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Dicionrio
de
Termos
do
Rio Grande do Sul
12 Edio
CDU 806.90(816.5)-3
Aos confrades
da
e da
nossa homenagem
APRESENTAO
antiq. = antiquado
art. = artigo
desus. = desusado
ex. = exemplo
expr. expresso
gir. = gria
interj. = interjeio
livr. = livraria
loc. = locuo
num. = numeral
pl. = plural
pron. = pronome
RJ = Rio de Janeiro
v. = ver, vide
var. = variante
ABALOSO, adj. Que abala. Diz-se de andar de cavalo que abala ou sacode
muito. Pesado, desagradvel.
ABANCAR-SE, v. Assentar-se. 1 Significa tambm comeo de ao: "O cavalo
abancou-se a corcovear". // Var.: bancar-se.
ABATEDOIRO, s. Abatedouro.
ABATUMADO, adj. Diz-se do bolo que ficou duro e pesado por insuficincia
de fermentao da massa. Var. abetumado.
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ABERTA, s. Clareira.
ABOBRA, s. Abbora.
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ABRASIADO, adj. Vermelho como brasa. (Arc. port. em uso atual no Rio
Grande do Sul).
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ABRIR O PULSO, expr. Dar mau jeito no pulso por esforo excessivo.
ABRIR-SE COMO GAITA, expr. Exprimir-se com alarde, sem qualquer reserva.
ACABANADO, adj. Diz-se do vacum que tem os chifres virados para baixo e
tambm dos cavalos que tm as orelhas cadas.
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melhante do carneiro.
ACAUSO, s. Acaso.
ACEADO, adj. Diz-se do cavalo que anda com garbo, sem que para isso seja
necessrio ser castigado. ( palavra portuguesa tomada com outro
sentido).
AOITA-CAVALO, s. V. aouta-cavalo.
AOITERA, s. Aoiteira.
AOITERAS, s. Pontas das rdeas, que podem ser usadas, tambm, para
aoitar o cavalo. (Do cast. azo te, aoite).
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ACOLCHOADO, s. Edredo.
ACOLHERAR, v. Unir dois animais por meio de uma pequena guasca amarrada
ao pescoo. Atrelar ou ajoujar animais por meio de colhera. // Unir,
juntar, com relao a pessoas.
ACORDEONA, s. Cordeona.
ADICIONADO, adj. Diz-se do cavalo que sofre de doena crnica ou que tem
qualquer defeito fsico, especialmente nos rgos locomotores.
adicionado o animal rengo, manco, ou com qualquer defeito nas juntas,
embora leve.
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ADONDE, adj. Em que, em tal lugar. (Arc. port. ainda muito usado no Rio
Grande do Sul).
AFAMILIADO, adj. Que tem famlia. Que tem encargos de famlia. Casado,
amasiado, amancebado.
AFRICANO, adj. Plo de gado vacum, que consiste em ter o fio do lombo, a
parte inferior das costelas, paletas e pernas de cor branca, e o
restante de cor preta ou vermelha. Em geral, nas partes brancas, h
pintas caractersticas, e no restante do plo, nas partes pretas ou
vermelhas, a colorao tambm no uniforme.
AFRISSURAR-SE, v. Apressar-se.
AFRONTAR-SE, v. Abombar.
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AGAUCHADO, adj. Com jeito de gacho. Com maneiras e ares de gacho. Que
usa vestimenta de gacho. Que tem hbitos de gacho. "Francisco era um
paulista agauchado que usava bombachas e tomava chimarro."
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AGUACHADO, adj. Diz-se do cavalo que, por ter permanecido solto no campo
durante longo perodo de tempo, est muito gordo, pesado, barrigudo,
imprprio para trabalho forado imediato. Var.: aguaxado.
GUEDA, s. gata.
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AGUENTAR O TIRO, expr. Topar a parada, sustentar com brio uma opinio,
enfrentar com herosmo as dificuldades.
AI QUE (SE) VER, expr. Usa-se para exaltar uma qualidade boa ou m: "Ai
que se ver como este leite gordo." Exprime, tambm, dvida ou opinio
contrria geral: Afirma uma pessoa: "O Borges vai ganhar facilmente
esta eleio", ao que o outro responde "Ai que se ver" com a
significao de "veremos depois".
AJOUJO, s. Tira de couro cru com a qual se unem, dois a dois, pelos
chifres, que so furados, nas extremidades, para esse fim, os bois da
carreta ou do arado.
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ALAR, v. Fazer com que o cavalo levante a cabea, por ao das rdeas.
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ALEVIANADO, adj. Diz-se do animal tornado mais leve, mais leviano, mais
apropriado para o trabalho ou para as corridas.
ALIMANADA, s. Animalada.
ALOITAR, v. lutar.
"Eram ento trs crioulos forudos aloitando e rolando pelo
pasto, e o brinquedo de vez em quando, assim num repente, virava em
briga sria." (Reinaldo Moura, Romance no Rio Grande, P.A., Globo, 1958,
p. 65).
A LO LARGO, loc. adv. Futuramente, com o tempo, medida que o tempo for
passando, aos poucos.
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ALPARGATAS, s. Alpergatas.
AMACHONAR-SE, v. Amachorrar.
AMACHORRADA, adj. Diz-se da gua ou vaca que se tornou estril; que tem
jeito ou ares de machorra. // Diz-se, tambm, da mulher, no s na
acepo j expressa, como no sentido de que tem
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AMANONCIADO, adj. Diz-se do cavalo manso sem que tenha sido montado.
AMANSAR DE BAIXO, expr. Tirar todas as ccegas do animal que vai ser
domado, antes de mont-lo.
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AMARGO, s. Mate, chimarro, mate amargo, mate sem acar. bebida usada
em todo o Estado do Rio Grande do Sul.
"Do amargo
Com o porongo africano,
a bomba peninsular,
e erva do ndio americano
- trs continentes a dar
a sua contribuio
democrata reunio
fraterna, que anima e puxa
e acende a veia gacha
nas chamas de um chimarro."
(Aureliano, Romances de Estncia e
Querncia, P.A., Globo, 1959,
p. 147).
AMATUNGADO, adj. Diz-se do cavalo que aparenta ser ruim como o matungo,
com jeito ou aspecto de matungo.
A MEIA ESPALDA, loc. adv. Aplica-se a uma forma de laar que prende o
animal pelo fio do lombo, pelo peito e por um dos membros dianteiros.
AMODE, adv. Tem o significado de parece: "Amode que foi ontem que ele
chegou".
AM DE QUE ou AM QUE, loc. Por amor de..., parece que..., julgo que...
Ex.: "Fulana no vai festa? - Am que sim", isto , parece que vai.
(Usadas por gente inculta).
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ANDAR COMO COBRA QUE PERDEU A PEONHA, expr. O mesmo que "Andar como
cobra que perdeu o veneno".
ANDAR COMO COBRA QUE PERDEU O VENENO, expr. Andar aflito, desinquieto.
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ANDAR COMO PAU DE ENCHENTE, expr. Andar de um lado para outro, ao sabor
dos acontecimentos.
ANDAR COM OS ARREIOS NAS COSTAS, expr. Estar sem cavalo de montaria, ou
andar montado em animal ruim.
ANDAR DE CABRESTO CURTO, expr. Andar a pessoa sob controle, com suas
atividades delimitadas.
ANDAR DE COLA ALADA, expr. Andar alvoroado para ir embora, para fugir.
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pela sua terra, pelo cho verde e ondulado em que toda a vida tinha
campereado e trazia no corao, desferiu os ltimos versos e os ltimos
acordes" (Darci Azambuja, Romance Antigo, P.A., Globo, 1940, p. 210).
ANDAR ENTRE A QUARTA E A MEIA PARTIDA, expr. O mesmo que andar entre a
quarta e a meia quartilha.
ANDAR NA TIORGA, expr. Andar bbado. // Andar bem vestido, com roupas
domingueiras.
ANGOLA, s. Angolista.
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ANGURRIADO, adj. O mesmo que angurreado.
ANU, s. Nome de uma dana dos bailes campestres do Rio Grande do Sul.
Nesta dana, depois de feita a roda.
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APERAGEM, s. Apero.
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APERTENCER, v. Pertencer.
APESTEAR, v. Adoecer.
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APLUMAR, v. Aprumar.
APOSSEAR-SE, v. Apossar-se.
APOTRADO, adj. Com jeito e manhas de potro. Diz-se do cavalo manso que
se tornou semelhante a potro por ter estado muito tempo em liberdade. //
Fig.: Irascvel, grosseiro.
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APRECATAR-SE, v. Acautelar-se.
APRONTES, s. Aprontamento.
APUAVA, s. Aru.
AQUENTAR GUA PARA O MATE DOS OUTROS, expr. Levar a efeito preparativos
que vo ser proveitosos para outros; o mesmo que fazer a cama para os
outros se deitarem.
AR, s. Dor de olho. Mal que, segundo crena popular, causado por golpe
de ar.
ARAGANEAR, v. Haraganear.
ARAGANO, s. Haragano.
ARANHO,s. Agua.
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ARCO-DA-VELHA, s. Arco-ris.
ARENAL, s. Areal.
ARENGUEAR, v. Arengar.
ARMA BRANCA, s. Faca, punhal, faco, espada, adaga. O mesmo que ferro
branco.
"Faca sempre ativa e alerta. Ativa nos trabalhos, e alerta nas
canchas de osso e de carreiras, nos rinhadeiros, nos bailes e nos
comcios eleitorais. Nunca chega a dormir dentro da bainha. Ostensiva na
cintura, ou discreta na cava do colete. De cabo de prata ou de osso,
quanto mais velha , mais linda. Parece fria e sem vida, mas o sangue
lhe corre por fora. ela que salta na frente nas lutas de corpo a
corpo. Que se chama de arma branca, mas que sai rubra do entrevero.
feminina de nome, no simbolismo viril." (Nilo Ruschel, O Gacho a P,
P.A., Sulina, 1959, p. 95).
ARMAR O PEALO, expr. Preparar o lao para atirar o pealo. // Fig.: usar
de artimanha para apanhar outrem em falta.
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"Da Aroeira
Aroeira tem fresca sombra . -
mas esta sombra tem blefes.
Tem semelhana que assombra
com a sombra de certos Chefes
que aprendem com borlantim.
Depois do tamoeiro e o jugo,
o amigo... est que um refugo
com o couro que um camoatim."
(Aureliano, Romances de Estncia
e Querncia, P.A., Martins Livreiro-
Editor, 1981, p. 135).
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ARREBENTAR UM LAO, expr. Ser vlido, ser ainda muito forte, apesar da
idade: "O velho Chico, apesar de seus oitenta anos, ainda capaz de
arrebentar um lao".
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ARRENEGAR, v. Arreliar.
ARRETAR, v. Arreitar.
ARRETO, s. Arreitamento.
ARRIADO, s. e adj. Galo de rinha que, por ferido ou por exausto da luta,
no podendo mais brigar ou manter-se de p, sustenta-se apoiando a
cabea no cho.
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a erva-mate.
ARTERICE, s. Travessura.
ASPA DE BOI BRASINO, expr. Usada para exaltar alguma coisa: "Esta faca
est como aspa de boi brasino", isto , est muito bem afiada.
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"Asado del campo - Famoso asado del Rio de la Plata, que los
hombres del campo hacen al aire libre. Ensartan en un asador de hierro,
del largo de una espada, o, no tenindolo, en un palo cualquiera
descortezado y con punta, un costillar de vaca o de vaquillona. Con
ramas del monte hacen una fogata al aire libre, buscando la sombra de un
rbol. Cuando est bien presidida la hoguera, pero sin esperar a que se
convierta en brasas, clavan en tierra el asado un poco inclinado hacia
el fuego, cuidando de darlo vuelta una y otra vez segn se va asando la
carne de cada uno de sus lados, y de tenerio siempre a banovento
(digmoslo as), a fim de que las llamas no lo quemen. Hacen una
salmuera, y con un manojito de ramas la vai echando sobre la carne de
tiempo en tiempo. - Qu cosa ms sencilla? Pero tambien - qu cosa ms
intil, si llega a faltar el ojo y pulso experimentados, la haquia que
slo los hombres del campo poseen? Brillat Savarin dice que para hacer
bien mi asado es preciso haber nacido con un don especial, que no pude
suplir el arte. Si hubiese conocido el asado de los criollos del Plata,
sin duda hubiera discernido a stos la palma de superioridad en la
materia, y hubiera puesto aquel en la primera pgina de su libro famoso,
proclamando que, como sano y apetecible, no hay plato en el arte
culinario que pueda disputarle la preferencia." (Daniel Granada,
Vocabulrio Rioplatense Razonado, Tomo 1, Montevideo, Biblioteca
Artigas, 1957, p. 81-82).
ASSADO DE COURO, s. Carne assada com o respectivo couro. (V. assado).
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ASSADO DO LOMBO, expr. Diz-se do cavalo com o lombo inchado por efeito
dos arreios. Isso ocorre quando, estando o animal suado, em dia frio ou
chuvoso, se retira, de uma s vez, o arreiamento.
ASSIM COMO, loc. adv. Num dado momento. "Assim como a Santa apontou."
(No Galpo, Darcy Azambuja).
ASSOLEADO, adj. Diz-se do animal cansado por ter andado muito ao sol.
Acovardado pela cancula. Meio abombado. Assonsado.
ASSOLEAR, v. Cansar-se por ter andado muito ao sol. quase o mesmo que
assonsar.
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quem encilha aquelas farpelas, o menos que pode assuceder-le ficar sem
querer com alguma tropilha baguala..." (A. Maia, Tapera, 2 ed., RJ, F.
Brieguiet & Cia., 1962, p. 23).
ATAR A COLA L ONDE A MARUCA PRENDE O GRAMPO, expr. O mesmo que atar a
cola a canta galo.
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AVACADO, adj. Diz-se do boi ou novilho que tem conformao de vaca, que
se parece com vaca.
AVALOADOR, s. Avaliador.
AVALOAR, v. Avaliar.
AVEIRAR, v. Abeirar.
AVESTRUZ, s. Nome dado ema. O mesmo que nhadu, xuri. Var.: Abestruz.
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BAGADU, s. Nome dado, por apodo, aos moradores da cidade baixa de Porto
Alegre, da Praa da Harmonia ponte do Menino Deus. (Atualmente, em
desuso).
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BAIO. adj.Diz-se do animal cujo plo tem cor de ouro desmaiado. No Rio
Grande do Sul as variedades de baio tm as seguintes denominaes:
baio-amarelo, baio-branco, baio-cabos-negros, baio-encerado,
baio-lobuno, baio-oveiro, baio-ruano, baio-sebruno, baio-tobiano. //
Chama-se baio, tambm, ao cigarro crioulo, feito com fumo em rama e
palha de milho. // (O termo vem de Badius, do latim, cor de ouro
desmaiado).
"Fechando um baio
Pra matar o tempo e o vcio
logo aps o chimarro,
o guasca, com precauo,
pla a trara afiada,
sem atender pra mais nada
dentro ou fora do galpo.
Pega uma palha de milho
que no esteja avariada,
depois de bem aparada
passa na boca, molhando,
e vai no lombo sovando
da sua "desembainhada"
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BAIO-BRANCO. adj. Diz-se do cavalo baio de plo bem claro, quase branco,
ligeiramente amarelado.
BAITA, adj. Grande, crescido, importante. "Que baita homem", isto , que
homem grande!
BAIXO DAS CRUZES, adj. Diz-se do animal que tem as cruzes mais baixas do
que a anca.
BAIXO DE TRS, adj. Diz-se do animal que tem as cruzes mais altas do que
a anca.
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BALAQUICE, s. Gabolice.
"Toda camisa tem fralda, todo ladro mente e furta. gua que tem muita
balda carece de rdea curta." (Hugo Ramrez, in Cancioneiro de Tropas).
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BAMBUZAL, s. Taquaral.
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BANDEAR, v. Atravessar, varar, passar para o outro lado. "A bala bandeou
a parede", isto , atravessou a parede. "O cachorro bandeou o rio a
nado", isto , atravessou o rio a nado. "O deputado bandeou-se para
outro partido", isto , passou-se para outro partido.
BANDIDAGEM, s. Banditismo.
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BASTRAR, v. Recuar.
BATA, s. Roupo caseiro para homem. // Blusa larga, usada pela mulher,
para dormir.
BATER ASPAS, expr. Andar parelho com outro. // Encontrar-se com outra
pessoa para dirimir dvidas. // Bater guampas.
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cavalo, fustig-lo, apress-lo. // Seguir viagem. Tocar estrada afora.
Cobrir a marca.
BATER ORELHAS, expr. Correr juntos. Andar parelhos. Ter a mesma fora.
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BEM-TE-VI, s. Pssaro que vive perto das habitaes, cujo canto parece
dizer bem-te-vi.
BENEFICIAR, v. Castrar.
BIBI, s. Planta herbcea parecida com o lrio, de flores roxas, com trs
ptalas, que produz no subsolo um bolbo muito adocicado, semelhante a
uma pequena cebola, do tamanho de uma avel, denominado tambm bibi, o
qual se come cru ou cozido, tendo excelente paladar principalmente
quando misturado com leite. Existe tambm no Uruguai, com o mesmo nome.
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BICAO, s. Bicada.
BIGU, s. Ave aqutica de cor preta que vive nos rios e lagoas. (Vem do
tupi, mby-gud, p redondo). Var.: bingu.
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Me ajudem por favor!
O bigu, que mergulhava, j morreu,
Agua-p no d mais flor."
(Paulinho Pires, Milonga, 8 Califrnia
da Cano Nativa, Uruguaiana,
1978).
BIGUANCHA, s. Piguancha.
BIJUJA, s. Dinheiro.
BIRIBA, s. O mesmo que beriba. // adj. Curto, com aluso a um pau que
serve de cacete.
BOA, s. Partida final que se joga como ltima esperana para os que
perderam, no jogo de vspora.
BOBO DE BOCA, expr. Diz-se do animal recm enfrenado que ainda no sabe
obedecer bem ao das rdeas.
BOCA, s. Emprego, colocao. "J estou procurando uma boca para quando
deixar o Exrcito."
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A me do boi barroso
Era uma vaca malhada
Dava dez baldes de leite
E cem guampas de coalhada.
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A av do boi barroso
Era uma vaca franqueira:
Com aspas de duas braas
No passava na porteira.
O av do boi barroso
Veio de Cima da Serra,
Cada berro que ele dava
Fazia tremer a terra."
