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Como surgiram os diferentes sotaques da língua portuguesa falada no Brasil

Para descobrir as origens de um sotaque é preciso conhecer a história da população nativa e das pessoas que migraram para lá

Como surgiram os diferentes sotaques da língua portuguesa falada no Brasil

A língua portuguesa falada no Brasil é a mesma em qualquer ponto do país? Sim, é. Se você fala e lê português, provavelmente entendeu tudo que está escrito aqui, independentemente de morar no Amazonas, Pernambuco, Brasília, São Paulo ou Rio Grande do Sul. Mas o jeito de falar, o sotaque, esse, sim, é muito diferente.

Não existe um sotaque certo, errado, melhor, pior, mais bonito ou feio... você pode ter até uma preferência, mas sotaques são... sotaques, maneiras que aprendemos a falar com nossos pais, amigos e familiares, que aprenderam com seus antepassados, que por sua vez aprenderam com os seus e assim vai...

A razão de a língua portuguesa falada aqui ser tão diversa é explicada justamente pela diversidade da formação da nossa gente. 
O site da revista SuperInteressante explica que para descobrir as origens de um sotaque é preciso conhecer a história da população nativa da região e das pessoas que migraram para lá. Então, vamos lá.

O nosso português tem influência das muitas línguas indígenas faladas aqui em 1500 — e algumas ainda são! —, dos diferentes tipos de “português de Portugal” do período de colonização, das línguas de origem africana que chegaram à força durante o período da escravidão e dos imigrantes — e daqueles que tentaram invadir — de diferentes partes do mundo (italianos, japoneses, alemães, holandeses, ucranianos, poloneses, etc.). 

A mistura, tão evidente aos nossos olhos, também é marcante quando falamos ou escutamos alguém dizer algo.

O “R” que é tão diferente em cada ponto do país 

O jeito que cada região fala a letra “R” ilustra bem toda essa história. Pense na palavra “porta”. 

Dependendo da sua região, você fala essa palavra jogando a língua para trás na hora que chega o “r”, arranha a garganta ou ainda pressiona a língua atrás dos dentes para emitir o som que aprendeu a fazer - na base da imitação. 

Este vídeo da SuperInteressante conta que, no início da colonização lusitana, o “R” (assim como o “F” e o “L”) não eram presentes nas línguas indígenas. Ao forçarem a alfabetização da população nativa, a dificuldade de ensinar o “R” falado pelos portugueses fez com que surgisse o “R” retroflexo, que você provavelmente deve conhecer como “R” caipira.

Ele tem esse nome (retroflexo) porque a língua faz um movimento para trás (retroflexão). E ele é conhecido como caipira porque foi levado pelos Bandeirantes para o interior do Brasil. De Santa Catarina ao Mato Grosso é possível ouvir esse “R” tão marcante.

Só que esse “R” é falado de outras maneiras. 

Em algumas cidades da região Sul e em São Paulo (capital) é comum ouvir a sua versão mais seca (como em “carro”), fruto da influência italiana. 

No Recife ouve-se um “R” bem marcado, herança dos tempos em que os holandeses (cuja língua tem origem germânica) invadiram e ocuparam Pernambuco (expandindo-se até Paraíba e Sergipe) no século XVII. 

No Rio de Janeiro, o “R” é falado como se a pessoa estivesse arranhando a garganta. A explicação vem de 1808, quando a corte portuguesa mudou-se para o Brasil, especificamente na cidade carioca. Os integrantes da realeza imitavam o “R” falado pelos franceses, referência cultural e intelectual europeia naquela época. 

Em pouco tempo, a elite local também passou a copiar esse jeito de falar. Aliás, não só o “R” francês, como o “S” português: aquele chiado em palavras que levam essa letra vem daí. 

O “S” chiado que ficou famoso pelos cariocas também é ouvido e falado em outras regiões que tiveram presença dos portugueses, como Florianópolis e Manaus. Aliás, o sotaque falado na capital do Amazonas tem ainda a influência de línguas indígenas e dos nordestinos que migraram para lá na década de 1940, no ciclo da borracha. 

Já ouviu os sotaques presente nos episódios do Comece Agora? 

Quem ouve com atenção o Comece Agora, o podcast do Viva a Longevidade, já deve ter percebido uma boa variedade no sotaque dos convidados nos nossos episódios.

Lá você ouve um pouquinho do jeito de falar de quem é de Alagoas, Ceará, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, São Paulo e, mais recentemente, do Rio Grande do Sul. 

Em abril, no episódio em comemoração pelo Dia Internacional do Livro, convidamos Rafaela Pechansky, gaúcha e publisher da TAG Experiências Literárias, para falar sobre como os livros nos acompanham ao longo de toda a vida. Ela citou os benefícios da leitura — como a ampliação do vocabulário na língua portuguesa — e ainda deu dicas sobre como ler mais.

Pra ouvir o episódio é fácil! O Comece Agora está nas principais plataformas de áudio. Basta clicar em um dos links abaixo.
Spotify | Deezer | iTunes | Google Podcasts | SoundCloud.

Dia Internacional da Língua Portuguesa 

Em 5 de maio é comemorado o Dia Internacional da Língua Portuguesa.

Segundo o site Ethnologue, são 257,6 milhões de pessoas que falam a língua portuguesa em todo o mundo. O português brasileiro é considerado um de seus dialetos.

A língua portuguesa é considerada idioma oficial de Angola, Brasil, Cabo Verde, Timor-Leste, Guiné-Bissau, Guiné-Equatorial, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe. Macau, região administrativa da China, esteve sob domínio português até 1999, mas o português não é um considerado idioma oficial (apesar de haver de placas bilíngues).

O português deriva do latim. Como mostra a SuperInteressante, a península Ibérica (onde fica Portugal) pertencia ao Império Romano desde o século III a.C. Com as invasões bárbaras e árabes, o latim vulgar (nome dado à língua do dia a dia falada na época) foi aos poucos se modificando. 

Com a queda do Império Romano, começaram-se a formar diferentes dialetos na região, como o castelhano, catalão e o galego-português. Esse último originou o português e o galego (hoje falado na Galíza, na Espanha). 

Segundo o site Norma Culta, estima-se que o português tenha surgido entre os séculos IX e XII. O primeiro documento escrito na língua é datado do século XIII. Foi nessa época que D. Dinis, rei de Portugal, definiu que esse deveria ser o idioma oficial do reino. 

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