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Plano Estratégico de Desenvolvimento Timor-Leste - Governo de ...

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TIMOR-LESTE<br />

PLANO ESTRATÉGICO DE<br />

DESENVOLVIMENTO<br />

2011 - 2030


PLANO TIMOR-LESTE ESTRATÉGICO STRATEGIC DE DESENVOLVIMENTO DEVELOPMENT PLAN 2011 - 2030<br />

Í N D I C E<br />

PREFÁCIO DE S.E. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA 7<br />

CAPÍTULO 1 INTRODUÇÂO 9<br />

VISÃO GERAL 10<br />

CENÁRIO 12<br />

PILARES DE INVESTIMENTO 13<br />

CAPÍTULO 2 CAPITAL SOCIAL 17<br />

EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO 18<br />

SAÚDE 38<br />

INCLUSÃO SOCIAL 52<br />

AMBIENTE 64<br />

CULTURA E PATRIMÓNIO 74<br />

CAPÍTULO 3 DESENVOLVIMENTO DE INFRA-ESTRUTURAS 83<br />

ESTRADAS E PONTES 84<br />

ÁGUA E SANEAMENTO 94<br />

ELECTRICIDADE 103<br />

PORTOS MARÍTIMOS 112<br />

AEROPORTO 117<br />

TELECOMUNICAÇÕES 120<br />

CAPÍTULO 4 DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO 127<br />

DESENVOLVIMENTO RURAL 129<br />

AGRICULTURA 142<br />

PETRÓLEO 165<br />

TURISMO 171<br />

SECTOR PRIVADO 183<br />

CAPÍTULO 5 QUADRO INSTITUCIONAL 193<br />

SEGURANÇA 194<br />

DEFESA 200<br />

NEGÓCIOS ESTRANGEIROS 208<br />

JUSTIÇA 215<br />

GESTÃO E BOA GOVERNAÇÃO DO SECTOR PÚBLICO 221<br />

AGÊNCIA DE DESENVOLVIMENTO NACIONAL E AGÊNCIA DE PLANEAMENTO ECONÓMICO E INVESTIMENTO 231<br />

CAPÍTULO 6 CONTEXTO ECONÓMICO E DIRECÇÃO MACROECONÓMICA 237<br />

CAPÍTULO 7 ESTRATÉGIAS E ACÇÕES CHAVE 263<br />

3


PLANO ESTRATÉGICO DE DESENVOLVIMENTO 2011 - 2030<br />

M A P A D O S D I S T R I T O S D E T I M O R - L E S T E 2 0 1 1<br />

!<br />

Fonte: UNDP<br />

4


PLANO ESTRATÉGICO DE DESENVOLVIMENTO 2011 - 2030<br />

L I S T A D A S T A B E L A S<br />

TABELA 1 - Estimativa das necessida<strong>de</strong>s em termos <strong>de</strong> infra-estruturas escolares 19<br />

TABELA 2 - Progresso conseguido no ensino básico, 2000 a 2010 21<br />

TABELA 3 – Ensino secundário em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, 2010 24<br />

TABELA 4 – Alunos que terminaram os seus estudos (dados cumulativos até 2011) 26<br />

TABELA 5 - Resumo dos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> existentes em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> 39<br />

TABELA 6 – Benefícios pagos ao abrigo do Decreto-Lei N.º 19/2008 Subsídios para Idosos e Incapacitados 53<br />

TABELA 7 - Indústrias essenciais <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> 128<br />

TABELA 8 - Procura e oferta <strong>de</strong> alimentos básicos entre 2010 e 2030 145<br />

TABELA 9 - Área e produção <strong>de</strong> arrozais, 2006 a 2009 148<br />

TABELA 10 - Volume <strong>de</strong> frutas e vegetais importados em 2007 (toneladas) 152<br />

TABELA 11 – Metas para as Receitas e Despesas, <strong>de</strong> 2010 a 2030 (milhões) 250<br />

TABELA 12 - Gama <strong>de</strong> empregos no sector <strong>de</strong> serviços em vários países e da condição estimada em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> 259<br />

TABELA 13 - Gama <strong>de</strong> empregos no sector da indústria em vários países e condição estimada em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> 259<br />

TABELA 14 – Apoio do <strong>Plano</strong> <strong>Estratégico</strong> <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> para as orientações macroeconómicas 260<br />

TABELA 15 – Sumário das estratégias, acções e metas do <strong>Plano</strong> <strong>Estratégico</strong> <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> 266<br />

L I S T A D A S F I G U R A S<br />

FIGURA 1 - População estudantil em 2010 19<br />

FIGURA 2 – Distribuição etária em comparação com a ida<strong>de</strong> oficial por ano <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong>, 2010 22<br />

FIGURA 3 – Proporção <strong>de</strong> raparigas para rapazes nas escolas públicas, 2010 22<br />

FIGURA 4 – Alunos que terminaram os seus estudos (dados cumulativos até 2011) 26<br />

FIGURA 5 – Nível <strong>de</strong> instrução atingido pelas pessoas com 15 anos ou mais 30<br />

FIGURA 6 - Quadro do sistema nacional <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> 40<br />

FIGURA 7 - Pirâmi<strong>de</strong> <strong>de</strong> prestação <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> até 2030 43<br />

FIGURA 8 - Áreas com perigo <strong>de</strong> Seca, <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> 66<br />

FIGURA 9 - Rios com risco <strong>de</strong> inundação, <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> 67<br />

5


PLANO ESTRATÉGICO DE DESENVOLVIMENTO 2011 - 2030<br />

FIGURA 10 - Re<strong>de</strong> rodoviária nacional <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> 86<br />

FIGURA 11 – Fontes principais <strong>de</strong> água potável 95<br />

FIGURA 12 – Atlas da média anual <strong>de</strong> velocida<strong>de</strong> do vento 108<br />

FIGURA 13 – Mapa do nível <strong>de</strong> raios solares diários em todo o País 109<br />

FIGURA 14 – Mapa do potencial da biomassa 110<br />

FIGURA 15 – <strong>Plano</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento do Porto <strong>de</strong> Tibar 114<br />

FIGURA 16 – Penetração da banda larga em países <strong>de</strong> baixo rendimento, <strong>de</strong> 2007-2008 121<br />

FIGURA 17 – Densida<strong>de</strong> populacional em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, habitantes por quilómetro quadrado 129<br />

FIGURA 18 – Quadro Nacional <strong>de</strong> Planeamento 138<br />

FIGURA 19 – Oferta e procura <strong>de</strong> alimentos <strong>de</strong> base segundo novas estratégias 146<br />

FIGURA 20 – Produção agrícola em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> 148<br />

FIGURA 21 – Famílias com animais e números <strong>de</strong> animais 156<br />

FIGURA 22 – Agrupamentos do Tasi Mane 167<br />

FIGURA 23 – Chegadas <strong>de</strong> turistas a <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> <strong>de</strong> 2009 a Março <strong>de</strong> 2011 173<br />

FIGURA 24 – Saldo do Fundo Petrolífero 240<br />

FIGURA 25 – PIB Não-petrolífero Real (Ano base <strong>de</strong> 2000), 2002 a 2010 (milhões <strong>de</strong> US$) e crescimento 242<br />

FIGURA 26 – PIB Não-petrolífero Real por sector a preços <strong>de</strong> 2000, 2002 a 2010 (milhões <strong>de</strong> US$) 243<br />

FIGURA 27 – PIB Não-petrolífero Real por sector a preços <strong>de</strong> 2000, 2002 a 2010 (percentagem) 244<br />

FIGURA 28 – Taxa <strong>de</strong> inflação em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, taxas mensais 245<br />

FIGURA 29 – <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> na região do Este Asiático 246<br />

FIGURA 30 – Deslocação do emprego por sector, <strong>de</strong> um país <strong>de</strong> rendimento 248<br />

baixo para um país <strong>de</strong> rendimento maior<br />

FIGURA 31 - Receitas do Estado (incluindo petróleo e gás) 252<br />

FIGURA 32 - Projecção <strong>de</strong> receitas provenientes <strong>de</strong> Bayu-Undan e Kitan 252<br />

FIGURA 33 – Aumento da procura <strong>de</strong> energia primária por combustível e região, 2011-2035 253<br />

FIGURA 34 - Afectação do Fundo dos Parceiros <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento em 2010 255<br />

FIGURA 35 - Afectação do fundo por sector, em 2010 256<br />

FIGURA 36 - Crescimento do PIB real não petrolífero (2002-2010) e metas para 2011-2030 (percentagem) 257<br />

FIGURA 37 – Metas <strong>de</strong> partilha <strong>de</strong> produção do PIB não petrolífero, em percentagem do PIB a preços <strong>de</strong> 2001 258<br />

FIGURA 38 – Etapas do <strong>Plano</strong> <strong>Estratégico</strong> <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> 265<br />

6


PLANO ESTRATÉGICO DE DESENVOLVIMENTO 2011 - 2030<br />

PREFÁ CIO DE S.E. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA<br />

É com especial prazer que, após a nossa longa luta pela in<strong>de</strong>pendência e quase uma década <strong>de</strong><br />

construção do nosso Estado soberano, me encontro agora numa posição que me permite escrever<br />

um prefácio para um plano que visa <strong>de</strong>senvolver a nossa nação <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> ao longo<br />

dos próximos 20 anos.<br />

Todos os timorenses <strong>de</strong>vem sentir orgulho não só por terem conquistado a in<strong>de</strong>pendência<br />

mas também pelos avanços que registámos enquanto nação num espaço <strong>de</strong> tempo tão curto.<br />

Infelizmente é comum que os países saídos <strong>de</strong> situações <strong>de</strong> conflito e fragilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>morem<br />

décadas a conseguir uma situação <strong>de</strong> estabilida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> progresso sustentável. Lamentavelmente,<br />

muitas nações do mundo, mesmo após anos <strong>de</strong> in<strong>de</strong>pendência, continuam a ter problemas ao nível da<br />

violência e da <strong>de</strong>sunião. <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> também enfrentou obstáculos na sua breve história como nação,<br />

tendo nós passado por momentos <strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong>. Todavia, conseguimos enquanto Nação e enquanto<br />

Povo assumir um compromisso partilhado em prol da paz, que nos permite avançarmos juntos, num<br />

verda<strong>de</strong>iro espírito <strong>de</strong> solidarieda<strong>de</strong> nacional, rumo ao <strong>de</strong>senvolvimento e à garantia <strong>de</strong> um futuro<br />

mais próspero. Estamos a consolidar a nossa governação <strong>de</strong>mocrática e a construir o nosso Estado<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> as bases. Estamos a estabelecer fundações sólidas que nos permitam estabilida<strong>de</strong> e segurança<br />

continuados, e estamos também a trabalhar afincadamente para criarmos novas oportunida<strong>de</strong>s para<br />

todo o nosso povo.<br />

Continuamos a enfrentar <strong>de</strong>safios e problemas enormes que <strong>de</strong>vem permanecer na linha da frente do<br />

nosso pensamento e do nosso planeamento. Muitos dos nossos cidadãos sofrem diariamente com a<br />

pobreza e condições <strong>de</strong> vida miseráveis. Os resultados do censo <strong>de</strong> 2010 <strong>de</strong>monstram que há pessoas<br />

em todo o território <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> que vivem em situações <strong>de</strong> extremo <strong>de</strong>sfavorecimento e privação.<br />

Muitos dos nossos cidadãos não têm acesso a serviços básicos e condições <strong>de</strong> habitação <strong>de</strong>centes, cuidados<br />

<strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, nutrição, educação, água potável e saneamento a<strong>de</strong>quado e infra-estruturas básicas,<br />

incluindo estradas, comunicações e energia.<br />

O <strong>Plano</strong> <strong>Estratégico</strong> <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> procura dar resposta a estes <strong>de</strong>safios e fazer uma diferença<br />

positiva e duradoura nas vidas e nas condições <strong>de</strong> vida diárias do nosso povo. O <strong>Plano</strong> fornece um<br />

guia para o nosso <strong>de</strong>senvolvimento e para a partilha dos benefícios <strong>de</strong>ste <strong>de</strong>senvolvimento em toda<br />

a nação. Surge na sequência <strong>de</strong> um período <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento sem prece<strong>de</strong>ntes, incluindo cinco<br />

meses <strong>de</strong> consultas por parte do Primeiro-Ministro Xanana Gusmão nos 65 sub-distritos da nossa nação.<br />

O <strong>Plano</strong> <strong>Estratégico</strong> <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> reflecte igualmente o trabalho exaustivo e consi<strong>de</strong>ração<br />

técnica realizado por todos os sectores da indústria e ministérios, constituindo assim uma visão coor<strong>de</strong>nada<br />

e partilhada para o nosso futuro.<br />

Po<strong>de</strong>mos dizer com verda<strong>de</strong> que muitos milhares <strong>de</strong> pessoas participaram e contribuíram para este<br />

<strong>Plano</strong>: dos jovens nas áreas mais remotas aos nossos anciãos; dos nossos agricultores aos nossos funcionários<br />

públicos; bem como pessoas <strong>de</strong> todos os sectores da socieda<strong>de</strong> civil. As vozes das mulheres<br />

timorenses são ouvidas neste <strong>Plano</strong>, assim como as vozes das pessoas que vivem em pequenas al<strong>de</strong>ias,<br />

em centros <strong>de</strong> distrito e na nossa capital Díli. Desta forma, o <strong>Plano</strong> em si é uma <strong>de</strong>monstração da nossa<br />

unida<strong>de</strong> e do compromisso <strong>de</strong> todo o povo timorense para com a nossa prosperida<strong>de</strong> futura. A preparação<br />

do <strong>Plano</strong> <strong>Estratégico</strong> <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> foi li<strong>de</strong>rada pelo nosso povo, pertence ao nosso povo<br />

e reflecte as aspirações do nosso povo.<br />

7


PLANO ESTRATÉGICO DE DESENVOLVIMENTO 2011 - 2030<br />

Talvez o aspecto mais significativo <strong>de</strong> todos seja que o <strong>Plano</strong> será em última instância implementado<br />

pelo nosso povo. Com a sua forte incidência na educação, o <strong>Plano</strong> <strong>de</strong>senvolverá as nossas<br />

qualificações e capacida<strong>de</strong>s para que possamos assumir o controlo pleno do nosso <strong>de</strong>senvolvimento<br />

económico, criando oportunida<strong>de</strong>s para os jovens timorenses.<br />

O <strong>Plano</strong> <strong>Estratégico</strong> <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> faz uso do documento <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> 2020 – A Nossa Nação,<br />

O Nosso Futuro, do <strong>Plano</strong> Nacional <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> <strong>de</strong> 2002 e do bom trabalho dos anteriores<br />

governos, fornecendo um quadro para a concretização da nossa visão no contexto das nossas<br />

circunstâncias nacionais actuais. O <strong>Plano</strong> <strong>Estratégico</strong> <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> não é um documento<br />

político, pertence a todos nós. É um plano sustentável e a longo prazo que nos orienta, tanto agora<br />

como no futuro, para transformarmos a nossa nação e medirmos o nosso progresso.<br />

O <strong>Plano</strong> <strong>Estratégico</strong> <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> estabelece uma agenda que é ambiciosa, mas que reflecte<br />

a vonta<strong>de</strong> do nosso povo, a compreensão da nossa história e cultura, bem como a nossa <strong>de</strong>terminação<br />

em sermos os donos e <strong>de</strong>termos o controlo do nosso percurso <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento. O<br />

<strong>Plano</strong> dá certeza e foco para os nossos esforços <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento. Ao apresentar um panorama<br />

<strong>de</strong> cada um dos nossos sectores e ao estabelecer estratégias e acções <strong>de</strong>talhadas para a concretização<br />

da nossa visão, o <strong>Plano</strong> constitui um guia para todos nós.<br />

O <strong>Plano</strong> <strong>Estratégico</strong> <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> irá igualmente promover a nossa integração continuada<br />

com a comunida<strong>de</strong> global e os nossos relacionamentos sociais e económicos com o <strong>Leste</strong> Asiático<br />

neste ‘século asiático’. Apoiará a nossa consolidação enquanto <strong>de</strong>mocracia vibrante e ajudar-nos-á<br />

a tornarmo-nos um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento para Estados frágeis.<br />

Alguns po<strong>de</strong>m dizer que somos <strong>de</strong>masiado ambiciosos, que alguns dos nossos alvos são inatingíveis.<br />

Contudo, muitas pessoas em todo o mundo também nos disseram em tempos que nunca<br />

conseguiríamos a in<strong>de</strong>pendência, que a nossa luta era inútil e que os nossos esforços nunca<br />

dariam em nada. Hoje, enquanto caminhamos rumo à criação do nosso futuro nacional, temos <strong>de</strong><br />

manter um espírito positivo e confiante. É com esta crença sólida no nosso futuro, este acreditar<br />

permanente na capacida<strong>de</strong> do povo timorense, que seremos capazes <strong>de</strong> enfrentar os nossos <strong>de</strong>safios<br />

com confiança e <strong>de</strong> continuar a construir a nossa nação.<br />

Apelo a todos vós que vos junteis <strong>de</strong> forma solidária no apoio à visão do <strong>Plano</strong> <strong>Estratégico</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>Desenvolvimento</strong>. Juntos po<strong>de</strong>mos trabalhar para garantir que a conquista da in<strong>de</strong>pendência é<br />

sucedida pela conquista do <strong>de</strong>senvolvimento. Juntos po<strong>de</strong>mos garantir que o curso do nosso futuro<br />

colectivo é tão notável como a história do que já conseguimos.<br />

O Presi<strong>de</strong>nte da República, Dr. José Ramos-Horta<br />

8


CAPĺTULO<br />

1<br />

INTRODUÇÃO<br />

O <strong>Plano</strong> <strong>Estratégico</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>Desenvolvimento</strong> <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> é<br />

uma visão a vinte anos que reflecte<br />

as aspirações do Povo timorense<br />

relativamente à criação <strong>de</strong> uma<br />

Nação forte e próspera. O plano<br />

foi <strong>de</strong>senvolvido para inspirar<br />

mudanças, apoiar acções colectivas<br />

ousadas e pensar num futuro<br />

melhor.


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 1<br />

CAPĺTULO 1 INTRODUÇÃO<br />

O <strong>Plano</strong> <strong>Estratégico</strong> <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> é uma visão a vinte anos que reflecte as<br />

aspirações do Povo timorense relativamente à criação <strong>de</strong> uma Nação forte e próspera. O plano<br />

foi <strong>de</strong>senvolvido para inspirar mudanças, apoiar acções colectivas ousadas e pensar num futuro<br />

melhor.<br />

V I S Ã O G E R A L<br />

O<br />

<strong>Plano</strong> <strong>Estratégico</strong> <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> (PED) fornece uma visão para <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> que<br />

assenta nos alicerces que temos vindo a estabelecer <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2002. O <strong>Plano</strong> é informado pela<br />

visão do Povo timorense e incorpora-a no documento,”<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> 2020 – A Nossa Nação,<br />

O Nosso Futuro”, a qual formou a base do <strong>Plano</strong> <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> Nacional <strong>de</strong> 2002. Reflecte<br />

igualmente os pontos <strong>de</strong> vista dos milhares <strong>de</strong> timorenses que contribuíram para a consulta<br />

nacional no <strong>Plano</strong> <strong>Estratégico</strong> <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> Resumido, Do Conflito à Prosperida<strong>de</strong>, em<br />

2010.<br />

A consulta, participação e solidarieda<strong>de</strong> continuadas do Povo timorense serão vitais para o sucesso<br />

da implementação do <strong>Plano</strong> <strong>Estratégico</strong> <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong>.<br />

Des<strong>de</strong> a In<strong>de</strong>pendência em 2002, as políticas sociais e económicas <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> têm incidido<br />

no alívio da pobreza para dar resposta às necessida<strong>de</strong>s imediatas do nosso Povo, consolidando<br />

a segurança e a estabilida<strong>de</strong> e assentando as bases para a Nação, por via da construção das<br />

instituições do Estado. Este processo contínuo <strong>de</strong> consolidação da paz e da construção <strong>de</strong> Estado<br />

tem sido necessário para criar uma base a partir da qual <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> possa abordar as necessida<strong>de</strong>s<br />

do nosso Povo, em termos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e <strong>de</strong> educação, e trabalhar em prol da eliminação da pobreza<br />

extrema. Ao passo que os países em situação <strong>de</strong> pós-conflito levam geralmente 10 a 15 anos<br />

a recuperar a estabilida<strong>de</strong>, <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> conseguiu tornar-se um país seguro em menos <strong>de</strong> uma<br />

década. Hoje beneficiamos <strong>de</strong> paz, estabilida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> uma economia em crescimento, enquanto<br />

continuamos a <strong>de</strong>senvolver a nossa Nação.<br />

Nos últimos três anos, <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> registou um crescimento económico com dois dígitos e uma<br />

melhoria geral no bem-estar do Povo. Houve reformas sectoriais e investimentos consi<strong>de</strong>ráveis<br />

na economia, tendo-se também iniciado o <strong>de</strong>senvolvimento do sector do petróleo e do gás.<br />

Os nossos sucessos até aqui <strong>de</strong>vem-se à vonta<strong>de</strong> do nosso Povo. Foi o nosso forte sentido <strong>de</strong><br />

auto<strong>de</strong>terminação que nos levou a conquistar a In<strong>de</strong>pendência, após mais <strong>de</strong> 400 anos <strong>de</strong><br />

colonização e 24 anos <strong>de</strong> ocupação.<br />

Esta mesma auto<strong>de</strong>terminação <strong>de</strong>ve agora ser aplicada à implementação da visão do Povo<br />

timorense através do <strong>Plano</strong> <strong>Estratégico</strong> <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong>. A nossa Nação possui quatro<br />

atributos <strong>de</strong>terminantes, que permite afirmar que está bem colocada para concretizar a nossa<br />

visão: vonta<strong>de</strong> política, potencial económico, integração nacional e população dinâmica.<br />

10


PED - 2011 - 2030 - INTRODUÇÃO<br />

Vonta<strong>de</strong> política: O Povo timorense <strong>de</strong>u mostras <strong>de</strong> uma notável resistência e <strong>de</strong>dicação à sua<br />

Nação. Em busca da In<strong>de</strong>pendência agimos com coragem, <strong>de</strong>terminação e criativida<strong>de</strong>, tendo<br />

sofrido muito para concretizar o nosso sonho. As mesmas característicasm, que nos permitiram<br />

chegar à In<strong>de</strong>pendência, po<strong>de</strong>m agora ser utilizadas em prol da realização do nosso sonho <strong>de</strong> uma<br />

Nação próspera e mo<strong>de</strong>rna. O <strong>Plano</strong> <strong>Estratégico</strong> <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> ajudará nesse objectivo,<br />

através da criação <strong>de</strong> um propósito comum e da <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> um quadro que visa criar um<br />

sentimento forte <strong>de</strong> empenho e <strong>de</strong>terminação nacionais.<br />

Potencial económico: <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> possui recursos naturais valiosos, incluindo uma das matériasprimas<br />

mais importantes a nível mundial, o petróleo. O <strong>de</strong>senvolvimento do sector petrolífero<br />

po<strong>de</strong> ajudar a assegurar as bases <strong>de</strong> uma economia sustentável e vigorosa. As receitas do sector<br />

po<strong>de</strong>m ser investidas em educação e serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> para famílias, na ajuda a agricultores para<br />

melhorarem a sua produtivida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> forma a que o nosso sector agrícola venha a li<strong>de</strong>rar a criação<br />

<strong>de</strong> emprego do sector privado. Estas receitas po<strong>de</strong>m também ajudar a financiar as infra-estruturas<br />

necessárias para construir uma economia diversificada e transformar o nosso País numa Nação<br />

mo<strong>de</strong>rna. <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> po<strong>de</strong> também aproveitar a sua localização no Este Asiático, um dos gran<strong>de</strong>s<br />

motores da economia mundial. No século da Ásia e perto das gran<strong>de</strong>s economias emergentes.<br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> está bem posicionado para estabelecer relações comerciais e parcerias com os seus<br />

vizinhos, a fim <strong>de</strong> conseguir um crescimento económico rápido e sem prece<strong>de</strong>ntes.<br />

Integração nacional: <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> é um pequeno País com uma superficie com cerca <strong>de</strong> 15.000<br />

km² e uma população <strong>de</strong> 1,066,409 habitantes (Censos 2010). Isto faz <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> um País bem<br />

posicionado para estabelecer ligações efectivas entre a sua população, entre as suas áreas urbanas<br />

e rurais e entre o seu governo e o seu povo – ajudando-nos a conseguir rapidamente a integração<br />

nacional e o <strong>de</strong>senvolvimento económico. A ligação do nosso povo entre si e com o mundo é um<br />

objectivo essencial do <strong>Plano</strong> <strong>Estratégico</strong> <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong>. A melhoria das telecomunicações,<br />

estradas, portos e aeroportos será imprescindível para um crescimento económico forte e para<br />

a melhoria do <strong>de</strong>senvolvimento humano. Parte <strong>de</strong>sta estratégia envolverá também o apoio ao<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> corredores <strong>de</strong> crescimento regionais e <strong>de</strong> uma urbanização planificada que<br />

permita o equilíbrio entre as condições <strong>de</strong> vida das zonas urbanas e rurais.<br />

Dinamismo: <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> é um País jovem com uma população jovem. Mais <strong>de</strong> meta<strong>de</strong> da nossa<br />

população tem menos <strong>de</strong> 19 anos. Embora esta situação crie <strong>de</strong>safios, também fornece enormes<br />

oportunida<strong>de</strong>s para a nossa Nação emergente. Ao longo das próximas décadas, a nossa geração<br />

jovem irá tornar-se a maior parte da nossa força laboral e irá respon<strong>de</strong>r às novas oportunida<strong>de</strong>s com<br />

dinamismo, criativida<strong>de</strong> e entusiasmo. Esta nova geração, à medida que entra para o mercado <strong>de</strong><br />

trabalho e domina novas tecnologias, será a força que conduzirá o País ao crescimento económico<br />

e ao <strong>de</strong>senvolvimento.<br />

11


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 1<br />

C E N Á R I O<br />

As estratégias e acções estabelecidas no <strong>Plano</strong> <strong>Estratégico</strong> <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> visam, até 2030,<br />

passar <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> <strong>de</strong> um País com baixos rendimentos para um País com rendimentos médioaltos,<br />

com uma população saudável, instruída e segura. Este objectivo reflecte as aspirações do<br />

Povo timorense, tal como foram expressas durante uma consulta nacional alargada em 2010, e faz<br />

uso do <strong>Plano</strong> <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> Nacional e do documento ”<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> 2020 – A Nossa Nação,<br />

O Nosso Futuro”.<br />

A visão do <strong>Plano</strong> <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> Nacional <strong>de</strong> 2002, será tão relevante hoje para <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong><br />

como o era quando foi elaborado. A visão previu que até 2020:<br />

• <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> será uma socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>mocrática e próspera com alimentação suficiente,<br />

abrigo e vestuário para todos.<br />

• As pessoas serão letradas, qualificadas, saudáveis e viverão uma vida longa e produtiva. Elas<br />

participarão activamente no <strong>de</strong>senvolvimento económico, social e político, promovendo<br />

a igualda<strong>de</strong> social e unida<strong>de</strong> nacional.<br />

• As pessoas <strong>de</strong>ixarão <strong>de</strong> estar isoladas, uma vez que haverá boas estradas, transportes,<br />

electricida<strong>de</strong> e comunicações nas cida<strong>de</strong>s e al<strong>de</strong>ias, em todas as regiões do País.<br />

• A produção e emprego aumentarão em todos os sectores – agricultura, pescas e<br />

florestas.<br />

• Os padrões <strong>de</strong> vida e serviços melhorarão para todos os timorenses.<br />

Em resumo, o <strong>Plano</strong> <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> Nacional <strong>de</strong> 2002 visava reduzir a pobreza em todos os<br />

distritos <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, promover um crescimento económico justo e assegurar a boa qualida<strong>de</strong><br />

da educação, saú<strong>de</strong> e bem-estar para todos os cidadãos. O <strong>Plano</strong> estabeleceu as nossas estratégias<br />

<strong>de</strong> implementação para os cinco anos seguintes e <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>u uma revisão em cinco anos. Quase<br />

<strong>de</strong>z anos passados <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a redacção do <strong>Plano</strong> <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> Nacional, parece agora<br />

oportuno fazer uso do trabalho conduzido em 2002 e olhar uma vez mais para o futuro, <strong>de</strong> modo<br />

a apresentarmos as melhores políticas para fazer avançar o País.<br />

Um resumo do <strong>Plano</strong> <strong>Estratégico</strong> <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> intitulado Do Conflito à Prosperida<strong>de</strong> foi<br />

lançado em Abril <strong>de</strong> 2010. Este <strong>Plano</strong> formou a base para 70 consultas comunitárias em al<strong>de</strong>ias e<br />

cida<strong>de</strong>s em todo o território nacional. As reacções <strong>de</strong>stas consultas foram agora incorporadas no<br />

<strong>Plano</strong> <strong>Estratégico</strong> <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong>. Os planos estratégicos sectoriais elaborados pelo <strong>Governo</strong><br />

foram igualmente incorporados no <strong>Plano</strong> <strong>Estratégico</strong> <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> e servirão <strong>de</strong> guia para<br />

a sua implementação.<br />

O <strong>Plano</strong> <strong>Estratégico</strong> <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> é um pacote integrado <strong>de</strong> políticas<br />

estratégicas a serem implementadas a curto prazo (um a cinco anos), a médio prazo (cinco a <strong>de</strong>z<br />

anos) e a longo prazo (<strong>de</strong>z a vinte anos). Está alinhado com os Objectivos <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong><br />

do Milénio das Nações Unidas, mas é mais do que um conjunto <strong>de</strong> metas. O <strong>Plano</strong> preten<strong>de</strong><br />

estabelecer uma orientação que possibilite um <strong>de</strong>senvolvimento inclusivo, sustentável e a longo<br />

prazo em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>.<br />

12


PED - 2011 - 2030 - INTRODUÇÃO<br />

Este plano visa <strong>de</strong>senvolver infra-estruturas fundamentais, recursos humanos e o fortalecimento<br />

da nossa socieda<strong>de</strong>, bem como, o crescimento do emprego no sector privado e nos sectores<br />

industriais estratégicos – tais como a agricultura, o turismo em crescimento e indústrias a jusante<br />

no sector do petróleo e do gás.<br />

O <strong>Plano</strong> <strong>Estratégico</strong> <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> estabelece o que precisa <strong>de</strong> ser feito para se atingir a<br />

visão colectiva do Povo timorense para uma Nação, que se quer, pacífica e próspera em 2030. O<br />

<strong>Plano</strong> inclui necessariamente pressupostos sobre perspectivas do sector petrolífero e <strong>de</strong> taxas<br />

<strong>de</strong> crescimento na economia petrolífera e não petrolífera. Contudo, tal como foi notado no <strong>Plano</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> Nacional <strong>de</strong> 2002: ‘um <strong>Plano</strong> que seja forçado num orçamento não é um<br />

<strong>Plano</strong> <strong>de</strong> todo, mas sim um processo <strong>de</strong> afectação’. O processo <strong>de</strong> planeamento para o <strong>Plano</strong><br />

<strong>Estratégico</strong> <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> não foi conduzido pelo orçamento nem subordinado a mandatos<br />

financeiros internacionais. O actual <strong>Plano</strong> <strong>Estratégico</strong> <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> fornece um quadro<br />

para a i<strong>de</strong>ntificação e avaliação <strong>de</strong> priorida<strong>de</strong>s e um guia para a implementação <strong>de</strong> estratégias e<br />

acções recomendadas. A recém-criada Agência <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> Nacional será responsável por<br />

fornecer pareceres <strong>de</strong>talhados sobre custos relativos a projectos importantes <strong>de</strong> infra-estruturas<br />

ao <strong>Governo</strong> em exercício, sendo que os ministérios competentes emitirão pareceres a respeito dos<br />

custos e da implementação dos programas sectoriais.<br />

Em última instância, a implementação bem-sucedida do <strong>Plano</strong> <strong>Estratégico</strong> <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> irá<br />

requerer a participação activa do Povo timorense. Isto terá mais possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> se concretizar<br />

caso haja confiança pública no <strong>Governo</strong> que executa o <strong>Plano</strong>. Deste modo, a criação <strong>de</strong> confiança<br />

nas nossas Instituições é uma parte fundamental do <strong>Plano</strong>.<br />

P I L A R E S D E D E S E N V O L V I M E N T O<br />

O <strong>Plano</strong> <strong>Estratégico</strong> <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> <strong>Estratégico</strong> abrange três áreas fundamentais: Capital<br />

Social, <strong>Desenvolvimento</strong> <strong>de</strong> Infra-estruturas e <strong>Desenvolvimento</strong> Económico. O segundo capítulo<br />

centra-se no capital social do nosso País, na construção <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong> saudável e na educação<br />

do nosso povo respon<strong>de</strong>ndo às necessida<strong>de</strong>s sociais da população e promoção do <strong>de</strong>senvolvimento<br />

humano.<br />

O terceiro capítulo, irá assegurar que a nossa Nação tem as fundações e as infra-estruturas<br />

produtivas necessárias para construir uma Nação, crescente, sustentável e interligada. O quarto<br />

capítulo, abrange o <strong>de</strong>senvolvimento económico como meio <strong>de</strong> alcançar uma economia próspera,<br />

mo<strong>de</strong>rna e com empregos para o nosso povo.Estas três áreas cruciais no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> serão construídas alicerçados num quadro institucional eficaz, que é <strong>de</strong>finido no<br />

quinto capítulo, e numa forte base macroeconómica discutida no capítulo sexto. O sétimo capítulo<br />

apresenta o sumário das etapas a seguir no <strong>de</strong>curso da implementação do <strong>Plano</strong> <strong>de</strong> <strong>Estratégico</strong><br />

<strong>Desenvolvimento</strong> para 2030.<br />

13


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 1<br />

Capítulo 1 INTRODUÇÃO<br />

Capítulo 2<br />

CAPITAL SOCIAL<br />

Capítulo 3<br />

DESENVOLVIMENTO<br />

DE INFRA-ESTRUTURAS<br />

Capítulo 4<br />

DESENVOLVIMENTO<br />

ECONÓMICO<br />

• Educação e Formação<br />

• Saú<strong>de</strong><br />

• Inclusão Social<br />

• Ambiente<br />

• Cultura e Património<br />

• Estradas e Pontes<br />

• Água e Saneamento<br />

• Electricida<strong>de</strong><br />

• Portos Marítimos<br />

• Aeroportos<br />

• Telecomunicações<br />

• <strong>Desenvolvimento</strong> Rural<br />

• Agricultura<br />

• Petróleo<br />

• Turismo<br />

• Investimento do Sector Privado<br />

Capítulo 5 - QUADRO INSTITUCIONAL<br />

• Segurança<br />

• Defesa<br />

• Negócios Estrangeiros<br />

• Justiça<br />

• Gestão do Sector Público e Boa Governação<br />

• Banco Central<br />

• Agência <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> Nacional / Agência <strong>de</strong><br />

Planeamento Económico e Investimento<br />

Capítulo 6 CONTEXTO ECONÓMICO E DIRECÇÃO<br />

MACROECONÓMICA<br />

Capítulo 7 ESTRATÉGIAS E ACÇÕES CHAVE<br />

14


CAPĺTULO<br />

2CAPITAL SOCIAL<br />

A verda<strong>de</strong>ira riqueza <strong>de</strong><br />

qualquer Nação é a força do<br />

seu povo. A maximização da<br />

saú<strong>de</strong>, educação e qualida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> vida gerais do povo<br />

timorense é essencial para se<br />

conseguir uma Nação justa e<br />

<strong>de</strong>senvolvida.


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 2<br />

CAPĺTULO 2<br />

CAPITAL SOCIAL<br />

A verda<strong>de</strong>ira riqueza <strong>de</strong> qualquer Nação é a força do seu povo. A maximização da saú<strong>de</strong>,<br />

educação e qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida gerais do povo timorense é essencial para se conseguir uma<br />

Nação justa e <strong>de</strong>senvolvida.<br />

“Precisamos <strong>de</strong><br />

escolas secundárias<br />

com refeições<br />

gratuitas.”<br />

Representante dos jovens, sub-distrito<br />

Dom Aleixo, distrito <strong>de</strong> Díli, Consulta<br />

Nacional, 15 <strong>de</strong> Setembro <strong>de</strong> 2010<br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> está empenhado em concretizar os Objectivos<br />

<strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> do Milénio que consistem em oito<br />

objectivos estratégicos <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento que todos os<br />

Estados-membros das Nações Unidas preten<strong>de</strong>m atingir<br />

até 2015.<br />

O <strong>Plano</strong> <strong>Estratégico</strong> <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong><br />

é consistente com os Objectivos <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> do<br />

Milénio e, ao mesmo tempo, reflecte também a sua história,<br />

cultura e património únicos.<br />

As nossas metas e objectivos estratégicos reconhecem<br />

que a construção da Nação e a consolidação da paz são<br />

priorida<strong>de</strong>s que precisam ser alcançadas para que seja possível atingir outros objectivos sociais e<br />

económicos.<br />

Na área do capital social, o <strong>Plano</strong> <strong>Estratégico</strong> <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> preten<strong>de</strong> melhorar a vida do povo<br />

timorense – o nosso capital humano – através <strong>de</strong> uma estratégia e <strong>de</strong> acções nas áreas vitais da educação,<br />

saú<strong>de</strong> e inclusão social. A atenção atribuída a estas áreas reflecte as priorida<strong>de</strong>s do Povo timorense e a nossa<br />

compreensão <strong>de</strong> que uma socieda<strong>de</strong> forte é um pilar necessário para o <strong>de</strong>senvolvimento económico.<br />

E D U C A Ç Ã O E F O R M A Ç Ã O<br />

VISÃO GERAL E DESAFIOS<br />

A educação e a formação são as chaves para melhorar as oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> vida do nosso povo<br />

para o ajudar a concretizar todo o seu potencial. São também vitais para o crescimento e <strong>de</strong>senvolvimento<br />

económico <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>. A nossa visão é <strong>de</strong> que todas as crianças timorenses <strong>de</strong>vem<br />

ir à escola e receber uma educação <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> que lhes dê os conhecimentos e as qualificações<br />

que lhes permitam virem a ter vidas saudáveis e produtivas, contribuindo <strong>de</strong> forma activa para o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento da Nação.<br />

O nosso primeiro passo para concretizar esta visão é remover as barreiras no acesso à educação,<br />

garantindo que o direito à educação é assegurado a todas as crianças a nível nacional. Para lá <strong>de</strong><br />

melhorar o acesso à educação, <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> precisa melhorar a qualida<strong>de</strong> e a equida<strong>de</strong> da educação,<br />

<strong>de</strong> modo a que seja possível atingir resultados <strong>de</strong> aprendizagem reconhecidos e mensuráveis.<br />

Estas duas tarefas irão requerer a afectação <strong>de</strong> recursos substanciais. Teremos <strong>de</strong> expandir o investimento<br />

no nosso sistema <strong>de</strong> educação para garantir que temos as infra-estruturas e os docentes<br />

<strong>de</strong> que precisamos para dar a todas as crianças acesso a um ensino <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente<br />

on<strong>de</strong> residam, em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>.<br />

18


PED - 2011 - 2030 - CAPITAL SOCIAL<br />

Figura 1 População estudantil em 2010<br />

Fonte: Ministério da Educação<br />

Os <strong>de</strong>safios são tremendos neste sector da educação. Embora a percentagem <strong>de</strong> juventu<strong>de</strong> na<br />

população garanta gran<strong>de</strong>s oportunida<strong>de</strong>s para provi<strong>de</strong>nciar o capital humano e a mão-<strong>de</strong>-obra<br />

dinâmica <strong>de</strong> que precisamos para construir a nossa Nação emergente, também significa um esforço<br />

das entida<strong>de</strong>s competentes e dos recursos para suportar um número cada vez mais elevado<br />

<strong>de</strong> alunos, nas várias etapas do nosso sistema <strong>de</strong> ensino.<br />

A figura anterior mostra que, à medida que o número <strong>de</strong> alunos na pré-primária e na primária<br />

aumentam, haverá uma procura maior nos anos posteriores do ensino secundário e superior.<br />

A provisão das infra-estruturas <strong>de</strong> educação necessárias e a<strong>de</strong>quadas, tanto em termos <strong>de</strong><br />

quantida<strong>de</strong> como <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, será também um gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>safio para <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>.<br />

Em particular, as nossas concretizações na melhoria do número <strong>de</strong> crianças matriculadas no<br />

ensino básico revelam a urgência em continuar a melhorar a qualida<strong>de</strong> do ensino. Mais matrículas<br />

requerem mais recursos para manter a qualida<strong>de</strong>. Caso estes recursos não sejam obtidos, o<br />

aumento das matrículas – que é bem-vindo e essencial – po<strong>de</strong> significar a diminuição da qualida<strong>de</strong><br />

do ensino.<br />

Deparamo-nos igualmente com pressões significativas no que diz respeito à melhoria das nossas<br />

instalações e infra-estruturas <strong>de</strong> ensino. A maior parte das infra-estruturas educacionais em<br />

Tabela 1 Estimativa das necessida<strong>de</strong>s em termos <strong>de</strong> infra-estruturas escolares<br />

Instalações<br />

Estimativa <strong>de</strong> instalações a construir / reabilitar<br />

existentes*<br />

2011 2015 2030<br />

Escolas Salas <strong>de</strong> aula Escolas Salas <strong>de</strong> aula Escolas Salas <strong>de</strong> aula<br />

Pré-escolar 180 2.820 253 758 169 506<br />

Básico 1.309 13.553 502 3.012 335 2.008<br />

Secundário 80 6.400 64 1.280 43 853<br />

Total 1.530 22.773 819 5.050 547 3.367<br />

* 70% das instalações existentes encontram-se em condições precárias, pelo que é necessário a sua rápida reabilitação<br />

Fonte: Ministério da Educação<br />

19


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 2<br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> foi <strong>de</strong>struída em 1999. Des<strong>de</strong> então temos investido na construção e reabilitação <strong>de</strong><br />

escolas por todo o País, mas há ainda muito caminho a percorrer até todas as escolas estarem<br />

equipadas com salas <strong>de</strong> aula e instalações mo<strong>de</strong>rnas e a<strong>de</strong>quadas. A tabela seguinte apresenta<br />

as estimativas <strong>de</strong> necessida<strong>de</strong>s em termos <strong>de</strong> infra-estruturas escolares, ao longo dos próximos<br />

20 anos e, mostra que a construção <strong>de</strong> salas <strong>de</strong> aula e instalações escolares será uma tarefa muito<br />

importante para a nossa Nação.<br />

ESTRATÉGIA E ACÇÕES<br />

Até 2030, iremos investir em educação e formação a fim <strong>de</strong> garantir que o Povo timorense<br />

estará a viver numa Nação on<strong>de</strong> as pessoas são instruídas e cultas, capazes <strong>de</strong> viver vidas<br />

longas e produtivas e com oportunida<strong>de</strong>s para ace<strong>de</strong>rem a um ensino <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> que<br />

lhes permita participar no <strong>de</strong>senvolvimento económico, social e político da nossa Nação.<br />

As estratégias e acções que iremos <strong>de</strong>senvolver reconhecerão que a concretização das nossas<br />

metas educacionais requer uma abordagem multissectorial e um sistema <strong>de</strong> ensino acessível e <strong>de</strong><br />

qualida<strong>de</strong> assente numa comunida<strong>de</strong> segura e saudável com maior estabilida<strong>de</strong> económica por<br />

parte das famílias.<br />

ENSINO PRÉ-ESCOLAR<br />

Somente 11% das crianças timorenses dos três aos seis anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> frequentam actualmente<br />

o ensino pré-escolar. Os estudos internacionais <strong>de</strong>monstram que a frequência do ensino préprimário<br />

dá às crianças vantagens substanciais no que se refere à sua instrução posterior. Assim<br />

sendo, precisamos <strong>de</strong> aumentar o número <strong>de</strong> crianças que frequentam o ensino pré-escolar, <strong>de</strong><br />

forma, a garantir que estas conseguem aproveitar ao máximo as oportunida<strong>de</strong>s que lhes irão<br />

surgir mais tar<strong>de</strong>.<br />

Em 1999 havia 3,835 crianças no ensino pré-escolar em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>. Os dados mais recentes,<br />

relativos ao ano lectivo <strong>de</strong> 2010/2011, indicam que existem actualmente 180 escolas pré-escolares<br />

(141 Pré-escolas autónomas, estando as restantes incorporadas nas escolas do ensino básico)<br />

frequentadas por 10,159 crianças, nas quais trabalham 238 professores (muitas vezes ajudados<br />

por auxiliares <strong>de</strong> educação). As taxas <strong>de</strong> matrícula nas zonas urbanas são muito superiores ao<br />

verificado nas zonas rurais. A importância que as comunida<strong>de</strong>s atribuem ao ensino pré-escolar<br />

é ilustrada pelo facto <strong>de</strong> que 140 das 180 escolas pré-escolaresserem escolas apoiadas pelas<br />

comunida<strong>de</strong>s.<br />

A qualida<strong>de</strong> do nosso ensino pré-escolar é reduzida, não havendo ainda um currículo e programa<br />

<strong>de</strong> orientações pedagógicas uniforme e com os padrões <strong>de</strong> ensino a variarem <strong>de</strong> escola para<br />

escola.<br />

Para garantir que as crianças timorenses obtenham um começo forte na sua instrução, iremos<br />

alargar e melhorar o ensino pré-escolar para assegurar cuidados <strong>de</strong> ensino alargados em especial<br />

para as crianças mais vulneráveis e <strong>de</strong>sfavorecidas. Será implementado um novo currículo<br />

educacional, com base nos melhores programas <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> crianças.<br />

20


PED - 2011 - 2030 - CAPITAL SOCIAL<br />

Com vista a melhorar o acesso à educação e criar bases sólidas em termos <strong>de</strong> literacia e numeracia<br />

em português e tétum, os idiomas locais serão usados como idiomas <strong>de</strong> ensino e aprendizagem,<br />

no primeiro ciclo do ensino básico, proporcionando uma transição suave para a aquisição das<br />

línguas oficiais <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, <strong>de</strong> acordo com as recomendações da ‘Política <strong>de</strong> Ensino Multilingue<br />

baseada nas Línguas Maternas para <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>’.<br />

Será provi<strong>de</strong>nciado um número suficiente <strong>de</strong> salas <strong>de</strong> aula em todas as áreas geográficas. Serão<br />

renovadas as salas <strong>de</strong> aula actualmente <strong>de</strong>gradadas e serão construídas novas escolas. Até 2015<br />

terão sido construídas, pelo menos, 253 novas escolas pré-escolares com 758 salas <strong>de</strong> aula, sendo<br />

que, até 2030, serão construídas mais 169 escolas pré-escolares com 506 salas <strong>de</strong> aula. Todas<br />

estas novas escolas e salas <strong>de</strong> aula serão <strong>de</strong>vidamente equipadas. Serão <strong>de</strong>senvolvidos programas<br />

<strong>de</strong> formação <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> para professores, a nível teórico e prático, sendo estes, formados em<br />

metodologias pedagógicas apropriadas à educação pré-escolar.<br />

ENSINO BÁSICO<br />

Anteriormente o sistema <strong>de</strong> ensino em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> estava organizado num mo<strong>de</strong>lo 6-3-3: seis<br />

anos <strong>de</strong> ensino primário, três anos <strong>de</strong> pré-secundário e três anos <strong>de</strong> secundário. Entretanto, isto<br />

foi alterado para um sistema <strong>de</strong> ensino básico obrigatório que engloba os primeiros nove anos <strong>de</strong><br />

escolarida<strong>de</strong> e que é seguido por três anos <strong>de</strong> ensino secundário.<br />

Tabela 2 Progresso conseguido no ensino básico, 2000 a 2010<br />

2000 2010<br />

Alunos<br />

Ensino Primário 190.000 229.974<br />

Ensino Pré-secundário 21.810 60.481<br />

Professores<br />

Ensino Primário 3.860 7.583<br />

Ensino Pré-secundário 65 2.412<br />

Fonte: Ministério da Educação<br />

Des<strong>de</strong> 1999, <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> tem incidido a maior parte dos seus esforços no ensino primário ou<br />

básico, tendo conseguido progressos consi<strong>de</strong>ráveis, tal como se po<strong>de</strong> ver na tabela seguinte. Esta<br />

tabela ilustra também o esforço substancial que tem sido feito ao nível da reconstrução do sector<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1999, altura em que havia apenas 65 professores timorenses do pré-secundário.<br />

Deve-se notar também que foram conseguidos progressos significativos na área das matrículas.<br />

Até recentemente, <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> estimava que até 2015, 88% <strong>de</strong> crianças na ida<strong>de</strong> correcta estariam<br />

matriculadas do primeiro até ao sexto ano <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong>. Já ultrapassámos este valor tendo, em<br />

2011, alcançado 90% <strong>de</strong> crianças na ida<strong>de</strong> correcta matriculadas no ensino básico.<br />

O ensino básico <strong>de</strong>bate-se actualmente com vários <strong>de</strong>safios, incluindo:<br />

• Apenas 37.5% dos alunos têm a ida<strong>de</strong> escolar oficial quando entram para a primeira<br />

classe, o que significa que 62.5% dos alunos entram para a escola mais novos ou mais<br />

velhos do que <strong>de</strong>veriam ser. Mais concretamente, 26% dos alunos são um a dois anos<br />

mais velhos, 8.6% são três ou mais anos mais velhos, e 26.8% são mais novos.<br />

21


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 2<br />

Figura 2 Distribuição etária em comparação com a ida<strong>de</strong> oficial por ano <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong>, 2010<br />

Fonte: Ministério da Educação<br />

• Em 2010, menos <strong>de</strong> 54% das crianças com seis anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> iniciaram a primeira classe.<br />

• Mais <strong>de</strong> 70% das crianças abandonam os estudos antes <strong>de</strong> chegarem ao nono ano. A maior<br />

taxa <strong>de</strong> abandonos regista-se nos primeiros dois anos do ensino primário.<br />

• As crianças estão a <strong>de</strong>morar <strong>de</strong>masiado tempo a concluir o ensino básico. Cada criança<br />

precisa em média <strong>de</strong> 11.2 anos para concluir o sexto ano <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong>.<br />

• Existem mais rapazes do que raparigas na escola. Por cada <strong>de</strong>z rapazes matriculados no<br />

ensino primário e secundário existem nove raparigas.<br />

Figura 3 Proporção <strong>de</strong> raparigas para rapazes nas escolas públicas, 2010<br />

Fonte: Ministério da Educação<br />

Estes <strong>de</strong>safios são agravados por um rápido crescimento populacional. Com um número cada vez<br />

maior <strong>de</strong> crianças, será necessário aumentar em um terço as matrículas <strong>de</strong> crianças com seis anos,<br />

ao longo dos próximos cinco anos, passando portanto, <strong>de</strong> 30.000 em 2011 para 39.000 em 2015,<br />

para manter os nossos indicadores <strong>de</strong> matrículas constantes. Isto irá criar no futuro um aumento<br />

consi<strong>de</strong>rável <strong>de</strong> professores, salas <strong>de</strong> aula e gastos com educação.<br />

22


PED - 2011 - 2030 - CAPITAL SOCIAL<br />

Deparamo-nos igualmente com <strong>de</strong>safios ao nível da provisão <strong>de</strong> infra-estruturas escolares. Embora<br />

a situação tenha melhorado em anos recentes, muitas escolas não possuem ainda salas <strong>de</strong> aula<br />

e instalações a<strong>de</strong>quadas, sendo que muitas <strong>de</strong>stas não possuem fornecimentos fiáveis <strong>de</strong> água e<br />

electricida<strong>de</strong>, o que torna difícil o seu funcionamento a<strong>de</strong>quado.<br />

Contudo, apesar <strong>de</strong>stes <strong>de</strong>safios fizemos progressos enormes em termos <strong>de</strong> acesso a ensino básico,<br />

pelo que precisamos agora incidir na qualida<strong>de</strong> da educação. A qualida<strong>de</strong> global do ensino em<br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> continua a ser reduzida, com consequências inevitáveis na aprendizagem dos alunos.<br />

Mais <strong>de</strong> 75% dos professores não estão qualificados <strong>de</strong> acordo com os níveis exigidos por lei.<br />

Também o currículo é ina<strong>de</strong>quado para lidar com as necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento da nossa<br />

Nação.<br />

Ao longo das próximas duas décadas, <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> continuará a construir um sistema <strong>de</strong> ensino<br />

básico que provi<strong>de</strong>ncie o acesso universal e que assegure a conclusão do ensino básico <strong>de</strong><br />

qualida<strong>de</strong> a todas as crianças. Com este objectivo, preten<strong>de</strong>-se que todas as crianças se matriculem<br />

na primeira classe e completem, o nono ano do ensino obrigatório.<br />

Iremos levar a cabo reformas e melhorias significativas no sistema <strong>de</strong> ensino básico, incluindo:<br />

• Investigação, análise e resposta aos factores que prejudicam as matrículas e que provocam<br />

o abandono escolar.<br />

• Garantia <strong>de</strong> que as escolas dispõem dos edifícios e instalações necessárias ao ensino<br />

proporcionalmente ao forte crescimento populacional das crianças em ida<strong>de</strong> escolar.<br />

• Aumentar substancialmente a qualida<strong>de</strong> do ensino, através da melhoria da formação <strong>de</strong><br />

professores, pelo Instituto Nacional <strong>de</strong> Formação <strong>de</strong> Professores e da melhoria da gestão<br />

dos recursos humanos.<br />

• <strong>Desenvolvimento</strong> e implementação <strong>de</strong> um currículo mo<strong>de</strong>rno e relevante, disponibilizando<br />

materiais <strong>de</strong> ensino e aprendizagem <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> para todos os professores e alunos.<br />

• Implementação <strong>de</strong> um novo e <strong>de</strong>scentralizado sistema <strong>de</strong> gestão escolar que garanta a<br />

provisão <strong>de</strong> educação <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> forma eficiente, acessível e sustentável. Isto será<br />

baseado num sistema <strong>de</strong> agrupamento <strong>de</strong> 202 escolas em todo o País. Cada agrupamento<br />

terá uma escola principal e escolas satélites, com uma administração central que garantirá<br />

o uso eficaz dos recursos administrativos, académicos, logísticos e <strong>de</strong> recursos humanos<br />

<strong>de</strong> todo o agrupamento. A abordagem irá igualmente encorajar a participação: será<br />

estabelecido um conselho administrativo em cada agrupamento, envolvendo Associações<br />

<strong>de</strong> Pais, professores e alunos na gestão geral da escola.<br />

ENSINO SECUNDÁRIO<br />

O ensino secundário em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> está dividido em escolas secundárias gerais e escolas<br />

secundárias técnicas. Em 2010 o número <strong>de</strong> alunos no ensino secundário (incluindo escolas<br />

técnicas) era <strong>de</strong> 40.781, com 2.073 professores empregados no sistema <strong>de</strong> ensino secundário. O<br />

sector privado é responsável por 31% do total das matrículas e 43% no distrito <strong>de</strong> Díli. Existem<br />

23


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 2<br />

actualmente 91 escolas secundárias em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, das quais 74 são gerais (43 públicas e 31<br />

privadas) e 17 são técnicas (12 públicas e 5 privadas).<br />

Actualmente o número <strong>de</strong> alunos que concluem os estudos nas escolas técnicas é extremamente<br />

baixo, sendo que somente 12% dos jovens em ida<strong>de</strong> apropriada terminam os seus estudos nestas<br />

escolas.<br />

Tabela 3 Ensino secundário em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, 2010<br />

Secundário geral Secundário técnico Total<br />

Alunos 35.062 5.719 40.781<br />

Escolas 74 17 91<br />

Professores 1.696 377 2.073<br />

Fonte: Ministério da Educação<br />

A nossa estratégia geral preten<strong>de</strong> garantir que, aos 15 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, todos os alunos que terminam<br />

o ensino básico terão acesso ao ensino secundário. Para tal, iremos incidir no alargamento do<br />

acesso ao ensino secundário e à provisão <strong>de</strong> infra-estruturas a<strong>de</strong>quadas e professores qualificados<br />

nas escolas secundárias, para melhorar os resultados em termos <strong>de</strong> aprendizagem e <strong>de</strong> qualificação<br />

por parte dos alunos que concluem este nível <strong>de</strong> ensino.<br />

Deparamo-nos com <strong>de</strong>safios específicos no que se refere à melhoria da qualida<strong>de</strong> do ensino<br />

secundário. O currículo não é a<strong>de</strong>quado para servir as necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento do País,<br />

a gestão dos professores é precária, com uma taxa <strong>de</strong> professores por aluno muito baixa, e a<br />

qualida<strong>de</strong> do ensino é <strong>de</strong>ficitária, sendo que muitos professores carecem <strong>de</strong> fluência nas línguas<br />

oficiais e <strong>de</strong> instrução.<br />

O sistema <strong>de</strong> ensino secundário geral será orientado para preparar os alunos para seguirem para<br />

o ensino superior. O sistema <strong>de</strong> ensino secundário técnico e profissional irá preparar os alunos<br />

para ingressarem no mercado <strong>de</strong> trabalho, assim como, permitir-lhes o acesso ao ensino superior<br />

técnico e universitário.<br />

O aumento nas matrículas do ensino básico revela a necessida<strong>de</strong> urgente em transformar e alargar<br />

o sistema actual <strong>de</strong> ensino secundário por todo o País, em especial nas áreas remotas.<br />

A reforma irá também requerer o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> um novo currículo para o ensino<br />

secundário e a melhoria dos programas <strong>de</strong> formação e qualificação <strong>de</strong> professores. Serão<br />

igualmente necessárias alterações transversais ao ensino secundário e técnico-profissional, <strong>de</strong><br />

forma a preparar os alunos para o mercado <strong>de</strong> trabalho, que se <strong>de</strong>bate com uma escassez aguda<br />

<strong>de</strong> trabalhadores qualificados e semi-qualificados, capazes <strong>de</strong> dar resposta ao ritmo acelerado <strong>de</strong><br />

reconstrução nacional.<br />

Especificamente, as reformas ao ensino secundário irão exigir:<br />

• Um aumento na capacida<strong>de</strong> das escolas secundárias para absorverem um maior número <strong>de</strong> alunos<br />

que conclui o ensino básico. Tal requer o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> um plano abrangente para dar<br />

resposta às necessida<strong>de</strong>s em termos <strong>de</strong> infra-estruturas por parte das escolas secundárias gerais e<br />

das escolas secundárias técnico-profissionais.<br />

24


PED - 2011 - 2030 - CAPITAL SOCIAL<br />

Em particular, será necessário que haja escolas técnicas mo<strong>de</strong>rnas e actualizadas capazes <strong>de</strong> absorver<br />

até 60% da população em ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> frequentar o ensino secundário.<br />

• A substituição <strong>de</strong> escolas antigas que não se encontram em funcionamento por escolas<br />

mo<strong>de</strong>rnas com capacida<strong>de</strong> para acolher um maior número <strong>de</strong> alunos. Serão criados<br />

centros técnicos <strong>de</strong> excelência em várias regiões, nas áreas da economia, agricultura<br />

e engenharia, bem como, cursos relacionados com os sectores dos serviços, turismo e<br />

hotelaria.<br />

• <strong>Desenvolvimento</strong> <strong>de</strong> um novo currículo que incida no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> conhecimentos,<br />

capacida<strong>de</strong>s e qualificações intelectuais e sociais, bem como na promoção <strong>de</strong><br />

qualificações criativas e <strong>de</strong> resolução <strong>de</strong> problemas, qualificações <strong>de</strong> comunicação e<br />

pensamento crítico. O novo currículo para o ensino secundário técnico assentará nas<br />

necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> mercado, com incidência em: (i) agricultura, (ii) engenharia aplicada<br />

(mecânica, eléctrica e electrónica) e (iii) serviços, especialmente orientados para a<br />

gestão <strong>de</strong> empresas e turismo. Irá incluir ligações formais à indústria e ao mercado <strong>de</strong><br />

trabalho com vista a dar aos alunos a experiência necessária <strong>de</strong> trabalho a nível nacional<br />

e internacional.<br />

ENSINO SUPERIOR<br />

O ensino superior nacional está dividido em ensino superior técnico e ensino universitário, ambos<br />

financiados para garantir o máximo <strong>de</strong> acesso, equida<strong>de</strong> e qualida<strong>de</strong> aos alunos.<br />

Actualmente, o sector do ensino superior está a lidar com várias questões essenciais que requerem<br />

uma abordagem ampla e efectiva, incluindo:<br />

• O <strong>de</strong>senvolvimento e implementação <strong>de</strong> novos quadros reguladores e mecanismos <strong>de</strong><br />

financiamento para instituições <strong>de</strong> ensino superior públicas e privadas.<br />

• O estabelecimento <strong>de</strong> um Quadro Nacional <strong>de</strong> Qualificações.<br />

• A continuação do <strong>de</strong>senvolvimento da Agência Nacional <strong>de</strong> Avaliação e Acreditação Académica<br />

(ANAAA), responsável por <strong>de</strong>terminar padrões e critérios que garantam a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> todas<br />

as instituições <strong>de</strong> ensino superior.<br />

• O <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> um sistema administrativo eficaz para coor<strong>de</strong>nar todas as intervenções<br />

do governo a nível do ensino superior e estabelecer alvos e orçamentos prioritários.<br />

• O estabelecimento <strong>de</strong> institutos superiores politécnicos que assegurem os recursos humanos<br />

qualificados necessários, ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>.<br />

Antes <strong>de</strong> 2004, havia 17 instituições <strong>de</strong> ensino superior em funcionamento, servindo mais <strong>de</strong> 13.000<br />

alunos. No início <strong>de</strong> 2011 existem 11 instituições em funcionamento, 9 das quais possuem acreditação<br />

académica, servindo cerca <strong>de</strong> 27,010 alunos. Des<strong>de</strong> 2009 as matrículas <strong>de</strong> jovens do sexo feminino no<br />

ensino superior melhoraram em 70%.<br />

25


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 2<br />

Figura 4 Matrículas no ensino superior, 2009 a 2011<br />

Fonte: Ministério da Educação<br />

A Universida<strong>de</strong> Nacional <strong>Timor</strong> Lorosa’e (UNTL) foi estabelecida em 2000. A UNTL serve os<br />

propósitos nacionais <strong>de</strong> ensino e <strong>de</strong> investigação com vista ao conhecimento especializado da<br />

comunida<strong>de</strong>, promovendo a liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> pensamento e fortalecendo a cultura e a <strong>de</strong>mocracia<br />

timorense. Dado que é a única universida<strong>de</strong> pública em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, foi <strong>de</strong>senvolvido um quadro<br />

legislativo para assegurar a autonomia da UNTL.<br />

Existem também 10 instituições privadas <strong>de</strong> ensino superior em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, as quais precisam <strong>de</strong><br />

melhorar a qualida<strong>de</strong> e a relevância dos seus cursos para melhor correspon<strong>de</strong>r às necessida<strong>de</strong>s<br />

sociais e económicas do País. Isto inclui o aumento <strong>de</strong> cursos superiores orientados para as<br />

necessida<strong>de</strong>s do mercado <strong>de</strong> trabalho e para a melhoria do <strong>de</strong>senvolvimento geral do conhecimento<br />

nas áreas da inovação e do sector empresarial.<br />

Tabela 4 Alunos que terminaram os seus estudos (dados cumulativos até 2011)<br />

