1) O documento discute como os pecadores menosprezam Cristo ao negligenciar a grande salvação oferecida no Evangelho, preferindo seus negócios e campos.
2) O autor argumenta que menosprezar Cristo é um pecado grave, pois é desprezar a obra prima de Deus que custou o sangue de Cristo, assim como é desprezar a Deus e Seu Filho.
3) Ele alerta que aqueles que menosprezam o Evangelho também menosprezam os horrores do inferno e as glórias do céu,
2. 2
“Eles, porém, não fazendo caso, foram, um para o
seu campo, outro para o seu negócio.” (Mateus
22.5)
O homem não mudou muito desde os dias de
Adão. Em sua estrutura corporal parece ser
exatamente o mesmo, pois os esqueletos que
possuem muitas centenas de anos correspondem
exatamente aos nossos. E verdadeiramente, os
feitos do homem realizados há séculos e que
ficaram registrados na história, poderiam ser
escritos de novo, pois, “nada há de novo debaixo
do sol”. Ainda descobre-se a mesma classe de
homens (apesar de, talvez, vestidos de maneira
diferente) que existiu em idades muito remotas.
Ainda existem homens que respondem ao caráter
que o Salvador atribuiu a outros em Seu dia: Vão,
“um para o seu campo, e outro para o seu
negócio”, desprezando as coisas gloriosas do
Evangelho.
Estou seguro de que temos muitas personalidades
semelhantes aqui esta noite, e peço ao Senhor que
me dê graça para pregar-lhes muito solenemente e
muito explicitamente. E devo pedir aos que
entendem a arte celestial da oração, que orem para
que Deus se agrade em fazer chegar diretamente
ao peito em que Ele quer que se alojem, cada um
3. 3
destes pensamentos, para que produzam o fruto
consolador de justiça na salvação de muitas almas.
“Eles, porém, não fazendo caso…” Muitas
pessoas fazem isso neste dia! E, isso mesmo fará,
esta noite, uma boa porção de meus ouvintes. Eu
creio que menosprezar a Cristo é pecado. E
correndo o risco de ser chamado, falsamente, de
legalista, ou partidário do livre arbítrio, pelos que
são mais sábios do que o que está escrito, eu
colocarei esta carga sobre vocês, como tais, pois
espero que eu nunca pertença a essa classe de
calvinistas que fazem o trabalho do diabo
desculpando aos pecadores em seus pecados!
Em primeiro lugar, lhes direi algumas palavras
concernentes a o que é aquilo que o pecador
menospreza. Em segundo lugar, como é que o
menospreza. E em terceiro lugar, por que é que o
menospreza. Depois farei uma ou duas
observações adicionais, e será tudo, para não
cansar-lhes.
1. Em primeiro lugar, O QUE É AQUILO
QUE O PECADOR MENOSPREZA? Segundo a
parábola, as pessoas aludidas menosprezaram a
festa de bodas que um rei havia preparado, com
todo tipo de finos manjares, à qual haviam sido
generosamente convidados e à qual se ausentaram
deliberadamente. É fácil descobrir o significado
4. 4
espiritual disto. Os pecadores que menosprezam a
Cristo, expressam seu desprezo por um glorioso
banquete que Deus tem providenciado pelas bodas
de Seu Filho. O lugar que nos encontramos é terra
solene. Oh, imploramos pelos ensinamentos do
Espírito Santo!
Tomando esta parábola como a base de nossos
comentários, podemos observar, primeiro, que o
pecador menospreza ao mensageiro que leva-lhe
as notícias de que a ceia das bodas está
preparada. Estes homens recusaram participar.
Decidiram ir, “um a seu campo, e outro a seus
negócios”, e assim, menosprezaram o
mensageiro. E cada pecador que negligencia a
grandiosa salvação de Jesus Cristo, menospreza e
não toma seriamente ao ministro do Evangelho, e
este não é um insulto insignificante aos olhos de
Deus.
Se o embaixador da Inglaterra fosse tratado com
indiferença, isso não seria considerado nunca por
nossa grande nação como uma ofensa
insignificante. E tenham por certo que não é algo
sem importância para Deus que os embaixadores
que Ele envia a vocês sejam desprezados! Mas
isso é relativamente pouco, pois os embaixadores
são homens como vocês, que podem suportar a
rejeição, se isso fosse tudo. De fato, nós
estaríamos contentes o bastante para perdoá-los se
5. 5
estivesse em nosso poder fazê-lo, e se esta fosse
toda a culpa de vocês.
Mas estas pessoas desdenharam da festa. Algumas
delas imaginavam que os animais cevados e as
demais provisões que estariam sobre a mesa, não
seriam melhores que os que elas tinham em casa.
Essas pessoas pensavam que o banquete real não
seria algo tão grandioso para renunciarem a seus
negócios por um dia, ou para renunciarem sua
lavoura ainda por uma hora. Desprezaram o
banquete, ou, ao menos, parece que foi assim,
porque eles não participaram!
Oh, pecador, quando você desdenha da grande
salvação, seria bom que recordasse o que é o que
você despreza! Quando você menospreza o
Evangelho de Deus, menospreza a justificação
pela fé, menospreza ser lavado pelo sangue de
Jesus, menospreza o Espírito Santo! Você
menospreza o caminho para o céu, e logo,
menospreza a fé, a esperança e o amor. Você
menospreza todas as promessas do pacto eterno –
todas as coisas gloriosas que Deus reservou para
os que o amam e tudo aquilo que Ele prometeu em
Sua Palavra como sendo a dádiva prometida
àquele que vem a Ele.
