Trabalhar menos horas é bom para a saúde mas também aumenta a produtividade.

A conclusão é de um estudo divulgado pelo The Independent que, segundo o jornal, confirma uma tese defendida por muitos há anos.

A experiência foi anunciada em 2014, quando o governo sueco optou por financiar a casa de repouso Svartedalens, na cidade de Gothenburg, colocando os enfermeiros a trabalhar apenas seis horas por dia.

A ideia era comparar os enfermeiros que trabalhavam estas horas, com um grupo que trabalhava oito em um ambiente similar. Uma das maneiras que o estudo encontrou para medir a produtividade foi comparar a qualidade dos cuidados que cada conjunto de enfermeiros prestava.

Os resultados agora revelados mostraram que, ao longo do ano, a grande maioria dos enfermeiros que trabalhou seis horas foi, realmente, mais produtiva do que aqueles que trabalharam mais horas.

De acordo com o mesmo estudo, 68% dos enfermeiros que trabalhavam seis horas ficavam metade das vezes doentes que os restantes. Além disso, a probabilidade de tirarem períodos de folga em duas semanas era três vezes menor.

Quem trabalha menos é mais feliz?

A estatística revelou ainda que os enfermeiros neste estudo estavam 20% mais felizes e, como consequência, trabalhavam mais 64% com os pacientes.

Bengt Lorentzon, um pesquisador envolvido no projeto disse que “se os enfermeiros estão menos tempo no trabalho e são mais saudáveis, significa maior qualidade [cuidado] no trabalho prestado”.

Esta experiência não é a primeira do género, e várias empresas star-up na Suécia tem empreendido as seis horas diárias de trabalho.

A Background AB, uma produtora digital, adotou as seis horas de trabalho em setembro do ano passado, com os funcionários a trabalharem em dois horários de seis horas, o das 8:30 ou das 11:30, com uma hora de almoço.

À BBC o cofundador da empresa disse que “é difícil concentramo-nos no trabalho durante oito horas mas em seis horas podemos estar mais focados e fazer as coisas mais rapidamente”.

Há, no entanto, uma nuance. Esta experiência olhou, especificamente, para o setor da saúde, o que significa que não se pode extrapolar o resultado para o setor financeiro, por exemplo.

No ano passado, um inquérito da YouGov revelava que trabalhar sete horas por dia é o horário mais produtivo, e 2014, 57% dos britânicos defendiam os quatro dias de trabalho semanal.

Segundo dados Organização pela Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) de 2014, o Luxemburgo, o mais produtivo, tem um índice de 1.643 horas trabalhadas por pessoa/ ano, enquanto nos Estados Unidos, o terceiro mais produtivo, cada trabalhador está no trabalho 1.789 horas/ ano.

Em Portugal a regra é de oito horas diárias, com uma para almoço, e produtividade não é o maior forte por terra lusitanas, embora tenha vindo a melhorar nos últimos anos.