"Boi Barroso
Sempre que a lua embarriga
teu fantasma a gente avista,
passando o pago em revista,
fiscalizando o rinco;
porque tu s na verdade,
o gnio da liberdade
resguardando a tradio!"
(Aparcio Silva Rillo, Cantigas do
Tempo Velho, P.A., Globo, 1959).
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juntou com a outra luz de que saiu. Anda sempre arisca e s, nos lugares
onde quanto mais carnia houve, mais se infesta. E no inverno, de
entanguida, no aparece e dorme, talvez entocada.
Mas no vero, depois da quentura dos mormaos, comea ento o
seu fadrio.
A boitat, toda enroscada, como uma bola tat, de fogo! - empea
a correr o campo, coxilha abaixo, lomba acima, at que horas da noite!
um fogo amarelo e azulado, que no queima a macega seca nem
aquenta a gua dos mananciais; e rola, gira, corre, corcoveia e se
despenca e arrebenta-se, apagado e quando um menos espera, aparece,
outra vez, do mesmo jeito!
Maldito! Tesconjuro!
(Simes Lopes, Contos Gauchescos e Lendas do Sul, P.A., Globo,
1973,p. 137).
BOLA, s. Usada na expresso como bola sem manicla, que significa: sem
rumo, s tontas. // Boleadeira. // Var.: Bolas.
"derrubando avestruzes a bolas" (A. Maia, Runas Vivas, Porto, Lello &
Irmo, 1910, p. 40).
BOLCAR, v. Virar, rolar. O mesmo que volcar. Volcar a terra com o arado.
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"E tu, peceta, ond' que te meteste todo esse tempo? J sei:
andaste de boleadeiras quebrando o gado e aplastando o cavalo, comigo
aqui tua espera, como se fosse teu negro cativo..." (A. Maia, Runas
Vivas, Porto. Lello & Irmo, 1910, p. 26).
"A cousa foi que o ndio se boleou serra a baixo, sem avisar
ningum ..." (A. Maia, Alma Brbara, RJ, Pimenta de Melo & C., 1922, p.
81).
BOLEEIRO, s. Cocheiro.
"BolichO
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BOM DE BOCA, expr. Fcil de alimentar, que come o que lhe for servido.
BOQUEJAR, v. Conversar.
BOQUEJO, s. Conversa.
BOQUINHA-DA-NOITE, s. O anoitecer.
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viola ou violo usando as cordas mais grossas, que emitem sons mais
graves.
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BOTAR, v. Pr.
BOTAR A BOCA NO MUNDO, expr. Gritar, esbravejar, reclamar.
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BRAA, s. Medida antiga, ainda muito usada no Rio Grande do Sul. A braa
linear equivale a 2,20 m e a braa quadrada a 4,84 m2.
BRANCO, adj. Plo de cavalo que, em geral, quando novo, foi tordilho.
BRANDEZA, s. Brandura.
BRANQUILHO, s. Nome de uma rvore que produz bom carvo para forjas.
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BUFIR, v. Bufar.
BUGIO, s. Guariba.
BUQUE, s. Cadeia.
BURABA, s. Burara.
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CABANO, adj. Diz-se do cavalo que tem as orelhas cadas. Diz-se, tambm,
do vacum que tem os cornos virados para baixo, um ou ambos.
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CACUNDA, s. Corcunda.
CACURUTO, s. Cocuruto.
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"Um cajetilha da cidade duma vez que a viu botou-lhe uns versos
mui lindos" ... (Simes Lopes, Contos Gauchescos e Lendas do Sul, P.A.,
Globo, 1973, p. 13).
CALANDRA, s. Calhandra.
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CALERA, s. Caieira.
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CALOTEADO, adj. Logrado, enganado, que no foi pago do que lhe era
devido.
CAMARGO, s. Caf forte com leite cru, quente da vaca, tirado na hora, na
mesma vasilha em que se encontra o caf. ( termo usado em Bom Jesus e
adjacncias).
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coberta de picum,
emponchada no brilho da alvorada,
boleia a perna dona madrugada
para abrir a cancela da manh..."
(Aparcio Silva Rillo, Cantigas do
Tempo Velho, P.A., Globo, 1959,
p. 44).
CAMONDONGO, s. Camundongo.
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sul, atingindo para leste uma diferena de altitude de 500 metros que
para o oeste diminui at completo nivelamento. A primeira destas
metades, como dizem os rio-grandenses, em Cima da Serra, e portanto um
prolongamento dos Estados de Santa Catarina e Paran (na poca em que
foi escrito o notvel livro, Paran ainda se limitava com o R.G. do
Sul), e forma um planalto desigual, ondulado de morros chatos e cortados
por numerosos cursos d'gua. A outra rea, abaixo da serra, limitada ao
norte pelo vale do Rio Jacu geralmente denominada a Campanha,
corresponde em todos os seus caracteres mais aos Estados limtrofes a
oeste e ao sul Corrientes, Entrerrios e Uruguai, e consiste em um
terreno chato e aberto interrompido por alguns espiges irregulares
compridos e baixos denominados Coxilhas, ao redor dos quais o terreno
retoma o seu carter ondulado." (C.A.M. Lindmann. A vegetao no Rio
Grande do Sul).
"Vasto, verde estendal da campanha nativa,
oficina ancestral das bravuras da raa,
onde, ao grito revel do gacho que passa,
tremula desdobrada uma flmula altiva.
Meiga terra de amor, de esperana e de graa,
dilatada extenso que as energias aviva,
predestinando luta a gente primitiva
que um campo de batalha a seus destinos traa.
Meio ambiente fatal de que flui e dimana
o forte corao da gente pampeana;
e onde se constitui, de distncia em distncia,
o cl das geraes primeiras que plantaram,
nos desertos do pampa, os esteios da Estncia..."
(Aurlio Porto, A Campanha).
"Da por diante, quando qualquer cristo perdia uma cousa, o que
fosse, pela noite velha o Negrinho campeava e achava, mas s entregava a
quem acendesse uma vela, cuja luz ele levava para pagar a do altar de
sua madrinha, a Virgem Nossa Senhora, que o remiu e salvou e deu-lhe uma
tropilha, que ele conduz e pastoreia, sem ningum ver." (Simes Lopes,
Contos Gauchescos e Lendas do Sul, P.A., Globo, 1973,p. 185).
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CAMPO FROUXO, s. Campo de fraca lotao, que comporta pouco gado, que
no d bom engorde.
CANA DE RDEA. s. Tira de guasca de cada uma das rdeas. As canas das
rdeas podem ser trabalhadas, tranadas ou torcidas. Podem ser feitas,
tambm, de sedenho ou de outro material.
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CANDONGA, s. Ao do candongueiro.
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"A Tudinha era a chinoca mais candongueira que havia por aqueles
pagos." (Simes Lopes, Contos Gauchescos e Lendas do Sul, P.A., Globo,
1973,p. 13).
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da serra.
CANINANA, s. Nome dado a uma das maiores cobras do Rio Grande do Sul. No
venenosa. conhecida tambm por papa-pinto ou parelheira.
CANINHA, s. Aguardente de cana-de-acar, cachaa, canha, cana,
canguara, etc.
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capadura cada.
"E ele, Prudncio, era capataz. Capataz, veja bem. Acima dele s
o Patro mesmo. Tinha que lidar com os ndios brutos, xucros, muitas
vezes bandidos, gente que matava um dando uma risada. Capataz de
estncia grande a pior vida do mundo. E o primeiro que se levanta -
para dar as ordens - e o ltimo que se deita - para ver se foram
cumpridas. Trabalha como qualquer peo e ainda tem que cuidar do
trabalho dos outros. E se alguma coisa sai errada - Capataz relaxado!"
(Antnio Augusto Fagundes, Destino de Tal, p. 70).
"ecoava, sonorosa,
a gargalhada gostosa
do capataz Odorico!"
(R.C.N., Caada em Mato Grosso).
CAPENGA, s. e adj. Indivduo que tem uma das pernas mais curta. Coxo,
manco.
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CARACA, s. Rugas que aparecem na base dos chifres dos vacuns que vo
envelhecendo.
CARA DE TERNEIRO MAMO, expr. Diz-se da pessoa de boca mole, com cara de
boba.
CARAF, s. Cricima.
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CARANCHO s. O mesmo que car-car, ave de rapina muito comum nos campos
do Rio Grande do Sul. // Pessoa que vai a festas e divertimentos sem ter
sido convidada. // Indivduo que entra de graa em baile onde
obrigatrio o pagamento de ingresso. // Jogador excedente, em roda de
jogo de nmero de parceiros limitado, que fica aguardando oportunidade
de substituir algum dos jogadores em possveis impedimentos.
"Siriri passarinho
que peleia com carancho,
por isso quando me prancho
a te lembrar fachudaa! -
sinto inveja da fumaa
da chamin de teu rancho!"
(Lauro Rodrigues, A Cano das
Aguas Prisioneiras, P.A., Martins
Livreiro-Editor, 1978, p. 85).
"Caranguejo no peixe,
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Caranguejo peixe ,
Caranguejo s peixe.
Na enchente da mar."
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o soveuzito feioso
feito de couro com plo."
(Aureliano, Romances de Estncia e
Querncia, P.A., Martins Livreiro-
Editor, 1981, p. 17).
CARNUDO, adj. Diz-se do animal em estado mdio, que no est gordo nem
magro.
CARPETA, s. Jogo, jogatina; casa onde se joga; a mesa de jogo; pano que
cobre a mesa de jogo.
CARPIO, s. Capina.
CARPINTEIRO-DA-COSTA, s. Minuano.
95
Var.: corraboial.
CARRAMANCHO, s. Caramancho.
"Carreirada
Fui a uma carreirada
L na raia do Feitio
Ia se bater um cuera
Com meu potrilho mestio.
Caramba barbaridade
Me bateu o corao
Botei a mo no relgio
J eram horas pois no.
Os cavalinhos partiram
Co a ligeireza do raio
Gritei mais cinqenta facho
Na luz do potrilho baio.
97
"Carreta
Quando ao Rio Grande chegou,
Segundo os tentos da histria
Suas canastras de glria
Foi ela que transportou" ...
(Chico Ribeiro).
"Da Carreta
Levaste os templos de pedra
para os altos das Misses.
Levaste as armas de guerra
de milcias e Drages
de hericas beligerncias.
Levaste os lares primeiros
e as culturas dos pioneiros
para os foges das Estncias."
(Aureliano, Romances de Estncia e
Querncia, P.A., Martins Livreiro
Editor, 1981, p. 145).
CARRETO, s. Carreta curta, pequena, puxada por uma nica junta de bois,
usada no servio domstico das estncias. // Veculo reforado, sem
leito, de duas rodas, puxado por muitas juntas de bois, destinado ao
transporte de toros.
98
"Denominara-Se outrora, em
tempos de rebeldia e de invaso, a
Casa Grande; fora um estabelecimento glorioso, opulento, quase
feudal." (A. Maia, Runas Vivas,
Porto, Lello & Irmo, 1910, p. 42).
Uruguai ou Argentina.
100
CEMINTRIO, s. Cemitrio.
101
102
CEPO, s. O mesmo que cepo colombiano ou cepo de campanha.
CERDA, s. Crina.
"Cerremos Pernas!...
Meus irmos da vida rude,
Mas que linda a toda prova,
Agora que a era nova,
Tudo vai no modernismo,
Cantemos em altos brados,
A esses tais inovadores,
Do nosso Pampa - os primores;
Da nossa gente - o civismo!
Cantemos, guasca soberbo,
Coisas aqui da querncia,
Todo o brilho da existncia
Que leva o filho do Pampa.
Cantemos as nossas glrias:
- Civismos alevantados
Dos nossos antepassados
que dormem no frio da campa.
(...)
Usemos bombacha larga,
Usemos leno ao pescoo,
Tenhamos alma de moo:
Gacho no envelhece!
Defendamos nossa Ptria,
Briguemos por nossos brios,
Aceitemos desafios,
Que a vida assim enobrece!"
(Pery de Castro, Coisas do meu Pago,
P.A., Globo, 1926, p. 13-14).
103
CH-DE-VARA-DE-MARMELO, s. Surra.
104
CHAMUSCAR, v. Esgueirar-se.
CHANFALHO, s. Faco.
105
106
CHAPULHAR, v. Chapinhar.
"Vim l de Piratini
fazendo char-dz-ch,
procurando um trovador,
para venc-lo num j."
(Olavo Rgio Pinheiro).
107
CHARRUA, s. e adj. Uma das tribos indgenas que habitavam o Rio Grande
do Sul na poca do seu povoamento. // Indivduo pertencente a essa
tribo. // (Era uma tribo belicosa, de ndios altivos e bravos, que nunca
aceitaram a civilizao nem o cristianismo, e que nunca se submeteram
aos conquistadores). (Etim.: Parece provir do quchua, de Char-uhas, que
significa ribeirinhos).
CHASQUENTO, adj. Diz-se de pessoa bem vestida, que causa boa impresso.
Bonito, engraado, interessante.
108
char-se.
109
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lhas pelo resotear de ferro das chilenas" (A. Maia, Runas Vivas, Porto,
Lello,p. 115).
111
112
Chimarrita altaneira,
No quebra nunca o corincho:
Diz que tem trinta cavalos,
E no tem nem um capincho.
Chimarrita diz que tem
Dois cavalinhos lazes:
Mentira da chimarrita,
No tem nada, nem xerges!
Tironeada da sorte,
A Chimarrita rodou;
Logo veio a crua morte
E as garras lhe botou.
113
A Chimarrita no campo
Co 'os bichos todos falou
Na morte da Chimarrita
O bicharedo chorou.
CHIMB, adj. Diz-se do gado vacum que tem o focinho curto e achatado. //
Emprega-se tambm em relao s pessoas de nariz chato ou pequeno e
arrebitado.
CHIMPAR, v. Dizer.
114
CHINERIO, s. Chinarada.
"Botei o p no estribo
meu cavalo estremeceu...
Adeus chinocas que ficam
quem vai embora sou eu."
(Quadra popular, in Vida Esportiva,
seo Querncia, de Roberto Eilert).
CHIPA, s. Bolo que os ndios das Misses preparavam com a massa de milho
fervido, socado e passado na peneira, misturado com leite, assado no
borralho. Atualmente a chipa feita de polvilho e queijo ralado, em
forma de rosquinha, assada no forno. (Chip a pronuncia guarani).
CHIQUEIRAR, v. Enchiqueirar.
115
CHIRUAZINHA, s. Caboclinha.
CHISPA, s. Fasca.
116
(grecido.
Berram dolorosamente irm sacrificada
Aqueles mugidos dolorosos,
Gemidos de saudade,
Vo pelas canhadas e coxilhas,
Como uma msica plangente e funerria.
Naquela hora crepuscular,
Quando o dia agoniza,
E o pampa repousa na quietude verde,
Vm as reses chorar
sobre o pasto manchado de vermelho-negro...
Rquiem solene na amplitude agreste.
Longos, dolorosos bramidos de saudade,
Prece, talvez, das vacas mansas
No seu ritual ignorado
Miserere brbaro dos pampas!"
(Manoelito de Ornellas, Miserere
Brbaro).
CHORRO, s. Jorro.
118
119
CILHA, s. Tira de couro ou de pano com que se aperta a sela por baixo do
ventre dos animais.
120
lha, ligada ao cinchador e, conseqentemente, argola do travesso da
cincha, do lado direito do cavalo de montaria. // Puxar, arrastar pela
cincha. // Apertar a cincha. // Tambm se diz chinchar, para qualquer
das significaes.
CLAVADA, s. O fato de, quando se atira o osso, no jogo desse nome, cair
ele de ponta e, depois, lentamente, deitar-se dando a "sorte". Ato de
clavar. // Logro, velhacada.
121
COBRA MANDADA, s. Coisa feita com premeditao, de forma velhaca. "O que
aconteceu ao teu primo foi cobra mandada", isto , o acontecimento em
que teu primo se viu envolvido, j havia sido velhacamente preparado
para ele.
COCO, s. Cabea.
COCRE, s. Croque.
122
COICEIRO, adj. Diz-se do animal que tem o costume de dar coices. O mesmo
que couceirO.
COIRANA, s. Coerana.
COLEADA, s. Coleao.
COLEAR, v. Fazer cair o animal vacum,
puxando-o pela cola ou cauda.
COLEAR-SE, v. Conluiar-se.
123
"O mato estava cobreado de pitanga". "A moa coloreou quando soube da
chegada do antigo namorado". "Os lenos dos maragatos enforcavam na
coxilha". "Mal pelaram as adagas e j o sangue coloreou a testa de um
deles."
COLUDO, adj. Diz-se do animal que tem a cola grossa, isto , com muito
cabelo.
COMADRES, s. Hemorridas.
COME-UNHA. s. Usurrio.
COMO. adv. Tanto quanto, coisa de: "Eu vinha como a uma lgua quando
comeou o tiroteio". // Usa-se, ainda, em frases como estas: "Como para
que o senhor deseja o faco?", isto , para que o senhor deseja o
faco?" Diz-se em resposta: "Como para abrir picada", isto , para ser
usado em abertura de picada.
124
COMO QUERA, loc. conj. Como quer que seja, de qualquer modo, seja como
for, apesar disso, ainda assim, bem provvel, possivelmente.
125
126
de do Sul.
CONVENTILHO, s. Prostbulo.
COR DE BURRO QUANDO FOGE, expr. Diz-se de uma cor, com inteno
127
depreciativa: "Ele est com uma roupa cor de burro quando foge." / Plo
de animal de cor indefinida.
128
CORRENTOSO, adj. Diz-se do rio ou arroio cujas guas correm com grande
rapidez. (Segundo Granada o vocbulo empregado tambm no Rio da
Prata).
CORRIDO, adj. Diz-se do galo de rinha que, por ter sido vencido, foge
dos outros, ressabiado de brigar. Animal no cio.
130
CORTAR-SE QUE NEM TENTO, expr. O mesmo que cortar-se, com o sentido de
separar-se, mudar de rumo: "Vou com eles at o Passo e de l me corto
que nem tento para a cidade".
131
132
133
Grande do Sul.
CRESCER, v. Tomar atitude agressiva contra algum: "O touro cresceu para
cima do peo", isto , investiu contra ele. // Encher, o rio. Aumentar,
o rio, o seu volume de gua: "Como o rio estava crescendo e a chuva
ainda no havia parado, achei melhor atravess-lo antes que isso fosse
impossvel."