Desdenhar do Evangelho é algo grave, pois nessa
Palavra – as boas novas inspiradas por Deus – está
6. 6
resumido tudo aquilo que a natureza humana
poderia requerer, e tudo aquilo que inclusive os
santos que estão na bem-aventurança recebem.
Oh, é uma loucura desprezar o Evangelho do Deus
Bendito; é muito pior do que loucura! Se você
despreza as estrelas, você é um néscio. Se você
despreza a terra de Deus, com suas gloriosas
montanhas, com seus rios afluentes em seus
formosos prados, você é um maníaco. Mas, se
você despreza o Evangelho de Deus, você
equivale a dez mil maníacos em um. Se você
desdenha disto, você é muito mais néscio do que
quem não vê nenhuma luz no sol, não contempla
nenhuma formosura na lua e nem nenhum brilho
no firmamento estrelado. Pisoteie, se quiser, Suas
obras inferiores, mas, oh, recorde-se que quando
você desdenha do Evangelho, está
menosprezando a obra prima de seu Grandioso
Criador – o que lhe custou mais do que criar uma
miríade de mundos – a compra sangrenta
realizada pelas agonias de nosso Salvador!
E, além do mais, estas pessoas menosprezaram ao
Filho do Rei. Tratava-se de Seu matrimônio, e na
medida em que se ausentaram, desonraram a esse
Ser glorioso em honra de quem a ceia foi
preparada. Desdenharam dAquele a quem Seu Pai
amava. Ah, pecador, quando você desdenha do
Evangelho, desdenha de Cristo – esse Cristo
diante de quem os gloriosos querubins se
7. 7
inclinam, esse Cristo a cujos pés o excelso arcanjo
considera uma felicidade lançar sua coroa;
desdenha dAquele cujo louvor ressoa a abóbada
do céu; desdenha dAquele a quem Deus tem
altíssima consideração, pois lhe chamou: “Deus
acima de tudo, bendito para sempre!”
Ah, é algo solene menosprezar a Cristo! Se você
desprezar um príncipe, receberá pouca honra, por
isso das mãos do rei. Mas se você desprezar o
Filho de Deus, o Pai se vingará de você pelo
menosprezo de Seu Filho. Oh, meus queridos
amigos, me parece que é um pecado, não
imperdoável, eu sei, mas, ainda assim, um pecado
extremamente atroz, que os homens
menosprezem ao meu bendito Senhor Jesus Cristo
e lhe tratem com um desdém cruel! Menosprezar-
te a Ti, doce Jesus? Oh, quando Te vejo coberto
com um manto de sangue, lutando no Getsemâni,
me curvo ante a Ti e digo: “Oh, Redentor, que
sangra pelo pecado, algum pecador poderia
desdenhar de Ti?” Quando lhe contemplo e vejo
um rio de sangue escorrendo pelos Teus ombros,
sob a maldita flagelação do açoite de Pilatos,
pergunto: “Algum pecador pode desdenhar de um
Salvador como este?” E quando lhe vejo lá,
coberto com Seu sangue, cravado em um madeiro,
expirando em meio a tortura, e gritando: “Eli, Eli,
lamá sabactâni;” me pergunto: “Alguém pode
menosprezar isto?”
8. 8
Ora, se o fizerem, então, de fato, seria um pecado
que bastaria para condená-los, ainda que não
houvessem cometido nenhum outro pecado: que
houvessem desdenhado do Príncipe da Paz, que é
glorioso e totalmente desejável.
Oh, meu amigo, se você desdenha de Cristo,
haverá insultado ao Único que pode lhe salvar, ao
Único que pode lhe transportar para o outro lado
do Jordão, ao Único que pode tirar os ferrolhos
das portas do céu e lhe dar boas vindas. Não
permita que nenhum pregador de lisonjas o
persuada de que isso não é um crime. Oh, pecador,
pense em seu pecado se você estiver desdenhando
dEle, pois então, você desdenha do Único Filho
do Rei.
E, ainda, mais uma vez, estas
pessoas menosprezaram também ao Rei que havia
preparado o banquete. Ah, você pouco sabe, oh
pecador, que quando você faz pouco caso do
Evangelho, está insultando a Deus. Eu ouvi que
algumas pessoas dizem: “senhor, eu não creio em
Cristo, mas ainda assim estou seguro de que busco
reverenciar a Deus; não me importa o Evangelho,
eu não desejo ser lavado no sangue de Jesus, nem
ser salvo pela graça imerecida, mas eu não
desprezo a Deus. Eu sou religioso por natureza!”
Não, senhor, você, na verdade, insulta ao Todo-
Poderoso, na medida em que nega a Seu Filho. Se
9. 9
você desprezar o filho de um homem, insulta o
próprio homem; Se você rejeitar ao Unigênito
Filho de Deus, rejeita ao próprio Ser Eterno. Não
existe tal coisa como a verdadeira religião natural
à parte de Cristo! É uma mentira e uma falsidade!
É o pretexto de um homem que não é
suficientemente valente para dizer que odeia a
Deus. É apenas um refúgio de mentiras, pois quem
nega a Cristo, neste ato ofende a Deus, e fecha as
portas do céu diante de si mesmo!
