Vanda Ortega Witoto deve ser a única candidata mulher indígena; ‘Bem desafiador para mim’

Em entrevista à CENARIUM, a pré-candidata revela a grande responsabilidade e desafio em ser a única mulher indígena a se candidatar (Reprodução/Internet)

20 de abril de 2022

20:04

Diovana Rodrigues – Da Revista Cenarium

MANAUS – O movimento indígena terá somente uma liderança feminina amazonense apta a se candidatar nas eleições desse ano, com base no Acampamento Terra Livre (ATL). Vanda Ortega Witoto concorrerá ao cargo de deputada federal.

Em entrevista à CENARIUM, a pré-candidata revela a grande responsabilidade e desafio em ser a única mulher indígena a se candidatar e pontua sobre a pouca caminhada partidária que possui, justamente, por não vir de nenhum partido político. “Ainda venho de outra luta, que por ser mulher, já vivencio vários processos de violência e, na política, tem sido bem desafiador para mim”, destaca, ainda, sobre as lutas que possui sendo mulher e indígena.

Vanda Ortega Witoto é a única candidata mulher indígena das próximas eleições (Reprodução: Paulo de Lima/CLAUDIA)

“Tem sido uma grande aprendizagem, porque a gente está em um processo de compreender a importância de ocuparmos esses espaços políticos, uma vez que esses povos não têm essa representação política, em defesa dos seus direitos, para pautarem as políticas que a gente acredita que sejam importantes para os nossos territórios, para essa cultura”, assegura Vanda Ortega Witoto, que revela, ainda, a expectativa pelo resultado positivo nas próximas eleições.

“A gente já cansou também de eleger pessoas que não têm nenhum compromisso com a causa indígena, com o direito dos nossos povos, e essas pessoas, não defendem, não direcionam recursos para serem efetivados nos espaços, como educação, saúde e economia, que é uma precariedade dos nossos povos. Todo esse processo de compreender esse lugar que a gente ainda não ocupou na história do nosso País”, reitera.

A única deputada federal é Joênia Wapichana, eleita em 2018, com 8.491 votos, sendo a representante indígena no Congresso Nacional. Em todo o território brasileiro, somente 30 candidaturas oficiais serão lançadas, sem contar com os nomes anunciados que não foram aprovados pela ATL, como é o caso de Rafael Antônio da Silva Brito, atualmente, vereador do município de São Gabriel da Cachoeira, mas que almeja o cargo de deputado estadual do Amazonas pelo Partido Comunista do Brasil (PCdoB).

Joênia Wapichana é a primeira mulher indígena eleita deputada federal (Reprodução: Valdir Wasmann)

Com seus direitos constantemente retirados, os povos indígenas possuem como pautas, principalmente, a paralisação das demarcações de terras e a liberação da mineração em suas áreas. Esses motivos citados e vários outros estimulam ainda mais a luta pela presença de representantes na bancada, tanto no Congresso, quanto nos parlamentos estaduais de todo o Brasil.

“O plano político da nossa campanha, a gente está dialogando com lideranças indígenas e lideranças da sociedade civil e também várias instituições importantes do nosso Estado, pessoas que estão à frente de grandes instituições estão colaborando também, como ambientalistas, sociólogos e professores, que estão na construção desse plano político”, complementa. Com isso, coloca que a sua política não pode ser desenvolvida apenas para os indígenas, mas para toda a sociedade do nosso Estado, visto que os direitos constitucionais são para todos.