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TRABALHOS DE PESQUISAS
CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS PARA EJACULAÇÃO PRECOCE: UMA REVISÃO
BIBLIOGRÁFICA
Itor Finotelli Jr.1
DIAGNOSTIC CRITERIA FOR PREMATURE EJACULATION: A LITERATURE REVIEW
Resumo: As pesquisas sobre a ejaculação precoce (EP) são diicultadas pela falta de consenso sobre
quais critérios a deinem como uma disfunção. Observa-se que a mesma diiculdade é encontrada para
sua nomenclatura e também que critérios comuns, mas com diferenças substanciais, são propostos pelos
sistemas de classiicação de doenças. Nesse sentido, este estudo identiicou e comparou os critérios utilizados nas pesquisas publicadas em artigos, nas bases de dados Science Citation Index, MEDLINE, PsycInfo, LILACS, SciELO, CLASE. As buscas partiram de palavras-chaves e o período de revisão foi de 2000
a 2013. Os resultados apresentaram um número expressivo de artigos, mas foram considerados aqueles
cuja investigação fosse primária utilizando metodologia cientíica. Observaram-se quatro critérios principais utilizados que apresentaram diferenças signiicativas nessa avaliação. O primeiro trata-se do tempo
ejaculatório, caracterizado como uma mensuração objetiva e útil para triagens, porém sem consenso sobre
sua estimativa. O segundo, o senso de controle, apresentou resultados expressivos, todavia caracterizado
como uma medida subjetiva. Pesquisas relacionadas a ele demonstraram que homens sem EP relataram
um controle bastante elevado sobre a ejaculação em comparação a homens com tempos curtos de latência
ejaculatória. Os dois últimos critérios foram a satisfação sexual e o sofrimento, não sendo especíico da
EP e presentes em todas as disfunções sexuais. Para ambos, a insatisfação foi relatada na existência de
uma EP, geralmente, acompanhada de incômodo e diiculdades interpessoais. Os dados apresentados
organizaram de maneira sistemática os critérios utilizados na avaliação da EP, uma compilação útil para
diferentes frentes de pesquisa.
Palavras-chave: ejaculação precoce; revisão sistemática; disfunção sexual
Abstract: Researches on premature ejaculation (PE) are hardened by not having a criteria consensus deining them as a disorder. Observing that the same dificulty is found on the nomenclature and also on ordinary criterias, but with substantial differences
which are proposed by the disease classiication systems. Thus, this study has identiied and compared the criteria used on the
researches published in the articles on the Science Citation Index databases, MEDLINE, PsycInfo, LILACS, SciELO, CLASE.
The searches that started from keywords and the review period were from 2000 to 2013. The results have shown a signiicant
number of articles, but only had been considered those which the investigation was based on an empirical data by using scientiic
methodology. There were four main criteria used to show signiicant differences in the evaluation. The irst was the ejaculatory
latency, deined as an objective measurement and useful for screening, but having non consensus about its estimate. Second, a
sense of control, presented signiicant results, however deined as a subjective measure. Searches related to it has shown that
men without PE had reported a very high control over ejaculation compared to men with short ejaculatory latency time. The last
1. Grupo de Estudos e Pesquisas do Instituto Paulista de Sexualidade, São Paulo. e-mail: itor@psicoterapiasexual.com.br
2013 SBRASH - Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana
RBSH 2013, 24(2); 121 - 134
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two were sexual satisfaction and distress, not being speciically EP and present in all sexual dysfunctions. For both, dissatisfaction was reported on the existence of an EP, usually accompanied by uncomfortable and interpersonal dificulties. The presented
data has organized in a systematic way the criteria used when evaluating the EP, an useful compilation for different research
fronts.
Keywords: premature ejaculation; systematic review; sexual dysfunction
Introdução
Existe uma variação substancial entre
os homens ao longo do contínuo de latência da
ejaculação. Em sua maioria, os relatos desse período variam de 2 a 10 minutos. No entanto, alguns
homens ejaculam de forma incontrolada antes ou
logo após uma penetração e, consequentemente,
podem ser classiicado como ejaculação precoce
(EP). No caso oposto, existem também homens
com diiculdade em alcançar a ejaculação, o que é
classiicado como retardo ou inibição ejaculatória.
Esses homens não atingem a ejaculação e/ou a
atingem após estimulação prolongada (ROWLAND;
TAI et al., 2007).
Ejaculação é a resposta do organismo
que permite a emissão e expulsão do sêmen mediante a estimulação (KEDIA, 1983). Um “relexo
que compreende áreas e receptores sensoriais,
vias aferentes, áreas sensoriais cerebrais, centros
motores cerebrais, vias eferentes e centros motores
espinais” (ANKIER; GLINA, 2005, p. 8), predominantemente “controlada pela interação complexa
entre os neurônios serotoninérgicos e dopaminérgicos centrais com o envolvimento secundário dos
neurônios colinérgicos, adrenérgicos, oxitocinérgicos e GABAnérgicos” (ANKIER; GLINA, 2005, p. 8).