Não se pode amar ao Pai exceto através do Filho
– e não há uma adoração aceitável ao Pai, exceto
através do Grandioso Sumo Sacerdote, o
Mediador, Jesus Cristo. Oh meu amigo, recorde-
se que você não desprezou meramente o
Evangelho, mas você desprezou o Evangelho de
Deus. Ao rir das doutrinas da Revelação, você riu
de Deus. Ao ultrajar a verdade do Evangelho,
você ultrajou o próprio Deus. Você cerrou o
punho ante a face do Eterno, suas blasfêmias não
foram contra a igreja, mas contra Deus mesmo.
Oh, recordem-se, vocês, que zombam da
mensagem de Cristo. Recordem, vocês que se
afastam do ministério da verdade! Deus é um
Deus poderoso – lembrem-se de quão
severamente Ele pode castigar! Deus é um Deus
ciumento – Oh, quão severamente Ele punirá!
Menosprezar a Deus, pecador? Ora, isto, além de
todas as coisas, é um pecado que condena, e ao
10. 10
cometê-lo, pode ser que um dia você assine sua
própria sentença de morte, pois desdenhar de
Deus, de Cristo e de Seu Santo Evangelho é
destruir a própria alma e é precipitar-se de cabeça
a perdição. Ah, almas infelizes, extremamente
infelizes vocês serão, se vocês viverem e
morrerem fazendo pouco caso de Jesus, e
preferindo seus campos e seus negócios aos
tesouros do Evangelho!
Além do mais, meu pobre amigo digno de
compaixão, considere que quando você desdenha
de todas as coisas que mencionei, está
menosprezando as grandes solenidades da
eternidade. O homem que desdenha do
Evangelho, menospreza o inferno. Ele pensa que
suas brasas não são ardentes e que suas chamas
não são como Cristo descreveu. Ele desdenha das
lágrimas ardentes que escaldam sempiternamente
as faces desesperadas. Menosprezam os bramidos
e os gritos que serão os cantos de lamento e a
música terrível das almas que perecem. Ah, não é
sábio menosprezar o inferno!
Considere de novo: você menospreza o céu, esse
lugar ao que os bem aventurados anelam chegar,
onde a glória reina sem nenhuma nuvem, e a bem-
aventurança reina sem um suspiro. Você coloca a
coroa da vida eterna debaixo de seus pés. Você
pisoteia o ramo de palma debaixo de seu pé
11. 11
malvado e considera pouca coisa ser salvo e pouca
coisa ser glorificado. Ah, pobre alma, uma vez
que você esteja no inferno, e uma vez que a chave
de ferro seja virada para sempre na fechadura do
destino inevitável, você descobrirá que o inferno
é algo que não é tão fácil de desprezar! E quando
você houver perdido o céu e toda sua bem
aventurança, e só possa ouvir o cântico dos bem
aventurados ressoando vagamente à distância,
aumentando sua miséria pelo contraste com a
bem-aventurança deles, então você descobrirá que
não é algo sem importância ter menosprezado o
céu. Todo homem que desdenha da religião,
menospreza estas coisas. Julga erroneamente o
valor de sua própria alma, e a importância de seu
estado eterno.
Isto é o que os homens menosprezam. “Oh,
senhor”! – disse alguém – “eu nunca dou lugar às
palavras hostis contra a verdade de Deus. Nunca
rio do ministro, nem desprezo o dia de domingo”.
Pare, amigo meu, eu o absolvo de tudo isso e,
ainda assim, solenemente lhe acusarei deste
grande pecado de menosprezar o Evangelho.
Ouça-me, então!
12. 12
II. COMO É QUE OS HOMENS O
MENOSPREZAM?
Em primeiro lugar, quando os homens vão ouvir a
pregação, mas não prestam atenção, estão
menosprezando o Evangelho e todas as coisas
gloriosas de Deus. Quantas pessoas frequentam as
igrejas e capelas para entregarem-se a uma soneca
confortável! Considerem que insulto terrível é
isso para o Rei do céu. Por acaso vocês entrariam
no palácio de sua majestade, a Rainha Vitória, e
pediriam uma audiência, para logo se colocarem a
dormir diante de sua face? E, ainda assim, o
pecado de dormir na presença de sua majestade
não seria tão grande, inclusive contra suas leis,
como o pecado de dormir intencionalmente no
santuário de Deus. Quantas pessoas vão as nossas
casas de adoração, e não dormem, mas sentam
com olhares vagos, escutando como escutariam a
um homem que não pode tocar uma melodia
alegre com um bom instrumento? O que entra por
um ouvido sai pelo outro! Tudo que entra no
cérebro sai sem nunca afetar o coração. Ah, meus
ouvintes, vocês são culpados de menosprezar o
Evangelho de Cristo quando escutam um sermão
sem lhe prestar atenção! Oh, quanto dariam as
almas perdidas para ouvir outro sermão? O que
daria aquele pobre desgraçado que está agora se
aproximando da sepultura, por outro dia de
domingo? E quanto você daria, num desses dias,
13. 13
quando estiver à beira do Jordão, para poder
receber mais uma advertência e escutar mais uma
vez a voz cortejadora do ministro de Deus? Nós
desdenhamos do Evangelho quando o ouvimos
sem prestar uma solene e séria atenção.
Mas algumas pessoas dizem que eles,
verdadeiramente, prestam atenção. Bem, é
possível prestar atenção no Evangelho, e, mesmo
assim, desdenhar dele. Vi alguns homens
chorarem sob a influência de algum poderoso
sermão. Vi que as lágrimas descem uma atrás da
outra: lágrimas, benditas evidências das emoções
internas. Algumas vezes disse a mim mesmo: é
maravilhoso ver estas pessoas chorarem sob a
influência de alguma palavra eficaz de Deus, que
está alarmando-os, como se o próprio Sinai
estivesse trovejando em seus ouvidos.
