Brasil
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Jantar a 90 metros de altura de frente para uma cachoeira, expedição de 16 dias rumo ao topo do pico mais alto do país, escaladas, mergulhos e caminhadas. De norte a sul, as diversas possibilidades de imersão na natureza potencializam, cada vez, o turismo de aventura e o ecoturismo no Brasil, que foi eleito o melhor o destino do mundo nesse segmento pela revista Forbes em julho. Operadores do setor, que conta com cerca de 2 mil empresas, destacam que o aumento da procura pelo lazer ao ar livre e a descoberta de novos e inusitados passeios resultaram num boom recente.

— No período pós pandemia houve crescimento bem significativo de demanda, principalmente de turistas brasileiros — afirma a venezuelana Vanessa Mariño, que há 25 anos trabalha com ecoturismo na Amazônia. — Há muitas Amazônias dentro da Amazônia, com um leque de experiências que nunca acabam. Desde o público que vem com a família para ficar na selva, mas com conforto, até a expedição ao Pico da Neblina, que é o ponto alto de aventura.

'Glamping', imersão na floresta e expedição ao Pico da Neblina: A Amazônia 'descoberta'

A quantidade e diversidade de destinos que existem na Amazônia ilustram o potencial turístico no Brasil que nem sempre é aproveitado. Por lá, é comum ouvir que estrangeiros eram maioria entre os turistas, mas a proporção vem mudando recentemente.

Expedição ao Pico da Neblina, no Amazonas — Foto: Divulgação
Expedição ao Pico da Neblina, no Amazonas — Foto: Divulgação

Mariño chegou a Manaus como mochileira e após participar de uma expedição fotográfica pelo pela floresta se assentou em Presidente Figueiredo, onde criou sua família morando praticamente dentro da floresta. Aos poucos, sua casa começou a receber viajantes até que ela investiu no projeto e hoje o Amazon Emotions oferece hospedagem e passeios na região.

— Foi uma luta chamar a atenção para Presidente Figueiredo porque todo mundo trabalha com turismo no Rio Negro. Mas aqui a região é incrível, com cachoeiras, nascentes e vivências culturais. É uma outra Amazônia.

Nas trilhas, que podem ser de curta ou longa duração, o turista tem a companhia de um biólogo, que ajuda a identificar animais e insetos pelo caminho. Uma novidade, criada no final do passado, é o "glamping", que funciona como um acampamento de luxo. As tendas podem ser instaladas na própria propriedade, ou numa plataforma móvel, como uma hospedagem itinerante. No último reveillon, duas famílias da Suíça contrataram o serviço para passarem a virada às margens do Rio Negro, em São Miguel da Cachoeira.

'Glamping': Acampamento de luxo na Amazônia — Foto: Divulgação / Amazon Glamping
'Glamping': Acampamento de luxo na Amazônia — Foto: Divulgação / Amazon Glamping

A Amazon Emotions é uma das três operadoras credenciadas para realizar expedições ao pico da Neblina. O roteiro dura 16 dias, com oito dias de caminhada dentro do território Yanomami, cuja associação construiu o plano de visitação junto ao ICMBio e a Funai.

— É um coquetel de experiências gastronômicas, cultural, de desafio pessoal, e até espiritual. É uma aventura que pelo menos uma vez na vida tem que ser feita — afirma Mariños, que em dezembro se tornará a única mulher a já ter liderado mais de cinco expedições ao pico.

Outra atração de sucesso em Presidente Figueiredo é o circuito Mutum, que vem atraindo turistas por causa de sua cachoeira e piscinas naturais. Com sete metros de profundidade, as sete "jacuzzis" em sequência foram formadas ao longo de milhares de anos através da erosão na passagem da água pelas rochas. Em vídeos que viralizaram nas redes, pessoas mergulham em uma piscina e saem na seguinte. Mas tudo não passa de um truque de edição.

O complexo fica numa Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) e só foi aberto ao turismo há 10 anos. Por isso, todos os seus encantos ainda não foram descobertos, explica Mario Sergio, da agência Figueiredo Turismo.

