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Bovinos / Grãos / Máquinas Pecuária

Como fazer uma desmama eficiente

O desmame pode ser realizado de formas diferentes, de acordo com as intenções do pecuarista

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Artigo escrito por João Paulo Lollato, médico veterinário e coordenador de Serviços Técnicos da Biogénesis Bagó; e Reuel Luiz Gonçalves, médico veterinário e gerente de Serviços Técnicos da Biogénesis Bagó

O índice zootécnico Taxa de Desmama é um excelente indicador para se avaliar uma fazenda de cria ou ciclo completo. Este índice consiste na relação entre o número de bezerros desmamados dividido pelo número de vacas expostas dentro de um determinado período pecuário. Alguns indicadores mais produtivos relatam que esta relação pode chegar a 79,1%. Este índice leva em consideração as perdas gestacionais e também a mortalidade de bezerros dentro do mesmo período avaliado.

A desmama se caracteriza pela retirada do bezerro do contato com a vaca. Tradicionalmente, realiza-se este manejo entre o 7º e 9º mês de idade. Nessa época, o animal já é um ruminante e tem plena condição de utilizar forragem sólida como única fonte de energia e de nutrientes de que necessita. Além do mais, a participação do leite na dieta do bezerro é pequena após o terceiro mês de lactação.

O desmame pode ser realizado de formas diferentes, de acordo com as intenções do pecuarista. Além disso, pode ocorrer em momentos distintos da vida do bezerro, dependendo do manejo realizado em cada propriedade. No entanto, para que esse período não seja crítico e/ou acarrete perdas, é preciso um planejamento com antecedência. Só assim, haverá uma desmama com eficiência e com bezerros que atinjam bom peso.

Para isso, é fundamental adotar um programa sanitário e aliá-lo ao programa de desmama, dando início neste protocolo antes do nascimento do bezerro. Um dos problemas recorrentes durante a fase de aleitamento e que pode influenciar no seu desenvolvimento, por exemplo, são as diarreias neonatais. Para se evitar essa enfermidade, a indicação é para que se faça uma vacinação preventiva na vaca com 60 e 30 dias antes do parto, contra Escherichia coli e Rotavírus (G6 e G10). Essa medida ajudará a baixar os índices de diarreia neonatal nos primeiros 35 dias de vida do bezerro, além de promover um excelente desenvolvimento, garantindo um bezerro mais sadio e, consequentemente, com melhor peso até a desmama.

No nascimento temos a etapa da cura do umbigo, quando se deve utilizar no manejo iodo 10% (“queima” do umbigo), uso de um repelente mosquicida, além de ser recomendada a aplicação de doramectina 1,1% para prevenir a instalação de uma miíase.

Entre 60-90 dias o produtor deve se atentar à prevenção efetiva contra doenças que podem prejudicar ou causar a mortalidade em bovinos. Esse é o momento de vacinar contra a clostridiose (indicada uma com 8 cepas + a cepa de E. coli J5) e, caso a região seja endêmica para a raiva, é fundamental fazer a aplicação da vacina antirrábica, com reforço 30 dias depois da primeira dose (simples, não conjugado). Ainda entre os três e oito meses, as fêmeas devem receber vacina B19 contra a brucelose, uma doença que, além de prejuízos econômicos na propriedade, é uma zoonose e possui controle oficial.

O produtor pode aproveitar esse manejo, com 90-120 dias, para desverminar o animal com vermífugo concentrado. Caso seja uma época chuvosa, em que há o desafio de combater os endo e ectoparasitas, há a indicação de ministrar a Ivermectina concentrada (3,15%), que atua com longa ação. Caso seja na época da seca, com apenas o desafio de combater os parasitas internos, pode-se ter como aliado o fosfato de levamisol concentrado (23,63%).

Um ponto importante que temos observado é que a suplementação com minerais injetáveis, à base de Cobre e Zinco orgânicos, nessa fase auxilia de forma efetiva para o desenvolvimento dos animais, influenciando positivamente na imunidade.

Após esse primeiro manejo, de dose e reforço das vacinações, já por volta dos sete/nove meses preferencialmente antes da desmama, a orientação é que seja realizada uma terceira dose das vacinações contra clostridiose (com 8 cepas + cepa de E. coli J5 para prevenção de diarreias), vacina antirrábica e novamente a aplicação de vermífugo de longa ação. Isso porque caso esse animal seja encaminhado a um manejo de recria, poderá ficar até quatro meses sem ter que voltar para um manejo de curral. Neste momento também é indicada novamente a aplicação da suplementação injetável (Zinco e Cobre orgânicos), que auxiliará na imunidade e minimizará o estresse que esse animal passará no período da desmama.