N.º Instituição Situação 2011<br />

Total<br />

1 Universida<strong>de</strong> Nacional <strong>Timor</strong> Lorosa’e (UNTL) Acreditada 3.529 1.872 5.401<br />

2 Universida<strong>de</strong> da Paz (UNPAZ) Acreditada 510 351 861<br />

3 Instituto Empresarial (IOB) Acreditada 101 97 198<br />

4 Instituto <strong>de</strong> Tecnologia <strong>de</strong> Díli (DIT) Acreditada 68 47 115<br />

5 Universida<strong>de</strong> Oriental (UNITAL) - 147 64 211<br />

6 Universida<strong>de</strong> Díli (UNDIL) - 321 236 557<br />

7 Instituto Superior Cristal (ISC) Acreditada 167 81 248<br />

8 Aca<strong>de</strong>mia <strong>de</strong> Café <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> (ETICA) Acreditada 38 11 49<br />

9 Instituto <strong>de</strong> Ciências Religiosas "São Tomás <strong>de</strong> Aquino" Acreditada 34 43 77<br />

(ICR)<br />

10 Instituto Profissional <strong>de</strong> Canossa (IPDC) Acreditada 49 - 49<br />

11 Instituto Católico para Formação <strong>de</strong> Professores (ICFP) Acreditada 79 150 229<br />

Total 5.043 2.952 7.995<br />

Fonte: Ministério da Educação<br />

26


PED - 2011 - 2030 - CAPITAL SOCIAL<br />

Para respon<strong>de</strong>r aos <strong>de</strong>safios futuros, os dois ramos do ensino superior <strong>de</strong>verão concentrar-se na<br />

concretização dos seguintes objectivos:<br />

• O ensino técnico pós-secundário irá oferecer cursos aplicados especializados, com a<br />

duração <strong>de</strong> um ou dois anos, que visarão o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong>s práticas <strong>de</strong><br />

resolução <strong>de</strong> problemas, ao mesmo tempo, que <strong>de</strong>senvolvem capacida<strong>de</strong>s educacionais<br />

mais amplas. Serão ministrados cursos em institutos politécnicos ou em institutos<br />

contratados ligados a politécnicos, sendo que os cursos conduzirão a qualificações <strong>de</strong><br />

nível <strong>de</strong> diploma.<br />

• O ensino universitário incidirá na investigação e criação <strong>de</strong> conhecimentos, com uma<br />

preparação científica, técnica e cultural ampla para a continuação dos estudos ou para a<br />

entrada no mercado <strong>de</strong> trabalho. Os cursos serão ministrados em universida<strong>de</strong>s, institutos<br />

ou aca<strong>de</strong>mias e conduzirão a bacharelatos, licenciaturas, mestrados e doutoramentos.<br />

Para atingir estes objectivos, iremos:<br />

• Implementar um sistema forte regulador <strong>de</strong> garantia <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> através (i) do registo<br />

<strong>de</strong> todas as qualificações nacionais num Quadro Nacional <strong>de</strong> Qualificações (ii) do<br />

<strong>de</strong>senvolvimento continuado do órgão nacional <strong>de</strong> garantia <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, a Agência<br />

Nacional <strong>de</strong> Avaliação e Acreditação Académica, que será responsável por <strong>de</strong>terminar<br />

padrões e critérios <strong>de</strong> garantia <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> para todos os cursos <strong>de</strong> ensino superior.<br />

• Desenvolver um sistema administrativo eficaz para coor<strong>de</strong>nar todas as intervenções do<br />

governo a nível do ensino superior e estabelecer alvos e orçamentos prioritários.<br />

• Estabelecer Institutos Politécnicos, incluindo um para cada um dos nossos sectores<br />

industriais estratégicos. Isto incluirá um Politécnico <strong>de</strong> Engenharia, um Politécnico<br />

relacionado com a indústria petrolífera, a ser estabelecido no Suai, um Politécnico <strong>de</strong><br />

indústria <strong>de</strong> serviços, abrangendo turismo e hotelaria, a ser localizado em Lospalos, e um<br />

Politécnico <strong>de</strong> Agricultura a ser estabelecido na costa sul.<br />

Na sua qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> instituição vital para a criação do nosso capital humano e para contribuir para<br />

o nosso <strong>de</strong>senvolvimento nacional, a UNTL será <strong>de</strong>vidamente financiada para po<strong>de</strong>r <strong>de</strong>sempenhar<br />

as suas funções. A UNTL será alargada <strong>de</strong> modo a ser composta por sete faculda<strong>de</strong>s: Agricultura;<br />

Engenharia, Ciência e Tecnologia; Medicina e Ciências da Saú<strong>de</strong>; Economia e Gestão; Educação,<br />

Artes e Humanida<strong>de</strong>s; Direito e Ciências Sociais. A fim <strong>de</strong> apoiar a área vital <strong>de</strong> formação em<br />

Engenharia será construído em Hera um complexo mo<strong>de</strong>rno da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Engenharia.<br />

Continuaremos empenhados em <strong>de</strong>senvolver um sistema <strong>de</strong> ensino superior <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> que<br />

preste serviços <strong>de</strong> acordo com os padrões <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> reconhecidos a nível internacional.<br />

27


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 2<br />

Ministério da Solidarieda<strong>de</strong> Social assina acordo com a UNTL para a criação <strong>de</strong> um Mestrado<br />

A 26 <strong>de</strong> Abril <strong>de</strong> 2011, no Centro da Juventu<strong>de</strong> <strong>de</strong> Taibesse, o Ministério da Solidarieda<strong>de</strong> Social<br />

assinou um acordo com a UNTL para o estabelecimento <strong>de</strong> um Mestrado com vista a melhorar as<br />

qualificações técnicas dos funcionários públicos que prestam serviços sociais em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>.<br />

O novo programa <strong>de</strong> Mestrado irá igualmente prestar formação a nível da concepção, implementação<br />

e monitorização <strong>de</strong> esquemas <strong>de</strong> segurança social e incluirá o estudo das pensões contributivas e<br />

dos fundos <strong>de</strong> reforma, bem como dos regimes <strong>de</strong> distribuição. A provisão <strong>de</strong> pensões a<strong>de</strong>quadas,<br />

financeiramente responsáveis e sustentáveis aos cidadãos vulneráveis, idosos e reformados é um<br />

<strong>de</strong>safio essencial para a nossa Nação. Com esquemas <strong>de</strong> pensões não financiados a gerarem dívidas<br />

insustentáveis em alguns países, é importante que as qualificações técnicas e os conhecimentos dos<br />

nossos funcionários públicos sejam melhorados nesta área, <strong>de</strong> modo a beneficiar o nosso povo e a<br />

sustentabilida<strong>de</strong> da nossa política fiscal.<br />

Esta cooperação entre o Ministério da Solidarieda<strong>de</strong> Social e a UNTL é um mo<strong>de</strong>lo para uma<br />

colaboração futura entre instituições do ensino superior e o <strong>Governo</strong> <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, com o intuito<br />

<strong>de</strong> melhorar recursos humanos em áreas críticas para o <strong>de</strong>senvolvimento nacional.<br />

ENSINO RECORRENTE E APRENDIZAGEM AO LONGO DA VIDA<br />

O ensino recorrente <strong>de</strong>stina-se às pessoas acima da ida<strong>de</strong> escolar normal e que não tiveram<br />

oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> frequentar a escola na ida<strong>de</strong> normal.<br />

O ensino recorrente incorpora o programa da Campanha Nacional <strong>de</strong> Alfabetização, cursos pósalfabetização<br />

e programas <strong>de</strong> ensino básico e equivalência. Em Maio <strong>de</strong> 2011, 120,934 alunos<br />

tinham terminado a Campanha Nacional <strong>de</strong> Alfabetização. O Programa Nacional <strong>de</strong> Equivalências<br />

ministra cursos acelerados <strong>de</strong> aprendizagem que dão qualificações equivalentes ao ensino básico<br />

àqueles que não tiveram oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estudar, quando tinham a ida<strong>de</strong> normal para o fazerem.<br />

Em 2010 os programas pós-alfabetização e <strong>de</strong> equivalência formaram 1,041 alunos.<br />

Os principais <strong>de</strong>safios com que se <strong>de</strong>para o ensino recorrente são: a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aumentar<br />

o número e a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> turmas no programa pós-alfabetização, para que os ganhos a nível<br />

da alfabetização sejam sustentáveis; a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> melhorar as condições para monitores e<br />

professores a fim <strong>de</strong> provi<strong>de</strong>nciar melhores oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento profissional, e<br />

melhorar a coor<strong>de</strong>nação do ensino recorrente.<br />

O alvo <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> <strong>de</strong> eliminar o analfabetismo até 2015 po<strong>de</strong> ser atingido através do aumento<br />

da capacida<strong>de</strong> actual dos nossos programas nacionais <strong>de</strong> alfabetização. O envolvimento e o apoio<br />

das comunida<strong>de</strong>s são factores essenciais para a expansão <strong>de</strong>stes programas. Outro elemento<br />

fundamental é o uso <strong>de</strong> metodologias <strong>de</strong> ensino à distância, com o apoio <strong>de</strong> materiais <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>o<br />

<strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, monitores <strong>de</strong> salas <strong>de</strong> aula e uso futuro <strong>de</strong> métodos <strong>de</strong> aprendizagem assentes na<br />

internet. O Programa Nacional <strong>de</strong> Equivalências será melhorado por via da criação <strong>de</strong> 65 Centros<br />

Comunitários <strong>de</strong> Aprendizagem (um em cada sub-distrito) e da concepção e implementação <strong>de</strong><br />

um currículo <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>.<br />

28


PED - 2011 - 2030 - CAPITAL SOCIAL<br />

INCLUSÃO SOCIAL<br />

Estamos no processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> políticas que inci<strong>de</strong>m sobre a inclusão social no<br />

nosso sistema <strong>de</strong> ensino. Programas, tais como as bolsas <strong>de</strong> estudo e as merendas escolares, estão<br />

a ser implementados para garantir que as crianças não são excluídas da educação em virtu<strong>de</strong> da<br />

sua condição económica.<br />

O sistema <strong>de</strong> ensino precisa igualmente <strong>de</strong> garantir a igualda<strong>de</strong> entre os géneros, sendo este um<br />

problema especialmente particular ao nível do ensino superior. Especial atenção será dada ao<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> estratégias e acções que assistam as raparigas e rapazes com <strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong><br />

forma a garantir que estes não estão em <strong>de</strong>svantagem na matrícula e na realização bem-sucedida<br />

da educação em todos os níveis.<br />

Dada a diversida<strong>de</strong> das línguas nacionais e locais em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, a Comissão Nacional <strong>de</strong> Educação<br />

iniciou estudos sobre o “Ensino Multilingue baseado nas Línguas Maternas para <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>’. Estes<br />

estudos têm por objectivo garantir que as crianças não estão em situação <strong>de</strong> <strong>de</strong>svantagem e<br />

que todas têm acesso igual á educação, assegurando uma transição inicial suave à aquisição das<br />

línguas oficiais <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>.<br />

O nosso primeiro passo será estabelecer uma política <strong>de</strong> inclusão social que garanta que as nossas<br />

pessoas mais vulneráveis têm direito à educação. Iremos igualmente introduzir medidas para<br />

ajudar crianças <strong>de</strong> famílias mais pobres a ace<strong>de</strong>rem e continuarem os seus estudos, incluindo a<br />

continuação do <strong>de</strong>senvolvimento do programa <strong>de</strong> merendas escolares. Serão tomadas medidas<br />

especiais para garantir a igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s para raparigas e reduzir a disparida<strong>de</strong> nos<br />

resultados educacionais entre rapazes e raparigas, em especial nos níveis secundário e terciário.<br />

Todos terão acesso a ensino <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong> quaisquer <strong>de</strong>ficiências. O uso<br />

dos idiomas maternos na educação será igualmente explorado para assegurar igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

oportunida<strong>de</strong>s, em especial ao nível da alfabetização inicial.<br />

Outras acções em relação à inclusão social serão <strong>de</strong>senvolvidas <strong>de</strong> forma mais ampla ainda neste<br />

capítulo.<br />

EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO VOCACIONAL<br />

Em todo o mundo a educação técnica e vocacional é vista como importante para capacitar as<br />

pessoas a assumirem novos <strong>de</strong>safios e a adaptarem-se às circunstâncias sociais e económicas em<br />

mutação. Isto aplica-se também a <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, dado que precisamos que o nosso povo possua<br />

as qualificações necessárias para construir a nossa Nação. Durante a consulta nacional sobre a<br />

proposta <strong>de</strong> <strong>Plano</strong> <strong>Estratégico</strong> <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong>, a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> formação vocacional foi<br />

referida praticamente em todas as reuniões.<br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> <strong>de</strong>para-se actualmente com condicionalismos críticos ao nível dos recursos humanos<br />

na maior parte das áreas da nossa economia e na administração governamental. O Estudo da Mão<strong>de</strong>-Obra<br />

<strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> em 2010 mostra baixos níveis <strong>de</strong> estudos concluídos em todos os grupos<br />

etários.<br />

29


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 2<br />

Da nossa população com mais <strong>de</strong> 15 anos, 40% não possuem qualquer instrução e outros 25% não<br />

foram para lá do ensino primário. Esta escassez <strong>de</strong> qualificações tornar-se-á mais problemática<br />

à medida que os programas do governo se expan<strong>de</strong>m em áreas tais como a saú<strong>de</strong>, a educação,<br />

o petróleo e a agricultura, e à medida que o investimento do sector privado aumenta. Embora<br />

as lacunas educacionais e em termos <strong>de</strong> qualificações vão ser abordadas através <strong>de</strong> reformas ao<br />

sistema <strong>de</strong> ensino, continua a ser necessário <strong>de</strong>senvolver acções urgentes para dar resposta às<br />

necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> no que se refere a qualificações técnicas.<br />

Figura 5 Nível <strong>de</strong> instrução atingido pelas pessoas com 15 anos ou mais<br />

Fonte: Censos <strong>de</strong> 2010<br />

“Precisamos <strong>de</strong> máquinas <strong>de</strong><br />

Por tradição <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> tem tido um sistema <strong>de</strong><br />

formação informal forte que presta qualificações<br />

costura e <strong>de</strong> centros <strong>de</strong> formação<br />

em diversas áreas industriais e comunitárias.<br />

para <strong>de</strong>senvolvermos as<br />

Possuímos também algumas instituições que<br />

capacida<strong>de</strong>s e as qualificações dos prestam formação vocacional. O Centro Nacional<br />

nossos jovens <strong>de</strong> ambos os sexos.” <strong>de</strong> Emprego e Formação Profissional <strong>de</strong> Tibar<br />

presta actualmente uma vasta gama <strong>de</strong> programas<br />

Chefe da Al<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> Leorema, sub-distrito <strong>de</strong> formação técnica e vocacional. Para lá disto, o<br />

<strong>de</strong> Bazartete, distrito <strong>de</strong> Liquiçá, Consulta centro <strong>de</strong> formação vocacional SENAI-Becora em<br />

Nacional, 10 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 2010<br />

Díli presta formação em áreas tais como mecânica,<br />

carpintaria e refrigeração, apoiando igualmente<br />

a necessida<strong>de</strong> crescente em termos <strong>de</strong> formação vocacional. Outros prestadores <strong>de</strong> formação<br />

importantes incluem a Don Bosco, a Agência <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> (ADTL) e o<br />

30


PED - 2011 - 2030 - CAPITAL SOCIAL<br />

Instituto <strong>de</strong> Tecnologia <strong>de</strong> Díli. Todavia, estes prestadores <strong>de</strong> formação actuais não possuem a<br />

capacida<strong>de</strong> para prestar uma formação vocacional extensa e transversal que será necessária para<br />

<strong>de</strong>senvolver a força laboral altamente qualificada <strong>de</strong> que <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> necessita para construir a<br />

sua Nação e garantir o seu futuro económico.<br />

Para formar o nosso povo relativamente aos empregos do futuro – e para concretizar o nosso<br />

objectivo <strong>de</strong> ter todos os timorenses com acesso a emprego e a rendimentos básicos até 2020 –<br />

iremos <strong>de</strong>senvolver um novo sistema nacional <strong>de</strong> formação. Isto permitirá ao nosso povo aproveitar<br />

as oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> emprego nas indústrias em expansão do petróleo, do turismo, da agricultura<br />

e da construção. Serão igualmente prestadas oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> formação para ajudar as pessoas<br />

a abrirem novas empresas e novos negócios.<br />

É importante <strong>de</strong>terminar as qualificações <strong>de</strong> que <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> necessita e construir um sistema <strong>de</strong><br />

formação vocacional para dar resposta a estas necessida<strong>de</strong>s. Para que a nossa Nação seja capaz<br />

<strong>de</strong> exercer um governo efectivo, <strong>de</strong>senvolver as nossas indústrias, prestar serviços <strong>de</strong> educação e<br />

saú<strong>de</strong> e construir infra-estruturas mo<strong>de</strong>rnas, precisamos <strong>de</strong> pessoas qualificadas. Sem formação<br />

vocacional <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> e sem uma cultura <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento das nossas qualificações, o nosso<br />

povo não será capaz <strong>de</strong> agarrar os empregos e as oportunida<strong>de</strong>s resultantes dos gran<strong>de</strong>s projectos<br />

e das novas indústrias que virão a ser estabelecidos em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>.<br />

A formação vocacional incidirá na formação <strong>de</strong> uma força laboral qualificada capaz <strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r<br />

às necessida<strong>de</strong>s da nossa Nação em termos <strong>de</strong> emprego e <strong>de</strong>senvolvimento. Para concretizar as<br />

nossas metas serão necessárias as seguintes acções:<br />

• O sistema <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> continuará a ser <strong>de</strong>senvolvido e financiado.<br />

• Um Compromisso Nacional <strong>de</strong> Formação prestará oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> formação a todos os<br />

timorenses.<br />

• Uma Política Nacional <strong>de</strong> Conteúdos Laborais garantirá que as empresas internacionais e<br />

nacionais prestam oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> formação.<br />

• Será feito investimento em instalações <strong>de</strong> formação e em pessoas.<br />

• Será <strong>de</strong>senvolvido um <strong>Plano</strong> <strong>de</strong> Educação e Formação Técnicas e Vocacionais.<br />

<strong>Desenvolvimento</strong> <strong>de</strong> um sistema nacional <strong>de</strong> formação<br />

A elevação dos padrões <strong>de</strong> qualificação do nosso povo irá elevar os níveis <strong>de</strong> vida em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>.<br />

Estamos já a <strong>de</strong>senvolver um quadro <strong>de</strong> formação em qualificações para dar resposta às nossas<br />

necessida<strong>de</strong>s, o que é um primeiro passo essencial para a criação <strong>de</strong> programas nacionais <strong>de</strong><br />

formação. Este quadro será <strong>de</strong>senvolvido em mais <strong>de</strong>talhe <strong>de</strong> modo a incluir:<br />

• Padrões <strong>de</strong> qualificações nacionais em todas as principais ocupações.<br />

• Currículos nacionais para todos os programas <strong>de</strong> formação registados.<br />

31


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 2<br />

• Um sistema para possibilitar a prestadores <strong>de</strong> formação registados do governo,<br />

comunida<strong>de</strong> e sectores não-governamentais prestarem formação acreditada.<br />

É essencial que haja uma vasta gama <strong>de</strong> prestadores <strong>de</strong> formação públicos e privados em <strong>Timor</strong>-<br />

<strong>Leste</strong>. Será apoiado o estabelecimento <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s e pequenos prestadores <strong>de</strong> formação do governo,<br />

comunida<strong>de</strong> e indústria. Será assegurada a formação <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> através do requisito <strong>de</strong> os<br />

formadores cumprirem os padrões nacionais <strong>de</strong> registo e <strong>de</strong> a formação ser baseada em currículos<br />

aprovados a nível nacional. Os prestadores <strong>de</strong> formação que não cumpram ou mantenham os<br />

padrões elevados exigidos pelo sistema <strong>de</strong> registo não serão elegíveis para receber financiamento<br />

estatal e não po<strong>de</strong>rão atribuir qualificações nacionais.<br />

O Quadro <strong>de</strong> Qualificações Nacionais <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, actualmente a ser <strong>de</strong>senvolvido, irá<br />

permitir a todos os timorenses abranger os níveis <strong>de</strong> qualificações do um ao cinco. À medida<br />

que este quadro <strong>de</strong> formação, qualificação e reconhecimento é <strong>de</strong>senvolvido, irá guiar o futuro<br />

financiamento governamental relativo à formação para assegurar que os alunos, avançam <strong>de</strong><br />

modo integrado, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a sua organização no local <strong>de</strong> trabalho, literacia e numeracia, até ao acesso<br />

a cursos superiores que lhes permitam ace<strong>de</strong>r a profissões mais qualificadas.<br />

Um sistema nacional <strong>de</strong> reconhecimento <strong>de</strong> qualificações a funcionar juntamente com um<br />

sistema <strong>de</strong> formação em qualida<strong>de</strong>, irá aumentar as qualificações do nosso povo e melhorar a sua<br />

participação em projectos empresariais internacionais, bem como, melhorar as suas oportunida<strong>de</strong>s<br />

para conseguirem emprego em gran<strong>de</strong>s projectos <strong>de</strong> infra-estruturas e em gran<strong>de</strong>s projectos<br />

petrolíferos.<br />

Compromisso Nacional <strong>de</strong> Formação<br />

O Parlamento Nacional aprovou recentemente um pacote <strong>de</strong> Compromisso Nacional <strong>de</strong> Formação<br />

para <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, a começar em 2012. A cada ano, este Compromisso prestará formação estruturada<br />

e aprovada a 8.400 jovens dos 16 aos 18 anos, a pessoas que abandonaram os estudos e a outras<br />

pessoas que necessitem <strong>de</strong> formação para entrarem no mercado <strong>de</strong> trabalho ou começarem o<br />

seu próprio negócio. Estes centros <strong>de</strong> formação visam dar resposta às priorida<strong>de</strong>s em termos <strong>de</strong><br />

qualificações industriais nas nossas comunida<strong>de</strong>s e nos nossos distritos.<br />

Até 2015, 50% <strong>de</strong> todos os graduados escolares que não ingressam no mercado <strong>de</strong> trabalho<br />

ou continuam os seus estudos, serão matriculados na formação prestada ao abrigo do<br />

Compromisso.<br />

O Compromisso Nacional <strong>de</strong> Formação para <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> terá duas vertentes. A primeira será o<br />

Bilhete Nacional <strong>de</strong> Formação, que provi<strong>de</strong>nciará formação totalmente financiada durante um<br />

ano e que será ministrada por uma organização <strong>de</strong> formação registada numa sala <strong>de</strong> aula ou<br />

numa oficina. Para lá da formação na sala <strong>de</strong> aula ou oficina, os alunos po<strong>de</strong>rão ser colocados num<br />

estabelecimento para obterem experiência <strong>de</strong> trabalho não remunerada.<br />

32


PED - 2011 - 2030 - CAPITAL SOCIAL<br />

A segunda vertente será o Programa Nacional <strong>de</strong> Estágios, que dará aos alunos uma combinação<br />

<strong>de</strong> aprendizagem e experiência teórica-prática. Isto permitirá a introdução <strong>de</strong> formação prática na<br />

indústria timorense, criando ao mesmo tempo uma entrada formal no mercado <strong>de</strong> emprego para<br />

os formandos timorenses. As organizações <strong>de</strong> formação serão responsáveis por provi<strong>de</strong>nciarem<br />

supervisão e acompanhamento aos formandos ao longo do ano, encontrando e negociando<br />

colocações em estabelecimentos e monitorizando a aprendizagem <strong>de</strong>stes. Todos os graduados<br />

com aproveitamento do Programa Nacional <strong>de</strong> Estágios obterão um certificado nacional <strong>de</strong><br />

qualificação.<br />

Os certificados abrangerão formação numa vasta gama <strong>de</strong> qualificações, incluindo:<br />

• Alfabetização, competências matemáticas e prontidão para o trabalho.<br />

• Indústria petrolífera.<br />

• Construção civil.<br />

• Serviços humanos e hotelaria.<br />

• Pequenas empresas.<br />

• Administração pública.<br />

Política Nacional <strong>de</strong> Conteúdos Laborais<br />

A Política Nacional <strong>de</strong> Conteúdos Laborais irá exigir que todas as principais novas empresas<br />

assegurem que, uma percentagem mínima do valor da mão-<strong>de</strong>-obra em todos os principais<br />

projectos em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, seja <strong>de</strong>dicada ao emprego ou à formação acreditada <strong>de</strong> cidadãos<br />

timorenses.<br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> continuará a acolher empresas internacionais como parceiros no <strong>de</strong>senvolvimento da<br />

nossa Nação, sendo que a Política Nacional <strong>de</strong> Conteúdos Laborais irá estabelecer regras claras e<br />

iguais, para todos os nossos parceiros. A Política Nacional <strong>de</strong> Conteúdos Laborais aplicar-se-á às<br />

empresas internacionais a operarem em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> e a todos os contratos governamentais. O<br />

<strong>de</strong>talhe <strong>de</strong>sta política será <strong>de</strong>senvolvido no seguimento <strong>de</strong> consultas com a Câmara <strong>de</strong> Comércio<br />

e Indústria <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> e com organizações comunitárias. A política será informada por<br />

esquemas semelhantes já em prática com bastante sucesso em alguns países.<br />

Investimento em instalações <strong>de</strong> formação e nas pessoas<br />

A satisfação das necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> formação da nossa Nação ao longo dos próximos 20 anos e a<br />

implementação do Compromisso Nacional <strong>de</strong> Formação <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, irão requerer instalações<br />

e infra-estruturas <strong>de</strong> formação para uso por parte <strong>de</strong> organizações <strong>de</strong> formação públicas e privadas<br />

registadas, materiais <strong>de</strong> formação mo<strong>de</strong>rnos e formadores qualificados.<br />

33


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 2<br />

Será necessário um investimento consi<strong>de</strong>rável em instalações <strong>de</strong> ensino e aprendizagem, com<br />

especial atenção para o estabelecimento <strong>de</strong> serviços e instalações nos nossos distritos. Como<br />

primeiro passo iremos investir em infra-estruturas e pessoas <strong>de</strong> modo a criar uma base forte para<br />

o nosso sector <strong>de</strong> formação vocacional. Isto incluirá:<br />

• <strong>Desenvolvimento</strong> <strong>de</strong> formadores qualificados e profissionais.<br />

• <strong>Desenvolvimento</strong> <strong>de</strong> currículos relevantes para as necessida<strong>de</strong>s da indústria e dos<br />

alunos.<br />

• Integração da formação como activida<strong>de</strong> essencial dos negócios.<br />

• Ligação dos negócios a serviços <strong>de</strong> formação.<br />

Este trabalho irá incluir o estabelecimento <strong>de</strong> um Centro <strong>de</strong> Formação em Petróleo e Gás, bem<br />

como uma série <strong>de</strong> programas <strong>de</strong> formação em serviços relativos à indústria.<br />

Serão igualmente estabelecidos Centros <strong>de</strong> Emprego e Orientação Vocacional em cada distrito.<br />

Estes centros encorajarão os jovens a ingressar no mercado <strong>de</strong> trabalho, provi<strong>de</strong>nciarão orientação<br />

a nível <strong>de</strong> carreiras e pareceres vocacionais, darão referencias aos prestadores <strong>de</strong> formação,<br />

implementarão programas <strong>de</strong> emprego e promoverão o emprego por conta própria através do<br />

<strong>de</strong>senvolvimento do empreen<strong>de</strong>dorismo e do ensino <strong>de</strong> qualificações empresariais.<br />

<strong>Plano</strong> <strong>de</strong> Educação e Formação Técnica e Vocacional<br />

A fim <strong>de</strong> orientar o futuro do novo sistema nacional <strong>de</strong> formação em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> será <strong>de</strong>senvolvido<br />

um <strong>Plano</strong> <strong>de</strong> Educação e Formação Técnica e Vocacional. O <strong>Plano</strong> estabelecerá objectivos e<br />

resultados mensuráveis para o nosso sistema <strong>de</strong> educação técnica e vocacional e <strong>de</strong>finirá os passos<br />

práticos que teremos <strong>de</strong> dar para implementar um sistema que dê resposta às necessida<strong>de</strong>s a<br />

longo prazo da nossa Nação. O <strong>Plano</strong> provi<strong>de</strong>nciará também um quadro e acções para garantir que<br />

todos os membros da comunida<strong>de</strong>, incluindo mulheres, tenham acesso a formação vocacional e<br />

às oportunida<strong>de</strong>s económicas e sociais que essa formação acarreta.<br />

O <strong>Plano</strong> será <strong>de</strong>senvolvido em consulta com a indústria, socieda<strong>de</strong> civil e o povo timorense.<br />

Irá orientar as <strong>de</strong>spesas públicas, encorajar um maior investimento na formação por parte <strong>de</strong><br />

empregadores, <strong>de</strong>terminar os requisitos em termos <strong>de</strong> centros <strong>de</strong> formação e infra-estruturas e<br />

estabelecer uma re<strong>de</strong> nacional <strong>de</strong> assessoria industrial ligando empresas a <strong>de</strong>cisores políticos,<br />

reguladores e prestadores <strong>de</strong> serviços.<br />

FUNDO DO DESENVOLVIMENTO DO CAPITAL HUMANO<br />

Para <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> se tornar numa Nação <strong>de</strong> sucesso, saudável, bem-educada e segura, precisamos<br />

<strong>de</strong> investir no nosso povo. A capacitação dos nossos recursos humanos é essencial para o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento da economia e da socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> nossa Nação in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte. Esta <strong>de</strong>ve ser uma<br />

priorida<strong>de</strong> nacional e os fundos a tal necessários <strong>de</strong>vem ser alocados <strong>de</strong> forma a garantir o nosso<br />

futuro colectivo.<br />

34


PED - 2011 - 2030 - CAPITAL SOCIAL<br />

Para enfatizar a importância do <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> recursos humanos para o nosso País e para<br />

fornecer a orientação a<strong>de</strong>quada a este <strong>de</strong>safio, o plurianual Fundo do <strong>Desenvolvimento</strong> do Capital<br />

Humano foi recentemente aprovado pelo Parlamento Nacional. A criação <strong>de</strong>ste Fundo reconhece<br />

a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> abordar esta questão através <strong>de</strong> estratégias plurianuais, e com uma educação<br />

<strong>de</strong> escala global e um gran<strong>de</strong> esforço <strong>de</strong> formação, para além <strong>de</strong> um ciclo orçamental. O Fundo<br />

é uma <strong>de</strong>monstração pública da importância crítica do <strong>de</strong>senvolvimento dos recursos humanos<br />

para o futuro <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>.<br />

Os objectivos do fundo são:<br />

• Garantir o financiamento do investimento público na formação e <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><br />

recursos humanos.<br />

• Proporcionar uma abordagem governamental coor<strong>de</strong>nada.<br />

• Proporcionar garantia na negociação e execução <strong>de</strong> acordos, programas e projectos que<br />

se esten<strong>de</strong>m além <strong>de</strong> um ano.<br />

• Promover a transparência e responsabilida<strong>de</strong> através <strong>de</strong> melhoria dos sistemas <strong>de</strong><br />

informação para os programas <strong>de</strong> implementação e projectos <strong>de</strong> formação.<br />

O Fundo permite-nos seguir toda uma abordagem governamental coor<strong>de</strong>nada no sentido <strong>de</strong><br />

alcançar o <strong>de</strong>senvolvimento dos recursos humanos, através da reunião dos nossos esforços e<br />

compromissos colectivos. O Fundo apoiará iniciativas para construir a nossa base <strong>de</strong> competências<br />

e também estará disponível para financiar todas as formas <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento profissional e<br />

formação. Isso permitirá que abordagens criativas, inovadoras e diversificadas sejam adoptadas e<br />

que as melhores práticas sejam <strong>de</strong>monstradas e reproduzidas. Apoio prestado pelo Fundo incluirá<br />

bolsas <strong>de</strong> estudo nacionais e internacionais, estágios, sessões <strong>de</strong> trabalho diversas, programas <strong>de</strong><br />

treinamento e outros métodos <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento profissional.<br />

O foco das <strong>de</strong>spesas vai ser - e <strong>de</strong>ve ser - o <strong>de</strong>senvolvimento dos recursos humanos que são<br />

necessários para o progresso económico e social da nossa Nação. Isto incluirá programas e<br />

projectos em sectores estratégicos da economia, incluindo petróleo, agricultura e turismo, bem<br />

como em infra-estruturas, educação, saú<strong>de</strong> e gestão do sector público. O apoio nestas áreas<br />

permitirá alcançar uma maior competitivida<strong>de</strong> global, à medida que empreen<strong>de</strong>mos um maior<br />

<strong>de</strong>senvolvimento regional e económico. Também será um investimento na nossa soberania<br />

nacional.<br />

O Fundo será gerido por um Conselho <strong>de</strong> Alto Nível que irá analisar e consi<strong>de</strong>rar as lacunas em<br />

termos <strong>de</strong> competências nacionais sendo que, em seguida, será <strong>de</strong>senvolvido uma resposta<br />

coor<strong>de</strong>nada e estratégica para suprir tais lacunas.<br />

Em 2011, foi alocado um total <strong>de</strong> 25 milhões <strong>de</strong> dólares americanos. Ao longo dos primeiros<br />

cinco anos do seu funcionamento, o Fundo aumentará para cerca <strong>de</strong> 175 milhões <strong>de</strong> dólares<br />

americanos.<br />

35


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 2<br />

À medida que as activida<strong>de</strong>s do Fundo progridam, iremos rever e reavaliar a assistência específica<br />

prestada pelo Fundo para garantir que este cumpra o <strong>de</strong>senvolvimento das necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

recursos humanos em todos os sectores chave e continue a operar <strong>de</strong> forma eficaz a longo prazo.<br />

Neste sentido, já foi alocado financiamento para melhorar os nossos recursos humanos na área<br />

da saú<strong>de</strong>, educação, finanças públicas, tecnologia da informação, petróleo, justiça, <strong>de</strong>fesa e<br />

segurança.<br />

Através do Fundo do <strong>Desenvolvimento</strong> do Capital Humano, <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> será capaz <strong>de</strong> trabalhar<br />

em colectivo e <strong>de</strong> forma coor<strong>de</strong>nada, no sentido <strong>de</strong> promover e provi<strong>de</strong>nciar o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

da educação e formação profissional tão necessário ao nosso futuro.<br />

METAS<br />

Até 2015:<br />

• Pelo menos meta<strong>de</strong> do número total <strong>de</strong> crianças, tanto rapazes como raparigas, entre os<br />

três e os cinco anos, estará matriculada e a receber ensino pré-primário <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>.<br />

• Será <strong>de</strong>senvolvido um novo currículo escolar nacional para o ensino pré-primário, com<br />

programas <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> professores e guias <strong>de</strong> aprendizagem aprovados.<br />

• Estará disponível ensino básico <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> para 93% das crianças timorenses.<br />

• Terá ocorrido uma mudança <strong>de</strong> paradigma na qualida<strong>de</strong> e relevância do ensino secundário,<br />

permitindo aos alunos adquirirem as qualificações práticas para ingressarem no mercado<br />

<strong>de</strong> trabalho ou adquirirem os conhecimentos essenciais científicos e humanísticos<br />

necessários para continuarem os seus estudos no ensino superior.<br />

• O analfabetismo em todos os grupos etários da população terá sido erradicado e a<br />

introdução do Programa Nacional <strong>de</strong> Equivalências terá sido concluída, permitindo a<br />

conclusão acelerada <strong>de</strong> ensino básico para todos os graduados do ensino recorrente.<br />

• Será <strong>de</strong>senvolvido um <strong>Plano</strong> <strong>de</strong> Educação e Formação Técnicas e Vocacionais.<br />

Até 2020:<br />

• A UNTL terá sido alargada para sete faculda<strong>de</strong>s.<br />

• <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> terá um sistema integrado e abrangente <strong>de</strong> ensino superior que (i) é regulado<br />

por padrões <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> rigorosos para o funcionamento <strong>de</strong> instituições públicas e<br />

privadas e (ii) presta ensino superior relevante e <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>.<br />

• Será <strong>de</strong>senvolvida e implementada uma política <strong>de</strong> inclusão social na educação.<br />

• O novo sistema <strong>de</strong> padrões, registo e qualificações será alargado a todos os distritos .<br />

36


PED - 2011 - 2030 - CAPITAL SOCIAL<br />

• Será implementado um Compromisso Nacional <strong>de</strong> Formação, provi<strong>de</strong>nciando novas<br />

oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> formação em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>.<br />

• Será estabelecida uma Política Nacional <strong>de</strong> Conteúdos Laborais, garantindo que as<br />

empresas internacionais e nacionais prestam oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> formação.<br />

• Serão feitos investimentos consi<strong>de</strong>ráveis na construção <strong>de</strong> instalações <strong>de</strong> formação e no<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> recursos humanos no sector da formação vocacional.<br />

• Será estabelecido um Centro <strong>de</strong> Emprego e Orientação Vocacional em cada distrito, a fim<br />

<strong>de</strong> prestar serviços e pareceres relativos a emprego.<br />

• Serão estabelecidas medidas abrangentes para garantir o direito á educação por parte<br />

<strong>de</strong> grupos socialmente marginalizados e para permitir a igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

ensino in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente da etnia, formação linguística, condição socioeconómica,<br />

religião, género, saú<strong>de</strong> (VIH), <strong>de</strong>ficiência ou localização (urbana-rural)<br />

• O sistema <strong>de</strong> educação e formação vocacionais dará a <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> os profissionais<br />

qualificados <strong>de</strong> que precisamos para continuar a construir a nossa Nação.<br />

Até 2030:<br />

• Todas as crianças dos 442 sucos do País terão acesso a uma instalação ou sala <strong>de</strong> aula do<br />

ensino pré-primário a uma distância razoavelmente curta das suas casas.<br />

• Todas as crianças concluirão com aproveitamento um curso completo <strong>de</strong> ensino básico<br />

<strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> modo a avançarem para o ensino secundário.<br />

• Todas as crianças terão a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> concluir um ensino secundário <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>.<br />

• Graduados do sistema <strong>de</strong> ensino superior possuirão as qualificações e os conhecimentos<br />

avançados necessários para analisar, conceber, construir e manter a infra-estrutura social<br />

e económica <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>.<br />

• Todas as pessoas acima da ida<strong>de</strong> normal para frequentar a escola ou que não foram à<br />

escola terão oportunida<strong>de</strong> para ace<strong>de</strong>r e concluir o ensino básico e o ensino secundário.<br />

37


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 2<br />

S A Ú D E<br />

VISÃO GERAL E DESAFIOS<br />

A boa saú<strong>de</strong> é essencial para uma boa qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida. As crianças <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, em<br />

particular, merecem ter acesso a bons cuidados <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, alimentos nutritivos, água potável e<br />

bom saneamento.<br />

“Precisamos <strong>de</strong> mais<br />

médicos, especialmente<br />

<strong>de</strong> parteiras dado que<br />

só existe uma na nossa<br />

região.”<br />

A Constituição <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> estabelece os cuidados<br />

médicos como um direito fundamental <strong>de</strong> todos os cidadãos<br />

e impõe ao governo o <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> promover e estabelecer<br />

um sistema nacional <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> universal, geral, gratuito e,<br />

na medida do possível, <strong>de</strong>scentralizado e participativo.<br />

As alterações nos indicadores <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> ao longo dos<br />

últimos <strong>de</strong>z anos mostram sinais <strong>de</strong> progresso positivos:<br />

78% das crianças são agora tratadas em relação a doenças<br />

Administrador do Sub-distrito <strong>de</strong> Lolotoe, básicas; 86% das mães recebem agora algum grau <strong>de</strong><br />

Distrito <strong>de</strong> Maliana, Consulta Nacional, 4 cuidados pré-natais (um aumento <strong>de</strong> 41%); e a incidência<br />

<strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 2010<br />

<strong>de</strong> mulheres malnutridas <strong>de</strong>sceu 29% na última década.<br />

Os Objectivos <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> do Milénio foram<br />

alcançados no que se refere às taxas <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

crianças com menos <strong>de</strong> cinco anos e às taxas <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong> infantis. O tratamento bem-sucedido<br />

<strong>de</strong> pacientes <strong>de</strong> tuberculose atingiu os 85%; e em 2010 a taxa <strong>de</strong> fertilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sceu para os 5,7%,<br />

o que significa uma redução comparativamente com os 7,8% verificados em 2003.<br />

Todavia, a malnutrição crónica entre crianças timorenses continua a ser muito elevada, ainda que<br />

a situação esteja a melhorar. Um terço das crianças com menos <strong>de</strong> cinco anos e um terço <strong>de</strong> todas<br />

as mulheres sofrem <strong>de</strong> anemia.<br />

Embora esta secção do <strong>Plano</strong> <strong>Estratégico</strong> <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> li<strong>de</strong> com a provisão <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong><br />

saú<strong>de</strong> pública e serviços médicos que ajudarão directamente a conseguir uma socieda<strong>de</strong> saudável,<br />

a implementação bem-sucedida <strong>de</strong> outros sectores do <strong>Plano</strong> será igualmente necessária para a<br />

concretização da nossa visão <strong>de</strong> um <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> saudável.<br />

Por exemplo, as iniciativas na secção sobre agricultura (Capítulo 4) referentes à auto-suficiência<br />

alimentar, ao aumento da criação <strong>de</strong> animais e ao aumento da produção pesqueira, permitirão<br />

dietas mais diversificadas e mais equilibradas em termos nutricionais. As iniciativas a nível<br />

<strong>de</strong> infra-estruturas, como sejam a provisão <strong>de</strong> sistemas eléctricos alimentados por energias<br />

renováveis ou por cabos <strong>de</strong> transmissão até às casas, reduzirão as doenças pulmonares e do peito<br />

por via da redução dos poluentes causados pela cozinha tradicional <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> portas (Capítulo 3 -<br />

Electricida<strong>de</strong>). O saneamento a<strong>de</strong>quado reduzirá a propagação <strong>de</strong> doenças transmissíveis através<br />

dos resíduos, sendo que a melhoria do abastecimento <strong>de</strong> água reduzirá a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> doenças<br />

e infecções no estômago (Capítulo 3 – Água e Saneamento).<br />

38


PED - 2011 - 2030 - CAPITAL SOCIAL<br />

Melhores condições <strong>de</strong> habitação, menores taxas <strong>de</strong> fertilida<strong>de</strong>, melhores conhecimentos sobre<br />

planeamento familiar e uma redução no sobrepovoamento dos lares irão reduzir as doenças<br />

transmissíveis pelo ar. A integração nacional <strong>de</strong> estradas, telecomunicações e acesso à internet,<br />

permitirão respostas mais imediatas à gestão <strong>de</strong> questões urgentes e vitais relacionadas com<br />

cuidados <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> (Capítulo 3 – Estradas, Pontes e Telecomunicações).<br />

As estratégias e acções indicadas <strong>de</strong> seguida inci<strong>de</strong>m no sector da saú<strong>de</strong> e levam em conta os<br />

objectivos políticos i<strong>de</strong>ntificados no <strong>Plano</strong> <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> Nacional <strong>de</strong> 2002 e nos Objectivos<br />

<strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> do Milénio.<br />

ESTRATÉGIA E ACÇÕES<br />

Até 2030 <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> terá uma população mais saudável, como resultado <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong><br />

saú<strong>de</strong> abrangentes e <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> elevada acessíveis a todos os cidadãos timorenses. Isto,<br />

por sua vez, ajudará a reduzir a pobreza, a aumentar os níveis <strong>de</strong> rendimentos e a melhorar<br />

a produtivida<strong>de</strong> nacional.<br />

Para concretizar esta visão iremos agir em três áreas fundamentais: prestação <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>,<br />

recursos humanos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e infra-estruturas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>.<br />

PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE SAÚDE<br />

As nossas metas globais para a prestação <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> consistem em:<br />

• Garantir o acesso a cuidados <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> primários <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> para todos os timorenses.<br />

• Incidir nas necessida<strong>de</strong>s das crianças, mulheres e outros grupos vulneráveis.<br />

• Desenvolver um serviço hospitalar capaz <strong>de</strong> dar resposta às necessida<strong>de</strong>s do nosso povo<br />

em termos <strong>de</strong> cuidados especializados.<br />

Um resumo dos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> existentes em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> é <strong>de</strong>finido na tabela abaixo.<br />

Tabela 5 Resumo dos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> existentes em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong><br />

Tipo Público Privado TOTAL<br />

Postos <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> 193 0 192<br />

Centros Comunitários <strong>de</strong><br />

66 26 92<br />

Saú<strong>de</strong><br />

Hospitais 6 0 6<br />

TOTAL 264 26 290<br />

Fonte: Ministério da Saú<strong>de</strong>, 2011<br />

39


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 2<br />

Para consagrar a nossa visão <strong>de</strong> alcançar um País mais saudável, iremos estabelecer papéis e<br />

responsabilida<strong>de</strong>s claramente <strong>de</strong>finidas no sistema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e um equilíbrio a<strong>de</strong>quado entre as<br />

funções <strong>de</strong> governação central e funções <strong>de</strong> distribuição local <strong>de</strong> serviço. A figura seguinte ilustra<br />

o mo<strong>de</strong>lo para o nosso sistema nacional <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>.<br />

Figura 6 Quadro do sistema nacional <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />

Fonte: Ministério da Saú<strong>de</strong><br />

Cuidados <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> primários<br />

Para a maior parte das famílias em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, o seu primeiro contacto com o sistema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />

é através dos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> primários, prestados através da estrutura <strong>de</strong> Serviços <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Distrito, a qual inclui Postos <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, clínicas móveis e Centros Comunitários <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>. As<br />

activida<strong>de</strong>s baseadas nos distritos consistem em Serviços Comunitários <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Integrados em<br />

todas as al<strong>de</strong>ias e serviços móveis conduzidos em outros locais, como sejam escolas e mercados.<br />

Os Postos <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, contendo por norma um enfermeiro e uma parteira, prestam cuidados<br />

curativos e preventivos e programas <strong>de</strong> promoção <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. A nível <strong>de</strong> sub-distrito, os Centros<br />

Comunitários <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> prestam um nível <strong>de</strong> serviço superior aos dos Postos <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, têm mais<br />

funcionários e prestam apoio técnico e administrativo a Postos <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>. Duas vezes por semana,<br />

os Centros Comunitários <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> provi<strong>de</strong>nciam clínicas móveis, por via <strong>de</strong> motorizadas, a<br />

comunida<strong>de</strong>s remotas sem Postos <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>.<br />

40


PED - 2011 - 2030 - CAPITAL SOCIAL<br />

Em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, a re<strong>de</strong> <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> primária assegura um Pacote <strong>de</strong> Serviços, composto por serviços<br />

curativos básicos, programas <strong>de</strong> vacinação, cuidados <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> materna e infantil, provisão <strong>de</strong><br />

programas <strong>de</strong> nutrição, acompanhamento da tuberculose, apoio em termos <strong>de</strong> cuidados <strong>de</strong><br />

saú<strong>de</strong> mental e promoção e educação da saú<strong>de</strong>. Alguns Centros Comunitários <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> oferecem<br />

também serviços <strong>de</strong> odontologia e testes <strong>de</strong> laboratório relativos a cuidados pré-natais, malária<br />

e tuberculose. Os cuidados <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> primários serão reconfigurados e reformados ao longo dos<br />

próximos <strong>de</strong>z anos. Em 2015, os sucos com população entre 1.500 a 2.000, localizados em áreas<br />

muito remotas, serão atendidos por Postos <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> com capacida<strong>de</strong> para provi<strong>de</strong>nciar um pacote<br />

abrangente <strong>de</strong> serviços.<br />

Em 2020, todos os Postos <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> terão, pelo menos, um médico, dois enfermeiros e duas<br />

parteiras.<br />

Os Centros <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, a nível <strong>de</strong> sub-distrito, prestarão cuidados a 5.000 até 15.000 pessoas e<br />

administrarão aproximadamente quatro Postos <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>. Serão localizados cinquenta e quatro<br />

Centros <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> nos cinco distritos que não possuem hospitais.<br />

As al<strong>de</strong>ias, a mais <strong>de</strong> uma hora <strong>de</strong> distância a pé <strong>de</strong> um Posto <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, terão uma parteira natural<br />

da al<strong>de</strong>ia local ou agente comunitário <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> formados pelo Ministério da Saú<strong>de</strong>. Estes técnicos<br />

receberão estojos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, transporte e incentivos, durante três anos a fim <strong>de</strong> permanecerem<br />

nas al<strong>de</strong>ias. Os recursos serão melhorados ao nível <strong>de</strong> um profissional <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> por cada 2.500<br />

pessoas, incluindo um médico, dispensários <strong>de</strong> medicamentos para famílias e um serviço básico<br />

<strong>de</strong> ambulância.<br />

Cuidados <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> hospitalares e especializados<br />

Os cuidados <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> secundários e terciários, ou especializados, são prestados por hospitais.<br />

Existem dois níveis <strong>de</strong> hospitais que prestam cuidados <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> secundários em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>. Há<br />

hospitais <strong>de</strong> referência em cinco regiões. Estes hospitais têm <strong>de</strong>partamentos <strong>de</strong> emergência e<br />

<strong>de</strong> internamento <strong>de</strong> pacientes, contêm profissionais <strong>de</strong> medicina geral e especialistas em quatro<br />

áreas clínicas. O Hospital Nacional <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> em Díli é o hospital <strong>de</strong> referência <strong>de</strong> topo<br />

para serviços especializados e possui ligações a hospitais internacionais para os casos em que<br />

são necessários cuidados <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> terciários especializados. Tanto o Hospital Nacional como os<br />

Hospitais <strong>de</strong> referência prestam formação a profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> que trabalham ao nível dos<br />

cuidados primários. Estes hospitais servem também como centros <strong>de</strong> estágio para todos os<br />

profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. Actualmente os cuidados <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> terciários são prestados no estrangeiro<br />

<strong>de</strong>vido à falta <strong>de</strong> tecnologia e <strong>de</strong> especialistas em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>.<br />

Em 2020, os serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> específicos nos cuidados renais, cardíacos e paliativos estarão<br />

disponíveis no Hospital Nacional. Os cuidados <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> especializados serão o foco dos nossos<br />

esforços a partir <strong>de</strong> 2020.<br />

41


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 2<br />

Será construído um hospital especializado em Díli, com vista a reduzir a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pacientes<br />

com cancro e com outras doenças, terem <strong>de</strong> se <strong>de</strong>slocar ao estrangeiro para receberem tratamento<br />

especializado.<br />

Serão construídos hospitais distritais especializados, sendo que, até 2030, haverá serviços<br />

hospitalares em todos os 13 distritos. O hospital <strong>de</strong> Suai será <strong>de</strong>senvolvido para apoiar a indústria<br />

petroquímica na costa sul. O Hospital Nacional <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> em Díli será melhorado <strong>de</strong> forma a<br />

tornar-se um hospital <strong>de</strong> classe mundial.<br />

Cuidados <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> do sector privado<br />

Instalações privadas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> geridas por médicos, enfermeiros, parteiras e <strong>de</strong>ntistas têm também<br />

um papel importante no <strong>de</strong>senvolvimento do sector <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>. Estima-se que<br />

estejam a lidar com um quarto da prestação <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> básicos.<br />

O sector não lucrativo também presta cuidados <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. A Clínica Café <strong>Timor</strong> (CCT), que começou<br />

por tratar das necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> das cooperativas estabelecidas por trabalhadores na indústria<br />

do café, opera oito clínicas fixas que prestam serviços semelhantes aos <strong>de</strong> um Centro Comunitário<br />

<strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> no sistema público, bem como 24 clínicas móveis envolvendo 74 elementos em cinco<br />

distritos e na capital Díli.<br />

Existem igualmente 32 clínicas com base em igrejas espalhadas pelo País. A Caritas opera 27<br />

clínicas espalhadas pelos distritos, com 125 elementos médicos sobretudo voluntários.<br />

Será <strong>de</strong>senvolvida legislação para regular a prestação <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> por parte <strong>de</strong> prestadores<br />

privados e do sector não lucrativo, <strong>de</strong> forma a garantir o cumprimento do sistema público <strong>de</strong><br />

cuidados <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e a estabelecer padrões apropriados <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e segurança no trabalho, assim<br />

como outros regimes <strong>de</strong> cumprimento.<br />

Farmácias e outras lojas <strong>de</strong> retalho não especializadas que ven<strong>de</strong>m actualmente medicamentos<br />

ao público, muitas vezes sem receita médica, serão reguladas <strong>de</strong> modo a assegurar padrões<br />

a<strong>de</strong>quados.<br />

O sistema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> será igualmente fortalecido por via do <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong> em<br />

instituições que apoiam a gestão dos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e a formação nos mesmos, bem como<br />

a facilitação <strong>de</strong> cuidados <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, incluindo o SAMES (Serviço <strong>de</strong> Aprovisionamento <strong>de</strong><br />

Medicamentos e Equipamentos Médicos), sistemas <strong>de</strong> transmissão e <strong>de</strong> emergência em crises<br />

humanitárias, o laboratório nacional (que irá gerir os sistemas <strong>de</strong> fornecimento <strong>de</strong> sangue) e o<br />

Instituto <strong>de</strong> Ciências da Saú<strong>de</strong> (que supervisiona as instituições <strong>de</strong> formação).<br />

O diagrama seguinte estabelece a nossa visão relativamente à prestação <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> em<br />

2030.<br />

42


PED - 2011 - 2030 - CAPITAL SOCIAL<br />

Figura 7 Pirâmi<strong>de</strong> <strong>de</strong> prestação <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> até 2030<br />

Fonte: Ministério da Saú<strong>de</strong><br />

Saú<strong>de</strong> materna<br />

A fim <strong>de</strong> continuar a melhorar a saú<strong>de</strong> materna em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, iremos aumentar o acesso a<br />

serviços pré-natais, <strong>de</strong> parto, pós-natais e <strong>de</strong> planeamento familiar, <strong>de</strong> modo a assegurar que,<br />

até 2015, 70% das mulheres grávidas recebem cuidados pré-natais, pelo menos, quatro vezes<br />

durante a gestação, e 65% das mulheres terão um parto assistido. Iremos melhorar os cuidados<br />

<strong>de</strong> obstetrícia <strong>de</strong> emergência através do reconhecimento, <strong>de</strong>tecção precoce e gestão <strong>de</strong><br />

complicações <strong>de</strong> obstetrícia a nível comunitário e <strong>de</strong> transmissão. Iremos fortalecer os serviços <strong>de</strong><br />

saú<strong>de</strong> reprodutiva para adolescentes e iremos autonomizar os indivíduos, famílias e comunida<strong>de</strong><br />

no sentido <strong>de</strong> contribuírem para a melhoria dos cuidados maternos e dos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />

reprodutiva. Iremos também melhorar a recolha e a análise <strong>de</strong> dados no que diz respeito a serviços<br />

<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> materna.<br />

Saú<strong>de</strong> infantil<br />

Embora tenha havido melhorias significativas na taxa <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> crianças com menos<br />

<strong>de</strong> cinco anos (que se refere ao número <strong>de</strong> crianças em cada 1.000 que morrem antes do seu<br />

quinto aniversário) e da taxa <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong> infantil (que se refere ao número <strong>de</strong> crianças em cada<br />

1.000 que morrem antes do seu primeiro aniversário), continuamos a precisar <strong>de</strong> fazer mais para<br />

minimizar o número <strong>de</strong> mortes <strong>de</strong> crianças em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>.<br />

43


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 2<br />

A nossa estratégia consiste em melhorar, expandir e manter a qualida<strong>de</strong> e a cobertura <strong>de</strong> serviços<br />

preventivos e curativos a recém-nascidos, bebés e crianças a fim <strong>de</strong> reduzir a mortalida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

crianças com menos <strong>de</strong> cinco anos e a mortalida<strong>de</strong> infantil. Isto será conseguido através do<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma política abrangente <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> infantil, melhorando a capacida<strong>de</strong> do<br />

sistema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> para apoiar a prestação <strong>de</strong> cuidados integrados e preventivos para recémnascidos,<br />

aumentando o acesso e a qualida<strong>de</strong> dos serviços <strong>de</strong> vacinação, e melhorando o sistema<br />

<strong>de</strong> transmissão <strong>de</strong> modo a melhor respon<strong>de</strong>r às necessida<strong>de</strong>s em termos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> infantil. O<br />

nosso objectivo é atingir, em 2015, 90% <strong>de</strong> cobertura na imunização para a poliomielite, sarampo,<br />

tuberculose, difteria e hepatite B.<br />

Nutrição<br />

A situação nutricional <strong>de</strong> crianças e adultos em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> continua significativamente aquém<br />

dos padrões mundiais aceitáveis. O Estudo Demográfico e <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> e outros<br />

estudos recentes <strong>de</strong>stacam a enormida<strong>de</strong> do problema da má nutrição sobretudo nas crianças<br />

<strong>de</strong> tenra ida<strong>de</strong> e nas mulheres. No caso das crianças:<br />

• Quase 45% têm peso abaixo do indicado para a ida<strong>de</strong>.<br />

• 15% têm peso muito abaixo do indicado para a ida<strong>de</strong>.<br />

• Quase 58% das crianças com menos <strong>de</strong> cinco anos estão menos <strong>de</strong>senvolvidas que o<br />

normal.<br />

• Quase 33% estão muito menos <strong>de</strong>senvolvidas do que o normal.<br />

A nutrição a<strong>de</strong>quada nos primeiros anos <strong>de</strong> vida é essencial para o crescimento físico e mental da<br />

criança. Crianças com má nutrição em pequenas não obtêm bons resultados na escola. No geral<br />

a situação nutricional dos alunos também é preocupante, sobretudo a das mulheres. Mais <strong>de</strong> um<br />

terço das mulheres não grávidas entre os 15 e os 49 anos, e um quarto dos homens entre 15 e 49<br />

anos, têm pesos cronicamente abaixo do normal, com índices <strong>de</strong> Massa Corporal abaixo dos 18,5.<br />

Catorze por cento das mulheres têm menos <strong>de</strong> 1,45 m, sendo que com esta altura os riscos <strong>de</strong><br />

complicações na gravi<strong>de</strong>z e no parto aumentam consi<strong>de</strong>ravelmente.<br />

Estes <strong>de</strong>safios enormes, a nível <strong>de</strong> nutrição em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> requerem estratégias para promover<br />

a diversida<strong>de</strong> e o consumo <strong>de</strong> alimentos produzidos localmente. A secção <strong>de</strong> agricultura do <strong>Plano</strong><br />

<strong>Estratégico</strong> <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> contém as estratégias e as acções relativas a esta questão (ver<br />

Capítulo 4). Outras estratégias incluem a melhoria das práticas <strong>de</strong> cuidados nutricionais <strong>de</strong> mães<br />

e crianças, a melhoria do acesso a serviços nutricionais <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> em instalações <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e na<br />

comunida<strong>de</strong>, e programas <strong>de</strong> mudança <strong>de</strong> comportamentos nutricionais.<br />

44


PED - 2011 - 2030 - CAPITAL SOCIAL<br />

Saú<strong>de</strong> mental<br />

No geral, a OMS estima que 1% a 2% da população <strong>de</strong> qualquer País requer cuidados <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />

mental em algum momento da sua vida. Em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> isto significa que entre 11.000 e 22.000<br />

pessoas requerem assistência ao nível da saú<strong>de</strong> mental. Todavia, em face do conflito e do trauma<br />

associado com a história recente da nossa Nação, é possível que o número real seja bem mais<br />

elevado. As <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>ns <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> mental mais comuns são a <strong>de</strong>pressão, a ansieda<strong>de</strong> e o stress.<br />

Muitas pessoas, que sofrem <strong>de</strong>stas <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>ns, não procuram cuidados profissionais, mesmo<br />

quando estes estão disponíveis. Algumas <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>ns mais comuns, tais como psicoses, são as mais<br />

<strong>de</strong>bilitantes e obrigam quem <strong>de</strong>las sofrer a receber assistência profissional vasta.<br />

Em 2009 havia 3.743 pacientes mentais no sistema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> mental <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, o que sugere<br />

que muitos mais dos nossos cidadãos com <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>ns ao nível da saú<strong>de</strong> mental, po<strong>de</strong>m não estar<br />

a receber cuidados e tratamentos a<strong>de</strong>quados.<br />

Iremos adoptar várias estratégias para melhorar os serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> mental em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>,<br />

incluindo:<br />

• Melhoria do acesso a instalações <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e a tratamentos para todas as pessoas com<br />

doenças mentais ou epilepsia.<br />

• Fornecimento <strong>de</strong> instalações apropriadas nos hospitais <strong>de</strong> referência para os pacientes<br />

<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> mental.<br />

• Introdução <strong>de</strong> uma equipa multidisciplinar abrangente <strong>de</strong> psiquiatras, enfermeiros <strong>de</strong><br />

psiquiatria, psicólogos e técnicos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> mental <strong>de</strong>vidamente qualificados e com<br />

padrões específicos <strong>de</strong> formação.<br />

• Aumento da sensibilização comunitária e da compreensão por parte <strong>de</strong>sta em relação às<br />

doenças mentais e à epilepsia, por meio <strong>de</strong> educação e promoção.<br />

Saú<strong>de</strong> oral<br />

O problema mais comum a nível da saú<strong>de</strong> oral em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> é a elevada incidência <strong>de</strong> cáries. Em<br />

2009 estimava-se que até 40% do nosso povo tenham cáries. Actualmente existem sete <strong>de</strong>ntistas e<br />

40 enfermeiros <strong>de</strong> odontologia em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, com uma média <strong>de</strong> um enfermeiro <strong>de</strong> odontologia<br />

por cada 27,018 <strong>de</strong>ntistas. A maior parte dos trabalhadores <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> oral são empregados pelo<br />

governo e trabalham em hospitais e centros <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> espalhados pelos distritos.<br />

Com o tratamento dos problemas <strong>de</strong> odontologia para lá da capacida<strong>de</strong> dos profissionais actuais,<br />

iremos incidir na promoção da saú<strong>de</strong> oral e na prevenção <strong>de</strong> doenças do foro odontológico, ao<br />

mesmo tempo que disponibilizamos cuidados <strong>de</strong> odontologia <strong>de</strong> emergência por todo o País.<br />

45


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 2<br />

Saú<strong>de</strong> ocular<br />

O Estudo <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Ocular em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, realizado em 2005, mostrou que aproximadamente<br />

47.000 pessoas em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> com mais <strong>de</strong> 40 anos têm problemas <strong>de</strong> visão (com visão inferior<br />

a 6/18 no seu olho ‘melhor’). Aproximadamente 90% dos problemas <strong>de</strong> visão são causados por<br />

cataratas e erros refractivos, condições que se po<strong>de</strong>m tratar por meio <strong>de</strong> cirurgia ou <strong>de</strong> óculos. A<br />

fim <strong>de</strong> melhorar a saú<strong>de</strong> ocular, iremos reforçar a capacida<strong>de</strong> dos nossos trabalhadores <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />

para prestarem cuidados <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> ocular e melhorar a participação comunitária no programa <strong>de</strong><br />

saú<strong>de</strong> ocular nos nossos Serviços Integrados <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Comunitária.<br />

Controlo <strong>de</strong> doenças transmissíveis<br />

Em anos recentes, as doenças espalhadas por insectos, tais como mosquitos ou pulgas (doenças<br />

transmitidas por vectores), têm-se constituído como um problema grave <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública em países<br />

do Su<strong>de</strong>ste Asiático, incluindo <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>. A malária é um grave problema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública e a<br />

principal causa <strong>de</strong> morbosida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong> em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, com aproximadamente 200.000<br />

casos clínicos e confirmados <strong>de</strong> malária e cerca <strong>de</strong> 20 a 60 mortes por ano. O peso da doença<br />

e as perdas económicas causadas por ela são enormes. Entre 20% a 40% <strong>de</strong> todos os pacientes<br />

externos sofrem <strong>de</strong> malária, sendo que 30% <strong>de</strong> todas as admissões hospitalares dizem respeito a<br />

sintomas <strong>de</strong> malária. A incidência da malária é elevada entre crianças com menos <strong>de</strong> cinco anos,<br />

representando estas 40% do total <strong>de</strong> casos.<br />

O controlo da malária em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> tem vindo a melhorar, em especial nos últimos dois anos.<br />