— Outro dia encontrei uma gruta, que não era conhecida, com pegadas de onça. Mutum está sendo muito mais buscado nos últimos meses, principalmente por causa das redes sociais. Amazônia ainda não era tão explorada nacionalmente — diz o guia, que também incluiu nos roteiros de passeio o mergulho nos rios de coloração avermelhada, transformando o "rio vermelho" numa nova atração de sucesso da cidade.

Mais brasileiros nos Lençóis Maranhenses

Outro destino que foi primeiro explorado por estrangeiros antes de cair nas graças dos brasileiros é Lençóis Maranhenses. O principal roteiro de aventura hoje é a travessia em meio às dunas e piscinas naturais, que pode levar de três a seis dias.

— Quando comecei as excursões, vinham muitos franceses. Eles foram os primeiros a explorar. Mas desde a pandemia o número de grupos brasileiros cresceu demais — afirma Willamy Brito (@willamybrito_trekking), nascido na região e que credita a "franceirização" à produção de um filme do país nos lençóis, há 20 anos.

Jantar romântico a 90 metros de altura

Em Caxias do Sul, o empurrão de uma atriz de hollywood ajudou a impulsionar ainda mais uma atração de aventura. Há duas semanas, Viola David compartilhou um vídeo de um casal de amigos tomando vinho na mesa suspensa a 90 metros de altura na Cascata Sepultura. A ideia inusitada veio durante a montagem da estrutura, que originalmente serviria só para o pêndulo, espécie de bungee jumping, conta Ronaldo Garbin, da Rota Aventura, que opera o negócio.

— Estávamos colocando os cabos e pensamos que seria bom ter uma rede para descansar durante a montagem. Depois, pensamos numa mesa para fazer um lanche, e assim surgiram as novas atrações - explica Garbin, que diz que recebe de 200 a 300 pessoas por mês. — a palavra chave é o desafio emocional. Recebemos relatos de pessoas que superaram problemas no trabalho com a motivação de quem já foi capaz de saltar a 90 metros de altura.

Mesa suspensa na Cascata Sepultura, na Fazenda Boa Vista, em Caxias do Sul (RS) — Foto: Divulgação / Rota Tour
Mesa suspensa na Cascata Sepultura, na Fazenda Boa Vista, em Caxias do Sul (RS) — Foto: Divulgação / Rota Tour

Além do pêndulo, da rede e da mesa suspensa, que recebe até quatro pessoas, o rapel é outra atração da cascata. Com o sucesso do empreendimento, as obras de um hostel na fazenda foram iniciadas na Fazenda Boa Vista, onde fica a cascata, e deve começar a funcionar em outubro.

— Quando eu comecei, o principal atrativo na região era o rafting. Existia preconceito grande contra turismo de aventura porque pessoas julgavam como esportes perigosos. Acho que isso impede o crescimento ainda maior desse mercado no Brasil, que tem muito potencial — diz Garbin, que fundou a Rota Aventuras em 2013.

Escalada na Serra do Cipó

Aventura é o segredo para o crescimento do turismo na Serra do Cipó (MG). Famoso por suas mais de 200 cachoeiras, o Parque Nacional da Serra do Cipó tem mais de 17 mil quilômetros e o Morro da Pedreira, uma formação rochosa de calcário, se tornou o o oásis dos escaladores. Na década de 80, quando os primeiros escaladores descobriram a região, um projeto de mineração mobilizou os praticantes e simpatizantes do esporte e a operação foi suspensa. Décadas depois o nicho expandiu e impulsionou a rede turística.

Este foi o quarto ano em que a comunidade de cerca de 150 escaladores que moram na cidade organizou, com apoio da prefeitura, a abertura da temporada de escalada.

— O pico já era conhecido, mas deu um salto com a abertura de muitas vias de escalada ("trilhas" dos escaladores na rocha". Em 2015, eram 350 vias e joje já bateu mil. Tem dia que só tem gringo escalando, cresceu demais — conta Debora De Mendonça Garcia, que fundou o Climb Cipó em 2019. - Aqui é cada vez mais um polo do turismo de aventura. E além da escalada, temos canoagem, highline, trecking para cachoeira, mountain bike, quadriciclo, passeios a cavalo e rapel.