134
minado lugar, regio, estado, pas: "O Clio crioulo de Canguu", isto
, natural de Canguu. // O cavalo aqui existente desde a poca da
colonizao, que, aqui aclimatado, veio a constituir uma raa com
caracteres bem definidos. // O animal oriundo de uma determinada
fazenda, regio, ou lugar: "O Zaino crioulo da Fazenda do Borracho".
// Cigarro de fumo em rama enrolado em palha de milho.
135
"Desatinado, violento,
O cuera de Livramento
Esfaqueou Juca Machado"
(Jacyr Menegazzi, Carreira).
CUFAR, v. Morrer.
136
ca, maneira de cevar! S que, por ltimo deu de molhar as mos e a roupa
da gente, como nen mal ensinado. No mais que uma pequena rachadura bem
no pescoo do porongo, mas dano bastante para exigir sua substituio.
Aposentei-a, sem jog-la fora, que uma coisa assim, misturando o calor
das mos da gente em tantos anos de serventia, at vai ganhando uma alma
prpria. E capaz de ter memria e sensibilidade." (Srgio da Costa
Franco, Achados e Perdidos, P.A., Martins Livreiro-Editor, 1981, p. 31).
"Cuia
CULAPE, s. Culepe.
137
CUPI, s. Puxado que se faz nos oites das casas. Alpendre, varanda.
(Vocbulo de origem tupi, ogupi, significando declive da casa ou do
teto).
CUPINUDO, adj. Diz-se do bovino que tem grande cupim ou giba. Pescoudo,
que tem grosso e saliente o toutio. // Em sentido figurado, aplica-se
ao indivduo forte, ousado, valente, respeitado, temido, que se
distingue dos demais em qualquer atividade.
CUPINZAMA, s. Quantidade de cupinzeiros, ou seja, de montculos de
barro, consistentes, de forma arredondada, feitos pelas trmites ou
formigas brancas.
CURE! CURE!, interj. Serve para chamar os porcos para serem tratados.
No relincha aporreado
Que do lombo me cuspisse.
Depois de eu me ver montado,
Tentar o bruto tolice.
(Manoel Faria Corra, Rumo aos
Pagos).
138
139
140
DAGA, s. Adaga.
DANINHAR, v. Danificar.
DAR CARO, expr. Negar-se a moa a danar quando convidada pelo rapaz,
ou vice-versa.
141
DAR LAAO, expr. Ser excelente, ser o mximo, como coisa saborosa,
coisa boa, e, ainda, como formosura de animais ou de pessoas. "Aquela
moa d laaos", isto , linda, bela, formosa.
DAR RODEIO, expr. Permitir que um vizinho a quem falta gado pare rodeio
em seu campo, para verificar se as reses faltantes ali se encontram.
142
DEFUNTAR, v. Morrer.
DEGAS, s. Eu, eu prprio, a minha pessoa: "O degas aqui no vai nessa
conversa", isto , eu no vou nessa conversa, a minha pessoa no vai
nessa conversa.
143
modo oportuno.
DELE QUE DELE, expr. Serve para significar ao continuada: "Era dle
que dle, com chuva e com sol, de dia e de noite", isto , praticava-se
determinada ao, constantemente, ininterruptamente. // V. d-le que
d-le, dle, dle bala, dle e dle, d-le que d-le.
DE P, expr. V. Sair em p.
144
DE RANCHO, expr. Denominao dada pelo soldado ao camarada que com ele
vive na mesma barraca ou tem a cama prxima sua no alojamento. //
Usa-se, ainda, com relao amante do soldado. ( expresso de
caserna).
DESAPONTE, s. Encalistrao.
DESARME, s. Desarmamento.
145
146
DESORIENTAO, desnorteamento.
147
DESOBRIGADO, adj. Diz-se do animal que anda de bom grado, sem que haja
necessidade do uso de esporas ou de rebenque.
DESPACHAR, v. Defecar.
DESPACHAR TERRENO, expr. Andar o animal com bastante velocidade: "O meu
Zaino despacha terreno", isto , anda com bastante velocidade.
148
DESPARRAMAR, v. Esparramar.
DESPARRAMAR-SE, v. Esparramar-se.
DESPEADO, adj. Diz-se do animal que est com os cascos gastos e por isso
claudica no andar. Despalmilhado.
DESPILCHADO, adj. Que ou aquele que no tem pilchas, isto , que no tem
dinheiro, jias, adornos, objetos de valor.
149
DESSOCADO, adj. Diz-se do animal cavalar que sofreu certa operao que
lhe dificulta a carreira.
" destorcida e bem falante; e olhava pra gente, como o sol olha
pra gua: atravessando!" (Simes Lopes, Contos Gauchescos e Lendas do
Sul, P.A., Globo, 1973, p. 102).
DESVRIO, s. Desvario.
150
DEVAGAR NAS PEDRAS, expr. Significa agir com cuidado, com prudncia, com
calma, com cautela, sem afoitar-se.
DEVOLVER, v. Vomitar.
DISCUTISSO, s. Discusso.
DISPARADOR, adj. Diz-se do animal que tem o hbito de tomar o freio nos
dentes e disparar, sem obedecer s rdeas. // Espantadio, que por
qualquer barulho dispara, escapa, foge. // Diz-se tambm do indivduo
com ares de valente, mas que se esquiva luta ao mais leve arreganho do
adversrio. Medroso, covarde, nervoso.
DITAS, s. Hemorridas.
DITRIO, s. Mexerico.
151
152
DUDA, s. Dvida.
DUDAR, v. Duvidar.
154
EH! PUCHA!, interj. Exprime admirao, espanto, pasmo, dor. O mesmo que
Eh! Puxa!, Epucha!, La Pucha!, Pucha!, Cu! Pucha!, Cuna!, Cu! Puna!
ELAS POR ELAS, expr. Uma coisa pela outra. O mesmo que na orelha, de
mano, ou de mano a mano.
155
EMBRAMAR, v. Enraivecer-se.
156
EMBURRO, s. Emburramento.
157
EMPILCHADO, adj. Diz-se da pessoa que tem pilchas. // Rico, que possui
muitos haveres.
158
EMPINAR, v. Levantar uma coisa por uma de suas extremidades, de modo que
ela fique em posio inclinada. // Beber, embriagar-se.
159
ENCILHADA, s. Cada uma das vezes que se encilha e monta o animal: "Este
potro j levou trs encilhadas". // Caro, repreenso, censura,
descompostura. // Poro de erva que se coloca sobre a j usada, para
fortalecer o mate.
160
161
162
ENGAZOPADOR, adj. Diz-se da pessoa que engana ou ilude intencionalmente
a outrem. Trapaceiro, velhaco.
ENGRAXATARIA, s. Engraxateria.
ENLIAR, v. Enlear.
ENQUADRILHAMENTO, s. Ao de enquadrilhar.
163
ENTANGUIR, v. Entanguecer.
164
ENTERTER, v. Entreter.
ENTERTIMENTO, s. Entretimento.
ENTICADOR, s. e adj. Indivduo implicante, que tem o costume de
escarnecer de outrem. O mesmo que enticante.
ENTRAR O RIO NA CAIXA, expr. Voltar o rio ao seu leito natural depois de
ter sado campo fora durante as enchentes.
165
"Necessria ao carreteiro
para as cordas consertar
ou, mesmo num entrevero
se no puder evitar."
(Cardo Bravo, Faca, poema).
166
ENVITE, s. Envide.
167
ERVA, s. V. erva-mate.
168
erva-de-So-Joo.
ERVA LAVADA, s. Erva j sem fortido por ter servido para muitos mates.
169
ESCARCEIO, s. Escarceada.
170
-se medroso.
ESCRESPAR-SE, v. Irritar-se.
ESFRIAR, v. Acalmar.
ESGARRANCHAR-SE, v. Montar.
ESGRAVATAR, v. Esgaravatar.
ESMERIL, s. Mau chofer, que estraga qualquer automvel que lhe seja
entregue.
171
ESPELOTEIO, s. Espeloteamento.
ESPINILHO, s. rvore que produz uma flor amarela muito apreciada pelas
abelhas. Sua madeira tima para lenha, prestando-se, tambm, para
trama de cerca. (H duas variedades: Acacia cavenia, Hook e Arm., e
Xantoxylon precox, St. Hil.).
172
EST DIREITO, expr. Est bem, est certo. Estou de acordo. Pode ser como
voc prope.
ESTADO, s. Condio fsica em que se encontra o animal. Boas condies,
bom estado; ms condies, mau estado; melhorar de condies, tomar
estado. Usa-se especialmente em relao a parelheiros ou galos de rinha.
173
174
175
176
ESTAR COM O CAVALO PELA RDEA, expr. Estar pronto para sair. Estar
prevenido.
ESTAR COMO COBRA QUE PERDEU O VENENO, expr. Estar desinquieto, agitado,
irritado, sem sossego.
ESTAR COM O P NO ESTRIBO, expr. Estar prestes a sair. Estar pronto para
sair.
ESTAR COM OS DIAS CONTADOS, expr. Estar para morrer, ou por doena, ou
por extrema velhice, ou por ter desafiado a ira de um inimigo que no o
poupar.
177
ESTAR DE TIRAR COURO E CABELO, expr. Estar uma coisa muito quente, estar
de pelar. // Estar uma coisa muito difcil de ser feita.
ESTAR LOBUNO DE FOME, expr. Estar com muita fome, a ponto de mudar de
cor.
ESTAR MORDENDO O FREIO, expr. Estar ansioso por fazer determinada coisa.
Estar pronto para entrar em ao.
ESTAR NA CEVA, expr. Estar o animal preso, com aUmentao especial, para
engordar, antes de ser abatido.
ESTAR NO MATO SEM CACHORRO, expr. Estar sem meio de sair das
dificuldades em que se encontra.
ESTAR O RIO CAMPO FORA, expr. Estar o rio muito cheio, fora do leito.
178
ESTAR POTRO, expr. Estar disposto, forte, pronto para agir. Estar brabo.
ESTEIRO, s. Estero.
179
ESTRADEIRO, adj. Diz-se de pessoa que anda sempre fora de casa, que vive
constantemente na estrada. // Alarife, esperto, conquistador, velhaco.
180
ESTRELO, adj. Diz-se do animal que apresenta uma mancha branca na testa.
ESTROMPADA, s. Esfalfamento.
ESTRONCAR, v. Destroncar.
181
182
FACO, s. Espcie de adaga que serve tanto para brigar como para o
trabalho de mato. No aumentativo de faca.
FACHINAL, s. V. Faxinal.
183
pemos a viagem por dois dias. "Um dia de falha no ir nos atrasar
muito, por isso, ao passar em Porto Alegre, no deixarei de visitar o
compadre..."
FALHUTO, adj. Falhado; que apresenta falhas. "A espiga de milho est
falhuta", isto , apresenta falhas, no est bem granada.
"- E agora, seu Neco, que que vai? No teve resposta. Seu Neco
sorria ao comentrio de Paulo: Puxa, amigo velho, que chinocas que sabem
fandanguear! Todo o mundo bom no p." (Lothar Hessel, Brava Gente, So
Paulo, Ed. Saraiva, 1959, p. 8).
184
FAROLAGEM, s. Fanfarrice.
185
"Da Farroma
Meu amigo Juan Castillo,
bom, da presilha at a ilhapa!
No meio da charla guapa
l vem alguma farroma.
E esta, veio hoje de inhapa,
ansim no mais sem embroma:
- Compr una casita em Roma
para matear con Don Papa..."
(Aureliano, Romances de Estncia e
Querncia, P.A., Martins Livreiro-
Editor, 1981, p. 148).
186
FAZER A CAMA PARA OS OUTROS SE DEITAREM, expr. Fazer uma coisa que outra
pessoa venha a desfrutar.
FAZER BOCA, expr. Comer alguma coisa para que o vinho fique com melhor
sabor. // Fazer alguma coisa como incio de uma ao mais importante.
187
FAZER PELEGO, expr. Cometer erro nas danas gauchescas. "No baile de
ontem houve muito pelego". "Voc precisa aprender a danar; chega de
fazer pelego."
FAZER TROPA, expr. Adquirir gado para formar uma tropa. Tropear.
Conduzir gado.
188
FERREIRO, s. Araponga.
FERRO, s. Arma branca.
189
tambm chamada fiel. // Homem que marcha na frente da tropa de gado para
regular-lhe a marcha, alm do ponteiro. // V. a expresso ganhar de
fiador.
FICADO, adj. Diz-se das reses de corte que no foram vendidas na poca e
que, por isso, permanecero na invernada para venda no ano seguinte.
190
fumaa. cabea para baixo. // Morrer.
"Mas que cheirinho bom tem mesmo essa tal figueirilha. Eu estava
sentindo mas no sabia donde que vinha." (Lothar Hessel, Brava Gente,
So Paulo, Saraiva S.A., 1959, p. 97).
FILHO DE TIGRE SAI PINTADO, expr. Tal pai, tal filho; o filho se
assemelha ao pai.
191
FLECOS, s. Franjas.
FLOR, adj. Muito bom, excelente, bonito, belo, lindo, grande, gordo. O
mais lindo, o melhor, a poro mais fina, o mais apurado.
192
193
194
"Deus ajude que no venham brigar por aqui. Que faam seus
forrobods l por longe!" (Lothar Hessel, Brava Gente, So Paulo,
Saraiva S.A., 1959, p. 134).
"O tal era de raa fran queira, e tinha umas aspas abertas,
quase de braa, cada uma, e grossas, na proporo." (Simes Lopes, Casos
do Romualdo, P.A., Globo, 1952, p. 196).
FREIO DE MULA, s. Freio grosseiro que se usa para domar as mulas, desde
o incio da doma, pois sendo animais indceis, dificilmente podem ser
amansadas com bocal de couro, como os
195
cavalos.
FRENAR, v. Freiar.
FRUTILHA, s. Morango.
FRUZU, s. Fuzu.
FUCHICO, s. Fuxico.
FUNDA, s. Estilingue.
196
FUSCO-FUSCO, s. Lusco-fusco.
FUXICAR, v. Coser com grandes pontos, sem muito cuidado, pano ou roupa.
// Bulir, remexer em qualquer coisa: "O que ests a fuxicar nessa
gaveta?" // Intrigar, enredar, furungar.
197
198
GACHO, adj. Abaixado, baixo, cado, pendido para baixo: "O criminoso
estava de cabea gacha", isto , estava cabisbaixo; "Aquele tordillio
gacho de frente", isto , tem os membros anteriores mais baixos que os
posteriores; "Esse boi tem as aspas gachas", isto , tem as aspas cadas
para baixo.
199
1954, p. 242-43).
200
GADO DE CRIA, s. Gado para criar, gado novo que ainda est em
desenvolvimento. Totalidade do gado existente em uma estncia em que o
estancieiro no se dedica a invernar, mas apenas a criar.
"Desafios so lanados
por gachos respeitados
que saltaram l dos matos
com fanhosas gaitas velhas,
so poetas de bom quilate,
que, ao descante, tomam mate."
(Olyntho Sanmartin, Santo Anto
Abade, in Antologia da EPC, P.A.,
Sulina, 1970, p. 288).
Cordeona trmula,
turva de raiva contida,
cheia de humana amaragem,
h um gemido de trova em
teu soluo
- h um soluo de amor em teu gemido..."
(Augusto Meyer, Giraluz).
GAITADA, s. Gargalhada.
201
Eu vi a galinha morta,
Agora, no fogo fervendo...
A galinha foi pra outro,
Eu fiquei chorando e vendo!
A galinha e a mulher
No se deixam passear:
A galinha o bicho come...
A mulher, d que falar!
Eu vi a galinha morta,
A mesa j estava posta;
Chega, chega, minha gente,
A galinha pra quem gosta!
202
GALOPE, s. Cada uma das montadas que se d no potro ou redomo com o fim
de amans-lo, repasse: "Este potro j tem dois galopes", isto , j tem
duas lies de doma, j foi encilhado duas vezes. "Este um animal do
primeiro galope", isto , foi encilhado uma nica vez. // Treino a que
se submete o cavalo de corrida: "O parelheiro est em galopes", isto ,
est sendo obrigado a galopar, na cancha, para desenvolver-se. //
Admoestao, censura, castigo, capina, susto: "Este galope que ele levou
hoje lhe servir de lio para toda a vida". // Trabalho, canseira,
lida: "A doena do guri manteve o pessoal da casa num galope", isto ,
deu muito trabalho. // Velocidade, pressa, rapidez: "O trabalho vai a
galope", isto , se desenvolve rapidamente.
203
204
GAMBELAR, v. Engambelar.
"Mas nisto o nhandu deu com a boca do rinco, viu o campo largo,
e fazendo umas gambetas fortes, esparramando as asas, por fim aprumou o
corpo e cravou a unha, num troto galopeado, de comer quadras" ...
(Simes Lopes, Contos Gauchescos e Lendas do Sul, P.A., Globo, 1973, p.
109).
205
GANDULO, s. e adj. Pessoa que vive custa dos outros, que deseja tudo o
que v. Vagabundo, pedincho, parasita, pedinte, filante, puuca. (
vocbulo castelhano usado tambm em Portugal).
206
GANIAR, v. Ganir.
GARALHADA, s. Gralhada.
207
GARGALEJO, s. Gargarejo.
GARGUELEJAR, v. Gargarejar.
GAROAR, v. Chuviscar.
GARRA DE COURO, s. (Fig.) Coisa que no tem valor algum, que no serve
para nada.
208
209
210
GAUCHEREAR, v. Gauchar.
GAUCHERIA, s. Gaucharia.
GAUCHERRIA, s. Gaucharia.
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sem domiclio certo. Cavalo gucho quase o mesmo que cavalo teatino,
que no permanente em parte alguma." (Coruja).
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em tantos setores da vida rio-grandense, mesmo em atividades prticas,
como o cooperativismo, de que foi fundador, no Estado, o padre Teodoro
Amstad.
Ainda no se fez o levantamento completo das atividades
culturais desses jesutas, tarefa para a qual me parece naturalmente
indicado o padre Artur Rabuske. Em razo da diversificada e vultosa
contribuio jesutica, o trabalho seria enorme, mas no se pode deixar
de empreend-lo, pelo que significa dentro do nosso processo cultural.
Figura na copiosa bibliografia do padre Teschauer uma histria
da erva mate, publicada no "Anurio" de Graciano Azambuja. Por falar
nisso, no recordo se Barbosa Lessa observou, na sua excelente
monografia sobre o "Chimarro", a disseminao do hbito do mate-amargo
nas reas rio-grandenses de colonizao alem. Estou para dizer que hoje
se toma tanto mate nessas reas quanto nas de pura cepa crioula, o que
ilustra uma das muitas facetas da aculturao dos descendentes de
imigrantes teutos aos nossos usos e costumes mais tradicionais.
