Os intolerantes à proteína do leite de vaca que não abrem mão de ter a bebida na dieta podem comemorar: o mercado brasileiro tem explorado cada vez mais o leite A2, versão, que não produz a proteína responsável pelo desconforto típico após sua ingestão. Os laticínios buscam explorar este produto justamente para atender às necessidades de consumidores que enfrentam problemas digestivos e intestinais após beber o leite A1, alternativa mais comum encontrada nas prateleiras dos mercados. Algumas marcas nacionais, inclusive, já investem em lácteos produzidos com leite A2, como manteiga com e sem sal, queijo curado e queijo coalho. Veja Mais LEIA MAIS Por que o preço do leite caiu? Entenda o mercado do produtor ao consumidor Lei torna Queijo Cabacinha patrimônio cultural e imaterial de Minas Gerais Qual a diferença entre o leite A2 e o A1? A diferença está na composição proteica de cada variedade. Enquanto o A1 possui, entre outras, as proteínas beta-caseína A1 e beta-caseína A2, o A2, como o nome sugere, possui apenas a segunda. “Pesquisas recentes apontaram que a maioria das pessoas que apresentam desconforto gastrointestinal após ingestão de leite tem dificuldade em digerir a proteína beta-caseína A1”, explica Daniela Cierro, vice-presidente da Associação Brasileira de Nutrição. Como é feita a produção do leite A2? Para produzir o leite A2, é preciso investir em mapeamento genético das vacas. Isso porque, naturalmente, existem vacas que produzem leite com beta-caseína A1 e A2, somente A1 ou somente A2. Sérgio Soriano, veterinário da Fazenda Colorado, de Araras (SP), maior produtora de leite do Brasil, explica que, na propriedade, as vacas são testadas logo no nascimento (é possível fazer avaliação genética via exame de sangue ou folículo piloso) e então separadas. “Trata-se de um genótipo. As vacas já nascem assim. Por isso, quando iniciamos a produção do leite A2, fizemos análise genética das vacas e posteriormente as separamos em rebanhos identificados. Para expansão da produção, investimos na reprodução a partir do cruzamento de animais apenas com esse genótipo específico”, afirma. Leite A2 é produzido por vacas com genótipo A2A2; na Fazenda Colorado, elas são identificadas por brincos e as primeiras a serem ordenhadas diariamente — Foto: Divulgação Soriano explica que a produção de leite A2 da Colorado, responsável pela marca Xandô, é certificada pela Integral Certificações, com o selo Vacas A2A2, que assegura a origem e rastreabilidade do leite. “O processo de genotipagem dos animais, identificação, obtenção, armazenamento, logística e processamento são todos auditados, impedindo que haja mistura de leite contendo beta-caseína A1”, relata. Na ordenha diária, por exemplo, o leite das vacas A2A2 é sempre captado antes das demais, para evitar qualquer contato com leite que contenha a beta-caseína A1. Intolerâncias e alergias Vale ressaltar que os benefícios digestivos proporcionados pelo leite A2 (A2A2) não devem ser associados às necessidades de indivíduos que possuem intolerância à lactose ou alergia às diversas proteínas do leite (APVL). A nutricionista Maiara Jurema Soares, mestre em ciências e doutoranda em nutrição e saúde pública pela USP, explica a diferença: A intolerância à lactose é incapacidade parcial ou completa de digerir o açúcar existente no leite e seus derivados. “Ela acontece quando o organismo não produz, ou produz em quantidade insuficiente, a enzima digestiva chamada lactase, que quebra e decompõe a lactose, o açúcar do leite. Os sintomas variam de acordo com a quantidade de leite e derivados ingeridos.” Já a alergia às proteínas do leite (APLV) é um tipo de alergia no qual o sistema imunológico do indivíduo responde de maneira inadequada às proteínas encontradas no leite. "Há pessoas com alergias a diversas proteínas do leite, não somente a beta-caseína A1. Os sintomas podem incluir erupção cutânea, urticária, (pele seca, escamosa ou coceira), sistema digestivo (diarreia, vômitos, constipação e refluxo) e sistema respiratório (respiração barulhenta, tosse, corrimento nasal)", finaliza. Mais recente Próxima Startup que produz colares para vacas projeta dobrar de tamanho até o final de 2024