Para reduzir a malária a um nível em que <strong>de</strong>ixe <strong>de</strong> ser um problema grave <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública, iremos<br />

melhorar a gestão <strong>de</strong> casos e melhorar a <strong>de</strong>tecção precoce e a prestação <strong>de</strong> terapias eficazes <strong>de</strong><br />

combate à malária. Haverá uma aplicação selectiva <strong>de</strong> medidas <strong>de</strong> controlo <strong>de</strong> vectores, com base<br />

nos princípios da gestão integrada <strong>de</strong> vectores. Haverá incidência na preparação epidémica e nas<br />

respostas a surtos. Será igualmente promovida investigação para informar o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><br />

políticas para controlar a malária.<br />

A tuberculose (TB) constitui igualmente um problema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>. As estimativas<br />

mais recentes sugerem que a incidência <strong>de</strong> novos casos <strong>de</strong> esfregaços positivos <strong>de</strong> tuberculose<br />

é <strong>de</strong> 145 por 100.000 todos os anos, proporção esta que é a segunda mais elevada no Su<strong>de</strong>ste<br />

Asiático. O controlo da tuberculose é um componente importante do Pacote <strong>de</strong> Serviços Básicos,<br />

ministrado através <strong>de</strong> instalações públicas <strong>de</strong> cuidados <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. Em 2009, foram atingidos dois<br />

alvos globais em termos <strong>de</strong> controlo da tuberculose: uma taxa <strong>de</strong> 75% <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> casos e uma<br />

taxa <strong>de</strong> 85% <strong>de</strong> tratamentos bem-sucedidos.<br />

Para reduzir a transmissão <strong>de</strong> tuberculose e <strong>de</strong> doenças e mortes provocadas pela tuberculose serão<br />

implementadas estratégias que melhorem os serviços <strong>de</strong> diagnóstico e tratamento. As respostas<br />

aos <strong>de</strong>safios emergentes da tuberculose serão melhoradas e os sistemas serão fornecidos <strong>de</strong> modo<br />

a prestar serviços efectivos e <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> a todos os doentes com esta doença.<br />

46


PED - 2011 - 2030 - CAPITAL SOCIAL<br />

Outras estratégias incluem a realização <strong>de</strong> investigações para recolher dados relevantes e<br />

monitorizar a eficácia <strong>de</strong> intervenções em contextos locais. Adoptaremos também uma abordagem<br />

<strong>de</strong> parceria, envolvendo todos os intervenientes nacionais e internacionais que trabalham com o<br />

nosso programa nacional <strong>de</strong> combate à tuberculose.<br />

O Programa Nacional <strong>de</strong> Combate ao Vírus da Imuno<strong>de</strong>ficiência Humana (VIH) em <strong>Timor</strong>-<br />

<strong>Leste</strong> presta serviços, relativos ao VIH, a grupos <strong>de</strong> alto risco. É igualmente disponibilizado<br />

aconselhamento e rastreios <strong>de</strong> VIH na comunida<strong>de</strong> incluindo apoio socioeconómico à população<br />

geral. Iremos expandir as estratégias para impedir a continuação da disseminação do VIH em<br />

populações vulneráveis, a fim <strong>de</strong> a limitar a sua propagação à população geral e mitigar o impacto<br />

nos indivíduos, famílias e comunida<strong>de</strong>s.<br />

Em Março <strong>de</strong> 2011, a lepra foi formalmente <strong>de</strong>clarada erradicada enquanto questão <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />

pública em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>. Embora haja ainda pessoas que sofram <strong>de</strong> lepra, a taxa <strong>de</strong> prevalência<br />

na nossa população registou uma gran<strong>de</strong> diminuição relativamente a 2006, quando <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong><br />

tinha uma prevalência <strong>de</strong> lepra <strong>de</strong> 1,89 em cada 10.000 pessoas.<br />

No final <strong>de</strong> Dezembro <strong>de</strong> 2010 a taxa <strong>de</strong> prevalência tinha <strong>de</strong>scido para 0,73 em cada 10.000<br />

pessoas, o que está abaixo do indicador <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública <strong>de</strong> lepra da OMS, que é <strong>de</strong> 1 em cada<br />

10.000 pessoas. Para garantir que a taxa <strong>de</strong> lepra continua a <strong>de</strong>scer, iremos continuar a preparar<br />

estratégias que visem melhorar a qualida<strong>de</strong> do programa nacional <strong>de</strong> erradicação da lepra e<br />

reforçar o conhecimento da comunida<strong>de</strong> timorense para participar nestas activida<strong>de</strong>s.<br />

Outras questões <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />

É também preciso dar resposta às necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> dos nossos cidadãos idosos e<br />

incapacitados. O número <strong>de</strong> timorenses com mais <strong>de</strong> 60 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> <strong>de</strong>verá aumentar dos 52.950<br />

em 2005 para 119.150 em 2030, passando <strong>de</strong> 5,38% da população para 6,05%. A maior parte da<br />

nossa população a envelhecer vive em áreas rurais e tem dificulda<strong>de</strong>s em ace<strong>de</strong>r a cuidados <strong>de</strong><br />

saú<strong>de</strong> primários, <strong>de</strong>vido à falta <strong>de</strong> opções <strong>de</strong> transporte, à distância geográfica, à má condição<br />

das estradas, à pobreza ou a questões <strong>de</strong> incapacida<strong>de</strong> física. As doenças e incapacida<strong>de</strong>s crónicas<br />

impõem custos elevados e permanentes sobre indivíduos, famílias e socieda<strong>de</strong>s. A má saú<strong>de</strong> reduz<br />

a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cidadãos mais velhos participarem e contribuírem <strong>de</strong> forma activa para as suas<br />

famílias, aumentando o seu isolamento e a sua <strong>de</strong>pendência.<br />

Iremos adoptar estratégias para lidar com o peso cada vez maior <strong>de</strong> doenças crónicas, como<br />

por exemplo doenças do coração, por via da introdução <strong>de</strong> abordagens inovadoras à gestão <strong>de</strong><br />

doenças, promoção da saú<strong>de</strong> e prevenção <strong>de</strong> doenças na comunida<strong>de</strong>. Provi<strong>de</strong>nciaremos melhor<br />

acesso a serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, específicos para ida<strong>de</strong>s mais avançadas, com incidência<br />

na melhoria das qualificações dos prestadores <strong>de</strong> cuidados <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> primários e na introdução<br />

<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> serviço comunitários, tais como programas <strong>de</strong> cuidados no domicílio. Iremos<br />

igualmente estabelecer um Protocolo <strong>de</strong> Detecção Precoce <strong>de</strong> Deficiência para crianças.<br />

47


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 2<br />

RECURSOS HUMANOS PARA A SAÚDE<br />

Para melhorar a qualida<strong>de</strong> e a efectivida<strong>de</strong> dos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> é essencial que<br />

haja trabalhadores empenhados e com formação profissional.<br />

Apesar do programa extenso <strong>de</strong> formação médica prestado pelo nosso parceiro internacional<br />

Cuba, continua a existir uma falta generalizada <strong>de</strong> trabalhadores qualificados no nosso sector da<br />

saú<strong>de</strong>. Os trabalhadores <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> estão distribuídos <strong>de</strong> forma <strong>de</strong>sequilibrada entre zonas urbanas<br />

e rurais e entre o sector público e o sector privado. O ambiente <strong>de</strong> trabalho, com equipamento<br />

em más condições, falta <strong>de</strong> medicamentos e supervisão irregular, influencia a moral e a eficácia<br />

dos trabalhadores. Os baixos vencimentos pagos pelas clínicas do governo levam a que muitos<br />

trabalhadores <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> suplementem os seus rendimentos, com trabalho no sector privado<br />

fora das horas <strong>de</strong> expediente, em especial em zonas urbanas, o que dificulta o planeamento e a<br />

prestação <strong>de</strong> serviços. Outros <strong>de</strong>safios incluem a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> melhorar as qualificações e as<br />

competências do nosso serviço <strong>de</strong> enfermagem e o impacto das reformas administrativas, em<br />

especial a <strong>de</strong>scentralização, reformas estas que po<strong>de</strong>m alterar a dinâmica no mercado <strong>de</strong> trabalho<br />

da saú<strong>de</strong>.<br />

Iremos <strong>de</strong>senvolver acções no sentido <strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r a estes <strong>de</strong>safios e garantir que <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong><br />

possui recursos humanos a<strong>de</strong>quados e apropriados para provi<strong>de</strong>nciar os serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> que<br />

o nosso povo necessita. Estas acções incluirão o fortalecimento da qualida<strong>de</strong> da formação e da<br />

educação para respon<strong>de</strong>r às necessida<strong>de</strong>s do nosso sector <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, bem como o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>de</strong> programas contínuos <strong>de</strong> educação e <strong>de</strong> formação prática.<br />

Iremos <strong>de</strong>senvolver e implementar estratégias para melhorar a gestão <strong>de</strong> recursos humanos no<br />

nosso sector da saú<strong>de</strong>, incluindo planeamento da força laboral, estratégias <strong>de</strong> recrutamento<br />

equitativas, <strong>de</strong>senvolvimento e distribuição <strong>de</strong> uma mistura <strong>de</strong> qualificações apropriada e retenção<br />

<strong>de</strong> trabalhadores por via <strong>de</strong> incentivos e oportunida<strong>de</strong>s a<strong>de</strong>quados. Serão <strong>de</strong>senvolvidos padrões,<br />

códigos <strong>de</strong> conduta e práticas éticas para profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, <strong>de</strong> modo a garantir que temos<br />

uma força laboral <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> profissional.<br />

INFRA-ESTRUTURAS DE SAÚDE<br />

Gran<strong>de</strong> parte das infra-estruturas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> foi <strong>de</strong>struída durante a crise <strong>de</strong> 1999.<br />

Todavia os investimentos nas infra-estruturas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e a colocação <strong>de</strong> pessoal <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a<br />

In<strong>de</strong>pendência resultaram num sistema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> funcional, com 193 Postos <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, 66 Centros<br />

Comunitários <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, 5 Hospitais <strong>de</strong> Referência e 1 Hospital Nacional, espalhados pela Nação.<br />

São igualmente provi<strong>de</strong>nciados pessoal e alojamento para Gabinetes <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> nos Distritos.<br />

Apesar da reabilitação e construção <strong>de</strong> instalações <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> até à data, a situação actual <strong>de</strong><br />

muitas instalações <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> não é a<strong>de</strong>quada para que possam prestar todos os serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sejados.<br />

48


PED - 2011 - 2030 - CAPITAL SOCIAL<br />

A maior parte das clínicas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> materna e dos laboratórios <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> tem falta <strong>de</strong> espaço.<br />

Muitas instalações <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> não têm fornecimentos fiáveis <strong>de</strong> água e electricida<strong>de</strong>, o que faz com<br />

que seja difícil funcionarem <strong>de</strong>vidamente.<br />

Iremos investir em instalações <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> para garantir que até 2030 toda a população timorense<br />

terá acesso a infra-estruturas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> funcionais, seguras, amigas do ambiente e sustentáveis,<br />

capazes <strong>de</strong> prestar serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> efectivos e <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>. Para atingir este objectivo iremos<br />

<strong>de</strong>senvolver acções com vista a:<br />

• Alargar as actuais instalações e serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> a fim <strong>de</strong> melhorar a sua condição<br />

física.<br />

• Aumentar o acesso a serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> através <strong>de</strong> investimento em novas infraestruturas,<br />

<strong>de</strong> acordo com as necessida<strong>de</strong>s i<strong>de</strong>ntificadas para a melhoria da qualida<strong>de</strong><br />

dos cuidados.<br />

• Garantir a existência <strong>de</strong> equipamento médico apropriado em todas as instalações <strong>de</strong><br />

saú<strong>de</strong>.<br />

• Garantir a existência e a gestão apropriada <strong>de</strong> transportes <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>.<br />

• Estabelecer e manter uma re<strong>de</strong> informática que ligue o sistema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<br />

<strong>Leste</strong>.<br />

Os programas seguintes <strong>de</strong> infra-estruturas irão assegurar melhores serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> a toda a<br />

população <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>:<br />

• Reabilitação e novos Postos <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> (incluindo o alojamento <strong>de</strong> funcionários) – A maior<br />

parte dos 193 Postos <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> requerem reabilitação aprofundada ou novos edifícios. A<br />

maioria dos novos postos ficará nas mesmas localida<strong>de</strong>s que os postos originais. Todavia,<br />

em face das alterações populacionais, serão necessários novos Postos <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> em áreas<br />

on<strong>de</strong> o serviço não é suficiente.<br />

• Reabilitação e expansão <strong>de</strong> centros comunitários <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> (incluindo o alojamento<br />

<strong>de</strong> funcionários) – Alguns Centros Comunitários <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> irão requerer reabilitação<br />

e a maioria irá precisar <strong>de</strong> ser expandida, com novas salas adicionadas às instalações<br />

existentes. Todas as instalações <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> precisarão <strong>de</strong> fornecimentos estáveis <strong>de</strong> água<br />

e electricida<strong>de</strong>.<br />

• Melhoria e expansão <strong>de</strong> hospitais – O plano actual <strong>de</strong> configuração hospitalar será revisto,<br />

levando em conta o aumento da quantida<strong>de</strong> e da qualida<strong>de</strong> dos serviços. Os cinco<br />

hospitais <strong>de</strong> referência existentes e o Hospital Nacional serão alargados para respon<strong>de</strong>r<br />

ao aumento esperado em termos do nível <strong>de</strong> serviço.<br />

49


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 2<br />

• Expansão e melhoria da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> formação – As funções <strong>de</strong> formação para todas<br />

as categorias <strong>de</strong> pessoal, incluindo enfermeiros, parteiras e médicos, serão aumentadas e<br />

melhoradas. Isto irá requerer novos edifícios <strong>de</strong> faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> enfermagem e medicina.<br />

• Sistemas <strong>de</strong> comunicações (incluindo ligações por rádio e pela internet) – Todas as<br />

instalações <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> terão sistemas <strong>de</strong> comunicações a<strong>de</strong>quados que permitam uma<br />

transferência atempada <strong>de</strong> pacientes e <strong>de</strong> dados administrativos. Isto irá requerer a<br />

instalação <strong>de</strong> equipamento <strong>de</strong> comunicações a nível central, distrital e <strong>de</strong> instalações <strong>de</strong><br />

saú<strong>de</strong>.<br />

• Melhoria das ambulâncias / transportes no sector da saú<strong>de</strong> – A frota <strong>de</strong> ambulâncias será<br />

alargada e sujeita a manutenção a<strong>de</strong>quada.<br />

METAS<br />

Até 2015:<br />

• Sucos com população entre 1.500 a 2.000, localizados em áreas muito remotas, serão<br />

atendidos por Postos <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> com um pacote abrangente <strong>de</strong> serviços.<br />

• A prestação dos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, por prestadores privados e do sector não-lucrativo,<br />

será totalmente regulada e estará em conformida<strong>de</strong> com o sistema público <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>.<br />

• 70% das mulheres grávidas recebem cuidados pré-natais, pelo menos, quatro vezes<br />

durante a gravi<strong>de</strong>z.<br />

• 65% das mulheres terão um parto assistido.<br />

• 90% das crianças serão imunizadas contra a poliomielite, sarampo, tuberculose, difteria<br />

e hepatite B<br />

• Haverá maior sensibilização e consciência em relação ao vírus da imuno<strong>de</strong>ficiência<br />

humana, tuberculose, malária e outras doenças transmitidas por vectores.<br />

• 80% dos surtos <strong>de</strong> malária serão controlados.<br />

• 90% dos edifícios do Ministério da Saú<strong>de</strong> terão acesso a electricida<strong>de</strong>, água e saneamento<br />

básico.<br />

Até 2020:<br />

• Todos os Postos <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> serão compostos por pelo menos um médico, dois enfermeiros<br />

(M/H) e duas parteiras<br />

• Haverá um posto <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> para cada 1.000 a 5.000 pessoas<br />

• Os Centros <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> nos subdistritos proporcionarão o atendimento entre 5.000 a 15.000<br />

pessoas e gerem cerca <strong>de</strong> quatro Postos <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong><br />

• Al<strong>de</strong>ias, a mais <strong>de</strong> uma hora a pé <strong>de</strong> um Posto <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, terão uma parteira natural da<br />

al<strong>de</strong>ia local ou agente comunitário <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> formados pelo Ministério da Saú<strong>de</strong><br />

50


PED - 2011 - 2030 - CAPITAL SOCIAL<br />

• Serviços <strong>de</strong> cuidados paliativos, renais e cardíacos estarão disponíveis no Hospital<br />

Nacional <strong>de</strong> Díli<br />

• Cinquenta e quatro centros <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> estarão localizados nos cinco distritos que não têm<br />

hospitais<br />

• O foco mudará <strong>de</strong> cuidados primários para a prestação <strong>de</strong> cuidados <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />

especializados<br />

Até 2030:<br />

• Haverá um hospital <strong>de</strong> distrito em cada um dos 13 distritos.<br />

• Haverá um hospital especializado em Díli.<br />

• 100% dos estabelecimentos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> estarão totalmente equipados e com pessoal para<br />

o acompanhamento <strong>de</strong> doenças crónicas.<br />

• 100% dos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> terão infra-estruturas funcionais, seguras, amigas do ambiente<br />

e sustentáveis.<br />

• Haverá serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> abrangentes e <strong>de</strong> alta qualida<strong>de</strong> acessíveis a todo o povo<br />

timorense.<br />

51


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 2<br />

“Queremos as nossas<br />

pensões, para que possamos<br />

ter uma vida <strong>de</strong>cente e<br />

enviar os nossos filhos para<br />

a escola.”<br />

I N C L U S Ã O S O C I A L<br />

VISÃO GERAL E DESAFIOS<br />

Des<strong>de</strong> a In<strong>de</strong>pendência em 2002, que os<br />

sucessivos governos <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> têm feito, da<br />

assistência aos cidadãos pobres e vulneráveis da<br />

nossa socieda<strong>de</strong>, uma priorida<strong>de</strong> nacional.<br />

Viúva, Sub-distrito <strong>de</strong> Lolotoe, Distrito <strong>de</strong> Embora quase uma em cada duas pessoas em<br />

Maliana, Consulta Nacional, 24 Julho <strong>de</strong> 2010<br />

A<br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> continue a viver abaixo da linha da<br />

pobreza, a atribuição <strong>de</strong> subsídios mo<strong>de</strong>stos e <strong>de</strong><br />

outros apoios em géneros aos nossos cidadãos mais vulneráveis, veio melhorar substancialmente<br />

as vidas <strong>de</strong> muitas famílias. A longo prazo, o acesso à educação e ao emprego serão as pedras<br />

basilares que conduzirão à In<strong>de</strong>pendência económica.<br />

A curto prazo é vital que <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> continue a apoiar as nossas crianças, as nossas mulheres em<br />

risco <strong>de</strong> abuso, as famílias pobres, os idosos e outros grupos vulneráveis. É igualmente apropriado<br />

que a Nação apoie aqueles que lutaram durante tanto tempo e com tanto sacrifício pela nossa<br />

In<strong>de</strong>pendência: os nossos veteranos e as suas famílias requerem reconhecimento e assistência<br />

financeira apropriados.<br />

Apesar da nossa fragilida<strong>de</strong>, conseguimos ganhos significativos em termos <strong>de</strong> inclusão social. A<br />

crise política <strong>de</strong> 2006 <strong>de</strong>slocou milhares <strong>de</strong> pessoas, porém a maior parte já regressou às suas<br />

casas e às suas comunida<strong>de</strong>s. Os gran<strong>de</strong>s campos <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocados internos foram fechados e os<br />

pagamentos aos <strong>de</strong>slocados internos e aos peticionários foram executados. Estão a ser fornecidas<br />

pensões a veteranos, idosos, cidadãos incapacitados e famílias pobres li<strong>de</strong>radas por mulheres. O<br />

presente regime <strong>de</strong> pensões constitui um pilar importante da nossa estrutura <strong>de</strong> assistência social.<br />

Juntos continuámos a <strong>de</strong>senvolver a coesão social e a dar passos para proteger os nossos cidadãos<br />

mais vulneráveis.<br />

O <strong>de</strong>safio para <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> consiste em garantir que os nossos cidadãos vulneráveis são apoiados<br />

ao mesmo tempo que <strong>de</strong>senvolvemos políticas que façam com que, no futuro, haja menos pessoas<br />

a <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r do apoio do Estado.<br />

ESTRATÉGIA E ACÇÕES<br />

Enquanto Nação, iremos <strong>de</strong>senvolver esforços para apoiar os nossos cidadãos mais<br />

vulneráveis e garantir que estes conseguem atingir todo o seu potencial. A resposta a este<br />

compromisso coloca muitos <strong>de</strong>safios financeiros, sociais e culturais para <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, porém<br />

reconhecemos, que um dos aspectos <strong>de</strong> uma Nação forte, coesa e progressiva, é a capacida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> proteger os direitos e interesses dos seus cidadãos mais vulneráveis.<br />

52


PED - 2011 - 2030 - CAPITAL SOCIAL<br />

SEGURANÇA SOCIAL E RENDIMENTOS DE REFORMA<br />

A Constituição <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> dá a todos os cidadãos o direito à segurança e à assistência<br />

social e obriga o Estado a promover um sistema <strong>de</strong> segurança social que seja economicamente<br />

sustentável.<br />

Um sistema <strong>de</strong> segurança social garante rendimentos e apoio a cidadãos incapazes <strong>de</strong> trabalhar.<br />

Des<strong>de</strong> 2008, todos os cidadãos <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, com mais <strong>de</strong> 60 anos ou com incapacida<strong>de</strong><br />

comprovada para trabalhar, têm direito a receber 30 dólares por mês.<br />

Tabela 6 Benefícios pagos ao abrigo do Decreto-Lei N.º 19/2008 Subsídios para Idosos e Incapacitados<br />

Ano Número <strong>de</strong> beneficiários Impacto orçamental<br />

2008 66.799 16.03 Dólares americanos<br />

2009 72.675 17.8 Dólares americanos<br />

2010 86.977 30.79 Dólares americanos<br />

2011 89.230 31.61 Dólares americanos<br />

Nota: Dados provisórios<br />

Fonte: Ministério da Solidarieda<strong>de</strong> Social , 2011<br />

São igualmente pagos benefícios a veteranos, a doentes crónicos e a mulheres e famílias pobres<br />

vulneráveis.<br />

Está a ser implementado um regime transitório <strong>de</strong> segurança social que irá garantir as necessida<strong>de</strong>s<br />

básicas <strong>de</strong> protecção social <strong>de</strong> funcionários públicos e seus familiares <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes. Este regime<br />

será alargado <strong>de</strong> forma a criar um sistema universal contributivo <strong>de</strong> segurança social, que assegure<br />

que todos os trabalhadores e seus familiares <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes (no sector público e no sector privado)<br />

têm direito a pensão em caso <strong>de</strong> reforma, incapacida<strong>de</strong> ou morte.<br />

Ao longo dos próximos cinco anos, será introduzido um sistema universal <strong>de</strong> apoio financeiro a<br />

cidadãos timorenses para lá da ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> trabalho, assente em dois aspectos:<br />

• Um nível mínimo básico <strong>de</strong> apoio prestado pelo Estado.<br />

• Rendimentos adicionais aquando da reforma através <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong> contribuições<br />

durante a vida activa por parte dos cidadãos com empregos remunerados e do<br />

investimento <strong>de</strong>sses fundos em favor <strong>de</strong> cada trabalhador.<br />

Este sistema irá eventualmente abranger empregados do sector público e do sector privado e<br />

tornar-se um único sistema centralizado capaz <strong>de</strong> conseguir economias <strong>de</strong> escala. O sistema<br />

será plenamente financiado com uma soma <strong>de</strong>dicada a partir <strong>de</strong> contribuições do governo e <strong>de</strong><br />

empregadores.<br />

53


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 2<br />

A fim <strong>de</strong> garantir boa administração e transparência, será estabelecido um fundo centralizado,<br />

o qual será administrado por gestores in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> modo a maximizar os retornos a longo<br />

prazo, ao mesmo tempo que se maximizam as poupanças, a longo prazo, do fundo e o conjunto<br />

<strong>de</strong> investimentos da Nação. A administração do fundo incluirá um sistema eficiente para cobrança<br />

<strong>de</strong> contribuições e pagamento <strong>de</strong> benefícios. A seu tempo, o fundo será um componente<br />

importante para ajudar o <strong>de</strong>senvolvimento do sector financeiro <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> e para subscrever<br />

oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> emprego.<br />

CRIANÇAS VULNERÁVEIS<br />

As nossas crianças são o nosso futuro e é absolutamente vital garantir que todas as crianças<br />

timorenses estão protegidas contra violência, negligência e abusos. As estratégias para proteger<br />

as crianças vulneráveis incluem:<br />

• Fortalecimento <strong>de</strong> mecanismos e sistemas <strong>de</strong> referência para implementar a Política <strong>de</strong><br />

Protecção <strong>de</strong> Crianças.<br />

“Queremos ir para a<br />

escola para um dia<br />

sermos alguém.”<br />

Estudante <strong>de</strong> escola primária,<br />

Sub-distrito <strong>de</strong> Quelicai, Distrito <strong>de</strong><br />

Baucau, Consulta Nacional,<br />

26 <strong>de</strong> Abril <strong>de</strong> 2010<br />

• Estabelecer sistemas eficazes <strong>de</strong> acompanhamento e<br />

avaliação para protecção à criança.<br />

• Continuação da educação das comunida<strong>de</strong>s – famílias,<br />

vizinhos, escolas, igrejas e prestadores <strong>de</strong> cuidados – a<br />

respeito dos direitos das crianças e do conceito <strong>de</strong> ‘Casa<br />

Segura’, especialmente para raparigas e crianças com<br />

<strong>de</strong>ficiências.<br />

• Continuação da educação das comunida<strong>de</strong>s a respeito da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> erradicar<br />

práticas tais como casamentos infantis, uso <strong>de</strong> crianças para tarefas domésticas, trabalho<br />

infantil, negligência, violência doméstica, abuso sexual e tráfico.<br />

• Continuar a reabilitar as crianças <strong>de</strong> rua.<br />

• Estabelecimento e operação <strong>de</strong> uma ‘linha criança’ gratuita, 24 horas por dia, 7 dias por<br />

semana, para reportar abusos <strong>de</strong> menores.<br />

• Estabelecimento <strong>de</strong> um sistema amigo das crianças para apresentação <strong>de</strong> queixas em<br />

todo o País.<br />

• Melhorar as condições das prisões para os reclusos juvenis.<br />

• Encorajamento do envolvimento das crianças em activida<strong>de</strong>s e eventos <strong>de</strong>sportivos e<br />

culturais a nível nacional e internacional.<br />

54


PED - 2011 - 2030 - CAPITAL SOCIAL<br />

PESSOAS E FAMÍLIAS VULNERÁVEIS<br />

Muitas famílias em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> continuam a ter <strong>de</strong> lutar diariamente pela própria sobrevivência.<br />

A perda <strong>de</strong> uma colheita ou um <strong>de</strong>sastre natural po<strong>de</strong> levar a uma situação <strong>de</strong> fome para muitas<br />

famílias, as quais não têm escolha senão <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r da assistência da comunida<strong>de</strong> e do Estado para<br />

sobreviverem. As estratégias para proteger as famílias vulneráveis incluem:<br />

• Melhoria da cooperação entre instituições governamentais para garantir que as<br />

famílias vulneráveis recebem o apoio <strong>de</strong> que necessitam, quando são atingidas por<br />

<strong>de</strong>sastres naturais ou <strong>de</strong>sastres provocados pela acção humana.<br />

• <strong>Desenvolvimento</strong> <strong>de</strong> fortes capacida<strong>de</strong>s, em todos os distritos, para respon<strong>de</strong>r aos<br />

<strong>de</strong>sastres naturais e respectiva recuperação.<br />

“Queremos ser<br />

tratados <strong>de</strong> igual para<br />

igual.”<br />

Enfermeira, Sub-distrito <strong>de</strong> Zumalai,<br />

Distrito <strong>de</strong> Suai, Consulta Nacional, 17 <strong>de</strong><br />

Julho <strong>de</strong> 2010<br />

• Fortalecimento, ao nível da base,<br />

dos processos <strong>de</strong> assistência social e<br />

humanitária.<br />

• <strong>Desenvolvimento</strong> <strong>de</strong> um pacote <strong>de</strong><br />

assistência para famílias vulneráveis que<br />

preste uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> segurança social<br />

abrangendo saú<strong>de</strong>, educação, habitação e<br />

oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> emprego.<br />

Grupos <strong>de</strong> pessoas vulneráveis, incluindo pessoas<br />

com <strong>de</strong>ficiência, também enfrentam muitas<br />

dificulda<strong>de</strong>s e obstáculos para atingir o seu pleno potencial, ganhar um rendimento e participar<br />

na socieda<strong>de</strong>. Estratégias para melhorar a vida e o bem-estar <strong>de</strong> pessoas vulneráveis incluem:<br />

• Criar uma estrutura para proteger os direitos das pessoas com <strong>de</strong>ficiência e prestação <strong>de</strong><br />

serviços <strong>de</strong> base <strong>de</strong> apoio para pessoas com <strong>de</strong>ficiência e suas famílias.<br />

• Continuar a <strong>de</strong>senvolver e a oferecer programas <strong>de</strong> apoio inovadores para pessoas com<br />

doenças crónicas .<br />

• Estabelecimento <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> nível básico para a reabilitação e reintegração <strong>de</strong><br />

reclusos.<br />

• Desenvolver um quadro político para criar cooperativas com pessoas vulneráveis para<br />

criar oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> emprego, rendimento e formação.<br />

• Aperfeiçoar a capacida<strong>de</strong> em todo o País para prestar serviços <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> base para<br />

as pessoas vulneráveis.<br />

55


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 2<br />

IGUALDADE ENTRE OS GÉNEROS<br />

Para que <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> atinja o seu potencial pleno é necessário que os nossos filhos e as nossas<br />

filhas possam participar em igualda<strong>de</strong> na nossa socieda<strong>de</strong>. Por tradição, homens e mulheres têm<br />

tido papéis diferentes. Todavia a Constituição <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> <strong>de</strong>ixa claro que homens e mulheres<br />

<strong>de</strong>vem ser tratados <strong>de</strong> forma igual em todos os aspectos da vida. A Constituição garante também<br />

protecção contra discriminação com base no sexo e igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> direitos e obrigações na vida<br />

familiar, política, económica, social e cultural.<br />

O compromisso <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> para com a igualda<strong>de</strong> entre os géneros é reflectido na forte<br />

proporção <strong>de</strong> raparigas e rapazes no ensino primário e na proporção <strong>de</strong> mulheres no Parlamento<br />

Nacional, Exército e Polícia, que está entre as mais elevadas em todo o mundo.<br />

Todavia os preconceitos tradicionais sobre géneros continuam a afectar todos os aspectos da<br />

vida em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>. As taxas <strong>de</strong> analfabetismo das mulheres adultas são mais elevadas do que<br />

as dos homens, e há mais homens do que mulheres no ensino superior (83 mulheres por cada<br />

100 homens). Embora tenha sido feito algum progresso, o analfabetismo das mulheres continua<br />

nos 32%, ao passo que o dos homens está nos 21%. Embora a representação das mulheres nos<br />

Conselhos <strong>de</strong> Suco seja relativamente alta (<strong>de</strong>vido a uma quota que estabelece que dois em cada<br />

cinco representantes <strong>de</strong> conselho têm <strong>de</strong> ser mulheres), somente 2% dos Chefes <strong>de</strong> Suco são<br />

mulheres.<br />

As taxas <strong>de</strong> fertilida<strong>de</strong> continuam a ser das mais altas em todo o mundo, e ainda que as estatísticas<br />

estejam a melhorar, continua a haver muitas mulheres timorenses que morrem durante o parto.<br />

A nossa Taxa <strong>de</strong> Mortalida<strong>de</strong> Materna continua a ser uma das mais elevadas em todo o mundo,<br />

sendo que 42% <strong>de</strong> todas as mortes <strong>de</strong> mulheres, entre os 15 e os 49 anos, estão relacionadas com<br />

gravi<strong>de</strong>z.<br />

Quase 40% das mulheres em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, com mais <strong>de</strong> 15 anos, já sofreram situações <strong>de</strong> violência<br />

física. Entre as mulheres casadas, 34% sofreram violência doméstica por parte dos maridos e muitas<br />

não conseguiram obter justiça e compensações pelo seu sofrimento. Des<strong>de</strong> a in<strong>de</strong>pendência,<br />

têm sido feitos esforços sérios para corrigir estas <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s em termos <strong>de</strong> géneros, por via<br />

<strong>de</strong> reformas políticas, legislação, mecanismos institucionais e campanhas <strong>de</strong> sensibilização do<br />

público.<br />

Entre os marcos legislativos encontram-se a Lei contra a Violência Doméstica, as alterações à<br />

Lei Eleitoral para aumentar o número <strong>de</strong> mulheres candidatas ao Parlamento Nacional e uma<br />

Resolução para apoiar oficialmente a <strong>de</strong>signação <strong>de</strong> Pontos Focais <strong>de</strong> Géneros em ministérios e<br />

administrações locais.<br />

56


PED - 2011 - 2030 - CAPITAL SOCIAL<br />

Combater a violência doméstica<br />

A violência doméstica é a forma mais comum <strong>de</strong> violência, baseada no género, <strong>de</strong>nunciada à polícia<br />

em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>. Um estudo <strong>de</strong> base em dois distritos timorenses, publicado em 2009, constatou<br />

que a violência doméstica era uma ocorrência “normal” para muitas mulheres timorenses. Este<br />

estudo revelou ainda que muitas pessoas viam a violência doméstica como uma questão privada<br />

ou familiar. Para resolver este problema, em 2009, a violência doméstica foi inscrita no Código<br />

Penal, tornando-se, pela primeira vez, um crime punível.<br />

A violência doméstica é assim classificada como um crime público, o que significa que outras<br />

pessoas, além da vítima, têm o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> <strong>de</strong>nunciar ocorrências <strong>de</strong> violência doméstica junto da<br />

Polícia.<br />

O reconhecimento da violência doméstica como um crime, tornou possível ao Parlamento Nacional<br />

aprovar a Lei Contra a Violência Doméstica, em Maio <strong>de</strong> 2010. Esta Lei tem três objectivos:<br />

• Prevenção da violência doméstica<br />

• Protecção contra a violência doméstica<br />

• Assistência às vítimas <strong>de</strong> violência doméstica.<br />

Nos termos do artigo 2º <strong>de</strong>sta Lei, a violência doméstica significa violência física, violência sexual,<br />

violência psicológica e intimidação económica. Isto inclui ameaças tais como actos intimidatórios,<br />

ofensas corporais, agressão, coação, assédio ou privação <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong>.<br />

A Lei coloca uma obrigação legal sobre os serviços públicos legais no sentido <strong>de</strong>:<br />

• Fornecer aconselhamento jurídico<br />

• Reportar junto da polícia e promotores públicos quaisquer ocorrências <strong>de</strong> violência<br />

doméstica<br />

• Orientar as vítimas, testemunhas e famílias sobre o andamento dos processos judiciais<br />

• Contactar os grupos comunitários relevantes para assistir aos sobreviventes <strong>de</strong> violência<br />

doméstica<br />

• Monitorizar o tratamento dado pela Polícia, Ministério Público e os Tribunais<br />

• Acompanhar os casos <strong>de</strong> violência doméstica.<br />

Esta Lei exige formação e sessões <strong>de</strong> informação ministradas aos Chefes <strong>de</strong> Suco e Chefes <strong>de</strong><br />

Al<strong>de</strong>ia.<br />

Existem já Centros <strong>de</strong> Apoio nos distritos <strong>de</strong> Díli, Cova Lima, Oe-cusse Ambeno e Baucau nos quais<br />

as vítimas po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>nunciar os casos <strong>de</strong> violência doméstica. De acordo com a Lei vigente, centros<br />

semelhantes serão abertos em todos os restantes distritos.<br />

57


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 2<br />

A nossa visão é que, em 2030, <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> será uma socieda<strong>de</strong> justa em termos <strong>de</strong> género,<br />

on<strong>de</strong> a dignida<strong>de</strong> humana e os direitos das mulheres são valorizados, protegidos e promovidos<br />

pelas nossas leis e pela nossa cultura. Para concretizar esta visão iremos adoptar as seguintes<br />

estratégias:<br />

• Promoção da igualda<strong>de</strong> dos géneros no governo, por via <strong>de</strong> políticas, programas, processos<br />

e orçamentos.<br />

• Haverá políticas e leis atentas à questão dos géneros a nível nacional e local.<br />

• Serão <strong>de</strong>senvolvidas estratégias <strong>de</strong> sensibilização para escolas e institutos <strong>de</strong> educação e<br />

formação vocacional, bem como para o público em geral.<br />

• Serão melhorados os serviços <strong>de</strong> nível básico para proteger as mulheres em situação <strong>de</strong><br />

risco.<br />

• Serão fortalecidos mecanismos para prestar apoio financeiro a mulheres que sejam chefes<br />

<strong>de</strong> família.<br />

• Serão <strong>de</strong>senvolvidas políticas e quadros para autonomizar as mulheres a nível social e<br />

económico, através <strong>de</strong> várias medidas <strong>de</strong> apoio à subsistência.<br />

• Serão introduzidos programas <strong>de</strong> formação para promover a ascensão <strong>de</strong> raparigas a<br />

níveis mais avançados, em especial no secundário e no ensino superior.<br />

• Serão empregadas mais mulheres na função pública, incluindo em cargos superiores.<br />

• Serão <strong>de</strong>senvolvidas políticas, acções <strong>de</strong> formação e programas <strong>de</strong> li<strong>de</strong>rança para apoiar<br />

as mulheres com papéis <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão no sector público e no sector privado.<br />

• Os programas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> reprodutiva serão melhorados em todo o País.<br />

• Será introduzida uma política nacional <strong>de</strong> tolerância zero em relação a violência nas<br />

escolas e nos lares.<br />

Estas acções reconhecem que as mulheres, na nossa Nação, estão a fazer uma contribuição<br />

enorme para as nossas comunida<strong>de</strong>s, sector agrícola, economia e famílias, muitas vezes sem o<br />

reconhecimento <strong>de</strong>vido e sem o apoio a<strong>de</strong>quado. Precisamos todos <strong>de</strong> trabalhar em conjunto para<br />

modificar as nossas mentalida<strong>de</strong>s e garantir a igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s e direitos às nossas<br />

raparigas e mulheres.<br />

58


PED - 2011 - 2030 - CAPITAL SOCIAL<br />

VETERANOS<br />

Devemos a liberda<strong>de</strong> do nosso povo e a soberania da nossa Nação aos sacrifícios dos Combatentes<br />

da Libertação Nacional e dos mártires que tombaram para tornar possível o nosso sonho <strong>de</strong><br />

In<strong>de</strong>pendência. A Constituição da República Democrática <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> diz, no seu artigo 11.º, o<br />

seguinte:<br />

A República Democrática <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> reconhece e valoriza a resistência secular do<br />

Povo Maubere contra a dominação estrangeira e o contributo <strong>de</strong> todos aqueles que lutaram pela<br />

In<strong>de</strong>pendência Nacional.<br />

A Constituição diz, no mesmo artigo, que:<br />

O Estado assegura protecção especial aos mutilados <strong>de</strong> guerra, órfãos e outros <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes<br />

daqueles que <strong>de</strong>dicaram as suas vidas à luta pela In<strong>de</strong>pendência e soberania nacional e protege todos<br />

os que participaram na resistência contra a ocupação estrangeira, nos termos da Lei.<br />

Precisamos reconhecer o valor dos nossos heróis nacionais, preservar e celebrar a memória da sua<br />

luta e provi<strong>de</strong>nciar para que sejam apoiados. Nunca nos po<strong>de</strong>mos esquecer do seu sacrifício.<br />

Infelizmente, muitos dos nossos heróis nacionais e das suas famílias continuam a sentir dificulda<strong>de</strong>s<br />

e a viver em circunstâncias vulneráveis e pouco dignas, o que afecta também a dignida<strong>de</strong> do<br />

próprio País.<br />

Enquanto Nação, estamos a honrar o nosso passado e os nossos veteranos. Inaugurámos o Jardim<br />

dos Heróis em Metinaro como memorial nacional e local <strong>de</strong> reflexão. Abrimos igualmente e<br />

estamos a expandir o Arquivo e Museu da Resistência <strong>Timor</strong>ense. O Estado estabeleceu um registo<br />

<strong>de</strong> antigos combatentes da resistência armada e estamos a assegurar um nível <strong>de</strong> protecção<br />

social, através do pagamento <strong>de</strong> pensões a veteranos e respectivas famílias. <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> fez um<br />

gran<strong>de</strong> esforço para respon<strong>de</strong>r ao seu <strong>de</strong>ver e cumprir com as provisões da Constituição, todavia<br />

precisamos fazer mais.<br />

Continuaremos a provi<strong>de</strong>nciar o reconhecimento oficial dos nossos veteranos, através da atribuição<br />

<strong>de</strong> medalhas aos Combatentes da Libertação Nacional.<br />

Continuaremos também a assegurar protecção social e pensões aos nossos veteranos e às<br />

suas famílias. Isto inclui um sistema <strong>de</strong> atribuição <strong>de</strong> bolsas <strong>de</strong> estudo a filhos <strong>de</strong> Mártires e<br />

<strong>de</strong> Combatentes da Libertação Nacional, abrangendo todos os níveis <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o<br />

ensino básico até ao ensino universitário. Daremos aos veteranos oportunida<strong>de</strong>s para adquirirem<br />

qualificações e emprego, para que possam ser uma parte integrante da nossa vida económica<br />

e social. Continuaremos igualmente a dar aos veteranos oportunida<strong>de</strong>s para levarem a cabo<br />

pequenos projectos que contribuam para o <strong>de</strong>senvolvimento da nossa Nação.<br />

É importante que nunca percamos <strong>de</strong> vista a nossa História e que continuemos a empreen<strong>de</strong>r<br />

pesquisas acerca da luta pela libertação nacional. Deste modo estaremos também a celebrar e a<br />

saudar os nossos heróis pelo seu sacrifício e pelo que <strong>de</strong>ram ao País.<br />

59


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 2<br />

JUVENTUDE E DESPORTO<br />

Os jovens <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> são os futuros lí<strong>de</strong>res da nossa Nação. Eles irão transformar <strong>Timor</strong>-<br />

<strong>Leste</strong> e contribuir para o <strong>de</strong>senvolvimento da nossa socieda<strong>de</strong> e da nossa economia. Precisamos<br />

fazer tudo ao nosso alcance para apoiar os nossos jovens e para lhes dar as oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

que necessitam para adquirirem a experiência, as qualificações e os valores que lhes permitam<br />

participar plenamente no futuro da nossa Nação.<br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> é uma Nação jovem: quase um quinto da nossa população tem entre 15 e 24 anos. Os<br />

nossos jovens sofrem com taxas <strong>de</strong> <strong>de</strong>semprego elevadas e muitos dos que trabalham fazem-no<br />

em empregos não qualificados ou precários. Na socieda<strong>de</strong> globalizada <strong>de</strong> hoje, os nossos jovens<br />

estão cientes das oportunida<strong>de</strong>s que o mundo apresenta aos jovens e muitos sentem que estão a<br />

passar ao lado <strong>de</strong>ssas oportunida<strong>de</strong>s em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>.<br />

A nossa visão consiste em ter os nossos jovens a concretizar o seu potencial, enquanto cidadãos<br />

saudáveis, instruídos, éticos e como li<strong>de</strong>res com orgulho <strong>de</strong> serem timorenses. Para ajudar a realizar<br />

esta visão, iremos implementar uma estratégia abrangente para os nossos jovens que incluirá:<br />

• Estabelecimento <strong>de</strong> um Fundo para Jovens com vista a financiar projectos e programas<br />

que apoiem os nossos jovens e o seu <strong>de</strong>senvolvimento.<br />

• Apoio ao estabelecimento <strong>de</strong> Associações <strong>de</strong> Jovens.<br />

• Continuação da promoção do Parlamento dos jovens (Parlamento Foin Sae’e nian).<br />

• Construção <strong>de</strong> um Centro Nacional da Juventu<strong>de</strong> em Díli.<br />

• <strong>Desenvolvimento</strong> e condução <strong>de</strong> Campos <strong>de</strong> Formação em Li<strong>de</strong>rança para promover a boa<br />

condição física, qualificações administrativas, resolução <strong>de</strong> conflitos e valores cívicos.<br />

• Melhoria dos Centros <strong>de</strong> Juventu<strong>de</strong> existentes e a construção <strong>de</strong> Centros Multifunções<br />

<strong>de</strong> Juventu<strong>de</strong> em todos os distritos, a fim <strong>de</strong> prestar formação em áreas como sejam as<br />

línguas, as tecnologias, a arte, a música, o <strong>de</strong>sporto e a educação cívica.<br />

Iremos igualmente implementar um <strong>Plano</strong> <strong>Estratégico</strong> <strong>de</strong> Juventu<strong>de</strong> e Desporto em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, o<br />

qual irá promover o <strong>de</strong>sporto como forma <strong>de</strong> criar carácter e fomentar os valores da cooperação,<br />

condição física e trabalho <strong>de</strong> equipa. O plano irá incidir no <strong>de</strong>senvolvimento do <strong>de</strong>sporto como<br />

parte importante das vidas dos jovens, envolvendo-os em relacionamentos sociais, diálogo,<br />

tolerância, ética e valores <strong>de</strong>mocráticos. O plano irá também usar as activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>sportivas como<br />

base para envolver os jovens em activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> educação e <strong>de</strong> formação.<br />

Em termos mais gerais, reconhecemos o po<strong>de</strong>r que o <strong>de</strong>sporto tem para unir as pessoas, <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

activida<strong>de</strong>s básicas em al<strong>de</strong>ias até eventos <strong>de</strong>sportivos nacionais e internacionais. Enquanto<br />

apoiamos activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>sporto local iremos também encorajar, promover e financiar a criação<br />

<strong>de</strong> equipas nacionais em vários <strong>de</strong>sportos, com o intuito <strong>de</strong> apoiar o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma<br />

forte i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> nacional em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>.<br />

60


PED - 2011 - 2030 - CAPITAL SOCIAL<br />

Tour <strong>de</strong> <strong>Timor</strong><br />

O Tour <strong>de</strong> <strong>Timor</strong> está a tornar-se um evento significativo anual no<br />

calendário <strong>de</strong> ciclismo profissional, bem como uma experiência<br />

memorável para os visitantes <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>. O Tour <strong>de</strong> <strong>Timor</strong> consiste<br />

numa semana <strong>de</strong> corrida <strong>de</strong> bicicleta <strong>de</strong> montanha que atravessa <strong>Timor</strong>-<br />

<strong>Leste</strong>, durante a qual os ciclistas e as suas equipas <strong>de</strong> suporte adquirem<br />

uma visão sobre o nosso meio ambiente, povo e cultura, ao mesmo tempo,<br />

que se aventuram numa rota difícil em terreno <strong>de</strong>safiador e variado. O<br />

Tour inclui passeios à beira-mar em terreno liso, subidas íngremes pela montanha, <strong>de</strong>scidas em<br />

piso rochoso, vistas espectaculares e condições <strong>de</strong> terreno diverso, que vão <strong>de</strong>s<strong>de</strong> estradas <strong>de</strong><br />

betão a trilhos <strong>de</strong> cascalho e terra. Esta prova conta com o forte apoio local, sendo que milhares<br />

<strong>de</strong> timorenses animam calorosamente os corredores.<br />

Uma iniciativa do Presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, Sua Excelência Dr. José Ramos-Horta, o primeiro Tour<br />

<strong>de</strong> <strong>Timor</strong> ocorreu em Agosto <strong>de</strong> 2009. Mais <strong>de</strong> 250 ciclistas <strong>de</strong> 15 países competiram na corrida, que<br />

abrangeu 450 km ao longo <strong>de</strong> cinco dias. Mais <strong>de</strong> 100 jornalistas cobriram o evento. Em 2010, mais<br />

<strong>de</strong> 350 ciclistas participaram na prova, que novamente durou cinco dias e percorreu mais <strong>de</strong> 420<br />

km. A participação local é um <strong>de</strong>staque e uma característica do Tour <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>. Em 2009, 25 ciclistas<br />

locais timorenses participaram no evento, representando o seu País pela primeira vez. Em 2010,<br />

este número aumentou para 75 ciclistas locais. O Povo timorense está envolvido na organização<br />

do evento, apoiando os atletas ao longo do percurso e no fornecimento <strong>de</strong> instalações on<strong>de</strong> os<br />

atletas pernoitam. O “Festival da Paz” envolve crianças e jovens nas activida<strong>de</strong>s culturais no final<br />

<strong>de</strong> cada etapa do Tour.<br />

Os ciclistas e as equipas participantes no Tour em 2009 e 2010 falam <strong>de</strong> um tempo inesquecível e<br />

gratificante em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, com <strong>de</strong>staque, para a recepção calorosa que receberam nos locais ao<br />

longo da rota. Com a continuação do forte apoio <strong>de</strong> ciclistas internacionais, é já claro que o Tour<br />

<strong>de</strong> <strong>Timor</strong> alcançou o lugar como uma das mais memoráveis - e mais difícil - corridas <strong>de</strong> bicicleta<br />

<strong>de</strong> montanha no mundo, sendo igualmente um dos gran<strong>de</strong>s motores da indústria do turismo <strong>de</strong><br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, indústria por muitos anos vindouros.<br />

Iremos também:<br />

• Apoiar e <strong>de</strong>senvolver os recursos humanos nas áreas da gestão <strong>de</strong> instalações <strong>de</strong>sportivas,<br />

treino e <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> atletas, gestão <strong>de</strong> equipas e gestão <strong>de</strong> eventos.<br />

• Apoiar a participação das comunida<strong>de</strong>s e dos alunos em activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>sportivas, por<br />

meio <strong>de</strong> clubes e eventos <strong>de</strong>sportivos comunitários e escolares.<br />

61


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 2<br />

• Encorajar e promover o turismo <strong>de</strong>sportivo, incluindo <strong>de</strong>sportos radicais e <strong>de</strong>sportos<br />

marítimos.<br />

• Incidir no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> <strong>de</strong>sportos populares em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, como por exemplo,<br />

as artes marciais e o futebol.<br />

• Desenvolver o futebol, incluindo ligas <strong>de</strong> futebol e <strong>de</strong> seguida uma liga nacional <strong>de</strong><br />

futebol completa, em parceria com a Coreia do Sul, a Confe<strong>de</strong>ração Asiática <strong>de</strong> Futebol, a<br />

Fe<strong>de</strong>ração Australiana <strong>de</strong> Futebol e a Fundação Real Madrid.<br />

• Reabilitar infra-estruturas <strong>de</strong>sportivas e construir novas instalações, incluindo ginásio<br />

multiusos em cada distrito, e reabilitar o Estádio <strong>de</strong> Díli e o Complexo Gimno<strong>de</strong>sportivo.<br />

METAS<br />

Até 2015:<br />

• Será estabelecido um sistema <strong>de</strong> segurança social universal, através <strong>de</strong> contribuições, que<br />

garanta pensões a todos os trabalhadores timorenses.<br />

• Estará operacional uma Lei <strong>de</strong> Cuidados e Adopção <strong>de</strong> Órfãos, juntamente com outras<br />

medidas para apoiar crianças vulneráveis.<br />

• Mais 40% <strong>de</strong> crianças com <strong>de</strong>ficiências frequentarão o ensino básico.<br />

• Será <strong>de</strong>senvolvido um pacote <strong>de</strong> re<strong>de</strong> <strong>de</strong> segurança social para famílias vulneráveis.<br />

• Continuará um programa abrangente <strong>de</strong> assistência do Estado para garantir que os<br />

veteranos vivem com dignida<strong>de</strong> e segurança económica, e que os seus filhos têm<br />

oportunida<strong>de</strong>s para ter sucesso na Nação que os pais lutaram para libertar.<br />

• Haverá currículos revistos, ‘amigos dos géneros’, em todos os níveis do sistema <strong>de</strong> ensino<br />

<strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>.<br />

• Será estabelecido um Fundo para Jovens, o qual prestará apoio a projectos em prol dos<br />

jovens e do seu <strong>de</strong>senvolvimento.<br />

Até 2020:<br />

• A proporção <strong>de</strong> mulheres na função pública e no Parlamento Nacional aumentará para,<br />

pelo menos, um terço.<br />

• 75% das raparigas timorenses concluirão um ensino básico completo e <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>.<br />

• O Estado continuará a alargar os programas e projectos que apoiam e honram os nossos<br />

veteranos e as suas famílias.<br />

62


PED - 2011 - 2030 - CAPITAL SOCIAL<br />

• Uma investigação rigorosa da história da luta da libertação nacional será preservada e<br />

celebrada pelo nosso povo.<br />

• Será construído um Centro Nacional <strong>de</strong> Juventu<strong>de</strong> em Díli e estarão operacionais os<br />

Centros <strong>de</strong> Multifunções para jovens nas áreas rurais.<br />

Até 2030:<br />

• <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> será uma socieda<strong>de</strong> justa em termos <strong>de</strong> género, on<strong>de</strong> a dignida<strong>de</strong> humana<br />

e os direitos das mulheres são valorizados, protegidos e promovidos pelas nossas leis e<br />

cultura.<br />

63


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 2<br />

A M B I E N T E<br />

VISÃO GERAL E DESAFIOS<br />

O povo <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> tem uma relação forte com o ambiente natural. Durante gerações, os<br />

nossos antepassados <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ram do ambiente para obter alimentação, vestuário, materiais <strong>de</strong><br />

construção e tudo o mais <strong>de</strong> que necessitavam para as suas vidas. Vivíamos em harmonia com o<br />

ambiente e utilizávamo-lo <strong>de</strong> forma sustentável para suportar as nossas famílias.<br />

Contudo, durante o longo período do colonialismo e da ocupação, a exploração e <strong>de</strong>struição<br />

do ambiente atingiram níveis extremos. As florestas sofreram abates excessivos e queimadas,<br />

conduzindo a <strong>de</strong>sabamentos <strong>de</strong> terras, erosões crónicas, ameaças à vida selvagem e diminuição <strong>de</strong><br />

fontes <strong>de</strong> alimentos. Isto veio causar dificulda<strong>de</strong>s adicionais às muitas pessoas resi<strong>de</strong>ntes em áreas<br />

rurais e que ainda <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m das florestas para obter alimentos, combustível, medicamentos e<br />

materiais <strong>de</strong> construção.<br />

A poluição atmosférica, especialmente em Díli, é um <strong>de</strong>safio cada vez maior, já que as emissões<br />

dos automóveis e das motorizadas contribuem para piorar a qualida<strong>de</strong> do ar que já é má em<br />

consequência do fumo lançado pelos lares e pelos fogos florestais. As mulheres e crianças que<br />

respiram ar poluído enquanto cozinham correm riscos especiais <strong>de</strong> contrair doenças respiratórias<br />

e pulmonares. Avaliações recentes concluíram que 90% das famílias utilizam lenha para cozinhar.<br />

A subida do nível do mar e o risco <strong>de</strong> condições meteorológicas mais extremas, em resultado das<br />

alterações climáticas, constituem outros <strong>de</strong>safios ambientais sérios para <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>.<br />

Des<strong>de</strong> a In<strong>de</strong>pendência em 2002, <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> tem vindo a dar resposta a estes <strong>de</strong>safios ambientais.<br />

O Artigo 61.º da Constituição <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> diz que:<br />

• Todos têm direito a um ambiente <strong>de</strong> vida humano, sadio e ecologicamente equilibrado e<br />

o <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> o proteger e melhorar em prol das gerações vindouras.<br />

• O Estado reconhece a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> preservar e valorizar os recursos naturais.<br />

• O Estado <strong>de</strong>ve promover acções <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa do meio ambiente e salvaguardar o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento sustentável da economia.<br />

O artigo da Constituição sobre recursos naturais também prevê que o Estado tome conta do<br />

ambiente. O número 3 do Artigo 139.º estabelece que “O aproveitamento dos recursos naturais<br />

<strong>de</strong>ve manter o equilíbrio ecológico e evitar a <strong>de</strong>struição <strong>de</strong> ecossistemas”.<br />

Agora que os alicerces <strong>de</strong> um novo Estado foram estabelecidos e que estamos no caminho em<br />

direcção à paz, estabilida<strong>de</strong> e segurança alimentar, temos a oportunida<strong>de</strong> para implementar<br />

estratégias que cumpram as nossas obrigações segundo a Constituição no que diz respeito à<br />

protecção do ambiente e à gestão sustentável dos recursos ambientais <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>.<br />

64


PED - 2011 - 2030 - CAPITAL SOCIAL<br />

Existe actualmente uma necessida<strong>de</strong> urgente <strong>de</strong> renovar e rever as leis e normas principais relativas<br />

ao ambiente no <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> <strong>de</strong> hoje.<br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> ratificou o Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas, o Protocolo <strong>de</strong><br />

Quioto, a Convenção das Nações Unidas sobre Biodiversida<strong>de</strong>, a Convenção das Nações Unidas<br />

para o combate à Desertificação, a Convenção <strong>de</strong> Viena para a Protecção da Camada <strong>de</strong> Ozono<br />

e o Protocolo <strong>de</strong> Montreal para a redução <strong>de</strong> substâncias que <strong>de</strong>stroem a camada <strong>de</strong> ozono. Em<br />

resultado disto, estão a ser <strong>de</strong>senvolvidos programas nacionais ao nível <strong>de</strong> gestão <strong>de</strong> terrenos e<br />

mar, conservação da biodiversida<strong>de</strong>, adaptação e mitigação das alterações climáticas (incluindo o<br />

acesso a energias renováveis e eficientes).<br />

ESTRATÉGIA E ACÇÕES<br />

Em 2002, <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> apoiou a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> sustentabilida<strong>de</strong> da Conferência Mundial sobre<br />

Conservação e <strong>Desenvolvimento</strong> Ambiental: ’<strong>de</strong>senvolvimento sustentável é <strong>de</strong>senvolvimento que<br />

dá resposta às necessida<strong>de</strong>s do presente sem comprometer a capacida<strong>de</strong> das gerações futuras em<br />

dar resposta às suas próprias necessida<strong>de</strong>s’. Esta <strong>de</strong>finição orienta o nosso <strong>de</strong>senvolvimento hoje<br />

e no futuro.<br />

Para concretizarmos a nossa visão ampla <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> em 2030, como um País com rendimentos<br />

médio-altos, on<strong>de</strong> a pobreza extrema foi erradicada, iremos <strong>de</strong>senvolver acções para gerir os nossos<br />

recursos naturais e o nosso ambiente <strong>de</strong> forma sustentável. Iremos renovar o forte laço entre o<br />

povo timorense e o ambiente, continuando a reconhecer que o sucesso do nosso <strong>de</strong>senvolvimento<br />

irá <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r da saú<strong>de</strong> das nossas florestas, rios, mares e vida animal.<br />

Os primeiros passos serão no sentido <strong>de</strong> garantir que as leis e normas ambientais são cumpridas,<br />

assim como <strong>de</strong> preparar a legislação abrangente sobre protecção e conservação ambientais, para<br />

cumprir as nossas obrigações constitucionais e internacionais.<br />

Isto incluirá uma Lei <strong>de</strong> Bases do Ambiente que será o quadro legal para proteger e conservar o<br />

ambiente, assim como uma Lei <strong>de</strong> Impacto Ambiental que irá garantir aprovação, monitorização e<br />

auditoria ambientais para as activida<strong>de</strong>s propostas. Será igualmente importante integrar a gestão<br />

do ambiente e dos recursos naturais, através do governo, e melhorar a capacida<strong>de</strong> das nossas<br />

instituições e dos nossos funcionários no que diz respeito à gestão ambiental.<br />

ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS<br />

As alterações climáticas apresentam <strong>de</strong>safios ambientais e políticos sérios para <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>. A<br />

subida do nível do mar aumentará o risco <strong>de</strong> inundações em al<strong>de</strong>ias costeiras baixas, sendo que os<br />

riscos acrescidos <strong>de</strong> inundações, fogos florestais e escassez <strong>de</strong> alimentos resultantes <strong>de</strong> condições<br />

meteorológicas mais extremas, provocadas por alterações climáticas, terão impactos directos nas<br />

65


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 2<br />

comunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>. Na frente política, embora <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> tenha ratificado o Quadro<br />

das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas e o Protocolo <strong>de</strong> Quioto, enquanto Nação em vias<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, queremos garantir que <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> não é condicionado ou penalizado no<br />

seu <strong>de</strong>senvolvimento, à custa do crescimento económico dos nossos vizinhos já <strong>de</strong>senvolvidos<br />

ou do actual crescimento <strong>de</strong> nações muito maiores que <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>.<br />

O princípio do <strong>de</strong>senvolvimento sustentável e o imperativo <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar as necessida<strong>de</strong>s das<br />

gerações futuras são particularmente relevantes no contexto da ameaça das alterações climáticas,<br />

uma vez que somos responsáveis por garantir que as <strong>de</strong>cisões, que tomamos hoje, levam em conta<br />

o impacto <strong>de</strong>ssas mesmas <strong>de</strong>cisões sobre as gerações futuras.<br />

A contribuição <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> para o problema das alterações climáticas é minúscula. Somos um<br />

dos menores emissores <strong>de</strong> dióxido <strong>de</strong> carbono do mundo, com uma média <strong>de</strong> 0,02 toneladas por<br />

pessoa ao ano. Em contraste, algumas nações <strong>de</strong>senvolvidas têm emissões <strong>de</strong> dióxido <strong>de</strong> carbono<br />

cerca <strong>de</strong> 20 vezes mais elevadas. Todavia não po<strong>de</strong>mos colocar uma pare<strong>de</strong> no céu em torno <strong>de</strong><br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> – somos afectados pela conduta dos nossos vizinhos e <strong>de</strong> todas as outras nações do<br />

planeta, pelo que temos <strong>de</strong> trabalhar em cooperação com o resto do mundo a fim <strong>de</strong> reduzir as<br />

emissões.<br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> é vulnerável a alterações climáticas e o nosso clima po<strong>de</strong>-se tornar mais quente e mais<br />

seco na estação seca, assim como variar cada vez mais. Três recursos naturais – água, solo e zona<br />

costeira – são susceptíveis a alterações no clima e a subidas do nível do mar. Os recifes corais são<br />

igualmente muito sensíveis a alterações na temperatura da água e na composição química. Estas<br />

alterações têm consequências a nível da produção agrícola, da segurança alimentar e da nossa<br />

indústria do turismo.<br />

Os mapas abaixo mostram a distribuição geográfica <strong>de</strong> exposição a secas e inundações em todo<br />

o <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>.<br />

Figura 8 Áreas com perigo <strong>de</strong> seca , <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong><br />

Fonte: Gabinete <strong>de</strong> Gestão <strong>de</strong> Desastres Nacionais, 2010<br />

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PED - 2011 - 2030 - CAPITAL SOCIAL<br />

Figura 9 Ribeiras com risco <strong>de</strong> inundação, <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong><br />

