Depois de uma bela estreia no Festival de Sundance no ano passado, “O tradutor” chega aos cinemas cariocas sustentado pela ótima interpretação do brasileiro Rodrigo Santoro. Nesta produção cubana/canadense, Santoro interpreta um professor de literatura russa da Universidade de Havana que é forçado a trabalhar como tradutor para crianças vítimas do desastre nuclear de Chernobyl, quando elas são enviadas a Cuba para tratamento médico.
Baseado em uma história verdadeira, “O tradutor” conta a vida do pai dos diretores Rodrigo e Sebastián Barriuso. A dupla consegue a façanha de emocionar na medida certa sem ser piegas. Algo bem difícil quando o assunto envolve crianças com câncer por causa da radiação. Esse tom é amenizado também graças aos irmãos Barriuso terem seguido algumas das técnicas do cineasta japonês Akira Kurosawa, como cortar as cenas quando os atores ou a câmera estão em movimento. Isso aliado à atuação de Santoro dá a leveza necessária para tratar de assunto tão espinhoso. É tudo tão fluido que as atitudes controversas do personagem do ator são compreendidas pelo espectador.
O filme só derrapa no roteiro de Lindsay Gossling, que se repete em situações que já ficaram claras para o público. São idas e vindas que criam uma certa barriga no ritmo do filme. E que entram também na conta da direção dos irmãos Barriuso, já que cabia a eles cortar os excessos. Talvez tenha faltado distanciamento por se tratar do pai da dupla.