8; 1 Sm 9.25; 2 Sm 11.2; Is 22.1; Mc 2.4; 13.15; At 10.9.
As portas das casas eram duplas, giravam sobre eixos, eram fechadas com trancas de madeira ou de
metal (Dt 3.5; Jz 16.3; Is 45.2). As casas não tinham chaminés, porém fazia-se uma clarabóia por onde saia a
fumaça (Os 13.3). Em muitas casas o aquecimento era feito com carvão vegetal como até hoje se pratica em
vários lugares (Jr 36.22; Jo 18.18).

c) A MOBÍLIA
Os móveis orientais sempre foram poucos e pequenos. As salas eram mobiliadas com cadeiras pequenas
e, as vezes, com mesas, haviam assentos que eram tapetes ou esteiras, sobre as quais se assentavam,
cruzando as pernas ou ajoelhando-se; havia ainda pequenos bancos (1 Sm 1.9; 1 Rs 2.19; Pv 9.14; Mt 21.12;
Mc 14.54).
As camas constavam de colchões e de cobertas acolchoadas; os lençóis e cobertores e os leitos de
madeira ou ferro não eram muitos usados. O que era muito usado era um canapé de madeira nos altos da casa
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e também uma espécie de aparelho feito de ramos de palmeiras ou, dependendo do caso, de marfim, onde se
colocava a cama (Sl 132.3; Am 6.4).
Os utensílios domésticos comuns eram de louça ou de cobre, alguns eram de couro; constavam de
panelas, pratos, odres, chaleiras. As lâmpadas eram alimentadas com azeite de oliva para fornecer luz durante
a noite, e eram de metal ou barro; nas casas dos ricos eram colocadas sobre um velador que às vezes se
dividia, no alto, em ramificações para outras lâmpadas (Gn 15.17; Êx 25.31-40). A lâmpada era sempre
conservada acesa durante a noite (Jó 13.6; Pv 20.20).