Mas há algo ainda mais maravilhoso que o pranto
dos homens sob a influência da palavra. É o fato
de que imediatamente, mais do que
imediatamente, eles enxugam todas as suas
lágrimas. Mas, ah, meu querido ouvinte, recorde-
se que se você ouve acerca destas coisas e se
desfaz de alguma solene impressão, ao fazer isso,
você menospreza a Deus e desdenha da Sua
verdade. E tenha muito cuidado quando fizer isso,
para que as suas próprias vestes não se manchem
14. 14
de vermelho com o sangue de sua alma e ela lhe
diga: “Se perdeu, ó Israel”.
Mas há outras pessoas que a menosprezam de uma
maneira diferente. Ouvem a palavra e prestam
atenção, mas, aí, prestam atenção, juntamente, em
algo mais.
Oh, homem que me escuta, você menospreza a
Cristo se O colocar em qualquer lugar, menos no
centro do seu coração! Aquele que dá a Cristo um
pouco de seus afetos, menospreza a Cristo, pois
Cristo quer receber o coração inteiro ou não quer
receber nada. Aquele que dá a Cristo uma porção
e ao mundo outra porção, despreza a Cristo, pois
crê que Cristo não merece receber a totalidade. E,
no tanto, quem diz isso, ou pensa isso, tem
pensamentos baixos e malvados acerca de Cristo!
Oh homem carnal, você que é meio religioso e
meio profano, você é algumas vezes sério, mas
com frequência é frívolo; algumas vezes é
aparentemente piedoso, mas com frequência é
perverso, pois você menospreza a Cristo! E vocês,
que choram no Domingo e logo regressam para
seus pecados na Segunda-Feira; vocês que
colocam o mundo e seus prazeres acima de Cristo,
têm menor estima por Ele do que Ele merece. E o
que é isso senão menosprezá-Lo? Oh, lhe exorto,
amigo que me escuta esta noite, a que se pergunte
15. 15
se você não é esse homem. Você mesmo não
menospreza a Cristo? O homem com justiça
própria, que se coloca a si mesmo como sócio de
Cristo no assunto da salvação, apesar do lixo de
todas as suas boas obras, é como o líder no meio
dos desprezadores, que eu gostaria de colocá-lo no
pelourinho bem no meio deles, e proporia a todos
os que são como ele que tremam, para que não
sejam encontrados, eles também, como
desprezadores de Jesus.
Mais uma vez, despreza a Cristo quem faz uma
profissão de religião, e apesar disto, não vive de
acordo com ela. Ah, membros da igreja, vocês
necessitam de uma boa peneirada! Temos agora
uma imensa quantidade de joio misturada com o
trigo; e algumas vezes penso que temos algo pior
do que isso! Temos alguns em nossa igreja que
não são tão bons quanto o joio, pois não parecem,
de todo, ter estado perto do trigo. Eles não são
nada melhores do que o joio. Entraram nas nossas
igrejas, como se houvessem entrado em uma
associação comercial, porque pensam que seu
negócio melhorará! Tomar o sacramento
proporciona respeitabilidade ao seu nome. Haver
sido batizado ou ser membro de uma Igreja Cristã
lhes torna estimados. E assim, entram em grandes
quantidades atrás dos pães e dos peixes, mas não
após de Jesus Cristo!
16. 16
Ah hipócrita, você menospreza a Cristo se você
pensa que Ele é um pretexto para obter riquezas!
Se você sonha que colocará sela e rédea em Cristo,
e cavalgar até as riquezas nEle, comete um grande
erro, pois Ele nunca teve intenção de levar os
homens a parte alguma exceto ao céu. Se você
supõe que a religião foi destinada a adornar sua
casa, encarpetar seus pisos e forrar suas carteiras,
se equivocou grandemente. Ela tem o propósito de
ser proveitosa para a alma. E aquele que pensa em
usar a religião em benefício próprio, menospreza
a Cristo; e no último dia, este crime lhe será
imputado: “ele O menosprezou”. E o Rei enviará
seus exércitos para cortar em pedaços aqueles que
desprezaram Sua Majestade, e não quiseram
obedecer às Suas leis!
III. E agora, em terceiro lugar, lhes direi POR
QUE O MENOSPREZARAM. Fizeram isso por
diferentes razões.
Alguns deles O menosprezaram porque eram
ignorantes. Não sabiam quão excelente era a festa,
não sabiam quão generoso era o Rei, não sabiam
quão formoso era o Príncipe, pois de outra
maneira, haveriam pensado de maneira diferente.
Agora, há muitas pessoas presentes esta noite que
desdenham do Evangelho porque não o entendem.
Muitas vezes ouvi as pessoas rirem da religião.
Mas pergunte-lhes em que ela consiste, e não
17. 17
sabem mais sobre a religião do que um cavalo
sabe, e pior que isso, pois creem em coisas erradas
acerca dela, e um cavalo não faz isso. Riem da
religião, simplesmente, porque não a entendem. É
algo que está além de seu alcance.
Nós ficamos sabendo acerca de um homem tolo
que, sempre que ouvia uma porção de latim sendo
mencionada, ria, porque pensava que era uma
piada, de qualquer forma era uma maneira muito
bizarra de falar, e por isso ria! O mesmo acontece
com muitas pessoas quando ouvem o Evangelho.