Por ser modulada por processos centrais,
não surpreende o relato de homens no controle sobre sua temporização (ROWLAND, D. L.; STRASSBERG, DONALD S. et al., 2000). Em contrapartida,
por se tratar de uma resposta regular, nenhuma
falha ou incapacidade pode ser justiicada por aspectos isiológicos caso ela ocorra tão rapidamente
(LEVIN, 2005).
Referente à problemática, os estudos soRBSH 2013, 24(2); 121 - 134
bre a EP são diicultados pela falta de consenso
sobre que critérios a deinem como uma disfunção,
doença ou condição (SEGRAVES, 2010). Observa-se que a mesma diiculdade é encontrada para
sua nomenclatura, cujas denominações variam em
ejaculação rápida, precoce, prematura, involuntária,
não controlada, fraca, entre outras (ALTHOF, 2004).
A justiicativa para a EP ser considerada
um problema possivelmente emergiu da conscientização em torno do prazer sexual feminino. Nessa
abordagem, pesquisadores como Masters e Johnson (1970) deiniram a EP como a impossibilidade
do retardo do relexo ejaculatório por tempo suiciente, durante o intercurso, para satisfazer uma parceria receptiva em 50% das experiências coitais.
Embora esse critério pareça útil e recomendado
como complemento nas investigações clínicas em
parcerias sexuais (RODRIGUES JR., 1995), a variabilidade da rapidez e a mensuração de satisfação
entre as mulheres limitam sua utilidade.
Nessa direção, avaliar um indivíduo com
uma disfunção sexual incluirá outros critérios,
além da função sexual. Trata-se de uma condição
inluenciada por múltiplas variáveis (LEIBLUM,
2007). Por essa razão, compreender as expectativas desse indivíduo a respeito das atividades sexuais e afetivas cria direções para critérios mensuráveis entre as inúmeras formas de prazer sexual,
além da penetração (ALTHOF, 2007).
Até mesmo os sistemas de classiicação,
como a Classiicação Estatística Internacional
de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde
(CID-10), criado pela Organização Mundial da
Saúde (OMS) (WHO, 1994), e o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-IVTR), organizado pela Associação Americana de
CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS PARA EJACULAÇÃO PRECOCE: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Psiquiatria (APA) (APA, 2000), mantêm denominações
diferentes. Para os critérios e deinições, esses
manuais possuem aspectos comuns, mas também
apresentam diferenças substanciais.
Segundo Althof (2007), os aspectos comuns entre a CID-10 e o DSM-IV-TR estão estabelecidos pelo tempo ejaculatório e pela presença
de sofrimento ou diiculdades interpessoais. Enquanto a CID-10 estabelece como tempo “antes
ou muito rápido após o início do intercurso, aproximadamente 15 segundos”, o DSM-IV-TR menciona
sem precisão “durante ou logo após a penetração”.
Observa-se que o critério controle voluntário somente é mencionado no DSM-IV-TR pela descrição
“antes que o indivíduo o deseje”. Em ambos, o
julgamento clínico de outras condições como
transtornos mentais, comportamentais e isiológicos é requerido para o estabelecimento da ER.
Ainda para essas deinições e critérios diagnósticos, Waldinger e Schweitzer (2006)
criticaram que o ponto de corte para o tempo
estabelecido pela CID-10 não teve suporte na
literatura, assim como “a presença de sofrimento”
no DSM-IV-TR, pois o manual assume que qualquer
desordem mental causa “acentuado sofrimento
ou diiculdade interpessoal”. Criticaram ainda que
ambas as deinições são baseadas em opiniões de
autoridades de base e não em estudos clínicos e
epidemiológicos. Ao lado disso, Althof (2007) acresceu que a falta de precisão e terminologia vaga em
termos como “suiciente para desfrutar” na CID-10
e “estimulação sexual mínima” no DSM-IV-TR são
condições que ocasionam divergência na interpretação e na avaliação de um proissional para
outro. Segundo ele, essas diferenças devem ser
consideradas, principalmente em estudos sobre
prevalências.
Das subcategorias que podem ser atribuídas à ER são classiicadas na CID-10 (WHO, 1994)
como orgânicas ou não orgânicas. Já o DSM-IVTR (APA, 2000) estabelece três condições, advindos de fatores psicológicos ou mistos, ao longo
da vida ou adquirido, generalizado ou situacional.
123
De maneira especíica, a falta de controle “ao longo da vida” pressupõe a incapacidade de controle
voluntário da ejaculação desde as primeiras atividades sexuais, enquanto “adquirido”, o indivíduo
já exercia o controle, porém desenvolveu a incapacidade desse exercício. “Generalizado”, quando
ocorre em quaisquer circunstâncias sexuais, para
o aspecto “situacional”, trata-se de condições especíicas de perda de controle. Embora raramente,
condições “orgânicas” (WHO, 1994) ou “combinadas” (APA, 2000) são exclusivamente neurológicas
por quadros degenerativos, a exemplo da esclerose
múltipla (LEWIS; FUGL-MEYER et al., 2004).