d) O VESTUÁRIO
O vestuário dos judeus constavam de duas peças: uma túnica ajustada ao corpo, comumente de mangas
compridas, que ia até os joelhos e às vezes até o tornozelo; e um manto largo bem comprido, preso nos
ombros e enrolado no corpo.
Em casa, só o primeiro era usado, que era uma espécie de vestido caseiro, com o qual não se recebia
visitas. É por essa razão que a Bíblia diz que pessoas vestidas assim estavam nuas ou tinham se desvestido (Is
20.4; Jo 13.4; 21.17).
As mangas eram geralmente longas, cobrindo as mãos, eram usadas durante visitas e cerimônias, para
ocultá-las. Quando fosse necessário um esforço grande e contínuo, o braço era desnudado ou a manga
arregaçada (Is 51.10; Ez 4.7).
O vestido externo servia de cobertura para noite ou mesmo de cama (Dt 24.13). Quando saíram do Egito
os israelitas cobriram suas amassadeiras com eles.
Como sinal de reverência ou dor, cobriam com ele o rosto (1 Rs 19.13; 2 Sm 15.30; Ef 6.12). Servia
também como proteção contra o vento e a chuva. É conhecido como regaço ou aba, conforme for amarrado
perto do ombro ou da cintura (2Rs 4.39; Sl 79.12; Lc 6.38). A aba do vestido servia também para levar coisas
(Ag 2.12).
Uma considerável parte da riqueza das nações orientais constavam destes vestidos, que eram trocados
com facilidade, e muitas vezes dados como prova de amizade e respeito (Gn 45.22; 2 Rs 5.22). No lugar de
uma túnica simples os ricos, algumas vezes, usavam uma espécie de camisa de linho fino e por cima uma
vestidura mais grosseira, a que se adicionava a capa. A beleza dessas roupas não consistia na forma, que era
sempre a mesma, mas na sua alvura (Ec 9.8). Em profundo desgosto, dor ou arrependimento os vestidos eram
rasgados (Gn 37.34; Jó 1.20).
O vestido interno era feito de linho ou algodão e o externo de lã ou peles de animais e lã. A arte de
bordar era conhecida (Êx 35.35; Jz 5.30). Há uma referência a uma família que parece ter sido famosa por
manufaturar o linho (1 Cr 4.21).
As cores brancas, azul e vários tons de vermelho e púrpura eram preferidas, são poucas as cores
mencionadas nas escrituras.
Ao redor da primeira vestidura usava-se um cinto de couro, com colchetes que dava voltas à cintura (Jr
13.1; Mt 3.4). Mas geralmente o cinto era usado sobre a capa. Era necessário ter o lombo cingido para viajar ou
quando algum esforço maior fosse exigido. Também no cinto era levada uma faca ou espada, ou um tinteiro
com pena de escrever, se tratar-se de um escriba (2 Sm 20.8; Ez 9.2), onde também, vez por outra se levava
objetos de valor (1 Sm 25.13; 2 Sm 13.11; Mt 10.9).
Os calções faziam parte da vestidura do sumo-sacerdote, talvez mais tarde, fossem usados pelo povo em
geral (Êx 28.42).
Tinham sandálias nos pés, que eram geralmente feitas com solas de couro ou madeira, que se prendiam
ao pé por meio de correias ou presilhas (Mt 3.11). Quando havia um negócio envolvendo terras, compra ou
transferência, costumava-se entregar a sandália (Rt 4.7), costume parecido com o que havia na Idade Média,
em que se entregava um torrão de terra ou um pedaço de turfa.
Tirar as sandálias era sinal de reverência (Êx 3.5; Dt 25.9). Como desatar ou levar as correias das
sandálias era serviço feito pelos criados, tornou-se símbolo conhecido de uma situação econômica inferior ou
servil (Mc 1.7; Mt 3.11; Is 20.4; At 13.25). Não se usavam meias, a grande maioria do povo nem sandálias
tinha, só as usando no inverno ou quando de viagem.
O pescoço ficava geralmente descoberto, e também com freqüência a cabeça. As classes superiores,
quando cobriam a cabeça, usavam uma espécie de turbante, mas o povo comum usava um pedaço de pano,
preso por uma fita em torno da fronte, se era mulher, o turbante estava preso a um véu que cobria a cabeça e
parte do corpo.
Os israelitas usavam o cabelo e a barba crescidas, porém, não como as mulheres, podiam usar a navalha
se o desejassem. A calvície era rara e muitas vezes tida em desprezo (2 Rs 2.23; Is 3.24; Jr 47.5).
A barba como sinal de virilidade era muito respeitada; cortá-la, cuspir-lhe, puxá-la ou mesmo tocar-lhe,
exceto quando tratava de uma saudação, era um insulto grosseiro (2 Sm 10.4-6; 1 Cr 19.3-6; Is 7.20), quando
um homem maltratava a sua própria barba, isso provava que estava louco ou em aflição extrema (1 Sm 21.13;
2 Sm 19.24; Is 15.2).