Não sabem o que é, e, portanto, riem. “Oh” –
dizem – “esse homem está louco!”. Mas, por que
ele está louco? Porque você não o entende? Você
é tão soberbo para supor que toda a sabedoria e
todo o conhecimento devem descansar em você?
Eu lhe sugeriria que a loucura está do seu lado. E
ainda que você possa dizer dele: “As muitas letras
te fazem delirar”, nós replicaríamos: “É muito
fácil ficar louco quando não se tem,
absolutamente, nenhum conhecimento”. E
aqueles que não possuem nenhum conhecimento,
e especialmente aqueles que não têm nenhum
conhecimento de Cristo, são os mais propensos a
desprezá-lo. Bem que disse Watts:
“Se todas as nações conhecessem Seu valor,
Seguramente a terra inteira O amaria”
18. 18
Oh, queridos amigos, se vocês soubessem quão
bendito mestre é Cristo; se vocês soubessem que
coisa bendita é o Evangelho; se pudessem ser
conduzidos imediatamente a crer quão bendito
Deus nosso Deus é; se pudessem ter uma hora do
gozo como o da experiência cristã; se pudessem
experimentar uma promessa aplicada a seu
coração, nunca menosprezariam outra vez o
Evangelho.
Oh, você diz que não gosta dessas coisas! Ora,
você nunca provou! Um homem desprezaria o
vinho do qual nunca tomou um pequeno gole?
Talvez seja mais doce do que ele imagina. Oh,
provai, e vede que o Senhor é bom e, é certo que
se você O provar uma vez, verá Sua bondade! Irei
me aventurar a dizer, outra vez, que há muitas
pessoas que menosprezam o Evangelho,
simplesmente, devido à ignorância. E se é assim,
tenho um pouco de esperança de que quando
sejam um pouco iluminados por estarem
escutando a Palavra, o Senhor se agrade em levá-
los a Si por Sua graça. E então eu sei que nunca
mais menosprezarão a Cristo. Oh, não sejam
ignorantes, pois “a alma sem conhecimento não é
boa”! Busquem conhecê-lo, já que conhecê-lo
corretamente é a vida eterna. E quando o
conhecerem, nunca o menosprezarão.
19. 19
Outras pessoas O menosprezaram devido ao
orgulho. “De que me serve” – alguém diz – “que
você me traga esse convite? Entre em minha casa,
meu senhor, e eu te mostrarei uma festa tão boa
quanto qualquer outra que você possa falar-me.
Olhe isto! Aqui você pode comer
abundantemente. Minha mesa é tão abastecida
quanto a de qualquer outro homem. Sua
Majestade que me perdoe, mas o Rei não pode dar
uma festa melhor do que eu. E não vejo por que
eu deveria arrastar meus ossos para ali, se não vou
conseguir nada melhor do que eu posso ter em
casa”. Portanto, não quis ir por orgulho.
E o mesmo acontece com alguns de vocês. Você
precisa ser lavado? Não – você nunca foi sujo, não
é? Você precisa ser perdoado? Oh, não – você é
bom demais para isso! Ora, você é tão
tremendamente piedoso na sua própria opinião,
que se tudo fosse verdade, você faria inclusive
com que o anjo Gabriel se envergonhasse ao
pensar em você. Você não considera que um anjo
seja capaz, nem sequer de segurar uma vela pra
você. O que? Você procurar por misericórdia?
Isso é um insulto pra você. “Vá e diga ao bêbado”
– você comenta – “Vá e busque a prostituta. Mas
eu sou um homem respeitável, eu vou sempre à
igreja ou à capela, eu sou um bom indivíduo.
Posso me divertir de vez em quando, mas
compenso isso num outro dia. Às vezes eu sou um
20. 20
pouco negligente, mas, então ponho rédea nos
cavalos, e compenso a distância depois. E ouso
dizer que vou para o céu como qualquer outra
pessoa. Eu sou um tipo muito bom.”
Bem, meu amigo, não me surpreende que você
despreze o Evangelho, pois o Evangelho só lhe diz
que você está totalmente perdido. Diz-lhe que sua
justiça própria está cheia de pecado! Diz-lhe que,
no que diz respeito a ser salvo por sua justiça
própria, você poderia, de igual maneira, tentar
cruzar o Atlântico navegando sobre uma folha
seca, como tentar chegar ao céu por meio de sua
justiça própria. E quanto a ela ser um vestuário
adequado para cobri-lo, você poderia, de igual
maneira, pegar uma teia de aranha para ir a corte
e considerá-la um vestido apropriado para se
apresentar diante de Sua Majestade.
Ah, meu ouvinte, eu sei por que você despreza a
Cristo: é por causa de seu orgulho satânico! Que
o Senhor lhe despoje de seu orgulho, porque se
Ele não o fizer, será a lenha que assará sua alma
para sempre! Acautelai-vos do orgulho; os anjos
caíram pelo orgulho. Como então podem, os
homens, ainda que sejam a imagem de Seu
Criador, esperar vencer por meio dele? Evitem-
no, fujam dele; pois tão certo como você é
orgulhoso, você incorrerá na culpa de
menosprezar a Cristo!
21. 21
Talvez, um número equivalente menosprezou as
boas novas, porque não creram no mensageiro.
“Oh!” – disseram – “pare um momento. Como?
Será oferecida uma ceia? Não creio nisto! O que?