Fonte: Gabinete <strong>de</strong> Gestão <strong>de</strong> Desastres Nacionais, 2010<br />

Dado que somos tão vulneráveis aos efeitos das alterações climáticas, iremos procurar reduzir<br />

voluntariamente as nossas emissões – ainda que, sendo um País em vias <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento,<br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> não esteja obrigado a reduzir os seus gases <strong>de</strong> estufa, segundo o Quadro das Nações<br />

Unidas sobre Alterações Climáticas.<br />

Iremos <strong>de</strong>senvolver um Programa Nacional <strong>de</strong> Adaptação às Alterações Climáticas, que irá<br />

i<strong>de</strong>ntificar priorida<strong>de</strong>s nacionais relativas à adaptação às alterações climáticas e à monitorização<br />

da implementação <strong>de</strong> medidas <strong>de</strong> adaptação. Iremos estabelecer uma Autorida<strong>de</strong> Nacional<br />

Designada para os Mecanismos do Protocolo <strong>de</strong> Quioto, para que <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> possa fazer parte<br />

do mercado <strong>de</strong> carbono global. Este mercado permitir-nos-á também aumentar os rendimentos,<br />

através da venda <strong>de</strong> créditos <strong>de</strong> carbono, por parte das nossas indústrias plantadoras <strong>de</strong> árvores.<br />

A Autorida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve estar operacional em 2012.<br />

Será necessário implementar os acordos ambientais multilaterais, ratificados por <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>.<br />

Isto irá envolver a integração <strong>de</strong> Acordos Internacionais em políticas, leis e normas nacionais.<br />

Serão <strong>de</strong>senvolvidas normas específicas para implementar acordos relacionados com alterações<br />

climáticas e para controlar substâncias prejudiciais à camada <strong>de</strong> ozono.<br />

Até 2015, será estabelecido um Centro Nacional <strong>de</strong> Alterações Climáticas, com vista a conduzir<br />

estudos e observações sobre questões <strong>de</strong> alterações climáticas, a garantir a recolha <strong>de</strong> dados sobre<br />

o impacto <strong>de</strong> alterações climáticas e a encorajar inovações tecnológicas em termos <strong>de</strong> adaptação e<br />

mitigação <strong>de</strong> alterações climáticas. Sendo um pequeno Estado - ilha em vias <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento,<br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> irá procurar o apoio <strong>de</strong> países <strong>de</strong>senvolvidos para investigação, adaptação e mitigação<br />

<strong>de</strong> alterações climáticas.<br />

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PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 2<br />

FLORESTAS E ZONAS DE CONSERVAÇÃO TERRESTRES E MARÍTIMAS<br />

A sustentabilida<strong>de</strong> das florestas <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> não é essencial apenas para as famílias que<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m das florestas para obter lenha ou para gerar rendimentos; é igualmente importante para<br />

os agricultores, uma vez que a <strong>de</strong>sflorestação provoca erosão e danifica os lençóis <strong>de</strong> água, como<br />

também para todos os cidadãos que apareciam a beleza natural do seu País. Des<strong>de</strong> a In<strong>de</strong>pendência,<br />

foram dados passos positivos para erradicar a exploração ma<strong>de</strong>ireira ilegal, reabilitar e conservar<br />

os recursos florestais, estabilizar áreas <strong>de</strong> floresta e incentivar o fortalecimento económico das<br />

comunida<strong>de</strong>s que vivem em áreas <strong>de</strong> floresta.<br />

No entanto, os recursos florestais continuam a <strong>de</strong>gradar-se rapidamente, <strong>de</strong>vido ao abate contínuo<br />

<strong>de</strong> árvores para lenha e agricultura, aos fogos florestais, à procura crescente <strong>de</strong> terras e recursos,<br />

e à maior exploração e conversão florestal. Estima-se que a <strong>de</strong>sflorestação esteja a ocorrer a um<br />

ritmo <strong>de</strong> 1,1% ao ano. A área florestal <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> é <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 50% da área total somando<br />

cerca <strong>de</strong> 745.174 hectares. A meta prevista dos Objectivos <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> do Milénio que<br />

estima 55% das terras cobertas pela floresta continua a ser um objectivo ambicioso.<br />

A erosão e os <strong>de</strong>slizamentos <strong>de</strong> terra também são um problema, causando a <strong>de</strong>gradação do solo<br />

e danos à captação <strong>de</strong> água. Muito do nosso estoque <strong>de</strong> árvores nativas, incluindo mogno, teca<br />

e sândalo, praticamente <strong>de</strong>sapareceu. Como resultado <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> enfrenta agora a <strong>de</strong>gradação<br />

do solo, uma diminuição nas águas subterrâneas, as ameaças à vida selvagem e a diminuição dos<br />

recursos alimentares.<br />

Para inverter esta tendência, será preparado um plano <strong>de</strong> gestão florestal que irá promover a<br />

reflorestação e práticas sustentáveis <strong>de</strong> gestão <strong>de</strong> terras em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>. Uma Política Nacional<br />

<strong>de</strong> Bambu será preparada no sentido <strong>de</strong> incluir a promoção do cultivo <strong>de</strong> bambu, para fins <strong>de</strong><br />

reflorestamento e controle <strong>de</strong> erosão. Viveiros comunitários serão apoiados para plantar um milhão<br />

<strong>de</strong> árvores por ano. Estas três iniciativas são expostas na Capítulo 4 – Agricultura e Floresta.<br />

O quadro nacional espacial (Ver Capítulo 4 – <strong>Desenvolvimento</strong> Rural) será usado para classificar<br />

terrenos com base na sua biodiversida<strong>de</strong> e uso, e incluirá áreas para cobertura florestal e outras<br />

finalida<strong>de</strong>s que possam ajudar a facilitar a conservação e a protecção das espécies florestais.<br />

As zonas <strong>de</strong> conservação natural, ou parques nacionais, visam proteger ecossistemas através<br />

da limitação da activida<strong>de</strong> comercial, sendo porém, permitidas activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> investigação e<br />

educação, bem como activida<strong>de</strong>s culturais, <strong>de</strong> turismo e <strong>de</strong> lazer. A primeira área protegida <strong>de</strong><br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> é o Parque Nacional Nino Konis Santana, o qual será uma pedra basilar da estratégia<br />

<strong>de</strong> turismo <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>. Foram igualmente i<strong>de</strong>ntificadas em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> áreas <strong>de</strong> importância<br />

internacional ao nível ornitológico, as quais serão protegidas.<br />

Outras áreas que serão protegidas em zonas <strong>de</strong> conservação são: Tilomar, Ramelau, Fatumasin, Ilha<br />

<strong>de</strong> Ataúro-Manucoco, Matebian, Kablake, Builo, Clere- Lore, Monte Paitchao e Lago Iralalaro, Ilha<br />

<strong>de</strong> Jaco, Monte Diatuto, Be Male-Atabae, Maubara, Mak Fahik e Sarim, Tasitolu, Areia Branca, Monte<br />

Curi e o Estuário <strong>de</strong> Irabere e Iliomar.<br />

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PED - 2011 - 2030 - CAPITAL SOCIAL<br />

A fim <strong>de</strong> proteger e conservar a biodiversida<strong>de</strong> marinha e os nossos belos recifes corais, <strong>Timor</strong>-<br />

<strong>Leste</strong> continuará a trabalhar com a Indonésia e com outros governos na região que assinaram<br />

a Iniciativa do Triângulo <strong>de</strong> Coral, <strong>de</strong> modo a salvaguardar os recursos biológicos marinhos e<br />

costeiros da região, para permitir um crescimento sustentável e a prosperida<strong>de</strong> das gerações<br />

actuais e futuras.<br />

Será <strong>de</strong>senvolvida uma política para a gestão <strong>de</strong> bacias hidrográficas e zonas costeiras, incluindo<br />

estratégias para reabilitar e proteger o mangue em zonas costeiras, regular a exploração <strong>de</strong> areia<br />

em diversos rios, em especial o Rio Comoro, e criar zonas tampão em margens <strong>de</strong> rio e em torno<br />

<strong>de</strong> barragens, lagos e linhas costeiras, <strong>de</strong> modo a ajudar à conservação dos recursos hídricos e a<br />

controlar planícies aluviais naturais.<br />

Outras acções que serão realizadas para melhorar a gestão sustentável dos solos, conservação e<br />

reabilitação das florestas, e <strong>de</strong>senvolver práticas <strong>de</strong> gestão florestal sustentável incluem:<br />

• Legislação especial sobre florestas, apoiada por acordos <strong>de</strong> posse <strong>de</strong> terra.<br />

• Reflorestamento em todas as áreas <strong>de</strong>gradadas, especialmente nas áreas inclinadas em<br />

torno <strong>de</strong> Díli.<br />

• Introduzir programas para reduzir os incêndios florestais durante a estação seca.<br />

• Substituir o uso <strong>de</strong> lenha com outras fontes <strong>de</strong> energia.<br />

• Fazer cumprir as leis ambientais e leis florestais para controlar as activida<strong>de</strong>s florestais<br />

<strong>de</strong>gradantes.<br />

BIODIVERSIDADE<br />

A biodiversida<strong>de</strong> diz respeito à varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida no mundo ou num habitat ou ecossistema<br />

específico. Todos os aspectos das nossas vidas, das nossas culturas e das nossas economias<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m da manutenção da diversida<strong>de</strong> e da produtivida<strong>de</strong> das comunida<strong>de</strong>s e ecossistemas<br />

<strong>de</strong> plantas e animais on<strong>de</strong> vivemos. Temos a responsabilida<strong>de</strong> colectiva <strong>de</strong> conservar esta<br />

biodiversida<strong>de</strong>, que, por sua vez, nos irá manter.<br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> e as ilhas vizinhas no leste da Indonésia estão geograficamente posicionadas em um<br />

dos apenas 34 ‘pontos <strong>de</strong> interesse <strong>de</strong> biodiversida<strong>de</strong>’ no mundo. Isto significa que estamos numa<br />

região que per<strong>de</strong>u pelo menos 70% da sua vegetação primária e on<strong>de</strong> pelo menos 0,5% da flora<br />

só existe na região.<br />

Para dar resposta às ameaças à biodiversida<strong>de</strong> em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> será <strong>de</strong>senvolvida uma Estratégia<br />

e um <strong>Plano</strong> <strong>de</strong> Acção sobre Biodiversida<strong>de</strong> Nacional, com vista a avaliar as ameaças à diversida<strong>de</strong><br />

marinha e terrestre e i<strong>de</strong>ntificar estratégias para conservar a biodiversida<strong>de</strong>. Isto incluirá uma Lei<br />

sobre Biodiversida<strong>de</strong> Nacional para regular a implementação do seu respectivo plano <strong>de</strong> acção.<br />

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PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 2<br />

Mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> Selos Postais alusivos à biodiversida<strong>de</strong><br />

Rã <strong>de</strong> <strong>Timor</strong><br />

Limnonectes timorensis<br />

Tartaruga <strong>de</strong> <strong>Timor</strong><br />

Chelodina timorensis<br />

<strong>Timor</strong> Monitor<br />

Varanus timorensis<br />

Em reconhecimento do Ano Internacional da Biodiversida<strong>de</strong> em 2010 e para celebrar a rica<br />

biodiversida<strong>de</strong> do nosso país, <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> emitiu uma série especial <strong>de</strong> seis selos representando<br />

exemplos <strong>de</strong> nossa vida animal diversificada:<br />

• Rã <strong>de</strong> <strong>Timor</strong> (50 cêntimos)<br />

• Tartaruga <strong>de</strong> <strong>Timor</strong> (50 cêntimos)<br />

• Vipérida da Ilha (75 cêntimos)<br />

• <strong>Timor</strong> Monitor (75 cêntimos)<br />

• Crocodilo <strong>de</strong> água salgada (1 dólar)<br />

• Serpente <strong>de</strong> cor <strong>de</strong> bronze (1 dólar)<br />

Os selos são o resultado <strong>de</strong> um levantamento <strong>de</strong> anfíbios e répteis <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> conduzido<br />

pela Universida<strong>de</strong> Nacional <strong>de</strong> <strong>Timor</strong> Lorosa’e, em Díli, em parceria com o Victor Valley College,<br />

Victorville, Califórnia, li<strong>de</strong>rado pelo Dr. Kaiser, como parte <strong>de</strong> um programa académico conhecido<br />

como a Iniciativa <strong>de</strong> Pesquisa Tropical. O projecto foi iniciado em 2009 para <strong>de</strong>terminar a verda<strong>de</strong>ira<br />

biodiversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> anfíbios e répteis em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>. O trabalho <strong>de</strong> campo efectuado em 11 dos<br />

13 distritos i<strong>de</strong>ntificou várias novas espécies que estão actualmente à espera <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>scrição e<br />

catalogação.<br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> é também o lar <strong>de</strong> aves raras. Temos 250 espécies <strong>de</strong> aves. <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> também tem<br />

rica vida marinha, incluindo baleias, golfinhos e uma ampla gama <strong>de</strong> espécies <strong>de</strong> peixes tropicais<br />

reflectindo a nossa posição no su<strong>de</strong>ste asiático da Iniciativa do Triângulo do Coral.<br />

A<br />

Vipérida da Ilha<br />

Cryptelytrops insularis<br />

Serpente <strong>de</strong> cor <strong>de</strong><br />

bronze<br />

Dendrelaphis inornatus<br />

timorensis<br />

Crocodilo <strong>de</strong> água salgada<br />

Crocodylus porosus<br />

A Estratégia e o <strong>Plano</strong> <strong>de</strong> Acção sobre Biodiversida<strong>de</strong> Nacional serão concluídos até 2012 e<br />

começarão a ser implementados em 2013. A Estratégia irá avaliar as ameaças à biodiversida<strong>de</strong><br />

marinha e terrestre no País e i<strong>de</strong>ntificar possíveis incentivos para a sua conservação.<br />

70


PED - 2011 - 2030 - CAPITAL SOCIAL<br />

O foco estará na prevenção <strong>de</strong> perdas <strong>de</strong> biodiversida<strong>de</strong> e na garantia <strong>de</strong> que os recursos biológicos<br />

do País são geridos <strong>de</strong> forma sustentável. A Estratégia e <strong>Plano</strong> <strong>de</strong> Acção sobre Biodiversida<strong>de</strong><br />

Nacional abordarão as seguintes áreas: agricultura, prados, áreas protegidas, zonas marinhas e<br />

costeiras, florestas e montanhas e águas interiores.<br />

Será igualmente <strong>de</strong>senvolvida uma Lei sobre Conservação da Vida Selvagem para proteger e<br />

conservar a vida selvagem em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>.<br />

ENERGIAS RENOVÁVEIS<br />

O aumento da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> energia produzida através <strong>de</strong> fontes eólicas, solares, hidroeléctricas<br />

e outras fontes renováveis contribuirá para a adaptação <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> às alterações climáticas<br />

e para os esforços <strong>de</strong> mitigação <strong>de</strong>stas alterações, ao mesmo tempo que nos ajuda a cumprir as<br />

nossas obrigações segundo convenções internacionais sobre alterações climáticas.<br />

O <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> energias renováveis em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> ajudará igualmente a impulsionar<br />

o crescimento económico em áreas rurais e a permitir a <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> abraçar novas tecnologias<br />

que nos transformarão num mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento sustentável. A estratégia e acções para<br />

satisfazer pelo menos meta<strong>de</strong> das necessida<strong>de</strong>s energéticas <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> a partir <strong>de</strong> energias<br />

renováveis até 2020 serão abordadas no Capítulo 3 – Electricida<strong>de</strong> e Energias Renováveis.<br />

CONTROLO DA POLUIÇÃO<br />

É necessário <strong>de</strong>senvolver acções para garantir a existência <strong>de</strong> normas apropriadas para controlar<br />

a poluição atmosférica, sonora, da água e do solo. Queremos assegurar que, à medida que a<br />

população e a economia timorenses crescem ao longo dos próximos vinte anos, somos capazes <strong>de</strong><br />

controlar a poluição para que ela não <strong>de</strong>strua o nosso património natural <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>.<br />

Iremos <strong>de</strong>senvolver a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> recursos humanos na área do controlo <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> ambiental,<br />

incluindo metodologias utilizadas para testes ambientais. Isto envolverá o estabelecimento <strong>de</strong><br />

um laboratório ambiental para conduzir testes e para levar a cabo auditorias e monitorização<br />

ambientais, bem como acções <strong>de</strong> avaliação da poluição, relativamente a todas as activida<strong>de</strong>s em<br />

todos os distritos.<br />

Serão realizados estudos ambientais para apurar a fonte <strong>de</strong> vários poluentes. Isto inclui a análise<br />

das activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> hotéis, oficinas, hospitais e mercados. Serão introduzidas normas para que os<br />

poluidores possam ser multados pelos danos causados pelas suas acções.<br />

A poluição atmosférica em Díli será abordada através <strong>de</strong> campanhas com vista à redução dos fogos florestais<br />

em torno da cida<strong>de</strong>. O acesso a electricida<strong>de</strong> mais fiável e acessível em resultado da reforma do sector da<br />

electricida<strong>de</strong>, irá permitir a redução da poluição atmosférica, resultante do uso <strong>de</strong> produtos <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira para<br />

cozinhar, por parte das famílias (ver Capítulo 3 - Electricida<strong>de</strong>).<br />

71


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 2<br />

Serão introduzidas directivas <strong>de</strong> gestão <strong>de</strong> resíduos urbanos com base em leis e normas ambientais,<br />

<strong>de</strong> forma a estabelecer padrões <strong>de</strong> tratamento <strong>de</strong> resíduos em Díli e noutras principais cida<strong>de</strong>s.<br />

Serão encorajadas instalações <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> adubo, reciclagem <strong>de</strong> plásticos, reciclagem <strong>de</strong> papel<br />

e reciclagem <strong>de</strong> vidro. Serão fornecidos caixotes <strong>de</strong> lixo às famílias para a recolha <strong>de</strong> resíduos. Os<br />

óleos pesados serão recolhidos por camiões cisterna, em Díli e restantes Distritos, a fim <strong>de</strong> serem<br />

reutilizados, reciclados ou <strong>de</strong>struídos.<br />

Será conduzida uma campanha para reduzir a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sacos <strong>de</strong> plástico, que entopem<br />

os nossos esgotos e danificam a nossa vida marinha. Isto envolverá o encorajamento do uso <strong>de</strong><br />

sacos <strong>de</strong> papel como alternativa. Há também muitas garrafas <strong>de</strong> plástico que entopem os nossos<br />

esgotos e acabam por dar à costa, nas praias timorenses, que <strong>de</strong> outra forma seriam imaculadas.<br />

Será <strong>de</strong>senvolvido um esquema <strong>de</strong> reciclagem para garrafas <strong>de</strong> plástico.<br />

Durante os longos anos do colonialismo e da ocupação, a forte ligação do povo timorense com o<br />

ambiente foi quebrada. Ao longo dos próximos vinte anos, temos <strong>de</strong> reacen<strong>de</strong>r o nosso respeito<br />

tradicional pelo ambiente.<br />

Este esforço começará nas nossas escolas, com os alunos a apren<strong>de</strong>rem a importância <strong>de</strong> proteger<br />

e conservar o ambiente. Isto dará aos alunos um melhor entendimento do ambiente e eles, por<br />

sua vez, passarão este entendimento para os seus filhos.<br />

Serão distribuídos panfletos e brochuras sobre questões ambientais à comunida<strong>de</strong>.<br />

Serão igualmente prestadas informações sobre ambiente ao público, através da televisão e da rádio.<br />

Será estabelecida uma “Al<strong>de</strong>ia Ver<strong>de</strong>” <strong>de</strong> <strong>de</strong>monstração para mostrar boas práticas ambientais,<br />

incluindo o uso <strong>de</strong> energia renovável, reciclagem e técnicas <strong>de</strong> cultivo orgânico.<br />

METAS<br />

Até 2015:<br />

• Uma Lei <strong>de</strong> Bases do Ambiente será o quadro legal para proteger e conservar o ambiente<br />

• A Autorida<strong>de</strong> Nacional Designada para os Mecanismos do Protocolo <strong>de</strong> Quioto e um Centro Nacional<br />

<strong>de</strong> Alterações Climáticas estarão operacionais<br />

• Viveiros comunitários plantarão um milhão <strong>de</strong> árvores, a nível nacional, todos os anos<br />

• Uma Lei Nacional sobre Biodiversida<strong>de</strong> e uma Lei <strong>de</strong> Conservação da Vida Selvagem irão proteger e<br />

conservar a biodiversida<strong>de</strong> em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>.<br />

• Estarão estabelecidas normas sobre poluição atmosférica, sonora e do solo.<br />

• Leis para regular as emissões <strong>de</strong> veículos serão estabelecidas.<br />

• Será melhorada a sensibilização pública para a protecção ambiental.<br />

72


PED - 2011 - 2030 - CAPITAL SOCIAL<br />

Até 2020:<br />

• 70% dos Programas Nacionais <strong>de</strong> Adaptação <strong>de</strong> Acções ao abrigo do Quadro das Nações Unidas<br />

sobre Alterações Climáticas terão sido implementados.<br />

• Não haverá famílias em Díli a utilizarem lenha para cozinhar.<br />

Até 2030:<br />

• <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> terá uma extensa re<strong>de</strong> <strong>de</strong> parques terrestres e marinhos nacionais que protegem<br />

amostras representativas da nossa biodiversida<strong>de</strong>.<br />

73


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 2<br />

C U L T U R A E P A T R I M Ó N I O<br />

VISÃO GERAL E DESAFIOS<br />

“Após <strong>de</strong>z anos<br />

<strong>de</strong> in<strong>de</strong>pendência<br />

<strong>de</strong>vemos dar atenção<br />

ao <strong>de</strong>senvolvimento<br />

da cultura, já que foi a<br />

cultura que nos trouxe<br />

a in<strong>de</strong>pendência.”<br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> possui um património cultural<br />

incrivelmente rico e diverso. Em cada parte do<br />

nosso País, existem idiomas, danças, músicas e<br />

outras formas <strong>de</strong> expressão artística que não se<br />

po<strong>de</strong>m encontrar em qualquer outro lado do<br />

mundo. Conseguimos manter tradições vibrantes<br />

e importantes, com milhares <strong>de</strong> anos <strong>de</strong> história.<br />

Temos orgulho do que nos faz unicamente<br />

timorenses.<br />

Atanásio Francisco Tavares, representante<br />

Para concretizar a nossa meta <strong>de</strong> transformar<br />

ancião, Maucatar, Consulta Nacional, 30 <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> numa Nação próspera e <strong>de</strong>senvolvida<br />

<strong>de</strong> Julho <strong>de</strong> 2010<br />

até 2030, iremos precisar <strong>de</strong> encorajar a nossa<br />

diversida<strong>de</strong> cultural e <strong>de</strong> fomentar respeito pelo<br />

nosso património cultural e história partilhada, ao<br />

mesmo tempo que integramos elementos que funcionam <strong>de</strong> outras culturas para enriquecer a<br />

nossa.<br />

Mais <strong>de</strong> 70% dos timorenses vivem em áreas rurais, com acesso limitado a informação e a meios <strong>de</strong><br />

comunicação. Existe ainda uma ligação forte entre indivíduos, comunida<strong>de</strong>s, ambiente, história<br />

e tradições culturais. À semelhança <strong>de</strong> muitas culturas na região, os timorenses partilham um<br />

conjunto <strong>de</strong> crenças e valores relacionados com a pertença a um <strong>de</strong>terminado local e Uma Lulik<br />

(casa sagrada). Quatro séculos <strong>de</strong> colonialismo português e o trauma <strong>de</strong> quase duas décadas e<br />

meia <strong>de</strong> resistência nacional à ocupação, <strong>de</strong>ram às crenças timorenses uma dimensão regional e<br />

nacional própria.<br />

Reconhecemos que se negligenciarmos as nossas raízes culturais e históricas, se pensarmos apenas<br />

nos aspectos presentes e materiais da vida, seremos superados pelas forças da globalização e<br />

arriscar-nos-emos a per<strong>de</strong>r a nossa i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> cultural única – justamente aquilo que lutámos<br />

durante tanto tempo e com tanto esforço para preservar.<br />

Durante a consulta nacional, relativa ao <strong>Plano</strong> <strong>Estratégico</strong> <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong>, muitos distritos<br />

assinalaram a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> celebrar e promover a nossa cultura única e o papel importante das<br />

artes tradicionais, como sejam a tecelagem <strong>de</strong> tais, a olaria e os trabalhos com ma<strong>de</strong>ira. A fim <strong>de</strong><br />

proteger a nossa i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> é necessário que encorajemos e promovamos a cultura timorense e<br />

que incutamos as artes criativas no nosso <strong>de</strong>senvolvimento económico.<br />

Infelizmente os conflitos violentos do passado fizeram com que muitos locais e objectivos <strong>de</strong><br />

importância cultural, registos culturais e arquivos tenham sido <strong>de</strong>struídos ou mesmo levados para<br />

fora do País.<br />

74


PED - 2011 - 2030 - CAPITAL SOCIAL<br />

Actualmente apenas cerca <strong>de</strong> 800 artefactos e objectos culturais estão armazenados em segurança<br />

em Díli.<br />

Des<strong>de</strong> a In<strong>de</strong>pendência em 2002, <strong>de</strong>mos passos para encorajar e preservar o património cultural<br />

<strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>. A Uma Fukun (Parlamento Nacional) em Díli foi reabilitada e a sua importância<br />

histórica foi preservada. O Memorial <strong>de</strong> Dare abriu em Abril <strong>de</strong> 2010 e a primeira fase do Arquivo<br />

e Museu da Resistência <strong>Timor</strong>ense foi concluída em 2005. Des<strong>de</strong> então, centenas <strong>de</strong> documentos<br />

importantes sobre a resistência foram digitalizadas e estão agora disponíveis na internet para<br />

todos os interessados.<br />

Foram estabelecidos Centros Comunitários Multimédia, em Díli e Lospalos, visando permitir às<br />

comunida<strong>de</strong>s o acesso através da internet a informações e re<strong>de</strong>s previamente indisponíveis.<br />

Ao longo dos últimos dois anos, foi criada uma base <strong>de</strong> dados <strong>de</strong> cultura nacional que regista<br />

exemplos da cultura timorense em todas as regiões <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>. Usando fotografias e ví<strong>de</strong>os,<br />

a base <strong>de</strong> dados registou artefactos, arquitectura, cerimónias, danças, músicas e <strong>de</strong>talhes <strong>de</strong><br />

artesanatos específicos. Contém igualmente materiais históricos e registos visuais <strong>de</strong> colecções <strong>de</strong><br />

materiais sobre <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> espalhadas pelo mundo.<br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> está bem colocado para <strong>de</strong>senvolver práticas culturais antigas e novas, em indústrias<br />

criativas que gerem rendimentos, emprego e lucros resultantes <strong>de</strong> exportações, ao mesmo tempo<br />

que contribuem para a união das comunida<strong>de</strong>s e para a diversida<strong>de</strong> cultural. As indústrias criativas<br />

englobam uma vasta gama <strong>de</strong> práticas consi<strong>de</strong>radas parte da economia criativa, incluindo<br />

tecelagem, escultura, <strong>de</strong>senho e pintura, música, representação e todos os aspectos da produção<br />

teatral, dança, filme, produção <strong>de</strong> rádio e televisão, escrita, publicação e publicida<strong>de</strong>. O que estas<br />

práticas têm em comum é que envolvem o uso da criativida<strong>de</strong> e do conhecimento geral para gerar<br />

rendimentos e riqueza.<br />

O valor do sector das indústrias criativas<br />

A nível global, o sector das indústrias criativas representa<br />

actualmente mais <strong>de</strong> 7% do produto mundial bruto e constitui<br />

um sector cada vez mais importante para as nações em vias <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento. Por exemplo, a economia criativa do México<br />

representa 4,77% do seu PNB e 11,01% do mercado <strong>de</strong> trabalho.<br />

Nas Filipinas os valores são semelhantes, com 4,92% do PNB e<br />

11,1% do mercado <strong>de</strong> trabalho. O governo chinês está a apoiar<br />

activamente a economia criativa <strong>de</strong>vido ao seu potencial <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento ilimitado para o mercado <strong>de</strong> consumo crescente, à sua capacida<strong>de</strong> para aproveitar<br />

as tradições culturais enraizadas da Nação e ao facto <strong>de</strong> ser uma activida<strong>de</strong> pouco poluente e<br />

capaz <strong>de</strong> criar muito valor acrescentado. Outras histórias <strong>de</strong> sucesso a nível da economia criativa<br />

incluem a Índia, com os seus filmes e software, a República da Coreia, com a animação digital, e a<br />

Nigéria, com a sua indústria <strong>de</strong> filmes e ví<strong>de</strong>o.<br />

75


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 2<br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> possui um património cultural muito substancial e diverso, sendo que somos também<br />

versáteis a nível linguístico. Se pu<strong>de</strong>rmos aumentar a visibilida<strong>de</strong> nacional, regional e global das<br />

nossas muitas tradições e práticas criativas contemporâneas, a imagem e i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> gerais da nossa<br />

Nação serão reconhecidas e celebradas. Isto contribuirá para um sentimento <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação e <strong>de</strong><br />

orgulho nacional, para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma economia criativa virada para as exportações e<br />

para o turismo. A nossa cultura <strong>de</strong>u-nos a In<strong>de</strong>pendência e irá agora assegurar o nosso futuro.<br />

ESTRATÉGIAS E ACÇÕES<br />

Iremos realizar várias acções com o intuito <strong>de</strong> concretizar a nossa visão <strong>de</strong> que, até 2020,<br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> terá um sector pujante <strong>de</strong> indústrias criativas com uma contribuição significativa<br />

para a nossa economia e para o nosso sentimento <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> nacional. Até 2030, esperamos<br />

que as nossas indústrias criativas empreguem mais <strong>de</strong> 5% do mercado <strong>de</strong> trabalho. Muitas <strong>de</strong>stas<br />

pessoas serão empregues em pequenas e médias empresas que estimulam o crescimento do<br />

emprego nas indústrias do retalho, turismo, hotelaria, restauração e outros serviços.<br />

As indústrias criativas irão também impulsionar o crescimento dos visitantes <strong>de</strong> museus, bibliotecas<br />

e galerias, nas artes do espectáculo.<br />

Instituições culturais<br />

As instituições culturais <strong>de</strong>sempenham um papel essencial na preservação do passado da Nação<br />

e na promoção da cultura contemporânea. São locais <strong>de</strong> aprendizagem para os alunos e atraem<br />

visitantes locais e internacionais que <strong>de</strong>sejam apren<strong>de</strong>r a respeito da cultura timorense.<br />

O Museu e Centro Cultural <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> será <strong>de</strong>senvolvido, prevendo-se a sua conclusão em<br />

2015, para acolher permanentemente e interpretar artefactos culturais e patrimoniais importantes<br />

em Díli. O centro acolherá a colecção geológica actualmente em exposição no Palácio Presi<strong>de</strong>ncial,<br />

a colecção arqueológica espalhada actualmente por vários países, e a colecção etnográfica,<br />

composta por cerca <strong>de</strong> 800 artigos, armazenada em Díli. O Museu e Centro Cultural será concebido<br />

e construído, <strong>de</strong> acordo com padrões internacionais, para que os artefactos sagrados, pinturas,<br />

livros e outros artigos da colecção estejam protegidos contra danos, causados por humida<strong>de</strong><br />

elevada, incêndios ou outros perigos. Isto será igualmente necessário para garantir que as muitas<br />

colecções patrimoniais valiosas, guardadas em colecções internacionais, possam regressar a<br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>.<br />

O auditório e outros trabalhos planeados para a Fase 2 do Arquivo e Museu da Resistência<br />

<strong>Timor</strong>ense, que foi inaugurado em 2005, serão concluídos até Maio <strong>de</strong> 2012.<br />

A Biblioteca Nacional e Centro <strong>de</strong> Arquivo <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> será uma instituição <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, que<br />

irá apoiar o nosso sistema <strong>de</strong> ensino. O centro será aberto ao público e apoiará uma re<strong>de</strong> nacional<br />

<strong>de</strong> bibliotecas espalhadas pelo País. A Imprensa Nacional Casa da Moeda <strong>de</strong> Portugal já forneceu<br />

três mil livros, sendo que outras instituições se ofereceram para fornecer centenas <strong>de</strong> livros e <strong>de</strong><br />

registos em áudio e ví<strong>de</strong>o. A Biblioteca Nacional e Centro <strong>de</strong> Arquivo será concebida e construída,<br />

<strong>de</strong> acordo com padrões internacionais para bibliotecas.<br />

76


PED - 2011 - 2030 - CAPITAL SOCIAL<br />

As <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> milhares <strong>de</strong> exemplos <strong>de</strong> cultura timorense, provenientes <strong>de</strong> todas as regiões <strong>de</strong><br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, já compilados na base <strong>de</strong> dados da cultura nacional, irão suportar o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

do Museu e Centro Cultural e da Biblioteca Nacional e Centro <strong>de</strong> Arquivo. Serão <strong>de</strong>senvolvidos<br />

Centros Regionais Culturais em cada distrito, a fim <strong>de</strong> <strong>de</strong>stacar a música, arte e dança timorenses<br />

e <strong>de</strong> servir como focos culturais <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> cada região, exibindo não só a cultura regional como<br />

também expressões culturais inter-regionais. Cada centro regional terá uma biblioteca, um<br />

pequeno centro <strong>de</strong> meios <strong>de</strong> comunicação e novas tecnologias, com acesso à internet, e salas <strong>de</strong><br />

reuniões e espaços <strong>de</strong> trabalho. Os centros serão <strong>de</strong>senvolvidos em edifícios <strong>de</strong>gradados com valor<br />

patrimonial relativo ao período português, <strong>de</strong> forma a garantir que o património arquitectónico é<br />

preservado juntamente com o património cultural.<br />

O primeiro centro será <strong>de</strong>senvolvido em Baucau, no sítio on<strong>de</strong> foi construído o antigo Mercado<br />

Municipal em 1933, o qual se encontra actualmente muito <strong>de</strong>gradado. Na Região Especial <strong>de</strong> Oecusse<br />

Ambeno o centro será localizado no antigo edifício da Administração do Concelho.<br />

Até 2015, serão estabelecidos cinco Centros Regionais <strong>de</strong> Cultura, <strong>de</strong>vendo haver pelo menos um<br />

centro por distrito até 2030.<br />

Pintura rupestre em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong><br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> é uma das mais ricas regiões com pinturas rupestres em todo<br />

o Su<strong>de</strong>ste Asiático insular, com mais <strong>de</strong> 30 sítios e centenas <strong>de</strong> imagens<br />

conhecidas até à data. A maior parte da arte rupestre ocorre no Parque<br />

Nacional Konis Santana e data <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 2.000 a 3.000 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>,<br />

sendo possível que alguma da arte tenha 12.000 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. As<br />

imagens incluem pessoas, animais e barcos. Há uma rica representação<br />

<strong>de</strong> barcos que têm <strong>de</strong>sempenhado um papel importante na mitologia e ritual em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>,<br />

bem como representam a migração <strong>de</strong> pessoas e disseminação <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias entre a Ásia, Austrália,<br />

Nova Guiné e as regiões do Pacífico. Na caverna <strong>de</strong> Lene Hara, foram escavados, crustáceos, ossos<br />

<strong>de</strong> animais e ferramentas em osso, que datam <strong>de</strong> 35 mil anos atrás.<br />

A técnica utilizada foi a soprar pigmento (geralmente feito <strong>de</strong> ocre vermelho) através <strong>de</strong> bambu,<br />

ou directamente da boca, sobre a mão, ou parte do corpo, ou ainda um objecto colocado contra<br />

rocha.<br />

As imagens em exposição representam uma amostra <strong>de</strong> quase 10 anos <strong>de</strong> investigação conduzida<br />

pela Professora Doutora Sue O’Connor, da Australian National University. Esta arte é uma parte<br />

importante <strong>de</strong> nossa cultura e através duma boa gestão e li<strong>de</strong>rança comunitária po<strong>de</strong> tornar-se<br />

vector importante no turismo cultural.<br />

77


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 2<br />

Aca<strong>de</strong>mia Nacional das Artes Criativas<br />

A fim <strong>de</strong> apoiar as duas novas instituições culturais em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> (atrás <strong>de</strong>scritas) e o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento da economia criativa será criada uma Aca<strong>de</strong>mia Nacional das Artes Criativas.<br />

A Aca<strong>de</strong>mia provi<strong>de</strong>nciará apoio integrado às artes criativas, incluindo formação em e promoção<br />

<strong>de</strong> artes criativas. A Aca<strong>de</strong>mia também prestará formação a professores a respeito das artes<br />

criativas.<br />

A Aca<strong>de</strong>mia incidirá a sua atenção em formas <strong>de</strong> arte tradicional timorense tais como música,<br />

dança, arte, artesanato e <strong>de</strong>senhos, celebrando estas formas <strong>de</strong> arte. A Aca<strong>de</strong>mia será igualmente<br />

virada para o futuro e encorajará formas inovadoras <strong>de</strong> reinterpretar formas <strong>de</strong> arte tradicionais.<br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> possui muitos músicos, tradicionais e mo<strong>de</strong>rnos, talentosos. É necessário estudar e<br />

conservar a música tradicional para que possa fazer parte do arquivo cultural nacional. Ao mesmo<br />

tempo, temos uma abundância <strong>de</strong> talento musical que po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>senvolvido e conquistar<br />

exposição internacional no género <strong>de</strong> ‘world music’. Isto abrirá oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> carreira para<br />

muitos músicos timorenses jovens e estabelecidos.<br />

A Aca<strong>de</strong>mia incluirá uma Escola <strong>de</strong> Música para promover a criação artística no sector da música.<br />

A Escola <strong>de</strong> Música irá funcionar também como um centro nacional criativo e <strong>de</strong> aprendizagem,<br />

permitindo o acesso à educação musical, à preservação e gravação <strong>de</strong> tradições musicais,<br />

repertórios, danças e instrumentos, e à investigação musical. A Aca<strong>de</strong>mia incluirá também uma<br />

Escola <strong>de</strong> Belas-Artes, que será um centro <strong>de</strong> investigação <strong>de</strong> artes visuais em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> e um<br />

local <strong>de</strong> formação para artistas <strong>de</strong>senvolverem as suas qualificações técnicas e artísticas.<br />

Artesanato<br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> possui um estilo original acentuado e qualificações ao nível da tecelagem <strong>de</strong> tais,<br />

olaria, fabrico <strong>de</strong> jóias, fabrico <strong>de</strong> cestos, esculturas em ma<strong>de</strong>ira, trabalhos em metal e trabalhos<br />

em couro.<br />

A nossa tradição <strong>de</strong> artesanato po<strong>de</strong> fazer duas contribuições vitais para a economia criativa <strong>de</strong><br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>: em primeiro lugar, é a forma como se po<strong>de</strong> fazer a diferenciação no mercado, em<br />

relação a nações concorrentes; e em segundo lugar, po<strong>de</strong> ser utilizada como a base para acções <strong>de</strong><br />

formação e educação em artesanato e <strong>de</strong>senhos. Existe potencial <strong>de</strong> inovação e <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>de</strong> artefactos mo<strong>de</strong>rnos e <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> elevada para exportação. Exemplos representativos <strong>de</strong><br />

artesanato timorense, vindos <strong>de</strong> diversas partes da Nação, serão conservados e protegidos no<br />

novo Museu e Centro Cultural <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>.<br />

A Aca<strong>de</strong>mia Nacional das Artes Criativas provi<strong>de</strong>nciará instrução e formação relativamente ao<br />

fabrico e comercialização <strong>de</strong> artesanato.<br />

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PED - 2011 - 2030 - CAPITAL SOCIAL<br />

Dança e teatro<br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> tem praticantes <strong>de</strong> danças tradicionais e mo<strong>de</strong>rnas que, caso sejam ajudados,<br />

po<strong>de</strong>rão fazer uma contribuição importante para a indústria do turismo. Embora o teatro tenha<br />

uma presença reduzida em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, é inovador e explora conteúdos tradicionais e mo<strong>de</strong>rnos.<br />

A médio prazo será estabelecida uma companhia nacional <strong>de</strong> teatro e dança, para formar actores e<br />

bailarinos, e provi<strong>de</strong>nciar oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> emprego. A companhia irá visitar cida<strong>de</strong>s espalhadas<br />

pelas regiões e actuar em locais ao ar livre.<br />

Desenhos e património cultural<br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> <strong>de</strong>senvolveu formas únicas <strong>de</strong> expressão criativa através <strong>de</strong> <strong>de</strong>senhos – como se po<strong>de</strong><br />

ver pela nossa cultura, <strong>de</strong>coração <strong>de</strong> edifícios e indumentárias tradicionais.<br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> é muito rico em formas arquitectónicas, que fazem parte da cultura e i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong><br />

da nossa Nação. É importante preservar o nosso património arquitectónico, em especial as Uma<br />

Lulik – as casas sagradas, em torno das quais, revolve gran<strong>de</strong> parte da vida comunitária. Foram<br />

já restauradas casas sagradas em quatro distritos: Lautém, Oecussi, Bobonaro e Ainaro. Será<br />

importante consi<strong>de</strong>rar formas e conceitos arquitectónicos tradicionais, aquando da construção <strong>de</strong><br />

novas infra-estruturas.<br />

As comunida<strong>de</strong>s espalhadas pelo País, serão ajudadas no restauro e preservação da diversida<strong>de</strong> rica<br />

<strong>de</strong> formas <strong>de</strong> arquitectura tradicional em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>. Será <strong>de</strong>senvolvida uma Lei sobre Património<br />

Cultural para proteger, preservar e melhorar o património cultural. A médio prazo, uma instituição<br />

apropriada <strong>de</strong> ensino superior, em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, oferecerá uma licenciatura em arquitectura.<br />

Cultura <strong>de</strong> ecrã<br />

Existe um potencial enorme para utilizar tecnologias novas e actuais, a nível audiovisual, para<br />

aumentar o acesso das pessoas a meios culturais em Díli e para partilhar práticas culturais únicas,<br />

através das várias regiões <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>. A disseminação gradual da cobertura da televisão, rádio<br />

e outras comunicações audiovisuais, através do País, irá aumentar em gran<strong>de</strong> medida o acesso à<br />

cultura.<br />

O cinema é uma das formas <strong>de</strong> arte contemporâneas mais po<strong>de</strong>rosas, com capacida<strong>de</strong> para chegar<br />

a pessoas em qualquer lado do mundo, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente dos seus passados ou experiências. É<br />

importante que o povo <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> tenha oportunida<strong>de</strong> para ver algum do melhor cinema <strong>de</strong><br />

todo o mundo. É igualmente importante que o povo <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> veja e ouça as suas próprias<br />

vozes, os seus próprios idiomas e as suas próprias histórias no ecrã. <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> já tem os princípios<br />

<strong>de</strong> uma indústria <strong>de</strong> cinema e televisão. O primeiro filme redigido, realizado e produzido por um<br />

timorense está a ser produzido em Díli, estando igualmente em curso um número cada vez maior<br />

<strong>de</strong> documentários produzidos a nível local. É também importante que existam boas instalações<br />

para assistir aos filmes.<br />

79


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 2<br />

A curto prazo, serão estabelecidos cinemas exteriores, em locais espalhados por Díli, a fim <strong>de</strong> exibir filmes e<br />

documentários provenientes do mundo inteiro. Fora <strong>de</strong> Díli, as regiões serão servidas por um programa <strong>de</strong><br />

cinema exterior móvel. Será provi<strong>de</strong>nciada assistência para encorajar o crescimento <strong>de</strong> um sector <strong>de</strong> cinema<br />

e televisão em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, cujo primeiro passo será a construção <strong>de</strong> um cinema em Díli.<br />

Turismo cultural<br />

Com a beleza natural, a história rica e o património cultural <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, existe um gran<strong>de</strong> potencial para<br />

<strong>de</strong>senvolver o turismo, como uma indústria importante para o nosso <strong>de</strong>senvolvimento económico. A nossa<br />

cultura tradicional, a história viva nas nossas comunida<strong>de</strong>s rurais, o nosso artesanato, a nossa música e a nossa<br />

dança, darão aos visitantes experiências absolutamente memoráveis.<br />

A nível global, as indústrias criativas contribuem <strong>de</strong> forma significativa para o <strong>de</strong>senvolvimento e o sucesso<br />

do turismo, projectando e promovendo o que uma Nação tem para oferecer aos turistas. Estas indústrias<br />

contextualizam também a experiência turística e aumentam os rendimentos gerados pelo turismo. A “Volta<br />

a <strong>Timor</strong>” em bicicleta é um sucesso, não apenas porque oferece aos ciclistas um <strong>de</strong>safio aliciante <strong>de</strong> bicicleta<br />

em montanha, mas também porque proporciona a paragem nas al<strong>de</strong>ias e a exposição à cultura timorense,<br />

que a torna assim, numa prova única.<br />

O “Festival <strong>de</strong> Cultura do Ramelau”, realizado em 2010, celebra as tradições da dança dos 13 distritos <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<br />

<strong>Leste</strong>, estando igualmente já em implementação um sem número <strong>de</strong> projectos <strong>de</strong> turismo cultural, que vão<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> uma visita a <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, em jipe para mulheres, à restauração do Forte <strong>de</strong> Balibo para preservar e exibir<br />

o nosso legado português e alojar o número cada vez maior <strong>de</strong> turistas, interessados na história política da<br />

cida<strong>de</strong>.<br />

Será também <strong>de</strong>senvolvido o alojamento a nível <strong>de</strong> al<strong>de</strong>ias em todo o País, <strong>de</strong> modo a promover o turismo<br />

cultural, apoiado por informações turísticas na internet. Há também o potencial para encorajar os turistas a<br />

realizar peregrinações a locais religiosos em torno <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>. Outros exemplos <strong>de</strong> turismo cultural são<br />

discutidos no Capítulo 4 - Turismo.<br />

Festival <strong>de</strong> Cultura do Ramelau<br />

O Festival <strong>de</strong> Cultura do Ramelau, realizado em Outubro <strong>de</strong> 2010, foi o<br />

maior evento cultural realizado fora <strong>de</strong> Díli e o primeiro festival cultural<br />

em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>. Funciona como um postal ilustrado para a comunida<strong>de</strong><br />

local e turistas interessados na cultura <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>. O festival <strong>de</strong><br />

música e dança foi organizado pela Sua Excelência o Presi<strong>de</strong>nte José<br />

Ramos-Horta, como parte <strong>de</strong> sua campanha para promover a paz e a<br />

unida<strong>de</strong> em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>. O Monte Ramelau é o símbolo do orgulho e da unida<strong>de</strong> para o povo<br />

<strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>.O festival reuniu exemplos da cultura <strong>de</strong> cada um dos 13 distritos <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>.<br />

Cada distrito exibiu os seus característicos tais (vestuário tradicional) para i<strong>de</strong>ntificar a sua cultura<br />

e apresentaram duas canções para promover a unida<strong>de</strong> nacional e a paz.<br />

80


PED - 2011 - 2030 - CAPITAL SOCIAL<br />

METAS<br />

Até 2015:<br />

• O Museu e Centro Cultural <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> e a Biblioteca e Arquivo Nacionais <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<br />

<strong>Leste</strong> estarão operacionais.<br />

• Haverá Centros Regionais Culturais em Baucau, Oe-cusse Ambeno, Ainaro, Maliana e<br />

Ataúro.<br />

• Haverá um programa regular <strong>de</strong> cinema exterior, em locais em volta <strong>de</strong> Díli, sendo que<br />

cada distrito terá acesso a cinemas, móveis pelo menos, uma vez por mês.<br />

• A Aca<strong>de</strong>mia Nacional das Artes Criativas estará operacional.<br />

• Haverá alojamento apropriado nos sucos espalhados pelo País para receber turistas<br />

culturais.<br />

Até 2020:<br />

• Será estabelecida uma Companhia Nacional <strong>de</strong> Teatro e Dança, que conduzirá espectáculos<br />

regulares nas regiões<br />

• A Universida<strong>de</strong> Nacional oferecerá uma licenciatura em Arquitectura.<br />

Até 2030:<br />

• Haverá Centros Regionais <strong>de</strong> Cultura em todos os treze distritos.<br />

• Cerca <strong>de</strong> 5% dos empregos em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> serão no sector das indústrias criativas.<br />

81


CAPÍTULO<br />

3DESENVOLVIMENTO DE<br />

INFRA-ESTRUTURAS<br />

Actualmente <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong><br />

não possui as infra-estruturas<br />

básicas necessárias para<br />

apoiar um País mo<strong>de</strong>rno e<br />

produtivo em que os seus<br />

cidadãos estão ligados entre<br />

si e com o mundo.


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 3<br />

CAPÍTULO 3<br />

DESENVOLVIMENTO DE<br />

INFRA-ESTRUTURAS<br />

“As estradas necessitam<br />

<strong>de</strong> ser reparadas <strong>de</strong><br />

forma a termos acesso<br />

aos mercados.”<br />

Actualmente <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> não possui as infraestruturas<br />

básicas necessárias para apoiar<br />

um País mo<strong>de</strong>rno e produtivo, em que os<br />

seus cidadãos estão ligados entre si e com o<br />

mundo. Um pilar central do <strong>Plano</strong> <strong>Estratégico</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> é a construção e a<br />

manutenção <strong>de</strong> um leque <strong>de</strong> infra-estruturas<br />

produtivas.<br />

Mãe, Sub-distrito <strong>de</strong> Fohorem, distrito<br />

<strong>de</strong> Covalima, Consulta Nacional,<br />

As infra-estruturas são essenciais para que <strong>Timor</strong>-<br />

2 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 2010<br />

<strong>Leste</strong> seja capaz <strong>de</strong> se <strong>de</strong>senvolver económica<br />

e socialmente. Todavia, a escala e o custo <strong>de</strong><br />

lidar com este <strong>de</strong>safio é gran<strong>de</strong> e permanente. É<br />

necessário um plano <strong>de</strong> infra-estruturas para <strong>de</strong>finir as nossas priorida<strong>de</strong>s, concentrar a nossa<br />

energia e orientar o nosso caminho. A implementação <strong>de</strong>ste plano, não só apoiará o crescimento<br />

da nossa Nação, mas também aumentará a produtivida<strong>de</strong>, criará empregos, particularmente nas<br />

áreas rurais, e apoiará o <strong>de</strong>senvolvimento do nosso sector privado.<br />

E S T R A D A S E P O N T E S<br />

VISÃO GERAL E DESAFIOS<br />

Uma extensa re<strong>de</strong> <strong>de</strong> estradas <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> e bem conservadas, é essencial para ligar as nossas<br />

comunida<strong>de</strong>s, promover o <strong>de</strong>senvolvimento rural, a indústria e turismo, e provi<strong>de</strong>nciar acesso<br />

aos mercados. As estradas são o principal modo <strong>de</strong> transporte e permitem o <strong>de</strong>senvolvimento e a<br />

circulação <strong>de</strong> recursos, tanto para as áreas rurais como urbanas. Estas são críticas para a maioria dos<br />

outros sectores e apoiam a prestação <strong>de</strong> serviços à comunida<strong>de</strong>, cuidados <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e educação.<br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> possui um sistema extensivo <strong>de</strong> estradas nacionais, regionais e rurais, que oferecem<br />

acesso às áreas rurais on<strong>de</strong> vive a maioria da população. A re<strong>de</strong> é geralmente construída com<br />

o padrão <strong>de</strong> pavimento da Indonésia <strong>de</strong> 4,5 metros <strong>de</strong> largura, com drenagem revestida com<br />

alvenaria, e pontes <strong>de</strong> aço com duas pistas. A re<strong>de</strong> rodoviária <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> <strong>de</strong>ve incluir estradas<br />

nacionais que liguem os nossos distritos, estradas distritais que liguem centros distritais com os<br />

sub-distritos e as estradas rurais que dêem acesso às al<strong>de</strong>ias e as áreas mais remotas. Há cerca <strong>de</strong><br />

1,426 km <strong>de</strong> estradas nacionais, 869 km <strong>de</strong> estradas distritais e 3,025 km <strong>de</strong> estradas rurais.<br />

84


PED - 2011 - 2030 - DESENVOLVIMENTO DE INFRA-ESTRUTURAS<br />

A re<strong>de</strong> rodoviária nacional é composta por duas estradas costeiras ao longo das costas norte e sul<br />

e cinco estradas que atravessam o país e cruzam com as duas estradas costeiras. Há cerca <strong>de</strong> 456<br />

pontes na nossa re<strong>de</strong> rodoviária.<br />

O tráfego em geral é ligeiro, com apenas a ligação norte entre a fronteira da Indonésia e Díli,<br />

e <strong>de</strong> Díli para a região <strong>Leste</strong>, com tráfego <strong>de</strong> veículos, não incluindo motorizadas, superior a<br />

1.000 veículos por dia. As outras estradas possuem tráfego (não incluindo motorizadas) inferior<br />

a 500 veículos por dia. Os níveis <strong>de</strong> tráfego em Díli estão a aumentar rapidamente, resultando<br />

em congestionamentos e volumes <strong>de</strong> tráfego, que também irão aumentar em todo o território, à<br />

medida que a economia se expan<strong>de</strong>.<br />

A re<strong>de</strong> <strong>de</strong> estradas está a <strong>de</strong>teriorar-se, com a maioria das estradas em más condições, exigindo<br />

reparações ou reconstrução. Cerca <strong>de</strong> 90% das estradas nacionais estão em más ou muito más<br />

condições, com apenas 10% em boas condições. Mais <strong>de</strong> 90% das estradas nos distritos estão em<br />

mau estado. A construção e manutenção <strong>de</strong> estradas, no interior <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, são um <strong>de</strong>safio<br />

<strong>de</strong>vido ao terreno montanhoso e altos níveis <strong>de</strong> lama e água. A largura média da superfície do<br />

pavimento <strong>de</strong> estradas nacionais e regionais é <strong>de</strong> 4,5 metros, sendo estreita para os padrões<br />

internacionais. O alinhamento da estrada geralmente não cumpre com os padrões necessários e a<br />

construção <strong>de</strong> bermas e drenagem é fraca.<br />

Além disso, muitas partes do país ficam regularmente isoladas, <strong>de</strong>vido às estradas e pontes se<br />

tornarem intransitáveis, quando levadas pela força da água ou bloqueadas por <strong>de</strong>slizamentos <strong>de</strong><br />

terra e inundações. Isso restringe a capacida<strong>de</strong> das pessoas <strong>de</strong> se <strong>de</strong>slocarem e dos bens serem<br />

transportados; também isola partes do país e restringe o <strong>de</strong>senvolvimento regional. A falta <strong>de</strong><br />

investimento na manutenção das estradas, resulta muitas vezes na necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> obras <strong>de</strong><br />

emergência, o que é um método caro <strong>de</strong> gerir uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> rodoviária.<br />

Por outro lado, o mau estado das nossas estradas tem um impacto no aumento dos custos <strong>de</strong><br />

transporte e impe<strong>de</strong> o crescimento económico e a redução da pobreza a nível nacional, regional e<br />

local. O <strong>de</strong>senvolvimento agrícola e industrial regional também é particularmente afectado pelo<br />

estado das nossas estradas. As más condições das estradas provocam também a falta <strong>de</strong> segurança<br />

para todos os seus utilizadores, apesar do baixo e médio volume <strong>de</strong> tráfego atenuar o número <strong>de</strong><br />

aci<strong>de</strong>ntes graves.<br />

85


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 3<br />

Figura 10 Re<strong>de</strong> rodoviária nacional <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong><br />

Fonte: Banco <strong>Desenvolvimento</strong> Asiático<br />

Dado o estado e extensão da nossa re<strong>de</strong> rodoviária, a nossa priorida<strong>de</strong> inicial será a reabilitação e<br />

reparação das estradas existentes, para padrões <strong>de</strong> manutenção que assegurem a sua viabilida<strong>de</strong>.<br />

À medida que a economia cresce, será necessário investir em novas estradas.<br />

ESTRATÉGIA E ACÇÕES<br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> irá realizar um investimento substancial e <strong>de</strong> longo prazo em estradas, para<br />

manter a nossa actual re<strong>de</strong> rodoviária, incluindo um programa <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> escala <strong>de</strong><br />

reabilitação, reparação e melhoria das mesmas. As novas estradas só serão construídas, se<br />

servirem importantes objectivos económicos ou sociais.<br />

É necessária uma re<strong>de</strong> rodoviária abrangente e <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> para apoiar, <strong>de</strong> forma equilibrada, o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento nacional, facilitar o transporte <strong>de</strong> mercadorias a um preço razoável, permitir a<br />

prestação <strong>de</strong> serviços pelo governo e promover a agricultura e o crescimento do sector privado.<br />

A nossa visão para as infra-estruturas rodoviárias em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> inclui:<br />

• Realizar um programa abrangente <strong>de</strong> manutenção <strong>de</strong> estradas.<br />

• Reabilitar todas as estradas existentes.<br />

86


PED - 2011 - 2030 - DESENVOLVIMENTO DE INFRA-ESTRUTURAS<br />

• Construir novas pontes para proporcionar o acesso às principais vias, em todas as condições<br />

meteorológicas, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> cinco anos, e às restantes estradas nacionais e distritais até<br />

2030.<br />

• Desenvolver a infra-estrutura rodoviária necessária para apoiar o <strong>de</strong>senvolvimento da<br />

costa sul.<br />

• Estabelecer padrões nacionais para as estradas <strong>de</strong> circunvalação, e <strong>de</strong>senvolver estradas<br />

<strong>de</strong> circunvalação que respeitem os padrões, até 2030.<br />

De 2011 a 2015, vamos realizar um programa <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> escala <strong>de</strong> reparação, reabilitação e<br />

melhoria <strong>de</strong> estradas. A principal estratégia será a reparação, seguida da manutenção, das<br />

estradas existentes. Isto significa reparar as estradas até uma condição em que elas po<strong>de</strong>m ser<br />

mantidas, seguido <strong>de</strong> um programa <strong>de</strong> manutenção para evitar que a <strong>de</strong>terioração volte a ocorrer.<br />

A reconstrução total será necessária, nos casos on<strong>de</strong> as estradas estejam em estado intransitável.<br />

A dificulda<strong>de</strong> e o custo <strong>de</strong> manutenção <strong>de</strong> estradas serão significativos, consi<strong>de</strong>rando o terreno<br />

montanhoso e o clima tropical <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>.<br />

O Programa <strong>de</strong> estradas, do <strong>Plano</strong> <strong>Estratégico</strong> <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong>, terá, como objectivo, a<br />

reabilitação total <strong>de</strong> todas as estradas nacionais e distritais, ao nível <strong>de</strong> um padrão internacional,<br />

até 2020. Este padrão implica reabilitar as estradas para uma largura <strong>de</strong> aproximadamente 7<br />

metros, com uma berma, e <strong>de</strong>vem incluir drenagem e trabalhos <strong>de</strong> proteção <strong>de</strong> encostas, para<br />

estabilizar as estradas em áreas montanhosas.<br />

Além disso, o programa <strong>de</strong> estradas, do <strong>Plano</strong> <strong>Estratégico</strong> <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong>, irá reabilitar todas<br />

as estradas rurais, a um padrão mínimo, até 2015. A reabilitação das estradas rurais não envolverá<br />

a mesma complexida<strong>de</strong> das estradas nacionais e regionais. Esta incluirá pavimentação, utilizando<br />

material asfáltico e obras menores nas bermas, drenagem e protecção <strong>de</strong> encostas. O trabalho<br />

será realizado por empreiteiros locais utilizando mão-<strong>de</strong>-obra nacional, o que irá aumentar<br />

significativamente o emprego rural e regional.<br />

87


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 3<br />

Adicionalmente, será levado a cabo um programa <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> pontes, que irá construir e<br />

reabilitar pontes que estão a precisar <strong>de</strong> substituição ou reparação. Isto irá envolver cerca <strong>de</strong> 3,200<br />

metros lineares <strong>de</strong> pontes em todo o país. Este trabalho irá incluir a construção <strong>de</strong> estruturas <strong>de</strong><br />

fundações, estruturas e tabuleiros <strong>de</strong> pontes, bem como alguma protecção no contraforte das<br />

pontes e a construção <strong>de</strong> vias <strong>de</strong> acesso.<br />

O programa abrangente <strong>de</strong> 10 anos para as estradas, no <strong>Plano</strong> <strong>Estratégico</strong> <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong>,<br />

oferecerá oportunida<strong>de</strong>s contínuas a empresas nacionais e internacionais <strong>de</strong> construção <strong>de</strong><br />

estradas, <strong>de</strong> forma a incentivar as mesmas a investirem em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>. Isto irá melhorar o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento do nosso sector privado e criar emprego em toda a Nação.<br />

ESTRADAS NACIONAIS E REGIONAIS<br />

No <strong>Plano</strong> <strong>Estratégico</strong> <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong>, terão priorida<strong>de</strong> uma série <strong>de</strong> eixos rodoviários<br />

nacionais e distritais a serem realizados em primeiro lugar. Estas priorida<strong>de</strong>s nacionais são<br />

<strong>de</strong>finidas a seguir.<br />

Ligação rodoviária Dili - Manatuto - Baucau<br />

A estrada da costa norte <strong>de</strong> Díli para Manatuto (58 km) e <strong>de</strong> Manatuto a Baucau (60 km) está em<br />

razoáveis condições, mas apresenta uma largura estreita, com alinhamento fraco e vulnerabilida<strong>de</strong><br />

a buracos e <strong>de</strong>slizamentos o que tornam as viagens difíceis, caras e morosas. Este é um dos<br />

principais entraves ao <strong>de</strong>senvolvimento rural e do turismo, bem como impe<strong>de</strong>m o acesso a<br />

serviços básicos na zona leste do País.<br />

A ligação rodoviária <strong>de</strong> Díli para Baucau atingirá padrões internacionais, incluindo a ampliação,<br />

sempre que seja tecnicamente viável. O trabalho terá início em 2012 e será concluído em 2015,<br />

a um custo <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 100 milhões <strong>de</strong> dólares, com o montante final a ser <strong>de</strong>terminado após<br />

a realização do <strong>de</strong>senho final e avaliação <strong>de</strong> custo. A obra originará uma criação substancial <strong>de</strong><br />

emprego local nas áreas rurais.<br />

Depois do início <strong>de</strong>ste projecto e da revisão dos seus progressos, irá começar o planeamento das<br />

obras das estradas <strong>de</strong> Baucau à Lospalos e Com.<br />

Esta via <strong>de</strong> ligação <strong>de</strong> Díli a Baucau, e em seguida para Com, estabelecerá um significante<br />

corredor turístico e constitui uma secção fundamental do que será a Gran<strong>de</strong> Via Costeira do<br />

Norte. À posteriori, irão ser reabilitadas as estradas <strong>de</strong> Lautem-Moro a Lospalos e a Tutuala-<br />

WaIu. Estas estradas principais irão proporcionar o acesso a estradas rurais <strong>de</strong> modo a apoiar o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento rural e regional.<br />

88


PED - 2011 - 2030 - DESENVOLVIMENTO DE INFRA-ESTRUTURAS<br />

Ligação Rodoviária Manatuto - Natarbora<br />

A estrada Manatuto-Natarbora (81 km) é uma importante via <strong>de</strong> ligação rodoviária entre o<br />

norte e o sul. A estrada encontra-se em péssimas condições, o que cria uma gran<strong>de</strong> barreira ao<br />

<strong>de</strong>senvolvimento do distrito <strong>de</strong> Manatuto. A falta <strong>de</strong> uma rápida e segura ligação rodoviária nortesul<br />

também impe<strong>de</strong> o <strong>de</strong>senvolvimento do litoral sul.<br />

