Todos os anos a 11 de Novembro, Dia de São Martinho, é de tradição em Portugal assar castanhas, beber água-pé, jeropiga ou vinho novo, produzido com a colheita do Verão anterior. A esta festa popular chama-se magusto*. Há em português um provérbio que diz: É dia de São Martinho; comem-se castanhas, prova-se o vinho.
Embora já estejamos no Outono pelo São Martinho, o tempo normalmente fica mais quente e ensolarado nessa altura do ano. A explicação desse fenómeno tem a sua origem na seguinte lenda. São Martinho morreu em Candes no dia 8 de Novembro de 397 num leito de cinzas, como era costume morrerem todos os santos homens. Quando o seu corpo era transportado de barco até Tours, onde foi enterrado a 11 de Novembro, o povo apercebeu-se de que as margens do rio Loire se cobriam de flores, apesar de se estar em Novembro. E foi esta a origem do “Verão de São Martinho”!
A lenda mais conhecida de São Martinho é, contudo, a que se refere ao seu manto. Segundo essa lenda, enquanto ainda soldado destacado na Gália (actual França), Martinho encontrou num gélido dia de Inverno um mendigo transido de frio junto às portas da cidade de Amiens. Sem hesitar, Martinho cortou o seu manto em dois e deu uma das metades ao mendigo. Nessa noite, Martinho sonhou com Jesus, vestido com esse bocado do manto, a dizer aos anjos que Martinho, um soldado romano não baptizado, lhe tinha dado o manto. (Sulpício, cap. 3). Depois desta visão, Martinho apressou-se a ser baptizado. Tinha então 20 anos.
* Leite de Vasconcelos considerava o magusto como o vestígio de um antigo sacrifício em honra dos mortos e refere que era tradição, em Barqueiros, preparar à meia-noite, uma mesa com castanhas para os mortos da família irem comer.
O homem das castanhas: