RIO - A crise no Teatro Municipal levou um integrante da presidência da instituição a fazer um desabafo. Nas redes sociais, Marcos Menescal, assessor para Ópera e Música, disse que atividades básicas e apresentações artísticas estão ameaçadas pela falta de funcionários. E deu um ultimato: o local vai virar um teatro de aluguel caso o corpo artístico não seja preservado.
"Sei que essa declaração, feita assim publicamente, pode me custar o cargo. Mas, f***-se. O Teatro é maior do que isso", escreveu Menescal, que já foi corista na instituição na década de 1980.
Na base da crise estão cortes no orçamento do Teatro Municipal para 2019. O contingenciamento de verbas está na ordem de 46,37% — o que representa R$ 45 milhões dos R$ 96,1 milhões originalmente designados.
Procurada, a assessoria de comunicação da Secretaria Estadual de Cultura e Economia Criativa disse estar ciente da publicação de Menescal, e que irá resolver a questão internamente. Não informou se ele corre risco de demissão.
Em entrevista ao GLOBO em maio, o responsável pela pasta, Ruan Lira, afirmou que estava conversando com o governador Wilson Witzel para iniciar o descontingenciamento de parte do orçamento.
No post, Menescal chama atenção para desfalques na Companhia de Ballet e na Orquestra Sinfônica, entre outras áreas.
Segundo ele, não é mais possível levar aos palcos nenhum balé sem contratação de bailarinos terceirizados. E concertos já não contemplariam obras feitas a partir do século XIX.
"Ou recompomos o quadro técnico/administrativo, ou nem como teatro de aluguel conseguiremos funcionar. Uma única turma de palco tem que cobrir 3 turnos para fazer o Teatro funcionar. Isso para não falar na remuneração humilhante que recebem", conclui.
Menescal não quis dar entrevista.