Ciência

Nunca cinco gramas pesaram tanto para a Humanidade: NASA produziu oxigénio em Marte

Nunca cinco gramas pesaram tanto para a Humanidade: NASA produziu oxigénio em Marte
Sebastian Kaulitzki/Science Phot / Getty Images

O dispositivo Moxie, instalado no rover Perseverance, conseguiu converter dióxido de carbono em cinco gramas de oxigénio puro, o que seria suficiente para que um astronauta pudesse respirar no Planeta Vermelho durante dez minutos

Nunca cinco gramas pesaram tanto para a Humanidade: foi essa a quantidade de oxigénio — suficiente para que um astronauta pudesse respirar durante dez minutos — que o Perseverance, através do dispositivo Moxie, conseguiu produzir no Planeta Vermelho. A agência espacial norte-americana entra, assim, para a História ao conseguir pela primeira vez obter oxigénio puro e respirável num outro mundo. A façanha inédita foi alcançada pela NASA, um dia depois de ter colocado o mini helicóptero Ingenuity a sobrevoar o solo marciano.

O método de produção, à partida, parece simples, inspirado naquilo que também as plantas na Terra são capazes de fazer: transformar dióxido de carbono em oxigénio. Todavia, em Marte tudo é mais complexo, desde logo pela atmosfera extremamente ténue.

A boa notícia é que o meio ambiente marciano é composto por 96% de CO2 tóxico e o Moxie utiliza calor extremo para separar átomos de oxigénio das moléculas de dióxido de carbono. Isso permitiu que o instrumento Moxie, instalado no rover Perseverance, conseguisse converter dióxido de carbono em oxigénio praticamente puro.

Se atualmente o oxigénio, essencial à vida tal como a conhecemos, é quase inexistente em Marte, no passado nem sempre foi assim. É preciso viajar até à pré-História do Sistema Solar para entender as condições existentes atualmente nos planetas.

É sabido que Vénus, Terra e Marte “foram formados mais ou menos ao mesmo tempo e a partir do mesmo material que havia naquela zona da nuvem protoplanetária”, explicou o astrofísico Pedro Mota Machado em entrevista ao Expresso, concedida na véspera da chegada do Perseverance ao Planeta Vermelho, que ocorreu a 18 de fevereiro. “É, portanto, de esperar que as atmosferas primordiais fossem muito semelhantes”, defendeu o investigador do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA).

Em 2016, um grupo de cientistas do Laboratório de Los Alamos, no Novo México, anunciou que Marte já teve altas concentrações de oxigénio molecular na sua atmosfera. Mas a evolução do Planeta Vermelho foi bem distinta da ocorrida na Terra. “Marte arrefeceu mais rapidamente do que a Terra, perdeu o seu campo magnético e perdeu grande parte da sua atmosfera, que acabou arrancada pelo vento solar e pela ação erosiva das partículas muito energéticas que chegam do Espaço”, contextualizou Pedro Mota Machado.

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