Protocolo sugerido – nascimento a desmama

  • Adultos*

– Anualmente: vacina clostridial + vacina antirrábica

– Sessenta dias pré-parto: Vacina para prevenção da Diarreia Neonatal

– Trinta dias pré-parto fazer reforço da vacina para prevenção da Diarreia Neonatal e um vermífugo à base de fosfato de levamisol concentrado (23,63g)

  • Bezerros (AS)*

– Nascimento: “Queima do umbigo com Iodo 5% ou 10% + Doramectina 1,1% + Repelente

– Noventa dias de nascido: Vacina Clostridial com 8 cepas + E. coli J5 + Vacina antirrábica + Vacina prevenção Botulismo + Doramectina 1,11% ou Ivermectina 1,13% LA + Suplementação Injetável com Zinco e Cobre orgânicos

– Cento e vinte dias de nascimento: Ivermectina 3,15% LA + reforço vacina clostrial + reforço vacina antirrábica + reforço vacina antibotulínica + suplemento mineral injetável

– Desmama: Nova dose da vacina clostridial + nova dose vacina antirrábica + suplemento mineral injetável e ivermectina 3,15% LA

*Bezerros e bezerras filhos de mães não vacinadas, iniciar a vacinação no D60 e reforço no D90. Depois refazer na desmama e anualmente.

Cuidados com a vaca

Caso a vaca não tenha sido imunizada e o bezerro apresente diarreia nos primeiros meses de nascimento, é necessário intervir com tratamento, além de identificar o agente causador para tomar as medidas necessárias de prevenção. A indicação nesta situação é o uso imediato de antibióticos. Nesse sentido, indicamos o Florfenicol 30% devido à sua praticidade de aplicação em dose única subcutânea, bem como a utilização de suplementação oral com probióticos e prebióticos.

Na prática, o produtor de gado de corte processa a desmama visando principalmente a vaca, a fim de que ela possa recuperar a condição corporal para parir bem e poder emprenhar logo, considerando que uma vaca produtiva e rentável é aquela que fornece para a fazenda um bezerro por ano.

Durante o período de desmama, o animal em desenvolvimento tem de fazer a transição de um estado de completa dependência dos cuidados maternos para um de independência. Num sentido amplo, desmama envolve todo um complexo aparato de mudanças comportamentais, nutricionais, morfológicas, fisiológicas e metabólicas, que constituem a transição para uma existência adulta independente.

Dessa forma, para os animais nascidos entre agosto e novembro, provenientes da estação de monta de novembro a fevereiro, recomendada pela Embrapa-CNPGC para o Brasil Central, a desmama tradicional deve ocorrer em duas etapas, nos meses de fevereiro e abril, mais tardar maio.

Separação

Uma alternativa para amenizar o estresse da separação é a introdução de animais adultos junto com os recém-desmamados, o chamado “amadrinhamento”, que tem a função de acalmar esses bezerros. Se possível, os bezerros devem ser desmamados tirando-se as mães do piquete de desmama, de forma que eles permaneçam em ambiente conhecido.

Após a separação, os bezerros devem permanecer em pastagens adequadas (forrageiras de alto valor nutritivo, de pequeno porte e alta densidade), com acesso a água e minerais de excelente qualidade. Observações realizadas na Embrapa-CNPGC com mães e crias desmamadas e separadas em pastos adjacentes demonstraram maior tranquilidade, tanto para as vacas quanto para os bezerros, desde os primeiros dias. Entretanto, tal separação exige a construção de cercas apropriadas que evitem possíveis mamadas. Existe uma crença de que para facilitar o manejo, deixar as crias no mangueiro por quatro a sete dias após a desmama pode ser prático, porém mesmo fornecendo água, ração no cocho e capim fresco à vontade, o estresse para este momento é ainda maior.

Em um sistema de produção de bovinos de corte, a taxa de desmama e a relação de desmama, que consiste no peso do bezerro desmamado dividido pelo peso da vaca que o desmamou, possuem grande influência sobre a eficiência do processo de criação. Quanto mais pesado desmamar este bezerro, menor será seu tempo até o abate, reduzindo sua permanência na propriedade caso seja de ciclo completo, ou maior será seu valor quando este animal for vendido.