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e) A ALIMENTAÇÃO
Os hebreus, como também todos os orientais, eram simples na sua alimentação, que consistia em grande
parte de pão, mel, frutas, leite, manteiga e queijo; usava-se pouco a carne, devido às restrições impostas pela
Lei, que proibia que comessem animais que não fossem limpos, os que ruminavam e tinham suas unhas
divididas, e proibia que se comessem peixes que não tivessem barbatanas ou escamas (Lv 11.1-28 esclarece
esse ponto).
A carne de porco era proibida para os israelitas, mas em outras regiões não havia essa proibição. Este
dispositivo legal era mais notável do que todos os outros.
O sangue, a gordura, o fígado e os rins eram alimentos proibidos. As aves domésticas eram usadas com
alguma restrição, pois na Palestina as espécies que se conservavam eram pombos e aves comuns, excetuando-
se as aves criadas em criadouros, para abastecer as mesas reais (1 Rs 4.23; Nm 5.18). Ovos, só são
mencionados duas vezes como alimentos.
Os peixes de escamas e barbatanas, embora estivessem dentro da Lei, não eram muito usados. Mesmo
assim a indústria pesqueira era muito conhecida (Jó 19.6; Is 51.20; Jó 41.1; Is 19.18). Viveiros de peixes são
mencionados em Ct 7.4. Os fenícios levavam peixes do Mar Mediterrâneo para Jerusalém (Nm 13.16). Uma das
portas da cidade, a Porta do Peixe, parece ter sido o local onde se comercializava o produto (2 Cr 33.14; Nm
3.3).
Insetos como certas espécies de Locusta eram não só comidos, mas muito apreciados (Lv 11.22; Mt 3.4).
O pão era cozido em casa todos os dias, sob a forma de bolos e biscoitos, eram cozidos fora do forno,
uma vez que o combustível era posto dentro deles (Mt 6.30). Eram cozidos de diferentes maneiras: Os bolos e
os rolos grossos eram postos sobre a fornalha aquecida; e quando o pão tinha um formato mais delgado,
colocavam-no em pratos de metal, ou em vasos de barro ou em concavidades próprias para o fim (Gn 18.6; 2
Sm 13.6-8; Jr 7.18). Com o passar do tempo fazer pão tornou-se tarefa para os criados (1 Sm 8.13). O pão era
duro e quebradiço o que dificultava o uso de facas para cortá-los (Is 58.7; Lm 4.4; Mt 14.19).
Os judeus usavam fazer duas refeições por dia: uma de manhã, entre a terceira e a sexta hora (09:00 hs
as 12:00 hs), e uma outra considerada a principal à undécima hora (17:00 hs) quando o dia já estava mais
fresco. Nessa refeição os comensais reclinavam-se sobre o lado esquerdo, em divãs colocados ao redor de uma
mesa redonda. Assim, nessa posição a cabeça dum comensal parecia descansar no peito do vizinho. Foi desse
jeito que Jesus pode dizer a João quem o trairia, sem que os outros o ouvissem (Jo 13.23; Pv 26.15).
Os pés ficavam estendidos na direção contrária à mesa, e podiam ser logo tocados por quem entrasse
na sala (Lc 7.38). É por essa razão que se diz que a mulher que lavou os pés de Jesus estava atrás dEle.
Esse costume veio dos antigos persas.
O alimento era tomado com a mão, sem o auxílio de garfo ou de faca, daí veio o costume de se lavar as
mãos antes e depois de cada refeição (Mc 7.5). em tempos mais remotos os israelitas recebiam cada um uma
certa porção de alimento (Gn 43.34; 1 Sm 1.5), como passar do tempo todos comiam do mesmo prato.
A bebida que se tomava, em geral, não era durante, mas depois, era a água ou vinho diluído em água.
Os trabalhadores e os soldados usavam beber um vinho ácido (Rt 2.14; Mt 27.48). Foi o que os soldados deram
a Jesus quando Ele disse: “Tenho sede”. A bebida que antes tinham lhe oferecido, “vinagre e fel” ou “vinho e
mirra” (Mt 27.34; Mc 15.23) era dada aos que haviam de padecer suplício, com o fim de torná-los insensíveis.
Jesus recusou. Foi em perfeita consciência que Ele sofreu a morte na cruz.
Os visitantes, nos tempos antigos, recebiam uma certa quantidade de vinho, que o hospedeiro lhe
oferecia numa taça especial, depois de ter feito a mistura; por isso a palavra taça é com freqüência usada para
significar a porção que cabe a este ou a aquele (Sl 11.6; Is 51.22; Mt 26.39).
A mistura não era tão somente vinho e água, mas uma bebida que tornava mais forte por meio de
especiarias (Pv 23.30). A “bebida forte” continha um licor feito de tâmaras e de várias sementes (Lv 10.9; 1 Sm
1.15).
Óleos preciosos também eram usados nos banquetes para ungir os convidados (Sl 23.5; 45.7; Am 6.6).
Jesus foi honrado dessa maneira pela mulher (Mt 26.7), ela quebrou o vaso como prova da excelência do óleo,
pois o fato de estar selada a boca do frasco mostrava que guardava um perfume importado (Mc 14.3).
A principal refeição era tomada à tarde, razão porque era chamada ceia.
A alegria e o brilho de luzes dentro de casa em tal ocasião representavam a felicidade do céu ao passo
que as trevas exteriores, simbolizavam a miséria dos perdidos.

