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14/08/08 - 13h00 - Atualizado em 14/08/08 - 16h14

O Rappa volta a ‘pôr o dedo na ferida’ em ‘7 vezes’

Músicos negam ser 'banda de protesto' e dizem que novo álbum prioriza sonoridades.
Disco é o primeiro de inéditas desde "O silêncio que precede o esporro", de 2003.

Dolores Orosco Do G1, em São Paulo

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Foto: G1
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O baixista Lauro Farias, o guitarrista Xandão, o baterista Marcelo Lobato e o vocalista Falcão durante o lançamento do disco '7 vezes', novo trabalho d'O Rappa. (Foto: G1)

O Rappa agora anda dizendo por aí que nunca foi uma banda de protesto. A música que dá nome ao novo álbum d'O Rappa, “7 vezes”, é uma canção de amor – fato inédito em sua discografia. A faixa que abre o novo disco d’O Rappa é bem diferente de hits furiosos como “Minha alma (a paz que eu não quero)” ou “Miséria S.A.”, e começa com o verso-lamento “o meu santo tá cansado”.

Antes que os fãs pensem que as informações acima se referem a uma mudança radical no discurso da banda, segue o aviso: O Rappa continua o mesmo. E, segundo definição do vocalista Marcelo Falcão, “7 vezes” é “O Rappa sendo O Rappa de novo, cara!”.

“A gente nunca foi uma banda de protesto, nunca foi de dizer o que é certo e o que é errado. A gente tem nossa verdade e não priorizamos o discurso em detrimento da música”, explicou o guitarrista Xandão em entrevista coletiva realizada na quarta-feira (13), para anunciar o lançamento do sétimo álbum do quarteto do Rio.

“Essa coisa de protesto dá impressão de que somos uma banda sisuda. E a gente não é assim. Temos esse humor inerente do carioca, de rir de nós mesmos, de zoar um com o outro”, reforça Falcão.

Cinco anos depois de “O silêncio que precede o esporro”, último álbum de inéditas, a maior preocupação da banda parece ter deixado de ser o “esporro” em si. O Rappa quer mostrar um som mais sofisticado, cheio de referências e experimentalismos.

“A sonorização desse disco é ímpar. Todas as faixas foram gravadas do começo ao fim, na mesma levada”, conta o baixista Lauro Farias. “Usamos instrumentos indianos, pianos, e um monte de barulhos de objetos que deram uns efeitos ‘maneiros’, tipo enxada, correntes, bacias, garrafas... O Hermeto Pascoal já fazia isso, mas é difícil ver essas experimentações darem um bom resultado na música pop. Fica tudo meio diluído”.

 

  Melhor de 100

Segundo Falcão, nestes cinco anos sem apresentar novidades, a banda não estava de folga em “um cruzeiro no Havaí ou em alguma praia de Fortaleza”. “Não que a gente não merecesse”, atesta o vocalista. “Mas a gente estava na estrada, fazendo show e compondo músicas novas”.

O quarteto conta que mais de cem canções foram compostas e apenas 14 as selecionadas para “7 vezes”. Para reduzir tanto o repertório, os músicos separaram as canções nas categorias “forno” (aquelas com potencial de entrarem no disco), geladeira (as que poderiam esperar mais um pouco) e as esquisitas (precisa explicar?).

Divulgação
Divulgação
Capa do novo álbum da banda, "7 vezes". (Foto: Divulgação)

“7 vezes” foi uma das primeiras aprovadas. “É uma música que fala de amor, o que é uma coisa inédita pra gente”, explica o baterista Marcelo Lobato.

Outra que logo ganhou sinal verde foi “Súplica cearense”, de Luiz Gonzaga – atual obsessão musical de Falcão. “Eu ouvi quase toda a discografia dele do ano passado para cá. A letra desta canção me tocou muito. Fala sobre um cara que achava que as coisas não davam certo porque ele não sabia rezar direito”, explica. “Quis mostrar da maneira d’O Rappa uma música que talvez só depois a galera vai saber que é do Gonzagão”.

A banda prefere não rotular em que praia musical se encaixa “7 vezes”. “Para você ver como a gente nunca levanta bandeiras, nem a musical! Até hoje deixamos as pessoas decidirem que tipo de som a gente faz. É rock, é rap, é reggae, é dub? Não sei, mas está tudo ali”, diz Falcão.

 

  Enfim, o protesto

O grupo fala com entusiasmo sobre as experiências musicais que nortearam o processo criativo de “7 vezes”. No entanto, como se trata de “O Rappa sendo O Rappa”, o discurso social logo não tarda a aparecer.

Foto: G1
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Marcelo Falcão: 'Lula ainda faz aquele discurso como se estivesse em São Bernardo'. (Foto: G1)

Em ano de eleição, Falcão diz que a faixa que abre o disco, “Meu santo tá cansado”, fala justamente sobre a mesmice da cena política nacional. “Se o brasileiro tivesse educação, não ia aceitar o ‘Fome Zero’. Ele ia achar que estavam tirando uma onda com a cara dele”.

De políticas assistencialistas, aliás, o vocalista não quer nem ouvir falar. “Cota pra negro? Geral precisa de estudo!”, reverbera.

“O Lula ainda faz aquele discurso como se estivesse em São Bernardo”, compara o músico. “Agora está todo vestido de Ricardo Almeida, de Armani, mas a cara dele para ganhar voto da galera é de ‘me identifico com vocês, sou sofrido igual vocês’. É muito feio! Um cara desse para mim é igual ao Hitler. Os propósitos dele são os da turma dele, o do filho dele”.

Depois de disparar suas opiniões inflamadas, Falcão insiste na tese de que O Rappa não é uma banda de protesto. Politizada, então?

 

“Somos os homens que põem o dedo na ferida. Porque têm muita coisa na gente que dói”.

É O Rappa sendo O Rappa.

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