Em 1923, um jovem pensador húngaro, Georg Lukács, lançou um texto ousado recolocando em seu devido lugar o debate sobre as bases históricas, dialéticas e, sobretudo, emancipadoras da crítica marxista, esquecidas em sua época e esquecidas, ainda, pela geração atual. Trata-se de História e consciência de classe, um dos mais importantes textos escritos no século XX, contributivo para a formação da massa crítica necessária à superação da sociabilidade capitalista, e parte importante do trajeto de recuperação do legado marxiano enquanto ontologia do ser social. História e consciência de classe completa seu centenário de lançamento. Hoje, mais atual do que nunca, reapresenta, a cada releitura, a descoberta marxiana do Fetichismo da mercadoria e o seu movimento de reprodução universal na forma de reificação, coisificadora da humanidade em todos os aspectos de sua existência, em processo incessante de destruição do nosso presente e futuro.
Para demonstrar a relevância dessa obra, nos propomos a articular o texto do jovem Lukács à produção do próprio Marx, delimitada ao estudo do fetichismo enquanto base concreta da reificação, construindo um panorama do próprio método. Dessa forma, o leitor terá mais elementos para compreender o processo de captura teórica do desenvolvimento histórico capitalista que nos esvazia de nossa humanidade.
Sabemos que o percurso de formação da consciência do ser social se constrói na concretude da processualidade histórica determinada pelo modo de produção da vida material. Não se trata de uma determinação absoluta, mas processo reflexivo, desigual e contraditório, com possibilidades de superação. A realidade é autônoma em relação à consciência, mas pode ser apreendida em exercícios aproximativos que busquem acompanhar seu movimento. Essa tarefa é dificultada, sobretudo, pela fragmentação gerada nas relações de produção que subordinam o trabalho ao capital. Essa descoberta importantíssima foi feita por Karl Marx, recuperada por Lukács em História e consciência de classe e consolidada na sua produção de maturidade.
--
Sumário:
Prefácio
Introdução
Capítulo 1 | Marx e o Processo de Descoberta do Fetichismo da Mercadoria
1.1. O jovem Marx descobre a vida social concreta dos trabalhadores despojados dos meios de existência
1.2. Marx desvela o estado burguês como estrutura de coisificação
1.3. Marx apreende o trabalho como fundante do ser social e as determinações específicas do trabalho alienado
1.4. Marx supera os limites do socialismo utópico
1.5. Marx revoluciona a teoria do valor
1.6. Marx apresenta a categoria fetichismo da mercadoria: síntese dos processos objetivos de alienação do ser social
Capítulo 2 | História e Consciência de Classe e o Percurso Lukacsiano de Recuperação do Fetichismo da Mercadoria
2.1. Considerações sobre o contexto histórico da produção teórica lukacsiana
2.2 Primeiros passos de recuperação da ontologia marxiana: alienação e reificação em história e consciência de classe
2.3 Elementos de continuidade e descontinuidade entre história e consciência de classe e a consolidação da ontologia do ser social
2.4 Novas determinações da alienação e reificação em ‘para uma ontologia do ser social’
Conclusão
Referências
--
Ano de lançamento: 2023
Número de páginas: 284
Tamanho: 16cm x 23cm
ISBN: 978-85-53104-86-4