Em paralelo a esses sistemas, outras
iniciativas foram empreendidas para classiicar
e deinir a ER. A principal delas foi o consenso
cientíico nos principais eventos da área da sexualidade. O maior interesse desses consensos era
considerar os avanços cientíicos e contribuir para
uma atualização mais rápida de deinições e classiicações precisas, visto que aquelas dos manuais
diagnósticos são dispendiosas e intricadas (LUE;
BASSON et al., 2004; LUE; GIULIANO et al., 2004;
HATZIMOURATIDIS; HATZICHRISTOU, 2007).
A respeito dos consensos, Ankier e Glina (2005) mencionaram mudanças constantes no
estabelecimento das nomenclaturas, deinições e
critérios utilizados. Especiicamente para ER, os
autores destacaram que os consensos internacionais foram aqueles que abordaram a ER com
a maior profundidade. A terminologia ejaculação
rápida, por exemplo, foi mencionada pela primeira vez no 1º Consenso Internacional de Disfunção
Erétil, também foi neste consenso atribuída a importante distinção entre a ejaculação (componente
isiológico) e o orgasmo (componente psicológico).
Para o 2º Consenso Internacional de Disfunções Sexuais, foi oicializada a denominação de
ejaculação rápida; assim como foram consideradas
as contribuições dos estudos medicamentosos
para indução de períodos de latência ejaculatória
(LEWIS; FUGL-MEYER et al., 2004). A ejaculação
foi mais bem deinida como um “relexo que comRBSH 2013, 24(2); 121 - 134
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preende áreas e receptores sensoriais, vias aferentes, áreas sensoriais cerebrais, centros motores
cerebrais, vias eferentes e centros motores espinais” (ANKIER; GLINA, 2005, p. 8), predominantemente “controlada pela interação complexa entre
os neurônios serotoninérgicos e dopaminérgicos
centrais com o envolvimento secundário dos neurônios colinérgicos, adrenérgicos, oxitocinérgicos e
GABAnérgicos” (ANKIER; GLINA, 2005, p. 8).
Ainda que essa deinição estabelecesse
a compreensão de processos neurológicos importantes, convém mencionar que os mecanismos psicológicos não foram explicados. Entretanto há uma
evolução em considerar que os processos ocorrem
no sistema nervoso central, como um modulador,
tanto facilita como inibe a ejaculação (ROWLAND,
DAVID L.; STRASSBERG, DONALD S. et al., 2000).
Ankier e Glina (2005) demonstraram que
todas as deinições propostas nesses consensos
mantêm em comum a capacidade de o indivíduo
controlar a ejaculação, algumas mantêm condições
como “após a penetração”, enquanto outras não.
Observa-se posteriormente o surgimento do
sofrimento como critério, seja ele do indivíduo, seja
da parceria sexual. Cabe ressaltar que a presença
de incomodo, frustração e evitação na atividade
sexual são fatores referentes à satisfação sexual e
que também fornecem parâmetros de investigação
do problema por meio da parceria. Esses critérios
surgiram somente a partir do 2º Consenso Internacional. Para a recente deliberação do 3º Consenso Internacional de Medicina Sexual foi mantida
a última deinição, acrescentado o critério tempo
ejaculatório, mensurado pelo tempo de latência
intravaginal para a ejaculação (IELT).
Nas publicações, observam-se propostas
de critérios mensuráveis para EP. Essas propostas,
como observado para o tempo ejaculatório, ganharam destaque na medida em que fornecem evidências para o desenvolvimento do construto. Althof
(2007) destacou quatro principais critérios para
avaliação da EP utilizados nessas publicações: a
latência ejaculatória, o senso de controle, a satisRBSH 2013, 24(2); 121 - 134
fação sexual e o sofrimento.
A latência ejaculatória é uma medida
referente ao tempo que um homem leva para
ejacular. Ele pode ser avaliado por diferentes
práticas sexuais, por exemplo a manipulação,
porém a avaliação mais empregada é por meio do
tempo de latência intravaginal para a ejaculação
(IELT), deinido pelo número em segundos/
minutos entre a inserção do pênis na vagina até a
ejaculação, calculado a partir da média sobre um
número de tentativas (WALDINGER; QUINN et al.,
2005; WALDINGER; ZWINDERMAN et al., 2005).
Os principais estudos que embasaram
a latência ejaculatória sugeriram que 80% a 90%
dos homens que procuraram tratamento para EP
ejaculavam no período de 1 minuto (WALDINGER;
HENGEVELD et al., 1998; MCMAHON, 2002;
PRYOR; BRODERICK et al., 2007; ROSEN;
MCMAHON et al., 2007; WALDINGER;
ZWINDERMAN et al., 2007). Ao ilustrar esses
estudos, Waldinger e colaboradores (1998)
demonstraram que 77% dos homens ejacularam
em menos de 1 minuto, McMahon (2002) encontrou
a mesma porcentagem dentro de 1 minuto. Rosen
e colaboradores (2007) estimaram porcentagens
semelhantes em 80% dos casos. Esses resultados
demonstraram fortes evidências do critério tempo
para homens que mantinham essa diiculdade
desde suas primeiras experiências sexuais.
Todavia, estudos que avaliaram homens fora dessas
condições apresentaram resultados diferentes,
a exemplo, o estudo de Patrick e colaboradores
(2005).
Esses autores avaliaram 1587 participantes,
agrupados por experientes avaliadores em
grupos de homens com e sem queixas de EP.
