Entenda como funcionam as artilharias e defesas usadas por Israel e Hamas na guerra do Oriente Médio

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israel atacando faixa de gaza 1

O ataque ao território israelense pelo grupo terrorista Hamas, ocorrido em 7 de outubro e que causou a morte de 1.400 pessoas, foi planejado por dois anos e já considerava a superioridade militar de Israel frente aos palestinos. A avaliação é do analista de inteligência Fernando Montenegro. Em entrevista exclusiva ao site da Jovem Pan, Montenegro afirmou que o grupo palestino “já sabia que não teria como vencer Israel militarmente” e, por isso, foi construída uma “arapuca” para os israelenses. A guerra no Oriente Médio é bastante complexa. Parece que essas ações do Hamas foram planejadas há dois anos e isso é muito mais uma arapuca para Israel do que qualquer outra coisa. O Hamas já sabia que não teria como vencer Israel militarmente. Então resolveram criar outras formas de atingir Israel. O principal objetivo foi causar uma indignação e obrigar os israelenses a irem combater no território deles, que é a Faixa de Gaza. Diferente do que pensam, quanto mais bombardeios, mais escombros terão na rua e mais difícil ficará o acesso para as tropas de Israel passar. A região tem uma extensa rede de túneis subterrâneos e, com certeza, durante o período de preparação para esse combate, o Hamas já preparou várias armadilhas para atingir os combatentes israelenses”, explicou.

“Por outro lado, Fernando Montenegro diz considerar ser “impossível” a inteligência israelense não ter detectado com antecedência o ataque do Hamas. “Em termos de opções, a inteligência pode não ter detectado, como também pode ter detectado e não informado as autoridades. Outra opção é que eles podem ter detectado e informado, mas as autoridades não terem feito nada”, opinou. O analista também detalha quais as artilharias e defesas usadas por Israel e pelo Hamas. De acordo com ele, as bombas e os foguetes lançados pelo país do Oriente Médio são as mais sofisticadas do mundo e “tem uma precisão cirúrgica”. Por outro lado, os foguetes e granadas lançados pelo Hamas alcançam um raio de ação de até 50 metros. “Normalmente, eles explodem só quando atingem o solo. Existe tecnologia mais sofisticada que tem um temporizador numa determinada artilharia que pode abrir ou lançar estilhaços de cima para baixo. Isso atinge até quem está em trincheira. O Hamas não tem, mas Israel e os Estados Unidos com certeza têm”.

Fernando Montenegro fala que Israel tem lançadores múltiplos que podem lançar de 15 até 20 foguetes de uma vez. Apesar disso, o especialista critica o sistema antiaéreo de defesa israelense. “Existe um sistema antiaéreo mais sofisticado usado pelos americanos, russos e franceses. Ele busca a detecção de mísseis que vão atingir alvos. Em Israel, há esse sistema, que é caro, mas não é infalível. Inclusive, já existem suspeitas de ter sido hackeado. Com isso, reduziu a eficácia de defesa do país. É um sistema que funciona a base de radares e sensores. Ao identificar um foguete, em frações de segundos fazem o cálculo da trajetória e interceptam. Caso veja que vai cair em um lugar não habitado, ele deixa cair devido ao alto custo dos foguetes de interceptação, que variam de R$ 250 mil a R$ 500 mil cada um”, completou.

Escalada do conflito

O conflito entre Israel e Hamas no Oriente Médio completa três semanas neste fim de semana. Iniciada em 7 de outubro, após ataque surpresa em território israelense, a guerra já mais de 8.000 mortos, sendo ao menos 1.400 vítimas israelenses e mais de 7.000 mortos na Faixa de Gaza. Além disso, o Exército israelense trabalha com a projeção de 229 reféns nas mãos do Hamas e uma nova escalada está prevista para os próximos dias. Isso porque Israel deu início às primeiras incursões terrestres contra o grupo terrorista. Na última quinta-feira, 26, tanques israelenses entraram na parte norte de Gaza e destruíram infraestruturas e túneis do Hamas – onde os integrantes terroristas se locomovem. Richard Hecht, porta-voz do exército israelense, descreveu a incursão como a de maior envergadura até agora e já alertou que as operações funcionam como um ensaio para uma possível grande invasão terrestre, planejada como retaliação ao ataque de 7 de outubro.

Além dos avanços contra o Hamas, as tropas de Israel também seguem em alerta para a possível entrada do grupo xiita libanês Hezbollah e até mesmo do Irã na guerra. Desde 8 de outubro, libaneses e israelenses se envolveram em ataques transfronteiriços entre os dois países, onde também foram registradas ações reivindicadas por facções palestinas presentes no território libanês. Outro fato é que o número dois do grupo xiita libanês, Naim Qassem, afirmou que os seus membros estão “totalmente preparados” para intervir na guerra. O Irã também enviou uma mensagem de alerta por meio da ONU (Organização das Nações Unidas) para se posicionar sobre a operação militar que os israelenses preparam contra o Hamas. “Teremos de intervir na guerra se a operação das Forças de Defesa de Israel em Gaza continuar”, disse a mensagem entregue ao conselheiro de Segurança Nacional de Israel, Tzachi Hanegbi. Para Fernando Montenegro, a possibilidade do conflito ter uma nova escalada é alta. “Além do Hamas transformar Gaza numa ratoeira para os combatentes israelenses, tem uma possibilidade grande dessa crise escalar. O Hezbollah já está em pé de guerra para atacar Israel. Então basta tocar na Faixa de Gaza que vão ser desencadeados ataques. Também pode ter outro tipo de escalada caso o Irã entre”, concluiu.

 

 

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