O CALENDÁRIO

a) O ANO JUDAICO
Havia o ano sagrado e o ano civil. O sagrado iniciava-se em março ou abril, conforme a Lua, como
lembrança do mês que os israelitas saíram do Egito, e o ano civil começava em setembro ou outubro. Época da
sementeira. Os profetas usavam o primeiro, e os que tinham que tratar das coisas civis usavam o último.
O ano era dividido em doze meses lunares, mas de três em três anos tinham treze meses.
Até a volta do cativeiro, esses meses não tinham nomes distintos, a não ser o primeiro que se chamava
Abibe (“o mês das espigas verdes”), ou Nisã, o mês do “vôo” (Et 3.7; Êx 12.2).

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Mês do Ano Nome Correspondência
Sagrado Civil

1º 7º Abibe ou Nisã Março-abril


2º 8º Ivar ou Zibe Abril-maio
3º 9º Sivã ou Siuvã Maio-junho
4º 10º Tamuz Junho-julho
5º 11º Abe Julho-agosto
6º 1º Tisri ou Etanim Setembro-outubro
7º 2º Marchesvan ou Bul Outubro-novembro
8º 3º Quisleu Novembro-dezembro
9º 4º Tebete Dezembro-janeiro
10º 5º Sebate Janeiro-fevereiro
11º 6º Adar Fevereiro-março

Como o ano judaico continha 354 dias divididos em doze meses de 29 e 30 dias alternadamente, ele era
menor que o ano solar cerca de 11 dias e 1/4, resultando disso, no ciclo lunar de 19 anos, um erro de 213 dias
e 3/4 mais ou menos. Para corrigir o calendário, era adicionado um décimo terceiro mês que se chamava Ve-
Adar (segundo Adar).
O ano novo Adar era ordenado por decreto do sacerdote, quando ele observava que a colheita da
primícia da cevada não podia ser feita antes de 16 de Nisã.

b) AS ESTAÇÕES DO ANO COMO SINAIS DOS TEMPOS


Na Bíblia as datas são muitas vezes determinadas, referindo-se, ou às estações e produções e ou às
festas (Nm 13.20; 1 Sm 21.9; Jo 10.22).
Um fato que se encontra em Lc 4.7, ajuda-nos a fixar a visita de Jesus à sinagoga em Nazaré. A leitura
da Lei era completada nos 52 sábados de cada ano, tendo começado no mês de Tisri (setembro), segundo
costume buscando em Dt 31.10,11; Ne 8.2. Os seis primeiros capítulos de Gênesis eram lidas na Festa dos
Tabernáculos e no sábado precedente (Dt 29.10; Is 61.1; 63.10). Este cálculo de Lamy, fixa a visita de Jesus
naquele dia como sendo o 14 de Tisri.

c) AS FESTAS JUDAICAS
Três vezes ao ano todos os homens tinham de comparecer diante de Deus nas festas da Páscoa, de
Pentecostes e dos Tabernáculos. Além destas havia a festa das Trombetas e o dia da Expiação.
O objetivo destas festas era fazer com que o Senhor estivesse no pensamento do povo e promover a
unidade nacional. A Páscoa, também chamada Festa dos Pães Asmos, celebrava-se na primavera, no dia 15 do
primeiro mês (Nisã) e durava sete dias, lembrava a saída dos israelitas do Egito.
O Pentecostes, conhecido também como Festa das Semanas da Ceifa ou das Primícias, era observado 50
(cinqüenta) dias após a Páscoa e durava 1(um) dia.
Tabernáculos também chamada Festas da Colheita, ocorria no primeiro dia do sétimo mês, 5 (cinco) dias
após o Dia da Expiação e durava 7(sete) dias.
A Festa das Trombetas, no primeiro dia do sétimo mês era o início do ano civil (Nm 28). O Dia da
Expiação no décimo dia do sétimo mês (Lv 16).
Estas festas são fixas, devendo todo varão judeu comparecer pelo menos 3 (três) vezes por ano em
Jerusalém.