Os participantes foram instruídos a marcar o
tempo ejaculatório ao longo de quatro semanas,
depois foram convidados, com suas parcerias,
a responderem separadamente a três itens que
mediram o senso de controle, satisfação sexual e
sofrimento. Os resultados indicaram o tempo médio
em participantes com EP de 1,8 minutos e sem
CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS PARA EJACULAÇÃO PRECOCE: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
EP de 7,3 minutos, todavia, foi evidenciada uma
sobreposição de tempo entre os dois grupos em
intervalo de 2 a 4 minutos, indicando que o tempo
em si não é o melhor critério para a avaliação da
EP. Em contrapartida, o item que avaliou o senso de
controle foi o melhor preditor entre os dois grupos
(PATRICK; ALTHOF et al., 2005).
Nesse sentido, considera-se também
o senso de controle como uma dimensão
para avaliação da EP. Assim como Patrick
e colaboradores (2005), outros estudos
sustentaram essa possibilidade (ROWLAND, D. L.;
STRASSBERG, DONALD S. et al., 2000; PATRICK;
ROWLAND et al., 2007; ROSEN; MCMAHON et al.,
2007; GIULIANO; PATRICK et al., 2008). No estudo
de Rowland e colaboradores (2000), por exemplo,
foram estimadas fortes correlações positivas entre
senso de controle e latência ejaculatória. Para
Giuliano e colaboradores (2008), o senso de controle
em comparação com latência ejaculatória foi o
critério que diferenciou signiicativamente grupos
de homens com EP, além disso, demonstraram
que o critério tempo possui baixa ou nenhuma
associação com as dimensões satisfação sexual e
sofrimento. Sobre essas associações, os estudos
de Patrick, Rowland e Rothman (2007) e Rosen
e colaboradores (2007) indicaram que o senso de
controle teve maior quantidade de associações
signiicativas com essas duas dimensões.
Por essas associações com tempo ejaculatório e o senso de controle, os critérios satisfação
sexual e sofrimento são também consideradas dimensões na avaliação da EP (PATRICK; ALTHOF
et al., 2005). Como a satisfação sexual abrange
muitos aspectos além do funcionamento sexual,
sua associação com outras medidas são inluenciadas por diferentes variáveis (PORST; VARDI et al.,
2010). Nesse sentido, o sofrimento recebe maior
destaque na literatura em comparação à satisfação,
por diferentes estudos que avaliaram sua associação direta com EP em homens e mulheres (MCCABE, 1997; DUNN; CROFT et al., 1999; BYERS;
GRENIER, 2003; SYMONDS; ROBLIN et al., 2003;
125
ROWLAND; PERELMAN et al., 2004; HARTMANN;
SCHEDLOWSKI et al., 2005; PATRICK; ALTHOF et
al., 2005; RILEY; RILEY, 2005; PORST; MONTORSI et al., 2007; ROWLAND; PATRICK et al., 2007;
GIULIANO; PATRICK et al., 2008).
De maneira geral esses estudos
evidenciaram a presença de sofrimento pessoal e/
ou interpessoal no homem com EP. Os resultados
demonstraram que frustrações e aborrecimentos
mantiveram impactos na qualidade de vida em
dimensões como autoestima e autoconiança,
condição não favorável para manutenção ou busca
de relacionamentos afetivos sexuais. O estudo
de McCabe (1997), por exemplo, evidenciou
baixas pontuações em homens com EP para
aspectos da intimidade (emocional, social, sexual,
recreativa e intelectual), além de níveis mais
baixos de satisfação na comparação com homens
sexualmente funcionais. Em estudos mais recentes,
Rowland, Patrick, Rothman e Gagnon (2007)
apresentaram uma redução signiicativa de saúde
em homens com EP. Esses homens obtiveram
pontuações menores relacionadas à qualidade de
vida, coniança e autoestima.
Ao avaliar toda essa problemática,
observou-se a diiculdade em estabelecer as
proporções que a EP atinge na atualidade. Como
os estudos de prevalência utilizaram diferentes
critérios na avaliação, encontram-se discrepâncias
entre elas ao relacionar esses dados (WINCZE;
CAREY, 2001). Essa situação foi considerada na
recente publicação de Porst e colaboradores (2010).
A partir da organização dos critérios estipulados e
sua relevância na avaliação da EP, eles estimaram
prevalências entre 22% e 28% dos homens. Além
desse desaio, há outro a respeito da criação
de instrumentos de medidas que considerem a
multidimensionalidade do fenômeno da EP.
Para os instrumentos disponíveis utilizados
na sua avaliação, cinco foram encontrados na
literatura: o Premature Ejaculation Questionnaire
– PEQuest (HARTMANN; SCHEDLOWSKI et al.,
2005), o Chinese Index of Premature Ejaculation
RBSH 2013, 24(2); 121 - 134
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– CIPE (YUAN; XIN et al., 2004), o Premature
Ejaculation Proile – PEP (PATRICK; GIULIANO et
al., 2009), o Premature Ejaculation Diagnostic Tool
– PEDT (SYMONDS; PERELMAN et al., 2007),
o Arabic Index of Premature Ejaculation – AIPE
(ARAFA; SHAMLOUL, 2007) e o Index of Premature
Ejaculation – IPE (ALTHOF; ROSEN et al., 2006).