O jovem Príncipe vai se casar? Conte isto aos
néscios já que nós não cremos em uma coisa
dessas. O que? Todos fomos convidados? Não
acreditamos nisto, a história é incrível.” O pobre
mensageiro regressou para casa e disse a seu
Mestre que eles não acreditaram nele. Essa é
precisamente outra razão do por que muitas
pessoas desprezam o Evangelho: porque não
creem nele. “O que?” – dizem – “Jesus Cristo
morreu para lavar os homens de seus pecados?
Não cremos nisto. Como? Um céu? Quem o viu
alguma vez? Um inferno? Quem alguma vez
ouviu seus gemidos? Como? Eternidade? Quem
alguma vez regressou desta última esperança de
todo espírito? Como? Bem-aventurança na
religião? Não cremos nisto: é uma coisa
entorpecedora e miserável. Como? Doçura nas
promessas? Não, não há; nós cremos que há
doçura no mundo, mas não cremos que haja
alguma doçura nos poços que o Senhor cavou”. E
assim, eles desprezam o Evangelho, porque não
creem nele. Mas, eu estou seguro de que, uma vez
que um homem crê nele, nunca lhe menospreza.
Se eu tenho uma solene convicção em meu
coração, pelo Espírito Santo, de que se não sou
salvo, há um abismo aberto que há de me devorar,
22. 22
você pensa que posso ir descansar depois de haver
tremido da cabeça aos pés? Se creio de coração
que há um céu pronto para aqueles que creem em
Cristo, você pensa que posso dar sono aos meus
olhos, ou descanso à minhas pálpebras depois de
haver até chorado porque ele não é meu? Eu creio
que não.
Mas a incredulidade abominável introduz sua mão
na boca de um homem, e arranca seu coração, e,
assim, lhe destrói, pois não lhe permitirá crer! E,
portanto, não pode sentir porque não crê. Oh,
meus amigos, a incredulidade conduz os homens
a menosprezarem a Cristo! Mas a incredulidade
não permanece para sempre. Não há descrentes no
inferno: todos são crentes ali. Há muitos que
foram descrentes aqui, mas não são agora! As
chamas são demasiadamente quentes para fazê-
los duvidar de sua existência! É difícil que um
homem atormentado nas chamas duvide da
existência do fogo. Seria difícil que um homem,
estando diante do olho ardente de um Deus,
duvide depois disto da existência de um Deus. Ah,
incrédulos, arrependam-se, ou melhor, que o
Senhor lhes convença de desistir de sua
incredulidade, pois isto lhes faz menosprezar a
Cristo e isto é o que está lhes tirando a vida e
destruindo suas almas!
23. 23
Outro conjunto de pessoas menosprezou esta
festa porque eram muito mundanos: Eles tinham
muitas coisas para fazer. Eu ouvi acerca de um
rico comerciante que foi visitado um dia por um
homem piedoso, e quando estava a sua frente, lhe
perguntou: “bem, senhor, qual é o estado da sua
alma?” “Alma?” – lhe respondeu – “Maldita seja.
Não tenho tempo para cuidar de minha alma.
Tenho suficientes coisas para fazer cuidando de
meus barcos.” Aproximadamente uma semana
depois aconteceu que ele teve que encontrar
tempo para morrer, pois Deus o levou. Tememos
que Deus lhe tenha dito: “Louco! Esta noite te
pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para
quem será?” Vocês, comerciantes de Londres, há
muitos de vocês que leem mais seus livros
contábeis do que suas Bíblias. Talvez você deva
fazê-lo. Mas vocês absolutamente não leem suas
Bíblias, enquanto que vocês leem seus livros
contábeis todos os dias.
É dito que nos Estados Unidos eles adoram o
todo-poderoso dólar. Eu creio que em Londres,
muitas pessoas adoram a nossas todo-poderosas
moedas de ouro. Têm o maior respeito pelas todo-
poderosas notas promissórias – esse é o deus que
muitos homens estão sempre adorando. O livro de
oração que levam muito religiosamente em suas
mãos é seu livro-caixa. Inclusive nos domingos,
há um cavalheiro lá – ele não pensa que seu chefe
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saiba disto – mas esteve sentado toda a manhã
dentro do escritório, porque estava chovendo,
fazendo sua contabilidade. E agora ele vem aqui à
noite, porque ele é um homem muito piedoso,
extraordinariamente piedoso. Ele seria capaz de
fechar os parques no domingo, ele não permitiria
nenhuma alma receber um pouco de ar puro,
porque é muito piedoso, mas ele mesmo pode se
sentar metade de um dia no escritório, no dia de
domingo, para fazer sua contabilidade, e não
considera isto um pecado! Mas alguns estão
demasiadamente ocupados para pensar nestas
coisas. “Orar?” – eles dizem – “Eu não tenho
tempo para isso! Eu tenho que pagar! Eu tenho
que orar? O que? Ler a Bíblia? Não, eu não posso.
Tenho que supervisionar isto e aquilo, e ver como
vão os mercados. Eu encontro tempo para ler o
jornal Times, mas não poderia pensar em ler a
Bíblia”. Será maravilhosamente infeliz para
alguns de vocês quando descobrirem que o
contrato de arrendamento de suas vidas é muito
mais curto do que vocês esperavam! Se vocês
houvessem firmado um contrato por suas vidas de
oitenta e oito anos a partir desta data, vocês seriam
tolos o bastante, talvez, para gastar quarenta e
quatro deles no pecado. Mas considerando que
vocês são arrendatários acomodados e passíveis
de serem expulsos qualquer dia, é o cúmulo da
tolice, o próprio clímax do absurdo – que excede
tudo o que o bobo da corte com seu chapéu e seus
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sinos já fez – viver simplesmente para escolher as
riquezas deste mundo e não viver para as coisas
vindouras. O mundanismo é um demônio que
torceu o pescoço de muitas almas. Que Deus nos
conceda que não pereçamos devido ao nosso
mundanismo!
