E mais uma vez, despejaram preconceito contra o Cidade Aracy…

Um bairro importante de São Carlos

No dia 4 de novembro infelizmente testemunhamos o assassinato de uma mãe. Uma morte a sangue frio, terrível, violenta e acima de tudo: triste e sem nenhum motivo. Uma família foi despedaçada em função de uma atitude covarde e que merece toda a punição do mundo (aliás, acho que toda ela seria pouco para o criminoso!) para o responsável pelos tiros que mataram a senhora Gracielle Batista da Luz.

A cidade ficou chocada porque este tipo de crime nos deixa com um nó na garganta. É a chamada banalização da vida, uma pessoa não aceita determinada situação e se acha no direito de colocar fim na vida da outra e novamente fazemos a pergunta: até quando, não é? Quantas vezes mais noticiaremos este tipo de morte, essa crueldade sem tamanho?

Para piorar, ainda vimos uma parte das pessoas que se acham no direito de controlar o tribunal da internet soltar todo o tipo de julgamento. Foram comentários preconceituosos contra o Cidade Aracy e as pessoas que lá vivem. Cheguei a ler um comentário que dizia que no bairro “só havia bandido”.

Gente, eu já escrevi uma vez e volta repetir: no Aracy tem gente ótima, trabalhadora, séria, honesta, de todos os credos, raças e gêneros, assim como em todo o município.  O Aracy é mundo, uma verdadeira “cidade” dentro de São Carlos, daí esse nome. Para quem não sabe, o Aracy tem comércio pujante, emprega muita gente e oferece todo o tipo de serviço. Há famílias que foram construídas no bairro e que já formaram outras. O que não cabe é o seu preconceito contra as pessoas que moram lá, certo?

Infelizmente, este crime triste que ocorreu no dia 4 se deu no bairro, mas isso poderia ocorrer na avenida São Carlos, por exemplo, não há como dizer que essa tragédia que todos lamentamos e choramos até agora se deu porque as pessoas residiam no Cidade Aracy, deixem de ter visão estreita, deixem as pessoas em paz! Elevem seus pensamentos com preces e energias positivas para aqueles que estão passando por este dolorido processo de luto neste momento tão difícil da vida.

Crimes brutais podem ocorrer na Redenção, no Castelo Branco, no Azulville, na Vila Nery, no Centro e assim por diante, isso não é exclusividade de uma região. Quem não se lembra da mulher morta ano passado pelo marido no Castelo Branco?

Na verdade, esses que julgam pessoas por morarem em determinada região deveriam se preocupar em lutar para que mulheres não apanhem, não sejam mortas ou sofram qualquer tipo de preconceito estejam elas em que bairro estiverem de São Carlos ou no resto do Brasil. Se as pessoas usassem sua energia para levantar bandeiras de inclusão e respeito ao semelhante certamente a sociedade brasileira seria mais justa e menos preconceituosa. Falta educação, formação e sentimento de pertencimento.

O que devemos condenar aqui é a extrema violência com que a senhora Gracielle foi atingida. Essa é uma marca que ficará para sempre registrada. Não podemos aceitar que uma mulher seja morta desta forma, aliás, quantas todos os dias morrem assim? Por isso, é preciso que tenhamos mais respeito por lugares e por pessoas.

Se não demonstramos humanidade e solidariedade com semelhantes em momentos como esse para onde estamos indo? Que tipo de seres humanos nos tornamos?

Renato Chimirri