Novos dados dos serviços ilegais de IPTV em Portugal e na Europa - #135
No sábado, o Philip Buckingham que é repórter do The Athletic, escreveu um artigo (pago) sobre a questão da pirataria e dos serviços de streaming ilegal. Da leitura desse artigo cheguei ao relatório da The Audiovisual Anti-Piracy Alliance (AAPA), produzido em Dezembro de 2022, com os últimos dados relativos a 2021, onde se estima que 17 milhões de Europeus entre os 16 e os 74 anos consomem conteúdo ilegal (não é só futebol) através de IPTV (internet protocol television). A indústria terá perdido em 2021 algo como 3 mil milhões de libras. Vamos então passar por alguns dados, com uma certeza, o relatório de 2022 terá números ainda maiores.
O relatório contempla os 27 da União Europeia (UE) e o Reino Unido, ou seja, a antiga UE28.
Estima-se, tal como dito em cima, que 17 milhões da UE28 acessem a conteúdos ilegais, 4,5% da população total, sendo que nos jovens dos 16-24 esse valor seja de 11,8% (quase 6 milhões).
Este negócio ilegal de IPTV terá gerado em 2021 cerca de 1,06 mil milhões de receitas em conteúdo protegido, em média cada utilizador da UE28 gasta por mês 5,22€ neste serviço ilegal.
O que, através da metodologia explicada no relatório, leva a que os Fornecedores de Conteúdo Legal tenham perdido perto de 3,21 mil milhões de euros devido a serviços ilegais de IPTV.
O aumento dos utilizadores a recorrerem a estes serviços de 2018 para 2021 foi de 3,4 milhões de pessoas.
Se olharmos para o mapa da UE28, em baixo, o país que lidera em % de população são os Países Baixos (8,2%), sendo que na faixa dos 6-8% estão Luxemburgo, Irlanda, Suécia, Malta, Dinamarca, Finlândia, Reino Unido, Chipre, Eslovénia e Espanha. Se calhar alguns não pensariam que as economias mais ricas iriam estar na dianteira do uso ilegal.
Olhando para o panorama em Portugal, recordo que os dados são de 2021, embora o relatório tenha sido terminado em Dezembro de 2022, que a média da população com acesso a conteúdo ilegal é de 3,7% (287.725). A média da UE28 é de 4,5%.
Na população dos 16-24 o número chega aos 10%, sendo que os mais velhos (65-74 anos) praticamente não utilizam (0,8%).
O mercado Português gera receitas de serviços ilegais de 16,6 milhões de euros. Os mercados mais rentáveis são Reino Unido, Alemanha, França e Espanha.
Ou seja, por mês em Portugal é as receitas geradas são de aproximadamente de 1,4 milhões de euro.
Tal como tinha dito em cima, a média de gasto por utilizador nos serviços ilegais na UE28 é de 5,22€, em Portugal o valor é ligeiramente mais baixo e é de 4,81€ (57,69€ por ano).
Olhando para estes números fecho com duas notas finais.
Primeira nota, em Portugal, sinceramente, esperava que o número fosse maior. Sem ter nenhuma base científica, apenas percepção e o que se vai lendo e ouvindo.
Segunda nota, com as grandes empresas tecnológicas como Amazon, Apple, Google a meterem-se cada vez mais nas transmissões desportivas e a gastarem milhões em contratos, acredito que o cerco continue a apertar, mas, como diz o artigo que referi em cima do The Athletic, “These pirates are becoming smart’!
fonte: Relatório