Há outra classe de pessoas que só posso
caracterizar dessa maneira: São completamente
irreflexivas. Se lhes perguntar algo concernente a
religião, não têm nenhuma opinião a respeito. Eles
não a detestam positivamente, não zombam dela,
mas não têm nem ideia à respeito! O fato é que
têm a intenção de pensar a respeito no futuro. A
vida delas é uma espécie de existência de
borboletas, sempre se movendo por todos os
lados, sem nunca fazer nada, nem para os outros
nem para si mesmos. E essas são pessoas muito
amigáveis, estão sempre prontas a dar algum
dinheiro para uma caridade, nunca rejeitam a
ninguém, ainda que dariam seu dinheiro da
mesma maneira quer fosse para um jogo de
críquete ou para uma igreja! Agora, se eu fosse
forçado a regressar para o mundo, e tivesse que
escolher o caráter que gostaria de ter, a última
posição que eu gostaria de ocupar seria a do
homem irreflexivo. Eu creio que pessoas
irreflexivas são as que estão em maior perigo de
cair na perdição, de todas as classes que conheço.
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Algumas vezes eu gosto de dirigir a palavra a um
homem completamente resoluto, inflexível e que
odeia o Evangelho, pois seu coração é como uma
pedra. E quando é atingida pelo martelo do
evangelho, a pedra fica despedaçada em um
instante. Mas estas pessoas irreflexivas possuem
o coração de borracha grossa: Você as golpeia, e
elas cedem. Golpeia de novo, e voltam a ceder. Se
estão enfermas, você as visita, lhes dizem: “Sim”.
Quando lhes fala acerca da importância da
religião, dizem “sim”. Quando lhes fala acerca de
escapar do inferno e entrar no céu, lhe dizem:
“Sim”. Pregue-lhes um sermão quando já estão
melhor, e recorde-lhes os votos que fizeram
durante sua enfermidade: “isso é certo, senhor” –
lhe dizem. E respondem o mesmo não importa o
que lhes diga. São sempre muito corteses com
você, mas colocam de lado qualquer coisa que
lhes disser. Se você começa a falar-lhes acerca dos
bêbados: “oh, eles não são bêbados; talvez se
embebedaram acidentalmente alguma vez, mas
isso foi uma coisa pequena fora do modo
habitual”. E apresente-lhes qualquer pecado que
queira, e pode golpeá-los, e golpeá-los, mas não
adianta nada, pois não são tão facilmente
quebrantados nem pela metade (falando da
maneira dos homens), como o verdadeiro inimigo
do Evangelho de coração duro!
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Ora, há um marinheiro que regressa para casa de
sua viagem pelo mar, jurando, blasfemando e
maldizendo. Ele entra na Casa de Deus, e o
Espírito aplica praticamente a primeira palavra
para quebrantar o coração de João! Outro jovem
diz: “eu conheço aquilo que qualquer ministro
possa me dizer, pois minha própria mãe me
ensinou, e meu velho pai costumava ler a Bíblia
para mim até o ponto de ter, eu creio, cada
pedacinho dela na minha cabeça. Vou a capela por
causa do respeito à sua memória, mas realmente
não me importa nada disso tudo. Isso é muito bom
para as pessoas idosas, é muito bom para as
mulheres idosas e para aqueles que estão
morrendo nos tempos de cólera; é uma coisa
muito boa, mas não me interessa nada sobre isso
neste momento.”
Agora, eu lhes digo muito solenemente, pessoas
descuidadas, que vocês são o próprio salva-vidas
do diabo! Vocês são suas reservas – ele os
mantém afastados da batalha – ele não os envia a
frente como envia ao blasfemo, pois teme que
algum disparo possa atingir casualmente sobre
vocês, e vocês poderiam ser salvos. Mas ele diz:
“espere aqui, e se você tiver que sair eu lhe darei
uma cota de malha[1] impenetrável”. As flechas
voam zumbindo contra você, todas lhe alcançam,
mas infelizmente, nem uma só delas penetram seu
coração, porque esse ficou em algum outro lugar.
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Você é somente um casulo vazio. Quando vem à
Casa de Deus, e Sua Palavra é pregada, você
desdenha dela, pois seu hábito consiste em ser
irreflexivo acerca de tudo.
Tenho que tocar em outro caso muito brevemente,
e logo lhes deixarei ir. Vocês podem desdenhar do
Evangelho por pura presunção. São como o
néscio, que segue adiante e é castigado – não são
como o homem prudente, que, “vê o mal e se
esconde”. Eles seguem adiante, este passo é
seguro – e o dão. O próximo passo é seguro – e
também o dão. Seu pé balança sobre o abismo de
trevas. Mas eles tentarão dar um passo, e como
esse passo é seguro, pensam em tentar dar o
seguinte; e como o último foi seguro, e como
durante muitos anos deram passos seguros,
supõem que sempre os darão. E porque não
morreram, pensam que nunca morrerão. E assim,
por pura presunção, pensando que “todos os
homens são mortais, menos eles”, eles seguem
adiante menosprezando a Cristo. Tremam, vocês
homens presunçosos, já que nem sempre poderão
fazer isso.