De maneira geral, são instrumentos breves, que
variam de 4 a 36 itens por autorrelato, de fácil
administração em níveis de medidas diferenciados.
Por outro lado, a veriicação dos estudos de
validade e das qualidades psicométricas entre os
citados indicaram uma situação preocupante.
Apenas o PEP, PEDT, AIPE e IPE apresentaram em seus estudos mais de uma evidência
de validade, sendo o PEP, PEDT e AIPE classiicados como instrumentos de rastreamento, contendo entre quatro e sete cinco itens. O PEQuest não
apresentou ou justiicou a ausência de informações
estatísticas referentes ao processo de validação,
assim como o CIPE na versão traduzida para o inglês. Para esses dois últimos, os autores apresentaram um número de dimensões avaliadas da EP
incompatível com a quantidade de itens. Em média,
dois itens para cada dimensão. Por im, todos possuem itens e/ou dimensões que avaliam os critérios
mencionados anteriormente, a latência ejaculatória,
o senso de controle, satisfação sexual e sofrimento.
A sucinta organização exposta sobre a
EP apresentou dois desaios para o construto. Em
primeiro lugar, a necessidade de critérios mensuráveis que possam ser comparados com pesquisas
realizadas e futuros estudos. Em segundo, a necessidade de um maior investimento em instrumentos
de medida padronizados e validados para avaliar
o fenômeno. Althof (2007) acrescenta que essa
condição deve ser revertida pelos signiicativos investimentos realizados pela indústria farmacêutica,
na busca de uma alternativa de solução medicamentosa para aumentar a latência ejaculatória.
Para contribuir com o cenário exposto, o
presente estudo teve como objetivo avaliar a produção de artigos sobre ejaculação EP, especiicaRBSH 2013, 24(2); 121 - 134
mente na identiicação dos critérios utilizados para
avaliação. Acredita-se que a análise dessas produções possa contribuir para a tomada de decisão
em relação aos rumos do construto, assim como
para o aperfeiçoamento constante do conhecimento.
MÉTODO
Fonte e Procedimento de análise
Foram analisados os artigos sobre a EP
publicados entre os anos de 2000 a 2013. Eles
estavam indexados nas bases cientíicas Science
Citation Index (SCI), US National Library of Medicine National Institutes of Health (MEDLINE), PsycINFO, Literatura Latino-Americana e do Caribe em
Ciências da Saúde (LILACS), Scientiic Electronic
Library Online (SciELO), Citas LatinoAméricanas
en Ciencias Sociales y Humanidades (CLASE).
Para as buscas utilizou-se o próprio mecanismo
de busca disponível no site de cada base, as palavras-chaves utilizadas foram premature ejaculation, rapid ejaculation, rapid climax, premature climax, e early ejaculation, associada com a palavra
evaluation. Somente foram consideradas as publicações cuja investigação fosse primária utilizando
metodologia cientíica reconhecida. No total, foram
encontradas 137 publicações nas bases mencionadas. Uma revisão por resumos excluiu pesquisas
feitas em outras espécies, teóricas e artigos duplicados pelas bases que congregaram um mesmo
periódico. Essa operação reuniu 66 artigos, sendo
7 na LILACS e SciELO, 2 na CLASE e 59 na SCI e
MEDLINE. A base PsycINFO não foi incluída, pois
seus artigos estavam indexados nas outras bases.
As publicações foram classiicadas em número de
autores, origem, ano, periódico, temática, sujeitos,
tipo de amostra, critério utilizado para avaliação da
EP, uso de instrumento de medida, tipo de instrumento de medida e o método de coleta de dados.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS PARA EJACULAÇÃO PRECOCE: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Reletir sobre o conhecimento produzido
em determinado tema ou área permite dimensionar
e redeinir estratégias para o saber/fazer cientíico.
O que e quem se publica, a forma de disseminar
essa publicação, propicia aos proissionais interessados e aos de áreas ains uma ampla visão a respeito dos recentes rumos desse saber. Neste sentido, a caracterização dos responsáveis e o propósito
dessas produções é a etapa inicial nesse processo.
Das produções avaliadas, 282 autores
foram responsáveis por elas, em média 4 autores
por artigo (DP=3,0; Min=1,0; Max=13). Na maioria, os resumos foram de autoria múltipla (78,8%).
Em relação à origem por continentes, 41% das
produções foram da Ásia, 24% da Europa, 12%
da América do Sul, 11% da América do Norte, 6%
da Austrália e 5% da África. Somente 2% das produções foram de autores com diferentes nacionalidades. Em relação a países, o Irã, a Itália, a Turquia
e o Brasil foram os que mais publicaram artigos.
Mesmo que as buscas por palavras-chave
tenham favorecido ou não o resultado dos artigos
encontrados para EP, observou-se a coerência dos
dados em relação ao Unesco Science Report 2010
(UNESCO, 2010). Nesse relatório, a Ásia foi o continente que mais investiu em pesquisas nos últimos
anos, assim como países de economias emergentes, como Turquia e Brasil.