A ligação rodoviária Manatuto-Natarbora será totalmente mo<strong>de</strong>rnizada <strong>de</strong> acordo com as normas<br />

internacionais, incluindo a sua ampliação, sempre que esta seja tecnicamente viável. Este projecto<br />

custará mais <strong>de</strong> 60 milhões <strong>de</strong> dólares, e o montante final será <strong>de</strong>terminado após a realização do<br />

<strong>de</strong>senho final e avaliação <strong>de</strong> custos. Este projecto terá início em 2012 e será concluído em 2015.<br />

Este projecto rodoviário irá proporcionar uma ligação crucial entre o norte e o litoral sul. Embora<br />

existam outras ligações rodoviárias que ligam o norte ao sul através do centro do país, essas<br />

atravessam, no entanto, terreno montanhoso. Ao analisar-se o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>stas rotas<br />

alternativas, segundo os padrões internacionais, é provável que uma intervenção nas mesmas<br />

tenha um elevado custo <strong>de</strong>vido à necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se construir pontes e túneis.<br />

Assim sendo, pelo menos, até 2015, é provável que a ligação rodoviária projectada para a rota<br />

Manatuto - Natarbora venha a ser a principal ligação rodoviária entre o norte e o sul.<br />

Projecto rodoviário Díli - Liquiça - Bobonaro<br />

Este projecto rodoviário compreen<strong>de</strong>rá a reabilitação total e o repavimento <strong>de</strong> 230 km <strong>de</strong> estradas:<br />

<strong>de</strong> Díli até à fronteira com a Indonésia em Mota-Ain, bem como <strong>de</strong> Tibar a Maliana via Gleno, e<br />

estradas adicionais no distrito <strong>de</strong> Covalima.<br />

A obra terá início em 2012, com a rota que liga Díli a Mota-Ain, que se converterá na Gran<strong>de</strong> Via<br />

Costeira do Norte na parte oci<strong>de</strong>ntal da ilha. Esta secção rodoviária irá promover o acesso do<br />

turismo e estabelecer a ligação comercial com a Indonésia.<br />

Este projecto também visa reabilitar as principais estradas da região oci<strong>de</strong>ntal, proporcionando<br />

um melhor acesso a serviços como educação e saú<strong>de</strong>, custando aproximadamente 82 milhões <strong>de</strong><br />

dólares, estando o seu início marcado para 2012 e conclusão para 2014.<br />

Díli - Aileu - Maubisse - Aituto - Ainaro - Cassa<br />

Este projecto rodoviário irá oferecer outro importante corredor entre o norte e o sul e,<br />

consequentemente, o acesso ao centro <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, criando infra-estruturas necessárias<br />

à promoção do turismo, nomeadamente para a zona turística <strong>de</strong> Maubisse. A reparação <strong>de</strong>ste<br />

corredor é também essencial para o acesso a serviços do governo, tais como o acesso à educação e à<br />

saú<strong>de</strong>. Uma vez que, atravessa terreno montanhoso, este projecto exigirá um estudo, planeamento<br />

e <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> custos aprofundados, antes <strong>de</strong> ser iniciado em 2015.<br />

89


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 3<br />

Suai - Cassa-Hatu Udo-Betano - Natarbora - Viqueque - Beaço<br />

A rota da costa sul, que liga o Suai a Beaço, será <strong>de</strong>senvolvida para apoiar o crescimento da<br />

indústria petrolífera e abrir esta zona costeira ao <strong>de</strong>senvolvimento económico e à prestação <strong>de</strong><br />

serviços sociais. Este projecto <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> escala será realizado por etapas, com cada etapa a ser<br />

<strong>de</strong>senvolvida <strong>de</strong> acordo com as necessida<strong>de</strong>s económicas e o crescimento da indústria petrolífera<br />

na costa sul. O projecto terá início em 2015 e será concluído pelo menos até 2020.<br />

Pante Makassar - Oesilo | Pante Makassar - Citrana | Oesilo – Tumin<br />

O distrito <strong>de</strong> Oe-Cusse Ambeno tem uma área <strong>de</strong> 815 km² e uma costa <strong>de</strong> 48 km. O Oe-Cusse<br />

Ambeno é dividido em quatro sub-distritos, Nitibe, Oesilo, Passabe e Pante Macassar, on<strong>de</strong> está<br />

localizada a capital. Como resultado da sua localização geográfica e da sua existência como um<br />

enclave, existem <strong>de</strong>safios na prestação <strong>de</strong> serviços ao povo <strong>de</strong> Oe-Cusse Ambeno, na mesma<br />

quantida<strong>de</strong> e qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> acesso dos serviços no resto do País. É <strong>de</strong> vital importância que<br />

as infra-estruturas <strong>de</strong> Oe-Cusse Ambeno sejam melhoradas para resolver as limitações da sua<br />

localização.<br />

Resumindo, os gran<strong>de</strong>s projectos <strong>de</strong> reabilitação <strong>de</strong> estradas serão iniciados em 2011 e serão<br />

concluídos até 2012. Estes projectos são <strong>de</strong>signadamente as estradas <strong>de</strong> Pante Makassar<br />

para Oesilo, <strong>de</strong> Pante Makassar para Citrana e <strong>de</strong> Oesilo para Tumin. Todos estes projectos <strong>de</strong><br />

reabilitação das principais estradas, irão melhorar o acesso aos serviços e estimular a activida<strong>de</strong><br />

económica em Oe-Cusse Ambeno.<br />

ESTRADAS RURAIS<br />

Com mais <strong>de</strong> 70% da população <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> vivendo em áreas rurais, é fundamental que a re<strong>de</strong><br />

rodoviária rural seja melhorada para permitir a ligação das pessoas e das comunida<strong>de</strong>s, incentivar<br />

o <strong>de</strong>senvolvimento dos recursos agrícolas e naturais, aumentar o rendimento rural e permitir a<br />

oferta efectiva <strong>de</strong> serviços do governo, incluindo na saú<strong>de</strong>, na educação e na segurança.<br />

A condição das estradas rurais é precária. Estudos realizados indicam que 3,5% estão em boas<br />

condições, 27% em condições razoáveis, 52,7% em condições críticas e 16,2% em péssimas<br />

condições. As estradas são geralmente estreitas, e sem bermas em muitas secções, especialmente<br />

nas zonas montanhosas. Cerca <strong>de</strong> 40% das estradas rurais têm menos <strong>de</strong> 3 metros <strong>de</strong> largura,<br />

aproximadamente 50% têm entre 3 a 5 metros <strong>de</strong> largura e cerca <strong>de</strong> 10% com mais <strong>de</strong> 5 metros.<br />

90


PED - 2011 - 2030 - DESENVOLVIMENTO DE INFRA-ESTRUTURAS<br />

O programa <strong>de</strong> estradas, do <strong>Plano</strong> <strong>Estratégico</strong> <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong>, irá reabilitar todas as estradas<br />

rurais, com um padrão mínimo, até 2015. Um <strong>Plano</strong> Director <strong>de</strong> Estradas Rurais será <strong>de</strong>senvolvido<br />

e <strong>de</strong>finirá o programa para a reabilitação <strong>de</strong> estradas rurais para o período <strong>de</strong> cinco anos. Será<br />

dada a máxima priorida<strong>de</strong>, para a execução <strong>de</strong> obras, às estradas que ligam os centros distritais<br />

aos centros dos sub-distritos. Estas estradas, ten<strong>de</strong>m a suportar volumes mais elevados <strong>de</strong> tráfego<br />

e constituem importantes ligações para o transporte rodoviário.<br />

Devido à sua importância, as seguintes estradas rurais serão as primeiras rotas a serem<br />

reabilitadas:<br />

• Suai - Maucatar - Lelas | Distrito <strong>de</strong> Covalima<br />

• Cruzamento Maubisse - Hatubuiliku | Distrito <strong>de</strong> Ainaro<br />

• Baqui - Passabe | Distrito <strong>de</strong> Oe-Cússe<br />

• Cruzamento Buihamau - Luro - Lautem | Distrito <strong>de</strong> Lautem<br />

• Cruzamento Same - Alas | Distrito <strong>de</strong> Manufahi<br />

• Alas - Turiscai | Distrito <strong>de</strong> Manufahi<br />

• Tilomar - Fohorem | Distrito <strong>de</strong> Covalima<br />

• Maliana - Atabae | Distrito <strong>de</strong> Bobonaro<br />

• Uatulari - Lausorolai | Distritos <strong>de</strong> Viqueque e Baucau<br />

• Lospalos - Lore - Iliomar | Distrito <strong>de</strong> Lautem<br />

• Com - Trisula | Distrito <strong>de</strong> Lautem<br />

• Cruzamento Laclubar - Soibada | Distrito <strong>de</strong> Manatuto<br />

• Welaluhu - Fatuberliu | Distrito <strong>de</strong> Manufahi<br />

• Turiscai - Soibada - Salau – Vila <strong>de</strong> Manatuto | Dirstritos <strong>de</strong> Manatuto e Manufahi<br />

• Salau - Natarbora - Viqueque | Distritos <strong>de</strong> Manatuto e Viqueque<br />

• Dotic - Fatuberliu | Distrito <strong>de</strong> Manufahi<br />

• Wau<strong>de</strong>berec - Alas | Distrito <strong>de</strong> Manufahi<br />

• Cruzamento Manatuto - Laclo - Remexio – Cruzamento Aileu | Distritos <strong>de</strong> Manatuto e<br />

Aileu<br />

• Beloi – Ataúro Villa | Distrito <strong>de</strong> Díli<br />

• Beloi – Biqueli | Distrito <strong>de</strong> Díli<br />

91


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 3<br />

AUTO-ESTRADA DE CIRCUNVALAÇÃO<br />

Para que o <strong>de</strong>senvolvimento económico e social <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> seja uma realida<strong>de</strong>, é necessária<br />

uma Auto-estrada Nacional <strong>de</strong> Circunvalação. Essa auto-estrada terá duas faixas em cada sentido,<br />

permitirá circular um veículo contentor a uma velocida<strong>de</strong> média <strong>de</strong> 60 km por hora, e oferecerá<br />

uma rodovia <strong>de</strong> circunvalação em torno do país. Esta rodovia será construída progressivamente,<br />

e as primeiras etapas irão envolver a construção <strong>de</strong> estradas nacionais <strong>de</strong>, apenas, uma faixa em<br />

cada sentido. Durante as fases iniciais, será <strong>de</strong>ixado espaço para adicionar uma faixa extra, no<br />

futuro, e iniciar-se-á o <strong>de</strong>senho, planeamento e orçamentação da auto-estrada completa. A Autoestrada<br />

Nacional <strong>de</strong> Circunvalação será concluída em 2030.<br />

METAS<br />

Até 2015:<br />

• A ligação rodoviária Díli - Manatuto - Baucau terá sido totalmente reabilitada e ampliada<br />

<strong>de</strong> acordo com os padrões internacionais.<br />

• A ligação rodoviária Manatuto-Natarbora terá sido totalmente reabilitada e ampliada <strong>de</strong><br />

acordo com os padrões internacionais.<br />

• A ligação rodoviária Díli - Liquiça - Bobonaro será totalmente reabilitada.<br />

• As ligações Pante Makassar-Oesilo / Pante Makassar – Citrana / Oesilo – Tumin estarão<br />

completas.<br />

• O projecto <strong>de</strong> reabilitação Suai - Cassa - Hatu Udo-Betano - Natarbora - Viqueque – Beaço<br />

terá sido iníciado.<br />

• Todas as estradas rurais terão sido reabilitadas por empreiteiros locais.<br />

• Estudos <strong>de</strong> monitorização das condições das estradas serão realizados anualmente em<br />

todas as estradas reabilitadas para <strong>de</strong>terminar as necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> manutenção.<br />

• Será concluído o plano para a Auto-estrada Nacional <strong>de</strong> Circunvalação.<br />

Até 2020:<br />

• Todas as estradas nacionais e regionais terão sido reabilitadas segundo padrões<br />

internacionais.<br />

• O projecto <strong>de</strong> reabilitação das estradas Díli – Aileu – Maubisse – Aituto – Ainaro – Cassa<br />

estará completo.<br />

• O projecto <strong>de</strong> reabilitação das estradas Suai - Cassa - Hatu Udo-Betano - Natarbora -<br />

Viqueque – Beaço terá terminado.<br />

92


PED - 2011 - 2030 - DESENVOLVIMENTO DE INFRA-ESTRUTURAS<br />

Até 2030:<br />

• A Auto-estrada Nacional <strong>de</strong> Circunvalação terá sido finalizada e oferecerá uma rota directa,<br />

<strong>de</strong> padrão elevado, ao redor do país, capaz <strong>de</strong> assegurar a circulação <strong>de</strong> veículos pesados<br />

a uma velocida<strong>de</strong> média <strong>de</strong> 60 km por hora.<br />

• Novas pontes terão sido construídas para facilitar o acesso, sob todas as condições<br />

meteorológicas, às rotas rodoviárias nacionais e distritais.<br />

93


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 3<br />

Á G U A E S A N E A M E N T O<br />

VISÃO GERAL E DESAFIOS<br />

“Se não tivermos água<br />

potável, como é que<br />

po<strong>de</strong>mos melhorar a<br />

vida do nosso Povo”<br />

Administrador do sub-distrito <strong>de</strong> Turiscai,<br />

distrito <strong>de</strong> Manufahi, Consulta Nacional,<br />

14 <strong>de</strong> Maio <strong>de</strong> 2010<br />

Um elemento <strong>de</strong> vital importância no<br />

<strong>de</strong>senvolvimento económico e social <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<br />

<strong>Leste</strong> - e na saú<strong>de</strong> e bem-estar <strong>de</strong> nosso povo<br />

- é o acesso à água potável e saneamento.<br />

Doenças, morbi<strong>de</strong>z e fraco <strong>de</strong>senvolvimento<br />

infantil, <strong>de</strong>correntes da falta <strong>de</strong> água potável<br />

e saneamento, impõem incalculáveis, mas<br />

totalmente evitáveis, custos económicos e sociais<br />

ao povo <strong>Timor</strong>ense.<br />

As consequências económicas da falta <strong>de</strong><br />

saneamento tem impacto na saú<strong>de</strong> publica,<br />

consequentemente nos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, assistência social e turismo, que foram objecto <strong>de</strong> um<br />

estudo, em 2008, em cinco países: <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, Indonésia, Filipinas, Camboja e Vietname. Este<br />

estudo <strong>de</strong>monstra uma perda em média <strong>de</strong> 2% do Produto Interno Bruto, nos acima mencionados<br />

países, que po<strong>de</strong>riam ser recuperados através <strong>de</strong> melhorias no saneamento. Em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, isso<br />

significa que o saneamento básico custa cerca <strong>de</strong> 11 milhões <strong>de</strong> dólares americanos por ano, e<br />

aumentará à mediada que a nossa economia se expan<strong>de</strong>.<br />

Outros estudos também <strong>de</strong>monstraram que o investimento em saneamento, é um investimento na<br />

saú<strong>de</strong>, educação, meio ambiente e redução da pobreza. Um saneamento melhorado geralmente<br />

ren<strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 9 dólares em benefícios, por cada 1 dólar gasto, com base numa redução <strong>de</strong> custos<br />

directos e indirectos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, melhor educação, melhor abastecimento <strong>de</strong> água e aumento no<br />

turismo.<br />

As duas causas mais significativas da mortalida<strong>de</strong> infantil em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> - infecção respiratória<br />

e diarreia - estão directamente relacionadas com a falta <strong>de</strong> abastecimento <strong>de</strong> água, saneamento<br />

e higiene.<br />

De acordo com o Censos <strong>de</strong> 2010, apenas 66% da população <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> tem acesso a<br />

alguma forma <strong>de</strong> água tratada (seja a água canalizada, tanque protegido ou bomba <strong>de</strong> mão ou<br />

engarrafada). Em 2001, o inquérito aos agregados familiares relataram esse número em 48%, o<br />

que indica uma gran<strong>de</strong> melhoria ao longo dos últimos nove anos. As nascentes são a principal<br />

fonte <strong>de</strong> água na zona leste rural, a segunda fonte principal na zona central rural e nas zonas<br />

rurais oeste. Para mais <strong>de</strong> um terço das famílias timorenses, o acesso a água fica a <strong>de</strong>z ou mais<br />

minutos.<br />

A principal fonte <strong>de</strong> água potável, nas zonas urbanas, é água canalizada (42%). Nas áreas rurais,<br />

a principal fonte <strong>de</strong> água são poços ou nascentes (25%). O gráfico seguinte mostra as fontes <strong>de</strong><br />

água nacionais, nas áreas rurais e urbanas.<br />

94


PED - 2011 - 2030 - DESENVOLVIMENTO DE INFRA-ESTRUTURAS<br />

Figura 11 Fontes principais <strong>de</strong> água potável<br />

Fonte: Censos 2010<br />

A escassez <strong>de</strong> água é comum, em muitas áreas, na época seca. Os gran<strong>de</strong>s projectos <strong>de</strong><br />

abastecimento e saneamento, têm sido realizados, contudo a sua sustentabilida<strong>de</strong> torna-se,<br />

em muitos dos casos, um problema, com muitas comunida<strong>de</strong>s a enfrentar dificulda<strong>de</strong>s com o<br />

funcionamento e manutenção dos mesmos.<br />

Apenas 39% das pessoas em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> têm acesso a instalações sanitárias melhoradas, tais<br />

como latrinas <strong>de</strong> fossa única, ventiladas ou latrinas sifonadas com <strong>de</strong>scarga para fossa céptica.<br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> também tem problemas com a drenagem <strong>de</strong> águas pluviais e poluídas em Díli e nos<br />

centros distritais. Os resíduos ficam nas ruas ou em ribeiras secas, antes <strong>de</strong> serem levados para o<br />

mar, com a chuva. Em Díli, durante a estação das chuvas, muitas secções dos canais <strong>de</strong> drenagem<br />

ficam bloqueadas com resíduos sólidos, “kanko” e sedimentos, causando inundações e perigosos<br />

níveis <strong>de</strong> poluição.<br />

O acesso à água potável e saneamento é fundamental para o futuro <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> pois vai:<br />

• Melhorar a saú<strong>de</strong> pública<br />

• Criar novos empregos e incentivar o <strong>de</strong>senvolvimento rural<br />

• Tornar mais fácil manter e sustentar os nossos valiosos recursos <strong>de</strong> água<br />

• Disseminar uniformemente os nossos limitados recursos hídricos.<br />

95


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 3<br />

ESTRATÉGIAS E ACÇÕES<br />

Continuaremos a tomar medidas para superar os muitos <strong>de</strong>safios que dizem respeito<br />

ao melhoramento do acesso à água potável e saneamento em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, incluindo a<br />

construção <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong> esgotos em Díli e o fornecimento <strong>de</strong> água potável canalizada,<br />

24 horas por dia, aos 12 centros distritais <strong>de</strong> distribuição, a construção <strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong> água<br />

e latrinas comunitárias em áreas rurais, como parte do Programa <strong>de</strong> Fornecimento <strong>de</strong> Água e<br />

Saneamento. O nosso objectivo é <strong>de</strong>, em 2030, todos os cidadãos do País terem acesso a água<br />

potável e saneamento melhorado.<br />

ABASTECIMENTO DE ÁGUA POTÁVEL E SANEAMENTO NAS ÁREAS RURAIS<br />

O abastecimento <strong>de</strong> água potável melhora a saú<strong>de</strong> da população e reduz o tempo necessário<br />

para caminhar longas distâncias para recolher água.<br />

A estreita ligação, entre o abastecimento <strong>de</strong> água e a contaminação humana, é salientada<br />

nos resultados das pesquisas que sugerem que as taxas mais elevadas <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong> infantil<br />

e morbida<strong>de</strong>, em áreas rurais, são <strong>de</strong>vidas, em parte, à proximida<strong>de</strong> das instalações sanitárias<br />

primitivas às fontes <strong>de</strong> água doméstica. Precisamos <strong>de</strong> proteger a saú<strong>de</strong> das nossas crianças,<br />

aumentando o número e o uso <strong>de</strong> latrinas nas comunida<strong>de</strong>s rurais, isolamento sanitário dos<br />

animais e educação das comunida<strong>de</strong>s sobre a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mudança <strong>de</strong> comportamento em<br />

relação à higiene pessoal e questões como a manipulação e armazenamento dos alimentos,<br />

controle <strong>de</strong> pragas, eliminação <strong>de</strong> resíduos, a drenagem e ventilação. Nós também precisamos <strong>de</strong><br />

eliminar as condições férteis para o aparecimento <strong>de</strong> mosquitos, transmissores <strong>de</strong> doenças como<br />

a malária, o <strong>de</strong>ngue, e a filariose.<br />

De acordo com o Censos, <strong>de</strong> 2010, 57% da população rural <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> tem acesso a água<br />

potável e apenas 20% tem acesso a condições <strong>de</strong> saneamento básico.<br />

Os nossos objectivos para 2020, com base nos Objectivos <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> do Milénio são:<br />

• 75% da população rural <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> terá acesso a água potável .<br />

• 40% das comunida<strong>de</strong>s rurais terão melhorias significativas nas instalações <strong>de</strong><br />

saneamento.<br />

Para alcançar estas metas, vamos tomar as seguintes medidas, propostas no Programa <strong>de</strong><br />

Abastecimento <strong>de</strong> Água Rural e Saneamento:<br />

• Instalação <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 400 sistemas <strong>de</strong> água, para 25 mil famílias rurais nos próximos<br />

cinco anos (uma média <strong>de</strong> 80 sistemas por ano).<br />

• Construção <strong>de</strong> latrinas comunitárias.<br />

• Disponibilização <strong>de</strong> conhecimentos técnicos e supervisão para as comunida<strong>de</strong>s .<br />

96


PED - 2011 - 2030 - DESENVOLVIMENTO DE INFRA-ESTRUTURAS<br />

• Recrutamento <strong>de</strong> 80 facilitadores na área da água e saneamento, nos sub-distritos, para<br />

apoiar os sucos.<br />

Iremos também fazer um gran<strong>de</strong> investimento na reabilitação e alargamento dos sistemas<br />

<strong>de</strong> irrigação incluindo a melhoria <strong>de</strong> armazenamento <strong>de</strong> água nas áreas rurais (ver Capítulo 4 -<br />

Agricultura).<br />

ABASTECIMENTO DE ÁGUA POTÁVEL E SANEAMENTO, NAS ÁREAS URBANAS DISTRITAIS<br />

Gran<strong>de</strong> parte das infra-estruturas <strong>de</strong> água e saneamento urbano em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, incluindo estações<br />

<strong>de</strong> bombeamento, tubos <strong>de</strong> transmissão, válvulas e tanques, foram danificadas ou <strong>de</strong>struídas em<br />

1999. Como resultado, 96% dos domicílios urbanos fora <strong>de</strong> Díli não têm acesso a 24 horas <strong>de</strong><br />

abastecimento <strong>de</strong> água potável. A água só está disponível, em algumas cida<strong>de</strong>s, durante uma hora<br />

ou dois dias por semana, visto a capacida<strong>de</strong> dos sistemas serem ina<strong>de</strong>quados. As nascentes <strong>de</strong><br />

água corrente também são ina<strong>de</strong>quadas, na maior parte sem tratamento ou fiabilida<strong>de</strong>: apenas<br />

100 das 400 estações <strong>de</strong> água no país estão a funcionar.<br />

O tratamento <strong>de</strong> água potável com filtros <strong>de</strong> areia, é extremamente limitado, operando num<br />

número muito pequeno <strong>de</strong> sistemas. Estas nascentes não po<strong>de</strong>m servir a nossa população actual,<br />

pelo que há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> recursos adicionais. A nova parte <strong>de</strong> Baucau, precisa <strong>de</strong> outra fonte <strong>de</strong><br />

água com urgência.<br />

A nossa solução é <strong>de</strong>senvolver e executar um plano para fornecer uma canalização segura, <strong>de</strong><br />

abastecimento <strong>de</strong> 24 horas, para os meios urbanos, em 12 centros distritais, com priorida<strong>de</strong> para<br />

Baucau, Manatuto, Lospalos e Suai, on<strong>de</strong> a situação é crítica. Isto será alcançado do seguinte<br />

modo:<br />

• Desenvolver um <strong>Plano</strong> Mestre Distrital para <strong>de</strong>finir soluções e priorida<strong>de</strong>s, ao mesmo<br />

tempo dando priorida<strong>de</strong> imediata a Manatuto, Lospalos e Suai.<br />

• Reparar as fugas <strong>de</strong> água, reabilitação dos canos e fazer ligações em falta.<br />

• Encontrar e assegurar novas fontes <strong>de</strong> água.<br />

• A construção <strong>de</strong> reservatórios e instalações <strong>de</strong> tratamento.<br />

• Ligar casas ao abastecimento <strong>de</strong> água canalizada.<br />

A falta <strong>de</strong> saneamento também é um problema em áreas urbanas distritais. Menos <strong>de</strong> 30% da<br />

população urbana do distrito tem acesso a saneamento a<strong>de</strong>quado. Existe uma falta <strong>de</strong> recolha <strong>de</strong><br />

esgotos e centros <strong>de</strong> tratamento nas zonas urbanas distritais.<br />

O nosso objectivo é o acesso a sistemas apropriados, auto-suficientes e instalações sanitárias<br />

eficazes a 60% das áreas urbanas nos distritos, até 2015. Os riscos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, causados pelo contacto<br />

humano com águas residuais no esgoto, vão ser reduzidos através da recolha <strong>de</strong> esgotos<br />

97


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 3<br />

e efluentes sépticos, seguido do seu tratamento e remoção com segurança, minimizando, <strong>de</strong>ste<br />

modo, a contaminação através <strong>de</strong> esgotos. Iremos oferecer oportunida<strong>de</strong> para o uso agrícola<br />

<strong>de</strong>ste resíduo que funcionará como fertilizante.<br />

Vamos melhorar o saneamento em áreas urbanas distritais, do seguinte modo:<br />

• Delineando soluções <strong>de</strong> saneamento como parte do <strong>Plano</strong> Mestre dos Centros<br />

Distritais.<br />

• Construindo, por fases, um sistema <strong>de</strong> recolha <strong>de</strong> esgotos.<br />

• Ligando as proprieda<strong>de</strong>s comerciais.<br />

• Ligando as fossas sépticas resi<strong>de</strong>nciais.<br />

• Ligando todas as casas que têm autoclismos.<br />

• Instalando casas <strong>de</strong> banho nos domicílios, sempre que possível.<br />

• Construindo instalações sanitárias comunitárias para grupos <strong>de</strong> famílias.<br />

PROGRAMA DE ÁGUA PARA AS ESCOLAS<br />

Existem aproximadamente, 1.200 escolas em todo o país, 600 das quais (escolas rurais na sua<br />

maioria) não têm um abastecimento <strong>de</strong> água canalizada seguro. O saneamento nas escolas sem<br />

abastecimento <strong>de</strong> água é um risco sério <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> que ameaça o <strong>de</strong>senvolvimento das nossas<br />

crianças. Muitas escolas possuem blocos sanitários mas não possuem água para limpeza. A<br />

assiduida<strong>de</strong> nas escolas é seriamente afectada pela falta <strong>de</strong> instalações sanitárias e isso também<br />

cria uma <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> género, que afecta principalmente as meninas. Algumas escolas<br />

estão em cumes <strong>de</strong> montanha e fora do alcance dos sistemas <strong>de</strong> abastecimento <strong>de</strong> água das<br />

comunida<strong>de</strong>s e em alguns casos os sistemas <strong>de</strong> abastecimento da comunida<strong>de</strong> não têm a<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> adicionar a escola ao sistema.<br />

O nosso objectivo é fornecer água canalizada e limpa para todas as escolas públicas até 2020. Isto<br />

será alcançado do seguinte modo:<br />

• Estabelecimento <strong>de</strong> um programa “Água para as Escolas”.<br />

• Ligar água canalizada a 275 escolas seleccionadas, que estão num raio <strong>de</strong> 500 m <strong>de</strong> uma<br />

fonte <strong>de</strong> abastecimento existente, ao longo <strong>de</strong> cinco anos, até 2015<br />

• Para as restantes 300 escolas, <strong>de</strong>terminar aquelas que têm acesso a uma fonte <strong>de</strong><br />

abastecimento existente num raio <strong>de</strong> 500 m e ligar água canalizada até 2020<br />

• Desenvolver uma estratégia alternativa para o fornecimento ou armazenamento <strong>de</strong> água<br />

nas restantes escolas em locais que não têm qualquer acesso a água canalizada ou on<strong>de</strong><br />

o processo <strong>de</strong> bombeamento seja necessário<br />

98


PED - 2011 - 2030 - DESENVOLVIMENTO DE INFRA-ESTRUTURAS<br />

• Desenvolver alternativas para <strong>de</strong>spejos sanitários, tais como latrinas <strong>de</strong> compostagem,<br />

secas ou poços, para as escolas on<strong>de</strong> é impraticável o abastecimento <strong>de</strong> água para<br />

<strong>de</strong>spejo.<br />

Este programa resultará na melhoria da saú<strong>de</strong>, através <strong>de</strong> um melhor saneamento em todas as<br />

nossas escolas, apoiando o <strong>de</strong>senvolvimento das crianças e reduzindo os custos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> ao<br />

longo da vida, em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>. Levará a um aumento na assiduida<strong>de</strong> escolar, especialmente para<br />

as meninas, reduzindo a <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> género na educação. Permitirá também que programas<br />

educacionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e saneamento sejam executados nas escolas para que as crianças adquiram<br />

práticas sanitárias seguras para uso doméstico.<br />

DRENAGEM<br />

O terreno montanhoso <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> e o clima <strong>de</strong> monções provocam inundações regulares e<br />

erosão nas áreas rurais e urbanas. A erosão e as inundações são as principais causas da <strong>de</strong>struição das<br />

estradas. A drenagem e a manutenção das estradas são aludidas no Capítulo 3 – <strong>Desenvolvimento</strong><br />

das Infra-estruturas, Estradas e Pontes.<br />

99


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 3<br />

A erosão e as inundações também po<strong>de</strong>m levar a <strong>de</strong>slizamentos <strong>de</strong> terras que, por sua vez, po<strong>de</strong>m<br />

causar a <strong>de</strong>struição das casas colocando, muitas vezes, a vida das famílias em risco.<br />

A<strong>de</strong>quados canais <strong>de</strong> drenagem e um plano <strong>de</strong> gestão <strong>de</strong> inundações, permitirão reduzir<br />

inundações e erosão. Iremos realizar trabalhos <strong>de</strong> pesquisa e engenharia para ajudar as<br />

comunida<strong>de</strong>s locais na solução dos problemas <strong>de</strong> drenagem. A manutenção dos existentes<br />

canais <strong>de</strong> drenagem será parte fundamental <strong>de</strong>ssas soluções. Outras estratégias para lidar com a<br />

erosão são discutidas no Capítulo 2 - Ambiente e Capítulo 4 - Agricultura.<br />

O <strong>Plano</strong> Mestre <strong>de</strong> Água e Saneamento está actualmente a ser preparado, para fornecer soluções<br />

aos gran<strong>de</strong>s, problemas da drenagem na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Díli. Algumas secções dos canais <strong>de</strong> drenagem<br />

estão bloqueados e <strong>de</strong>struídos, aumentando a frequência das inundações durante as chuvas,<br />

com impacto directo sobre a prosperida<strong>de</strong> económica. Com efeito, as frequentes inundações em<br />

Díli, durante a época <strong>de</strong> chuvas, resultam em frequentes danos nas proprieda<strong>de</strong>s e problemas<br />

<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública. Esta situação leva a que os recursos financeiros que po<strong>de</strong>riam ser investidos<br />

no <strong>de</strong>senvolvimento económico, estão a ser <strong>de</strong>spendidos na reparação e recuperação <strong>de</strong>stes<br />

canais, limitando assim o <strong>de</strong>senvolvimento urbano. Melhorar o funcionamento e a manutenção<br />

do sistema <strong>de</strong> drenagem <strong>de</strong> Díli, irá resultar numa cida<strong>de</strong> mais limpa com menos ocorrências <strong>de</strong><br />

inundações.<br />

O <strong>de</strong>spejo <strong>de</strong> resíduos sólidos, excrementos (<strong>de</strong> <strong>de</strong>fecação a céu aberto) e sujida<strong>de</strong> em canais <strong>de</strong><br />

drenagem <strong>de</strong> Díli, estão a contaminar a água nesses canais. O contacto com a água contaminada,<br />

pelos agricultores <strong>de</strong> “kanko”, pelas crianças que brincam nos canais <strong>de</strong> drenagem e pela<br />

comunida<strong>de</strong> em geral, durante a ocorrência das inundações, põe em risco a saú<strong>de</strong> pública. Para<br />

resolver esses problemas, o <strong>Plano</strong> Mestre vai <strong>de</strong>senvolver:<br />

• Um sistema <strong>de</strong> drenagem <strong>de</strong> base.<br />

• Um plano <strong>de</strong> melhoria a médio e longo prazo <strong>de</strong> drenagem para Díli.<br />

• Um Sistema <strong>de</strong> Gestão <strong>de</strong> Drenagem, incluindo um programa <strong>de</strong> monitorização<br />

contínuo.<br />

• Manuais <strong>de</strong> Operações e programações <strong>de</strong> manutenção.<br />

• Um Programa <strong>de</strong> Gestão <strong>de</strong> “Kanko”.<br />

• Apoio para a limpeza <strong>de</strong> drenagem e reabilitação.<br />

ÁGUA POTÁVEL, SANEAMENTO E DRENAGEM EM DÍLI<br />

O actual sistema, <strong>de</strong> distribuição <strong>de</strong> água, não se esten<strong>de</strong> a todas as famílias, já que algumas<br />

fontes <strong>de</strong> água não são tratadas o que origina doenças e morbida<strong>de</strong>, especialmente entre as<br />

crianças. O actual sistema <strong>de</strong> distribuição <strong>de</strong> água apresenta condições muito precárias, o<br />

que leva ao vazamento e infiltração <strong>de</strong> águas subterrâneas poluídas e esgotos. Uma gran<strong>de</strong><br />

quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água potável per<strong>de</strong>-se, <strong>de</strong>vido a ligações clan<strong>de</strong>stinas e ilegais.<br />

100


PED - 2011 - 2030 - DESENVOLVIMENTO DE INFRA-ESTRUTURAS<br />

Para alcançar este objectivo vamos necessitar <strong>de</strong> captar fontes adicionais <strong>de</strong> água para aumentar<br />

a oferta actual e tratar a água, até os padrões <strong>de</strong> água potável. Isto será alcançado do seguinte<br />

modo:<br />

• I<strong>de</strong>ntificar e tratar nova água, se necessário, dos furos, rios e outras fontes<br />

• Construir novas instalações <strong>de</strong> tratamento <strong>de</strong> água<br />

• Esten<strong>de</strong>r a canalização <strong>de</strong> distribuição para novas áreas <strong>de</strong> serviço<br />

• Ligar agregados familiares à canalização <strong>de</strong> distribuição.<br />

Paralelamente, existe a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reabilitar os existentes sistemas <strong>de</strong> abastecimento <strong>de</strong> água,<br />

através da reparação <strong>de</strong> forma sistemática dos furos, consertando os canos, válvulas e medidores<br />

<strong>de</strong>feituosos, dar formação na leitura dos contadores <strong>de</strong> água e estabelecer um sistema <strong>de</strong> cobrança.<br />

Agregados familiares, que não estão ligados ao sistema, serão ligados e 150 torneiras comunitárias<br />

serão montadas nas áreas mais pobres. Todas as ligações serão oficializadas e responsabilizadas.<br />

A população urbana <strong>de</strong> Díli não tem acesso a saneamento a<strong>de</strong>quado. Algumas casas-<strong>de</strong>-banho são<br />

partilhadas por 3 a 15 famílias. Resíduos <strong>de</strong> fossas sépticas fluem em valas abertas e para as praias.<br />

As crianças brincam nestas valas e as mulheres cuidam do cultivo na água <strong>de</strong> esgoto, com água<br />

até a cintura. Os resíduos sanitários infiltram-se em águas subterrâneas, que são usadas como<br />

água potável. As bactérias em águas residuais são transmissoras <strong>de</strong> meningite, disenteria e outras<br />

doenças.<br />

A construção <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong> esgotos em Díli vai ser dispendiosa, mas é inevitável para reduzir<br />

os riscos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e encorajar o <strong>de</strong>senvolvimento económico. O <strong>Plano</strong> Mestre para o Saneamento<br />

e Drenagem está a ser preparado para melhorar o saneamento, por etapas, do seguinte modo:<br />

• Reabilitar os esgotos existentes e separar o esgoto das drenagens <strong>de</strong> águas pluviais, através<br />

da construção <strong>de</strong> esgotos interceptores, principalmente ao longo dos canais existentes <strong>de</strong><br />

drenagem <strong>de</strong> águas pluviais.<br />

• Instalação <strong>de</strong> casas-<strong>de</strong>-banho em residências e facilitar o tratamento local.<br />

• Construção, em fases, <strong>de</strong> centros <strong>de</strong> tratamento a<strong>de</strong>quados.<br />

• Ligar primeiro as proprieda<strong>de</strong>s comerciais, <strong>de</strong>pois as residências com fossas sépticas e<br />

seguido por todas as casas que têm autoclismos.<br />

• Desenvolver opções, incluindo a construção <strong>de</strong> uma linha <strong>de</strong> esgotos ao longo da costa<br />

para drenar os efluentes dos esgotos <strong>de</strong> intercepção.<br />

O objectivo do <strong>Plano</strong> Mestre será estabelecer um sistema <strong>de</strong> recolha <strong>de</strong> esgotos, que cubra a maior<br />

parte da cida<strong>de</strong>. Para aquelas áreas, on<strong>de</strong> a ligação directa ao esgoto é impraticável, a recolha será<br />

feita para fossas sépticas isoladas, com um serviço seguro <strong>de</strong> recolha periódica e, em áreas que não<br />

são <strong>de</strong>nsamente povoadas, constroem-se fossas permeáveis.<br />

101


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 3<br />

Todas as famílias terão as suas instalações sanitárias ligadas ao sistema <strong>de</strong> esgotos <strong>de</strong> Díli, umas famílias terão<br />

fossas sépticas, outras terão acesso a instalações sanitárias geridas pelas comunida<strong>de</strong>s. Até 2020, haverá uma<br />

infra-estrutura operacional, sustentável e mantida para a recolha e tratamento final.<br />

METAS<br />

Até 2015:<br />

• O Objectivo <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> do Milénio, que <strong>de</strong>fine 75% da população rural <strong>de</strong><br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> com acesso a água potável, fiável e sustentável, terá sido ultrapassado.<br />

• Haverá instalações sanitárias melhoradas, disponíveis em 60% das áreas urbanas<br />

distritais.<br />

• A melhoria da operação e manutenção do sistema <strong>de</strong> drenagem <strong>de</strong> Díli resultará numa<br />

cida<strong>de</strong> mais limpa e na redução <strong>de</strong> inundações.<br />

Até 2020:<br />

• Todas as casas com a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ter casas-<strong>de</strong>-banho ligadas ao sistema <strong>de</strong> esgotos,<br />

existente em Díli, serão conectadas e outras casas terão fossas sépticas ou o acesso a<br />

instalações sanitárias comunitárias.<br />

• Todas as escolas públicas estarão ligadas a água potável canalizada.<br />

• Haverá infra-estruturas sustentáveis e apropriadas, <strong>de</strong>vidamente operadas e mantidas,<br />

para a recolha, tratamento e eliminação <strong>de</strong> esgotos em Díli.<br />

• A Drenagem será melhorada nos em todos os distritos.<br />

Até 2030:<br />

• Todos os sub-distritos terão aperfeiçoado os seus sistemas <strong>de</strong> drenagem.<br />

• Todos os distritos e sub-distritos terão sistemas <strong>de</strong> esgotos a<strong>de</strong>quados.<br />

102


PED - 2011 - 2030 - DESENVOLVIMENTO DE INFRA-ESTRUTURAS<br />

E L E C T R I C I D A D E<br />

VISÃO GERAL E DESAFIOS<br />

O acesso ao fornecimento regular <strong>de</strong> electricida<strong>de</strong><br />

é vital para melhorar a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida em <strong>Timor</strong>-<br />

<strong>Leste</strong> e apoiar o crescimento e <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>de</strong> empregos em zonas urbanas e rurais.<br />

“As mulheres da nossa<br />

al<strong>de</strong>ia querem painéis<br />

solares para que os<br />

seus filhos possam<br />

estudar à noite”<br />

Durante as duas décadas e meia <strong>de</strong> ocupação, Lí<strong>de</strong>r da comunida<strong>de</strong>, distrito <strong>de</strong> Laulaura sul,<br />

algumas tentativas foram feitas para proporcionar Consulta Nacional, 20 <strong>de</strong> Setembro <strong>de</strong> 2010<br />

o fornecimento <strong>de</strong> energia regular fora <strong>de</strong> Díli. Esta<br />

<strong>de</strong>ficiência foi agravada em 1999, quando gran<strong>de</strong> parte das infra-estruturas básicas <strong>de</strong> electricida<strong>de</strong>,<br />

que existiam, foram <strong>de</strong>struídas. Como consequência, o sector da electricida<strong>de</strong> actualmente em<br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> é ina<strong>de</strong>quado, <strong>de</strong>gradado e necessita urgentemente <strong>de</strong> reforma. Apenas cerca <strong>de</strong> um<br />

terço da população tem acesso à electricida<strong>de</strong>, geralmente durante seis horas por dia. As zonas<br />

centrais <strong>de</strong> Díli e Baucau têm acesso 24 horas, no entanto, ainda existem falhas regulares.<br />

Em casa, a electricida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser usada para cozinhar, iluminação, refrigeração, televisores,<br />

computadores, rádios, telefones e frigoríficos e outros electrodomésticos. Os benefícios sociais<br />

são enormes. Por exemplo, o acesso a uma boa iluminação permite que as crianças possam ler ou<br />

estudar até mais tar<strong>de</strong> e um frigorífico permite um armazenamento mais higiénico dos alimentos.<br />

Os benefícios económicos resultantes da electrificação também são enormes. A geração <strong>de</strong><br />

electricida<strong>de</strong> e sua distribuição é necessária, para que a Nação transite, <strong>de</strong> um baixo nível <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento, para uma economia mo<strong>de</strong>rna, com uma socieda<strong>de</strong> saudável e bem formada que<br />

está ligada internamente e com o mundo. A necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> electricida<strong>de</strong> influencia praticamente<br />

todos os esforços <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> e tem sido i<strong>de</strong>ntificada como uma priorida<strong>de</strong><br />

nacional. O <strong>Plano</strong> <strong>de</strong> Electrificação está agora integrado nos planos <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento global para<br />

a Nação, com o objectivo <strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r às exigências energéticas <strong>de</strong> longo prazo, para construir as<br />

infra-estruturas básicas e <strong>de</strong>senvolver indústrias em todos os sectores, incluindo a criação <strong>de</strong> uma<br />

refinaria, uma plataforma <strong>de</strong> abastecimento e uma indústria em terra <strong>de</strong> GNL na região sul.<br />

O actual sistema é composto por cerca <strong>de</strong> 58 geradores individuais, a diesel e <strong>de</strong> distribuição<br />

local, que no total produzem cerca <strong>de</strong> 40 MW <strong>de</strong> electricida<strong>de</strong>. Sem uma actuação abrangente, a<br />

sustentabilida<strong>de</strong> e a segurança do abastecimento <strong>de</strong> energia em Díli estará ameaçada, e a falta <strong>de</strong><br />

electricida<strong>de</strong> para a Nação irá impedir o <strong>de</strong>senvolvimento social e económico, e a prestação <strong>de</strong><br />

importantes serviços públicos.<br />

A Electricida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> (EDTL), é a agência nacional <strong>de</strong> electricida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>. O<br />

financiamento do sector é afectado pelo não-pagamento <strong>de</strong> facturas <strong>de</strong> energia, com apenas 40%<br />

dos clientes comerciais em Díli a pagar as suas contas.<br />

Os representantes comunitários, em quase todas as reuniões públicas sobre o <strong>Plano</strong> <strong>Estratégico</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>Desenvolvimento</strong>, realizadas em 2010, apresentaram a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ter acesso a electricida<strong>de</strong><br />

regular, acessível e sustentável.<br />

103


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 3<br />

ESTRATÉGIA E ACÇÕES<br />

O acesso à energia eléctrica é um direito básico e o alicerce para o nosso futuro económico.<br />

Vamos tomar medidas para garantir que, até 2015, todos em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> tenham acesso à<br />

energia eléctrica regular 24 horas por dia. Isto será alcançado através do investimento em novas<br />

centrais e a actualização dos sistemas <strong>de</strong> transmissão e distribuição, juntamente com a rápida<br />

expansão dos sistemas <strong>de</strong> energia renovável.<br />

A REDE ELÉCTRICA NACIONAL<br />

O primeiro passo, para alcançar este objectivo, já está em andamento. Um sistema fiável <strong>de</strong><br />

produção, transmissão e distribuição <strong>de</strong> energia eléctrica está em construção. A re<strong>de</strong> eléctrica<br />

nacional é o maior programa <strong>de</strong> infra-estrutura <strong>de</strong> sempre em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> Inclui:<br />

• O Complexo <strong>de</strong> Produção <strong>de</strong> Hera, produzindo uma velocida<strong>de</strong> média <strong>de</strong> 7 x 17 MW<br />

para uma capacida<strong>de</strong> total <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 119,5 MW. O complexo irá incluir instalações<br />

<strong>de</strong> armazenamento <strong>de</strong> combustível, e irá incluir uma subestação que aumentará a<br />

potência para 150 kV, para efeitos <strong>de</strong> ligação com o sistema <strong>de</strong> transmissão. Os motores<br />

irão funcionar inicialmente com óleo combustível leve ou pesado e serão capazes <strong>de</strong> ser<br />

convertidos para gás natural. Três dos sete geradores estarão operacionais em Novembro<br />

<strong>de</strong> 2011. As restantes quatro unida<strong>de</strong>s entrarão em funcionamento em meados <strong>de</strong><br />

2012.<br />

• O Complexo <strong>de</strong> Produção <strong>de</strong> Betano, produzirá uma<br />

velocida<strong>de</strong> média <strong>de</strong> 8 x 17 MW para uma capacida<strong>de</strong> total<br />

<strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 136,6 MW. O complexo irá incluir instalações <strong>de</strong><br />

armazenamento <strong>de</strong> combustível, e irá incluir uma subestação<br />

que aumentará a potência para 150 kV, para efeitos <strong>de</strong> ligação<br />

com o sistema <strong>de</strong> transmissão. Os motores irão funcionar<br />

inicialmente com óleo combustível leve ou pesado e serão<br />

capazes <strong>de</strong> ser convertidos para gás natural. A central estará<br />

operacional em finais <strong>de</strong> 2012.<br />

• Uma linha <strong>de</strong> transmissão <strong>de</strong> 150 kV com aproximadamente<br />

715 km formando um anel em torno <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>. A parte<br />

norte da re<strong>de</strong> eléctrica será concluída em Novembro <strong>de</strong> 2011<br />

e a re<strong>de</strong> completa será concluída em meados <strong>de</strong> 2012.<br />

• Nove subestações para reduzir a voltagem, nas capitais <strong>de</strong><br />

distrito <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>. Estas subestações permitirão a ligação<br />

com as linhas existentes <strong>de</strong> distribuição <strong>de</strong> 20 kV.<br />

•Um centro <strong>de</strong> controlo situado na subestação <strong>de</strong> Díli.<br />

104


PED - 2011 - 2030 - DESENVOLVIMENTO DE INFRA-ESTRUTURAS<br />

Estes projectos já foram iniciados e são fontes <strong>de</strong> criação <strong>de</strong> muitos empregos directos e indirectos,<br />

oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> negócios e crescimento económico.<br />

A Re<strong>de</strong> Eléctrica Nacional vai proporcionar um fornecimento regular <strong>de</strong> electricida<strong>de</strong>, para apoiar<br />

o <strong>de</strong>senvolvimento do litoral sul e subsequentes gran<strong>de</strong>s projectos <strong>de</strong> infra-estruturas. Também<br />

irá permitir a conversão para uma fonte <strong>de</strong> combustível mais ecológico que é o gás natural, uma<br />

vez disponível a oferta doméstica. As novas estações <strong>de</strong> electricida<strong>de</strong> terão uma capacida<strong>de</strong> mais<br />

a<strong>de</strong>quada para respon<strong>de</strong>r à procura actual dos clientes em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, assim como o crescimento<br />

futuro por muitos anos. O estabelecimento <strong>de</strong> nove novas subestações permitirá ligar os relevantes<br />

alimentadores <strong>de</strong> distribuição a todos os cantos do país com excepção <strong>de</strong> Oe-Cusse Ambeno<br />

e da Ilha <strong>de</strong> Ataúro. A produção <strong>de</strong> energia em Oe-Cusse Ambeno estará sujeita a um projecto<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte. A Ilha <strong>de</strong> Ataúro vai ser uma priorida<strong>de</strong> para projectos <strong>de</strong> energia renovável.<br />

Quando o novo sistema <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> energia estiver operacional, as centrais eléctricas existentes<br />

nos distritos serão encerradas.<br />

A expansão do Complexo Eléctrico <strong>de</strong> Comoro, agora em fase <strong>de</strong> implementação, será capaz<br />

<strong>de</strong> assegurar electricida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reserva para Díli. O projecto da Re<strong>de</strong> Nacional <strong>de</strong> Electricida<strong>de</strong><br />

está actualmente a ser gerido pela Electricida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>. Para melhorar os mecanismos<br />

<strong>de</strong> gestão e garantir que recursos humanos com gran<strong>de</strong> capacida<strong>de</strong> técnica estarão disponíveis<br />

para o povo <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, um novo mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> gestão para o sector <strong>de</strong> electricida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<br />

<strong>Leste</strong> será introduzido em 2012, após consulta com o sector e com base nas melhores práticas<br />

internacionais.<br />

GÁS NATURAL<br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> tem acesso a vastas reservas <strong>de</strong> gás no Mar <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>. A disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gás natural<br />

para produção <strong>de</strong> electricida<strong>de</strong> tem o potencial <strong>de</strong> oferecer um combustível mais barato e limpo<br />

comparando com os combustíveis líquidos. Em termos ambientais, para a mesma quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

electricida<strong>de</strong> produzida, as emissões <strong>de</strong> carbono da electricida<strong>de</strong> produzida por gás natural são<br />

consi<strong>de</strong>ravelmente mais baixos do que a electricida<strong>de</strong> produzida por diesel.<br />

Um estudo <strong>de</strong> viabilida<strong>de</strong> será realizado para avaliar as perspectivas <strong>de</strong> longo prazo para atrair a<br />

construção <strong>de</strong> instalações <strong>de</strong> processamento <strong>de</strong> gás em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>.<br />

ENERGIAS RENOVÁVEIS E O PROGRAMA DE ELECTRIFICAÇÃO RURAL<br />

Paralelamente à construção da Re<strong>de</strong> Eléctrica Nacional, um programa <strong>de</strong> electrificação rural será<br />

implementado com o objectivo <strong>de</strong> reduzir e melhorar as condições <strong>de</strong> vida das populações nas<br />

áreas mais remotas. Este programa envolve a ligação <strong>de</strong> zonas que já possuem geradores a diesel<br />

e pequenas re<strong>de</strong>s locais à re<strong>de</strong> nacional e, oferecer fontes <strong>de</strong> energia renováveis para áreas mais<br />

remotas que não conseguem ace<strong>de</strong>r a re<strong>de</strong>.<br />

105


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 3<br />

As fontes <strong>de</strong> energia renováveis têm o potencial <strong>de</strong> contribuir dramaticamente para o crescimento<br />

económico e ajudar a reduzir os níveis <strong>de</strong> pobreza em áreas rurais remotas. Adicionalmente,<br />

também contribuem para os esforços <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> na adaptação e mitigação do impacto das<br />

mudanças climáticas, e irá ajudar-nos a cumprir as nossas obrigações, relativamente às convenções<br />

internacionais sobre mudanças climáticas.<br />

O <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> energias renováveis em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> vai ajudar no crescimento económico<br />

e permitirá que <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> adopte novas tecnologias que nos tornará num mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento sustentável. Em 2020, pelo menos meta<strong>de</strong> das necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> energia em<br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> serão asseguradas através <strong>de</strong> fontes renováveis <strong>de</strong> energia.<br />

O crescimento da população e as necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> uma economia em expansão, são susceptíveis<br />

<strong>de</strong> aumentar o consumo <strong>de</strong> electricida<strong>de</strong> em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 160 GWh actualmente<br />

para 800 GWh até 2020. Aproximadamente meta<strong>de</strong> <strong>de</strong>stas necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> energia será gerada<br />

por fontes <strong>de</strong> energia renovável. A análise, feita para o <strong>Plano</strong> <strong>Estratégico</strong> <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong>,<br />

i<strong>de</strong>ntificou mais <strong>de</strong> 450 MW <strong>de</strong> potenciais projectos <strong>de</strong> energia renovável, distribuídos pelas<br />

seguintes tecnologias:<br />

• Hidro (fio-água e regulação): 252 MW.<br />

• Hidráulica: 100 MW.<br />

• Eólica: 72 MW.<br />

• Solar: 22 MW .<br />

• Biomassa / Resíduos Sólidos: 6 MW.<br />

Existe uma série <strong>de</strong> projectos <strong>de</strong> energia solar e eólica, <strong>de</strong> custo relativamente baixo e <strong>de</strong> fácil<br />

<strong>de</strong> instalação, que po<strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r a cerca <strong>de</strong> 10% das necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, em termos<br />

<strong>de</strong> energia em 2012. Para dirigir, coor<strong>de</strong>nar e monitorizar a implementação <strong>de</strong>stes projectos,<br />

será estabelecido um Gabinete <strong>de</strong> Recursos Naturais Renováveis. O gabinete será responsável<br />

pelo licenciamento e acompanhamento dos projectos, a revisão do quadro legal e apoiar o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> um plano <strong>de</strong> eficiência energética.<br />

A venda <strong>de</strong> créditos <strong>de</strong> carbono irá ajudar a viabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> projectos <strong>de</strong> energia renovável. A<br />

Agência <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> Nacional (ver Capítulo 5) terá a responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> assegurar a<br />

atribuição <strong>de</strong> créditos <strong>de</strong> carbono, necessários para <strong>de</strong>senvolver os projectos.<br />

A Ilha <strong>de</strong> Ataúro e o enclave <strong>de</strong> Oe-Cússe Ambeno serão prioritários para os projectos <strong>de</strong> energia<br />

renovável, que por óbvias razões geográficas, não serão capazes <strong>de</strong> ace<strong>de</strong>r à re<strong>de</strong> <strong>de</strong> distribuição<br />

nacional.<br />

Como observado acima, o programa <strong>de</strong> electrificação rural terá como alvo as comunida<strong>de</strong>s em<br />

áreas isoladas, que não terão ligação à re<strong>de</strong> nacional, a médio prazo. Cerca <strong>de</strong> 8.000 famílias em<br />

áreas remotas já tem assegurado o acesso a energia através da utilização <strong>de</strong> recursos energéticos<br />

renováveis.<br />

106


PED - 2011 - 2030 - DESENVOLVIMENTO DE INFRA-ESTRUTURAS<br />

No entanto, ainda existem cerca <strong>de</strong> 50.000 famílias que não estão abrangidas pela re<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

distribuição e que não têm acesso a sistemas <strong>de</strong> energia renovável.<br />

O programa <strong>de</strong> electrificação rural irá fornecer apoio técnico e financeiro às comunida<strong>de</strong>s, para<br />

instalar fontes <strong>de</strong> energia renováveis, beneficiando toda a comunida<strong>de</strong>. No curto prazo, o programa<br />

irá incentivar as comunida<strong>de</strong>s rurais para estabelecer a sua própria produção <strong>de</strong> electricida<strong>de</strong>,<br />

utilizando a fonte <strong>de</strong> energia renovável mais apropriada. A médio prazo, as comunida<strong>de</strong>s serão<br />

incentivadas a ven<strong>de</strong>r a produção <strong>de</strong> electricida<strong>de</strong> em excesso para a re<strong>de</strong> eléctrica nacional.<br />

Energia Hidroeléctrica<br />

A energia hidroeléctrica é produzida usando os cursos <strong>de</strong> água para mover as turbinas. É uma<br />

forma renovável e não poluente <strong>de</strong> produzir energia.<br />

Existe o potencial para projectos mini-hídricos em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> que não necessitam <strong>de</strong> barragens.<br />

O que acontece é que estes projectos <strong>de</strong>sviam a água <strong>de</strong> um rio para uma elevação acima da<br />

estação <strong>de</strong> energia e usam a água que cai para girar uma turbina, que irá accionar um gerador. A<br />

água então retorna para o rio.<br />

Apesar da maioria dos mini-projectos hidroeléctricos só fornecerem uma quantida<strong>de</strong> mínima para<br />

energia durante a estação seca, estes ainda são economicamente viáveis, já que a poupança na<br />

importação <strong>de</strong> combustível ajudará a cobrir os custos incorridos para <strong>de</strong>senvolver estes projectos.<br />

A activida<strong>de</strong> <strong>de</strong> construção vai gerar empregos e existindo ainda<br />

benefícios complementares para a agricultura.<br />

Uma análise, das potenciais zonas hidroeléctricas em <strong>Timor</strong>-<br />

<strong>Leste</strong> conduzida para o <strong>Plano</strong> <strong>Estratégico</strong> <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong>,<br />

i<strong>de</strong>ntificou quase quarenta locais que po<strong>de</strong>rão gerar energia entre<br />

1,2 MW e 50 MW. Com base nos resultados <strong>de</strong> uma investigação<br />

e análise <strong>de</strong>talhada, realizada para o <strong>Plano</strong> <strong>Estratégico</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>Desenvolvimento</strong>, estudos <strong>de</strong> viabilida<strong>de</strong> serão realizados sobre<br />

o potencial <strong>de</strong> zonas mini-hídricas em todo o <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>.<br />

Energia Eólica<br />

Embora a falta <strong>de</strong> vento geralmente torne a energia eólica inviável<br />

em áreas tropicais, um levantamento preliminar <strong>de</strong> potenciais<br />

locais em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> i<strong>de</strong>ntificou um número <strong>de</strong> áreas a<strong>de</strong>quadas<br />

para turbinas eólicas. Os resultados <strong>de</strong> uma análise da velocida<strong>de</strong><br />

do vento média em todo o <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> estão <strong>de</strong>finidos na figura<br />

abaixo.<br />

107


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 3<br />

Figura 12 Atlas da média anual <strong>de</strong> velocida<strong>de</strong> do vento<br />

Fonte: <strong>Plano</strong> <strong>de</strong> Electrificação <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> com base em Energias Renováveis, 2010<br />

A análise preliminar mostrou que as áreas montanhosas do leste <strong>de</strong> Maliana, e sudoeste e leste<br />

<strong>de</strong> Venilale e Quelicai, <strong>de</strong>stacam-se como áreas potenciais para produção <strong>de</strong> electricida<strong>de</strong> eólica.<br />

Testes adicionais em cinco estações meteorológicas, ao longo <strong>de</strong> um período <strong>de</strong> 12 meses e os<br />

resultados da análise técnica informática revelaram que Bobonaro e Lariguto possuem condições<br />

mais a<strong>de</strong>quadas à energia eólica. Esta análise também teve em conta factores, tais como:<br />

• O potencial para ser integrado na re<strong>de</strong> <strong>de</strong> electricida<strong>de</strong> .<br />

• A existência <strong>de</strong> estradas e portos para o transporte <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s turbinas eólicas.<br />

• A capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gerir a variabilida<strong>de</strong> e imprevisibilida<strong>de</strong> do recurso.<br />

Outros potenciais áreas ‘<strong>de</strong> vento’ serão ainda objecto <strong>de</strong> análise como sejam, Fatumean (Covalima)<br />

Aituto (Ainaro) e Lebos (Bobonaro).<br />

O parque eólico <strong>de</strong> Lariguto será construído e ligado, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> dois anos, para servir como mo<strong>de</strong>lo<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> parques eólicos.<br />

Energia solar<br />

A energia solar usa o calor do sol para gerar electricida<strong>de</strong> usando uma varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> tecnologias.<br />

As instalações, domésticas e autónomas, serão usadas para fornecer energia eléctrica, nas áreas<br />

muito remotas <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, com um terreno difícil, on<strong>de</strong> não será possível ace<strong>de</strong>r ao sistema<br />

<strong>de</strong> distribuição eléctrica.<br />

108


PED - 2011 - 2030 - DESENVOLVIMENTO DE INFRA-ESTRUTURAS<br />

A figura abaixo mostra os resultados <strong>de</strong> uma pesquisa <strong>de</strong> taxas <strong>de</strong> luz solar diária em <strong>Timor</strong>-<br />

<strong>Leste</strong>. Os resultados sugerem que todo o território <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> tem o potencial <strong>de</strong> sucesso <strong>de</strong><br />

produzir energia solar.<br />

Figura 13 Mapa do nível <strong>de</strong> raios solares diários em todo o País<br />

Fonte: <strong>Plano</strong> <strong>de</strong> Electrificação <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> com base em Energias Renováveis, 2010<br />

As taxas reais globais <strong>de</strong> luz solar diária, em termos <strong>de</strong> gama média anual variam entre 14,85 e<br />

22,33 MJ / m² por dia. Estas taxas indicam que todo o território <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> tem potencial <strong>de</strong><br />

sucesso para gerar energia solar.<br />

Os resultados <strong>de</strong>ste exercício <strong>de</strong> mapeamento serão usados para i<strong>de</strong>ntificar os locais em áreas<br />

remotas que têm as melhores condições para o <strong>de</strong>senvolvimento e construção <strong>de</strong> centrais solares<br />

fotovoltaicas. Os factores a serem consi<strong>de</strong>rados incluem o terreno local, orientação, proximida<strong>de</strong><br />

com a linha <strong>de</strong> transmissão, a acessibilida<strong>de</strong> e a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vegetação. Como esses sistemas<br />

<strong>de</strong> energia solar são relativamente simples <strong>de</strong> instalar, os membros das comunida<strong>de</strong>s locais serão<br />

treinados para instalar e manter os sistemas.<br />

Um programa <strong>de</strong> iluminação solar será apoiado, oferecendo a cerca <strong>de</strong> 100 mil famílias o acesso à<br />

luz eléctrica até 2020.<br />

Para <strong>de</strong>monstrar o potencial da energia solar, em 2015, será estabelecido em Díli um Centro<br />

Solar.<br />

Energia <strong>de</strong> biomassa<br />

A energia da biomassa é produzida por ou a partir <strong>de</strong> plantas ou resíduos <strong>de</strong> animais. Por exemplo,<br />

a ma<strong>de</strong>ira torna-se uma fonte <strong>de</strong> energia <strong>de</strong> biomassa, quando é processada como combustível<br />

para cozinhar. Os resíduos agrícolas, como excremento <strong>de</strong> vaca, po<strong>de</strong>m ser transformados em<br />

biomassa para formar biogás, que será engarrafado e usado para cozinhar ou outras activida<strong>de</strong>s.<br />

109


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 3<br />

As culturas como milho e cana-<strong>de</strong>-açúcar po<strong>de</strong>m produzir etanol, que po<strong>de</strong>m ser usados para<br />

abastecer veículos. O lixo doméstico e industrial po<strong>de</strong> ser processado em fábricas especialmente<br />

concebidas para produzir electricida<strong>de</strong>.<br />

Uma análise realizada para o <strong>Plano</strong> <strong>Estratégico</strong> <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> biomassa<br />

acima do solo em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> encontrou a maior concentração <strong>de</strong> biomassa vegetal associada a<br />

florestas tropicais em áreas <strong>de</strong> planalto e também áreas com média e baixa <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> florestal.<br />