Escalada impulsionou o turismo na Serra do Cipó — Foto: Divulgação / Debora Garcia
Escalada impulsionou o turismo na Serra do Cipó — Foto: Divulgação / Debora Garcia

A temporada de escalada acontece sempre no inverno, por ser o período sem chuvas. Já no verão, o turismo se baseia nos passeios às cachoeiras, o que garante um ano inteiro de bom fluxo de visitantes. Em 2022, 73 mil pessoas visitaram o parque, número que deve ser superado esse ano, pois até julho eram 57 mil visitanes registrados.

— Tem muito hotel, pousada e camping abrindo. Já era um destino turístico, mas o nicho do turismo de aventura cresceu muito. Outro passeio muito procurado é o Canyon do Travessão, que é lindo — reforça Garcia, que além de administrar dois chalés para hospedagem, realiza passeios diversos, escaladas guiadas e criou programa de escaladas para turmas de escolas de Belo Horizonte.

Experiência gastronômica e aventura em Gramado

O turismo de aventura também pode estar associado a experiências gastronômicas. Esse é o conceito do Parque Olivas de Gramado, inaugurado há quase cinco anos em uma das cidades mais turísticas do país. Lá, além de conhecer as plantações de aceite de oliva entre trilhas ecológicas numa área de 155 hectares, o visitante pode ter a experiência de degustações sensoriais harmonizadas de azeites e pedaladas sobre cabos de aços suspensos a 23 metros de altura.

Tirolesa de bicicleta no Parque de Gramado, em Gramado (RS) — Foto: Lucas Castilhos / Divulgação
Tirolesa de bicicleta no Parque de Gramado, em Gramado (RS) — Foto: Lucas Castilhos / Divulgação

A pedalada na tirolesa é uma tecnologia recente, criada na própria serra gaúcha, conta André Bertolucci, diretor do parque.

— Proporciona uma conexão intrínseca com a natureza, com vista para os canyons e para o olival — diz Bertolucci, que enxerga uma mudança de perfil no turismo de Gramado. — Aqui já foi a cidade dos móveis, da malha, do chocolate, do festival do cinema e do natal de luz. Sempre tivemos bons hoteis e restaurantes, mas faltavam opções de entretenimento para todas as idades. Nos últimos anos foram criados muitos parques na cidade.

Destaques brasileiros na feira mundial do turismo de aventura

No mês que vem, o Brasil participará do encontro mundial de turismo de aventura, no Japão, e em sua apresentação a Embratur vai destacar roteiros como os mergulhos recreativos, as rotas de cicloturismo, os cruzeiros fluviais no Pantanal e na Amazônia, a observação de baleias, as expedições ao Pico da Neblina e as potências dos parques nacionais, como Chapada dos Veadeiros e Foz do Iguaçu.

— Em vez de divulgar somente o destino turístico, o foco é divulgar experiências que o turista pode encontrar no Brasil - explica Leonardo Persi, coordenador de turismo de aventura e ecoturismo da Embratur. - Temos potencial ainda crescente para o turismo de aventura, que muitas vezes é impulsionado pelos próprios esportes, como o surfe, que tem visibilidade no exterior. O mais importante é conectar essas experiências com operadores internacionais.

Turismo de observação de baleias, presente em cinco estados: São  Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia e Rio Grande do  Norte — Foto: Custodio Coimbra
Turismo de observação de baleias, presente em cinco estados: São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia e Rio Grande do Norte — Foto: Custodio Coimbra

Atualmente, o conjunto de normas técnicas no turismo de aventura (ABNT) do Brasil é reconhecido internacionalmente como uma referência. O país preside o grupo de trabalho de turismo de aventura do ISO Internacional (Organização Internacional de Normalização), cujas normas são baseadas na ABNT brasileira. Em 2025, o Brasil deve receber a reunião do ISO internacional para turismo.

A primeira colocação do Brasil no ranking sa revista Forbes veio da lataforma global Forbes Advisor, que ranqueia os países com base na avaliação da biodiversidade, quantidade de atrativos naturais e parques reconhecidos pela Unesco, e na sustentabilidade destes destinos. O ranking é composto por 50 países, e o Brasil recebeu a elevada pontuação de 94,9/100, bem à frente do México, que ficou na segunda colocação com 86 pontos.

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