E se eles trabalhassem para você?

E se eles trabalhassem para você?

Contratamos mais de 600 pessoas para desempenhar funções importantes em duas unidades de resultado. Ambas, responsáveis por 3 funções estratégicas. Depois de um tempo cada contratado recebeu uma solicitação formal para emitir um relatório simples sobre o que fez até aquele momento e, principalmente, sobre os resultados que alcançou. Apenas uma parcela muito pequena atendeu a solicitação, menos de 5% dos 600 contratados. Mesmo recebendo salários muito competitivos e tendo vários assistentes a disposição só umas poucas pessoas prestaram as informações. Se eles trabalhassem para você o que aconteceria em situações como esta?


Para uma análise mais apurada, seguem os detalhes do "case" real. Foram contratadas 513 pessoas para a unidade de Brasília na função de deputado federal e outras 94 pessoas para trabalharem na unidade de São Paulo na função de deputado estadual, ambas casas legislativas, casas do povo. Cada uma dessas pessoas recebe muitos recursos financeiros, além dos salários muito acima da média e da possibilidade de contratar um grupo de assessores (cuja quantidade faz inveja para muitas pequenas empresas brasileiras). Como são casas legislativas elas têm 3 funções principais: fiscalizar, criar leis e, principalmente, cuidar dos interesses dos contratantes, ou seja, da sociedade que as elegeu.


Sem entrar no mérito do porquê que temas que são notoriamente importantes para a grande maioria dos eleitores não receberem a devida e proporcional atenção por parte dos "contratados" nós vamos nos ater ao relatório que foi solicitado.


Todos os 513 deputados e deputadas federais e os 94 estaduais receberam no final de 2017 uma republicana e educada solicitação formal para que prestassem contas sobre: a) quantos e b) quais projetos apresentaram no presente mandato (2015 a 2017) e, destes, c) quantos foram aprovados, ou seja, algo relativamente simples de se fazer, caso houvesse boa vontade.


Para a nossa surpresa (ou não) quantidade de deputados que atenderam esta simples solicitação não chegou nem perto de 5% do total deles, ou seja, 95% dos políticos que deveriam zelar pelos interesses dos eleitores sequer se dignaram a enviar um resposta.


Entre as poucas respostas recebidas uma delas foi, por sinal, bastante curiosa. Além de não apresentar as informações solicitadas a resposta questionava "por parte de quem" que aquela solicitação era feita. Curioso, não? O retorno que enviei não deixou de ser educado e explicar que quem solicitava era "apenas" um eleitor, mas se aqueles que foram contratados estivessem um pouco mais atentos, o chefe nem precisaria se identificar. Eles trabalham pra nós!

Paulo Morais é empreendedor, educador, eleitor e criador do Programa Venturança de Educação Empreendedora com Criptomoedas Educacionais


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