Encontrando-me outro dia em Estrela, observei trs senhoras, em
diferentes pontos da cidade, tomando mate nas janelas de suas casas e
assim reeditando a clssica postura janeleira, com uma inovao: a
companhia da cuia de chimarro.
Por sua vez, o grande Augusto Meyer, alm de tomador de mate era
inveterado pitador de crioulo, tendo levado esses hbitos guascas aos
lugares ilustres onde pontificou, como a Universidade de Hamburgo. E me
disse certa vez que, se tivesse sido contemporneo de Alcides Maya na
Academia Brasileira de Letras seria homem para trocar o ch dos
acadmicos pelo chimarro galponeiro, tomando-o de mano com o velho
escritor gacho.
Pelas duas correntes de sangue, a alta e a baixa, como se diz no
Stud Book, Augusto Meyer era alemo puro de "pedigree". Poucos,
entretanto, so os nossos escritores to impregnados do sentimento do
pago. Sobretudo na sua obra potica h manchas pampeanas da maior
autenticidade e pureza. Embora depurada pelo intelectualismo mais
refinado, a sua poesia de feio regionalista tem a simplicidade e a
marca do nativismo campeiro. E sendo "o nosso Erasmo", como enfatizou
Alceu Amoroso Lima, pde conciliar o universo do seu enorme saber com o
mundo xucro da antiga campanha rio-grandense.
O teuto-brasileirismo de que falava Jos Fernando Carneiro
parece mais bem definido no Rio Grande do Sul, motivo pelo qual entendo
que a expresso mais apropriada seria teuto-gauchismo. No consigo
explicar, mas existe algo de misterioso, algo de mgico na identificao
de alemes e seus descendentes com a alma gacha. Talvez seja por isso
que o maior e, sobretudo, o mais crioulo dos nossos "payadores" atenda
pelo nome de Jaime Caetano Braun.
o assunto poderia ir longe, permitindo, inclusive, algumas
incurses no terreno das nossas refregas caudilhescas, onde o jeito de
pelear de um certo capito Pimba (de sobrenome Heigert), nada tinha de
prussiano, puxando parelho com o estilo de Honrio Lemes, tambm
conhecido por Leo do Caver e
223
"Gacho eu sou,
nasci feliz,
nesta terra formosa onde estou,
sob o cu do meu lindo pas.
Vim l de fora,
sou laador,
s no pude laar at agora,
o teu amor.
Gacho forte
pra querncia voltarei,
do potreiro dos teus olhos
nunca mais me afastarei!"
(Manoel Faria Corra, Cano Gacho
sou - Conta-nos, Joo Mozart
de Melo, que, na noite de 11 de
maio de 1954, quando era velado,
em Porto Alegre, o corpo de Manoel
Faria Corra, esta cano estava
sendo cantada por um coro na
cidade de Nevada, nos Estados
Unidos).
No me seduzem os tronos,
Nem das grandezas o brilho.
Eu tenho tambm um trono
De baixo do meu lombilho!
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225
(ra", cedo
Tem o pingo encilhado e vai para um "brinquedo",
De fado e pistola, arrastando as "chilenas".
Amoroso e sensual, morre pelas morenas
Sertanejas gentis de dez lguas em torno...
O gacho! O gacho! Ei-lo alheio ao suborno
Do forte, contra o forte a lana levantando,
E avanando! avanando! avanando! avanando!
(Zeferino Brazil, Alma Gacha, ed.
da Livr. Seibach, P.A., 1935, p. 17).
"ALMA GAUDRIA
(Sociognese do Gacho)
"Os rasteadores da Histria
campearam minha memria,
do tempo nas noites grandes,
e me encontraram na Taba,
nos araxs do ameraba
da cordilheiria dos Andes!
226
"Pois o bugre velho meu av, deu ela a meu pai quando deixou de
gauderiar e se parou nos foges." (A. Maia, Alma Brbara, RJ, Pimenta de
Melo &C., 1922, p. 83).
GAUDRIO, s. e adj. Pessoa que no tem ocupao sria e vive custa dos
outros, andando de casa em casa. Parasita, amigo de viver custa
alheia. Denominao dada ao antigo gacho, em sentido depreciativo. //
ndio-vago, andarengo. // Co sem dono, errante, que acompanha qualquer
pessoa mas logo a abandona para seguir outra, sem aquerenciar-se em
parte alguma. // Pessoa que viaja muito. Gacho.
227
GAVAR, V. Gabar.
GEBO, s. Zebu.
GEBU, s. Zebu.
Eu me chamo Generoso,
Morador em Pirap:
Gosto muito de danar
Coas moas, de palet..."
(Simes Lopes, Contos Gauchescos
e Lendas do Sul, P.A., Globo, 1957,
p. 343).
228
No quero mentir, eu vi
A assombrao do fandango;
O Generoso anda aqui."
(Pi do Sul, Farrapo, Globo, 1935,
p. 108).
"Gentama perambulante
que nunca-esquenta-lugar.
H o gaudrio e o teatino,
gachos bem haraganos,
que tm como seu destino
o destino dos ciganos.
So, como muito lhes convm,
graxeiros e coureadores,
os da Terra-de-Ningum."
(Hlio Moro Mariante, Fronteira do
Vaivm, P.A., Imprensa Oficial do
Estado, 1969, p. 31).
"Quem so,
De onde provm esta gentama de feio asitica,
Pele cor-de-canela,
Face triangular,
Olhos amendoados?!"
(Ramiro Frota Barcelos, Romanceria
Gauchesca, So Leopoldo, Ed.
Rotermund, 1966,p. 18).
GIBU, s. Zebu.
GINETE, s. Pessoa que monta bem, com firmeza e com garbo. Bom cavaleiro,
domador. // O vulto de um homem a cavalo.
229
Gineteava de verdade,
Apenas por distrao."
(Jacyr Menegazzi, Alma do
Gacho).
GIRADOR, s. Virador. Pessoa diligente na conduo de seus negcios.
GRAVAT, s. Caraguat.
230
Pequeno animal semelhante ao co, que gosta de roer cordas,
principalmente de couro cru e engraxadas ou ensebadas, e de comer aves
domsticas. Sai, geralmente, noite. muito comum em toda a campanha.
Seu nome cientfico Canis azara.
GRAXEAR, v. Namorar.
GRAXENTO, adj. Que tem muita graxa, gordo, graxudo, lambuzado de graxa.
GRAXUDO, adj. Diz-se do animal que tem graxa, que est gordo. Graxento.
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luzeiro.
Lemos em A. Malaret:
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GUAMPA, s. Chifre, corno, aspa. // Chifre preparado para ser usado como
copo ou como vasilha para guardar lquidos. H guampas com trabalhos
artsticos, como esculturas feitas nelas a canivete, ou revestimentos de
prata ou de ouro. Existem pequenas guampas, providas de uma tira de
couro ou corrente metlica fina, que so conduzidas na parte dianteira
do serigote e usadas para beber gua, nas travessias de rios e arroios,
podendo ser enchidas de cima do cavalo. (Etim.: Parece provir do
quchua; vocbulo muito usado nas Repblicas Platinas; no Chile dizem
guampara).
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"Do nosso gado bom, gado fraqueiro, resta l um que outro par de
guampas!" (Rui Cardoso Nunes, Tropilha Perdida).
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mente no posso concordar, em que me pese o nome ilustre do finado
patrcio. Encontra-se no dialeto aoriano a palavra guecho, significando
o animal ainda novo, o novilho. Assim, pois, no temos dvida de que a
palavra nos veio daquele arquiplago, e que no R.G. do Sul s se aplica
no feminino, e somente gua. sabido que na fronteira o vocbulo
quase desconhecido, ao passo que na zona do Estado onde a influncia
aoriana indiscutvel o seu uso correntssimo. Na gria de carreira,
por desprezo, se diz que o cavalo do adversrio guecha." (Moraes).
GUENZO, adj. Fora de prumo; que foi tirado de sua posio normal;
inclinado; pendido para um lado; inseguro; bamboleante.
GUERREIRO, adj. Diz-se do cavalo que, cansado dos trabalhos nas foras
beligerantes, ou delas desgarrado, vai parar nas estncias sem que se
saiba quem seu dono.
HARAGANEAR, v. Andar solto o animal por muito tempo, sem prestar servio
algum, tornando-se arisco. // Em sentido figurado, aplica-se s pessoas,
significando vadiar, gauderiar, vagabundear, andar sem ocupao, passear
de um Lado para outro sem procurar servio. // O mesmo que haraganar,
haranganear e araganear.
HARAGANO, adj. Diz-se do cavalo que por haver estado solto durante muito
tempo, sem prestar servio, tornou-se arisco, espantadio. // Em sentido
figurado, mandrio, velhaco, vagabundo, vadio, ocioso, preguioso,
esperto, vivaracho, matreiro. Var.: aragano. (Etim. palavra castelhana
com o significado de mandrio, ocioso, preguioso, e diz-se de quem foge
ao trabalho e vive na ociosidade).
243
"Companheiro do gacho
Joo-de-Barro ou Joo-Barreiro,
tambm o chamam de homeiro
os gachos castelhanos,
a esse pssaro aragano,
habilidoso pedreiro."
(Cardo Bravo, Joo-de-Barro,
poema).
HORTELEIRO, s. Hortelo.
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INHATO, adj. Que tem nariz curto e arrebitado; que tem nariz chato; o
mesmo que chimb.
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"Esta abelha faz o mel nos ocos dos paus e na porta faz um
canudo de uma resina semelhante cera que termina em forma de trombeta.
A porta do Iratim considerada, pelos roceiros, como anti-histrica,
devendo para isso ser queimada nas brasas em recinto fechado onde o
doente possa receber a fumaa. crena dos moradores da Serra que o mel
do Iratim embriaga quando se bebe no mato e que aps a ingesto se
pronuncia a frase: "Vamos embora". Dizem eles que a pessoa que bebe esse
mel, proferindo essa frase, entontece e logo adormece no podendo sair
do mato seno muitas horas depois." (Joo Cezimbra Jacques, Assuntos do
Rio Grande do Sul, P.A., Oficinas Grficas da Escola de Engenharia,
1912, p. 202).
IR-SE, v. Morrer.
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J
JAC, s. Cesto grande feito de taquara, com uma ala de couro cru de
cada lado, destinado a transportar coisas em cargueiro. (Os jacs so
pendurados cangalha, um de cada lado do animal. A carga completa que o
animal conduz de seis arrobas, trs em cada jac, ou seja, 90 quilos
ao todo).
JAGUARA, s. Co ordinrio.
JARARACA, s. Nome de uma das mais venenosas cobras do Rio Grande do Sul
(Botropus jararacae). // Mulher feia, faladeira, intrigante.
JIBIA, s. Cobra lendria no Rio Grande do Sul. (Diz Moraes que nunca se
constatou a existncia desse ofdio no Rio Grande do Sul).
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JUGO, s. Pea de madeira usada guisa de canga com que se unem os bois
carreta ou ao arado. O jugo colocado na parte posterior dos chifres
e a eles ligado pelas conjuntas.
254
L
"Enfiando o p na laada,
cada qual no seu papel,
vivo e prenda assanhada
so que nem mosca no mel."
(Hugo Ramrez, in Cancioneiro de
Trovas).
LAADOR, s. e adj. Homem destro no manejo do lao, que laa com percia,
que quase no erra tiro de lao. // Campeiro que durante os servios de
campo encarregado de laar as reses. // Pessoa que laa, que gosta de
laar, bem ou mal.
255
nica armada. Certa ocasio, quando ainda mais moo, o velho Geraldino
participou de um cotejo, com outro laador afamado, num rodeio perto da
Fazenda dos Morrinhos. Seria considerado vencido o que errasse o
primeiro pealo. A disputa terminou em empate, pois os dois laadores
derrubaram todo o gado do rodeio, quase duzentas reses, sem que nenhum
perdesse uma armada.
- Aquela ona me escapou, disse o Anastcio, do municpio de Bom
Jesus, porque no consegui chegar a tiro de lao e ela se embrenhou num
banhado onde no dava para entrar a cavalo. Cheguei a fazer a armada e
se tivesse conseguido chegar mais perto no tinha deixado a bicha ir
embora. - E no deixava mesmo, disse outro campeiro, pois esse ndio j
laou tamandu, zornilho e at um lagarto. Ele capaz de laar at um
gato solto no campo, quanto mais uma ona.
Certa ocasio, em Bom Jesus, um velho campeiro que havia l,
passeando a cavalo no campo com um de seus netos, desafiou-o: - "Vamos
ver quem que bota a armada mais antiga naquela novilha. Voc pode
atirar primeiro a sua, mas tem que deixar a rs continuar correndo at
que eu coloque a minha." A armada mais antiga no significa a que chegou
primeiro s guampas da rs, mas sim a que ficou por baixo. O rapaz, que
era destro nas lidas de campo, laou facilmente a novilha pelas guampas
e acompanhou-a para que ela continuasse correndo enquanto ia cerrando
aos poucos sua armada. Mal esta terminava de cerrar, j a novilha
entrava por dentro de um enorme armado jogdo pelo velho, o qual subiu
como se fosse uma coisa viva e veio cerrar-se por baixo da armada do
rapaz.
Houve muitos casos, em nossas guerras e revolues, de gachos
laarem metralhadoras e as arrancarem de seus ninhos na cincha do
cavalo." (Z.C.N.)
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"Meu lao
(...)
Mais tarde, quando eu morrer,
Velho traste de galpo;
Ao parar o corao
Que to alegre, hoje, soa,
Lao velho, guasca, -toa,
Eu te quero enrodilhado,
No meu caixo de finado,
Fazendo vez de coroa."
(Cyro Gavio, Querncia Xucra,
p. 117).
LACRANAR, v. Lacerar.
259
lado de laar.
LAGARTO, s. Ladro.
LAMBANCEADOR, s. Lambanceiro.
260
LAMBISCARIA, s. Lambisco.
LAMPEO, adj. Diz-se do animal cavalar ou muar que tem a cara branca.
LANCHA, s. P grande.
261
LARGADO, adj. Diz-se do animal que, por muito quebra, por indomvel, foi
abandonado no campo, imprestvel para os arreios. Diz-se tambm do
animal que se encontra solto h muito tempo, sem prestar servio, tendo
se tornado infiel e arisco. // Por extenso, aplica-se ao homem, com a
significao de malvolo, turbulento, animoso, valente, corajoso,
desordeiro, desabusado, inculto, irrecupervel, impossvel de ser
corrigido.
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"- Graas le dou, tio Jordo: a sua mezinha foi tiro e queda."
(A. Maia, Alma Brbara, RJ, Pimenta de Melo & C., 1922, p. 132).
264
para carreira.
LEVAR BUCHA, expr. Ser logrado em negcio. // Comprar, por boa, coisa de
m qualidade.
LEVAR CARO, expr. Ser o rapaz rejeitado pela moa que convida para
danar, ou vice-versa.
LEVAR CARONA, expr. Ser o oficial preterido em sua promoo. O mesmo que
tomar carona.
LEVAR NA PARADA, expr. Possuir uma cota na parada pela qual foi ajustada
a carreira.
265
LIGEIRICE, s. Ligeireza.
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espiritual.
Estudados os vocbulos realmente representativos e regionais da
vida diria das campanhas do Rio Grande do Sul, suas correlaes na
frase, as maneiras semnticas de adapt-los s condies tradicionais da
labuta entre guascas, o estilo espontneo que h na conversao das
estncias, para caracterizar a Dialectologia total, no fragmentria,
das zonas onde trabalha o cavaleiro pampeano, ento o glotlogo poder
decidir se a lngua portuguesa adquire novas energias e coloridos de
acordo com os imperativos do existir material e espiritual daquele povo.
Em havendo singularidades diferenciais nas atividades, nas vestes, nas
comidas, quando confrontadas a outras de outras gentes, o lxico e a
fonmica-sinttica devem corresponder aos bsicos dictames da emoo e
do pensamento, quer como inveno improviso, onomatopia, quer como
metaforizao necessria de termos e expresses usuais."
(Slvio Jlio, Folclore e Didectologia do Brasil e
Hispanoamrica, Petrpolis, RJ, 1974, p. 25).
LINGUIA, s. Trapaa.
269
LOITA, s. Luta.
270
longitude.
LUNANCO, adj. Diz-se do cavalo que tem um quarto mais baixo do que o
outro. // Aplica-se tambm a pessoas.
LUNANQUEAR, v. Ficar o cavalo com uma anca mais alta que a outra por
luxao de uma das articulaes coxo-femurais. // Causar esse defeito ao
cavalo, tornar lunanco.
LUNAR, s. Lana com forma de meia lua. // Marca em forma de lua nova
que, segundo a tradio, Sep trazia sobre a testa.
271
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273
MACEGUENTO, adj. Diz-se do campo em que existe muita macega. O mesmo que
macegoso.
MACHO, s. Burro.
274
ME-D'GUA, s. Ente fantstico que vive nos rios e nos lagos, e que
aparece na forma de uma moa de cabelos negros e longos.
MAL, s. Lepra.
275
MALACARA, adj. Animal que tem a testa branca, com uma lista da mesma cor
que desce at o focinho. Desta denominao excetua-se o cavalo de cor
bem escura, que, sendo malacara, se chama picao. Animal de frente
aberta, de testa branca. Se o animal tiver branca toda a frente da
cabea, se chama lampeJo e no malacara. O animal malacara pode ser de
vrios plos, donde o zaino-malacara, o vermelho-malacara, o
baio-malacara, o tostado-malacara, e outros. (Etim.: O termo pode provir
de malha na cara ou da expresso espanhola mala cara. Neste ltimo caso
a significao no seria de cara ruim ou cara feia, e sim de cara m
para a guerrilha, visto que, sendo branca, em corpo de outra cor, se
apresentaria muito visvel para o inimigo).
MAL-DA-TERRA, s. Anciostomase.
MAL E MAL, adv. Escassamente, imperfeitamente. "O dinheiro mal e mal deu
para o negcio", isto , deu escassamente para o negcio.
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MAMAR, v. Embriagar-se.
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MAMPAR, v. Comer.
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MANDARUV, s. Maranduv.
279
MANDURUV, s. Maranduv.