Esses artigos, em sua maioria, estavam
vinculados a periódicos da área médica, especii-
127
camente urologia, psiquiatria/neurologia e farmacologia. O periódico de maior vinculação foi Journal
of Sexual Medicine (JSM), congregando 30% das
publicações. Apesar de se tratar de um periódico
recente, lançado em 2004, seu enfoque é multidisciplinar, condição favorável para os diversos tipos
de pesquisas relacionados à EP. Atualmente o JSM
ocupa o sexto lugar no fator de impacto das 63 revistas na categoria Urology and Nephrology. A listagem dos periódicos que vincularam as publicações
relacionadas à EP e a comparação em relação ao
fator de impacto do JSM com segundo e terceiro
colocados foram organizadas abaixo.
Em relação à temática pesquisada para
EP, nove temas classiicaram as publicações. Os
mais comuns para todos os continentes foram o
Ensaios clínicos e Farmacológica, representando
58% das publicações. Outra tendência em relação
aos continentes foram pesquisas epidemiológicas
em relação à EP. Os temas e sua composição por
continentes foram organizados na Tabela 2.
Consideraram-se tais tendências válidas
em relação às pesquisas sobre EP. De certa forma
as pesquisas de triagens, epidemiológicas e farmacológicas compõem estudos necessários para
a avaliação e dimensionamento de quaisquer tipos
de disfunções e/ou doenças. Por outro lado, pesquisas relacionadas a intervenções médicas e desenvolvimento de ferramentas foram identiicadas em
países/continentes desenvolvidos. Dessa forma,
Tabela 1. Frequência e porcentagem de artigos relacionados à EP por periódicos.
Periódicos
Periódicos com uma publicação
Periódicos com duas publicações
Revista Brasileira de Medicina
European Urology
British Journal of Urology International
Journal of Clinical Psychopharmacology
Journal of Urology
International Journal of Impotence Research
Journal of Sexual Medicine
Total
N
20
6
3
3
3
3
3
5
20
13
%
30
9
5
5
5
5
5
8
30
8,3
RBSH 2013, 24(2); 121 - 134
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Figura 1. Comparação do fator de impacto entre os três primeiros colocados em relação às pesquisas relacionadas à EP
Tabela 2. Temáticas pesquisadas para EP organizadas por continentes.
Estudo de caso
Ensaios clínicos
Epidemiológico
Intervenções médicas
Farmacológica
Desenvolvimento de
questionários
Comportamento e atitudes
sexuais
Ásia
Europa
%
%
47
26
-
67
-
América do
%
Austrália
África
%
%
%
5
11
5
5
-
33
-
do Sul
-
100
17
33
63
11
5
50
-
25
-
-
17
Revisão sistemática/meta-análise
30
Total
41
Desenvolvimento de ferramentas
América
-
-
-
%
%
-
29
-
5
Nacionalidades
-
3
17
-
-
5
5
25
-
-
-
100
-
-
-
-
40
-
-
30
-
-
15
24
12
11
6
5
2
100
100
-
17
-
Total
-
inferiu-se um possível avanço tecnológico dos
mesmos por propostas interventivas. Ainda sobre
as tendências em relação às temáticas, segundo
RBSH 2013, 24(2); 121 - 134
Norte
Diferentes
11
-
-
-
-
-
9
29
6
2
3
a Figura 2, observou-se um aumento nos estudos
sobre a EP em 2006, situação ocorrida devido a um
grande número de pesquisas para a produção de
medicamentos.
CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS PARA EJACULAÇÃO PRECOCE: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
129
Figura
2. Distribuição gráica das pesquisas sobre EP ao longo dos anos.
A respeito dos sujeitos pesquisados, as
produções utilizaram em média 900 participantes
nos estudos (DP=2199,8; Min=1; Max=11914) de
idades entre 18 e 80 anos. Considerou-se para
esse dado um número compatível de sujeitos para
investigações de triagens, epidemiológicas e farmacológicas. Para sua caracterização, na maioria
foram utilizados sujeitos com e sem EP, mas também outros tipos, sem predominância quanto ao
tipo, como homens com alterações endócrinas,
prostatite inlamatória, prostatite crônica, infarto
do miocárdio, hérnia de disco lombar, síndrome da
doença pós-orgásmica, espondilite anquilosante,
doença de Behçet, síndrome da dor pélvica crônica,
epilepsia generalizada, hiperprolactinemia, queixas
de infertilidade, esclerose múltipla e transtornos do
eixo I.
Após a caracterização dos responsáveis
e o propósito dessas produções, a etapa seguinte
investigou os critérios estabelecidos nas pesquisas para EP, o uso de instrumentos de medida e o
método de coleta de dados. Para essas análises,
não foram consideradas as pesquisas de Revisão
Sistemática/Meta-Análise.