Esta análise avaliou também o tipo <strong>de</strong> solo e a geografia local. Os resultados constam na figura<br />

abaixo.<br />

Figura 14 Mapa do potencial da biomassa<br />

Fonte: <strong>Plano</strong> <strong>de</strong> Electrificação <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> com base em Energias Renováveis, 2010<br />

Os distritos <strong>de</strong> Manatuto, Viqueque e Lautem foram i<strong>de</strong>ntificados como tendo maior potencial para<br />

a instalação <strong>de</strong> novas técnicas <strong>de</strong> conversão <strong>de</strong> biomassa em electricida<strong>de</strong>. Estudos <strong>de</strong> viabilida<strong>de</strong><br />

serão realizados aos potenciais projectos nestas regiões.<br />

Também será levado a cabo um estudo <strong>de</strong> viabilida<strong>de</strong> sobre a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> construir uma<br />

central termoeléctrica para gerar energia a partir <strong>de</strong> lixo doméstico e industrial <strong>de</strong> Díli.<br />

110


PED - 2011 - 2030 - DESENVOLVIMENTO DE INFRA-ESTRUTURAS<br />

METAS<br />

Até 2015:<br />

• Toda a população terá acesso à electricida<strong>de</strong> 24h/dia.<br />

• Duas novas estações <strong>de</strong> energia terão sido construídas em Hera e Betano fornecendo<br />

250 megawatts <strong>de</strong> electricida<strong>de</strong> para apoiar o <strong>de</strong>senvolvimento social e económico em<br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>.<br />

• Um novo mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> gestão para o sector <strong>de</strong> electricida<strong>de</strong> será estabelecido segundo as<br />

melhores práticas internacionais.<br />

• A central <strong>de</strong> Lariguto será construída segundo um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento eólico.<br />

• Uma central solar será construída em Díli para <strong>de</strong>monstrar o potencial da energia solar.<br />

• Serão realizados estudos <strong>de</strong> viabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> longo prazo com vista à atracção <strong>de</strong> indústrias<br />

<strong>de</strong> processamento <strong>de</strong> gás, mini-projectos hídricos e viabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> centrais<br />

termoeléctricas que gerem electricida<strong>de</strong> através <strong>de</strong> resíduos domésticos e industriais.<br />

Até 2020:<br />

• 50% da energia <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> vai ser produzida por fontes renováveis <strong>de</strong> energia.<br />

• Aproximadamente 100.000 famílias terão acesso a energia solar.<br />

Até 2030:<br />

• Todas as famílias em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> terão acesso a electricida<strong>de</strong>, quer pela expansão do<br />

sistema convencional <strong>de</strong> energia eléctrica ou através da utilização <strong>de</strong> energia renovável.<br />

111


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 3<br />

P O R T O S M A R Í T I M O S<br />

VISÃO GERAL E DESAFIOS<br />

A expansão da economia <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> e o aumento da procura, criada pelo programa <strong>de</strong><br />

infra-estruturas do <strong>Plano</strong> <strong>Estratégico</strong> <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong>, irá criar uma necessida<strong>de</strong> urgente<br />

<strong>de</strong> uma maior capacida<strong>de</strong> portuária, tanto no norte como no litoral sul. O <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>de</strong> infra-estrutura portuária é fundamental para permitir que <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> importe bens<br />

essenciais e equipamentos, para fortalecer a nossa economia e construir infra-estruturas <strong>de</strong><br />

gran<strong>de</strong> escala.<br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> está <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> um único porto nacional em Díli para todas as nossas importações<br />

e exportações <strong>de</strong> carga geral. Os serviços regulares <strong>de</strong> transporte directo são actualmente<br />

oferecidos para Darwin na Austrália, Kota Kinabalu na Malásia, Surabaya na Indonésia e Singapura.<br />

Outros serviços também operam a partir <strong>de</strong> portos na Indonésia. O serviço <strong>de</strong> ferry opera entre Díli<br />

e Oe-cusse Ambeno duas vezes por semana e entre Díli e Ataúro uma vez por semana.<br />

O porto <strong>de</strong> Díli foi anteriormente um porto costeiro, mas actualmente é o único porto marítimo<br />

internacional em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>. A disposição dos edifícios e armazéns <strong>de</strong> carga no porto é mais<br />

a<strong>de</strong>quado à sua função anterior que, como porto costeiro, lidava apenas com cargas gerais, e não<br />

com navios contentores transportando mercadorias internacionais.<br />

O comprimento do cais do porto é <strong>de</strong> 380 metros e po<strong>de</strong> acomodar, simultaneamente, dois navios<br />

<strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte. Os serviços <strong>de</strong> carga e <strong>de</strong>scarga também estão disponíveis para o carregamento<br />

frontal <strong>de</strong> navios. O Porto <strong>de</strong> Díli está a enfrentar dificulda<strong>de</strong>s, em dar vazão ao enorme volume <strong>de</strong><br />

carga, e esta situação po<strong>de</strong>rá agravar-se quando a economia se expandir. A capacida<strong>de</strong> limitada<br />

do Porto já provoca atrasos na atracação <strong>de</strong> entre três e oito navios.<br />

O volume do porto é cerca <strong>de</strong> 200 mil toneladas por ano (80% <strong>de</strong> importações e 20% <strong>de</strong><br />

exportações), mas o crescimento da nossa economia irá trazer maiores volumes <strong>de</strong> carga ao porto.<br />

Nos últimos seis anos, tem havido um aumento médio acumulado <strong>de</strong> 20% ao ano no fluxo <strong>de</strong><br />

contentores e é esperado que esta elevada taxa <strong>de</strong> crescimento continue. Até 2015, o Porto <strong>de</strong> Díli<br />

po<strong>de</strong> ser obrigado a lidar com o dobro da carga actual, o que vai colocar uma enorme pressão nas<br />

instalações portuárias existentes.<br />

Uma série <strong>de</strong> problemas actuais, limita a capacida<strong>de</strong> e o funcionamento do Porto <strong>de</strong> Díli,<br />

incluindo:<br />

• Limitações do porto, especialmente as restrições em época seca, o que elimina o acesso<br />

da concorrência das frotas marítimas que operam navios <strong>de</strong> maior porte, o que significa<br />

que apenas navios <strong>de</strong> pequeno porte são capazes <strong>de</strong> ace<strong>de</strong>r ao porto, diminuindo a<br />

produtivida<strong>de</strong>.<br />

• Limitação <strong>de</strong> terreno para ampliar o porto.<br />

112


PED - 2011 - 2030 - DESENVOLVIMENTO DE INFRA-ESTRUTURAS<br />

• A estrada <strong>de</strong> acesso a Díli congestionada e, tendo como entrada uma intersecção, torna<br />

o acesso ina<strong>de</strong>quado.<br />

• Não existem instalações para acomodar ou capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> exportar para a indústria<br />

pesqueira.<br />

Não existem soluções fáceis para estes problemas, mas sem intervenção, é provável que o Porto<br />

<strong>de</strong> Díli não tenha capacida<strong>de</strong> para respon<strong>de</strong>r à procura <strong>de</strong> carga nos próximos 4 a 6 anos.<br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> também possui instalações portuárias em Hera, Tibar, Oe-Cússe Ambeno, Kairabela,<br />

Ataúro e Com, mas todos apresentam condições precárias <strong>de</strong> conservação. Os portos em Oe-Cússe<br />

Ambeno e Ataúro oferecem o único meio significativo <strong>de</strong> acesso a estas regiões. Não existem<br />

portos ou instalações para atracagem <strong>de</strong> pequenos navios na costa sul e toda a agricultura e<br />

indústria é totalmente <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do transporte rodoviário, para o norte, que é caro e pouco<br />

confiável.<br />

ESTRATÉGIAS E ACÇÕES<br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> irá estabelecer novos portos marítimos em Tibar, na costa norte, e no Suai no litoral<br />

sul, para apoiar a nossa economia em crescimento e fazer face às exigências futuras <strong>de</strong> carga.<br />

Porto <strong>de</strong> Tibar<br />

A construção <strong>de</strong> um porto em Tibar é uma priorida<strong>de</strong> nacional para o <strong>de</strong>senvolvimento da nossa<br />

Nação. Este porto será <strong>de</strong>senvolvido como um porto multi-funcional, com uma capacida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> escoar 1 milhão <strong>de</strong> toneladas por ano e, ao mesmo tempo, aten<strong>de</strong>r a carga comercial e a<br />

necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> passageiros.<br />

Tibar está bem localizado para um porto comercial. É protegido das ondas por Ataúro e o litoral<br />

norte é muito mais calmo do que na costa sul <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>. Existe ainda a protecção oferecida<br />

pelo recife exterior. O projecto do Porto <strong>de</strong> Tibar envolverá:<br />

• A construção <strong>de</strong> um cais e instalações em terra<br />

• A construção <strong>de</strong> uma estrada <strong>de</strong> Díli para Tibar permitindo o acesso do transporte<br />

rodoviário ao porto<br />

• Dragagem<br />

• Novas estradas <strong>de</strong> acesso<br />

• A possível construção <strong>de</strong> um quebra-mar.<br />

O porto <strong>de</strong> Tibar será construído por fases, mediante o aumento da procura e a disponibilização<br />

<strong>de</strong> financiamento e dotações orçamentais.<br />

113


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 3<br />

A primeira etapa do <strong>de</strong>senvolvimento envolverá a construção do necessário quebra-mar, a<br />

dragagem e construção <strong>de</strong> novos ancoradouros para navios, imediatamente adjacente à entrada<br />

do porto, incluindo os edifícios principais. A segunda etapa envolverá a construção <strong>de</strong> um terminal<br />

<strong>de</strong> combustível e um terminal maior para contentores e carga em geral. A fase final irá <strong>de</strong>senvolver<br />

os restantes cais à medida que estes forem necessários.<br />

O planeamento preliminar para o projecto do Porto <strong>de</strong> Tibar já foi iniciado e, em 2020, <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong><br />

terá um novo porto, eficiente e em pleno funcionamento.<br />

Figura 15 <strong>Plano</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento do Porto <strong>de</strong> Tibar<br />

Fonte: Relatório da “ International Finance Corporation, Public Private Partnership, Approaches to Port Development in <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>”, Março 2011<br />

Porto do Suai<br />

Uma base logística para o sector do petróleo será estabelecida em Suai. Esta base irá possibilitar<br />

que a costa sul <strong>de</strong>senvolva o sector <strong>de</strong> petróleo nacional, juntamente com as indústrias e empresas<br />

relevantes e <strong>de</strong> apoio. O ponto central <strong>de</strong>ste <strong>de</strong>senvolvimento será a construção <strong>de</strong> um novo porto<br />

no Suai. Esta instalação irá abrir a costa sul ao investimento e ao crescimento, e fornecer um ponto<br />

<strong>de</strong> acesso internacional para <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>.<br />

O novo porto do Suai irá ser um ponto <strong>de</strong> entrada para os materiais e equipamentos, que serão<br />

necessários à indústria petrolífera, para construir o complexo industrial e as infra-estruturas.<br />

Será um porto multi-funcional e inclui um parque para contentores, armazém para a logística e<br />

instalações <strong>de</strong> armazenamento <strong>de</strong> combustível. O porto também po<strong>de</strong>rá acomodar instalações<br />

para a construção e reparação <strong>de</strong> navios. A construção do porto irá exigir um quebra-mar que<br />

ofereça protecção contra as ondas do Mar <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>.<br />

O porto do Suai fará parte da Plataforma <strong>de</strong> Abastecimento do Suai, que se tornará a base industrial<br />

nacional e o centro logístico para a criação <strong>de</strong> emprego e <strong>de</strong>senvolvimento económico na costa<br />

114


PED - 2011 - 2030 - DESENVOLVIMENTO DE INFRA-ESTRUTURAS<br />

sul. A plataforma irá também apoiar a criação das plataformas <strong>de</strong> petróleo em Betano/Manufahi,<br />

e Beaço/Viqueque.<br />

Portos regionais<br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> empenhar-se-á num projecto <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> portos regionais ao longo dos<br />

próximos <strong>de</strong>z anos. As instalações portuárias serão construídas, reabilitadas ou substancialmente<br />

alargadas nas seguintes zonas:<br />

• Com, on<strong>de</strong> o cais será mo<strong>de</strong>rnizado para permitir a construção <strong>de</strong> um porto e <strong>de</strong> uma<br />

instalação <strong>de</strong> protecção das pescas.<br />

• Ataúro, on<strong>de</strong> um porto será construído para dar escoamento à carga, passageiros, pesca<br />

e turismo.<br />

• Kairabela, no sub-distrito <strong>de</strong> Vemasse, on<strong>de</strong> um pequeno porto será construído para<br />

facilitar o acesso ao mar no distrito <strong>de</strong> Baucau.<br />

• Oe-Cusse Ambeno, on<strong>de</strong> o cais <strong>de</strong> passageiros irá ser reabilitado, numa primeira fase, a<br />

ter começo em 2011, seguida pela construção <strong>de</strong> uma instalação <strong>de</strong> maré-in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte<br />

e cais <strong>de</strong> carga seca, e reabilitação do existente cais <strong>de</strong> carga.<br />

• Manatuto, on<strong>de</strong> um pontão será construído com instalações <strong>de</strong> refrigeração para permitir<br />

a exportação <strong>de</strong> produtos <strong>de</strong> pesca e da agricultura.<br />

Além disso, as instalações da Marinha serão construídos no porto <strong>de</strong> Hera, enquanto as instalações<br />

portuárias serão planeadas para a parte oriental da costa sul em torno <strong>de</strong> Beaço.<br />

Oe-Cusse Ambeno<br />

Oe-Cusse Ambeno é um distrito maravilhoso, com ca<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> montanhas<br />

e longas praias tropicais. A cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Lifau é o local do estabelecimento<br />

original <strong>de</strong> <strong>Timor</strong> Português em 1540 e é um lugar tranquilo e atractivo à<br />

beira-mar. A capital <strong>de</strong> Oe-Cusse Ambeno, Pante Makassar, foi o primeiro<br />

assentamento permanente dos Portugueses e ainda há relíquias <strong>de</strong>sse<br />

período para explorar, incluindo a guarnição colonial e a construção<br />

antiga da administração Portuguesa.<br />

Oe-Cusse Ambeno fornece um refúgio i<strong>de</strong>al para os visitantes, oferecendo praias tropicais com<br />

coqueiros e recifes <strong>de</strong> corais para mergulho. Os turistas também po<strong>de</strong>m caminhar através das<br />

montanhas da região, que apresentam florestas <strong>de</strong>nsas, vistas espectaculares e cascatas. Para<br />

os turistas que visitam <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, o enclave <strong>de</strong> Oe-Cusse Ambeno fornece a mistura i<strong>de</strong>al <strong>de</strong><br />

opulento património cultural, serras, praias paradisíacas e acolhedora população local.<br />

115


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 3<br />

As instalações <strong>de</strong> embarque e <strong>de</strong>sembarque dos passageiros, incluindo as infra-estruturas inerentes<br />

aos movimentos do tráfego, serão fundamentais para atrair um maior número <strong>de</strong> visitantes ao Oe-<br />

Cusse Ambeno, com o posterior estabelecimento <strong>de</strong> novas empresas ligadas ao turismo, que irão<br />

dinamizar a economia do distrito e gerar novos empregos e oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> rendimento para a<br />

população.<br />

METAS<br />

Até 2015:<br />

• O Porto do Suai terá sido construído e estará a funcionar <strong>de</strong> forma eficiente.<br />

• O projecto <strong>de</strong> portos regionais terá construído instalações portuárias em Com, Atauro,<br />

Vemasse e Oe-Cusse Ambeno.<br />

• A construção <strong>de</strong> um porto em Tibar terá começado.<br />

Até 2020:<br />

• O Porto <strong>de</strong> Tibar estará a funcionar <strong>de</strong> forma eficiente, como a principal instalação<br />

portuária <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>.<br />

• O programa <strong>de</strong> portos regionais terá <strong>de</strong>senvolvido as instalações portuárias em Kairabela<br />

e na costa sul em torno <strong>de</strong> Beaço.<br />

116


PED - 2011 - 2030 - DESENVOLVIMENTO DE INFRA-ESTRUTURAS<br />

A E R O P O R T O S<br />

VISÃO E DESAFIOS<br />

O Aeroporto Internacional Presi<strong>de</strong>nte Nicolau Lobato, em Díli, é o único aeroporto<br />

internacional em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> com ligações <strong>de</strong> serviços regulares com Darwin, Denpassar<br />

e Singapura. O crescimento económico geralmente tem impacto na procura <strong>de</strong> condições<br />

aeroportuárias. Isto significa que o tráfego aéreo irá aumentar significativamente no nosso<br />

aeroporto nacional nos próximos anos. Contudo, o aeroporto internacional Presi<strong>de</strong>nte<br />

Nicolau Lobato não tem capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> resposta ao aumento <strong>de</strong> passageiros e aeronaves,<br />

com segurança para o futuro.<br />

A condição do Aeroporto Internacional Presi<strong>de</strong>nte Nicolau Lobato é precária e necessita <strong>de</strong><br />

substanciais melhorias e <strong>de</strong>senvolvimento para acolher o aumento no número <strong>de</strong> passageiros<br />

e apoiar o mercado turístico. O aeroporto e sua pista são actualmente incapazes <strong>de</strong> acomodar<br />

aeronaves <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte.<br />

Existe um aeroporto em Baucau, com uma pista <strong>de</strong> 2.500 metros, e que presentemente não está<br />

operacional. Outras pistas em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, incluem uma pista coberta <strong>de</strong> 1.050 metros no Suai,<br />

uma pista <strong>de</strong> cascalho em Oe-Cússe Ambeno e aeródromos, em pelo menos, outros cinco locais<br />

com pistas em condições precárias. Não existem serviços regulares para qualquer um <strong>de</strong>stes<br />

aeroportos e aeródromos.<br />

ESTRATÉGIA E ACÇÕES<br />

Para respon<strong>de</strong>r à futura procura <strong>de</strong> tráfego aéreo, vamos expandir o Aeroporto Internacional<br />

Presi<strong>de</strong>nte Nicolau Lobato, em Díli, e construir e reabilitar as pistas <strong>de</strong> aterragem regionais para<br />

criar uma capacida<strong>de</strong> efectiva <strong>de</strong> aviação distrital.<br />

Aeroporto Internacional Presi<strong>de</strong>nte Nicolau Lobato<br />

O Aeroporto Internacional Presi<strong>de</strong>nte Nicolau Lobato tem uma circulação <strong>de</strong> passageiros <strong>de</strong>,<br />

aproximadamente, 80.000 a 100.000 por ano. O aeroporto tem uma pista, com um comprimento<br />

<strong>de</strong> 1.850 metros e 30 metros <strong>de</strong> largura, permitindo <strong>de</strong>scolar <strong>de</strong> dois lados, uma torre <strong>de</strong> controlo,<br />

um terminal <strong>de</strong> passageiros e um terminal VIP separado.<br />

Para respon<strong>de</strong>r à futura procura, o aeroporto será ampliado para permitir gerir aproximadamente<br />

um milhão <strong>de</strong> passageiros por ano até 2020. Isso envolverá a extensão da pista e um novo<br />

terminal.<br />

A pista irá aumentar até cerca <strong>de</strong> 2.500 metros, para permitir ao aeroporto receber aviões <strong>de</strong> gran<strong>de</strong><br />

porte, como o Airbus 330. Sendo que um aeroporto <strong>de</strong> padrão internacional, necessita <strong>de</strong> uma<br />

pista <strong>de</strong> pelo menos 3.000 metros, o que permite a aterragem da maioria das aeronaves, incluindo<br />

o Boeing 747, uma pista <strong>de</strong>ste comprimento não será planeada. Não só é pouco provável que os<br />

aviões do tamanho <strong>de</strong> um Boeing 747 sejam comercialmente viáveis para transitar no aeroporto<br />

117


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 3<br />

<strong>de</strong> Díli, nos próximos 20 anos, mas também a expansão da pista para 3.000 metros requererá a<br />

construção para o mar e, com uma profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aproximadamente 60 metros, tornará o custo<br />

do projecto exorbitante.<br />

Portanto, a pista será estendida, na direcção da ribeira <strong>de</strong> Comoro, até um comprimento <strong>de</strong> cerca<br />

<strong>de</strong> 2.500 metros. Para melhorar a segurança e cumprir as normas internacionais, a largura da pista<br />

também será aumentada dos actuais 30 metros para 45 metros.<br />

As novas instalações do terminal serão construídas, para apoiar as operações <strong>de</strong> um aeroporto<br />

mo<strong>de</strong>rno e dar resposta ao <strong>de</strong>senvolvimento da indústria do turismo. Para apoiar o crescimento<br />

do turismo, o aeroporto será promovido aos operadores internacionais e companhias aéreas<br />

regionais.<br />

Como parte da mo<strong>de</strong>rnização do aeroporto, a gestão do aeroporto irá ser transferida para uma<br />

autorida<strong>de</strong> aeroportuária, que incidirá sobre os aspectos comerciais do aeroporto, para manter<br />

uma capacida<strong>de</strong> operacional e <strong>de</strong> financiamento a longo prazo.<br />

Aeroportos regionais - Lospalos, Same, Viqueque, Suai, Baucau<br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> também <strong>de</strong>verá <strong>de</strong>senvolver um programa <strong>de</strong> aviação distrital. A Nação em breve<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá da aviação civil local para evacuações médicas, bem como a prestação eficiente <strong>de</strong><br />

muitos serviços governamentais, segurança e comércio.<br />

Iremos <strong>de</strong>senvolver um plano <strong>de</strong> Aviação Distrital, que ofereça uma capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aviação<br />

distrital e i<strong>de</strong>ntifique os actuais e propostos aeródromos, assim como as necessida<strong>de</strong>s da capital<br />

para a mo<strong>de</strong>rnização e reabilitação das mesmas. O plano incluirá a reabilitação ou construção<br />

<strong>de</strong> aeródromos, pelo menos no Suai, Oe-Cússe Ambeno, Lospalos, Maliana, Viqueque, Same e<br />

Ataúro.<br />

O aeroporto <strong>de</strong> Baucau também será <strong>de</strong>senvolvido, como uma alternativa ao aeroporto <strong>de</strong> Díli.<br />

Isto incluirá a construção <strong>de</strong> uma torre <strong>de</strong> controlo e terminal. O aeroporto <strong>de</strong> Baucau será também<br />

usado como base aérea militar.<br />

METAS<br />

Até 2015:<br />

• O <strong>Plano</strong> do Aeroporto Internacional Presi<strong>de</strong>nte Nicolau Lobato terá sido concluído e as obras <strong>de</strong><br />

reconstrução, das instalações do terminal e a mo<strong>de</strong>rnização da pista, terão sido realizadas<br />

• Os aeroportos distritais <strong>de</strong> Maliana, Baucau e Oe-Cusse Ambeno terão sido reabilitados<br />

118


PED - 2011 - 2030 - DESENVOLVIMENTO DE INFRA-ESTRUTURAS<br />

Até 2020:<br />

• O Aeroporto Internacional Presi<strong>de</strong>nte Nicolau Lobato será um aeroporto internacional <strong>de</strong> padrão<br />

mo<strong>de</strong>rno com capacida<strong>de</strong> para circular um milhão <strong>de</strong> passageiros por ano<br />

• <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> vai ter uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> aeroportos distritais totalmente operacionais, incluindo os<br />

aeroportos <strong>de</strong> Suai, Baucau, Oe-Cusse Ambeno, Lospalos, Maliana, Viqueque, Same e Ataúro<br />

• O aeroporto <strong>de</strong> Baucau vai operar como um aeroporto alternativo ao Aeroporto Internacional<br />

Presi<strong>de</strong>nte Nicolau Lobato e funcionará como uma base militar.<br />

119


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 3<br />

T E L E C O M U N I C A Ç Õ E S<br />

VISÃO GERAL E DESAFIOS<br />

“Precisamos <strong>de</strong> um<br />

bom sistema <strong>de</strong><br />

comunicações por<br />

todo o País, não<br />

somente nas cida<strong>de</strong>s.”<br />

Uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> telecomunicações eficaz une as<br />

pessoas e apoia o crescimento das empresas<br />

e a prestação <strong>de</strong> serviços do governo. Liga as<br />

al<strong>de</strong>ias, vilas e cida<strong>de</strong>s entre si e daí ao mundo.<br />

As telecomunicações são essenciais para<br />

o futuro <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>,<br />

incluindo a criação <strong>de</strong> empregos, o crescimento<br />

dos negócios e a prestação <strong>de</strong> serviços vitais,<br />

como saú<strong>de</strong>, educação e segurança.<br />

Motorista, sub-distrito <strong>de</strong> Hatubilico,<br />

distrito <strong>de</strong> Ainaro, Consulta Nacional,<br />

O mundo está a entrar numa nova era <strong>de</strong><br />

17 <strong>de</strong> Maio <strong>de</strong> 2010<br />

telecomunicações, que é caracterizada por novos<br />

dispositivos <strong>de</strong> acessibilida<strong>de</strong> e custos. Esta nova<br />

época irá transformar a maneira com que as pessoas contactam umas com as outras e com o<br />

mundo. Vemos já gran<strong>de</strong>s mudanças, na forma como as pessoas ace<strong>de</strong>m à internet e, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong><br />

um ano ou mais, a maioria das ligações globais será feita através <strong>de</strong> dispositivos sem fio, incluindo<br />

telefones inteligentes, e portáteis. Os custos <strong>de</strong> acesso à tecnologia e ligação são cada vez mais<br />

reduzidos, em parte impulsionados pelas economias emergentes.<br />

O avanço da tecnologia e a redução dos custos unitários, vão abrir novas possibilida<strong>de</strong>s e vão<br />

resultar em alterações na maneira como vivemos as nossas vidas. Um dos melhores investimentos<br />

que <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> po<strong>de</strong> fazer, é assegurar que façamos parte <strong>de</strong>sta mudança estrutural no<br />

relacionamento global, social e económico. A construção <strong>de</strong> infra-estruturas <strong>de</strong> telecomunicações<br />

irá apoiar os nossos avanços na saú<strong>de</strong> e educação, e a expansão da nossa economia, ao permitir<br />

que o nosso povo tenha acesso a re<strong>de</strong>s globais <strong>de</strong> entretenimento e conhecimento.<br />

Não possuindo suficiente acesso à internet, que lhe permita beneficiar da actual<br />

tecnologia <strong>de</strong> telecomunicações, o nosso povo não po<strong>de</strong>rá tomar parte nem beneficiarse<br />

dos gran<strong>de</strong>s avanços que emergem da tecnologia <strong>de</strong> comunicações globais. O acesso a<br />

telefones, internet <strong>de</strong> banda larga é muito baixo, com cobertura limitada em áreas rurais,<br />

e a preços elevados. A actual capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> telecomunicações não permite ao governo<br />

coor<strong>de</strong>nar e controlar os serviços <strong>de</strong> emergência, em caso <strong>de</strong> um <strong>de</strong>sastre nacional.<br />

Em 2002, o governo conce<strong>de</strong>u o monopólio das telecomunicações a um único operador, por<br />

um período <strong>de</strong> 15 anos, que termina em 2017. Um contrato <strong>de</strong> concessão exclusivo, através<br />

<strong>de</strong> um processo <strong>de</strong> concurso, foi realizado para garantir uma rápida restauração dos serviços<br />

<strong>de</strong> telecomunicações em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>. No entanto, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> então, a procura <strong>de</strong> serviços tem<br />

aumentado substancialmente, inclusivamente nas áreas rurais, e agora a Nação precisa <strong>de</strong> um<br />

mercado competitivo para fornecer melhores serviços <strong>de</strong> telecomunicações. As outras nações, <strong>de</strong><br />

dimensão económica comparável, introduziriam a concorrência, o que resultou em mais <strong>de</strong> um<br />

fornecedor <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> telecomunicação e re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> telefone móvel. <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> beneficiará<br />

com tal alteração.<br />

120


PED - 2011 - 2030 - DESENVOLVIMENTO DE INFRA-ESTRUTURAS<br />

Entretanto, <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> é um dos países com menor ligação em termos <strong>de</strong> telecomunicações, tanto<br />

com o mundo como nas comunicações nacionais. No final <strong>de</strong> 2009, <strong>de</strong> uma população <strong>de</strong> cerca<br />

<strong>de</strong> 1,1 milhões havia apenas cerca <strong>de</strong> 2.900 assinantes <strong>de</strong> linha fixa (0,2% <strong>de</strong> penetração), 500.000<br />

telefones móveis, 1.100 assinantes <strong>de</strong> Internet, incluindo 474 assinantes <strong>de</strong> banda larga (0,1% <strong>de</strong><br />

penetração da Internet e menos <strong>de</strong> 0,05% <strong>de</strong> penetração da banda larga). A cobertura geográfica<br />

e o acesso às telecomunicações <strong>de</strong> telefone móvel nos distritos rurais também são pobres. Em<br />

2008, estimava-se que apenas cerca <strong>de</strong> 68% da população total <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> tinha acesso à<br />

cobertura <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s móveis. O acesso está a melhorar com o operador <strong>de</strong> telecomunicações a<br />

planear aumentar a cobertura para 90% da população até 2013.<br />

O acesso à Internet via ``dial-up´´ está disponível em Díli e em capitais <strong>de</strong> distrito, mas a velocida<strong>de</strong><br />

e qualida<strong>de</strong> são ina<strong>de</strong>quadas para uso em negócios, saú<strong>de</strong> e educação. O acesso <strong>de</strong> banda larga<br />

da Internet é limitado a Díli. <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> ligações caras e <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong> limitada, via<br />

satélite, para o seu acesso <strong>de</strong> banda internacional.<br />

Figura 16 Penetração da banda larga em países <strong>de</strong> baixo rendimento, <strong>de</strong> 2007-2008<br />

Fonte: “ITU World Telecomunication / ICT”, indicadores 2009<br />

ESTRATÉGIA E ACÇÕES<br />

A nossa visão é que, até 2015, teremos uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> telecomunicações mo<strong>de</strong>rna, que<br />

ligue as pessoas em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> entre si e ao mundo, e que nos permitirá tirar o máximo<br />

proveito dos avanços <strong>de</strong> telecomunicações globais. Para alcançar a nossa visão, vamos abrir<br />

o nosso mercado das telecomunicações à concorrência, estabelecer um órgão regulador<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte e introduzir uma política <strong>de</strong> serviço universal que irá melhorar drasticamente<br />

o acesso aos serviços <strong>de</strong> telecomunicações que sejam acessíveis, seguros e mo<strong>de</strong>rnos.<br />

121


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 3<br />

O fundamento da nossa abordagem será a liberalização do mercado e a introdução da concorrência,<br />

através da participação do sector privado. Um novo regime legislativo e regulamentar será<br />

introduzido para gerir o processo <strong>de</strong> liberalização do mercado. A nova lei irá oferecer a protecção<br />

da concorrência e do consumidor e estabelecer um novo órgão regulador in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte, a<br />

Autorida<strong>de</strong> Reguladora <strong>de</strong> Telecomunicações (ARTEL).<br />

A ARTEL será responsável pela regulação do sector <strong>de</strong> telecomunicações, em conformida<strong>de</strong> com a<br />

nova lei <strong>de</strong> telecomunicações. Isto incluirá o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> um regime <strong>de</strong> regulamentação, a<br />

concessão <strong>de</strong> licenças <strong>de</strong> telecomunicações, o controlo do cumprimento, evitando comportamentos<br />

anti-concorrenciais, incentivando a partilha <strong>de</strong> infra-estruturas, proporcionando a <strong>de</strong>fesa do<br />

consumidor, regulando segurança da Internet e implementando políticas. As operações da ARTEL<br />

serão financiadas a partir <strong>de</strong> taxas regulatórias, principalmente taxas <strong>de</strong> licença.<br />

Porque uma parte significativa do povo timorense não têm acesso a serviços <strong>de</strong> telecomunicações,<br />

será introduzida uma Política <strong>de</strong> Serviço Universal. Os propósitos da Política <strong>de</strong> Serviço Universal<br />

serão assegurar que cada pessoa em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> tenha acesso a cobertura <strong>de</strong> telefone móvel,<br />

aumentar o acesso à Internet <strong>de</strong> banda larga, para todas as capitais <strong>de</strong> distrito e áreas circundantes,<br />

no curto prazo e para dar cobertura em todo o <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> a médio prazo.<br />

A realida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> é que as actuais ligações via satélite da internet não po<strong>de</strong>m oferecer a<br />

capacida<strong>de</strong>, que é necessária para um sistema <strong>de</strong> telecomunicações mo<strong>de</strong>rno. Para se beneficiar<br />

da re<strong>de</strong> <strong>de</strong> telecomunicações global, precisamos <strong>de</strong> acesso a um cabo <strong>de</strong> telecomunicações<br />

submarino <strong>de</strong> fibra óptica para nos oferecer um “ponto <strong>de</strong> presença” <strong>de</strong> um núcleo gran<strong>de</strong> (ou<br />

POP). Isto irá oferecer a largura <strong>de</strong> banda <strong>de</strong> internet necessária para um sistema mo<strong>de</strong>rno.<br />

Ligação submarino por cabo <strong>de</strong> fibra óptica para <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong><br />

Uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> fibra óptica submarina liga o mundo, fornecendo internet <strong>de</strong><br />

banda larga <strong>de</strong> alta velocida<strong>de</strong>. <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> irá prosseguir uma ligação com um<br />

cabo quer da Indonésia, como a PT Telkom backbone <strong>de</strong> fibra óptica que em<br />

breve ligará com Kupang, em <strong>Timor</strong> Oci<strong>de</strong>ntal, ou a um cabo australiano. Tal<br />

ligação será operada numa base comercial, quer por operadores privados <strong>de</strong><br />

telecomunicações quer pelo governo.<br />

A partir do POP, uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> fibra óptica será colocada em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>. Esta re<strong>de</strong> incluirá cabos ao<br />

longo da nossa re<strong>de</strong> eléctrica. A partir <strong>de</strong>sta re<strong>de</strong>, ligações <strong>de</strong> re<strong>de</strong> fixa e estações -base po<strong>de</strong>rão<br />

oferecer acesso a uma nova geração móvel <strong>de</strong> banda larga, em re<strong>de</strong>s sem fio, para uma gran<strong>de</strong><br />

parte do País. Isto causará uma profunda melhoria na qualida<strong>de</strong> e velocida<strong>de</strong> dos serviços <strong>de</strong> banda<br />

larga e permitirá que o nosso povo, e especialmente as nossas crianças e jovens, possam fazer parte<br />

do mundo digital. Ao mesmo tempo que transforma a nossa economia e a prestação <strong>de</strong> serviços<br />

governamentais, incluindo saú<strong>de</strong>, educação e segurança.<br />

Os telefonemas via ``Voice over Internet Protocol´´ (VoIP) irão reduzir o custo <strong>de</strong> serviços básicos<br />

122


PED - 2011 - 2030 - DESENVOLVIMENTO DE INFRA-ESTRUTURAS<br />

<strong>de</strong> telefone e a televisão <strong>de</strong> protocolo <strong>de</strong> internet (IPTV) po<strong>de</strong> ser acedido, fornecendo televisão<br />

<strong>de</strong> alta <strong>de</strong>finição e abertura <strong>de</strong> centenas <strong>de</strong> canais em todas as línguas.<br />

No futuro, a nova tecnologia vai transformar as nossas escolas e instituições <strong>de</strong> ensino superior. As<br />

crianças, em ida<strong>de</strong> escolar, serão capazes <strong>de</strong> ace<strong>de</strong>r, em tempo real, ao ensino <strong>de</strong> todo o mundo.<br />

As traduções instantâneas irão ligar os nossos alunos com o mundo, ao mesmo tempo que, novos<br />

dispositivos e serviços <strong>de</strong> armazenamento <strong>de</strong> dados, permitirão preservar e divulgar os nossos<br />

dialectos <strong>de</strong> língua materna, as nossas histórias e a nossa cultura. Com acesso à internet individual,<br />

os alunos, em qualquer lado <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> serão capazes <strong>de</strong> interagir visualmente entre si e<br />

partilhar as suas experiências.<br />

A possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> salas <strong>de</strong> aula virtual, com alunos e professores em outras al<strong>de</strong>ias ou nações,<br />

e o acesso a materiais <strong>de</strong> pesquisa, tais como documentários, programas educacionais e novos<br />

livros digitais, terão o potencial <strong>de</strong> fazer gran<strong>de</strong>s melhorias educacionais. À medida que os custos<br />

unitários dos dispositivos <strong>de</strong> internet diminuem, <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> vai aproveitar ao máximo a promessa<br />

da era da internet. Como primeiro passo, todas as escolas serão ligadas à internet. No entanto, o<br />

progresso real será feito, quando cada aluno tiver acesso individual, através <strong>de</strong> um portátil ou<br />

computador como ferramentas educacionais on-line.<br />

O nosso sector <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> também será transformado, com acesso às especialida<strong>de</strong>s médicas, não<br />

mais afectada pela distância física. Em tempo real, consultas face-a-face via ví<strong>de</strong>o com médicos<br />

especialistas será possível, <strong>de</strong> modo que uma pessoa, nas montanhas <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, será capaz<br />

<strong>de</strong> procurar aconselhamento <strong>de</strong> um médico em Díli ou mesmo em Singapura. O apoio em tempo<br />

real e interactivo e formação para profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, também se tornará possível em todo o<br />

País.<br />

As telecomunicações mo<strong>de</strong>rnas e o acesso à Internet, também vão dar um impulso à nossa<br />

economia. Oferecerão, ao nosso povo, acesso maior ao mercado do mundo. As pequenas<br />

comunida<strong>de</strong>s em mercados emergentes em todo o mundo estão a <strong>de</strong>senvolver conhecimentos<br />

que, <strong>de</strong>pois, colocam ou ven<strong>de</strong>m através da internet. Estamos a entrar num mundo <strong>de</strong> preços<br />

global <strong>de</strong> bens e serviços e num mercado global que po<strong>de</strong> oferecer oportunida<strong>de</strong>s para a nossa<br />

economia a preços cada vez mais baixos.<br />

A melhoria das comunicações vai permitir que as pessoas trabalhem remotamente e que empresas<br />

internacionais se possam estabelecer em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, on<strong>de</strong> po<strong>de</strong>m trabalhar no mercado global<br />

nas suas casas tropicais. Os turistas serão capazes <strong>de</strong> seguir rotas turísticas interactivas, ligar-se<br />

directamente com as comunida<strong>de</strong>s locais e ace<strong>de</strong>r à informação local, sobre serviços <strong>de</strong> alojamento<br />

e informação. As nossas empresas serão capazes <strong>de</strong> usar aplicações e programas actualizados, que<br />

estão ligados a clientes e fornecedores globais, enquanto que os agricultores terão acesso a novas<br />

técnicas e conselhos <strong>de</strong> toda a região sobre as culturas, bem como a preços internacionais.<br />

A trabalhar para esta visão <strong>de</strong> um <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> ligado à comunida<strong>de</strong> mundial e tirar partido<br />

<strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s avanços em telecomunicações, vamos procurar fazer parcerias com empresas <strong>de</strong><br />

tecnologia global para explorar a promessa da tecnologia para o nosso povo.<br />

123


No curto prazo, muitas das acções que precisamos tomar serão incompatíveis com o actual<br />

contrato <strong>de</strong> concessão <strong>de</strong> monopólio. Portanto, discussões serão realizadas com a <strong>Timor</strong> Telecom<br />

para chegar a um acordo sobre reformas políticas <strong>de</strong> forma a permitir a liberalização do mercado<br />

antes do termo do contrato <strong>de</strong> concessão em 2017.<br />

METAS<br />

Até 2015:<br />

• Existirá uma cobertura <strong>de</strong> telemóvel fiável, seguro e acessível a todos os <strong>Timor</strong>enses.<br />

• Acesso a Internet seguro, acessível e <strong>de</strong> alta velocida<strong>de</strong> estará disponível em todas as<br />

capitais <strong>de</strong> distrito e áreas circundantes.<br />

• Todas as escolas, postos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e clínicas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> estarão ligados à internet.<br />

• Existirá um quadro regulamentar para gerir um mercado <strong>de</strong> telecomunicações<br />

competitivo.<br />

Até 2020:<br />

• Todo o território <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> terá acesso a Internet <strong>de</strong> alta velocida<strong>de</strong> seguro e acessível<br />

• Todos os alunos e profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> terão acesso a dispositivos portáteis <strong>de</strong><br />

Internet.<br />

• <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> terá acesso à tecnologia disponível no mundo.<br />

124


125


SDP 2011-2013 PART 1: INTRODUCTION<br />

CAPÍTULO<br />

4DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO<br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> construirá<br />

uma economia mo<strong>de</strong>rna<br />

e diversificada com base<br />

na agricultura, turismo e<br />

indústria petrolífera, com um<br />

sector privado emergente e<br />

oportunida<strong>de</strong>s para todo o<br />

nosso povo.


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 4<br />

CAPÍTULO 4<br />

DESENVOLVIMENTO<br />

E C O N Ó M I C O<br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> é um País <strong>de</strong> baixos rendimentos com um sector privado emergente, com<br />

diversificação económica limitada e concentrado sobretudo na produção agrícola. Todavia,<br />

o nosso País possui oportunida<strong>de</strong>s económicas consi<strong>de</strong>ráveis e um potencial forte para se<br />

tornar uma Nação com rendimentos médios.<br />

A nossa visão para 2030, é que <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> terá uma economia mo<strong>de</strong>rna e diversificada, com<br />

infra-estruturas <strong>de</strong> alta qualida<strong>de</strong>, incluindo estradas, electricida<strong>de</strong>, portos e telecomunicações. A<br />

agricultura <strong>de</strong> subsistência será substituída por agricultura empresarial, praticada por pequenos<br />

proprietários. <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> será auto-suficiente, em termos alimentares, e produzirá uma gama<br />

<strong>de</strong> produtos agrícolas para os mercados mundiais, incluindo bens alimentares básicos, pecuária,<br />

produtos hortícolas e frutícolas e outras culturas <strong>de</strong> rendimento, bem como produtos florestais e<br />

piscatórios.<br />

O sector petrolífero, incluindo a produção <strong>de</strong> petróleo e gás e as indústrias <strong>de</strong> “downstream”,<br />

provi<strong>de</strong>nciará uma base industrial para a nossa economia. O turismo e sobretudo o ecoturismo<br />

contribuirão <strong>de</strong> forma significativa para a economia nacional, sendo que as indústrias ligeiras<br />

complementarão e diversificarão a economia.<br />

O <strong>de</strong>senvolvimento da economia <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> assentará em torno do crescimento <strong>de</strong> três<br />

indústrias essenciais: agricultura, turismo e petróleo. <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> possui vantagens consi<strong>de</strong>ráveis<br />

a nível <strong>de</strong>stas indústrias <strong>de</strong>vido aos nossos recursos naturais, localização geográfica e perfil<br />

económico.<br />

Tabela 7 Indústrias essenciais <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong><br />

AGRICULTURA TURISMO PETRÓLEO<br />

• Culturas alimentares<br />

• Culturas <strong>de</strong> rendimento<br />

• Pecuária<br />

• Pescas<br />

• Florestas<br />

• Zona <strong>Leste</strong><br />

• Zona Central<br />

• Zona Oeste<br />

• TIMORGAP – <strong>Timor</strong> Gás e Petróleo,<br />

E.P.<br />

• Tasi Mane<br />

• Costa Sul<br />

FONTE: Aumento da Productivida<strong>de</strong> Agrícola em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, Questões e Opiniões – Nota Técnica n. 50276, Banco Mundial Fev. 2009<br />

128


PED - 2011 - 2030 - DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO<br />

D E S E N V O L V I M E N T O R U R A L<br />

VISÃO GERAL E DESAFIOS<br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> tem uma população <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 1,1 milhões <strong>de</strong> habitantes, com 75% (785.000 pessoas)<br />

a residirem nas áreas rurais. As famílias que resi<strong>de</strong>m em áreas rurais enfrentam <strong>de</strong>safios maiores<br />

do que as que resi<strong>de</strong>m em áreas urbanas. Por exemplo, a nossa população rural está muito mais<br />

sujeita a sofrer períodos <strong>de</strong> baixo consumo <strong>de</strong> alimentos do que a nossa população urbana.<br />

Figura 17 Densida<strong>de</strong> populacional em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, habitantes por quilómetro quadrado<br />

!<br />

Fonte: Censos <strong>de</strong> 2010<br />

Em média, as famílias rurais passam 3,8 meses por ano sem arroz ou milho suficiente para comerem,<br />

ao passo que as famílias urbanas só sentem escassez <strong>de</strong> alimentos dois meses por ano. Nas áreas<br />

rurais é igualmente mais difícil ace<strong>de</strong>r a serviços públicos básicos, conhecimentos sobre produção<br />

e mercados agrícolas, educação, formação profissional e oportunida<strong>de</strong>s económicas.<br />

O <strong>de</strong>senvolvimento rural é uma preocupação prioritária para <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, dada a gran<strong>de</strong><br />

percentagem da nossa população que resi<strong>de</strong> em áreas rurais. A nível nacional, a população está<br />

a crescer a uma taxa anual <strong>de</strong> 3,2%, sendo que se esta taxa se mantiver a população <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<br />

<strong>Leste</strong> irá aumentar para o dobro daqui a 17 anos. Devido à elevada taxa <strong>de</strong> natalida<strong>de</strong> e à baixa<br />

esperança <strong>de</strong> vida, 54% da nossa população rural têm menos <strong>de</strong> 19 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. O nosso <strong>de</strong>safio<br />

consiste em implementar políticas para garantir que estes jovens têm acesso a empregos nas<br />

áreas rurais, bem como nas áreas urbanas em expansão.<br />

Embora muitos jovens venham a ser naturalmente atraídos para as cida<strong>de</strong>s, Díli já está a registar<br />

um crescimento populacional rápido, tendo passado dos 175.730 habitantes em 2004 para os<br />

234.026 em 2010 – e a habitação e outras infra-estruturas não têm sido capazes <strong>de</strong> acompanhar<br />

129


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 4<br />

a crescente procura. Parte da solução para as nossas cida<strong>de</strong>s passa por encorajar a activida<strong>de</strong> económica em<br />

centros regionais e áreas rurais. Mais importante ainda, para os três quartos da nossa população que resi<strong>de</strong> em<br />

áreas rurais, o <strong>de</strong>senvolvimento rural ajudará a melhorar a segurança alimentar, a gerar empregos e a aliviar a<br />

pobreza.<br />

“Queremos habitações<br />

<strong>de</strong>centes com electricida<strong>de</strong> e<br />

saneamento para melhorar<br />

as condições <strong>de</strong> vida e a<br />

dignida<strong>de</strong> do nosso povo.”<br />

ESTRATÉGIA E ACÇÕES<br />

A criação <strong>de</strong> empregos locais é a melhor forma <strong>de</strong><br />

elevar os níveis <strong>de</strong> vida e os meios <strong>de</strong> subsistência<br />

das pessoas que resi<strong>de</strong>m em áreas rurais. Iremos<br />

promover varias acções, para promover o<br />

crescimento do sector privado nas áreas rurais,<br />

Dona <strong>de</strong> casa e mãe, Subdistrito <strong>de</strong><br />

incluindo o apoio ao crescimento <strong>de</strong> pequenas<br />

Atabae, Distrito <strong>de</strong> Maliana, Consulta e microempresas e a introdução <strong>de</strong> um Quadro<br />

Nacional, 28 <strong>de</strong> Julho <strong>de</strong> 2010<br />

Nacional <strong>de</strong> Planeamento que i<strong>de</strong>ntifique e<br />

apoie oportunida<strong>de</strong>s, no que diz respeito ao<br />

<strong>de</strong>senvolvimento rural. A nossa visão é que até 2020<br />

as comunida<strong>de</strong>s rurais possuam alimentação a<strong>de</strong>quada, quer directamente a partir da produção<br />

agrícola ou através <strong>de</strong> outras activida<strong>de</strong>s comerciais e <strong>de</strong> emprego. As famílias nas zonas rurais<br />

terão as mesmas oportunida<strong>de</strong>s que as famílias resi<strong>de</strong>ntes nas zonas urbanas. Oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

geração <strong>de</strong> rendimentos e acesso a transportes, electricida<strong>de</strong> e outros serviços e infra-estruturas<br />

fiáveis permitirão às pessoas que resi<strong>de</strong>m nas zonas rurais terem uma boa qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida, com<br />

boas perspectivas <strong>de</strong> continuarem a melhorar a sua situação.<br />

Para o <strong>de</strong>senvolvimento rural ser possível é necessário um sector agrícola pujante. Mais <strong>de</strong> 70% das<br />

famílias em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m <strong>de</strong> algum tipo <strong>de</strong> activida<strong>de</strong> agrícola para a sua sobrevivência.<br />

Face à sua dimensão, o sector agrícola é a plataforma lógica a partir da qual se <strong>de</strong>vem criar<br />

empregos e rendimentos através do <strong>de</strong>senvolvimento rural. A melhoria da produtivida<strong>de</strong> agrícola<br />

e dos níveis <strong>de</strong> vida nas zonas rurais conduzirá a uma maior procura <strong>de</strong> outros bens e serviços nas<br />

áreas rurais, o que irá encorajar o crescimento do sector privado.<br />

A economia do sector privado só cria actualmente cerca <strong>de</strong> 400 novos empregos formais por ano,<br />

sendo que o número <strong>de</strong> jovens, que ingressam no mercado <strong>de</strong> trabalho a cada ano, está entre<br />

os 12.000 e os 15.000. Esta disparida<strong>de</strong> está a fazer subir ainda mais o <strong>de</strong>semprego em geral,<br />

sendo que 23% da mão-<strong>de</strong>-obra em Díli, estão <strong>de</strong>sempregados e que, até 40% das pessoas nas<br />

zonas rurais, não têm emprego. Um sector privado pujante nas zonas rurais será necessário, para<br />

fomentar o <strong>de</strong>senvolvimento rural.<br />

O <strong>de</strong>senvolvimento da activida<strong>de</strong> agrícola e <strong>de</strong> outras activida<strong>de</strong>s do sector privado, em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>,<br />

tem sido, em gran<strong>de</strong> medida, o resultado <strong>de</strong> práticas tradicionais, com muito pouco planeamento<br />

em termos da vantagens comparativas <strong>de</strong> cada região e do acesso a mercados e a infra-estruturas.<br />

Fez-se também muito pouco, no sentido <strong>de</strong> proteger algumas das nossas áreas <strong>de</strong> <strong>de</strong> floresta, rios<br />

e zonas <strong>de</strong> captação <strong>de</strong> água mais vulneráveis e mais importantes a nível ambiental.<br />

130


PED - 2011 - 2030 - DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO<br />

Para dar resposta a estas questões, iremos <strong>de</strong>senvolver um plano nacional, <strong>de</strong> modo a i<strong>de</strong>ntificar<br />

oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, com base nas características específicas <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminadas<br />

regiões e a reduzir os <strong>de</strong>sequilíbrios <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, entre regiões e entre zonas urbanas e<br />

rurais, e a encorajar o investimento privado em áreas específicas. Este quadro está <strong>de</strong>scrito, em<br />

maior <strong>de</strong>talhe, na presente secção. Também iremos avaliar a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> incentivos fiscais e<br />

económicos, em <strong>de</strong>terminadas áreas, para encorajar o investimento. Este assunto é abordado na<br />

secção sobre investimentos do sector privado no final <strong>de</strong>ste Capítulo.<br />

Um <strong>de</strong>senvolvimento rural, alargado e sustentável, não será possível sem apoio fiável e contínuo,<br />

por parte <strong>de</strong> outros sectores, em especial transportes e estradas, água e saneamento, electricida<strong>de</strong>,<br />

saú<strong>de</strong> e educação. A taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento rural estará directamente associada à velocida<strong>de</strong> a<br />

que as infra-estruturas da Nação são reabilitadas e melhoradas. O Capítulo 3 do <strong>Plano</strong> <strong>Estratégico</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> contém as estratégias e acções para melhorar as estradas, o fornecimento <strong>de</strong><br />

electricida<strong>de</strong> e as infra-estruturas <strong>de</strong> comunicações nas zonas rurais.<br />

PROGRAMA DOS OBJECTIVOS DE DESENVOLVIMENTO DO MILÉNIO PARA OS SUCOS<br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> está a trabalhar para atingir os<br />

Objectivos <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> do Milénio (ODMs)<br />

até 2015, tendo conseguido bons progressos<br />

em muitas áreas. Continuam a existir alguns<br />

objectivos, que estão aquém do <strong>de</strong>sejado, e que<br />

irão requerer esforços concertados durante os<br />

próximos anos. Parte <strong>de</strong>stes esforços irá necessitar<br />

da compreensão e da adopção dos objectivos a<br />

nível <strong>de</strong> al<strong>de</strong>ia, para que as comunida<strong>de</strong>s locais<br />

sintam que a concretização dos alvos <strong>de</strong>pen<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>las.<br />

“O governo <strong>de</strong>ve apoiar<br />

as empresas locais para<br />

que o dinheiro continue<br />

no país.”<br />

Empresário local, sub-distrito <strong>de</strong> Maubara,<br />

distrito <strong>de</strong> Liquiçá, Consulta Nacional,<br />

12 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 2010<br />

O Programa dos Objectivos <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong><br />

do Milénio para os Sucos, no valor <strong>de</strong> 65 milhões <strong>de</strong> dólares, irá <strong>de</strong>senvolver capacida<strong>de</strong>s em<br />

vários sectores e encorajar a participação comunitária no <strong>de</strong>senvolvimento nacional. O programa<br />

começa em 2011 e funcionará pelo menos até 2015. Este programa sensibilizará as populações<br />

para os Objectivos <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> do Milénio, a nível <strong>de</strong> al<strong>de</strong>ias, e promoverá a participação<br />

e a colaboração comunitárias em prol da concretização dos objectivos.<br />

Uma componente essencial do Programa dos Objectivos <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> do Milénio para<br />

os Sucos, será a construção <strong>de</strong> casas para pessoas vulneráveis. No âmbito <strong>de</strong>ste programa, serão<br />

construídas cinco casas, todos os anos, em cada uma das 2.228 al<strong>de</strong>ias, num total mais <strong>de</strong> 55.000<br />

casas construídas até 2015. Estas casas incluirão energia solar, água, e saneamento. As comunida<strong>de</strong>s<br />

locais serão capazes <strong>de</strong> trabalhar em conjunto e <strong>de</strong> ajudar os seus vizinhos mais vulneráveis, <strong>de</strong><br />

modo a garantir que estes possuem habitações a<strong>de</strong>quadas.<br />

131


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 4<br />

DESENVOLVIMENTO DO SECTOR PRIVADO NAS ZONAS RURAIS<br />

As micro, pequenas e médias empresas constituem em média mais <strong>de</strong> 90% das empresas no mundo,<br />

representando 50 a 60% dos postos <strong>de</strong> trabalho. De acordo com as <strong>de</strong>finições do Banco Mundial,<br />

as ‘microempresas’ têm até 10 empregados, as ‘pequenas empresas’ têm até 50 empregados e as<br />

‘médias empresas’ têm entre 51 e 300 empregados. Qualquer empresa com 301 empregados ou<br />

mais é consi<strong>de</strong>rada ‘gran<strong>de</strong>’.<br />

Claramente, em termos <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento rural global em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, o sector privado tem<br />

potencial para <strong>de</strong>sempenhar um papel essencial na ajuda à erradicação da pobreza extrema.<br />

Devido à natureza <strong>de</strong> subsistência da activida<strong>de</strong> agrícola nas zonas rurais, a maior parte das<br />

pessoas, com empregos remunerados, trabalha para o <strong>Governo</strong> – como professores, profissionais<br />

<strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, extensionistas e nos <strong>de</strong>partamentos. De acordo com o Censos <strong>de</strong> 2010, 68% das pessoas,<br />

com empregos remunerados nas zonas rurais, trabalham para o <strong>Governo</strong> <strong>de</strong> alguma forma,<br />

<strong>de</strong>ixando 32% a trabalharem para o sector privado, por norma em pequenos ou muito pequenos<br />

negócios. Destes trabalhadores do sector privado, estima-se que apenas 10% sejam remunerados.<br />

Isto significa que muitas pessoas nas zonas rurais não têm rendimentos.<br />

Parte da solução consiste em provi<strong>de</strong>nciar uma base económica viável, que possibilite o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento rural. Isto irá requerer a diversificação em novas activida<strong>de</strong>s económicas, bem<br />

como melhorar a eficiência das activida<strong>de</strong>s actuais e activar as negligenciadas.<br />

Tal como foi referido, presentemente o sector privado só consegue criar cerca <strong>de</strong> 400 novos<br />

empregos formais por ano em todo o território <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>. Contudo o sector privado está<br />

a crescer. O registo <strong>de</strong> empresas tem aumentado <strong>de</strong> forma gradual, passando-se <strong>de</strong> 171 em<br />

2007 para 1.799 em 2009. A nível do registo <strong>de</strong> microempresas, passou-se das 1.212 em 2007<br />

para as 5.232 em 2009. Os processos <strong>de</strong> registo foram simplificados através do Código <strong>de</strong> Registo<br />

Comercial, a fim <strong>de</strong> encorajar a formação <strong>de</strong> mais empresas.<br />

No Capítulo 4 – Investimento do Sector Privado, incluem-se outras reformas para encorajar o sector<br />

privado, como por exemplo, uma nova lei sobre investimentos e o estabelecimento <strong>de</strong> um ‘balcão<br />

único’ para empresas. Estas iniciativas, a par com o estabelecimento da Câmara <strong>de</strong> Comércio e<br />

Indústria <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, criarão as bases para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> um sector privado forte a<br />

nível nacional.<br />

Programas para encorajar o crescimento do sector privado em áreas rurais<br />

Para envolver o sector privado, na aceleração do <strong>de</strong>senvolvimento rural, estabeleceu-se em 2009 o<br />

“Pacote Referendo”, em celebração do 10.º Aniversário do Referendo <strong>de</strong> 1999. Este pacote encorajou<br />

parcerias estratégicas entre o sector privado e o <strong>Governo</strong> em áreas urbanas e rurais na construção<br />

<strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 800 projectos <strong>de</strong> infra-estruturas <strong>de</strong> pequena e média dimensão. A iniciativa permitiu<br />

injectar fundos directamente em empresas sediadas nas comunida<strong>de</strong>s, relativamente a projectos<br />

<strong>de</strong> construção e <strong>de</strong> infra-estruturas, para estimular as economias locais,<br />

132


PED - 2011 - 2030 - DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO<br />

criar oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> emprego directo e indirecto, i<strong>de</strong>ntificar e mobilizar a base <strong>de</strong> qualificações<br />

locais e dar, às comunida<strong>de</strong>s, a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> participar na construção do País. Em resultado<br />

<strong>de</strong>ste pacote, as comunida<strong>de</strong>s locais nos 13 distritos foram envolvidas na construção e/ou<br />

reparação <strong>de</strong> estradas e pontes, infra-estruturas <strong>de</strong> saneamento, escolas, estabelecimentos <strong>de</strong><br />

saú<strong>de</strong>, abastecimento <strong>de</strong> água e infra-estruturas <strong>de</strong> controlo <strong>de</strong> cheias. O “Pacote Referendo”<br />

permitiu a priorização <strong>de</strong> projectos a nível local e possibilitou às comunida<strong>de</strong>s locais sentirem<br />

orgulho na melhoria das suas infra-estruturas locais.<br />

De forma a consolidar este programa comunitário, estabeleceu-se em 2010 o Programa <strong>de</strong><br />

<strong>Desenvolvimento</strong> Descentralizado (PDD), sendo que, em 2011, este programa inclui duas<br />

componentes. O PDD I <strong>de</strong>stina-se a projectos com um valor orçamental máximo <strong>de</strong> 150.000<br />

dólares, enquanto o PDD II visa projectos com um orçamento máximo entre os 150.000 e os<br />

500.000 dólares. O PDD preten<strong>de</strong> encorajar a activida<strong>de</strong> do sector privado nos distritos, <strong>de</strong> modo<br />

a promover o <strong>de</strong>senvolvimento equitativo em todo o País.<br />

Em 2011, existem aproximadamente 225 projectos do PDD I, planeados para os sub-distritos, num<br />

total <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 15 milhões <strong>de</strong> dólares. A nível distrital, foram i<strong>de</strong>ntificados 103 projectos, com<br />

um orçamento <strong>de</strong> 28 milhões <strong>de</strong> dólares. Estes programas irão fortalecer a economia nos distritos<br />

e encorajar o crescimento <strong>de</strong> empresas locais, para realizarem os trabalhos <strong>de</strong> construção e<br />

reabilitação <strong>de</strong> infra-estruturas. Para participarem, as empresas precisam cumprir requisitos<br />

rigorosos e <strong>de</strong>senvolver projectos <strong>de</strong> boa qualida<strong>de</strong>.<br />

Irão ser estabelecidos novos programas <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>scentralizado a fim <strong>de</strong> promover<br />

oportunida<strong>de</strong>s que permitam, às comunida<strong>de</strong>s locais, envolver-se em iniciativas <strong>de</strong> infraestruturas,<br />

resultantes do <strong>Plano</strong> <strong>Estratégico</strong> <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong>.<br />

Programa <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> do Sector Cooperativo<br />

A formação <strong>de</strong> cooperativas é outra forma <strong>de</strong> encorajar o crescimento do sector privado nas zonas<br />

rurais. A Lei sobre Cooperativas em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> regula a gestão, a eficiência e o funcionamento<br />

das cooperativas. Segundo a lei, os princípios orientadores das cooperativas consistem em<br />

melhorar o bem-estar dos seus membros e em participar no <strong>de</strong>senvolvimento do sistema<br />

económico nacional. É possível estabelecer cooperativas, com um mínimo <strong>de</strong> 15 membros e um<br />

mínimo <strong>de</strong> 1.000 dólares <strong>de</strong> capital, sendo obrigatório, que possuam o termo ‘Cooperativa’ na<br />

sua <strong>de</strong>signação. Cooperativas não-financeiras incluem produção agrícola, indústrias domésticas e<br />

serviços. Cooperativas financeiras incluem cooperativas <strong>de</strong> poupanças e cooperativas <strong>de</strong> crédito.<br />

Em Dezembro <strong>de</strong> 2010, existiam 25 cooperativas financeiras e 80 cooperativas não financeiras,<br />

registadas em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, envolvendo cerca <strong>de</strong> 10.500 membros como beneficiários directos<br />

e 25.000 beneficiários indirectos, tais como membros das famílias, parentes e comunida<strong>de</strong>s. O<br />

crescimento das cooperativas resulta, em gran<strong>de</strong> medida, <strong>de</strong> um programa <strong>de</strong> concessões do<br />

governo, que provi<strong>de</strong>ncia financiamento <strong>de</strong> arranque e concessões para formação e apoio e<br />

equipamento.<br />

133


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 4<br />

Este apoio irá continuar ao longo <strong>de</strong> 2011, com incidência no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> recursos<br />

humanos e <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong> institucional. O apoio incluirá ainda subsídios em géneros a cooperativas<br />

elegíveis. Estão disponíveis concessões para equipamentos ou ferramentas em géneros, que<br />

possam ser usados para melhorar a qualida<strong>de</strong> dos produtos, expandir mercados e promover<br />

produtos, e melhorar as infra-estruturas, como por exemplo, através da reabilitação dos edifícios<br />

se<strong>de</strong> das cooperativas.<br />

Até final <strong>de</strong> 2011, espera-se que 2.000 pessoas, incluindo agricultores, pescadores, criadores <strong>de</strong><br />

gado, maquinistas, carpinteiros, tecelães e comerciantes, beneficiem directamente do Programa<br />

<strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> do Sector Cooperativo.<br />

O programa continuará a ser apoiado, uma vez que as cooperativas são um mo<strong>de</strong>lo i<strong>de</strong>al para as<br />

comunida<strong>de</strong>s rurais conduzirem activida<strong>de</strong>s do sector privado, numa varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> áreas incluindo<br />

gestão <strong>de</strong> plantações <strong>de</strong> bambu, criação <strong>de</strong> galinhas, pesca e tecelagem.<br />

Centros <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> <strong>de</strong> Empresas<br />

O Instituto <strong>de</strong> Apoio ao <strong>Desenvolvimento</strong> Empresarial (IADE) estabeleceu Centros <strong>de</strong><br />

<strong>Desenvolvimento</strong> <strong>de</strong> Empresas em Baucau, Díli, Maliana, Maubisse e Oe-Cusse Ambeno. Estes<br />

centros prestam formação na i<strong>de</strong>ntificação, criação, melhoria e expansão <strong>de</strong> empresas.<br />

Os Centros <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> <strong>de</strong> Empresas do IADE serão alargados a todos os distritos e a<br />

gama <strong>de</strong> serviços prestados será expandida, <strong>de</strong> forma a incluir serviços <strong>de</strong> empresas agrícolas<br />

e outros i<strong>de</strong>ntificados, através <strong>de</strong> avaliações das necessida<strong>de</strong>s nos distritos. Serão procuradas<br />

parcerias com centros <strong>de</strong> formação vocacional para prestar formação relevante em qualificações<br />

técnicas.<br />

Outras estratégias incluem a subsidiação da provisão <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> empresas,<br />

a empresas emergentes até que haja procura suficiente. A subsidiação da procura <strong>de</strong>stes serviços<br />

por meio <strong>de</strong> acordos <strong>de</strong> partilha <strong>de</strong> custos, com aqueles que solicitam os serviços, é uma forma <strong>de</strong><br />

facilitar a procura e não a oferta.<br />

Os Centros <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> <strong>de</strong> Empresas terão também uma função <strong>de</strong> ‘Incubadora <strong>de</strong><br />

Empresas’ orientada para agrupamentos, através da qual se po<strong>de</strong> alugar maquinaria e pagála<br />

numa base unitária, bem como ace<strong>de</strong>r a serviços, tais como transportes, armazenamento e<br />

comercialização. Assim que os empresários tenham estabelecido empresas viáveis, através da<br />

incubadora, terão confiança para investir na sua própria maquinaria e para trabalharem <strong>de</strong> modo<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte.<br />

Daremos priorida<strong>de</strong> ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma re<strong>de</strong> local <strong>de</strong> comerciantes e ao estabelecimento<br />

<strong>de</strong> ca<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> fornecimento para produtos agrícolas. Isto será um resultado importante da extensão<br />

dos Centros <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> <strong>de</strong> Empresas. As estratégias para apoiar a re<strong>de</strong> <strong>de</strong> comerciantes,<br />

incluirão a criação <strong>de</strong> agrupamentos, o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> associações, com base em produtos e<br />

a facilitação <strong>de</strong> acordos <strong>de</strong> contratos <strong>de</strong> fornecimento.<br />

134


PED - 2011 - 2030 - DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO<br />

O nosso alvo consiste em ter 9.000 empresas registadas até 2020.<br />

Formação Vocacional nas Áreas Rurais<br />

As áreas actuais <strong>de</strong> formação vocacional incluem construção civil (como: construção, canalização,<br />

carpintaria e trabalhos <strong>de</strong> electricista), turismo e hotelaria, finanças, administração e tecnologia<br />

<strong>de</strong> informação, educação, formação e avaliação. Existem outras áreas com oportunida<strong>de</strong>s, <strong>de</strong><br />

emprego a nível da engenharia mecânica, empresas agrícolas, empresas relacionadas com o mar,<br />

tais como: construção <strong>de</strong> barcos, fabrico e processamento.<br />

Projectos <strong>de</strong> formação vocacional, tais como, o Projecto <strong>de</strong> Formação <strong>de</strong> Qualificações para<br />

Obtenção <strong>de</strong> Emprego Remunerado (acrónimo em inglês STAGE) e o Programa <strong>de</strong> Promoção<br />

do Emprego entre os Jovens (acrónimo em inglês YEP) iniciaram intervenções para qualificar<br />

os indivíduos que procuram emprego e ligá-los ao mercado <strong>de</strong> trabalho. Será prestado apoio<br />

continuado, a fim <strong>de</strong> melhorar os centros licenciados <strong>de</strong> formação espalhados pelo País,<br />

<strong>de</strong>senvolver currículos relevantes e úteis, com base nas necessida<strong>de</strong>s da indústria, conduzir<br />

programas <strong>de</strong> ‘formação <strong>de</strong> formadores’ e prestar formação <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> a alunos (ver também<br />

Capítulo 2- Educação e Formação).<br />

Proprieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Terras<br />

A reforma da lei relativa à proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> terras é fundamental para o <strong>de</strong>senvolvimento, a longo<br />

prazo, da agricultura e do sector privado, em especial no que se refere a colheitas <strong>de</strong> rendimento,<br />

tais como o café e outras potenciais indústrias agrícolas, que precisam atrair investimento.<br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> enfrenta três tipos <strong>de</strong> <strong>de</strong>safios, na reforma das terras: terrenos agrícolas sob práticas<br />

consuetudinárias; terrenos urbanos, que necessitam <strong>de</strong> divisão em zonas e <strong>de</strong> direitos <strong>de</strong><br />

proprieda<strong>de</strong> claros, e terrenos do governo que po<strong>de</strong>m ser utilizados para investimento público e<br />

privado, como por exemplo <strong>de</strong>senvolvimento do turismo ou do petróleo.<br />

Com a promulgação do Decreto-Lei que prevê o Regime <strong>de</strong> Regularização da Titularida<strong>de</strong> dos<br />

Bens imóveis em casos não disputados, a Direc ção Nacional <strong>de</strong> Terras, Proprieda<strong>de</strong>s e Serviços<br />

Cadastrais está habilitada a emitir certidões <strong>de</strong> registo do direito <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> cidadãos<br />

individuais, relativamente às parcelas sobre as quais não existia disputa. Este Decreto-Lei tem<br />

incidência sobretudo nas áreas urbanas, on<strong>de</strong> a proprieda<strong>de</strong> individual se concentra. Não,<br />

obstante, encontra-se para aprovação no Parlamento Nacional uma Proposta <strong>de</strong> Lei sobre terras (<br />

ver capítulo 5 - justiça). A falta <strong>de</strong> um registo predial contribui para a lentidão do <strong>de</strong>senvolvimento<br />

agrícola. Para além das possíveis disputas <strong>de</strong> titularida<strong>de</strong> que possam acontecer, a sua inexistência<br />

não permite o uso do direito <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong> como garantia para a obtenção dos empréstimos,<br />

limitando a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> investimento dos agricultores, em benfeitorias nas suas terras, como<br />

por exemplo sistemas <strong>de</strong> irrigação. O levantamento Cadastral em curso, ten<strong>de</strong> a expandir-se<br />

para as áreas rurais. No entanto, para corrigir este problema, e após a aprovação da Lei <strong>de</strong> Terras,<br />

mediante pedido dos interessados e em conformida<strong>de</strong> com um enquadramento procedimental<br />

específico, po<strong>de</strong>rão ser feitos levantamentos cadastrais esporádicos.<br />

135


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 4<br />

Descentralização<br />

As políticas <strong>de</strong> <strong>de</strong>scentralização ajudarão também no <strong>de</strong>senvolvimento do sector privado em<br />

áreas rurais. A <strong>de</strong>scentralização preten<strong>de</strong> promover as instituições <strong>de</strong> um Estado forte, legítimo e<br />

estável em todo o País, criar oportunida<strong>de</strong>s para a participação <strong>de</strong>mocrática, por parte <strong>de</strong> todos os<br />

cidadãos e estabelecer uma prestação <strong>de</strong> serviços públicos mais efectivos, eficientes e equitativos<br />

para apoiar o <strong>de</strong>senvolvimento social e económico da Nação.<br />

A introdução <strong>de</strong> um novo nível <strong>de</strong> governo municipal, é uma forma <strong>de</strong> atingir estes objectivos.<br />

As jurisdições administrativas existentes, a nível <strong>de</strong> sub-distrito e <strong>de</strong> distrito, serão fundidas<br />

<strong>de</strong> modo a formar novas unida<strong>de</strong>s administrativas, consolidadas e eficientes com assembleias<br />

representativas no actual nível <strong>de</strong> distrito. Estas unida<strong>de</strong>s serão melhor posicionadas para prestar<br />

serviços apropriados a cidadãos locais e terão capacida<strong>de</strong> suficiente para <strong>de</strong>sempenhar as suas<br />

funções.<br />

Todavia, isto irá requerer tempo, dado que teremos <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver e construir a nossa capacida<strong>de</strong><br />

administrativa para introduzir sistemas, processos e procedimentos, em termos <strong>de</strong> gestão pública<br />

e governação <strong>de</strong>mocrática local. Será também fundamental <strong>de</strong>senvolver recursos humanos<br />

que assegurem efectivamente as funções inerentes à área do tesouro e finanças, bem como,<br />

<strong>de</strong>senvolvam, planeiem e monitorizem a condução <strong>de</strong> programas e <strong>de</strong> serviços, a este nível <strong>de</strong><br />

governo.<br />

Empresas Agrícolas<br />

O sector privado será encorajado a fornecer serviços <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, em especial na área das<br />

empresas agrícolas, a qual <strong>de</strong>verá vir a ser uma parte muito importante do <strong>de</strong>senvolvimento do<br />

sector privado. Os serviços típicos po<strong>de</strong>m incluir:<br />

• Estudo <strong>de</strong> mercado.<br />

• Correspondência <strong>de</strong> mercado, como por exemplo, a facilitação <strong>de</strong> acordos contratuais<br />

<strong>de</strong> cultivo.<br />

• <strong>Desenvolvimento</strong> <strong>de</strong> estratégias <strong>de</strong> comercialização.<br />

• Avaliação e planeamento <strong>de</strong> empresas.<br />

• Política e advocacia.<br />

• Formação e assistência técnica.<br />

• Tecnologia e <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> produtos.<br />

• Mecanismos <strong>de</strong> financiamento.<br />

O sector privado será igualmente assistido, no fornecimento <strong>de</strong> matéria-prima para a agricultura,<br />

tais como sementes, fertilizantes e insecticidas, promovendo a emergência dos serviços <strong>de</strong> apoio<br />

136


PED - 2011 - 2030 - DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO<br />

agrícola ao sector privado. Estes serviços serão integrados no programa <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />

comunitário já <strong>de</strong>scrito na presente secção.<br />

A provisão <strong>de</strong> formação para formadores, por parte do sector privado, será encorajada com<br />

incidência na melhoria dos resultados através <strong>de</strong> empresas agrícolas. Com uma cobertura limitada,<br />

da parte <strong>de</strong> serviços públicos <strong>de</strong> divulgação, os próprios agricultores terão <strong>de</strong> ser mais instruídos e<br />

<strong>de</strong> ter acesso a cursos <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> curta duração.<br />

Iremos igualmente apoiar parcerias público-privadas mais longas, para a provisão <strong>de</strong> campanhas<br />

estratégicas <strong>de</strong> divulgação. Serão necessários peritos em industrias para <strong>de</strong>senvolver materiais<br />

<strong>de</strong> sensibilização e formação para promover as tecnologias e técnicas específicas ou para dar<br />

resposta a condicionalismos específicos, tais como doenças <strong>de</strong> culturas específicas. Os agentes<br />

<strong>de</strong> divulgação do sector público e do sector privado, incluindo ONGS, serão então formados na<br />

aplicação <strong>de</strong>stas tecnologias, antes <strong>de</strong> se mobilizarem as campanhas <strong>de</strong> divulgação. As campanhas<br />

incidirão no <strong>de</strong>sempenho, terão uma cobertura ampla e encorajarão o surgimento <strong>de</strong> prestadores<br />

<strong>de</strong> divulgação no sector privado.<br />

Iremos procurar <strong>de</strong>senvolver e executar campanhas estratégicas <strong>de</strong> divulgação, até 2015, através<br />

<strong>de</strong> parcerias público-privadas, relativamente a cada um dos produtos discutidos no seguinte<br />

subcapítulo <strong>de</strong>dicado à Agricultura.<br />

QUADRO NACIONAL DE PLANEAMENTO<br />

Como já foi referido, o <strong>de</strong>senvolvimento da activida<strong>de</strong> agrícola e <strong>de</strong> outras activida<strong>de</strong>s do sector<br />

privado em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> foi, em gran<strong>de</strong> medida, resultado <strong>de</strong> práticas tradicionais, com muito<br />

pouco planeamento em termos das vantagens comparativas <strong>de</strong> cada região.<br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> tem cerca <strong>de</strong> 15.000 km², com montanhas na parte central, que se esten<strong>de</strong>m <strong>de</strong> este<br />

a oeste e que <strong>de</strong>scem até à costa no norte, no sul e na ponta leste <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>. Em resultado<br />

do terreno extremamente montanhoso, as activida<strong>de</strong>s socioeconómicas estão concentradas,<br />

sobretudo nas planícies dos corredores norte e sul da ilha, on<strong>de</strong> se localizam a maior parte dos<br />

centros urbanos, incluindo a capital Díli.<br />

Os <strong>de</strong>sequilíbrios, entre zonas urbanas e rurais e entre regiões, são inevitáveis numa economia<br />

em rápida mudança. Para dar resposta a estes <strong>de</strong>safios e para garantir um crescimento económico<br />

mais equitativo, e uma melhor distribuição <strong>de</strong> prosperida<strong>de</strong> em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, é necessário um bom<br />

uso das terras e um bom planeamento <strong>de</strong> conservação ambiental.<br />

Até 2015, a nossa meta é que <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> tenha <strong>de</strong>senvolvido um Quadro Nacional <strong>de</strong> Planeamento,<br />

que oriente a aceleração <strong>de</strong> um crescimento económico sustentável e <strong>de</strong> um <strong>de</strong>senvolvimento<br />

equitativo, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o nível dos sucos ao nível nacional, ao mesmo tempo que se protege a<br />

biodiversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> e o ambiente natural nas zonas <strong>de</strong> protecção<br />

137


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 4<br />

Figura 18 Quadro Nacional <strong>de</strong> Planeamento<br />

Fonte: Preparado para o <strong>Plano</strong> <strong>Estratégico</strong> <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong><br />

Corredores <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> Regional<br />

O Quadro Nacional <strong>de</strong> Planeamento incluirá dois Corredores <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> Regional, o<br />

corredor <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento norte e o corredor <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento sul, bem como diversas zonas<br />

especiais concebidas para orientar o <strong>de</strong>senvolvimento, com base em características específicas<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>terminadas regiões. O quadro dará orientação para se i<strong>de</strong>ntificar o potencial para o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> recursos locais, oportunida<strong>de</strong>s para encorajar o crescimento e as activida<strong>de</strong>s<br />

económicas, e investimentos para reduzir diferenças <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, entre regiões e entre<br />

zonas urbanas e zonas rurais.<br />

Os planos <strong>de</strong> or<strong>de</strong>namento elaborados no âmbito do Quadro Nacional <strong>de</strong> Planeamento, <strong>de</strong>verão<br />

conter (i) o percurso <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento em cada região, (ii) sensibilida<strong>de</strong>s ambientais, incluindo<br />

factores <strong>de</strong> risco <strong>de</strong> <strong>de</strong>sastres naturais e (iii) regulações sobre zonamento, estabelecendo os limites<br />

para cada sector, <strong>de</strong> modo a garantir a sustentabilida<strong>de</strong> e a protecção ambiental.<br />

O Corredor <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> Norte <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> irá do oeste, <strong>de</strong> Díli para Liquiçá, Batuga<strong>de</strong><br />

e Mota’ain e, até ao leste, <strong>de</strong> Díli a Hera, Manatuto e Baucau. O Corredor <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />

Sul <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> esten<strong>de</strong>r-se-á <strong>de</strong> Suai a Beaço, abrangendo as áreas a <strong>de</strong>senvolver no sector<br />

petrolífero. Os Corredores <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> Regional irão complementar as Zonas Turísticas,<br />

apresentadas no sub-capitulo <strong>de</strong>dicado ao Turismo.<br />

138


PED - 2011 - 2030 - DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO<br />

Zonas Estratégicas Nacionais<br />

Serão i<strong>de</strong>ntificadas Zonas Estratégicas Nacionais, nos Corredores <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> Regional<br />

Norte e Sul e nas áreas <strong>de</strong> travessia fronteiriça no território principal e no Enclave <strong>de</strong> Oe-Cusse<br />

Ambeno. Estas zonas serão os motores do crescimento económico nacional, com base nas suas<br />

vantagens e especializações.<br />

As Zonas Estratégicas Nacionais propostas para <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> são:<br />

• Díli – Tibar – Hera<br />

Esta zona tem diversos sectores potencialmente importantes relacionados com serviços,<br />

comércio e <strong>de</strong>senvolvimentos propostos, tais como o Porto Comercial <strong>de</strong> Tibar, o complexo<br />

industrial <strong>de</strong> Hera, habitação em gran<strong>de</strong> escala, novas áreas <strong>de</strong> ensino superior, turismo<br />

marítimo, um novo distrito empresarial central e a melhoria do aeroporto internacional.<br />

• Suai – Betano – Beaço<br />

Esta zona abrange quatro distritos, Covalima, Ainaro, Manufahi e Viqueque. Existem vários<br />

sectores com potencial, relacionados com a indústria do petróleo e do gás. Esta ZEE irá<br />

promover o <strong>de</strong>senvolvimento da Plataforma <strong>de</strong> Abastecimento (Supply Base) <strong>de</strong> Suai, um<br />

novo centro empresarial em Suai, uma nova indústria petrolífera e uma refinaria em Betano,<br />

e o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma instalação <strong>de</strong> Gás <strong>de</strong> Petróleo Liquefeito (GPL) em Beaço.<br />

• Liquiçá – Ermera – Aileu<br />

Existem vários sectores com potencial, relacionados com novos <strong>de</strong>senvolvimentos a<br />

nível <strong>de</strong> plantações, tais como as novas áreas <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> café, novas indústrias <strong>de</strong><br />

processamento, novas produções alimentares e novos <strong>de</strong>stinos turísticos <strong>de</strong> montanha.<br />

• Manatuto – Baucau – Lautém<br />

Serão <strong>de</strong>senvolvidos diversos sectores potenciais, tais como novas áreas <strong>de</strong> criação<br />

<strong>de</strong> animais, novas áreas <strong>de</strong> plantação (noz-moscada, coco e cacau), novas indústrias <strong>de</strong><br />

processamento <strong>de</strong> peixe e diversas activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> turismo temático (tais como turismo<br />

histórico, ecoturismo, turismo marítimo e turismo cultural).<br />

• Bobonaro – Cova Lima<br />

Os sectores potencialmente a <strong>de</strong>senvolver incluem a criação <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong>rivadas do comércio tradicional e Serviços <strong>de</strong> Alfân<strong>de</strong>ga, Imigração, Quarentena e<br />

Segurança (SAIQS). Outros sectores incluem <strong>de</strong>senvolvimento em pontos <strong>de</strong> ligação<br />

seleccionados, serviços <strong>de</strong> divulgação agrícola para novas produções agrícolas, novas<br />

áreas <strong>de</strong> criação <strong>de</strong> animais, novas indústrias criativas e novos <strong>de</strong>stinos turísticos.<br />

139


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 4<br />

• Enclave <strong>de</strong> Oe-Cusse Ambeno<br />

Existem vários sectores com potencial para serem <strong>de</strong>senvolvidos, tais como comércio<br />

internacional, SAIQS, <strong>de</strong>senvolvimento em pontos <strong>de</strong> ligação seleccionados, novas<br />

áreas <strong>de</strong> plantação e novos serviços <strong>de</strong> apoio à criação <strong>de</strong> animais, novas indústrias <strong>de</strong><br />

processamento <strong>de</strong> pescas, uma nova indústria criativa e novos <strong>de</strong>stinos turísticos.<br />

Será realizada uma análise profunda, para verificar os benefícios e os riscos da criação <strong>de</strong> legislação<br />

e regulamentação específica para as Zonas Económicas Especiais, <strong>de</strong> modo a tornar-lás mais<br />

atractivas para que as companhias estrangeiras invistam e se estabeleçam nestas áreas. Serão<br />

consi<strong>de</strong>rados incentivos fiscais e direitos alfan<strong>de</strong>gários baixos ou nulos. As Zonas Económicas<br />

especiais são objecto <strong>de</strong> maior <strong>de</strong>talhe neste Capitulo, na secção <strong>de</strong>dicada ao investimento do<br />

sector privado.<br />

Zonas <strong>de</strong> produção agrícola sustentável e zonas <strong>de</strong> conservação florestal<br />

Todas as estratégias e acções, propostas para o <strong>de</strong>senvolvimento rural em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, visam<br />

garantir que o nosso sector agrícola é <strong>de</strong>senvolvido <strong>de</strong> forma a minimizar os danos ao ambiente,<br />

uma vez que rios, captações <strong>de</strong> água, florestas e solos saudáveis são necessários para explorações<br />

agrícolas saudáveis e produtivas. Os recursos terrestres <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> <strong>de</strong>vem ser geridos <strong>de</strong> forma<br />

a evitar a <strong>de</strong>gradação <strong>de</strong> terrenos e a minimizar o risco <strong>de</strong> danos ambientais, <strong>de</strong>correntes do uso<br />

<strong>de</strong> fertilizantes e pesticidas químicos <strong>de</strong>snecessariamente.<br />

Setenta por cento da área terrestre <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> tem uma inclinação superior a 26%, sendo que<br />

a maior parte das famílias rurais cultiva nestas áreas. Por norma, os terrenos estão <strong>de</strong>gradados<br />

<strong>de</strong>vido à erosão dos solos, retenção limitada <strong>de</strong> humida<strong>de</strong> e diminuição da fertilida<strong>de</strong>. Isto contribui<br />

para uma baixa produtivida<strong>de</strong> e para uma susceptibilida<strong>de</strong> elevada <strong>de</strong> situações <strong>de</strong> escassez <strong>de</strong><br />

alimentos.<br />

As zonas <strong>de</strong> produção agrícola e as zonas <strong>de</strong> conservação ,serão <strong>de</strong>terminadas <strong>de</strong> acordo com<br />

factores, tais como: sustentabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> terrenos (solos, inclinação, altitu<strong>de</strong> e aspecto), clima<br />

(pluviosida<strong>de</strong> e temperaturas), uso actual das terras, viabilida<strong>de</strong> financeira das opções <strong>de</strong> produção,<br />

políticas <strong>de</strong> apoio e existência <strong>de</strong> fertilizantes e pesticidas orgânicos ou inorgânicos. As zonas <strong>de</strong><br />

produção agrícola serão indicativas e não prescritivas ou obrigatórias. Os agricultores po<strong>de</strong>rão<br />

<strong>de</strong>cidir, por si próprios, o que querem plantar, porém terão acesso às melhores informações<br />

disponíveis sobre as varieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> culturas e sementes, com maiores probabilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ter sucesso<br />

em <strong>de</strong>terminadas áreas.<br />

Será, igualmente importante, i<strong>de</strong>ntificar áreas <strong>de</strong> floresta a serem protegidas contra abate e outras<br />

activida<strong>de</strong>s. O Quadro Nacional <strong>de</strong> Planeamento incluirá a criação <strong>de</strong> zonas <strong>de</strong> conservação natural<br />

para proteger florestas, biodiversida<strong>de</strong>, ecossistemas específicos e captação <strong>de</strong> água doce, bem<br />

como para prevenir inundações e erosão (ver Capítulo 2 – Ambiente).<br />

140


PED - 2011 - 2030 - DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO<br />

METAS<br />

Até 2015:<br />

• Serão construídas 55.000 novas casas, até 2015, para apoiar famílias espalhadas por toda<br />

a Nação, no âmbito do Programa dos Objectivos <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento do Milénio para os<br />

Sucos (MDGs).<br />

• Serão constituidas, a começar por projectos-piloto, 3 a 5 câmaras municipais, para uma<br />

<strong>de</strong>scentralização gradual do exercício da governação.<br />

• Será dado apoio a cooperativas que <strong>de</strong>senvolvam activida<strong>de</strong>s no sector privado, numa<br />

varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> áreas, que vão da gestão <strong>de</strong> plantações <strong>de</strong> bambu a, aviários, pescas e<br />

tecelagem.<br />

• Será preparado um Quadro Nacional <strong>de</strong> Planeamento para apoiar o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>.<br />

• Serão <strong>de</strong>senvolvidas e executadas campanhas estratégicas <strong>de</strong> divulgação relativas a bens<br />

essenciais.<br />

Até 2020<br />

• Será concluído um programa <strong>de</strong> urbanização rural, dando ao nosso povo acesso a estradas,<br />

água e saneamento, escolas, clínicas médicas, acesso a mercados e electricida<strong>de</strong>.<br />

• Haverá 9.000 empresas registadas nos Centros <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento empresariais.<br />

• Serão constituídas mais câmaras municipais, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que , por distrito as infra-estruturas e<br />

os recursos humanos o venham a permitir.<br />

Até 2030<br />

• O sector privado será a principal fonte <strong>de</strong> crescimento <strong>de</strong> rendimentos e emprego nas<br />

áreas rurais <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong><br />

141


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 4<br />

A G R I C U L T U R A<br />

VISÃO GERAL E DESAFIOS<br />

“Precisamos <strong>de</strong> tractores para<br />

nos ajudar a alimentar as<br />

nossas famílias e a ter algum<br />

exce<strong>de</strong>nte para ven<strong>de</strong>r.”<br />

Agricultor, Maliana, distrito <strong>de</strong> Bobonaro,<br />

Consulta Nacional, 11 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 2010.<br />

É necessário um sector agrícola pujante<br />

para reduzir a pobreza, garantir a segurança<br />

alimentar e promover o crescimento económico<br />

nas zonas rurais e na Nação em geral. Um sector<br />

agrícola em crescimento servirá também para<br />

promover o <strong>de</strong>senvolvimento rural. Muitas<br />

empresas do sector privado emergente irão apoiar<br />

o sector agrícola, através da produção <strong>de</strong> bens e<br />

serviços que melhorem a produção, e através do<br />

envolvimento na comercialização <strong>de</strong> quaisquer<br />

exce<strong>de</strong>ntes e processamento <strong>de</strong> produtos<br />

agrícolas.<br />

Des<strong>de</strong> a in<strong>de</strong>pendência, <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> investiu <strong>de</strong> forma consi<strong>de</strong>rável em infra-estruturas,<br />

maquinaria agrícola e no fornecimento <strong>de</strong> sementes e fertilizantes subsidiados. Já estabelecemos<br />

uma plataforma a partir da qual iremos construir um sistema nacional <strong>de</strong> investigação agrícola<br />

e continuar a melhorar a nossa capacida<strong>de</strong> agrícola. Existem actualmente Agentes <strong>de</strong> Extensão<br />

Rural nos Sucos, a trabalhar por todo o país, tendo igualmente sido estabelecidos centros <strong>de</strong><br />

serviços agrícolas em Bobonaro, Aileu e Viqueque. Existem três escolas secundárias agrícolas,<br />

frequentadas por 800 alunos, que formam os nossos jovens agricultores em agricultura<br />

empresarial. Estão a ser <strong>de</strong>senvolvidas políticas e regulamentos sobre água e irrigação, uso<br />

<strong>de</strong> sementes e fertilizantes, uso e gestão <strong>de</strong> terras, e o uso <strong>de</strong> pesticidas tem-se generalizado.<br />

Entre 2007 e 2009 o número <strong>de</strong> tractores manuais aumentou <strong>de</strong> 100 para 2.591 e o número <strong>de</strong><br />

tractores <strong>de</strong> 13 para 315. Durante o mesmo período, foram fornecidas 133 unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>scasque<br />

<strong>de</strong> arroz para agricultores e foram reabilitados 31 sistemas <strong>de</strong> irrigação. Foram igualmente<br />

instalados 5.000 silos em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> e foram estabelecidos 32 ‘minimercados’ nos distritos, a fim<br />

<strong>de</strong> facilitar a comercialização <strong>de</strong> produtos agrícolas.<br />

Todavia, existem <strong>de</strong>safios significativos que precisam ser superados, para que o nosso sector<br />

agrícola possa atingir todo o seu potencial. Durante a consulta nacional, referente ao <strong>Plano</strong><br />

<strong>Estratégico</strong> <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong>, em 2010, os agricultores em todos os distritos levantaram<br />

preocupações a respeito da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> garantir segurança, em termos <strong>de</strong> abastecimento<br />

<strong>de</strong> água, mo<strong>de</strong>rnização <strong>de</strong> explorações agrícolas e aconselhamento sobre o uso <strong>de</strong> sementes,<br />

fertilizantes e pesticidas. Muitos agricultores disseram que precisavam <strong>de</strong> melhores estradas e <strong>de</strong><br />

fornecimento fiável <strong>de</strong> electricida<strong>de</strong>, para po<strong>de</strong>rem transportar as suas colheitas até aos mercados.<br />

A maior parte dos agricultores não consegue pagar fertilizantes e pesticidas apropriados e não<br />

tem acesso a serviços financeiros. A agricultura <strong>de</strong> subsistência resulta em níveis <strong>de</strong> produção e<br />

produtivida<strong>de</strong> muito baixos, porém muitos agricultores não possuem as qualificações ou o apoio<br />

necessários para serem mais inovadores e mais virados para a activida<strong>de</strong> empresarial.<br />

142


PED - 2011 - 2030 - DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO<br />

As activida<strong>de</strong>s agrícolas não levaram em conta as vantagens comparativas <strong>de</strong> cada região, sendo<br />

que um padrão <strong>de</strong> estabelecimento disperso prejudicou o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> associações <strong>de</strong><br />

agricultores e uma aprendizagem partilhada. A maior parte das produções serve para alimentar<br />

as famílias dos respectivos agricultores, havendo relativamente pouco comércio. Por exemplo,<br />

apenas 25% do arroz cultivado em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> é comercializado.<br />

ESTRATÉGIA E ACÇÕES<br />

A fim <strong>de</strong> concretizar o nosso objectivo principal <strong>de</strong> ter segurança alimentar até 2020, e <strong>de</strong><br />

expandir o nosso sector agrícola, iremos melhorar as nossas práticas <strong>de</strong> cultivo e <strong>de</strong>senvolver<br />

acções para aumentar a produção <strong>de</strong> culturas específicas.<br />

As nossas metas, para o sector agrícola, consistem em melhorar a segurança alimentar nacional,<br />

reduzir a pobreza rural, apoiar a transição da agricultura <strong>de</strong> subsistência para a produção<br />

empresarial <strong>de</strong> produtos agrícolas, gado e pescas, promovendo a sustentabilida<strong>de</strong> ambiental e a<br />

conservação dos recursos naturais <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>.<br />

As estratégias e acções, para apoiar a expansão do sector agrícola, precisam <strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r aos<br />

<strong>de</strong>safios específicos do terreno montanhoso, clima e solos <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, que não são tão férteis<br />

como os <strong>de</strong> alguns dos nossos vizinhos. Precisam igualmente <strong>de</strong> levar em conta o estado <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento actual, que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> em gran<strong>de</strong> medida da agricultura <strong>de</strong> subsistência, bem<br />

como das práticas sociais e culturais nas zonas rurais e a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> formação dos recursos<br />

humanos.<br />

Muitas das estratégias propostas, em relação à segurança alimentar e à redução da pobreza<br />

rural, são mo<strong>de</strong>ladas em torno, da ‘revolução ver<strong>de</strong>’ na Índia, on<strong>de</strong> a introdução <strong>de</strong> varieda<strong>de</strong>,<br />

<strong>de</strong> semente <strong>de</strong> produtivida<strong>de</strong> elevada e o uso acrescido <strong>de</strong> fertilizantes e <strong>de</strong> irrigação, a partir <strong>de</strong><br />

1965, permitiram à Índia tornar-se auto-suficiente em termos <strong>de</strong> cereais e reduzir drasticamente<br />

o risco <strong>de</strong> fome.<br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> já está a exportar, com sucesso, café orgânico, po<strong>de</strong>ndo este mo<strong>de</strong>lo ser alargado,<br />

já que a maior parte das nossas culturas <strong>de</strong> subsistência são orgânicas por omissão. Todavia, a<br />

estratégia e as acções, que iremos seguir, envolvem o uso <strong>de</strong> fertilizantes e pesticidas inorgânicos<br />

a curto prazo, uma vez que isto é necessário para atingir as nossas metas fundamentais <strong>de</strong> obter<br />

segurança alimentar e reduzir a pobreza rural. A longo prazo e com a disponibilização <strong>de</strong> mais<br />

meios orgânicos como, por exemplo rações para animais, po<strong>de</strong>rão ser seguidas mais opções<br />

orgânicas. Nos casos em que existam nichos <strong>de</strong> mercados orgânicos, estes serão mantidos e<br />

alargados.<br />

143


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 4<br />

FORMAÇÃO E DIVULGAÇÃO, RELACIONADAS COM AGRICULTURA<br />

A adopção <strong>de</strong> novas técnicas <strong>de</strong> cultivo, equipamentos e investigação, é essencial para o futuro<br />

do sector da agricultura. Iremos conduzir uma análise do nosso sistema <strong>de</strong> conhecimentos<br />

agrícolas, para melhorar o nível <strong>de</strong> qualificações dos nossos técnicos agrícolas. Isto envolverá<br />

o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> cursos <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, referentes à formação teórica, em escolas<br />

secundárias agrícolas, colégios e universida<strong>de</strong>s. Será igualmente <strong>de</strong>senvolvido um programa <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> carreira a nível <strong>de</strong> formação teórica.<br />

Iremos procurar prestar formação em técnicas agrícolas sustentáveis, a todos os agentes técnicos<br />

agrícolas, que trabalhem com produções em áreas montanhosas. Isto permitirá aos técnicos<br />

agrícolas integrar estas técnicas no trabalho <strong>de</strong> divulgação diário com os agricultores nas terras<br />

altas.<br />

SEGURANÇA ALIMENTAR<br />

Para concretizar o nosso objectivo <strong>de</strong> conseguir segurança alimentar até 2020, iremos:<br />

• Criar mais 70.000 hectares <strong>de</strong> campos <strong>de</strong> arroz irrigados.<br />

• Utilizar variadas sementes com produtivida<strong>de</strong> elevada.<br />

• Utilizar novos sistemas <strong>de</strong> produção agrícola.<br />

• Estabelecer armazenamento <strong>de</strong> cereais nas explorações agrícolas.<br />

Os resultados <strong>de</strong>sta abordagem são ilustrados na tabela seguinte.<br />

144


PED - 2011 - 2030 - DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO<br />

Tabela 8 Procura e oferta <strong>de</strong> alimentos básicos entre 2010 e 2030<br />

Fonte: Quadro retirado da nota nº 50276, Banco Mundial - Aumento da Productivida<strong>de</strong> Agricola em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, Fevereiro 2009<br />

A implementação <strong>de</strong>stas estratégias po<strong>de</strong> aumentar a produtivida<strong>de</strong> do arroz, milho e tubérculos<br />

em 50% e da área <strong>de</strong> arroz irrigado em 40% (<strong>de</strong> 50.000 ha em 2010 para 70.000 ha até 2020).<br />

As perdas <strong>de</strong> armazenamento <strong>de</strong> alimentos nas explorações agrícolas po<strong>de</strong>m ser reduzidas para<br />

cerca <strong>de</strong> 5% entre 2011 e 2030. Sob este cenário, o <strong>de</strong>ficit <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, ao nível do arroz, será<br />

<strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 27.300 toneladas em 2015. Até 2020 o exce<strong>de</strong>nte potencial <strong>de</strong> milho será <strong>de</strong> 54.800<br />

toneladas, sendo que o saldo geral <strong>de</strong> alimentos básicos registaria um exce<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> 23.900<br />

toneladas. Quaisquer alimentos exce<strong>de</strong>ntários po<strong>de</strong>m ser utilizados para criação <strong>de</strong> animais ou<br />

para exportação ou valorização. A figura seguinte, mostra o equilíbrio da oferta e da procura<br />

relativamente a alimentos básicos, segundo este cenário.<br />

145


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 4<br />

Figura 19 Oferta e procura <strong>de</strong> alimentos básicos, segundo novas estratégias<br />

Fonte: Preparado para o <strong>Plano</strong> <strong>Estratégico</strong> <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong><br />

Para atingir o objectivo da auto-suficiência alimentar, iremos precisar <strong>de</strong> um compromisso para<br />

apoiar a investigação, o <strong>de</strong>senvolvimento e o alargamento <strong>de</strong> programas, para todos os principais<br />

produtos agrícolas <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>. As estratégias e acções propostas para produtos específicos<br />

– arroz, milho e outras culturas alimentares básicas, culturas <strong>de</strong> rendimento, criação <strong>de</strong> animais,<br />

pescas e florestas, são indicadas <strong>de</strong> seguida.<br />

A responsabilida<strong>de</strong> pela implementação das acções, que precisaremos seguir na agricultura,<br />

pertencerá sobretudo a dois novos órgãos <strong>de</strong> assessoria. O Conselho <strong>de</strong> Assessoria Agrícola <strong>de</strong><br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> formulará políticas nacionais para o sector e supervisionará a implementação <strong>de</strong>stas<br />

políticas. A Instituição <strong>de</strong> Pesquisa e <strong>Desenvolvimento</strong> <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> será responsável por<br />

orientar e planear investimentos adicionais em investigação, <strong>de</strong>senvolvimento e divulgação para<br />

todos os principais subsectores agrícolas.<br />

REABILITAÇÃO E EXPANSÃO DE SISTEMAS DE IRRIGAÇÃO<br />

Para atingir a nossa meta da auto-suficiência alimentar, precisaremos <strong>de</strong> fazer investimentos<br />

significativos na reabilitação e expansão dos sistemas <strong>de</strong> irrigação e na melhoria do armazenamento<br />

<strong>de</strong> água.<br />

Muitos hectares <strong>de</strong> terras, previamente irrigadas, não po<strong>de</strong>m ser utilizados, <strong>de</strong>vido à falta <strong>de</strong><br />

manutenção ou não estão a ser usados da melhor maneira <strong>de</strong>vido à gestão <strong>de</strong>ficiente. A estação<br />

seca prolongada impe<strong>de</strong> um cultivo eficaz , com base na água das chuvas, em muitas regiões.<br />

146


PED - 2011 - 2030 - DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO<br />

Será encomendado um inventário rigoroso <strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong> irrigação, com vista a i<strong>de</strong>ntificar os<br />

actualmente existentes, que possam ser aumentados e zonas on<strong>de</strong> possam ser <strong>de</strong>senvolvidos<br />

novos sistemas.<br />

É igualmente necessário obter mais água para alimentar sistemas <strong>de</strong> irrigação actuais e propostos.<br />

As regiões capazes <strong>de</strong> ter agricultura alimentada pela água das chuvas já foram exploradas, pelo<br />

que qualquer expansão dos terrenos agrícolas <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá <strong>de</strong> novos esquemas <strong>de</strong> irrigação,<br />

capazes <strong>de</strong> sobreviver à estação seca. É preciso encontrar novas fontes <strong>de</strong> água para alimentar<br />

estes sistemas. Embora não exista água suficiente para alimentar os sistemas <strong>de</strong> irrigação<br />

existentes ou propostos, <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> recebe suficiente pluviosida<strong>de</strong> anual para permitir culturas<br />

em todas as zonas baixas, caso a água possa ser armazenada durante a estação seca. Todos os<br />

anos há quantida<strong>de</strong>s abundantes <strong>de</strong> água que correm para o mar, com muito poucos sistemas que<br />

permitam recolher e armazenar esta água.<br />

Será conduzido um estudo <strong>de</strong> viabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s barragens. Caso estas sejam viáveis, serão<br />

efectuados planeamento e investimento cuidadosos ao nível <strong>de</strong> barragens, com vista a garantir a<br />

disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água para irrigação durante todo o ano.<br />

Serão também conduzidos projectos-piloto <strong>de</strong> barragens para testar o potencial <strong>de</strong> reservatórios,<br />

ou <strong>de</strong> pequenas barragens para sistemas menores em localizações apropriadas: na maior parte dos<br />

casos junto a locais <strong>de</strong> captação <strong>de</strong> água. Isto envolverá a construção <strong>de</strong> 10 barragens, ao longo<br />

da linha <strong>de</strong> drenagem e fora do caudal, entre as áreas <strong>de</strong> recepção e <strong>de</strong> serviço. A maior parte das<br />

barragens terá uma construção simples com terra e terá capacida<strong>de</strong> entre 10.000 a 30.000 m3,<br />

com <strong>de</strong>saguadouros semelhantes aos construídos antes <strong>de</strong> 1999. Nos casos em que seja viável, as<br />

barragens actuais serão renovadas.<br />

Serão conduzidos projectos-piloto para encontrar e testar lençóis <strong>de</strong> água. Isto envolverá a<br />

perfuração <strong>de</strong> 20 poços tubulares, sobretudo em terras baixas e terras semi-baixas, com vista a<br />

i<strong>de</strong>ntificar boas localizações futuras e a <strong>de</strong>senvolver critérios para um maior <strong>de</strong>senvolvimento nos<br />

casos em que os resultados sejam satisfatórios.<br />

ESTRATÉGIAS E ACÇÕES PARA PRODUTOS ESPECÍFICOS<br />

No cômputo geral, cerca <strong>de</strong> 63% das famílias timorenses estão envolvidas na produção agrícola,<br />

com <strong>de</strong>staque para o milho, a mandioca e vegetais. Só 25% das famílias produzem arroz, sendo<br />

que este é um produto alimentar básico. Existe um potencial significativo para aumentar a<br />

produtivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> várias colheitas e melhorar a segurança alimentar das famílias timorenses.<br />

147


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 4<br />

Figura 20 Produção agrícola em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong><br />

Arroz Milho Mandioca Vegetais Café Coco<br />

Fonte: Censos <strong>de</strong> 2010<br />

Arroz<br />

O arroz é um alimento básico em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, com os nossos principais distritos produtores <strong>de</strong><br />

arroz (Viqueque, Baucau, Bobonaro e Manatuto) a representarem cerca <strong>de</strong> 77% da produção<br />

total. A produção local não consegue respon<strong>de</strong>r, pelo que, actualmente, somos obrigados<br />

a importar gran<strong>de</strong>s quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> arroz, a partir da Tailândia, do Vietname e da Indonésia. O<br />

<strong>Governo</strong> interveio no mercado, importando arroz e ven<strong>de</strong>ndo-o a preços subsidiados, a fim <strong>de</strong><br />

evitar situações <strong>de</strong> escassez <strong>de</strong> alimentos.<br />

A nossa meta é que <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> seja auto-suficiente em termos <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> arroz até 2020. A<br />

Nação está bem encaminhada para atingir esta meta. A área total <strong>de</strong> cultivo <strong>de</strong> arroz em <strong>Timor</strong>-<br />

<strong>Leste</strong> aumentou 45,2% entre 2007 e 2009 e a produção aumentou 73,8% (ver tabela seguinte). Este<br />

resultado promissor reflecte o uso <strong>de</strong> melhores sistemas <strong>de</strong> produção agrícola. Foram testados em<br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> dois sistemas <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> arroz, a Gestão <strong>de</strong> Colheitas Integrada e o Sistema <strong>de</strong><br />

Intensificação <strong>de</strong> Arroz. Em combinação com a Nakroma, uma varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> arroz melhorada,<br />

regista-se um aumento <strong>de</strong> 50% na produtivida<strong>de</strong>. A tecnologia <strong>de</strong> Gestão <strong>de</strong> Colheitas Integrada<br />

aumentou a produtivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 1,5 toneladas por hectare para mais <strong>de</strong> 4,5 toneladas por hectare.<br />

Tabela 9 Área e produção <strong>de</strong> arrozais, 2006 a 2009<br />

Área (ha)<br />

2006 2007 2008 2009<br />

Produção<br />

(ton)<br />

Área (ha)<br />

Produção<br />

(ton)<br />

Área (ha)<br />

Produção<br />

(ton)<br />

Área (ha)<br />

Produção<br />

(ton)<br />

31,386 55,414 38,582 60,424 44,995 77,418 38,998 120,775<br />

Fonte: Ministério da Agricultura e Pescas, 2010<br />

148


PED - 2011 - 2030 - DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO<br />

É possível aumentar ainda mais a produção, através do uso <strong>de</strong> varieda<strong>de</strong>s melhoradas, melhores<br />

viveiros <strong>de</strong> sementes, aplicação <strong>de</strong> fertilizantes, melhor espaçamento das plantas, remoção <strong>de</strong><br />

ervas daninhas e cultivos duplos em sistemas <strong>de</strong> irrigação com acesso a água.<br />

As perdas, em pré-colheita, estão entre os 10% e os 20%, <strong>de</strong>vido, em gran<strong>de</strong> medida, à maturação<br />

precoce dos bagos, uma vez que os agricultores usam as suas próprias sementes <strong>de</strong>generadas e<br />

misturam varieda<strong>de</strong>s. Também se dá a quebra <strong>de</strong> bagos aquando do <strong>de</strong>scasque, <strong>de</strong>vido à variação<br />

da dimensão e dureza dos bagos. A melhoria da qualida<strong>de</strong> dos bagos e o uso <strong>de</strong> maquinaria <strong>de</strong><br />

moagem mais eficiente po<strong>de</strong>m aumentar a taxa <strong>de</strong> recuperação <strong>de</strong> moagem dos 50% para os<br />

65%.<br />

Para conseguir a auto-suficiência ao nível da produção <strong>de</strong> arroz iremos:<br />

• Aumentar a área <strong>de</strong> arroz irrigado em 40%, passando <strong>de</strong> 50.000 ha para 70.000 ha até<br />

2020.<br />

• Continuar a promover o uso <strong>de</strong> sistemas específicos <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> arroz em <strong>Timor</strong>-<br />

<strong>Leste</strong>, Gestão <strong>de</strong> Colheitas Integradas e Sistema <strong>de</strong> Intensificação <strong>de</strong> Arroz.<br />

• Continuar a investir em pesquisa, <strong>de</strong>senvolvimento e divulgação relativamente a<br />

varieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> culturas <strong>de</strong> arroz específicas <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>.<br />

• Reduzir as perdas <strong>de</strong> armazenamento <strong>de</strong> arroz, nas produções agrícolas, <strong>de</strong> 20% para<br />

cerca <strong>de</strong> 5% até 2030, por via do apoio a iniciativas <strong>de</strong> armazenamento <strong>de</strong> arroz nas<br />

explorações.<br />

• Continuar a subsídiar os produtores <strong>de</strong> arroz, para a compra <strong>de</strong> fertilizantes, sementes e<br />

pesticidas, <strong>de</strong> forma a aumentar a produtivida<strong>de</strong>.<br />

• Melhorar a eficiência do <strong>de</strong>scasque <strong>de</strong> arroz pós-colheita, através do apoio a um <strong>de</strong>scasque<br />

<strong>de</strong> arroz nas al<strong>de</strong>ias.<br />

• Introduzir zonas agrícolas para i<strong>de</strong>ntificar as áreas mais a<strong>de</strong>quadas ao cultivo <strong>de</strong> arroz.<br />

• Dar formação aos produtores <strong>de</strong> arroz no uso <strong>de</strong> maquinaria agrícola e técnicas <strong>de</strong><br />

gestão agrícola, continuando a distribuir tractores manuais e a apoiar o seu uso.<br />

• Prestar aconselhamento financeiro e assistência <strong>de</strong> comercialização a produtores <strong>de</strong><br />

arroz.<br />

• Formular e promover uma política nacional <strong>de</strong> importação e preço do arroz, incluindo<br />

planos nacionais, <strong>de</strong> longo prazo, <strong>de</strong> armazenamento <strong>de</strong> arroz.<br />

149


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 4<br />

Milho e outras culturas alimentares <strong>de</strong> base<br />

O milho é cultivado por 80% das famílias timorenses, pelo que os esforços para aumentar a<br />

produtivida<strong>de</strong> e melhorar o armazenamento servirão para melhorar a segurança alimentar.<br />

Os primeiros resultados da melhoria <strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> milho, com base no melhor<br />

controlo <strong>de</strong> ervas daninhas, na preservação da humida<strong>de</strong> e no uso <strong>de</strong> fertilizantes inorgânicos, são<br />

muito promissores. Houve igualmente melhorias significativas nas varieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> milho, batatadoce,<br />

mandioca e amendoim, disponíveis para distribuição a agricultores, como resultado <strong>de</strong> sete<br />

anos <strong>de</strong> estudo e teste em explorações agrícolas em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>.<br />

A produtivida<strong>de</strong> média do milho é <strong>de</strong> 1,16 toneladas por hectare. As varieda<strong>de</strong>s melhoradas <strong>de</strong><br />

milho do projecto “Seeds of Life” conseguem produtivida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> 2,4 a 2,6 toneladas por hectare,<br />

sem o uso <strong>de</strong> quaisquer outros meios ou práticas <strong>de</strong> cultivo melhorados. Todavia, as varieda<strong>de</strong>s<br />

melhoradas só <strong>de</strong>vem ser facultadas a agricultores com melhores tecnologias <strong>de</strong> armazenamento<br />

uma vez que as perdas pós-colheita são mais elevadas nas varieda<strong>de</strong>s com maior produtivida<strong>de</strong><br />

do que em varieda<strong>de</strong>s tradicionais. As perdas pós-colheita <strong>de</strong> milho durante o armazenamento,<br />

po<strong>de</strong>m chegar aos 30%. Estas perdas po<strong>de</strong>m ser reduzidas a aproximadamente 5%, através<br />

do uso <strong>de</strong> barris <strong>de</strong> petróleo com 50 galões <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong>, contentores <strong>de</strong> betão armado e<br />

silos <strong>de</strong>senvolvidos pela Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação.<br />

O equipamento <strong>de</strong> armazenamento, nas explorações, será incluído como parte do programa<br />

Nacional <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento do milho (ver abaixo). A introdução <strong>de</strong> ferramentas simples <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>scasque <strong>de</strong> milho permitirá também reduzir o tempo <strong>de</strong> trabalho, na preparação <strong>de</strong> milho para<br />

armazenamento. A aplicação <strong>de</strong> fertilizante nas plantações <strong>de</strong> milho po<strong>de</strong> igualmente aumentar a<br />

produtivida<strong>de</strong> em pelo menos 40%.<br />

Introduziremos um programa nacional <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> milho para aumentar a produtivida<strong>de</strong><br />

média do milho para 2,5 toneladas por hectare até 2020. O programa incluirá o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>de</strong> planos <strong>de</strong> divulgação e a formação <strong>de</strong> técnicos agrícolas nas tecnologias melhoradas, <strong>de</strong>scritas<br />

acima, bem como medidas para lidar com outros bloqueios na ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> valor.<br />

A produtivida<strong>de</strong> da mandioca, uma colheita importante para a segurança alimentar nas terras<br />

altas, po<strong>de</strong> também ser aumentada consi<strong>de</strong>ravelmente, por via da introdução <strong>de</strong> varieda<strong>de</strong>s<br />

melhoradas. A produção <strong>de</strong> feijão mungo e <strong>de</strong> amendoim continua abaixo dos níveis <strong>de</strong> 1997,<br />

sendo que muito po<strong>de</strong> ser feito para aumentar a produtivida<strong>de</strong> e a área plantada, caso haja acesso<br />

aos mercados. Ambos os produtos têm potencial para serem exportados.<br />

Para contribuir para a meta <strong>de</strong> tornar <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> auto-suficiente, em termos alimentares até 2030,<br />

iremos:<br />

• Aumentar a área cultivada com milho <strong>de</strong> 76.500 ha para 80.500 ha até 2015 e para<br />

87.000 ha até 2030.<br />

• Aumentar para mais do dobro, a área cultivada com raízes e tubérculos, passando <strong>de</strong><br />

48.000 ha para 105.500 ha até 2030.<br />

150


PED - 2011 - 2030 - DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO<br />

• Continuar a investir em pesquisa e <strong>de</strong>senvolvimento e divulgação, relativamente a<br />

varieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> culturas <strong>de</strong> milho e <strong>de</strong> outros alimentos básicos específicos <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<br />

<strong>Leste</strong>.<br />

• Continuar a oferecer subsídios a produtores <strong>de</strong> milho e outros produtos básicos, para a<br />

compra <strong>de</strong> fertilizantes, sementes e pesticidas, <strong>de</strong> forma a aumentar a produtivida<strong>de</strong>.<br />

• Melhorar a eficiência do armazenamento pós-colheita e da moagem <strong>de</strong> milho, raízes e<br />

tubérculos, através do apoio a uma moagem realizada nas al<strong>de</strong>ias.<br />

• Introduzir zonas agrícolas para i<strong>de</strong>ntificar as áreas mais a<strong>de</strong>quadas ao cultivo e<br />

comercialização <strong>de</strong> milho e outros alimentos básicos.<br />

• Prestar formação a produtores <strong>de</strong> milho, e outros alimentos básicos, no uso <strong>de</strong><br />

maquinaria agrícola e técnicas <strong>de</strong> gestão agrícola, continuando a distribuir tractores<br />

manuais e a apoiar o seu uso.<br />

• Prestar aconselhamento financeiro e assistência na comercialização a produtores <strong>de</strong><br />

milho e <strong>de</strong> outros alimentos básicos.<br />

• Integrar activida<strong>de</strong>s agrícolas com empresas familiares, tais como o processamento<br />

<strong>de</strong> produtos agrícolas ou o uso <strong>de</strong> resíduos agrícolas como fertilizantes orgânicos e<br />

alimento para animais.<br />

• Desenvolver e alargar programas especiais <strong>de</strong> apoio ao nível do milho , raízes e<br />

tubérculos nas comunida<strong>de</strong>s rurais.<br />

• Desenvolver e promover sistemas <strong>de</strong> alimentação <strong>de</strong> gado, baseados em exce<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong><br />

milho, raízes e tubérculos.<br />

Produtos agrícolas <strong>de</strong> valor elevado<br />

Os produtos <strong>de</strong> valor elevado, a<strong>de</strong>quados para o mercado interno, incluem vegetais e frutos, tais<br />

como rambutã, pêssegos e ameixas. A maior parte <strong>de</strong>stes produtos é actualmente importada. A<br />

tabela seguinte mostra o volume <strong>de</strong> frutos e vegetais importados em 2007, com um valor total <strong>de</strong><br />

4,5 milhões <strong>de</strong> dólares.<br />

A nossa meta é substituir pelo menos 50% dos frutos e vegetais importados até 2020.<br />

Para atingir esta meta, iremos <strong>de</strong>senvolver as seguintes acções:<br />

• Encorajar o fornecimento <strong>de</strong> frutos <strong>de</strong> valor elevado a mercados urbanos em pequena<br />

escala, por via da produção <strong>de</strong> um número reduzido <strong>de</strong> árvores, por família, a fim <strong>de</strong><br />

gerar algum rendimento adicional e substituir alguma fruta importada.<br />

151


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 4<br />

• Apoiar a produção <strong>de</strong> vegetais em gran<strong>de</strong> escala, próxima <strong>de</strong> centros urbanos, com acordos<br />

<strong>de</strong> fornecimento a gran<strong>de</strong>s compradores, tais como mercados, hotéis e restaurantes. Isto<br />

envolverá o agrupamento <strong>de</strong> produtores em torno <strong>de</strong> infra-estruturas partilhadas, como<br />

sejam bombas <strong>de</strong> água e instalações <strong>de</strong> embalamento, a fim <strong>de</strong> conseguir uma massa<br />

crítica <strong>de</strong> produção que facilite contratos <strong>de</strong> fornecimento.<br />

Tabela 10 Volume <strong>de</strong> frutas e vegetais importados em 2010 (toneladas)<br />

Produto<br />

Toneladas importadas<br />

Couve 86<br />

Malagueta 137<br />

Cenoura 1,666<br />

Cebola 786<br />

Alho 886<br />

Shallot 485<br />

Batata 1,149<br />

Soja 845<br />

Tomate 118<br />

Maçã 36<br />

Laranja 31<br />

Fonte: Ministério da Agricultura e Pescas.<br />

Culturas <strong>de</strong> rendimento<br />

O sector das colheitas <strong>de</strong> rendimento tem gran<strong>de</strong> potencial para contribuir para o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

rural , através da criação <strong>de</strong> empresas agrícolas <strong>de</strong> valor acrescentado em áreas, tais como, a<br />

extracção <strong>de</strong> óleo <strong>de</strong> coco e o processamento <strong>de</strong> café nas explorações agrícolas, utilizando<br />

melhores máquinas <strong>de</strong> <strong>de</strong>scasque. Para concretizar este potencial, os agricultores do sector<br />

receberão aconselhamento financeiro especializado e assistência em termos <strong>de</strong> comercialização.<br />

Será igualmente importante resolver questões <strong>de</strong> titularida<strong>de</strong> <strong>de</strong> terras e utilizar o processo <strong>de</strong><br />

separação por zonas agrícolas, <strong>de</strong> modo a i<strong>de</strong>ntificar as áreas mais a<strong>de</strong>quadas à plantação <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>terminadas colheitas.<br />

As colheitas <strong>de</strong> rendimento são cultivadas, a fim <strong>de</strong> serem comercializadas ou vendidas pelos<br />

agricultores. O café, a noz-moscada e o coco são colheitas <strong>de</strong> rendimento populares, que em<br />

conjunto empregam cerca <strong>de</strong> 50.000 agricultores em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>. Muitas das questões discutidas<br />

nas secções anteriores sobre arroz e colheitas <strong>de</strong> alimentos básicos, aplicam-se ao sector das<br />

colheitas <strong>de</strong> rendimento, on<strong>de</strong> a produtivida<strong>de</strong> é igualmente muito baixa, as práticas <strong>de</strong> cultivo<br />

estão longe <strong>de</strong> serem as melhores e os agricultores precisam <strong>de</strong> acesso a aconselhamento e<br />

assistência especializados. A posse das terras é também um problema: por exemplo, as plantações<br />

<strong>de</strong> café envolvem gran<strong>de</strong>s extensões <strong>de</strong> terreno e a existência <strong>de</strong> disputas po<strong>de</strong> prejudicar <strong>de</strong>cisões<br />

sobre investimento.<br />

A estratégia a utilizar, para aumentar a produção das culturas <strong>de</strong> rendimento, será semelhante<br />

152


PED - 2011 - 2030 - DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO<br />

à utilizada para as culturas alimentares. Os agricultores receberão subsídios, formação e<br />

aconselhamento especializados, e serão encorajados a usar fertilizantes, varieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> alta<br />

produtivida<strong>de</strong> e pesticidas apropriados, para garantir que a expansão do sector das culturas <strong>de</strong><br />

rendimento, ao longo dos próximos 20 anos, contribua para a meta <strong>de</strong> segurança alimentar em<br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> e crie emprego nas zonas rurais.<br />

Café<br />

O café constitui quase 80% das exportações não-petrolíferas. A exportação anual é <strong>de</strong> 12.500<br />

toneladas. Estima-se que cerca <strong>de</strong> 50.000 famílias são produtoras <strong>de</strong> café, que <strong>de</strong>le <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m<br />

para o seu sustento. As principais áreas <strong>de</strong> produção são Aileu, Ainaro, Bobonaro, Ermera, Liquiçá<br />

e Manufahi, com Ermera a representar meta<strong>de</strong> da produção total <strong>de</strong> café.<br />

Embora <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> produza menos <strong>de</strong> 0,2% do fornecimento <strong>de</strong> café a nível global, possuímos<br />

uma vantagem competitiva a nível da produção orgânica e somos mesmo o maior produtor <strong>de</strong><br />

café orgânico do mundo. O <strong>Timor</strong> Hybrid, um enxerto natural das varieda<strong>de</strong>s Robusta e Arábica, é<br />

reconhecido no mercado internacional como café orgânico <strong>de</strong> alta qualida<strong>de</strong>.<br />

Devido ao bom preço do café orgânico, <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> concentrar-se-á em reter o seu nicho, enquanto<br />

produtor <strong>de</strong> café orgânico <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>. Serão necessárias técnicas <strong>de</strong> Gestão Integrada <strong>de</strong> Pragas,<br />

tais como controlo <strong>de</strong> culturas, resistência das plantas, controlo mecânico e controlo biológico, a<br />

fim <strong>de</strong> atingir e manter a certificação orgânica.<br />

Dos 52.000 ha plantados, estima-se que 29.000 ha digam respeito a árvores velhas e pouco<br />

produtivas. A substituição por novas sementes e a poda, po<strong>de</strong>rão aumentar a produtivida<strong>de</strong> média<br />

<strong>de</strong> grãos ver<strong>de</strong>s <strong>de</strong> 150 a 200 kg por hectare para 650 kg por hectare. Estima-se que a produção <strong>de</strong><br />

café em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> possa ser aumentada para o dobro só com a replantação e a poda. O nosso<br />

objectivo é reabilitar 40.000 ha <strong>de</strong> plantações <strong>de</strong> café até 2020.<br />

Actualmente os produtores <strong>de</strong> café recebem um preço fixo pelo café em cereja (o fruto não tratado)<br />

ou pelo café em pergaminho (o grão semi-processado), não sendo pago qualquer prémio pela<br />

qualida<strong>de</strong>. Uma forma <strong>de</strong> valorizar o café é introduzir um sistema <strong>de</strong> classificação para melhorar<br />

a qualida<strong>de</strong>. Este <strong>de</strong>ve ser um sistema simples que os agricultores possam enten<strong>de</strong>r, baseado em<br />

dois níveis para o café em cereja (cereja misturada e cereja madura) e em três níveis para o café<br />

em pergaminho (<strong>de</strong> acordo com o cheiro, cor e dimensão). Em termos simples, a geração <strong>de</strong> um<br />

aumento ligeiro <strong>de</strong> 20 cêntimos por kg no valor da colheita, resultante da melhoria da qualida<strong>de</strong><br />

do café <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, permitirá por si só gerar mais 2,8 milhões <strong>de</strong> dólares para os agricultores,<br />

<strong>de</strong> acordo com os níveis <strong>de</strong> produção actuais.<br />

As máquinas locais ,<strong>de</strong> <strong>de</strong>scasque, que alguns agricultores usam para processar a cereja em<br />

pergaminho, e as más práticas <strong>de</strong> secagem resultam, muitas vezes, num produto <strong>de</strong> baixa<br />

qualida<strong>de</strong>. Em virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong>sta situação, alguns compradores adquirem apenas café em cereja para<br />

po<strong>de</strong>rem controlar melhor a qualida<strong>de</strong>. Os produtores <strong>de</strong> café serão ajudados a comprar melhores<br />

máquinas <strong>de</strong> <strong>de</strong>scasque.<br />

153


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 4<br />

Noz- moscada<br />

Outra cultura <strong>de</strong> rendimento que contribui para a economia <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> é a noz-moscada,<br />

a qual é cultivada em seis distritos. A noz-moscada é cultivada sobretudo pelo seu óleo. Nos<br />