MANEADOR, s. Tira de couro cru bem sovada, de dois dedos de largura por
seis braas de comprimento, mais ou menos, que o campeiro conduz no
pescoo do animal ou em baixo dos pelegos, para servir de soga durante
as paradas em viagem. // adj. Diz-se do que maneia, ou prende o animal
com maneia. // V. a expresso passar os maneadores ou passar o maneador.
"Gacho de corao
o que de nada receia
e que s teme a maneia
da saudade do rinco."
(Dirceu A. Chiesa, O Gnio dos
Pagos, P.A., Livr. Continente,
1950, p. 9).
MANERAR, v. Maneirar.
280
p ou a cavalo para obrigar o gado a passar por determinado ponto ou
faz-lo entrar para a mangueira. // Cercas divergentes de pedra ou de
pau que levam entrada da mangueira, dispensando a presena de pessoas,
no lugar em que esto construdas, para o encurralamento do gado.
MANHEIRO, adj. Muito manhoso. Diz-se da criana que, sem motivo, vive
chorando, fazendo berreiros. // Diz-se, tambm, do boi vagaroso e do
cavalo lerdo.
281
MANOJO, s. Novelo que o tranador do lao faz com cada um dos tentos da
trana, o qual se vai desenrolando, medida que ele trabalha, por
efeito de uma laada especial.
282
MANOTAO, s. Pancada que o animal cavalar ou muar d com uma das patas
dianteiras ou com ambas. // Bofetada, pancada com a mo, dada por
pessoa. // Em sentido figurado, desfeita, afronta.
MANSO DE BAIXO, expr. Diz-se do animal que embora sendo manso para se
lidar com ele, pr-lhe o cabresto, conduzi-lo para qualquer lugar, no
foi ainda amansado para montaria.
MANTEDO, adj. Diz-se do animal que se mantm em bom estado, embora com
raes deficientes.
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284
285
286
propriamente a doma de potros, a tosa da eguada, a marcao de potrilhos
e de gado xucro, a pega dos baguais venenosos, a capao de touro, tudo
isso num multiplicar intenso de energia, atividade e audcia." (Callage,
Terra Gacha, 2 edio, p. 76).
287
MARCHADOR, adj. Diz-se do animal que em vez de trote tem outro modo de
andar, denominado marcha.
288
do. // Joio.
MASCAR, v. Mastigar.
289
MATA-BOI, s. Corda com que se une o eixo mesa da carreta, para que ele
no salte fora por ocasio de algum solavanco.
290
"Mate bueno
de gosto amarguento,
de erva batida
na concha da mo,
de bomba de prata
chapeada de ouro,
de cuia cozida
com cinza e carvo.
292
Mate gostoso,
cevado de novo,
recm escorrido,
ainda espumante,
que a gente tragueando
se sente contente
e esquece um momento
a gacha distante.
Mate que encerra
em seu gosto esquisito
o mesmo amargor
da saudade febril
que vem da lembrana
de uns olhos profundos.
Mate que lembra
os ervais to bonitos
que vivem da seiva
do imenso Brasil,
- a terra mais frtil
das Terras do Mundo !!! -"
(Lauro Rodrigues, Minuano, P.A.,
Globo, 1944, p. 29).
293
- O chimarro principia!
Alerta! O campo vigia!
Da meia noite pra o dia
um taura no dorme mais."
(Aureliano, Romances de Estncia e
Querncia, 2 ed., P.A., Martins
Livreiro-Editor, 1981, p. 18-19).
"Do mate.
MATEADOR, s. Aquele que gosta de tomar mate, que toma muito mate. O
mesmo que matista.
294
295
296
297
1978, p. 48).
"O mais maula levava pelos meos dois pares de bolas;" (Simes
Lopes, Contos Gauchescos e Lendas do Sul, P. A., Globo, 1973, p. 46).
"Quero montar, neste dia
de festana e de alegria,
da saudade o pingo maula,
e percorrer toda a serra,
os campos de minha terra,
de So Francisco de Paula!"
(Rui Cardoso Nunes).
298
Eu plantei a sempre-viva
Sempre-viva no nasceu.
Tomara que sempre viva
O teu corao com o meu.
A moa respondia:
Tu plantaste a sempre-viva
Sempre-viva no nasceu,
porque teu corao
No quer viver com o meu.
Incontinente toca a msica, o par se liga, dana um pouco, e a
moa ento leva o moo para o lugar dele na roda, e, ficando sozinha, d
sinal a outro moo e este sai, repetindo-se as escaramuas." (Antnio
Stensel Filho, descrio da media-caa danada no Paraguai).
299
MELADO, adj. Diz-se do cavalo que tem o plo e a pele brancos. Albino.
Os animais desse plo tm em geral os olhos ramelosos e no enxergam bem
nos dias claros.
300
MENEAR, v. Dar golpes com a mo. Executar qualquer coisa com as mos.
Manejar.
MENSTRUS, s. Mastruo.
"Carregaram no Chimango
Que j no tinha mais gente,
Pois a que havia, descrente,
Aos poucos ia mermando
Como gado magro quando
Chega o inverno de repente."
(Homero Prates, Histria de D.
Chimango, RJ, Livr. Machado,
1927, p. 63).
301
MIANGOS, s. Cacarecos.
302
"E miles de gente cortou estrada, rumo aos campos de Caapor, pra ver o
boi encantado que tinha as aspas de ouro." (Luiz Carlos Barbosa Lessa, O
Boi das Aspas de Ouro, P.A., Globo, 1958, p. 20).
"Mileva o caador
Que no tem auto pra viagem,
Leva o dono do auto,
Que sabe tirar vantagem."
(Joo do Brejo, Mileva").
MILHADO, adj. Diz-se do animal que adoece por haver comido milho em
excesso. // Figuradamente, bbado, brio, embriagado.
303
MINGO, adj. Pequeno, menor, mnimo: "o dedo mingo", o mnimo; "a costela
minga", a menor costela.
MINGUINHO, adj. Diminutivo de mingo.
o v~to-mito do Pago.
Ronda trs dias e noites,
assobiando nos capes.
Voz de fantasmas andejos,
gemidos de entes penando,
lamentos de assombraes .
304
O minuano
que passa
esparrama a fumaa
do fogo de cho.
Minuano,
tu s a era
renascendo da tapera
da lenda, da tradio;
no teu gemido
se abriga
a gauchada cada
pela glria do Rinco."
(Lauro Pereira Rodrigues, Minuano.
P.A., Globo, 1944,p. 11).
"Minuano de Junho
"Quanta emoo
ao rever a Casa onde passei a infncia!
Senti
a carcia do minuano
diluindo pensamentos tristes
e voei nas asas da distncia
onde danaram minhas fantasias ..."
(Lia Corra, Bom Jesus, in Antologia
da EPC, P.A., Sulina, 1970, p.
127).
"Carregado de mensagens,
o minuano traz lamentos
talvez de povos sofridos,
enquanto todos os ventos
cantam os cantos perdidos."
(Perptua Flores, Raiz y Nube,
Argentina, Ed. Figaro, 1976, p. 85).
305
(humano.
306
MIRONES, s. Espectadores.
MISSIONEIRO. s. e adj. Indgena das antigas misses jesuticas. //
Habitante da regio Missioneira do Estado. // Relativo s msses.//
Missionrio, aquele que realiza misses.
"Entrefechado espinheiro
que se abre ao calor do afago,
um caso a parte no pago
o gnio do missioneiro:
dele nos vm as legendas
da crisma da nossa f,
o exemplo que deu Sep,
a tropilha azul das lendas,
as artes do Generoso,
a toada do Boi Barroso
e heranas da bruxaria
Nem h no Rio Grande inteiro
rinco como O missioneiro
na florao da poesia."
(Hugo Ramrez, Misses).
307
guarnies espanholas, pouco ficou de tudo alm de escombros, histrias
de subterrneos, tesouros escondidos, vagas supersties. Passados mais
de trinta anos sobre a expulso dos jesutas, quando Borges do Canto e
Santos Pedroso rechaaram dali, num golpe fulminante, os comandos
castelhanos, viu-se que o decantado fastgio das Misses Orientais j
pertencia ao mundo das coisas imponderveis e que os aguerridos
catecmenos de outrora, relaxada a frrea disciplina em que viveram sob
os jesutas, iam j de regresso, em marcha batida, e sem o aprumo
antigo, para a sua condio de brbaros: neles se haviam deteriorado
para sempre o vigor da herana selvagem. Eram os sobejos escarmentados
de uma experincia frustrada de civilizao.
Como se o que restara j no fosse to pouco, algum tempo depois
as reiteradas faanhas de Andresito Artigas atrairiam e sacrificariam
muitos desses pobres ndios. A seguir Fructuoso Rivera irromperia ali de
surpresa e arrastaria em dezenas de carretas quase tudo do pouco que
sobrara. Atrs do caudilho oriental, desarvorados, se foram por assim
dizer os ltimos detritos daquela populao condenada, numa surda e
arquejante transmigrao. Tinha-se apagado de todo a tradio jesutica.
"A invaso de Rivera, - conclui Aurlio Porto, - o xodo dos
remanescentes das populaes indgenas que seguem o caudilho em sua
retirada, o despovoamento completo dos Sete Povos de massas dessa
origem, marcam inegavelmente o fim do regime missioneiro." Por isso j
em 1882 Alcides Lima sentenciava: "As misses em nada influram no
carter da formao rio-grandense." Destrudo o passado, outra histria,
outra experincia, sob inspirao poltica antagnica, iam comear ali,
no exclusivo interesse da estruturao definitiva do Rio Grande do Sul.
No se tratava de um simples processo de enxertia. Era uma planta nova
que ia meter ali novas razes. Uma civilizao diferente, sob outra
bandeira, sob outro signo cultural, nasceria e tomaria corpo sobre os
destroos de uma construo que se erguera ao arrepio dos tempos.
S uma coisa nos ficou do passado morto: O papel de depositrios
de runas alheias. Depositrios por sinal nem sempre zelosos. Uma vez,
folheando o oramento de certa Prefeitura, surpreendeu-nos a consignao
de uma taxa para a venda, a tanto por metro cbico, do material das
velhas taperas missioneiras! Hemetrio Veloso da Silveira, por sua vez,
teve ocasio de identificar esse mesmo material at na construo de
chiqueiros! Viu ainda com melancolia uma venervel pia batismal servindo
para dar milho e sal a muares! No era preciso chegar a esse grau do
desrespeito para mostrarmos que nada nos diziam particularmente os
entulhos dos Sete Povos...
O certo que a vida pregressa das misses jesuticas, estranha
e hostil formao rio-grandense, j estava inteiramente desmantelada,
sociologicamente inerte, quando a antiga rea missioneira foi anexada ao
domnio luso-brasileiro. A densidade demogrfica dessa rea era
praticamente igual a zero: 1 habitante para 53 km!"
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MISTURAR-SE, v. Brigar.
MISTURAR-SE NA BALA, expr. Brigar a tiros.
MIXANGA, s. Caipira.
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"J falara com o seu Aires, da venda, mode o gado que tinha na
Estncia" (A. Maia., Runas Vivas, Porto. Lello & Irmo, 1910, p. 103).
MOJAR, v. Amojar.
MOMPATIA, s. Homeopatia.
MONARCA, s. Gacho que monta com garbo e elegncia, em animal bom e bem
parelhado. Adj. Diz-se do cavalo faceiro, garboso, voluntrio e guapo.
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Daqueles tempos passados,
Em qu'eu montava um tordilho
Com arreios prateados
E riscava campo fora
Entre os monarcas largados!"
(Dos versos de um rio-grandense no
Paraguai).
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narquiao.
MOQUETA, s. Caipira.
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MOURO, adj. Plo de animal negro salpicado de branco. mais escuro que
o tordilho-negro. Tem uma cor meio puxando a azul escuro que faz lembrar
nosso granito ou ardsia. // Um dos partidos no torneio denominado
cavalhadas. // Var.:Moro.
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MUND, s. Mundu.
MUNHATA, s. Batata-doce.
MUNHECA,s. Mo.
MURRINHA, s. Cheiro acre dos animais e tambm das pessoas. // Cheiro das
roupas servidas. // Preguia, moleza, lassido. // Morrinha.
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NAMBI, adj. Diz-se do animal cavalar ou muar que tem uma orelha, ou
ambas, cada, cortada, enrolada, atrofiada, murcha, muito pequena. (
uma abreviao de nambi xor, do tupi, ou de nambi yero, do guarani,
com a significao de orelhas cadas ou derrubadas).
NO DAR RODEIO, expr. Ser o gado sem costeio, bravio, alado, xucro,
chimarro. // No temer, no afrouxar, no agentar desaforo. // No
deixar o adversrio em sossego.
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NO LEVAR DESAFORO PARA CASA, expr. No voltar para casa sem ter
revidado ofensa recebida.
NO TER MAIS VOLTA, expr. No ter remdio. Estar perdido. Ter chegado ao
fim.
NO TER ONDE CAIR MORTO, expr. No possuir nada, ser muito pobre.
NEGADOR DE FREIO, expr. Diz-se do animal que procura evitar que se lhe
coloque o freio.
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326
ele sarar das feridas, o choro parar e o ranho secar no seu nariz
chimb. Desde ento o Negrinho anda por a misturado com a escurido das
noites, de tio aceso, semeando o bem. Buenao, o guri! s enxergar
vela acesa na coxilha e l est ele para desentalar o mais entalado.
s ter f, s direitas, nele e na Nossa Senhora." (Sylvio da Cunha
Echenique, Fagulhas do meu Isqueiro, Pelotas, Ed. Hugo, 1963, p. 194).
"El Negrito
(...)
327
"Negrinho do Pastoreio!
meu santo piedoso e rude,
d-me tudo o que eu campeio
e encontrar ainda no pude.
Um coto de vela acesa
tenho sempre para ti,
por ver se me fazes presa
de todo o bem que perdi!"
(Zeca Blau, Poncho e Pala, P.A.,
Sulina, 1966, p. 102).
Deixa o cu iluminado,
pois cada lume levado
sem que o perceba ningum,
para o reino da Rainha,
para aquela que madrinha
daqueles que no a tm...
"Negrinho
Toma o teu toco de fumo,
pra continuar teu vareio
de repontar os tordilhos.
Passas nas horas sem rumo,
Negrinho do Pastoreio,
sem dormir nos cochonilhos.
Nos largos ventos da noite
eu te acompanho o tropel
por horas mortas e incertas.
Por que que o destino foi-te
to recargoso e cruel
pelas coxilhas desertas?!
Toma o teu toco de vela,
para clarear o teu rumo
sem que a tropilha se esconda.
Quando o trovo se escancela,
num raio enxugas teu fumo
nos teus galopes de ronda.
Todos os guris felizes,
em galpo, ranchos e estncias,
dormem seu sono profundo.
Entre tatus e perdizes,
nem pensas nessas infncias
dos felizardos do mundo.
Segue o teu fado, a tua sina,
cuidando a tua tropilha
que nem te deixa ter sono.
A cerrao e a neblina
so a cilada e a armadilha
com que te prova o teu dono.
s s, nas noites do Pampa,
Quando a intemprie castiga!
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s s tu que campereias,
sem nem voz para a cantiga
que te acompanhe em teu rumo.
- S tu s bem homem, Negrito!
pitando o teu cigarrito
de uns guaxos nacos de fumo...
"Dilogo
- Negrinho do Pastoreio,
Velho amigo, escuta aqui:
Eu quero a faca de prata
Que na invernada perdi.
- Pronto, Patro! Eis a faca
To bonita, que perdeu!
Agradea boa Virgem,
Que o milagre no foi meu!
prodigioso Negrinho,
Inda preciso de ti:
Quero agora que procures
A minha paz, que perdi...
- Nesse caso, Patrozinho,
Nada me cabe fazer...
Somente certa pessoa
Lhe pode a paz devolver!
- Negrinho, no me abandones!
Em teu poder tenho f!
Responde-me: Essa pessoa
Onde se encontra? Quem ?
- O Patrozinho pergunta...
Pois no sabe? Como no?!...
Estou vendo a imagem dela
Dentro do seu corao!"
(J. P. Barcellos Penna, Sem cabea
e outros versos gauchescos, p.
51).
NEM VAI SER CARREIRA, expr. Se usa para significar que a corrida vai ser
ganha por um dos parelheiros com extrema facilidade. // Por extenso,
aplica-se a qualquer competio: "A eleio em So Chico nem vai ser
carreira, ganha o Fulano", isto , a eleio em So Chico vai ser ganha
pelo Fulano com extrema facilidade.
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NILO, adj. Plo de gado vacum. Diz-se da rs que tem a cabea branca e o
resto do corpo de outra cor. O mesmo que pampa.
NO MAIS, adv. No mais, sem mais, sem mais prembulos, sem mais nem
menos, sem mais aquela, simplesmente, to somente, unicamente, apenas.
NOMBRAMENTO, s. Nomeao.
NO ORA VEJA, expr. Sem conseguir o que pretendia, o que esperava, o que
de direito lhe cabia. Desiludido, enganado, logrado, decepcionado.
330
NUM PENSAMENTO, adv. Muito rapidamente, num abrir e fechar de olhos, num
instante, num v.
NUM UPA, adv. Num abrir e fechar de olhos. De golpe, de sopeto, muito
rapidamente, sem delongas.
"Tamanho no te preocupa,
Sejam homens ou animais,
Vences a todos num upa,
Tambm assim, demais..."
(Oscar da Cunha Echenique, Quero-quero).
NUM V, adv. Num instante, num pensamento, muito rapidamente, num abrir
e fechar de olhos, num vu.
331
NUTRIA, s. Rato-do-banhado.
332
"Basta um -de-casa!
e o Gacho tem abertas
as portas do corao."
(Nelson Fachinelli, Minta Terra).
333
ONDE CANTA O GALO, loc. adv. Muito encima, bem no alto, a cantagalo. V.
as expresses atar a cola a cantagalo e quebrar o cacho a cantagalo.
ORACA, s. Alma-de-gato.
334
"Gado Orelhano
Encerrado o rodeio, o 'tio' Toledo
- capataz bonacho e respeitado -
disse em voz alta: - Apartem todo o gado,
todo o gado de marca, enquanto cedo.
ORIJONES, s. V. origones.
ORINA, s. Urina.
ORRE DIACHO!, interj. Exprime satisfao por ter acontecido algo de mau
a um adversrio ou a um inimigo.
OSCO, adj. Plo de gado vacum, semelhante ao zaino dos equinos, podendo
ser mais ou menos carregado. Vermelho enfarruscado. Plo cor de pinho.
