O que Adam Smith e Karl Marx pensariam sobre IA (Inteligência Artificial)?

O que Adam Smith e Karl Marx pensariam sobre IA (Inteligência Artificial)?

Estava eu na última semana conversando com meu amigo e vizinho Vitor Mendes, falando sobre política e economia, e adentramos nas teorias de Adam Smith e Karl Marx.

As ideias de Adam Smith e Karl Marx não poderiam ser mais distantes. Enquanto Smith lançou as bases para o livre mercado e a economia liberal, Marx previu o fim do capitalismo e a eventual capitulação ao socialismo; um o “Pai do Capitalismo Moderno”, o outro seu maior crítico.

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Adam Smith descreveu como a produção é muito mais eficiente se você tiver pessoas especialistas, ou seja, cada uma se especializando em fazer uma pequena parte de um produto, em vez de tentar fazer um inteiro. Sua tese da economia liberal e do livre mercado defende que o Estado mais atrapalha do que ajuda quando interfere na economia e que, na verdade, ele deveria deixar o capital se autorregular. Na verdade, o liberalismo começa a enxergar o Estado como algo que precisa diminuir para que o sucesso do indivíduo empreendedor ocorra, assim com sua liberdade.

Posteriormente, Marx desenvolveu o conceito, mostrando que ele tinha dois aspectos complementares, mas distintos; a divisão social do trabalho (criando ocupações especializadas) e a divisão técnica do trabalho (a divisão progressiva de cada papel em tarefas menores). Para ele, a burguesia industrial era a raiz do problema, pois o capitalismo era uma engrenagem na qual iria se perpetuar para sempre um padrão de exclusão do proletariado urbano. As instituições do Estado e a própria democracia seriam apenas um teatro para encobrir as verdadeiras intenções dos capitalistas de dominar, explorar e subjugar os trabalhadores. Na análise de Marx, os trabalhadores são os únicos a produzirem, através de sua força de trabalho, algum tipo de mercadoria. Os burgueses apenas apropriam-se destes recursos. Cabe aos proletariados urbanos tomar as rédeas da revolução, retirar a burguesia, tomar os meios de produção e iniciar um regime que, de fato, fosse representativo dos interesses operários.

Sob essa luz, Smith e Marx estão destacando que, para alguns de nós, nosso trabalho e a maneira como o vivenciamos podem apoiar ou contradizer diretamente nossas necessidades psicológicas mais profundas. Especificamente, embora a divisão social do trabalho tenha o potencial de ter alguns efeitos positivos (visto que aumenta a produtividade por meio da especialização), a divisão técnica do trabalho causa uma progressiva desqualificação do trabalho à medida que as tarefas são divididas em componentes menores em nome da 'eficiência', por sua vez causando efeitos negativos significativos no bem-estar psicológico.

Smith e Marx testemunharam tais processos durante os anos da Revolução Industrial. Claro, a natureza do trabalho para muitas pessoas mudou desde então.

A aplicação da inteligência artificial (IA) tem girado em torno de melhoria de processos, aumento da produtividade e na redução de custos para as empresas. Mas, e o impacto causado sobre as pessoas?

Inovações tecnológicas quase sempre trazem benefícios. Temos vários exemplos disso em todas as áreas de atuação.

No contexto da inteligência artificial, pode-se ver a tendência mais ampla de desenvolvimento de tecnologia de aprendizado profundo por grandes empresas como Amazon, Google e Microsoft, sendo pioneiros e inovadores. Mas a natureza da IA e da coleta de dados que vem com aplicativos de IA centrados em dados, desta forma a tese de Marx não parece aplicável. Os pioneiros e inovadores parecem causar o maior impacto e criar valor no mercado.

Tem havido muitas preocupações expressas por especialistas e tecnólogos de que a IA pode tirar empregos.

Será que já não passamos por isso?

Vamos relembrar apenas dois fatos para elucubrarmos:

  • Os automóveis substituíram os cavalos no início do século 20;
  • Os celulares substituíram amplamente os sistemas telefônicos mais antigos;

Será que nos importamos com o destino de todos os trabalhos de manutenção de cavalos ou dos empregos de operador de mesa telefônica?

Quando a web foi inventada por Tim Berner-Lee em 1989, alguém pensava que poderia haver milhões de empregos criados em torno da construção, manutenção e funcionamento de sites?

Olhar para o futuro e ter uma imagem clara é difícil. Prever o futuro é ainda mais difícil. O máximo que podemos fazer é calibrar nossas respostas e ver como podemos nos preparar para as diferentes possibilidades do futuro.

No centro disso tudo está a propriedade inerente do capitalismo de transformar velhas formas de produção em novas formas. Essas novas formas de produção precisam de novas habilidades, novas técnicas de aprendizagem e humanos que possam se adaptar a um mundo em constante mudança.

E você, o que pensa?

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