Creep-Feeding

Uma das formas de aumentar o ganho de peso na desmama é por meio do fornecimento de alimentos direcionados para os bezerros, método chamado “creep-feeding”, isto é, fornecimento de ração através do uso de um cocho privativo, geralmente anexo ao cocho de mineral das matrizes, porém com acesso restrito aos bezerros. O “creep-feeding”, além de proporcionar uma excelente resposta em ganho de peso, ajuda a tornar o bezerro menos dependente da mãe, diminuindo o número de mamadas e minimizando os fatores de estresse no momento da desmama. Outro ponto importante é que a vaca sofre menos com o bezerro consumindo esta ração, o que melhora sua condição corporal, possibilitando um rápido retorno ao cio e consequente aumento da taxa de prenhez.

As desmamas são classificadas da seguinte forma:

Desmama Tradicional – Prática que depende da condição corporal da vaca e da disponibilidade de forragens e suplementação alimentar de boa qualidade. É comum em gado de corte, sendo realizada entre 7-9 meses. Pode ser antecipada ou adiada e aconselha-se o uso de suplementos ao bezerro. Este manejo também pode ser relacionado aos meses de maior valor do bezerro no mercado, avaliação regional ou local.

Desmama temporária ou interrompida – Para a melhoria da fertilidade de rebanhos de corte, utiliza-se a remoção temporária do bezerro, que consiste em separar a cria da vaca por um período de 48 a 72 horas, a partir de 40 dias pós-parto. Dependendo da condição corpórea da vaca, essa prática pode provocar o aparecimento do cio, podendo aumentar a taxa de concepção das genitoras em até 30%. Este manejo atualmente é pouco usado devido a outras tecnologias que vêm sendo utilizadas com os manejos de IATF, como o uso da eCG, entre outros. Favorece uma desmama precoce.

Desmame com amamentação controlada – Este tipo de desmame preconiza a diminuição da amamentação, com considerável aumento sobre a taxa de prenhez. Além de poupar a mãe de frequentes mamadas, esse processo vai acostumando o bezerro para a desmama definitiva. A amamentação controlada consiste em permitir a permanência do bezerro com a mãe durante dois curtos períodos do dia, entre 6 e 8 horas e das 16 às 18 horas, a partir do 30º dia de vida. Esse sistema exige muita mão de obra e também era utilizado como um método de desmama temporária. Favorece uma desmama precoce.

Desmama Precoce – Essa prática consiste em separar o bezerro, definitivamente, bem mais cedo, aos 90-120 dias de vida. É recomendada para períodos de escassez de forragem e tem a finalidade de reduzir o estresse da amamentação e os requerimentos nutricionais da vaca, permitindo que recuperem seu estado corporal e manifestem o cio. Em se tratando de novilhas de primeira cria, cujo desenvolvimento ainda é incompleto, a desmama precoce pode ser uma boa opção, principalmente em anos com secas prolongadas. Para a maior eficiência do sistema, entretanto, é preciso que esta prática ocorra dentro da estação de monta, possibilitando a re-concepção imediata. Assim sendo, para a estação de monta anteriormente citada (novembro a janeiro), ocorreriam duas desmamas: em novembro e em janeiro.

Para que não ocorram problemas, recomenda-se:

a) desmama de bezerros com peso superior a 90 kg;

b) desmama em época adequada (para o Brasil Central: novembro a janeiro);

c) pastos diferenciados para animais desmamados precocemente;

d) suplementação com ração concentrada até 5-6 meses de idade;

e) uso de “creep-feeding” ou “creep-grazing” na fase pré-desmama.

Desmame com uso de tabuleta – Este tipo de desmame causa menos estresse comparado ao desmame tradicional, visto que não ocorre separação entre vaca e bezerro. Para isso é utilizado um dispositivo instalado na narina dos bezerros, impedindo que o mesmo efetue a mamada. Resultados de pesquisas mostram que não há diferença no desempenho dos bezerros desmamados com esta técnica comparados com o desmame tradicional, mas existe um grande benefício para a vaca em termos de melhoria na condição corporal.

Existem alguns fatores que podem influenciar no peso ao desmame, dentre os quais a época de nascimento, idade das mães ao parto e a região do nascimento do bezerro. O Efeito de Mês de Nascimento apresenta grande influência, pois está, de certo modo, associado às condições climáticas, que afetam de forma direta ou indireta as funções do organismo animal, gerando flutuações na quantidade e qualidade de alimentos e na incidência de enfermidades, influenciando o crescimento animal. Pesquisadores relataram um ganho do nascimento a desmama dos animais nascidos na primavera 15,6% maior que dos animais nascidos no outono. Com estes resultados, concluíram que para a produção de bezerros a parição de primavera é a mais recomendável.