Por vezes se nota na rs osca o plo vermelho nos lados das costelas e
tostado escuro no resto do corpo; outras
335
OVEIRO, adj. Diz-se do plo do animal que tem o corpo de uma cor com
manchas de outra. As manchas do a impresso de um remendo sobre o plo.
Malhado. (Etim.: Parece provir de overo, do castelhano).
OVEIRO-NEGRO, adj. Diz-se do animal que tem o corpo branco com manchas
pretas ou vice-versa.
336
OVOS, s. Os testculos.
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PAGAR A MULA ROUBADA, expr. Ser obrigado a prestar contas dos atos maus
ou dos crimes que tenha praticado.
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"Miradle. No es el chacal
que confiado en la sorpresa
espera su fcil presa
tendido en el pajonal.
Es el paisano oriental
que sentimientos encierra,
lleva su sangre a la guerra,
lucha con ansia indomable
y compra a golpes de sable
la libertad de su tierra."
(Elias Regules, Versos Criollos,
Montevideo, Libreria Mercurio,
1918,p. 52).
342
343
344
345
"Pampas!
Quietude das soledades
no sem fim das amplides."
(Hlio Moro Mariante, Fronteiras
do Vaivm, P.A., Imprensa Oficial
do Estado do RGS, 1969, p. 19).
346
"Meus versos, sados de humildes choupanas,
levando a poesia das Letras pampeanas,
entraram nas salas de egrgios palcios!"
(Rui Cardoso Nunes, Museu das
Taperas).
PANDIJERO, s. Pandilheiro.
347
PANHEIRO, s. Companheiro.
348
cucu.
349
PARAGATA, s. Alpergata.
PARA O ESTRIBO, expr. Para concluir, para finalizar, para remate: "Mais
uma cana, para o estribo, pediram os moos."
PARAR A RS, expr. Colocar o animal que est sendo carneado, depois de
esfolar um dos lados, de espinha para baixo, a fim de se poder esfolar o
outro. Esta expresso, segundo Romaguera Corra, usada em alguns
lugares da fronteira.
350
351
cheia de partes.
352
PASSAR PARA DENTRO, expr. Entrar para dentro de casa. Quando algum
chega a uma casa o dono da mesma o convida a entrar dizendo: "Passe", ou
"passe para dentro".
PASSAR UMA NOITE DE CACHORRO, expr. Passar mal a noite, sem dormir ou
com frio.
PASTEJAR, v. Pastorear.
353
PASTOREJADOR, s. Pastoreador.
PATENTE, s. Latrina.
354
PATRICIO, s. Coestaduano.
355
PAULISTA, adj. Diz-se da pessoa que por qualquer coisa fica desconfiada.
PEALAR A CHIBA, expr. Liquidar com outrem, ganhar-lhe uma aposta. (Chiba
significa cabrita).
356
"Peo,
Domador, capanga, guerrilheiro!
El Cid do pampa,
357
358
"Galego p-de-chumbo
Calcanhar-de-frigideira
Quem te deu a honra
De casar com brasileira."
(Quadra popular, in Alvaro Porto
Alegre, Fraseologia Sul-rio-grandense,
P.A., Ed. da UFRGS, 1975, p.
85).
"Era mesmo uma pena, lhe digo... casar uma brasileira mimosa com
um p-de-chumbo, como aquele desgraado daquele ilhu... s porque ele
tinha um boliche em ponto grande" ... (Simes Lopes, Contos Gauchescos e
Lendas do Sul, P.A., 1973, p. 71).
359
PEGAR DE BICO, expr. Fazer o galo a presa com o bico, na gria dos
galistas.
PEIXE-DOURADO, s. Dourado.
360
"L puxa, seu Ramo, tou ruim! A cousa t peliaguda pro meu
lado!" (Brasil Dubal, Fronteira Inclemente, P.A., Ed. Movimento, 1976,
p. 183).
361
1964, p. 3).
"Peleia
Eu le conto, compadre, a seu pedido:
Era uma rusga antiga, e o que se deu
foi num fandango lindo e divertido,
que houve no rancho velho do Amadeu.
362
PELICHAR, v. Pelechar.
363
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365
366
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"O Otvio ia direito a Caxias, mas, chegando em Nova Petrpolis, pendeu
para o Gramado."
368
"Na cumieira
do galpo
h uma goteira
caindo numa talha
de lata,
que atrapalha
o sono da peonada
estirada na palha."
(Odion Tupinamb, Santo Antnio
sobe a lomba, P.A.).
..."por sinal que era um douradilho, pata braba - perdeu-se com ele e
rodou, lanando-o longe." (Vieira Pires, Querncia, p. 21).
369
PERUANO, s. Cigano.
370
pescar.
"Piazito carreteiro,
de bombacha remendada,
vai cantando pela estrada
a cano do boi barroso
que a tradio lhe ensinou.
Piazito carreteiro,
do cusco amigo e companheiro,
que nunca teve infncia,
pois no pde ser criana
porque a vida no deixou!"
(Luis Alberto de Menezes, in Antologia
da EPC, P.A., Sulina, 1970,
p. 219).
"Chu!
371
372
... "e como pelo caminho percorrido, deixando uma lgua e pico
direita..." (A. Maia, Runas Vivas, p. 83).
PICUM, s. Fuligem que se acumula sob o teto dos galpes ou das cozinhas
de cho. Teias de aranha enegrecidas de fuligem, sob o teto das casas. O
mesmo que pucum. (Etim.: Do tupi, apepocama.).
"Este ndio Juca era homem de passar uma noite inteira comendo
carne e mateando, contanto que estivesse acoc'rado em cima quase dos
ties, curtindo-se na fumaa quente... Era at por causa desta catinga
que chamavam-lhe - picum." (Simes Lopes, Contos Gauchescos e Lendas do
Sul, P.A., Globo, 1973, p. 57).
373
374
PINHO, adj. Diz-se do animal cujo plo tem cor vermelha, semelhante
do pinho.
375
"Pinheiro.
Altaneiro e ousado,
ergues tua fronde esparsa em desalinho,
como melenas de um revoltado,
e no a abaixas jamais!
Altivo e nobre, afrontas, sem receio,
as prprias tempestades,
mas sempre acolhes bondosamente,
sob tua trana, entre tua rala galharia
a passarada toda, todo esse mundo de aves
que for procurar-te.
A tudo e a todos ds a frescura e a alegria
de tuas sombras escassas mas suaves
e puras como a Arte.
E forneces ao homem
as tbuas para o teto,
aqueces-lhe o fogo,
ds-lhe a resina,
ds-lhe o pinho.
Pinheiro!
376
ao despotismo e prepotncia!
Morre, sim, mas lutando
heroicamente,
ora quebrando, ora matando,
tal como tu, pinheiro,
guarda-sol verde-negro da serra,
esse lindo pedao do pampa,
pedao de minha terra!"
(Walter Spalding, Pinheiro, in
Versos Crioulos, ed. do "35 Centro de
Tradies Gachas, P.A., 1951,
p. 127).
PINICAR, v. Esporear.
PINICO, s. Penico.
PINTO, adj. Diz-se do fruto que est comeando a amadurecer, que est
pintando. // Mestio.
PIPOQUEAMENTO, s. Ao de pipoquear.
377
amansamento. Costear.
PIRCHA, s. Dinheiro.
378
(cegos.
Sugai de vagar as artrias pisadas
que o sangue, jorrando, vos pode afogar."
(Zeno Cardoso Nunes, Morcegos).
379
PITAR, v. Fumar.
PITOCO, adj. Rabo, que tem rabo curto, sem rabo, de rabo cortado. //
Pequeno, curto, baixo, petio. // Diz-se do objeto comprido a que falta
um pedao. // Diz-se da pessoa que no tem uma das falanges dos dedos.
PIXOTADA, s. Ao de pixote.
PLANTAR-SE NOS ARREIOS, expr. Firmar-se bem nos arreios, resistindo aos
corcovos do animal, sem cair.
380
PLANTEL, s. Grupo de animais, especialmente bovinos e eqinos, de raa
selecionada, que o criador conserva para a reproduo.
PLUMO, s. Prumo.
POCEIRO, s. Pessoa que faz poos, que trabalha em poos, para a obteno
de gua.
381
382
da, que como vendaval que a terra e patas de cavalos produzem, melodia
de guas, pauSas que so silncios enormes, cambianas de verde, rubores
de alvoreceres, esmaecimentos de crepsculos que somente a ns
pertencem. E depois, essa enorme melancolia, que amplitude e silncio
sabem fazer.
A nossa poesia a nossa histria, tanto quanto a melhor prosa
que anda por a. A poesia do Rio Grande a biografia do Rio Grande. E
somente no retorna ao lugar-comum porque, no que se refere ao Rio
Grande, o conceito tem tons de verdade absoluta. Todas as poesias, de
verdade, refletem terra, idiomas, motivos, poca e emoes singulares.
Um poema nordestino se identifica nos primeiros versos; das reas
velhas, penetradas de civilizao, tambm revela essa sabedoria, esse
cansao, as doloridas inquietaes que vm no rio do tempo e da histria
desde quando o homem se perguntou a si mesmo: - mas qual, em verdade,
o sentido ltimo da existncia?
E houve o tempo do herosmo, motivo e constante, sem moldura
paisagstica, presente, apenas os cdigos da bravura e da honra. Mas
afinal, que fez a Histria de ns? Deu-nos o espao de ningum,
mandou-nos para as planuras do sem- fim, ps nossa frente surpresas
geogrficas e adversrios que buscavam os mesmos caminhos que ns
buscvamos.
Depois veio a guerra, a guerra que convoca heris, ressalta os
pusilnimes, registra as covardias, no esquece as renuncias, pe relevo
nas grandezas e emoldura as misrias. Essa guerra, to particular e to
nossa, se outro bem no tivesse buscado, se seus motivos no fossem to
nobres, ter-nos-ia deixado, pelo menos, a idia de nossos traos
espirituais, o perfil de nossa alma, como povo. Tudo isso foi revelando
nossa poesia, nesse passo tardo e exato da histria.
Tivemos, na seqncia evolutiva, o ciclo do trabalho no campo,
na lida spera do campo, domando potros, marcando o gado, conduzindo
tropas.
E esse estgio tambm est na poesia do Rio Grande.
No fomos diferentes de ningum, de outros povos, de outras
raas ou civilizaes. Fomos ns mesmos: conquistadores na hora da
conquista; guerreiros na hora da guerra; trabalhadores na hora do
trabalho. E de tal forma foi essa poesia demarcada no tempo, situada no
seu ciclo histrico, que poderamos, em relao a ela, prescindir de
datas. Houve uma linguagem de cada ciclo, glosando o tema ou o mote que
a prpria histria nos deu. A histria ou a sociologia. Renan lembrava
que 'nem um homem deve ser mais inteligente que sua terra', querendo
assinalar, de certo, que essa ocorrncia significa uma ausncia de
identificao. Isto no aconteceu no Rio Grande. Cada gerao que
chegou, chegou no momento exato, para registrar o seu tempo, que foi de
ambio e de esperana, de f e sonho, de paz e trabalho. Um poeta houve
que, chegando depois de um largo espao de lutas intestinas, quando a
paz j se estendia pelos espritos como a doura de uma manh de abril,
deu a
383
384
385
(g;
(...)
A terra em baixo, alm, um jardim enorme
Com 'bouquets' de capes esparsos pelo campo
Em cuja sombra descansara Saint-Hilaire.
Um gacho ao p do rancho est prendendo
O seu cavalo sob os ramos protetores
De um umbu colossal, que estende os braos apostlicos,
Abenoando a calma do campastre ."
(Fernando Osrio, Sociognese da
Pampa Brasileira, Pelotas, Livr.
Comercial, 1927,p. 71).
386
de territrios vizinhos.
Com efeito, atualmente a figura do gacho continua a crescer,
dentro e fora da Poesia Gacha, e se est magnificando, em todo o Brasil
assim como no estrangeiro, como um dos poucos simbolos vivos duma
perfeita e total identidade homem/meio que permanece quase que intacta
apesar das gigantescas mutaes e avanos da "modernidade". (Naiade
Anido, Sentimento de "Identidade" na Poesia Gacha, Institut d'Etudes
Portugaises et Brsilienses - Universitte de Paris III -
Sorbonne,jan., 1978).
POLVA, s. Plvora.
387
"A vida vale mais que uma ponchada de onas." (Apolinrio Porto
Alegre, O Vaqueano, p. 84).
388
"Meu Poncho
Poncho amigo inseparvel,
meu velho poncho de pano,
majestoso, soberano,
embora velho e surrado,
s um heri do passado
nas lutas com o minuano.
389
POPULRIO, s. Folclore.
390
PORONGO, s. Cuia.
PORPASSAR-SE, v. Abusar.
391
porretinho na mo,
pra afugentar algum cachorro louco,
foi atorando campo eternidade a fora,
no rumo da porteira em que se entra pro cu."
(Mozart Pereira Soares, Erva
Cancheada, P.A., Ed. Querncia, 1963,
p. 65).
PORTO DOS CASAIS, s. Antigo nome de Porto Alegre.
PORTUGA, s. Portugus.
392
trancos ou de potrancas.
POTRO, s. Cavalo novo ou no, ainda xucro ou com apenas alguns galopes.
Poldro.
POTRUDO, adj. Que tem potra, que tem bastante sorte, que favorecido
pelo acaso. ( termo de galpo).
393
POVINHO, s. Aldeola.
PRAA, s. Soldado.
PRADO, s. Hipdromo.
PRA MODE, expr. Para, devido a, por causa de, com o fim de: "Ele veio
cidade pra mode consultar o mdico."; "Pra mode isto, que eu vim
aqui." contrao da locuo por amor de. (Procedncia aoriana). O
mesmo que pro mode.
PRA ONDE SE ATIRA?, expr. Para onde vai? Que destino vai tomar? Para
onde se dirige?
PRATEADA, s. Faca com cabo e bainha de prata.
394
PREGAO, s. Pregada.
"Guaiaca.
No h dinheiro que pague
meu velho cinto gacho!
Pra mim s prenda de luxo,
do Rio Grande s tradio!
E o ndio mais despilchado,
mais pobre, mais remendado
te usa com devoo."
(Francisco de Paula Alves, Guaiaca,
P.A., in Antologia da EPC, Sulina,
1970, p. 247).
395
"Ela princesa
de um reino encantado
que ficou perdido,
longe, no passado.
Porm no sabe
a prendinha linda
que princesa ainda
de um reino encantado."
(Zeno Cardoso Nunes, Cano).
396
PRISCAR. v. Dar priscos. Pular, saltar para os lados, fugir com o corpo
em todas as direes, para no ser pegado.
397
PRISCO, s. Ato de priscar. Pulo, Desvio, fuga com o corpo, negaa, salto
para o lado, para no ser pegado.
PRO CASO, loc. adv. Alis. Diga-se de passagem. Por sinal. Para encurtar
o caso. Finalmente. Para terminar. Para pr o ponto final na histria. O
mesmo que pra causo.
"Quantas e quantas vezes desperto altas horas da noite para atender aos
prprios (aqui ningum diz mensageiro) que trazem receitas de Anbal
para serem aviadas." (Ramiro Frota Barcelos, Estncia Assombrada, Livr.
Porto Alegre Editora, 1947, p. 137).
398
PUTA, s. Cuca.
399
400
PUTEADA, s. O mesmo que puteao. (Chulo).
PUXA E AFROXA, expr. Situao indecisa: "Ele est nesse puxa e afroxa e
no resolve nada."
401
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404
QUEBRADO DA BOCA, expr. Diz-se do animal que, por defeito de doma, ficou
muito sensvel de boca, e, por isso, menor presso do freio ergue
desordenadamente a cabea, atrapalhando-se no andar.
405
QUEIMA, s. Queimada.
"Ia fazer uma grande queima nos matos do Jaguari" (A. Maia,
RunaS Vivas, p. 223).
406
407
408
"Da Querncia
Querncia aquele rinco
onde empeou a existncia,
o amor e a imaginao.
o rodeio da conscincia
presente ou em recordao.
Fogo nativo... Na ausncia
ainda mais forte a querncia
cinchando no corao."
(Aureliano, Romances de Estncia e
Querncia, 2 ed., P.A., Martins
Livreiro-Editor, 1981, p. 143).
409
"Querncia
"Volto querncia,
Dentro do sonho acordado,
o cho dispara onduloso,
arrastando na vaga verde da coxilha,
como grandes algas acolmeadas,
as ilhas mais verdes dos campos redondos."
(Felipe de Oliveira, Lanterna Verde).
"Eu te revi
Querncia amada!
Ajoelhada e comovida
balbuciei:
- Protegei
Jesus
a Terra onde nasci!"
(Lia Corra, Bom Jesus, in Antologia
da EPC, P.A., Sulina, 1970, p.
127).
410
"A palavra querncia, sem favor, uma das mais belas do idioma
portugus e, por certo, mais bonita e sonora que saudade. Alis,
querncia e saudade andam, quase sempre, juntas, por a, na vida, nas
lembranas e nos sentimentos da gente boa e generosa do Rio Grande."
(Mozart Victor Russomano, Crnica publ. no Correio do Povo de 25.01
.77).
411
(brana,
e h de morrer pensando nas nevadas,
nos rodeios, nas noites enluaradas,
em seus tempos felizes de criana!
Eu sinto j nos campos do passado
meu pensamento triste, rebenqueado
pela bruxa voraz da nostalgia,
parando nos rodeios das lembranas
o lote das perdidas esperanas
que iluminaram minha vida um dia!
Surpreendo a divagar minha alma boa
nessa terra de sol e de garoa,
onde outrora sonhei, tive alegria,
e onde deixarei meu vulto eqestre
fazendo assombrao nalgum campestre,
no verde pedestal da morraria.
E quando no restar de mim mais nada,
quando eu, em minha ltima tropeada,
cruzar pelas fronteiras da existncia,
- ho de ficar os versos que componho,
assombrando as taperas de meu Sonho,
com as almas penadas da Querncia."
(Rui Cardoso Nunes, Querncia).
412
413
a ferir a noite cega,
era o bicho quero-quero,
num assomo de repente
que esse bichito valente
morre seco e no se entrega!"
(Antnio Augusto de Oliveira, Rastro
de um Charrua, P.A., Martins
Livreiro-Editor, 1981, p. 77).
"Do quero-quero
Teu grito a campanha corta.
Publicas na noite morta
com teus clarins alarmados
o atalho dos cruzadores,
a astcia dos desertores,
e os mais ariscos rumores
dos passos dos namorados."
