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Rio Show

Crítica: 'O tradutor'

Bonequinho olha: drama real com viés louvável
O tradutor: 'Depois da bela estreia no Festival de Sundance de 2018, o filme chega às salas sustentado pela ótima interpretação de Rodrigo Santoro. Baseado numa história real, aborda a vida do pai dos diretores Rodrigo e Sebastián Barriuso, que conseguem, com tema espinhoso, emocionar sem ser piegas. Mas há uma barriga no ritmo do filme', Mario Abbade
Foto: Divulgação/Gabriel G. Bianchini
O tradutor: 'Depois da bela estreia no Festival de Sundance de 2018, o filme chega às salas sustentado pela ótima interpretação de Rodrigo Santoro. Baseado numa história real, aborda a vida do pai dos diretores Rodrigo e Sebastián Barriuso, que conseguem, com tema espinhoso, emocionar sem ser piegas. Mas há uma barriga no ritmo do filme', Mario Abbade Foto: Divulgação/Gabriel G. Bianchini

Depois de uma bela estreia no Festival de Sundance no ano passado, “O tradutor” chega aos cinemas cariocas sustentado pela ótima interpretação do brasileiro Rodrigo Santoro. Nesta produção cubana/canadense, Santoro interpreta um professor de literatura russa da Universidade de Havana que é forçado a trabalhar como tradutor para crianças vítimas do desastre nuclear de Chernobyl, quando elas são enviadas a Cuba para tratamento médico.

Baseado em uma história verdadeira, “O tradutor” conta a vida do pai dos diretores Rodrigo e Sebastián Barriuso. A dupla consegue a façanha de emocionar na medida certa sem ser piegas. Algo bem difícil quando o assunto envolve crianças com câncer por causa da radiação. Esse tom é amenizado também graças aos irmãos Barriuso terem seguido algumas das técnicas do cineasta japonês Akira Kurosawa, como cortar as cenas quando os atores ou a câmera estão em movimento. Isso aliado à atuação de Santoro dá a leveza necessária para tratar de assunto tão espinhoso. É tudo tão fluido que as atitudes controversas do personagem do ator são compreendidas pelo espectador.

O filme só derrapa no roteiro de Lindsay Gossling, que se repete em situações que já ficaram claras para o público. São idas e vindas que criam uma certa barriga no ritmo do filme. E que entram também na conta da direção dos irmãos Barriuso, já que cabia a eles cortar os excessos. Talvez tenha faltado distanciamento por se tratar do pai da dupla.