A exemplo de fotógrafos pioneiros como Augusto Malta e Marc Ferrez, que eternizaram em imagens o Rio de Janeiro antigo, Cesar Barreto trabalha com câmeras de grande formato, algumas feitas de madeira, com até 80 anos de idade. Essas câmeras possuem negativos maiores, capazes de fazer registros mais amplos e preservar detalhes, texturas e nuances de tons.
“De forma resumida, diria que a fotografia em preto e branco se sustenta e se justifica por seu caráter necessariamente interpretativo. Aponto aí a grande chance que temos de impor uma visão pessoal e criar com mais liberdade um discurso que, mesmo preso à realidade, sempre há de se diferenciar da produção de outros fotógrafos”, explica Barreto.
“O termo 'fazer' fotografia para mim só teria um sentido próprio, significando sempre que possível pôr a mão na massa, ou na química, e de fato realizar todas as etapas do processo. E nisso, as fotos em cor rapidamente se revelaram especialmente frustrantes ou, pior ainda, muito irritantes, pois sempre teria que conviver com terceiros que finalizariam meu trabalho. Qual era a graça disso, afinal? Continuo fiel aos filmes, pois ainda os acho mais confiáveis no quesito preservação”, esclarece Barreto, defensor da maneira clássica e tradicional de fotografar.
Em dezembro, as 63 imagens impressas em papel fotográfico que serviram de base para as reproduções do livro "Rio Pictoresco" serão doadas ao Museu de Arte do Rio (MAR). Até janeiro de 2014, será realizada uma exposição com as imagens do fotógrafo.
"Cesar Barreto é um dos principais intérpretes contemporâneos de nossa cidade. O conjunto será um dos pontos capitais de nosso acervo", comentou o curador e diretor do MAR, Paulo Herkenhoff.
O lançamento do livro acontece nesta terça-feira (10), às 19h, na Galeria Tempo, em Copacabana.