ASSUNTOS DIVERSOS

a) PESOS, MEDIDAS E MOEDAS


Cálculo aproximado das medidas hebraicas: O conhecimento das muitas medidas usadas nos tempos
bíblicos esclarece muitas passagens. O assunto é incerto pela ausência de padrões precisos e permanentes,
pelos diferentes usos dos egípcios, fenícios e babilônicos, e ainda pelas diferentes exposições de pessoas
autorizadas, como Flávio Josefo e os rabinos judaicos, a descrição a seguir é a mais aproximada possível:

b) MEDIDAS LINEARES
Medidas de comprimento: As medidas mais curtas são tomadas do corpo humano, Dt 3.11: “pela
medida de um côvado de homem”, o “côvado em uso”, conforme na versão contemporânea da Bíblia. A palma
da mão e o palmo explicam-se a si mesmos. O côvado, que era até a ponta do dedo maior, e era por razão
avaliado em 46 a 56 cm. Havia o côvado antigo (2 Co 3.3.4) em tempos posteriores o côvado aumentado (Ez
40.5; 41.8), porém desconhecemos suas respectivas dimensões.
Uma inscrição encontrada no túnel de Ezequias em 1880, parece determinar a extensão de 1200
côvados, desde o riacho de Cedron até a fonte de Siloé, através da rocha. Sabe-se que o referido túnel tem
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cerca de 600 metros de extensão. Em conseqüência, o côvado no tempo de Ezequias devia ter mais ou menos
50 centímetros. É possível que o côvado no Novo Testamento fosse de uns 52 centímetros.

Tabela (aproximada) de medidas lineares:


a) Dígito ou largura do dedo: 19 milímetros (Jr 52.21).
b) Palma da mão: Aproximadamente 75 milímetros (Ex 25.25).
c) Palmo: Igual a três vezes a largura da palma da mão, cerca de 22,5 centímetros (Êx 28.16; 1 Sm 17.4)
d) Côvado: Igual a dois palmos, variou seu comprimento em várias ocasiões; 46 - 56 centímetros.
e) Estádio: Medida que equivalia a 200 metros (Lc 24.13; Jo 6.19; 11.18).
f) Milha: Cerca de 1500 metros (Mt 5.41).
g) O caminho de um dia de sábado: Mais ou menos 1 Km (At 1.12).
h) Medidas indeterminadas: São expressas pela frase: “Uma pequena distância”, (Gn 35.16; 48.7; 2 Rs
5.19).

C) MEDIDAS DE SUPERFÍCIE (APROXIMADAS)


A geira é um espaço de terra que uma junta de bois lavra em um dia. Compare-se o termo latino
jugerum, geira com jugum, jugo.
A geira romana tinha 240 pés de comprimento e 120 de largura, num total de 28800 pés quadrados. As
dimensões exatas da geira dos hebreus são desconhecidas (1 Sm 14.14; Is 5.10).

