Terceira audiência do caso Backer é realizada — Foto: Fantástico
Sete pessoas foram ouvidas nesta quarta-feira (24) no terceiro dia de audiências do caso Backer na Justiça. Os nomes não foram divulgados. A primeira testemunha a prestar depoimento foi a mulher de uma das vítimas da cerveja contaminada com dietilenoglicol. O marido dela ficou cego e passou a usar cadeira de rodas.
De acordo com o processo, 10 pessoas morreram após beber a cerveja. A enteada de uma delas também prestou depoimento. Elas moravam em Pompéu, na Região Centro-Oeste do estado. A vítima começou a se sentir mal no fim de 2019. Ela morreu dias depois.
A terceira pessoa a ser ouvida foi a filha de uma vítima. O pai dela consumiu a bebida na festa de réveillon. Ele teve insuficiência renal e acabou não resistindo.
A quarta testemunha perdeu o marido. Ele tomou a cerveja no início de 2020, começou a se sentir mal dias depois e morreu em março.
A quinta testemunha a prestar depoimento era amigo de uma das vítimas e contou que ela tem problemas motores provocados pela cerveja contaminada.
A sexta pessoa a depor é filha de uma das vítimas. Ela contou que o pai bebeu a cerveja da Backer nos dias 24, 25 e 26. Ele teve problemas renais, de visão e paralisia facial.
A sétima testemunha é irmão de uma das pessoas que passaram mal depois de ingerir a cerveja. Segundo ele, a vítima é o caso "zero". Ele perdeu 60% da audição e 90 cm do intestino.
Ao todo, 11 pessoas, inclusive sócios-proprietários da cervejaria Backer, se tornaram réus "por crimes cometidos em função da contaminação de cervejas fabricadas e vendidas pela empresa ao consumidor". Uma delas morreu em novembro de 2020.
Sete pessoas prestam depoimento em terceiro dia de audiências do caso Backer
A previsão é que 28 testemunhas de acusação arroladas pelo Ministério Público de Minas Gerais, incluindo vítimas, fiscais e delegados, sejam ouvidas até esta quinta-feira (26) – sete por dia.
O objetivo dessas audiências é coletar provas orais. A data para os depoimentos de testemunhas da defesa e dos réus ainda será marcada.
Ainda não há prazo para o julgamento dos réus. Enquanto isso, em abril, a Cervejaria Três Lobos, responsável pela Backer, obteve autorização para voltar a produzir cervejas no parque industrial de Belo Horizonte.
Em nota, a empresa disse que "sempre teve e mantém total interesse na apuração de fatos associados a cervejas por ela produzidas anteriormente a 2020 e, por isso, segue contribuindo ativamente com as investigações" (veja a nota na íntegra abaixo).
Seis testemunhas são ouvidas em processo do caso Backer
Relembre
A contaminação nas cervejas da Backer veio à tona em janeiro de 2020, quando a Polícia Civil começou a investigar a internação de várias pessoas após o consumo da cerveja Belorizontina, da Backer, com sintomas de intoxicação.
Segundo as investigações da Polícia Civil, a contaminação das cervejas por monoetilenoglicol e dietilenoglicol aconteceu devido a um vazamento no tanque da fábrica.
Em outubro de 2020, a Justiça recebeu a denúncia feita pelo Ministério Público contra 11 pessoas.
Cerveja da Backer — Foto: Divulgação
O MP considerou que, ao adquirir deliberadamente o monoetilenoglicol, impróprio para o uso na indústria alimentícia, três sócios-proprietários da cervejaria assumiram o risco de produzir as bebidas alcoólicas adulteradas.
Também foi denunciada uma testemunha por apresentar declarações falsas no decorrer do inquérito policial.
O que diz a Backer
"Entre os dias 23 e 26 de maio ocorrerão audiências de instrução do processo conhecido como Caso Backer. Nas referidas audiências as testemunhas de acusação farão seus depoimentos. Dentre outros, serão ouvidos vítimas, fiscais e delegados.
Essa será a primeira etapa da coleta de provas. Nenhuma testemunha de defesa ou réus serão ouvidos neste momento. E não há possibilidade, nessa fase, de conclusão do processo.
A Cervejaria Três Lobos destaca que sempre teve e mantém total interesse na apuração de fatos associados a cervejas por ela produzidas anteriormente à 2020 e, por isso, segue contribuindo ativamente com as investigações e com o trabalho dos órgãos de controle e fiscalização."