Para avaliação da EP, 61% das pesquisas
utilizaram entre um e seis critérios (1=21%; 2=26%;
3=6%; 4 e 5=3%; 6=2%), 12% utilizaram os critérios
do DSM-IV e/ou IV-TR, 3% utilizaram os critérios do
DSM-IV e/ou IV-TR junto de outro critério, 2% utilizaram o critério do 2nd International Consultation
on Sexual Dysfunctions, e 7% não informaram quais
critérios foram utilizados. Quanto ao tipo, o IELT foi
o mais utilizado, seguido da satisfação, senso de
controle e latência ejaculatória. A relação dos tipos
de critérios e suas frequências foram apresentadas
na Tabela 3.
Tabela 3. Os tipos de critérios da EP e suas frequências utilizadas nas publicações.
Critérios utilizados
Senso de controle pelo parceiro(a)
Frequência da parceira em atingir o orgasmo
Controle ejaculatório
Sofrimento
Sofrimento do parceiro(a)
Sofrimento interpessoal
Sofrimento no relaciomaneto
Sofrimento
Latência ejaculatória
Senso de controle
Satisfação
Satisfação sexual feminina
Satisfação sexual masculina
N
(específico)
1
1
1
5
N
(total)
1
1
4
8
9
9
RBSH 2013, 24(2); 121 - 134
1
1
130
Sofrimento do parceiro(a)
Sofrimento interpessoal
Sofrimento no relaciomaneto
Sofrimento
Latência ejaculatória
Senso de controle
Satisfação
Satisfação sexual feminina
Satisfação sexual masculina
Satisfação no relacionamento
Satisfação
Satisfação Sexual
Satisfação com intercurso sexual
Tempo de Latência Intravaginal para a Ejaculação (IELT)
Para esta avaliação, considerando somente
os instrumentos de medida que avaliam questões
sexuais, 45% das pesquisas utilizaram um instrumento de medida, 9% utilizaram mais de um, 12%
utilizaram um questionário criado para o propósito
da investigação e 33% não utilizaram nenhum
instrumento. Dos instrumentos de medidas identiicados, 33% deles foram construídos especiicamente para avaliação da EP, o restante tratou-se de
instrumentos que avaliam aspectos sexuais globais
ou de forma especíica, a exemplo a ereção. Em
relação ao método de coleta de dados para aplicação dos critérios, 72% utilizaram o diagnóstico
clínico, 16% utilizaram entrevistas, 7% diagnóstico
clínico e entrevista, 4% de entrevista por Internet e
2% de entrevista pelo telefone.
O panorama dos critérios utilizados para
avaliação da EP e suas estratégias de avaliação
apresentaram um recorte da situação do construto ao longo de 12 anos. Segundo as porcentagens
apresentadas, não foi encontrada nenhuma tendência em relação à utilização dos critérios, observou-se também uma baixa adesão na utilização dos
critérios propostos pelos sistemas de classiicação
de doenças. Essa situação agrava-se ainda mais,
na medida em que um terço dessas publicações
não informaram quais critérios utilizaram para
avaliar a EP e/ou utilizaram apenas um critério para
sua avaliação. Do ponto de vista cronológico, não
ocorreram tendências em relação ao aumento ou
diminuição no uso dos critérios ao longo dos anos
RBSH 2013, 24(2); 121 - 134
1
1
1
5
1
1
1
3
6
10
8
9
9
22
29
(x2 [88, N=66] = 98,83 p=0,20).
Em comparação ao estado atual em que se
encontram os estudos sobre a EP, esse recorte indicou exatamente a diiculdade da falta de consenso entre pesquisadores e proissionais sobre que
critérios a deinem como uma disfunção, doença ou
condição (SEGRAVES, 2010). Indicou também, ao
longo desses anos, a sua permanência na medida
em que não foi encontrada nenhuma tendência na
utilização de critérios entre as publicações pesquisadas. Isso signiica um grande problema na comparação entre pesquisas, como airmaram Wincze
e Carey (2001), quando mencionaram que alguns
critérios utilizados enquadram homens como ejaculadores rápidos em determinadas pesquisas, mas,
de acordo com os critérios utilizados em outras
pesquisas, tais homens não se enquadrariam nessa condição.
Outra diiculdade foi identiicada na utilização de instrumento de medidas. A utilização
ou não desse tipo de instrumento, em parte, não
pode ser considerada um problema, pois se trata de
uma estratégia de pesquisa. Da mesma maneira,
para método de coleta de dados, apesar de questionável quando se trata de diagnóstico clínico, pela
mesma condição da falta de consenso em relação
à EP. Considerou-se que a diiculdade identiicada
está relacionada quanto ao tipo de instrumento e
propósito.
Em relação ao tipo, mesmo que o recorte
tenha apresentado a utilização de todos ou quase
CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS PARA EJACULAÇÃO PRECOCE: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
todos os instrumentos disponíveis que avaliam a especiicamente a EP (conhecidos como AIPE, CIPE,
IPE, PEDT e PEP), esses instrumentos somente
foram utilizados em um terço dos estudos. Embora
construídos e validados para esse propósito, a maioria deles não apresentaram um número signiicativo
de produções que atestem suas qualidades psicométricas. Outro entrave em relação ao tipo foram
os instrumentos criados para o propósito da investigação, não sendo descrito em nenhuma deles os
itens e/ou critérios utilizados para avaliação da EP.