Medidas para secos e líquidos: Tinham pontos de semelhança. O padrão tanto de uma como de outra
tinham pontos em comum, eram iguais em capacidade. O bato era medida para líquidos e o efa, medida para
secos levavam 36 litros (Ez 45.11).

d) MOEDAS
A moeda era avaliada por pesos, não houve moeda cunhada na Palestina antes do cativeiro babilônico. O
verbo “pagar” no hebraico realmente significa “pesar” (Gn 23.15; 33.19; Ed 8.25; Jr 32.9).
O siclo era o padrão do valor, tal como era o peso. Estavam tão acostumados com o uso dele que a
palavra era freqüentemente omitida: “Cem... de prata”, queria dizer cem ciclos de prata. O siclo foi cunhado em
moeda pela primeira vez por Simão Macabeu, aproximadamente 140 a.C., para comemorar a independência
judaica. Os siclos, meio siclos e quartos siclos, eram de ouro de prata e de bronze, tendo em letras hebraicas a
inscrição: “A Redenção de Sião”.
O siclo não é mencionado no Novo Testamento e sim o Estáter, valia quatro dracmas gregas, e é tomado
como equivalente àquela moeda (Lc 15.8). O meio siclo corresponde a taxa do templo (Êx 30.13), aparece no
Novo Testamento valendo duas dracmas (Mt 17.24).
O uso de moedas gregas e romanas juntamente com as da Palestina ocasionou muitas complicações,
sendo necessário recorrer aos cambistas, principalmente no templo, para ter a moeda judaica, a única que os
sacerdotes aceitavam. O valor dessas moedas é impossível de ser avaliado; poderíamos fazer cálculos, dando
ao quadrante o valor de um centavo em moeda brasileira, porém isso nada nos diria a respeito do valor
aquisitivo da moeda.

TABELA:
a) Sescuns: Oitava parte de asse romano.
b) Quadrante: Equivalente a dois sescuns (Mc 12.42).
c) Asse: Igual a quatro quadrantes (Mt 10.29; Lc 12.6).
d) Denário: Valia dezesseis asses. (valor de uma diária de trabalho). (Mt 20.2).
e) Dracma: Peça de prata equivalente ao denário romano (Lc 15.8,9).
f) Didracma: A moeda do tributo, equivalente a meio siclo (Mt 17.24).
g) Estáter: Ou siclo, igual a quatro dracmas (Mt 17.27).
h) Peças de prata: Sem dúvida eram os siclos (Mt 26.15; 27.3).

A MANEIRA DE DIVIDIR O TEMPO

O dia natural tanto entre os judeus como entre os romanos contava-se desde o nascer até o por do sol.
Depois da volta do cativeiro babilônico foi dividido em doze horas mais ou menos longas, conforme as estações.
O dia civil, que se contava comumente, começava às seis horas da tarde e acabava às seis horas da tarde
seguinte.
Era diferente do dia civil romano, que, como o nosso vai de meia noite a meia noite e estava dividido
em dia e noite de igual duração.

A noite era desde tempos muitos antigos dividida em três vigílias: a primeira até as doze (meia noite)
(Lm 2.19); a média até às três da madrugada (Jz 7.19), e a vigília da manhã, que ia até às seis horas (Êx
14.24).
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Mas no tempo de Jesus a noite era dividida, como entre os romanos em quatro vigílias, de três horas
cada uma (Mc 13.35), começando-se a contá-las a partir das seis horas da tarde, a terceira vigília se chamava
“o cantar do galo” (Mt 26.34).
O dia propriamente dito (das seis da manhã às seis da tarde) era dividido em doze horas, sendo a
terceira, a sexta e a nona dedicadas ao culto público. Esta forma de divisão ainda é observada pelos judeus.
Em tempos muito antigos e até no cativeiro babilônico, o dia constava das seguintes partes: o romper do
dia, a manhã, o calor do dia.
Das nove às doze horas, o meio dia, o frescor do dia, das três às seis horas, e a tarde.
O espaço de tempo desde a hora sexta (meio dia) até ao princípio da noite, chama-se a tarde. Esta parte
do dia ainda se dividia em duas partes, também chamadas tarde (Êx 12.6; Lv 23.5).
Estas distinções esclarecem muitas passagens: pela undécima hora o pai de família disse aos
trabalhadores: “porque estais ociosos todo o dia?” (Mt 20.6). Para nós as onze horas são de manhã, mas para
os judeus eram de tarde, uma hora antes do por do sol.
O argumento de Pedro no dia de Pentecostes era forte, porque os judeus não comiam nem bebia antes
do sacrifício da manhã: “Sendo a hora terceira” (nove da manhã) (At 2.15).
No dia em que Cristo foi morto, houve trevas em toda a terra, desde a hora sexta até a hora nona, quer
dizer, desde o meio dia até às três da tarde. A Páscoa realizava-se sempre na época da Lua cheia. Por isso
essas trevas poderiam ter sido produzidas por um eclipse solar. Foi à hora nona que Jesus exclamou, e algum
tempo depois expirou (ou “entre as tardes”, quando se oferecia o sacrifício de costume).
João diz que Pilatos apresentou Jesus ao povo à hora sexta (Jo 19.14); provavelmente, conta-se aqui o
tempo a partir de meia noite que é quando começa o dia romano.
- Foi pela quarta vigília da noite ou perto do amanhecer que Jesus foi pelo mar, ter com seus discípulos.
Ele tinha passado a noite inteira em oração (Mc 6.48).
Muito louvor merece o servo a quem o senhor achou vigiando na segunda ou terceira vigília, isto é, entre
as nove e às três da madrugada (Lc 12.38).
Devemos observar que os judeus falam geralmente qualquer parte do dia ou de outros períodos de
tempos como se tratasse de unidades inteiras. Por isso Jesus disse: “Depois de três dias ressuscitarei” (Mt
27.63). embora Ele tivesse estado no sepulcro apenas um dia completo (pelo cômputo do dia romano) e
metade de outro, desde a tarde de sexta-feira até a manhã de domingo. Ele deu a entender também, citando
Jonas, que estaria no sepulcro três dias e três noites, três partes de três dias civis, visto como o dia e a noite
tinham o significado dum dia de vinte e quatro horas (Mt 12.40; 1 Sm 30.12,13). Do mesmo modo, no
Evangelho de João uma semana é oito dias (Jo 20.26).

COSTUMES GERAIS

Muitos outros costumes há que se referem a Bíblia, eis alguns:

* Na Roma antiga, as crianças adotadas eram-no primeiro em particular, depois a adoção era ratificada
em ato público e as crianças assim adotadas tornavam-se herdeiras de seus pais adotivos. Por isso, no capítulo
8 de Romanos, se diz que os cristãos são adotados, mas esperam a sua adoção, a saber, a redenção do corpo,
isto é, esperam o seu reconhecimento público na vinda do Senhor (Rm 8.23).

* Os judeus ricos mandavam ensinar a seus filhos alguma profissão, com o fito de prepará-los para
qualquer mudança de fortuna. Por isso Paulo, que foi educado liberalmente, aprendeu o ofício de fazer tendas
(At 18.3).

* As pessoas que faziam visitas a um superior levavam geralmente presentes (Pv 18.16; Jó 42.11). Os
reis e os príncipes também presenteavam como prova de distinção (Gn 45.22; 1 Sm 18.4; Et 8.15). Era uma
grande afronta não usar os vestidos assim presenteados (Mt 22.11,12).

* A saudação comum no oriente era um beijo, às vezes na barba, outras vezes na face, o beijo de
respeito e veneração era na fronte (2 Sm 20.9; Gn 27.26; Êx 4.27; 1 Sm 10.1; Sl 12.12; At 20.37). As
saudações dos judeus eram muito cerimoniosas, essa era a razão porque as pessoas encarregadas de algum
negócio urgente eram proibidas de saudarem alguém pelo caminho (2 Rs 4.29; Lc 10.4). A saudação comum
era “Paz seja contigo” (Jz 19.20; 1 Sm 25.6). Veja outras maneiras de cumprimento em Rt 2.4; 3.16; Sl 129.8.