(Aureliano, Romances de Estncia e
Querncia, 2 ed., P.A., Martins
Livreiro-Editor, 1981, p. 130).
"Fui mui franco, porque no sou como quero-quero que canta pra
um lado e tem ninho pra outro." (rico Verssimo, O tempo e o vento,
P.A., Globo, 1950, p. 131).
"O Kerb comeava no domingo com um ato religioso. Cabe dizer que
Kerb vem de Kirchweih, a festa da dedicao do templo. Essa festa era
sempre acompanhada de folguedos pelo que representava de satisfao pelo
trmino do templo. Kerbmesse, a missa ou culto pela dedicao do templo,
derivou para ns em Kermesse, quermesse, que, originalmente, eram festas
junto s igrejas.
Por isso o alto religioso, evanglico ou catlico, conforme de
que igreja se tratasse. Em muitos lugares at existia o Katolisch Kerb,
Kerb catlico, e o Evangelisch Kerb, Kerb evanglico, embora isso no
representasse separao em termos de uns no festejarem o Kerb dos
outros. Tratava-se apenas da poca
414
"A quincha dos ranchos esconde tanta cousa como os telhados dos
ricos! ..." (Simes Lopes, Contos Gauchescos e Lendas do Sul, P.A.,
Globo, 1973, p. 124).
QUIZILIA, s. Quizila.
415
416
RABO, adj. Que ficou rabonado, que teve o rabo cortado. Que se tornou
curto. // Aplica-se a animais e a objetos: cavalo rabo, cachorro rabo,
faca rabona, etc.
RABEAR, v. Deslocar para um lado uma das extremidades: "Fulano, rabeia
esse barrote um pouco para a direita"; "Se ns conseguirmos rabear a
carreta, a volta pode ser feita aqui mesmo".
417
RAIAR A MARCA, expr. Passar ao lado da marca, para deix-la sem valor,
com ferro em brasa, uma raia, estampando a seguir a marca que passa a
vigorar em substituio anulada.
418
"Na invernada do cu
O Senhor deu campo
Pra eu fazer meu rancho.
Da nuvem mais perto
Farei a cacimba;
Farei chimarro
Com gua da chuva."
(Darcy da Silva Fagundes, Rancho
no Cu, Cano).
419
RAPOSA, s. Gamb.
420
REBENQUE, s. Chicote curto, com o cabo retovado, com uma palma de couro
na extremidade. Pequeno relho (Etim.: Do portugus rebm, ou do
castelhano rebenque).
421
bre o solo, o que ele gosta de fazer principalmente quando est suado.
422
423
REDOMO, s. Cavalo novo que est sendo domado. // adj. Diz-se de objetos
muito novos, que ainda no foram amaciados ou adaptados ao corpo pelo
uso: botinas redomonas, isto , que por serem muito novas ainda molestam
os ps.
424
"Que pensava dele, uma china reina que dormia com os baianos,
na cidade? ..." (Callage, Rinco, p. 92).
425
animal. Ato de rejeitar, ou seja, de cortar o jarrete ou garro do
animal. Rejeito se diz principalmente em relao ao boi, sendo mais
usado, em se tratando de cavalo, o termo garro. (Parece ser corruptela
de jarrete).
RELANCIM, s. Relancina.
426
REMOER, v. Ruminar.
REMOLACHA, s. Beterraba.
"Rengo que nem cusco velho em dia de geada - cusco velho - ca-
427
"Uma ponta de gado surge num repecho e vem vindo, numa nuvem de
poeira, tocada pelos pees." (Heloisa Assumpo Nascimento, Haragano,
Clube do Livro, So Paulo, 1967, p. 23).
"Costeavamos um repecho
Quando uma lebre pulou,"
(Vaterloo Camejo, Cinzas do meu
Fogo, 1966, p. 41).
428
REPUNAR, v. Repugnar.
429
aceitava... menos algum ressabiado, j se v." (Simes Lopes, Contos
Gauchescos e Lendas do Sul, P.A., Globo, 1973, p. 34).
430
ranho em que foi praticada uma operao que no lhe permite fecundar as
guas. Serve apenas para mant-las reunidas e despertar-lhes o cio o que
facilita o trabalho do reprodutor, geralmente um burro-choro.
RETOVADO, adj. Envolvido em couro, coberto com couro, forrado com couro.
// Figuradamente, sonso, enganador, fingido, falso, que passa por bom
mas ruim.
RETOVAMENTO, s. Ao de retovar.
431
Eu vou te pr um retovo.
O retovo so conselhos
E norma de proceder,
Que tu precisas saber
E conhecer bem a fundo."
(Amaro Juvenal, Antnio Chimango,
21 ed., P.A., Martins Livreiro-
Editor, 1978, p. 48).
REVERBERO, s. Fogareiro.
432
(das!"
(Valdomiro Sousa, O Gacho no
morre...).
"Encilhei,
na ramada de meus sonhos,
o pingao fogoso
da iluso,
e ao tranquito
num gesto vagaroso
recorri todo o rinco."
(Nitheroy Ribeiro, ltima Tropeada,
Tronqueira de Guajuvira, p.
57). -
RINCONADA, s. Rinco.
433
"H palavras que dependem do falar regional. Rio, tio, frio, por
exemplo, so palavras que todos juram ter duas slabas. Pois bem. Estas
mesmas palavras, na regio do Paran onde nasci e formei minha lngua
materna, so contadas como tendo uma slaba s." (Eno Teodoro Wanke,
Como Fazer Versos, RJ, Arte Moderna Ltda., 1980, p. 5).
434
Separada a cavalhada
Que caiu na volteada,
Lentamente o capataz
O rodeio percorrendo,
Ora adiante, ora atrs,
Tudo observa, examina.
sua vista exp'riente
No escapa a rs doente,"...
(Taveira Jnior, Das Provincianas).
"Rodeio de Estrelas
O cu um campo enorme...
No cair da tarde, no findar do dia,
quando na tarde fria
as sombras passam, vagarosamente,
pondo em tudo
um vu espesso de treva e de mistrio,
as estrelas apontam, uma a uma, no cu.
Mais outra vem... Outras mais
e tropilhas de estrelas ento surgem.
De cada canto do cu - o campo enorme -
muitas pontas de estrelas aparecem...
o grande rodeio luminoso,
no saleiro de todas as constelaes.
Mais tarde, a Lua, velho campeiro,
trazendo na face longas cicatrizes
de lutas homricas, bravias,
vem parar o rodeio das estrelas,
de milhares de estrelas!
Vem at a restinga da fazenda grande -
Via-ltea - onde o gado estivera,
levantar alguma rs cada
nos amplos tremedais das lagoas vizinhas.
435
436
437
"Essa gente ruana boa, mas como rvore que ainda no criou
raiz." (Sylvio da Cunha Echenique, Fagulhas do meu Isqueiro, Pelotas,
Ed. Hugo, 1963, p. 43).
RUBICANO, adj. Diz-se do cavalo que tem fios brancos no rabo vermelho.
Diz-se do cavalo preto, baio ou alazo, com alguns plos brancos
entremeados. Rubico, rabicano, rabico.
RIM, adj. Ruim. (No Rio Grande do Sul a vogal tnica o "u").
RUIM COMO A CARNE DA P, expr. Diz-se da pessoa muito ruim, com aluso
carne de paleta que de m qualidade.
RUMA, interj. Voz que os carreteiros dirigem aos bois para convid-los
a se colocarem sob a canga ou jugo.
438
RUMBO, s. Rumo.
RUM-RUM, s. Falatrio.
439
440
SABER ONDE MORAM AS CORUJAS, expr. Ser esperto, ser perspicaz, ter
grandes conhecimentos.
SABUGUEIRINHO-DO-CAMPO, s. Sabugueirinho.
441
SAIR AO FACHO, expr. Sair para passear, para divertir-se, para respirar
o ar livre. "Trabalhei o dia inteiro; agora vou sair ao facho para me
distrair um pouco."
SAIR CAMPO FORA, expr. Ir-se embora, sair toa. Sair a disparada pelo
campo.
SAIR DE MANO, expr. Sair do jogo com o mesmo dinheiro que tinha quando
entrou, isto , sem lucro ou prejuzo.
SAIR FASCA, expr. Ser muito difcil de realizar. O mesmo que sair
chispa, sair fogo.
442
SAIR LIMPO, expr. Desembaraar-se do cavalo quando este leva uma rodada
ou se plancha.
SAIR SAPATEIRO, expr. Sair do jogo sem conseguir ganhar nenhuma parada.
// Sair da pescaria sem ter pescado nenhum peixe.
SAIR TININDO, expr. Sair a toda disparada, fugir apressadamente.
SAIR XAVIER, expr. Sair aborrecido por ter perdido no jogo, ou por
qualquer outra causa. Sair encabulado.
"E neste mesmo instante, que era o da terceira vez que Blau
saudava no nome Santo, neste mesmo momento ouviu-se um imenso estouro,
que retumbou naquelas vinte lguas em redor; o Cerro do Jarau tremeu de
alto a baixo, at as suas razes, nas profundas da terra, e logo, em
cima, no chapu do espigo, apareceu, cresceu, subiu, aprumou-se,
brilhou, apagou-se, uma lngua de fogo, alta como um pinheiro,
apagou-se, e comeou a sair fumaa negra, em rolos grandes, que o vento
ia tocando para longe, por cima do encordoado das coxilhas, sem rumo
feito, porque a fumaceira inchava e desparramava-Se no ar, dando voltas
e contravoltas, torcendo-se, enroscando-se, em altos e baixos, num
desgoverno, como uma tropa de gado alado, que espirra e se desmancha
como gua parada em regador...
Era a queima dos tesouros da salamanca, como dissera o
sacristo.
Sobre as cadas do Cerro levantou-se um vozerio e tropel: eram
os maulas que andavam rastreando a furna encantada e que agora fugiam
desguaritados, como filhotes de perdiz...
(...)
Assim acabou a salamanca do Cerro do Jarau, que a durou
duzentos anos, que tantos se contam desde o tempo das Sete Misses, em
que estas coisas principiaram". (Simes Lopes, Lendas do Sul, A
Salamanca do Jarau, P.A., Globo, 1976, p. 71-72).
443
SALAMANQUEIRO, s. Prestidigitador.
SALGO, adj. Diz-se do cavalo que tem os olhos brancos, ou pelo menos um
deles. O mesmo que sargo e zargo. Sapiroca.
SAMIXUNGA, s. Sanguessuga.
444
"Cabelos soltos,
ps descalos,
nua
- com a naturalidade
de vestida -
eu me banhava
nas sangas
da infncia
da minha vida."
(Danci Ramos, Tempestades e
Bonanas, P.A., Globo, 1978, p. 39).
gua de sanga
Que vem l de longe,
Cheirando a pitanga,
Singela, faceira,
Que nem uma prenda
Que traz nos cabelos
Um tope de fita,
Vestido de rendas,
Sandlias bonitas
A bailar logo mais
No esturio do rio!
gua de sanga
Que vem serpenteando
Caminhos de pedras,
Que o homem no cruza,
Que o homem no canta,
Que o homem no viu."
(Cleber Mrcio, ltima Tropeada,
p. 107).
"As flores como missangas
Bordando o poncho dos prados
E as guas claras das sangas
Trovando nos empedrados."
(Gen. Serafim Vargas).
445
SANZALA, s. Senzala.
446
SARIEMA, s. Seriema.
SAVITU, s. Sava.
447
SEBENTO, adj. Diz-se do indivduo que est com a roupa suja pelo uso
prolongado.
448
SEGUIR, v. Continuar.
SEM MAIS QU NEM PRA QU, expr. Sem nenhum motivo, por nada, toa.
449
SENTADOR, adj. Diz-se do cavalo que atado pelo cabresto ou pelas rdeas
a um palanque atira-se para trs com o fim de rebentar a corda que o
prende e libertar-se. // Figuradamente, diz-se da pessoa que se nega a
fazer alguma coisa que se esperava que ela fizesse. // Diz-se do cavalo
que freqentemente d sentadas.
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457
dio Jos Tiarai, conhecido por Sep, vencido e morto na batalha de 7
de fevereiro de 1756, no sop da Coxilha de Sta. Tecla, perto de Bag."
"Era margem deste arroio que existia a sepultura do referido
ndio, indicada por uma grande cruz de madeira, com uma inscrio - meio
em latim, meio inditico -, que quer dizer o seguinte:
Os padres da encomenda
Faziam sua misso:
Batizando as criancinhas,
E casando, por unio,
Os que juntavam os corpos
Por fora do corao...
458
Cresceu em sabedoria
E mando dos povos seus;
Os padres o instruram,
Para o servio de Deus,
E conhecer a defesa
Contra os males dos ateus...
Era moo e vigoroso,
E mui valente guerreiro:
Sabia mandar manobras
Ou no campo ou no terreiro;
E na cruzada dos perigos
Sempre andava de primeiro.
Lanaram-se cavaleiros
E infantes, com partazanas,
Contra os Tapes defensores
Do seu pomar e cabanas;
A mortandade batia,
Como ceifa de espadanas...
Os mosquetes estrondeiam
Sobre a gente ignorada,
Que, acima do seu espanto,
Tem a vida decepada.
E colubrinas maiores
459
460
461
462
463
Bibliografia:
464
tos da lngua portuguesa, 2 ed. of. Grf. ALBA, Rio, 1936, pg. 310.
SER MONDONGO MEIO DURO DE PELAR, expr. Ser turbulento, violento, dado a
brigas.
465
466
SIBILDO, s. Assobio, som agudo emitido pela serpente e por algumas aves.
467
"Banhado no lagoa,
banco no precisa encosto:
sirigaita coisa -toa
nasceu s pra dar desgosto!"
(Hugo Ramrez, in Cancioneiro de
Trovas).
SOCAR, v. Trotar.
468
SOGAO, s. Pancada dada com a soga. Soga muito linda, muito boa, muito
bem feita.
SOITEIRA, s. Aoiteira.
469
SOLTA, s. Pancada que o galo de rinha d, sem fazer a presa com o bico.
( termo da gria dos rinhedeiros).
SOQUEIRA, s. Boxe.
SOQUETE, s. Cozido de ossos com pouca carne. Carne cozida. Cozido com
piro. Sopa grossa. Piro de farinha de mandioca e carne. Comida
pssima. Var.: Suquete.
"a mais santinha tem mais malcia que um sorro velho! ..."
(Simes Lopes, Contos Gauchescos e Lendas do Sul, P.A., Globo, 1973, p.
19).
470
dradas.
"- Viessem, almas d'outro mundo! Teriam que ver com ele, no
toco, no mais. Viessem sotretas!" (Vieira Pires, A Querncia, P.A.,
Globo, 1925,p. 84).
SOVU, s. Lao grosseiro e muito forte, feito com duas ou trs tiras de
couro torcidas.
"Do Sovu
471
472
TAFONA, s. Atafona.
473
na atafona.
474
TAJ, s. Ave da ordem dos pernaltas, que vive beira dos banhados e
cujo nome onomatopaico do grito que emite. O j pronunciado com som
gutural. Var.: Tah, tahan, tajan.
475
TANGAR, s. Pssaro danador que vive em bandos nas matas do Rio Grande
do Sul, da famlia dos Pipridae.
TAPA, s. Pancada com a mo, bofetada (No Rio Grande do Sul este vocbulo
usado no masculino).
476
TAPEAR, v. Guiar o cavalo, quando montado, sem freio, por meio de tapas
dados ora em um ora em outro lado do pescoo.
"Meu pai era filho do ndio mais cru das costas do Ibicu e,
como tapejara, no seu tempo, no tinha parceiro, nem aqui, nem em Cima
da Serra." (A. Maia, Alma Brbara, RJ, Pimenta de Melo & C., 1922, p.
81).
"Da tapera
"Tapera
Compreendo a tua dor, velha tapera,
Abandonada beira do caminho,
Que entre verdes festes de musgo e
477
(era,
Serves as mochos de repouso e ninho!
Oh! se eu sei tua dor! Tambm no peito,
Ao sol glorioso de uma primavera,
Pulsa, chorando, em lgrima desfeito,
Meu corao - tristssima tapera!"
(Joo Gonalves Vianna Filho,
Tapera, in Antologia da Poesia
Uruguianense, elaborada por Humberto
Feliciano de Carvalho, Uruguaiana,
Livr. Novidade Editora, 1957, p.
62).
"Cai a noite
Na vrzea do campo...
Tudo silncio
Na invernada;
Nem mais um piscar
De pirilampo,
Nem mais um mugido
Da boiada...
s tapera, tapera!
... E mais nada...!"
(Clber Mrcio, ltima Tropeada,
p. 118).
478
caramba s! no resisto
me di fundo o corao!
Pois a mim at parece
que enquanto o nmero cresce
das taperas campo afora,
sepultam-se nas runas
as virtudes campesinas
e hospitaleiras de outrora."
(Joo Palma da Silva, Rancho
Crioulo, Canoas, Ed. La Salle, 1953,
p. 30).
Em ti s h tristeza e solido,
um forno velho, as taipas, o choro,
um arvoredo torto e abandonado.
A casa, os lavoures, a gadaria,
o fogo amigo que nos aquecia
tudo ficou perdido no passado.
Minha gente emigrou para a cidade.
Meu velho pai s vive na saudade
pois h muito se foi desta existncia.
As alegrias de um viver fecundo
que enchiam de calor o nosso mundo
deixaram de habitar nesta querncia.
Hoje, tapera, velho e j cansado,
estou lembrando as coisas do passado
a tremer de emoo, quase chorando.
Mas no choro, que o velho inda o rapaz
meio xucro e teimoso e meio audaz
que aqui viveu brincando e trabalhando.
479
TAPES, s. V. Tape.
480
"O tatu
- Anda a roda,
o tatu teu;
Voltinha no meio,
o tatu meu!
481
Eu vi o tatu montado
No seu cavalo picao,
De bolas e tirador,
De faca. rebenque e lao.
Onde vai, senhor tatu,
Em tamanha galopada?
- Vou para Cima da Serra
Danar a polca mancada!
482
A tatua e os tatuzinhos
Puseram-se a cavoucar,
Pra fazer a funda cova,
Pra o seu tatu enterrar.
TAVA, s. O mesmo que jogo do oss. O osso com que se pratica esse jogo.
Diz-se, tambm, taba.
483
TEJO, s. Jogo em que se atiram moedas sobre uma faca cravada no solo.
484
mo que tempo-feio.
