Poluição atmosférica é o maior risco ambiental à saúde no mundo

Segundo a OMS, mais de 7 milhões de pessoas morrem por ano devido às más condições do ar

poluição-china-8-730x486O ar é imprescindível para a nossa sobrevivência, mas a cada ano os índices de poluição atmosférica vêm crescendo, tornando este o maior risco ambiental à saúde no planeta. Um estudo publicado no The Lancet Oncology mostra que indivíduos expostos à poluição apresentam risco de câncer elevado em 50% a cada 10µg/m³ (microgramas de material particulado inalável por metro cúbico de ar) inalado. Em 2012, a poluição do ar foi responsável por mais de 7 milhões de óbitos no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

A poluição do ar afeta países em desenvolvimento e desenvolvidos. Do total de mortes registradas, 3,7 milhões são causadas pela poluição ambiental externa. A maioria das vítimas ocorreu em países de baixa e média renda, que representam 82% da população mundial. Já 4,3 milhões se devem à poluição interna dos lares, causada principalmente pela combustão para cozinhar com lenha, carvão e biomassa. Nesse caso, apenas 20 mil mortes foram registradas em nações ricas.

Entre as doenças causadas pela poluição externa, estudos revelam que 80% são cardiovasculares. Os outros 20% são doenças pulmonares crônicas (11%); câncer de pulmão (6%); e infecções respiratórias agudas em crianças (3%). Quanto à poluição nos lares, as principais doenças são derrames (34%); ataques do coração (26%); doenças pulmonares crônicas (22%); infecções respiratórias agudas em crianças (12%); e câncer de pulmão (6%).

No Brasil, os índices de poluição em São Paulo, capital mais populosa do país, chegam a uma taxa de 19 microgramas de PM 2,5 por metro cúbico. Para a OMS, uma cidade só possui um ar limpo se apresenta no máximo 10 microgramas de PM 2,5 por metro cúbico. Qualquer valor acima representa riscos para a saúde.  Porém, a qualidade do ar do Rio de Janeiro é ainda pior que a de São Paulo, 36 microgramas. Em 2011, Belo Horizonte registrou 28 microgramas, contra 17 de Curitiba e 16 de Vitória. As partículas PM 2,5 são as menores e com o maior potencial de afetar diretamente os pulmões.

Cubatão

A cidade de Cubatão, em São Paulo, antes da Lei de Controle de Poluição do Estado de São Paulo entrar em vigor (1976), passou por uma rápida industrialização na década de 1950 que ocasionou em um resultado terrível. A cidade se transformou no “Vale da Morte” na década de 1980, sendo apontada pela ONU como a cidade mais poluída do mundo.

Os níveis alarmantes de poluição comprometeram a saúde da população e se manifestaram em chuvas ácidas, problemas respiratórios e muitas crianças nasceram com graves problemas neurológicos e anencefalia e outras já mortas.

A recuperação começou a partir de 1983, com a participação de todos os setores da sociedade para enfrentar os problemas ambientais com sucesso, a ponto de ter 98% do nível de poluentes controlados. Cubatão foi considerada pela ONU como “Cidade-símbolo da Recuperação Ambiental”.

Mais Poluídas

Um trabalho da Organização Mundial de Saúde (OMS) mediu a poluição de 1,6 mil cidades ao redor do mundo, e constatou que Nova Déli, na Índia, possui o ar mais sujo, com uma média anual de 153 microgramas de partículas pequenas (PM 2,5). Das 20 cidades mais poluídas, 13 são indianas. Pequim, a capital chinesa, ficou em 77º lugar com uma leitura de 56 PM 2,5. Segundo especialistas da OMS, os dados chineses são de 2010.

Porém, no ano de 2013, Pequim chegou a níveis extremos de poluição atmosférica. A poluição ultrapassou 300 microgramas de partículas menores por metro cúbico e chegou a atingir 993 microgramas, de acordo com o Greenpeace, muito mais que o recomendado. As autoridades municipais foram obrigadas a adotar um plano de emergência, cancelando obras na cidade e recomendando aos moradores que usassem o transporte público e deixassem os automóveis em casa. Nas escolas, atividades ao ar livre foram proibidas para evitar problemas respiratórios nas crianças.

Por outro lado, 32 cidades registraram um nível PM2.5 inferior a 5. Entre elas está Vancouver, no Canadá, outras sete norte-americanas e Hafnarfjordur, na Islândia.

 Telhado verde, uma solução ecológica

Iniciativas sustentáveis estão sendo adotadas em diversos países para combater a poluição do ar. Rodízio de automóveis entre outras medidas já são praticadas nas capitais, mas há algo que vem se tornando cada vez mais comum: os telhados verdes. A vegetação nos telhados produz oxigênio e também serve como filtro para eliminar dióxido de carbono e partículas de metal pesado do ar. Além disso, os telhados ecológicos regulam a temperatura ambiente dos edifícios e absorvem a água da chuva que pode ser armazenada.

A ideia virou lei na França, que obriga os prédios a terem telhados verdes ou placas solares, e também em Recife. A Lei Municipal 18.112/2015 prevê o plantio de gramas, hortaliças, arbusto e árvores de pequeno porte nas lajes dos edifícios. A Cidade do México também reduziu a poluição com essa opção sustentável.

Já a China vai fechar termelétricas a carvão em Pequim e eliminar o uso do material em indústrias. A capital chinesa pretende adotar energia limpa e a gás como uma alternativa menos poluente.

 

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