Para o propósito, as altas porcentagens
indicaram a utilização de instrumentos sexuais
que avaliam outros aspectos além da EP. Sendo o
instrumento mais utilizado o International Index of
Erectile Function (IIEF). Ainda que esse instrumento
mantenha em sua estrutura dimensões que avaliam
satisfação sexual, ele não avalia especiicamente a
EP. Nesse caso, as publicações se pautariam em
somente um critério na sua avaliação. Para ilustrar,
o estudo de Finotelli Jr. (2012) apresentou para associações entre o IIEF com IPE, uma correlação
mediana positiva entre as dimensões satisfação
sexual e satisfação geral do IIEF com a satisfação
sexual do IPE e uma mesma correlação nesse sentido, porém baixa, entre o escore total do IPE com a
dimensão função erétil do IIEF.
Certamente que as dimensões relacionadas se associaram em alguma medida, porém,
ao se tratar de um coeiciente mediano, alerta-se
para o fato de que elas não estariam avaliando a
mesma satisfação. Em relação à associação com
a dimensão função erétil, de certa forma, a continuidade da ereção favorece o desempenho da
resposta ejaculatória, assim a incapacidade da manutenção eretiva estaria associada em baixa magnitude com a incapacidade desse controle.
E inalmente, sobre os tipos de critérios
empregados, o IELT e a satisfação, independente
de qual dimensão, são coerentes ao número signiicativo encontrado de pesquisas cujo propósito
foi de investigações em triagens epidemiológicas e
farmacológicas, pois se tratam de medidas de fá-
131
cil operacionalização. Por outro lado, para o IELT
observa-se uma falta de concordância para o estabelecimento de um ponto de corte, caracterizando-o como um critério dependente, principalmente
em homens com EP secundária. Para a satisfação,
ela não é um critério especíico para EP, pois sua
ausência está presente em todas as disfunções
sexuais.
Em relação aos outros critérios encontrados, mesmo não sendo a mesma coisa, pois a IELT
seria uma forma de avaliar a latência ejaculatória,
ao agrupá-los, uma nova classiicação de uso de
critérios se apresentaria. Nessa nova classiicação,
segundo a ordem de utilização nas publicações
avaliadas, quatro critérios ganharam destaque: a
latência ejaculatória, a satisfação, o senso de controle e o sofrimento (ALTHOF; SYMONDS, 2007).
Na busca por propostas multidimensionais para a
avaliação da EP, essa é uma situação favorável.
Primeiro porque, uma vez que utilizados em conjuntos, são indicados como expoentes na busca por
critérios diagnóstico da EP (ALTHOF; SYMONDS,
2007). Em segundo lugar, para os instrumentos de
medidas disponíveis que avaliam especiicamente
a EP, todos eles mantêm na sua composição pelo
menos três dos quatro critérios mencionados.
Conclusão
O presente estudo avaliou as publicações
referentes aos critérios utilizados para avaliação
da EP, realizada entre publicações do período de
2000 a 2012. As buscas foram realizadas por palavras-chave em seis principais bases de dados de
periódicos cientíicos. Do ponto de vista de sua contribuição para a ciência, estudos sobre a produção
cientíica podem acrescentar na visibilidade do
tema, visto que permite descobrir o que está sendo
produzido e divulgado.
Os resultados apresentaram uma diversidade em publicações por países, principalmente de
países de economia emergente. Diversos também
foram os tipos de populações e as temáticas envolvidas nesses estudos. Observou-se um aumenRBSH 2013, 24(2); 121 - 134
132
to nas publicações a partir de 2005, todavia mantendo um contínuo de dez artigos por ano. Para
os periódicos que concentraram tais publicações,
destacaram-se aqueles cuja proposta de divulgação
é multidisciplinar. Sobre esses dados, o panorama
é favorável para o desenvolvimento de quaisquer
construtos.
Não foram encontradas tendências em
relação aos critérios utilizados na avaliação da EP,
quanto ao tipo e quantidade de critérios empregados. Observou-se uma baixa adesão na utilização
dos critérios propostos pelos sistemas de classiicação de doenças e foram encontradas pesquisas
que não mencionaram os critérios utilizados. Em
comparação a outras disfunções sexuais, observaram-se os desaios para o construto na composição de uma deinição e critérios diagnósticos
universais.
Os principais critérios encontrados foram à
latência ejaculatória, a satisfação, o senso de controle e o sofrimento. Observou-se o uso de instrumento de medidas nas pesquisas, principalmente
instrumentos que avaliam especiicamente a EP,
mas alertou-se para as suas qualidades psicométricas e seu emprego nesse tipo de avaliação.
Para as limitações, observou-se uma redução signiicativa do número de publicações
encontradas segundo as palavras-chave utilizadas. Isso seguramente eliminou pesquisas que
poderiam se enquadrar neste estudo. Além disso,
considera-se a necessidade da avaliação das
publicações por juízes independentes e níveis de
evidência cientíica segundo algum tipo de classiicação. Essa condição poderia fornecer maior
credibilidade para os resultados. Por im, os dados
apresentados organizaram de maneira sistemática
os critérios utilizados na avaliação da EP, segundo
suas publicações, sendo uma compilação útil para
diferentes frentes de pesquisa.
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