TENTO, s. Tira fina de lonca que empregada para costurar couro, para
fazer botes e passadores, para atar alguma coisa, e para muitos outros
fins. Tira de couro cru utilizada para a feitura de laos, sovus,
tamoeiros, relhos, qualquer aparelho tranado, e inmeros outros usos.
(Etim.: Vem de tiento, das Repblicas Platinas).
485
TER ESTMAGO FRIO, expr. Ser incapaz de guardar segredo. O mesmo que ter
frio no estmago.
TER MARCA NA PALETA MAS NO SER TAMBEIRO, expr. Ser aparentemente manso,
porm decidido nas ocasies necessrias.
486
487
488
"A Tirana
489
A Tirana capivara
Velha, de m condio:
Quando ela fica zangada,
Bate co'a bunda no cho!
490
TIRAR UMA TORA, expr. Travar luta, brigar. // Dormir urna soneca.
"Tinirica do banhado
Quando chove no se molha.
Onde h moa bonita
Para as feias no se olha."
(Darcy Azambuja, Romance Antigo,
P.A., Globo, 1940, p. 209).
491
492
TOCADO, adj. Diz-se do indivduo que est meio bbado, ou que meio
amalucado.
493
TOMAR CARONA, expr. Ser o oficial preterido em sua promoo. O mesmo que
levar carona.
TOMAR PARA PIQUETE, expr. Tomar algum para menoscabo, para objeto de
troa ou para mandalete.
TOPETUDO, s. e adj. Diz-se de ou o animal que tem grandes crinas que lhe
caem pela testa. // Diz-se de ou o indivduo arrogante, audacioso,
rstico, grosseiro, poderoso, valente, destemido.
494
TORAL, s. Pedao de lao que se usa preso ao bual por uma argola.
Equivale a cabresto.
"Caballito criollo
pinto tordillo
como ninguno para
bandear un ro."
(Fernn Silva Valdez, Una Huella
para mi Tropilla).
Em noite de tempestade,
dono da imensidade
onde se chocam os baios!
Aqueles que vm de cima
com seus fogarus nas crinas
que a gente chama de raios!
495
496
TOSCONEAR, v. Toscanejar.
497
"Briga de Touros
498
"Saudades da vida
que vive nos montes,
brincando nas fontes
que correm pra o rio.
Saudades das aves
que fazem gorjeios,
das brigas de touros
que acabam rodeios,
da prenda, do pingo,
do cusco vadio!"
(Clber Mrcio, Saudade Nativa,
ltima Tropeada, p. 74).
TRABUCO, s. Revlver.
499
500
"Procurando a Graviela,
Andei por serras e lagos,
Indagando pelas vendas,
A outros pagando tragos,"
(A Graviela, autor ignorado, ed.
Tip. d'A Luz, 1930, p. 15).
TRAMBALEAR, v. Cambalear.
TRAMBALHAR, v. Cambalear.
501
"- As debe ser, noms, don Jacinto, pues recuerdo que en un libro
de Eduardo Gutirrez, de Leyendas Gauchas, al presentario a Santos Vega,
deca: "El apero era tan sencillo como el traje de su dueo. No se vea
en todo l la ms pequea chapita de plata, sendo su prenda ms valiosa
un maneador y riendas trenzadas don botones gauchamente colocadas de
trecho en trecho..." (Mario A. Lopez Osornio, Trenzas Gauchas, Buenos
Aires, Ed. Pleamar, 1967, p. 19).
502
1978, p. 39).
TRAVADO, adj. Diz-se do animal que por defeito do encontro anda de modo
tolhido como se estivesse travado. // Diz-se do cavalo acometido de
travagem.
503
TRAZER PELO FREIO, expr. Trazer algum sob controle, no lhe permitindo
que obedea a seus prprios impulsos.
504
TRS-MARIAS, s. Boleadeiras.
"O Juca Guerra foi muito meu conhecido, desde guri. J morreu,
coitado, e morreu numa tristura..." (Simes Lopes, Contos Gauchescos e
LendaS do Sul, P.A., Globo, 1973, p. 113).
TROCAR ORELHA, expr. Mover o cavalo as orelhas para diante e para trs,
trocando-as de posio, por desconfiana de que h algum perigo iminente
ou vai ocorrer alguma coisa estranha, que ele procura descobrir o que
mantendo-se atento ao menor rudo. // Figuradamente, se aplica s
pessoas
505
TROM, s. Trovo.
"A cara dele vinha lisa, mas o corao vinha corcoveando como
touro de banhado laado a meia espalda... O trompao das mil onas
tinha-lhe arrebentado a alma." (Simes Lopes, Contos Gauchescos e Lendas
do Sul, P.A., Globo, 1973, p. 181).
506
507
todo o Rio Grande do Sul, quase povoao por povoao, fazenda por
fazenda," (Arthur Ferreira Filho,Revolues e Caudilhos, 2 ed., Passo
Fundo, p. 57).
508
509
mnios, de 1909, reed. pela Cia. de Seguros Gerais, P.A., 1979, p. 122).
510
at os trapos ensebados
pra empear fogo, chovendo.
Um quero-quero pra o sono!
E ademais, sem uma queixa,
ou dvidas s ordens dadas.
Vaqueano como ningum
de rondas, pastos e aguadas,
era um desses peo-de-tropa
que os capatazes no deixam
(Aureliano, Romances de Estncia e
Querncia, 2 ed., P.A., Martins
Livreiro-Editor, 1981, p. 25).
TROPICAR, v. Tropear.
TROPICO, s. Tropeo.
TROTEAR, v. Trotar.
511
512
amolec-lo.
513
514
U
"Quando se diz, por exemplo, a uma pessoa, algo com o qual ela
no concorda, recebe-se a contestao antepondo a interjeio frase de
contexto. Ex.: "Fulano, no iras ao baile?" "U! No vou. ,ou
simplesmente: "U! No!" (Moraes)-
515
"Do umbu
516
(imensa!"
(Nathercia da Cunha Velloso,
Antologia da EP P.A., Sulina, 1970,
p. 93).
"Velho Umbu
"Umbu da Tapera
URU, s. Pssaro das matas do Rio Grande do Sul, parecido com a perdiz,
pertencente famlia das Phasianidae.
518
519
520
VAI SER UM ROUBO, expr. Na gria das carreiras, usada para significar
que um dos cavalos vai ganhar com grande facilidade.
VAIVM, s. Cabo de arame que serve para apoio e trao das barcas nas
passagens dos rios.
521
522
523
"Vaqueano
524
VAQUEIRA, s. Matambre.
VARA, s. Cada uma das hastes de madeira usadas para fechar a porteira.
525
VAREJEIRA, s. Mosca que deposita seus ovos nas feridas dos animais,
produzindo bicheiras.
VARZEDO,s. Vargedo.
526
VENDAGEM, s. Inhapa.
527
... "o ventana quadrava o corpo, e rebatia os talhos e pontaos que lhe
meneavam sem pena." (Simes Lopes, Contos Gauchescos e Lendas do Sul,
P.A., Globo, 1973, p. 17).
VEROZINHO, s. V. Passarinho-de-vero.
VERDEJO, s. Verdeio.
VERDULEIRO, s. Verdureiro.
VERGAMOTA, s. Bergamota.
528
VESPRA, s. Vspera.
VINCHA, s. Fita ou leno que alguns gachos usam atar sobre os cabelos
para mant-los presos.
"Vira-bosta pregwoSo,
Mas velhaco passarinho;
Pra no fazer o seu ninho
Se apossa do ninho alheio ;"
(Amaro Juvenal, Antnio Chimango,
21 ed., P.A., Martins Livreiro-
Editor, 1978, p. 19).
529
VIRADA, s. Ao de virar.
VIRAR O CASCO, expr. Fazer simpatia para curar bicheiras, que consiste
em virar a impresso, do casco do animal, deixada no solo, para que
caiam os bichos, O mesmo que virar o rasto.
VIRAR O MATE, expr. Remover a erva de um para o outro lado da cuia, para
tornar o mate mais forte.
VIRAR O SOL, expr. Passar de meio dia. "O sol est virado", isto , j
est passando de meio dia.
530
VOLTEIO, s. Volteada.
531
532
XAMIXUNGA, s. Sanguessuga.
"Xar:
XEPA, s. Comida.
533
XIMB, adj. Diz-se do animal que tem o focinho chato como o dos dogues.
Ximbeva.
534
ZAINO-PANGAR, adj. Diz-se do cavalo zaino que apresenta plo mais claro
do que o geral na parte de baixo da barriga, nas virilhas, sovaco e
focinho.
ZINABRE, s. Azinhavre.
535
"Sr. Zorrilho
No v l, Sr. Zorrilho,
Para no ser caoado!
- No me importa, l se avenham,
Que eu sou mui relacionado.
Gavio:
536
ZorrilhO:
Seu moo das calas brancas,
Desculpe minha confiana.
Me diga todo o seu nome
Que eu quero ter na lembrana.
Gavio:
Eu me chamo Gavio Mouro,
Morador no Cerro Travessa;
Te como a carne por dentro.
Te viro o couro s avessas.
Zorrilho:
H muito cuera largado
Que pura charla noms;
Comer mi'a carne por dentro
Isto sim, no s capaz!
Gavio:
te quebro a cana do brao,
Te chupo todo o tutano,
Te deixo a cabea oca,
Te tiro do desengano.
Zorrilho:
Eu me chamo Zorrilho Negro
Da Serra do Caver;
Te arreio coxilha arriba
Com relho de enchiqueirar!
Gavio:
Eu fui nascido e criado
Bem longe deste rinco;
Te maneio das quatro patas,
Te risco o couro a faco.
Zorrilho:
Se para haver entrevero,
No vou na lei do gacho;
No quero tinir dos ferros,
Vou logo queimar cartucho!
537
538
INDICE ONOMSTICO
ALCEDO - 522.
ALGAROTTI - 214.
ALVAREZ,J. S. -527.
AZAMBUJA, Darci (Pereira de) - 33, 35, 45, 49, 95, 102, 125, 205, 244, 247,
252, 326, 330, 333, 348, 360, 418, 421, 423, 491.
BARCELOS, Ramro Frota - 79, 102, 165, 191, 205, 229, 358, 398, 414,
485, 500, 529.
BERISSO, Niccio Garcia - (Pseud.: Sandalio Santos) - 114, 225, 342, 370.
BOTTARI, Padre Pedro Luiz - 95, 159, 187, 232, 240, 343, 388.
BRITES, ULYSSES PAIM - (Pseud.: Cardo Bravo) - 166, 244, 279, 285.
BRITO, Lucidoro - 379.
CALLAGE, Roque (Oliveira) 54, 102, 131, 133, 163, 241, 267, 287, 304,
314, 340, 340, 390, 413, 425, 467, 475, 477, 507.
CARDOSO NUNES, Rui - 16, 35, 68, 85, 90, 99, 102, 102, 106, 120, 131,
133, 167, 170, 180, 186, 192, 194, 195, 205, 226, 236, 243, 254, 261,
278, 298, 299, 303, 306, 318, 341, 347, 350, 359, 361, 378, 388, 391,
395, 408, 409, 412, 425, 429, 433, 449, 466, 474, 478, 480, 485, 499,
500, 519, 526, 530, 533, 534.
CARDOSO NUNES, Zeno - 25, 48, 81, 89, 120, 130, 179, 183, 189, 199,
205, 230, 236, 240, 247, 256, 268, 274, 276, 298, 305, 316, 334, 339,
341, 343, 346, 362, 366, 377, 379, 396, 405, 419, 427, 432, 466, 479,
499, 503, 507, 526, 531, 533.
CARDOSO, Zeno - Ver: CARDOSO NUNES, Zeno.
CARVALHO, Firmino de P(aula) - 147, 180, 299, 300, 389, 468, 497.
COROMINAS, J. - 212.
CORREA, (Jos) Romaguera (da Cunha) - 14, 24, 37, 128, 212, 239, 241, 258,
284, 306, 337, 340, 394, 431, 476, 481, 495, 512.
COSTA, Dimas (Noguez) - 16, 23, 28, 47, 53, 64, 66, 187, 227, 263, 294,
394, 411, 422,484,488, 492, 505.
ECHENIQUE, Silvio da Cunha - 117, 188, 300, 327, 330, 340, 413, 418,
438, 448,449,493.
FAGUNDES, Antnio Augusto (da Silva) -28,42, 90, 111, 118, 170, 299.
FARIA CORRA, M(anoel Joaquim) - 37, 51, 76, 138, 158, 172, 224, 357,
360, 379,429,487.
FERREIRA FILHO, Arthur - 50, 90, 112, 120, 152, 177, 257, 261, 284,
310, 344, 361, 362, 373, 378, 399, 417, 466, 508, 509, 522.
FIORENZANO, Dias Francisco - (Pseud. Chico Gaudrio) - 75, 190, 367, 368,
372, 410, 467, 471, 531, 534.
FLORES,Morena -85.
HERNNDEZ, Jose - 14, 17, 74, 125, 128, 192, 213, 234, 278, 295, 303,
343, 351, 362, 388, 400, 400,410, 424,470,501,530,537.
JACQUES, (Joo) Cezimbra - 34, 67, 70, 87, 139, 217, 248, 267, 292, 325,
326, 371, 376, 382, 429, 461, 463, 464, 477.
JOBIM,Jorge - 517.
JLIO, Slvio - 69, 109, 176, 205, 219, 265, 268, 269, 375, 462, 486.
LESSA, L(uiz) C(arlos) Barbosa - 55, 61, 71, 93, 139, 157, 223, 303, 403,
502, 505.
LIMA, Afonso Guerreiro - 454.
LINDMANN, C. A. M. - 84.
LISBOA, Ionor-478.
MAIA, Joo (Cndido) - 47, 64, 67, 195, 379, 407,460, 516.
MALARET, A. - 233.
MARTINS, Ciro (dos Santos) - 84, 94, 129, 129, 229, 241, 331, 348, 502,
516, 530.
MEYER (Jnior), Augusto - 201, 205, 214, 222, 223, 239, 267, 268, 297,
315, 341, 432, 462, 463, 464, 469, 477, 537.
MORAES, Luiz Carlos de - 15, 22, 25, 27, 33, 69, 98, 122, 127, 138, 166,
185, 210, 242, 252, 258, 258, 267, 340,355,448,515,527.
ORNELLAS, Manoelito (Guglielmi) de - 77, 115, 118, 138, 192, 200, 20,
271, 342, 345, 375, 394, 435, 451, 457,473, 527.
P
PAIS, Brigadeiro Jos da Silva - 174.
PINTO, Aureliano de Figueiredo - 18, 22, 23, 28, 30, 34, 40,57, 71, 78, 91,
92, 93, 94, 95, 98, 107, 131, 137, 142, 143, 147, 186, 199, 229, 230,
247, 271, 294, 329, 334, 358, 366, 369, 389, 392, 398, 404, 409, 414,
423, 433, 471, 475, 477, 484, 495, 506, 507, 507, 511, 516, 535, 536.
PINTO, Jos de Figueiredo - (pseud.: Zeca Blau) - 51, 58, 62, 85, 93, 145,
148, 156, 156, 186, 190, 204, 252, 254, 261, 276, 293, 305, 307, 328,
334, 343, 365, 387, 389, 415, 420, 422, 426, 431, 474, 480, 497, 502,
505, 526.
PORTOALEGRE, Apolinrio - 36, 70, 92, 202, 317, 388, 390, 424, 518,
528.
PORTO, Aurlio (Afonso) - 84, 166, 176, 185, 199, 212, 214, 217, 229,
308, 309, 347, 418, 445, 446, 451, 453, 494.
PRATES (da Silva), Homero (Mena Barreto) - 75, 192, 278, 301, 340, 344,
476, 517.
RAMIREz, Hugo (Rodrigues) - 54, 80, 81, 104, 114, 236, 255, 292, 299,
306, 307, 340, 362, 382, 410, 419, 424, 468.
RIVERA, J. - 448.
SANTANA, Moacir - 138, 224, 333, 371, 384,457, 502, 503, 508.
SAUBIDET, Tito - 295, 345, 348, 364, 409, 424, 435, 438, 438, 492, 498,
498, 522, 535.
SEGVIA, L. - 138.
SILVEIRA,Antnio -311.
SILVEIRA, Hemetnio Jos Veloso da - 308, 311, 356, 376, 399, 447, 447,
492, 509, 536.
SIMES LOPES NETO, J(oo) - 16, 20, 37, 54, 66, 68, 71, 72, 80, 84, 86, 88,
94, 102, 112, 112, 116, 125, 148, 149, 150, 156, 157, 162, 164, 165,
173, 179, 181, 188, 189, 191, 194, 195, 197, 200, 203, 205, 208, 208,
209, 222, 228, 229, 234, 242, 244, 246, 254, 258, 260, 262, 266, 266,
266, 267, 269, 275, 276, 278, 279, 280, 285, 298, 300, 304, 313, 313,
314, 316, 317, 317, 318, 319, 325, 325, 327, 330, 331, 334, 339, 342,
344, 351, 354, 354, 358, 359, 359, 361, 367, 368, 368, 369, 373, 378,
381, 387, 387, 392, 399, 400, 409, 409, 412, 415, 419, 420, 420, 421,
422, 423, 425, 426, 429, 430, 430, 430, 430, 432, 432, 439, 443, 443,
444, 446, 460, 466, 470, 471, 472, 476, 477, 481, 483, 485, 487, 488,
494, 500, 503, 504, 505, 505, 506, 511, 526, 528, 528, 530, 531, 531,
532, 534.
SPALDING, Walter 72, 123, 232, 274, 365, 377, 379, 428, 456, 496.
STRASSER - 239.
TAVEIRA JNIOR, Bernardo - 57, 85, 85, 257, 263, 287, 398, 419, 435,
489, 507, 510, 524.
TEIXEIRA, Mcio (Scoevola Lopes) - 235, 262, 267, 271, 297, 345.
TESCHAUER, Carlos, Pe. - 40, 51, 99, 110, 174, 222, 223, 238, 421, 476,
506.
THVENOT - 258.
TIARAJU, Sep - 309, 450, 451, 452, 453, 454, 455, 456, 457, 458, 459,
460.
VARGAS NETO, (Manuel do Nascimento) - 31, 117, 155, 160, 237, 262,
281,406, 501,504.
VERISSIMO, rico (Lopes) - 270, 292, 320, 414, 493, 525, 529.
VIEIRA, Tristo Veloso Nunes - (Pseud. Dias, Mrcio) - 39, 130, 345, 346,
517.