Outro fator com alta influência no peso ao desmame é a idade da vaca ao parto e/ou ordem de parição, pois está intimamente ligada ao desenvolvimento do bezerro no período pré-desmama. Isto é uma consequência da habilidade materna, principalmente a produção de leite e a qualidade de colostro produzido pela mãe. Como regra geral, as vacas de primeira cria desmamam bezerros 10 a 15% mais leves em relação às vacas adultas. A partir das novilhas, o peso dos bezerros à desmama vai aumentando com a idade da mãe até alcançar um pico máximo entre 5 e 10 anos, depois do qual os pesos à desmama voltam a decrescer.

Influência do ambiente

O Brasil com sua grande extensão territorial apresenta uma grande variação de ambientes, os quais influenciam diretamente a produção de alimentos e o desempenho dos animais para as características de valor econômico do rebanho bovino brasileiro. As diferenças dos efeitos de meio sobre o peso ao desmame entre as regiões provavelmente possuem como causa, além dos fatores naturais como pluviosidade, clima, topografia e qualidade do solo, também as diferenças quanto ao sistema de produção, nível de tecnologia e tipo racial do rebanho bovino.

A Figura abaixo representa as curvas dos valores de peso predito a desmama (PDM) para as quatro regiões.

Figura – Peso ao Desmame Predito (PDM) de acordo com o mês de nascimento do bezerro, nas quatro regiões estudadas (2004).

Pesquisadores trabalhando com animais Aberdeen Angus no Rio Grande do Sul agruparam os animais em duas épocas de nascimento: outono (de fevereiro a junho, com 15% dos nascimentos) e a primavera (de julho a janeiro, com 85% dos nascimentos). Observaram que animais nascidos na primavera foram 12,9% mais pesados a desmama do que os animais nascidos no outono. De acordo com o trabalho “Idade da vaca e mês de nascimento sobre o peso ao desmame de bezerros nelores nas diferentes regiões brasileiras”, para a região Sul, este valor foi de 6,8%.

Portanto, o sucesso da desmama começa com um ótimo programa nutricional das vacas e bezerros, suplementação mineral e vitamínica em conjunto com um programa vacinal e antiparasitário completo para que, devido ao estresse da desmama, o animal não apresente queda imunitária e manifestação de doenças, tendo assim uma ótima desmama.

Outras notícias você encontra na edição de Bovinos, Grãos e Máquinas de março/abril de 2021 ou online.

Fonte: O Presente Rural

Bovinos / Grãos / Máquinas Em Uberaba (MG)

Casa do Girolando será inaugurada durante 89ª ExpoZebu

A raça Girolando terá agenda cheia na feira, incluindo lançamento do Ranking Rebanho, encontro com comitivas internacionais, julgamento e assembleia geral.

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Foto: Divulgação/Girolando

Tudo pronto para mais uma participação da raça Girolando na ExpoZebu (Exposição Internacional de Raças Zebuínas), que acontece entre sábado (27) e 05 de maio, em Uberaba (MG). A partir deste ano, a Associação Brasileira dos Criadores de Girolando passa a contar com um espaço fixo dentro do Parque Fernando Costa, a “Casa do Girolando”, onde recepcionará os visitantes ao longo de todo o evento.

A inauguração da Casa do Girolando será na próxima segunda-feira (29), a partir das 18 horas. “O parque é palco de importantes exposições ao longo de todo o ano, como a ExpoZebu e a Expoleite, que contam com a presença da raça Girolando. E agora poderemos atender a todos na Casa do Girolando, levando mais informação sobre a raça para os visitantes”, assegura o presidente da entidade, Domício Arruda.

Durante o evento, também acontecerá o lançamento do Ranking Rebanho 2023, que traz os melhores criadores que melhor desempenham o trabalho de seleção, produção e sanidade dentro de seus rebanhos. “O Ranking Rebanho é uma referência para os criadores de Girolando que buscam melhorar seus indicadores e, como consequência, elevar a rentabilidade de seus negócios”, diz o coordenador Técnico do Programa de Melhoramento Genético da Raça Girolando (PMGG), Edivaldo Ferreira Júnior. Outro evento marcado para o dia 29 de abril, a partir das 13h, é a Assembleia Geral Ordinária, para prestação de contas.