* Era um insulto maltratar a barba, cuspir no rosto e o emprego de homens em serviços degradantes (Jz
16.21; Lm 5.13). Também bater as palmas das mão, injuriar a mãe de alguém e desonrar os mortos (Jó 27.23;
1 Sm 20.30; 2 Sm 3.39; 16.10; 29.22; Jr 26.23).
* Na ocasião da Páscoa, o povo de Jerusalém costumava preparar salas onde os estrangeiros pudessem
celebrar a festa, essa é a razão porque Jesus, com naturalidade, mandou Pedro e João procurar um quarto alto
para esse fim (Mc 14.15).

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* Na festa dos Tabernáculos (“no último dia da festa”) forma-se uma procissão de judeus desde a fonte
de Siloé até o templo, que não ficava distante, trazendo água. O sacerdote, com um vaso de ouro com cerca de
seis litros, misturava esta água com vinho para ser oferecida como libação (Êx 29.40; Lv 23.36,37). O povo
cantava nessa ocasião as palavras de Isaías 12.3 e depois era a água derramada por entre gritos de alegria do
povo (Jo 7.37).

* No passado remoto não havia hotéis como os de hoje e os viajantes tinham que esperar nas estradas
ou nas portas e praças dos povoados até que alguém os convidassem para alguma casa (Gn 19.2; Jz 19.15-21).
Nos tempos de Jesus haviam hospedarias, mas os hóspedes deviam levar o que lhes era necessário para sua
alimentação e ainda a cama e o combustível para a lâmpada. Foi na estrebaria de uma casa assim, já que não
havia mais vagas, que nasceu o salvador do mundo. Lugares semelhantes eram encontrados nas principais
estradas desde os tempos patriarcais (Gn 42.27; 43.21; Êx 4.24).

* Quando morria alguém, seus parentes rasgavam os vestidos da cabeça aos pés, os convidados faziam
um rasgo menor, pessoas assalariadas juntavam a essas expressões de dor as suas lamentações e músicas (Jr
9.17,18; Mt 9.23; At 9.39). era comum o embalsamento, e a não ser no Egito, o processo era o seguinte:
ungia-se o corpo com ervas odoríferas, envolvendo-o depois em lençóis de linho. O enterro era feito dentro das
vinte e quatro horas seguintes, não havia caixões mortuários, o defunto era enrolado apertadamente em panos
da cabeça aos pés, e levado sempre ao cemitério que ficava sempre a alguma distância da cidade. Para os
pobres havia um lugar comum de sepultamento, porém muitas famílias construíam sepulcros no seu próprio
jardim. A beira da sepultura não havia nenhuma cerimônia mas o dia findava com um ato fúnebre (2 Sm 3.35;
Os 9.4). O luto era expresso pelo rasgar do vestido, uso de saco, umas vezes ocultando o rosto outras
espalhando pó sobre a cabeça (2 Sm 3.31; 19.4; Jó 2.12). Os sepulcros eram geralmente escavados na rocha,
com nichos ao redor, contendo um cadáver cada um (Jó 16.21,22; 33.18; Sl 88.6; Is 14.9-19; 38.10; Ez 32.18).

* Era costume dos reis da Síria visitar Roma, para obterem do imperador e do senado a confirmação dos
seus títulos ou para obterem a sua proteção. Foi com essa finalidade que Herodes o Grande, visitou César
Augusto com seus filhos, vejam o que Jesus diz em Lc 19.12. Em algumas parábolas o Senhor Jesus menciona
esse costume.

* A morte por cruz era o suplício usado só para punir escravos, ou aqueles a quem as autoridades
quisessem expor a maior humilhação. Não era castigo judaico, nem podia infligir-se a um cidadão romano. Por
isso Jesus foi entregue aos gentios e contado entre os malfeitores (Mt 20.19).

* Muitos costumes nos tempos antigos tinham ligação com o ato selar: o selo, geralmente um
anel com o nome do possuidor, preservava o objeto (Jó 14.17) e firmava o segredo (Is 29.11) dava autoridade
e remate aos documentos (Ne 9.38; Et 8.8) ou marcava um objeto para significar que era propriedade
particular daquele cujo nome ficava ali impresso (Rm 4.11; 2 Tm 2.19; Ap 7.2,3).

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