O ginasta Nile Wilson, de 24 anos, fez história na Rio 2016, ao ser o primeiro ginasta britânico a ganhar uma medalha olímpica na barra fixa. Agora, quatro anos depois, veio a público para denunciar o abuso psicológico que sofreu em seu antigo clube.
Wilson afirmou que a cultura do abuso é algo institucionalizado e que acredita não ser o único ginasta a sofrer desse problema. O medalhista contou que, apesar das denúncias que já fez, nenhuma atitude foi tomada pelo clube.
- Nós ficamos quietos, fazemos o que eles mandam. Somos nós que ganhamos aquelas medalhas e ainda assim os ginastas são tratados como pedaços de carnes e recebem o mínimo.
Ao citar a cultura de “vencer a todo custo”, afirmou que sofreu manipulação emocional durante anos ao ser forçado a dores físicas para alcançar melhores resultados. Afirmou, também, que a pressão e o estresse tiveram consequências que até hoje estão presentes em sua vida.
- Eu acho que era um método de treinamento no qual nós sentíamos o que era viver com medo: Ou você performa, ou encara as consequências. E eu acho que isso afeta mais emocionalmente do que qualquer outra coisa - disse o ginasta.
Apesar do medo de ter sua vida profissional afetada devido ao pronunciamento, disse que acredita estar fazendo a coisa certa. Afirmou que denunciar histórias de abusos ainda é difícil, mas manifestou apoio a todos os atletas que contarem seus casos.
- Eu tive alguns treinadores incríveis, mas era a cultura de abuso era visível e existe até hoje, o que eu definitivamente quero mudar.
Em fevereiro, Wilson saiu do Leeds Gymnastics Club, onde ficou por 20 anos. Em nota, o clube contestou a versão do ginasta e afirmou que o caso foi investigado de acordo com a política interna do clube. A British Gymnastics, órgão regulador da ginástica no Reino Unido, afirmou que o clube tratou a situação de forma apropriada.