A associação ainda receberá comitivas internacionais durante a 89ª ExpoZebu. Estão agendados encontros com grupos da Índia e do Equador, quando serão apresentados os avanços da raça Girolando, que é uma das que mais exporta sêmen no Brasil.

Competições

A raça Girolando competirá em julgamento nos dias 29 e 30 de abril, pela manhã e tarde, sob o comando do jurado Celso Menezes. Participarão 120 animais de 17 expositores.

Fonte: Assessoria da Associação Brasileira dos Criadores de Girolando
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Bovinos / Grãos / Máquinas

Embrapa propõe políticas para reaproveitamento de pastagens degradadas

Brasil tem pelo menos 28 milhões de hectares de áreas de pastagens em degradação com potencial para conversão em agricultura, reflorestamento, aumento da produção pecuária ou até para produção. de energia.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

O Brasil tem pelo menos 28 milhões de hectares (ha) de áreas de pastagens em degradação com potencial para conversão em agricultura, reflorestamento, aumento da produção pecuária ou até para produção de energia. O volume de hectares equivale ao tamanho do estado do Rio Grande do Sul.

O cerrado é o bioma com o maior número de áreas em degradação. Os estados com as  maiores áreas são o Mato Grosso (5,1 milhões de ha), Goiás (4,7 milhões de ha), Mato Grosso do Sul (4,3 milhões de ha), Minas Gerais (4,0 milhões de ha) e o Pará (2,1 milhões de ha).

Para ter uma ideia das possibilidades de reaproveitamento, se toda essas áreas fossem usadas para o cultivo de grãos (arros, feijão, milho, trigo, soja e algodão) haveria uma aumento de 35% a área total plantada no Brasil (comparação com a safra 2002/2023).

A extensão do problema e as diferentes possibilidades de reaproveitamento econômico dessas áreas fizeram o governo federal a criar no final do ano passado o Programa Nacional de Conversão de Pastagens Degradadas em Sistemas de Produção Agropecuários e Florestais Sustentáveis (Decreto nº 11.815/2023).

Para implantar o programa, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, Embrapa, publicou em um livro mais de 30 sugestões de políticas públicas, que o país tem experiência e tecnologia desenvolvida para implantação.

Planejamento 
Apesar da expertise acumulada, a efetivação é um desafio. Cada área a ser recuperada exige estudo local. O planejamento das ações “deve levar em consideração informações sobre o ambiente biofísico, a infraestrutura, o meio ambiente e questões socioeconômicas. Além disso, é preciso avaliar o histórico de evolução pecuária no local e entender quais fatores condicionam a adoção dos sistemas vigentes”, descreve o livro publicado pela estatal.

A partir do planejamento, é necessário criar condições para o reaproveitamento das áreas: crédito, capacitação dos produtores e assistência. “É preciso integrar políticas públicas, fazer com que os produtores rurais tenham acesso ao crédito, ampliar o serviço de educação no campo, e dar assistência técnica e extensão rural para a estruturação de projetos e para haja um trabalho contínuo e não uma coisa pontual”, assinala o engenheiro agrônomo Eduardo Matos, superintendente de Estratégia da Embrapa.

Nesta sexta-feira (26), a empresa faz 51 anos de funcionamento. A cerimônia de comemoração, nesta quinta-feira (25), contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Um exemplar do livro foi entregue à comitiva presidencial.

No total, as áreas de pastagem ocupam 160 milhões de hectares, sendo aproximadamente 50 milhões de hectares formados por pasto natural e o restante pasto plantado. A área de produção de grãos totaliza 78,5 milhões de hectares, e as florestas plantadas para uso econômico ocupam uma área aproximada de 10 milhões de hectares.

De acordo com o IBGE, a atividade agropecuária ocupa mais de 15 milhões de pessoas no Brasil. Um terço desses empregos são na pecuária bovina (4,7 milhões). O país é o segundo maior produtor de carne bovina do mundo e o maior exportador (11 milhões de toneladas).

Fonte: Agência Brasil
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Bovinos / Grãos / Máquinas

Rentabilidade ao produtor de leite melhora impulsionada pela redução dos custos de produção e pela sazonalidade da oferta

Mercado de leite enfrenta um cenário desafiador, marcado por incertezas, queda na oferta interna e nos preços ao consumidor.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

O mercado nacional e global de leite ainda segue sob grandes incertezas. Na área internacional, os preços perderam um pouco o ritmo de elevação, influenciado principalmente, por uma menor demanda chinesa. Além disso, o gigante asiático vem estimulando a produção interna substituindo parte da importação.