E, por último, temo que haja uma grande
quantidade de pessoas que menosprezam a
Cristo devido ao caráter generalizado do
Evangelho. É pregado em toda parte, e essa é a
razão pela qual o menosprezam. Podem ouvi-lo na
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esquina de cada rua. Podem lê-lo nesta Bíblia que
tem ampla circulação e por causa do Evangelho
ser tão comum, você não se importa com ele. Ah,
meus queridos amigos, se houvesse apenas um
ministro do Evangelho em Londres que lhes
pudesse dizer a verdade. Se houvesse apenas uma
Bíblia em Londres, creio que vocês correriam para
ouvir a leitura dessa Bíblia. E o homem que
tivesse a mensagem não teria nenhum descanso,
pois estaria obrigado a trabalhar desde manhã até
a noite para proclamá-la a vocês. Mas agora,
porque têm tantas Bíblias, se esquecem de lê-las!
Porque têm tantos tratados, param no primeiro
artigo neles. Porque têm tantos sermões, não dão
nenhum valor neles. Por que isso acontece? Vocês
têm pouca estima pelo sol porque ele espalha seus
raios amplamente? Vocês têm pouca estima pelo
pão porque é o alimento que Deus dá para todos
os seus filhos? Vocês têm pouca estima pela água,
quando está com sede, porque todos os riachos
irão fornecê-la a você? Não. Se você estivesse
sedento por Cristo, O amaria ainda mais porque
Ele é pregado em toda parte, e não O
menosprezaria por causa disto.
“Eles, porém não se importaram”. Quantos dos
meus ouvintes esta noite, estão menosprezando a
Cristo? Sem dúvidas, muitos de vocês. Darei a
vocês, então, apenas uma advertência e logo nos
despediremos. Menospreza a Cristo, pecador?
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Permita-me dizer-lhe que você o lamentará no dia
em que estiver em seu leito de morte. Será duro
para você, quando o esqueleto lhe agarrar, e
quando estiver levando-lhe para o fundo do rio,
para lhe mergulhar no lago da morte. Será duro
para você, quando os tendões de seus olhos se
romperem, e quando o suor de morte estiver sobre
sua testa. Lembra-se da última vez que você teve
febre? Ah, como você tremia! Lembra-se, noite
passada, como você se estremecia na cama
quando na tormenta raio após raio atravessavam
sua janela, e como você tremia quando o grave
trovão manifestava a Voz de Deus? Ah, pecador,
você tremerá mais intensamente, quando ver que
a morte vem para você e quando o cavaleiro
esquelético, sobre seu cavalo branco, pegar seu
dardo e cravá-lo em seu coração. Será duro para
você então, se você não tem a Cristo como
refúgio, nem conta com o sangue para lavar sua
alma!
Além disso, recordem-se que depois da morte
vem o juízo! Será duro para você se houver
desprezado a Cristo e morrer como um
desprezador. Você vê aquele anjo voando? Suas
asas são feitas de chamas, e em sua mão ele possui
uma pontiaguda espada de dois gumes. Oh, anjo,
a que deve o seu voo apressado? “Ouça!” – ele diz
– “esta trombeta lhe dirá.” E ele coloca a trombeta
em seus lábios, e –
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“Toca um chamado tão estrondoso e terrível,
Que nunca os sons proféticos foram
Tão cheios de aflição!”
Olhem! Os mortos em suas mortalhas se
levantaram de seus sepulcros! Observem! A
carruagem de nuvens é conduzida pelas mãos de
querubins! Contemplem! Lá, sobre o trono se
senta o Rei, o Príncipe. Oh, anjo, o que há de ser,
neste dia terrível, do homem que houver
menosprezado a Cristo? Olhem ali, ele
desembainhou sua espada! “Esta lâmina” – ele diz
– “o encontrará e o atravessará. Esta lâmina, como
uma foice, arrancará todo joio do trigo, e este
braço forte o atará em um feixe para ser queimado.
E este meu grande braço o tomará, e o lançará
abaixo, abaixo, abaixo, onde as chamas ardem
para sempre, e o inferno geme eternamente.”
Então, será duro para vocês! Prestem atenção na
palavra deste homem esta noite, saiam e zombem
dela, mas recordem-se, eu repito, que será algo
terrível para vocês quando Cristo vier para o juízo
se vocês tiverem lhe menosprezado. E pior do que
tudo se vocês forem encerrados nas cavernas de
desespero. Se alguma vez ouvirem dizer:
“Apartai-vos de mim, malditos.” Se misturarem
seus terríveis gritos com os dolorosos uivos de
miríades de perdidos. Se virem o abismo que não
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tem fim e o precipício que possui paredes de fogo,
por haver Lhe menosprezado. Será algo terrível se
encontrar ali e saber que nunca poderão sair!
Pecador, esta noite eu lhe prego o Evangelho.
Antes que você parta, ouça-o e creia nele. Que
Deus te dê graça para recebê-lo, para que você
seja salvo. “Quem crer e for batizado será salvo;
mas quem não crer” – assim diz a Escritura – “já
está condenado.” Crer é colocar sua confiança em
Cristo. Ser batizado é ser mergulhado nas águas
em nome do Senhor Jesus, como uma profissão de
que você já está salvo e que você ama a Cristo.
“Quem crer e for batizado será salvo; mas quem
não crer já está condenado.” Oh, que vocês nunca
cheguem a saber, pela Sua Graça, o significado
dessa última palavra: CONDENADO. Adeus!