O leite em pó integral fechou em US$3.269/tonelada no leilão GDT do dia 16 de abril. No mesmo mês em 2023 este preço estava no patamar de US$ 3.100/tonelada. Na Argentina, a oferta de leite segue complicada por uma piora na rentabilidade nas fazendas. Nos dois primeiros meses do ano, a produção de leite da Argentina caiu 13,6% na comparação com o mesmo período do ano passado.

Foto: Ari Dias

Já no mercado interno, as cotações de leite e derivados vêm reagindo, mas o cenário de menor competitividade em preços e queda de braço com as importações permanece. No primeiro trimestre de 2024, as importações brasileiras totalizaram 560 milhões de litros, com alta de 10,8% em relação a 2023. O diferencial de preços, tanto do leite em pó quanto do queijo muçarela, está mais favorável ao derivado importado.

Enquanto isso, governos estaduais tem se manifestado com medidas tributárias e fiscais para tentar reduzir a entrada de derivados lácteos oriundos do exterior. Vale lembrar que em 2023 as importações responderam por 9% da produção doméstica e um recuo nesse volume tende a deixar a oferta mais restrita, sustentando os preços internos. Mas também irá exigir uma resposta mais rápida da produção interna, suprindo a demanda brasileira.

Sazonalidade da produção de leite

A sazonalidade da produção de leite no Brasil é bastante pronunciada, mesmo considerando o crescimento dos sistemas de produção de maior adoção de tecnologias. Os meses de abril, maio e junho são aqueles de menor produção de leite e isso acaba refletindo nos preços neste momento. Os mercados de leite UHT e queijo muçarela tem registrado valorizações, ainda que modestas.

O preço ao produtor também vem registrando elevação, pelo quarto mês consecutivo.

Do ponto de vista macroeconômico, os indicadores de crescimento do PIB vêm melhorando, com perspectivas de expansão próxima de 2% em 2024. No comércio, as vendas dos supermercados seguem positivas, com expansão de 4,7% nos últimos 12 meses, enquanto a média do comércio em geral mostrou elevação de apenas 1,7%. Os indicadores do mercado de trabalho têm registrado crescimento importante. Em janeiro o salário real médio do brasileiro cresceu 4% sobre janeiro de 2023. O número de pessoas ocupadas também aumentou.

Foto: Fernando Dias

O preço dos lácteos ao consumidor, por outro lado, recuaram 2,8% nos últimos doze meses. No caso do UHT, a queda foi de 5,6%, o que acaba ajudando nas vendas. Neste mesmo período a inflação brasileira foi de 3,9%. Ou seja, os lácteos vêm contribuindo para redução da inflação brasileira neste momento.

Custo de produção

Na atividade de produção de leite, as informações de custo de produção têm mostrado um cenário mais positivo. Os preços de importantes insumos recuaram, contribuindo com queda no ICPLeite-Embrapa que, nos últimos 12 meses finalizados em março de 2024, apresentou recuo de 5,58%.

O farelo de soja recuou de 23% em relação a abril de 2023, ficando abaixo de R$2 mil/tonelada. No caso do milho, a queda foi também importante, com o cereal recuando 18,5% na comparação anual. Portanto, a combinação de recuo nos custos de produção com elevação no preço do leite vai sinalizando um ambiente de recuperação de rentabilidade para o produtor de leite, após um cenário difícil observado no segundo semestre de 2023.

Cadeia produtiva do leite

De todo modo, é importante avançar em uma agenda de competitividade da cadeia produtiva do leite, sobretudo com foco em melhorias na eficiência média das fazendas e na gestão. Tem sido observado uma heterogeneidade muito grande nos custos de produção de leite, em alguns casos com diferenças de até R$ 0,80 por litro. A importação traz perdas econômicas relevantes para o setor lácteo no Brasil, mas buscar cotações mais alinhadas ao cenário global é uma forma de reduzir estruturalmente as compras externas. Para isso a competitividade em custos é determinante. O momento ainda é de bastante incerteza, inclusive global. Internamente, a entressafra pode dar um fôlego para a alta recente dos preços de leite.

Fonte: Assessoria Centro de Inteligência do Leite
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CBNA – Cong. Tec.

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