últimos anos exportaram-se quantida<strong>de</strong>s reduzidas, mas como há uma espera <strong>de</strong> quatro anos<br />

entre a plantação e a colheita, os agricultores irão necessitar <strong>de</strong> apoio financeiro para expandirem<br />

o sector.<br />

Coco<br />

O coco é outra cultura <strong>de</strong> rendimento, com potencial para criar emprego, e ser vendida a nível<br />

internacional. Aproximadamente 60% das famílias timorenses possuem coqueiros. O coco é uma<br />

colheita perene que leva quatro a cinco anos a colher. A produtivida<strong>de</strong> das plantações <strong>de</strong> coco<br />

em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> é <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 565 kg por hectare, o que fica muito abaixo do padrão mundial<br />

<strong>de</strong> produtivida<strong>de</strong> do coco, que é <strong>de</strong> 1.500 kg por hectare. Isto <strong>de</strong>ve-se sobretudo ao facto <strong>de</strong> as<br />

árvores serem velhas e mal cuidadas.<br />

Existe um potencial cada vez maior para exportação <strong>de</strong> coco e produtos <strong>de</strong> coco no mercado global,<br />

em especial no que diz respeito a produtos <strong>de</strong> coco processados, tais como o óleo <strong>de</strong> copra (óleo<br />

<strong>de</strong> cozinha). Embora sejam exportadas pequenas quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> copra para o mercado Indonésio,<br />

através <strong>de</strong> <strong>Timor</strong> Oci<strong>de</strong>ntal, há muito pouco valor acrescentado no processamento <strong>de</strong>ste recurso.<br />

Uma das oportunida<strong>de</strong>s consiste em processar óleo <strong>de</strong> coco, para substituir a importação <strong>de</strong> óleo<br />

alimentar no valor <strong>de</strong> aproximadamente 2 milhões <strong>de</strong> dólares por ano. Existe também potencial<br />

para fabricar produtos domésticos tais como vassouras, cestos e utensílios <strong>de</strong> cozinha.<br />

Outras culturas <strong>de</strong> nicho <strong>de</strong> mercado<br />

Outras colheitas <strong>de</strong> nicho que po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>senvolvidas, à semelhança do café, incluem o cacau, a<br />

pimenta-preta, o caju, as avelâs, o gengibre e o cravo-da-índia. Quando apropriado, será mantida<br />

a produção orgânica para <strong>de</strong>senvolver uma marca, abrangendo diversos produtos com base em<br />

indicações geográficas. Existe também margem para exportar amendoim e feijão mungo, embora<br />

estes produtos tenham um valor inferior ao do cacau, pimenta-preta e caju.<br />

Será elaborado um estudo <strong>de</strong> mercado para i<strong>de</strong>ntificar produtos <strong>de</strong> nicho <strong>de</strong> mercado com alta<br />

qualida<strong>de</strong> que possam ser cultivados em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> e exportados com uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> ou marca<br />

timorense única. Será então <strong>de</strong>senvolvida uma estratégia para promover a produção e a exportação<br />

<strong>de</strong>stes produtos para mercados <strong>de</strong> valor elevado. Procuraremos <strong>de</strong>senvolver, pelo menos, quatro<br />

produtos <strong>de</strong> nicho que possam ser exportados <strong>de</strong> forma consistente, até 2020.<br />

Outras acções, para expandir as nossas colheitas <strong>de</strong> rendimento, incluirão:<br />

• Promoção global do café <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, através <strong>de</strong> campanhas <strong>de</strong> promoção da marca.<br />

154


PED - 2011 - 2030 - DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO<br />

• Encorajamento <strong>de</strong> café orgânico inovador, único e <strong>de</strong> alta qualida<strong>de</strong>.<br />

• Encorajamento do <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> produtos <strong>de</strong> valor acrescentado.<br />

• Expansão do cultivo <strong>de</strong> noz-moscada.<br />

• Encorajamento <strong>de</strong> cruzamento <strong>de</strong> produções entre coco e cacau e entre café e baunilha.<br />

• Promoção <strong>de</strong> indústrias domésticas, para processamento <strong>de</strong> resíduos <strong>de</strong> plantações,<br />

especialmente café, em fertilizante orgânico e alimento para animais, e dos resíduos <strong>de</strong><br />

plantações <strong>de</strong> coco em materiais e bens domésticos.<br />

CRIAÇÃO DE GADO<br />

O sector da criação <strong>de</strong> animais em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> tem potencial para contribuir significativamente<br />

para a melhoria da nutrição do nosso povo, através da melhoria do acesso a carne e lacticínios<br />

frescos. Este sector po<strong>de</strong> também criar emprego e potencialmente gerar rendimentos <strong>de</strong><br />

exportação.<br />

De acordo com o Censos 2010, cerca <strong>de</strong> 80% das famílias em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> criam animais. Cabras,<br />

ovelhas e porcos são por vezes comercializados em mercados locais, enquanto os cavalos<br />

constituem um meio <strong>de</strong> transporte importante em zonas rurais. A tabela seguinte indica o<br />

número <strong>de</strong> casas, com animais e os números <strong>de</strong> animais.<br />

155


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 4<br />

Figura 21 Famílias com animais e números <strong>de</strong> animais<br />

Fonte: Censos <strong>de</strong> 2010<br />

Existem <strong>de</strong>safios significativos a superar, para que o sector a criação <strong>de</strong> animais possa atingir o seu<br />

potencial. Os animais são, por norma, <strong>de</strong>ixados à solta a céu aberto e não há o hábito <strong>de</strong> cultivar<br />

culturas <strong>de</strong> pasto ou outros alimentos. A maior parte dos agricultores tem poucos conhecimentos<br />

sobre criação <strong>de</strong> animais e saú<strong>de</strong> animal. É necessário aprovar legislação e regulamentação sobre<br />

saú<strong>de</strong> pública veterinária, quarentena e doenças animais. A distribuição comercial dos animais é<br />

limitada por infra-estruturas rodoviárias e hídricas ina<strong>de</strong>quadas.<br />

A produção intensiva <strong>de</strong> aves e porcos não evoluiu em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> ,<strong>de</strong>vido ao custo elevado da<br />

importação <strong>de</strong> ração concentrada, e ao baixo preço da importação <strong>de</strong> frangos. A maior parte dos<br />

ovos <strong>de</strong> galinha é também importada.<br />

Existe margem para melhorar a produção <strong>de</strong> porcos e aves, segundo sistemas tradicionais, através<br />

<strong>de</strong> melhor saú<strong>de</strong> animal, vacinação e <strong>de</strong>sparasitação, e alimentação.<br />

Os volumes actuais, <strong>de</strong> <strong>de</strong>rivados e resíduos das colheitas, não são suficientes para estimular uma<br />

indústria doméstica <strong>de</strong> processamento <strong>de</strong> rações para animais todavia isto po<strong>de</strong> mudar caso a<br />

área <strong>de</strong> cultivo aumente ou passe a haver fontes <strong>de</strong> proteínas tais como resíduos <strong>de</strong> peixe.<br />

As campanhas governamentais <strong>de</strong> vacinação e o fornecimento <strong>de</strong> vacinas gratuitas continuarão<br />

a ser necessárias, bem como campanhas nacionais <strong>de</strong> divulgação promovendo cuidados básicos<br />

<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> animal e uma melhor nutrição. O nosso objectivo é aumentar o número <strong>de</strong> animais em<br />

20% até 2020.<br />

156


PED - 2011 - 2030 - DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO<br />

Existe um potencial elevado para aumentar as exportações <strong>de</strong> gado vivo para a Indonésia e para<br />

substituir a importação <strong>de</strong> produtos <strong>de</strong> carne <strong>de</strong> vaca <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>. A procura <strong>de</strong> carne <strong>de</strong> vaca na<br />

Indonésia está a aumentar 6 a 8% ao ano e é provável que a importação represente 38% da carne<br />

<strong>de</strong> vaca consumida em 2010. Ao mesmo tempo, estima-se que <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> importe 200 toneladas<br />

<strong>de</strong> carne <strong>de</strong> vaca por ano a partir <strong>de</strong> países como a Austrália.<br />

Os distritos <strong>de</strong> Bobonaro, Oe-Cússe Ambeno e Viqueque têm as maiores populações <strong>de</strong> gado,<br />

sendo que Cova Lima, Lautém e Viqueque têm as maiores áreas <strong>de</strong> pasto. O gado <strong>de</strong> Bali (Bibos<br />

banteng) está bem adaptado às condições em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, porém há muito que ainda po<strong>de</strong> ser<br />

feito, para melhorar a sua qualida<strong>de</strong> genética, através <strong>de</strong> reprodução selectiva e castração <strong>de</strong><br />

reprodutores <strong>de</strong> má qualida<strong>de</strong>. É igualmente possível melhorar outros parâmetros <strong>de</strong> produção,<br />

tais como as taxas <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong>, as taxas <strong>de</strong> parto e ganhos diários <strong>de</strong> peso vivo.<br />

Precisamos igualmente <strong>de</strong> estabelecer um centro <strong>de</strong> investigação <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> gado,<br />

implementar um sistema <strong>de</strong> gestão <strong>de</strong> controlo <strong>de</strong> doenças a longo prazo e expandir o programa<br />

<strong>de</strong> vacinação <strong>de</strong> animais. Será necessário formar clínicos veterinários, para ajudarem com cuidados<br />

a animais, e para formarem agricultores locais: isto po<strong>de</strong> ocorrer, através das reformas aos nossos<br />

sistemas <strong>de</strong> educação e formação e através do Fundo do <strong>Desenvolvimento</strong> do Capital Humano<br />

(ver Capitulo 2 – Educação). Será estabelecida uma Associação <strong>de</strong> Criadores <strong>de</strong> Gado, que se<br />

visará a promoção <strong>de</strong> estratégias, políticas e legislação.<br />

Existe potencial para substituir a importação <strong>de</strong> 200 toneladas <strong>de</strong> carne <strong>de</strong> vaca por ano, o<br />

equivalente a aproximadamente 1.400 animais. Será necessário um matadouro e uma unida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>smancho, à semelhança do matadouro privado em Kupang, para assegurar <strong>de</strong>smancho,<br />

embalamento e armazenamento <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>. O matadouro po<strong>de</strong> ven<strong>de</strong>r a retalho as suas<br />

próprias carnes através <strong>de</strong> linhas <strong>de</strong> fornecimento a produtores que forneçam animais saudáveis<br />

e <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> com cerca <strong>de</strong> 24 meses <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. O matadouro po<strong>de</strong> igualmente facultar serviços<br />

<strong>de</strong> abate e talho para privados. A atribuição <strong>de</strong> algum tipo <strong>de</strong> certificação por parte do matadouro,<br />

assegurando a qualida<strong>de</strong> e a segurança dos alimentos, permitirá aumentar o preço da carne.<br />

O matadouro em Tibar po<strong>de</strong> ser reactivado, para apoiar o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> um mercado local<br />

<strong>de</strong> carne <strong>de</strong> vaca <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, i<strong>de</strong>almente através <strong>de</strong> arrendamento ao sector privado ou <strong>de</strong><br />

outro acordo <strong>de</strong> gestão com o sector privado.<br />

Iremos estabelecer um programa <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> produtos, com o objectivo <strong>de</strong> duplicar<br />

as exportações <strong>de</strong> gado para 5.000 cabeças por ano, e substituir a importação <strong>de</strong> 200 toneladas <strong>de</strong><br />

carne <strong>de</strong> vaca por ano até 2020. Serão também tomadas as seguintes acções, com vista a melhorar<br />

a gestão da criação <strong>de</strong> animais:<br />

• <strong>Desenvolvimento</strong> <strong>de</strong> sistemas especiais <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> aves e porcos, para pequenos<br />

criadores, utilizando milho exce<strong>de</strong>ntário<br />

• Estabelecimento <strong>de</strong> um local <strong>de</strong> <strong>de</strong>monstração <strong>de</strong> processamento <strong>de</strong> resíduos animais,<br />

em fertilizante orgânico<br />

157


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 4<br />

• Expansão do processamento <strong>de</strong> produtos animais<br />

• Promover mais acesso a instituições financeiras (especialmente para o sector bancário<br />

existente) e através <strong>de</strong> cooperação com investidores<br />

• <strong>Desenvolvimento</strong> <strong>de</strong> um mini-laboratório e <strong>de</strong> um centro veterinário para animais<br />

• Estabelecimento <strong>de</strong> um local <strong>de</strong> <strong>de</strong>monstração para processamento <strong>de</strong> rações.<br />

PESCAS<br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> tem uma linha costeira com cerca <strong>de</strong> 735 km, e uma Zona Económica Exclusiva com<br />

72.000 km2, com recursos marítimos ricos e potencial para <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> pescas no mar. As<br />

águas costeiras e próximas da costa po<strong>de</strong>m igualmente suportar activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aquacultura, tais<br />

como extracção <strong>de</strong> algas e criação <strong>de</strong> camarão, abalone, caranguejos, pérolas e ostras.<br />

Dos 13 distritos em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, somente dois não possuem acesso à costa: os distritos <strong>de</strong> Aileu e<br />

Ermera. Existe também potencial para pescas em terra, nas áreas mais montanhosas, incluindo os<br />

distritos <strong>de</strong> Aileu, Manufahi, Ermera, Liquiçá, Ainaro e Viqueque.<br />

Contudo, a actual contribuição do sector das pescas, para a produção e rendimento nacional,<br />

é reduzida. A diminuição <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> exportação <strong>de</strong> peixe <strong>de</strong>ve-se ao aumento do<br />

consumo doméstico em Díli, o que é um sinal positivo, dado que o peixe é muito nutritivo.<br />

O <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma indústria nacional <strong>de</strong> pesca no mar <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá do <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><br />

um mercado <strong>de</strong> exportação, uma vez que a procura doméstica é limitada. Serão necessários mais<br />

estudos e planeamento estratégico <strong>de</strong>talhado, para concretizar este objectivo a longo prazo.<br />

Todavia, as activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aquacultura costeira, baseadas nas comunida<strong>de</strong>s, po<strong>de</strong>m oferecer<br />

oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> obtenção <strong>de</strong> rendimentos para comunida<strong>de</strong>s costeiras. Iremos introduzir, pelo<br />

menos, três tipos <strong>de</strong> activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aquicultura, para comunida<strong>de</strong>s costeiras até 2020. Antes <strong>de</strong><br />

se conduzirem novas acções, será feito um inventário dos locais a<strong>de</strong>quados.<br />

158


PED - 2011 - 2030 - DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO<br />

A maior parte da pesca é feita tradicionalmente, a partir <strong>de</strong> pequenos barcos junto da costa, e não<br />

é comercializada em mercados. Existe também alguma criação <strong>de</strong> peixe em lagos nas al<strong>de</strong>ias.<br />

A aquacultura em água doce, água salobra e água salgada não está bem <strong>de</strong>senvolvida, embora haja<br />

consumo <strong>de</strong> peixe-gato, peixe-dourado, peixe-leite, camarão e algas em pequenas quantida<strong>de</strong>s. O<br />

potencial <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento da aquacultura, em água salobra, é elevado, especialmente na área<br />

das florestas <strong>de</strong> mangais e outros terrenos marginais, que são fisicamente a<strong>de</strong>quados para viveiros<br />

<strong>de</strong> peixe. O <strong>de</strong>senvolvimento da aquacultura em água doce é limitado pela indisponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

água doce. A falta <strong>de</strong> refrigeração fiável, <strong>de</strong>vida em gran<strong>de</strong> medida a fornecimento <strong>de</strong> irregular <strong>de</strong><br />

energia, constitui uma gran<strong>de</strong> barreira à exploração comercial <strong>de</strong> peixe, e terá <strong>de</strong> ser abordada,<br />

através da construção <strong>de</strong> infra-estruturas <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> energia. É igualmente necessário<br />

melhorar a monitorização e a protecção das espécies.<br />

Comparando com outros sectores agrícolas, as pescas já estão bem reguladas, havendo várias leis,<br />

<strong>de</strong>cretos-lei e diplomas ministeriais com relevância directa para o sector. Todavia a sua aplicação<br />

é limitada e o sector continua a funcionar muito à semelhança do passado.<br />

A curto prazo (2011 a 2015), as estratégias e acções, para melhorar a gestão <strong>de</strong> pescas costeiras<br />

e em terra, e para criar um sector <strong>de</strong> pesca comercial vibrante, incidirão no aumento da apanha,<br />

através <strong>de</strong> activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> pesca tradicional, e na exploração <strong>de</strong> áreas <strong>de</strong> pesca na Zona Económica<br />

Exclusiva.<br />

A médio prazo (2016 a 2020), as acções incidirão na pesca no alto-mar e serão orientadas para a<br />

exportação, proce<strong>de</strong>ndo-se também ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> centros <strong>de</strong> pesca, ao longo da costa<br />

sul, em especial em Lore (distrito <strong>de</strong> Lautém). Será também encorajada a criação comercial <strong>de</strong><br />

peixe, nas zonas on<strong>de</strong> existam recursos hídricos, nos distritos <strong>de</strong> Aileu, Ermera, Liquiçá e Ainaro.<br />

A criação <strong>de</strong> uma indústria <strong>de</strong> pescas irá também requerer acesso a melhores barcos, formação em<br />

técnicas <strong>de</strong> pesca em alto mar e estabelecimento <strong>de</strong> ligações refrigeradas, entre zonas <strong>de</strong> pesca<br />

e pontos <strong>de</strong> exportação. Será feito um levantamento <strong>de</strong> locais, a<strong>de</strong>quados para pesca comercial,<br />

e aumentaremos a protecção <strong>de</strong> locais <strong>de</strong> criação <strong>de</strong> peixe e <strong>de</strong> outros ambientes marinhos<br />

importantes, por via <strong>de</strong> zonas <strong>de</strong> protecção marinha. Será igualmente estabelecido um centro<br />

marinho <strong>de</strong> investigação e <strong>de</strong>senvolvimento.<br />

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PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 4<br />

Outras estratégias para criar uma indústria <strong>de</strong> pescas sustentável e vibrante, que crie emprego<br />

e contribua para as metas <strong>de</strong> melhoria da segurança alimentar e da nutrição em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>,<br />

incluem:<br />

• Criação <strong>de</strong> centros <strong>de</strong> <strong>de</strong>monstração do uso <strong>de</strong> sistemas electrónicos <strong>de</strong> controlo <strong>de</strong><br />

pescas e do corte, processamento, transporte e armazenamento <strong>de</strong> produtos <strong>de</strong> pescas.<br />

• Pesquisa da criação <strong>de</strong> camarões, abalones, caranguejos e ostras.<br />

• Estabelecimento <strong>de</strong> ligações a mercados e <strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong> transporte.<br />

• Promoção da capacida<strong>de</strong> dos pescadores e da comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> criadores <strong>de</strong> peixe.<br />

• Controlo <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> e supervisão, relativamente a recursos pesqueiros.<br />

• <strong>Desenvolvimento</strong> <strong>de</strong> portos <strong>de</strong> pesca e infra-estruturas, tais como, cais e locais <strong>de</strong><br />

atracagem.<br />

• <strong>Desenvolvimento</strong> <strong>de</strong> um mercado <strong>de</strong> exportação <strong>de</strong> peixe.<br />

PRODUTOS FLORESTAIS E DE MADEIRA SUSTENTÁVEIS<br />

Para a maior parte das pessoas, que resi<strong>de</strong>m em áreas rurais, especialmente aos mais pobres, as<br />

florestas e as árvores são as fontes <strong>de</strong> alimento, combustível, forragem, medicamentos e material<br />

<strong>de</strong> construção. A gestão sustentável dos recursos florestais <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> é, não só, essencial para<br />

as famílias que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m dos produtos florestais para lenha ou obtenção <strong>de</strong> rendimentos, mas<br />

é também importante para todos os agricultores, uma vez que a <strong>de</strong>sflorestação causa erosão e<br />

danifica as captações <strong>de</strong> água – sendo que o acesso a bons solos e a cursos <strong>de</strong> água saudáveis é<br />

vital para uma boa produção agrícola.<br />

Como é referido no Capítulo 2 – Ambiente, a maioria da floresta autóctone, como a teca, mogno<br />

e sândalo, tem vindo a <strong>de</strong>saparecer e como resultado, <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> enfrenta actualmente uma<br />

<strong>de</strong>gradação dos solos, diminuição dos lençois friáticos, ameaça à vida selvagem e diminuição<br />

das fontes <strong>de</strong> alimentação. É essencial para o bem-estar da população e <strong>de</strong>senvolvimento das<br />

comunida<strong>de</strong>s rurais, que este caminho seja revertido.<br />

A área florestal <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> é cerca <strong>de</strong> 50% da área terrestre total, o equivalente a<br />

aproximadamente 745.174 hectares. O Objectivo <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> do Milénio, <strong>de</strong> 55% do<br />

território cobertos por floresta, continua a ser um alvo ambicioso.<br />

160


PED - 2011 - 2030 - DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO<br />

<strong>Plano</strong> <strong>de</strong> Gestão Florestal<br />

Para inverter a <strong>de</strong>sflorestação das nossas florestas e <strong>de</strong>senvolver uma indústria florestal sustentável<br />

iremos preparar um <strong>Plano</strong> <strong>de</strong> Gestão Florestal, que promova a reflorestação e práticas sustentáveis<br />

<strong>de</strong> gestão <strong>de</strong> terras em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>. O plano <strong>de</strong>finirá zonas a<strong>de</strong>quadas para produção florestal,<br />

em mol<strong>de</strong>s empresariais em pequena escala, seleccionará as melhores espécies (ma<strong>de</strong>ira dura,<br />

construção e agricultura florestal) e i<strong>de</strong>ntificará mercados potenciais e as vantagens comparativas<br />

<strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, em relação a ma<strong>de</strong>iras duras tropicais <strong>de</strong> valor elevado. As pessoas com interesse<br />

directo nos recursos florestais farão parte do nosso processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão, em todos os aspectos do<br />

planeamento e gestão <strong>de</strong> florestas.<br />

Será, igualmente, conduzida uma pesquisa a sistemas <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>iras duras e agricultura<br />

florestal, com o intuito <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar os sistemas a<strong>de</strong>quados para pequenos proprietários e<br />

investidores. Será estabelecido um centro <strong>de</strong> formação e <strong>de</strong>senvolvimento, em produção florestal,<br />

e a formação em carpintaria e fabrico <strong>de</strong> mobiliário, a partir <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>iras duras <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>,<br />

passará a fazer parte do nosso sector <strong>de</strong> formação vocacional.<br />

Plantação <strong>de</strong> árvores com base na comunida<strong>de</strong><br />

Apoiaremos empresas <strong>de</strong> produtos a partir <strong>de</strong> árvores e florestas, com base nas comunida<strong>de</strong>s,<br />

que dêem às comunida<strong>de</strong>s locais mais oportunida<strong>de</strong>s para beneficiarem <strong>de</strong> recursos florestais,<br />

ao mesmo tempo que serão dados mais incentivos para gerir e proteger estes recursos <strong>de</strong> modo<br />

sustentável.<br />

Os viveiros comunitários para a exploração <strong>de</strong> árvores <strong>de</strong> valor elevado, tais como o sândalo, o<br />

cedro-vermelho, a teca, o mogno e o pau-rosa, têm sido um sucesso. Os agricultores plantam<br />

as árvores criadas nas suas parcelas individuais. No futuro, estes viveiros fornecerão fontes <strong>de</strong><br />

ma<strong>de</strong>ira para outras indústrias tais como serrações, e para oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> valor acrescentado,<br />

tais como o fabrico <strong>de</strong> mobiliário <strong>de</strong> alta qualida<strong>de</strong>. Apoiaremos a plantação <strong>de</strong> um milhão <strong>de</strong><br />

árvores, a nível nacional, todos os anos, através <strong>de</strong> viveiros comunitários.<br />

Bambu<br />

<strong>Timor</strong> tem dos melhores bambus do mundo, incluindo o Dendrocalamus asper (au-betun) gigante<br />

e o Bambusa lako (au-metan, <strong>Timor</strong> Black).<br />

Há muitas gerações que o bambu é usado em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> para vários fins, incluindo fabrico <strong>de</strong><br />

cestos e tecelagem, bem como para habitações e canais <strong>de</strong> irrigação.<br />

A nível ecológico, o bambu é muito importante, uma vez que po<strong>de</strong> ser plantado estrategicamente<br />

para <strong>de</strong>ter a erosão dos solos e a <strong>de</strong>gradação das terras. Cresce muito mais rapidamente que outras<br />

plantas comercializáveis, <strong>de</strong>morando, apenas, quatro a cinco anos a atingir a sua maturida<strong>de</strong> e<br />

po<strong>de</strong>ndo ser colhido anualmente durante cerca <strong>de</strong> 30 a 40 anos.<br />

161


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 4<br />

Bambu preto<br />

O bambu é um recurso abundante em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>. É subutilizado na indústria<br />

comercial, mas a nível tradicional serve para habitações, cercas e mobiliário<br />

básico para muitas pessoas, em especial nas nossas zonas rurais. As varieda<strong>de</strong>s<br />

ricas <strong>de</strong> espécies <strong>de</strong> bambu existentes incluem o Bambusa lako, conhecido<br />

como Black <strong>Timor</strong> (Au laku em Tetum), espécie endémica em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> e que<br />

é altamente apreciado como bambu ornamental, na Austrália, <strong>de</strong>vido às suas<br />

qualida<strong>de</strong>s estéticas. Os troncos são pretos, com algumas riscas ver<strong>de</strong>s verticais<br />

entre os nós, e a casca é fácil <strong>de</strong> remover, o que a torna a<strong>de</strong>quada para tecelagens<br />

<strong>de</strong>corativas.<br />

O primeiro passo, para o estabelecimento <strong>de</strong> uma indústria <strong>de</strong> bambu e para<br />

o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma Estratégia Nacional <strong>de</strong> Bambu, foi dado, em 2008, com o estabelecimento do<br />

primeiro Centro <strong>de</strong> Bambu <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, em Tibar. Este centro produz painéis e mobiliário <strong>de</strong> bambu.<br />

Esta iniciativa tem potencial para reduzir o <strong>de</strong>semprego e estabelecer uma indústria importante <strong>de</strong> valor<br />

acrescentado para <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>.<br />

A fim <strong>de</strong> aumentar o crescimento do bambu, em áreas florestais e não florestais, iremos <strong>de</strong>senvolver,<br />

até 2015, uma Política e Estratégia Nacionais <strong>de</strong> Comercialização <strong>de</strong> Bambu. Como parte da<br />

estratégia, iremos estabelecer viveiros para criar plantas a partir <strong>de</strong> sementes, melhorar plantações<br />

<strong>de</strong> bambu (incluindo gestão <strong>de</strong> pragas) e capacitar os agricultores para gerirem plantações <strong>de</strong><br />

bambu e dominarem técnicas <strong>de</strong> colheita.<br />

A estratégia contribuirá também para o nosso programa <strong>de</strong> gestão florestal sustentável (ver<br />

acima) e para o nosso programa <strong>de</strong> conservação <strong>de</strong> terras (ver Capítulo 2 – Ambiente), através da<br />

promoção do cultivo do bambu, para fins <strong>de</strong> reflorestação e <strong>de</strong> controlo da erosão.<br />

Outras acções que serão conduzidas, para melhorar a gestão sustentável <strong>de</strong> terras, conservar e<br />

reabilitar florestas e <strong>de</strong>senvolver práticas <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira sustentáveis, incluem:<br />

• Introdução <strong>de</strong> legislação florestal especial, apoiada por melhores acordos sobre posse <strong>de</strong><br />

terras<br />

• Provi<strong>de</strong>nciar formação técnica e administrativa a trabalhadores florestais<br />

• Reflorestação em todas as zonas <strong>de</strong>gradadas, especialmente em áreas inclinadas em<br />

torno <strong>de</strong> Díli<br />

• Introdução <strong>de</strong> programas para reduzir práticas <strong>de</strong> queima <strong>de</strong> floresta ou <strong>de</strong> erva durante<br />

a estação seca<br />

• Substituição <strong>de</strong> lenha por outras fontes <strong>de</strong> energia<br />

• Aplicação <strong>de</strong> leis ambientais e leis florestais para controlar activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>gradação<br />

florestal.<br />

162


PED - 2011 - 2030 - DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO<br />

METAS<br />

Até 2015:<br />

• A tonelagem <strong>de</strong> arroz (grãos ajustados segundo perdas) terá aumentado <strong>de</strong> 37.500<br />

toneladas para 61.262 toneladas<br />

• A produtivida<strong>de</strong> do milho terá aumentado <strong>de</strong> 1,25 para 1,54 por hectare<br />

• Criação do Conselho <strong>de</strong> Assessoria Agrícola <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> para propôr políticas para o<br />

sector e supervisionar a sua implementação<br />

• O Instituto <strong>de</strong> Pesquisa e <strong>Desenvolvimento</strong> <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-leste irá li<strong>de</strong>rar e planear<br />

investimentos adicionais na pesquisa, <strong>de</strong>senvolvimento e divulgação para a maioria dos<br />

sectores agrícolas<br />

• Será elaborado um inventário dos sistemas <strong>de</strong> irrigação existentes, para <strong>de</strong>terminar quais<br />

<strong>de</strong>verão ser expandidos e novos sistemas <strong>de</strong> irrigação necessários<br />

• Terão sido <strong>de</strong>senvolvidos projectos-piloto relativos a barragens e aproveitamento <strong>de</strong><br />

lençois friaticos, que serão usados para <strong>de</strong>senvolvimento futuro<br />

• Haverá um maior investimento <strong>de</strong> capital, em culturas essenciais tais como café e baunilha,<br />

noz-moscada e óleo <strong>de</strong> palma<br />

• As activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> pesca tradicional terão aumentado e a pesca terá aumentado na Zona<br />

Económica Exclusiva<br />

• Estarão estabelecidos um <strong>Plano</strong> <strong>de</strong> Gestão Florestal e uma Política e Estratégia Nacionais<br />

<strong>de</strong> Comercialização <strong>de</strong> Bambu<br />

Até 2020:<br />

• A oferta <strong>de</strong> alimentos ultrapassará a procura<br />

• A área <strong>de</strong> arroz irrigado aumentará 40%, passando <strong>de</strong> 50.000 hectares para 70.000<br />

hectares<br />

• A produtivida<strong>de</strong> média do milho aumentará para 2,5 toneladas por hectare<br />

• Pelo menos 50% dos frutos e vegetais serão cultivados a nível local<br />

• Os números <strong>de</strong> criação <strong>de</strong> gado aumentarão em 20%<br />

• A produção <strong>de</strong> café aumentará para o dobro, no seguimento da reabilitação <strong>de</strong> 40.000<br />

hectares <strong>de</strong> plantações <strong>de</strong> café<br />

• Haverá pelo menos três tipos <strong>de</strong> activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aquacultura, a apoiar as comunida<strong>de</strong>s<br />

costeiras<br />

• O sector das pescas será uma indústria <strong>de</strong> exportação e ter-se-à expandido para a pesca<br />

<strong>de</strong> alto-mar<br />

163


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 4<br />

Até 2030:<br />

• As perdas <strong>de</strong> armazenamento <strong>de</strong> arroz nas explorações agrícolas <strong>de</strong>scerão <strong>de</strong> 20% para cerca <strong>de</strong><br />

5%<br />

• A produção <strong>de</strong> milho e <strong>de</strong> outros alimentos básicos aumentará pelo menos 50%<br />

• <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> terá pelo menos quatro culturas <strong>de</strong> rendimento <strong>de</strong> nicho <strong>de</strong> mercado que po<strong>de</strong>m ser<br />

exportados <strong>de</strong> forma consistente<br />

164


PED - 2011 - 2030 - DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO<br />

P E T R Ó L E O<br />

VISÃO GERAL E DESAFIOS<br />

O sector do petróleo em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong><br />

é <strong>de</strong>signado, pelo <strong>Plano</strong> <strong>Estratégico</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong>, como um pilar<br />

fundamental do nosso <strong>de</strong>senvolvimento<br />

futuro. Este sector é essencial não só para o<br />

nosso crescimento económico como também<br />

para o nosso progresso futuro, enquanto<br />

Nação bem-sucedida e estável.<br />

Ao <strong>de</strong>senvolvermos o sector, precisamos <strong>de</strong><br />

garantir que a riqueza <strong>de</strong> recursos naturais <strong>de</strong><br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> é utilizada para construir a nossa<br />

Nação e apoiar o nosso povo.<br />

“Quero que o nosso<br />

petróleo seja utilizado<br />

para criar a nossa própria<br />

indústria e dar emprego<br />

aos timorenses.”<br />

Professor, Hatulia, distrito <strong>de</strong> Ermera,<br />

Consulta Nacional, 13 <strong>de</strong> Julho <strong>de</strong> 2010<br />

Actualmente <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> não possui as infra-estruturas, indústrias <strong>de</strong> apoio e recursos humanos<br />

fundamentais para fazer funcionar e gerir o nosso sector petrolífero. Isto resulta na perda <strong>de</strong><br />

gran<strong>de</strong>s oportunida<strong>de</strong>s para o nosso povo e para a nossa Nação.<br />

O aproveitamento <strong>de</strong>stas oportunida<strong>de</strong>s e a expansão do sector petrolífero criarão bases sólidas<br />

para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma indústria bem-sucedida, <strong>de</strong> exportação e <strong>de</strong> prestação <strong>de</strong><br />

serviços, com um sector privado maduro e em crescimento.<br />

ESTRATÉGIA E ACÇÕES<br />

Aproveitaremos ao máximo a nossa riqueza, em termos <strong>de</strong> petróleo e gás, pelo estabelecimento<br />

<strong>de</strong> uma Companhia Nacional <strong>de</strong> Petróleo e <strong>de</strong>senvolvimento do projecto Tasi Mane na costa<br />

Sul, facilitando, aos nossos cidadãos, as qualificações e experiência <strong>de</strong> que necessitam, para<br />

li<strong>de</strong>rar e gerir o <strong>de</strong>senvolvimento da nossa indústria petrolífera. Continuaremos o nosso<br />

compromisso em relação à transparência da contabilida<strong>de</strong> das receitas do sector petrolífero.<br />

Para dar resposta aos <strong>de</strong>safios futuros, serão dados os seguintes passos:<br />

• As receitas petrolíferas continuarão a ser transparentes e utilizadas para apoiar o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento social e económico.<br />

• Será <strong>de</strong>senvolvida uma indústria petrolífera que opere com o máximo <strong>de</strong> participação <strong>de</strong><br />

cidadãos e empresas timorenses.<br />

• Serão melhorados e <strong>de</strong>senvolvidos os recursos humanos necessários para o funcionamento<br />

da indústria petrolífera.<br />

• A costa sul será <strong>de</strong>senvolvida para apoiar a expansão da nossa indústria petrolífera<br />

interna, incluindo o estabelecimento das infra-estruturas vitais.<br />

165


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 4<br />

RECEITAS E TRANSPARÊNCIA<br />

O sector petrolífero já é a maior fonte <strong>de</strong> receitas do Orçamento do Estado. Estas receitas <strong>de</strong>vem<br />

ser usadas para prestar cuidados <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, educação e segurança para o nosso povo, bem como<br />

para construir e manter as infra-estruturas da nossa Nação.<br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> está totalmente empenhado em que os rendimentos, provenientes dos nossos<br />

recursos petrolíferos sejam plenamente transparentes, para que todos possam ver o retorno<br />

financeiro, a movimentação <strong>de</strong> fundos públicos e o retorno <strong>de</strong> investimentos do fundo petrolífero.<br />

Este compromisso será <strong>de</strong>monstrado através da manutenção dos actuais arranjos do Fundo<br />

Petrolífero, bem como da a<strong>de</strong>são a mecanismos internacionais <strong>de</strong> transparência, tais como a<br />

Iniciativa para a Transparência nas Indústrias Extractivas (ITIE). <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> é a terceira Nação do<br />

mundo, e a primeira da Ásia, a assinar e a cumprir totalmente com a ITIE. Isto reflecte a nossa<br />

transparência absoluta em contabilizar publicamente cada dólar pago pelas empresas petrolíferas<br />

a operarem em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> e cada dólar que chega ao governo como receita.<br />

DESENVOLVIMENTO DE RECURSOS HUMANOS PARA A INDÚSTRIA PETROLÍFERA<br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> precisa <strong>de</strong> trabalhar para garantir que os nossos cidadãos não só beneficiam das<br />

receitas da venda dos nossos recursos petrolíferos, como também participam, administram e<br />

trabalham na indústria petrolífera. A nossa riqueza petrolífera dá-nos uma gran<strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong><br />

para <strong>de</strong>senvolver uma indústria doméstica forte, na qual estejamos plenamente envolvidos e<br />

on<strong>de</strong> os cidadãos timorenses possam beneficiar <strong>de</strong> emprego e oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> formação <strong>de</strong><br />

alto nível. Deste modo, po<strong>de</strong>mos aumentar os ganhos para o nosso povo para lá da simples venda<br />

<strong>de</strong> petróleo e gás.<br />

A fim <strong>de</strong> permitir a participação plena do nosso povo, na construção da indústria petrolífera,<br />

encetámos um programa extenso e contínuo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> recursos humanos. Isto incluirá<br />

a formação dos nossos cidadãos em áreas essenciais, tais como: geologia, engenharia petrolífera<br />

e química, finanças petrolíferas e gestão <strong>de</strong> negócios e projectos. Esta formação irá ocorrer por<br />

via <strong>de</strong> bolsas <strong>de</strong> estudo em instituições <strong>de</strong> Ensino Superior reconhecidas, oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento profissional para funcionários públicos <strong>de</strong>ntro e fora <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, e colocação<br />

<strong>de</strong> funcionários em empresas internacionais <strong>de</strong> petróleo e gás.<br />

Adicionalmente, a Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Engenharia da Universida<strong>de</strong> Nacional <strong>de</strong> <strong>Timor</strong> Lorosa’e, em<br />

Hera, oferecerá no futuro um programa <strong>de</strong> bacharelato em Geologia e Petróleo. Será igualmente<br />

<strong>de</strong>senvolvido um centro <strong>de</strong> formação, em operações <strong>de</strong> petróleo e gás, numa Politécnica em Suai.<br />

Na área da investigação, será estabelecido o Instituto <strong>de</strong> Petróleo e Geologia, para administrar<br />

dados científicos <strong>de</strong> activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> exploração <strong>de</strong> petróleo e gás e para conduzir investigação e<br />

prestar aconselhamento.<br />

Um aspecto importante a ter em conta é que gran<strong>de</strong> parte <strong>de</strong>ste programa, incluindo as bolsas <strong>de</strong><br />

estudo no país e no estrangeiro, será financiada através do Fundo do <strong>Desenvolvimento</strong> do Capital<br />

Humano (ver Capítulo 2 – Educação), que garantirá que <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> venha a possuir recursos<br />

166


PED - 2011 - 2030 - DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO<br />

humanos, com as qualificações e a experiência necessárias, para li<strong>de</strong>rar e gerir o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

da nossa indústria petrolífera.<br />

ESTABELECIMENTO DA COMPANHIA NACIONAL DE PETRÓLEO<br />

Um elemento vital da estratégia <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento da nossa indústria petrolífera será<br />

o estabelecimento <strong>de</strong> uma Companhia Nacional <strong>de</strong> Petróleo – TIMOR GAP E.P. ( <strong>Timor</strong> Gás e<br />

Petróleo). Esta companhia <strong>de</strong>verá ser capaz <strong>de</strong> li<strong>de</strong>rar o <strong>de</strong>senvolvimento da indústria por via <strong>de</strong><br />

participação directa, i<strong>de</strong>ntificação e investimento no nosso sector petrolífero. Será um meio para<br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> ter uma intervenção directa na expansão do sector e para beneficiar <strong>de</strong>sta expansão.<br />

A Companhia Nacional <strong>de</strong> Petróleo empenhar-se-á na capacitação dos nossos recursos humanos<br />

e na criação <strong>de</strong> conhecimentos especializados sobre petróleo, <strong>de</strong> forma a permitir a i<strong>de</strong>ntificação<br />

e participação <strong>de</strong> timorenses.<br />

PROJECTO TASI MANE<br />

Para trazer o <strong>de</strong>senvolvimento petrolífero para as nossas costas e provi<strong>de</strong>nciar divi<strong>de</strong>ndos<br />

económicos directos, a partir das activida<strong>de</strong>s da indústria petrolífera, serão <strong>de</strong>senvolvidas infraestruturas<br />

<strong>de</strong> apoio, na costa Sul <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>. Este <strong>de</strong>senvolvimento será li<strong>de</strong>rado pelo Projecto<br />

Tasi Mane, um projecto plurianual que visa a criação <strong>de</strong> três pólos industriais na costa Sul, os<br />

quais irão formar a espinha dorsal da indústria petrolífera <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>. O projecto envolverá o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma zona costeira <strong>de</strong> Suai a Beaço e garantirá a existência das infra-estruturas<br />

necessárias para suportar uma indústria petrolífera doméstica em crescimento. O Tasi Mane incluirá<br />

o agrupamento da Plataforma <strong>de</strong> abastecimento <strong>de</strong> Suai, o agrupamento da Refinaria e Indústria<br />

Petroquímica <strong>de</strong> Betano e o agrupamento da Instalação <strong>de</strong> GPL <strong>de</strong> Beaço.<br />

Figura 22 Agrupamentos do Tasi Mane<br />

Fonte: Preparado para o <strong>Plano</strong> <strong>Estratégico</strong> <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong><br />

!<br />

167


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 4<br />

Plataforma <strong>de</strong> Abastecimento <strong>de</strong> Suai<br />

O investimento alargado, por parte do sector público, irá estabelecer uma base logística para<br />

o sector petrolífero em Suai. A base permitirá à costa Sul <strong>de</strong>senvolver um sector petrolífero<br />

nacional, juntamente com indústrias e empresas relacionadas e <strong>de</strong> apoio. Oferecerá um ponto <strong>de</strong><br />

entrada para o material e equipamentos, que serão necessários para construir as infra-estruturas<br />

e instalações da indústria petrolífera. O Suai tornar-se-á um centro para a indústria petrolífera em<br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, no fornecimento <strong>de</strong> serviços, logística, fabricações e recursos humanos.<br />

O investimento público será usado para construir:<br />

• Um porto marítimo em Kamanasa, Suai, incluindo parque <strong>de</strong> contentores, área logística<br />

<strong>de</strong> armazenamento, escritórios e instalações <strong>de</strong> armazenamento <strong>de</strong> combustível.<br />

• Um complexo habitacional em Kamanasa.<br />

• Uma indústria metalúrgica<br />

• Instalações <strong>de</strong> construção e reparação <strong>de</strong> embarcações<br />

• Aeroporto do Suai reabilitado.<br />

A Plataforma <strong>de</strong> Abastecimento <strong>de</strong> Suai irá tornar-se uma base industrial nacional e uma plataforma<br />

logística para impulsionar a criação <strong>de</strong> emprego e o <strong>de</strong>senvolvimento económico na costa Sul. Irá<br />

igualmente apoiar o estabelecimento <strong>de</strong> centros petrolíferos em Betano e Beaço.<br />

Agrupamento da Refinaria e Indústria Petroquímica <strong>de</strong> Betano<br />

O Agrupamento <strong>de</strong> Betano consistirá num parque industrial on<strong>de</strong> serão localizadas uma refinaria<br />

e instalações da indústria petroquímica, juntamente com uma cida<strong>de</strong> administrativa da indústria<br />

petrolífera. A cida<strong>de</strong> provi<strong>de</strong>nciará habitação e serviços sociais e formará uma nova base <strong>de</strong><br />

emprego na costa Sul.<br />

O estabelecimento <strong>de</strong> um centro <strong>de</strong> refinaria e indústria petroquímica será concretizado através<br />

<strong>de</strong> cooperação entre o sector público e o sector privado. A Companhia Nacional <strong>de</strong> Petróleo<br />

<strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> terá um papel fundamental neste <strong>de</strong>senvolvimento. A fase inicial consistirá no<br />

estabelecimento <strong>de</strong> uma refinaria com capacida<strong>de</strong> para 30.000 barris por dia, po<strong>de</strong>ndo aumentar<br />

este número <strong>de</strong> forma progressiva até 100.000 barris por dia, à medida que a indústria petroquímica<br />

for crescendo. As necessida<strong>de</strong>s domésticas a nível <strong>de</strong> combustível, tais como gasóleo, gasolina,<br />

combustível para aviões e asfaltos serão cobertas por esta refinaria. Adicionalmente, muitos<br />

produtos da refinaria serão exportados <strong>de</strong> modo a aumentar o nosso comércio <strong>de</strong> produtos <strong>de</strong><br />

petróleo e <strong>de</strong> gás.<br />

Agrupamento da Instalação <strong>de</strong> GPL <strong>de</strong> Beaço<br />

O agrupamento da Instalação <strong>de</strong> GPL <strong>de</strong> Beaço será a área aon<strong>de</strong> o gasoduto <strong>de</strong> gás natural<br />

168


PED - 2011 - 2030 - DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO<br />

chega a <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> e na qual será localizada a instalação <strong>de</strong> GPL para processar o gás. O<br />

agrupamento incorporará o complexo da instalação <strong>de</strong> GPL e os <strong>de</strong>senvolvimentos <strong>de</strong> Nova<br />

Beaço e Nova Viqueque. O aeroporto , existente em Viqueque, será renovado com capacida<strong>de</strong> para<br />

operar como um aeroporto <strong>de</strong> chegada e saída para operadores da instalação <strong>de</strong> GPL, servindo<br />

igualmente como aeroporto regional.<br />

A primeira fase do <strong>de</strong>senvolvimento da instalação <strong>de</strong> GPL será o estabelecimento <strong>de</strong> uma<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> 5 milhões <strong>de</strong> toneladas por ano (MTPA) ou um compressor, capacida<strong>de</strong><br />

esta que po<strong>de</strong>rá ser alargada, no futuro, para até 20 milhões <strong>de</strong> toneladas por ano (MTPA) ou 4<br />

compressores.<br />

Será construída uma estrada entre Suai e Beaço para ligar os três agrupamentos e apoiar o<br />

crescimento da indústria petrolífera. Esta estrada será construída por etapas. Cada etapa será<br />

<strong>de</strong>senvolvida <strong>de</strong> acordo com a necessida<strong>de</strong> económica e o crescimento da indústria. O projecto<br />

terá início até 2015 e estará concluído o mais tardar até 2020.<br />

Fases do Projecto Tasi Mane<br />

O Projecto Tasi Mane será conduzido ao longo <strong>de</strong> um período <strong>de</strong> vinte anos e envolverá quatro<br />

etapas, com a primeira etapa a arrancar imediatamente. As quatro etapas são as seguintes:<br />

• 1ª Etapa: 2011-2013 Esta etapa englobará o arranque da primeira fase da Plataforma<br />

<strong>de</strong> Abastecimento <strong>de</strong> Suai, que incluirá a construção <strong>de</strong> um porto marítimo, com um<br />

quebra-mar, na área <strong>de</strong> Kamanasa, armazéns, escritórios e serviços, juntamente com a<br />

reabilitação do aeroporto <strong>de</strong> Suai e a reabilitação <strong>de</strong> estradas <strong>de</strong> ligação na área <strong>de</strong> Suai<br />

- Kamanasa.<br />

• 2ª Etapa: 2013-2016 Esta etapa englobará a conclusão da primeira fase da Plataforma <strong>de</strong><br />

Abastecimento <strong>de</strong> Suai e o arranque da segunda fase, que incluirá a extensão do quebramar<br />

para cobrir uma área <strong>de</strong> ancoradouro mais protegida, para dar resposta ao aumento<br />

esperado na procura <strong>de</strong> transportes comerciais. A construção da nova cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Suai<br />

começará a provi<strong>de</strong>nciar habitação e alojamento para trabalhadores. A construção da<br />

primeira fase do projecto da refinaria, com capacida<strong>de</strong> para 30.000 barris por dia, terá<br />

início em Betano. A construção da estrada entre Suai e Betano começará durante esta<br />

etapa, assim como a primeira fase do <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> Nova Betano.<br />

• 3ª Etapa: 2017-2023 Esta etapa incluirá a conclusão da primeira fase do projecto da<br />

refinaria e a extensão da auto-estrada entre Betano e Beaço. A instalação <strong>de</strong> GPL, Nova<br />

Viqueque e Nova Beaço serão construídas e o aeroporto regional <strong>de</strong> Viqueque será<br />

renovado e alargado.<br />

• 4ª Etapa: 2024-2030 Esta etapa inclui a terceira fase da Plataforma <strong>de</strong> Abastecimento<br />

<strong>de</strong> Suai; a segunda e terceira fases da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> administração petrolífera; o crescimento<br />

continuado <strong>de</strong> indústrias petroquímicas; e a continuação da expansão da instalação <strong>de</strong><br />

GPL para acomodar compressores adicionais caso sejam feitas novas <strong>de</strong>scobertas <strong>de</strong><br />

gás.<br />

169


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 4<br />

METAS<br />

Até 2015:<br />

• A construção do Porto <strong>de</strong> Suai terá sido concluída<br />

• O aeroporto <strong>de</strong> Suai terá sido reabilitado<br />

• A primeira fase do projecto da refinaria terá sido iniciada<br />

• A construção da primeira secção da estrada entre Suai e Betano terá começado<br />

• O <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> Nova Suai terá sido concluído<br />

• A primeira fase <strong>de</strong> Nova Betano terá sido iniciada<br />

Até 2020:<br />

• A segunda fase da Plataforma <strong>de</strong> Abastecimento <strong>de</strong> Suai terá sido concluída<br />

• A primeira fase do projecto da refinaria terá sido concluída<br />

• O Porto <strong>de</strong> Beaço terá sido concluído<br />

Até 2030:<br />

• O projecto <strong>de</strong> Tasi Mane terá sido concluído, estabelecendo uma indústria petrolífera dinâmica e<br />

integrada ligada por uma auto-estrada na costa sul <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong><br />

170


PED - 2011 - 2030 - DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO<br />

T U R I S M O<br />

VISÃO GERAL E DESAFIOS<br />

Com a beleza natural, história rica e<br />

património cultural <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, existe<br />

gran<strong>de</strong> potencial para <strong>de</strong>senvolver o turismo<br />

como uma gran<strong>de</strong> indústria para suportar o<br />

nosso <strong>de</strong>senvolvimento económico. Uma<br />

indústria bem-sucedida <strong>de</strong> turismo contribuirá<br />

com rendimentos para a economia nacional<br />

e para as economias locais, criará emprego,<br />

criará empresas e reduzirá os <strong>de</strong>sequilíbrios<br />

económicos regionais.<br />

“Temos muita beleza natural<br />

aqui mas ninguém po<strong>de</strong> vir<br />

vê-la se não repararmos as<br />

nossas estradas.”<br />

Chefe <strong>de</strong> al<strong>de</strong>ia, sub-distrito <strong>de</strong> Uatulari,<br />

distrito <strong>de</strong> Viqueque, Consulta Nacional,<br />

1 <strong>de</strong> Maio <strong>de</strong> 2010<br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> dispõe <strong>de</strong> águas tropicais ricas<br />

em vida marinha, praias <strong>de</strong> areia branca, cordilheiras montanhosas espectaculares, uma cultura<br />

timorense única, um legado colonial português e uma história <strong>de</strong> resistência. Oferecemos também<br />

um calendário <strong>de</strong> eventos especiais, incluindo a Volta a <strong>Timor</strong> em bicicleta, a Maratona <strong>de</strong> Díli<br />

‘Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Paz’ e a Regata <strong>de</strong> Darwin a Díli.<br />

Maratona <strong>de</strong> Díli ‘Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Paz’<br />

A Maratona <strong>de</strong> Díli ‘Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Paz’ é um dos maiores eventos<br />

<strong>de</strong>sportivos locais do ano em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, atraindo milhares <strong>de</strong><br />

participantes timorenses, estrangeiros e atletas internacionais.<br />

A maratona constitui também uma oportunida<strong>de</strong> para encorajar<br />

corredores timorenses a competir, <strong>de</strong>senvolver a capacida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> grupos <strong>de</strong> atletismo locais e promover mensagens <strong>de</strong> paz e<br />

unida<strong>de</strong>.<br />

A primeira Maratona <strong>de</strong> Díli foi realizada em Junho <strong>de</strong> 2010 e atraiu mais <strong>de</strong> 1.000 corredores <strong>de</strong> 28<br />

países. Em 2011, quase 5.000 pessoas participaram na Maratona, cidadãos timorenses espalhados<br />

pelo país e até corredores internacionais vindos <strong>de</strong> sítios tão longínquos como o Quénia e os<br />

Estados Unidos da América. Participaram também crianças em ida<strong>de</strong> escolar em activida<strong>de</strong>s<br />

paralelas.<br />

A maratona é actualmente um evento anual que atrai corredores, meios <strong>de</strong> comunicação social<br />

e turistas <strong>de</strong> todo o mundo a <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>. O evento inclui uma maratona completa (42 km), uma<br />

meia maratona (21km) e uma mini maratona (7 km) intitulada ‘Halai Ba Dame’ (Corrida pela Paz).<br />

171


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 4<br />

A maratona completa e a meia maratona são cronometradas, registadas e acreditadas como<br />

corridas segundo os padrões da Associação Internacional <strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>rações <strong>de</strong> Atletismo (IAAF), com<br />

os corredores a po<strong>de</strong>rem utilizar os resultados para se qualificarem para outras maratonas da<br />

IAAF e para estabelecerem recor<strong>de</strong>s mundiais. Existe também uma secção <strong>de</strong> carida<strong>de</strong> na qual<br />

os participantes recolhem dinheiro para organizações sem fins lucrativos a trabalhar em <strong>Timor</strong>-<br />

<strong>Leste</strong>.<br />

A parceria com os New York Road Runners inclui formação a treinadores timorenses para<br />

ensinarem os aspectos fundamentais da corrida a jovens, bem como o apoio a uma pequena<br />

equipa <strong>de</strong> corredores timorenses para participarem na Maratona da Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Nova Iorque. A<br />

Organização pela Paz e pelo Desporto promove o conceito <strong>de</strong> Corrida pela Paz, usando o atletismo<br />

para unir populações vulneráveis e passar mensagens positivas <strong>de</strong> coesão social e paz em países<br />

a recuperarem <strong>de</strong> situações <strong>de</strong> conflito. A organização ajudará a estabelecer e a promover a ‘Halai<br />

Ba Dame’ <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>.<br />

Estas parcerias – juntamente com o apoio <strong>de</strong> outras organizações e corredores internacionais<br />

<strong>de</strong> renome – ajudarão a estabelecer a credibilida<strong>de</strong> da maratona, promovendo a campanha ‘Díli<br />

Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Paz’ e fortalecendo as perspectivas a longo prazo da maratona como um evento bemsucedido<br />

e conduzido pelos timorenses.<br />

Com a nossa cultura tradicional, a história viva das nossas comunida<strong>de</strong>s rurais e a beleza da Nação,<br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> é capaz <strong>de</strong> dar aos visitantes uma experiência memorável. Embora a região do Su<strong>de</strong>ste<br />

Asiático já contenha muitas ofertas turísticas, <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> po<strong>de</strong>rá atrair visitantes que procurem<br />

experiências unicas, aventura e turismo ecológico.<br />

O nosso sector turístico está nas primeiras fases do seu <strong>de</strong>senvolvimento, com um<br />

número ainda limitado, mas crescente, <strong>de</strong> turistas internacionais e com infra-estruturas<br />

turísticas emergentes. As más condições da re<strong>de</strong> rodoviária do país, as fracas opções em<br />

termos <strong>de</strong> alojamento e as ligações aéreas relativamente caras constituem <strong>de</strong>safios ao<br />

crescimento do sector. Estes <strong>de</strong>safios serão abordados à medida que <strong>de</strong>senvolvemos a<br />

nossa economia e embarcamos num vasto programa <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> infra-estruturas.<br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> tem também a sorte <strong>de</strong> estar situado na região Ásia Pacífico, cujo mercado<br />

<strong>de</strong> turismo internacional está a crescer e a procurar as fortunas económicas emergentes<br />

na região. A concessão <strong>de</strong> vistos turísticos em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> tem vindo a aumentar <strong>de</strong> ano<br />

a ano, conforme se po<strong>de</strong> ver pela figura seguinte, ainda que nem todos os visitantes<br />

que recebem estes vistos entrem no país apenas com o intuito <strong>de</strong> fazer turismo.<br />

172


PED - 2011 - 2030 - DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO<br />

Figura 23 Chegadas <strong>de</strong> turistas a <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, 2009 a Março <strong>de</strong> 2011<br />

26.162<br />

28.824<br />

8.416<br />

2009 2010<br />

2011 (March) Março<br />

Fonte: Aeroporto, Porto e Postos Fronteiriços <strong>de</strong> Batuga<strong>de</strong>, Bobometo e Sacamato<br />

ESTRATÉGIA E ACÇÕES<br />

Num mercado global que procura ofertas turísticas novas e autênticas, <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> posicionarse-á<br />

para provi<strong>de</strong>nciar experiências turísticas que aproveitem a nossa beleza natural, a nossa<br />

cultura e o nosso património. Isto permitirá a <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> diferenciar-se das ofertas turísticas<br />

generalizadas e apelar ao segmento <strong>de</strong> mercado crescente que procura experiências únicas em<br />

locais singulares.<br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> <strong>de</strong>senvolverá também ofertas, em mercados <strong>de</strong> nicho, para visitantes que procurem<br />

turismo <strong>de</strong> aventura, mergulho com botija e turismo marítimo, caminhadas ou experiências<br />

<strong>de</strong> turismo cultural e histórico. No curto a médio prazo, iremos também <strong>de</strong>senvolver a nossa<br />

capacida<strong>de</strong> para receber conferências e convenções internacionais.<br />

Serão visados os mercados seguintes:<br />

• Turismo ecológico e marítimo.<br />

• Turismo histórico e cultural.<br />

• Turismo <strong>de</strong> aventura e <strong>de</strong>porto.<br />

• Turismo religioso e <strong>de</strong> peregrinação.<br />

• Turismo <strong>de</strong> conferências e convenções.<br />

História da nossa resistência<br />

Muitas das pessoas, que visitam <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, estão interessadas<br />

em apren<strong>de</strong>r mais sobre a nossa luta pela auto<strong>de</strong>terminação e pela<br />

in<strong>de</strong>pendência. Existem muitos locais espalhados pelo país com muita<br />

importância para o movimento da resistência, incluindo locais on<strong>de</strong> se<br />

travaram gran<strong>de</strong>s batalhas contra os ocupantes e on<strong>de</strong> foram realizadas<br />

reuniões vitais da Resistência.<br />

Iremos <strong>de</strong>senvolver sinalização e materiais impressos e em formato electrónico para orientar<br />

os visitantes rumo a estes locais e permitir-lhes compreen<strong>de</strong>r as condições terríveis com que<br />

o movimento da resistência teve <strong>de</strong> lutar e a gran<strong>de</strong> coragem e <strong>de</strong>terminação dos nossos<br />

combatentes.<br />

173


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 4<br />

Os locais a <strong>de</strong>stacar incluem:<br />

• Soiabada (Manatuto) - on<strong>de</strong>, em Maio <strong>de</strong> 1976, foram estabelecida<strong>de</strong>s as bases para uma resistência<br />

organizada, no seguimento da invasão Indonésia a <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, em Dezembro <strong>de</strong> 1975<br />

• Monte Matebian no leste do país — on<strong>de</strong> 140.000 civis foram cercados e bombar<strong>de</strong>ados por forças<br />

ocupantes em Novembro <strong>de</strong> 1978<br />

• Laline/Lakluta (Viqueque) — on<strong>de</strong> teve lugar a 1ª Conferência Nacional para a reorganização da<br />

luta, em Março <strong>de</strong> 1981, na qual foi adoptada uma nova estratégia para a resistência<br />

• Lari-Gutu (Viqueque) — local das primeiras negociações relativas a cessar-fogo entre o comandante<br />

dos militares indonésios e a resistência <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, a 20 <strong>de</strong> Março <strong>de</strong> 1983.<br />

Outros locais com significado para a nossa luta pela in<strong>de</strong>pendência e que os turistas serão encorajados a<br />

visitar incluem o Palácio do <strong>Governo</strong> em Díli (on<strong>de</strong> a FRETILIN <strong>de</strong>clarou unilateralmente <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> como<br />

Nação in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte a 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 1975) e o cemitério <strong>de</strong> Santa Cruz em Díli (no qual pelo menos 250<br />

manifestantes pró-in<strong>de</strong>pendência foram massacrados em Novembro <strong>de</strong> 1991) — um evento que foi filmado e<br />

que subsequentemente gerou con<strong>de</strong>nação internacional, virando <strong>de</strong>terminantemente a opinião mundial contra<br />

a ocupação <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>.<br />

Ao preservamos estes locais, estaremos não só a permitir aos visitantes conhecer as nossas experiências, como<br />

também a manter a nossa história orgulhosa <strong>de</strong> resistência à ocupação para as gerações futuras <strong>de</strong> timorenses e a<br />

honrar aqueles que <strong>de</strong>ram as suas vidas na luta pela In<strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>.<br />

Para satisfazer este mercado turístico, precisaremos <strong>de</strong> melhorar as nossas infra-estruturas<br />

<strong>de</strong> base, incluindo estradas e pontes, electricida<strong>de</strong>, telecomunicações, aeroportos e portos<br />

marítimos. À medida que são realizados gran<strong>de</strong>s projectos <strong>de</strong> infra-estruturas, a indústria do<br />

turismo será <strong>de</strong>senvolvida para respon<strong>de</strong>r à maior acessibilida<strong>de</strong> do nosso país. O planeamento<br />

a nível <strong>de</strong> infra-estruturas, incluindo a priorização <strong>de</strong> projectos, levará em conta as necessida<strong>de</strong>s<br />

da indústria do turismo para garantir que a indústria não é afectada por más condições <strong>de</strong> acesso<br />

ou pela falta <strong>de</strong> infra-estruturas críticas. A importância do sector, para o futuro <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, irá<br />

garantir que o nosso programa <strong>de</strong> infra-estruturas dá priorida<strong>de</strong> a projectos tais como melhorias<br />

ao aeroporto <strong>de</strong> Díli e aos aeroportos <strong>de</strong> distrito, aos portos marítimos <strong>de</strong> distrito, às estradas e às<br />

telecomunicações.<br />

Outro <strong>de</strong>safio fundamental pren<strong>de</strong>-se com os recursos humanos limitados para servir uma indústria<br />

<strong>de</strong> turismo em crescimento. Para dar resposta a esta lacuna, iremos incidir o sector da educação<br />

e formação vocacional no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> qualificações para o sector do turismo. A nossa<br />

indústria do turismo e o sector da educação e formação, irão trabalhar em parceria para garantir<br />

que os alunos concluam os estudos com as qualificações e os conhecimentos <strong>de</strong> que o mercado<br />

<strong>de</strong> trabalho do turismo necessita. Esta educação e formação irão <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a escola secundária até<br />

programas <strong>de</strong> formação vocacional e formação prática. Abrangerão uma gama <strong>de</strong> áreas, incluindo<br />

gestão hoteleira, hotelaria, fornecimento <strong>de</strong> refeições, restauração e gestão <strong>de</strong> empresas.<br />

174


PED - 2011 - 2030 - DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO<br />

As comunida<strong>de</strong>s locais também recebem apoio para oferecer serviços a visitantes, incluindo<br />

alojamento, serviços <strong>de</strong> guia e preparação <strong>de</strong> alimentos.Para aumentar o seu perfil, as comunida<strong>de</strong>s<br />

serão ajudadas com novas opções <strong>de</strong> tecnologias <strong>de</strong> informação e acesso à internet, ligando<br />

viajantes a empresas e atracções locais. A indústria dos restaurantes será regulada, <strong>de</strong> forma a<br />

garantir os padrões apropriados e criar as bases para ganhar qualida<strong>de</strong> e experiência na confecção<br />

<strong>de</strong> refeições especiais, incluindo a cozinha timorense, portuguesa e africana.<br />

A indústria dos táxis será <strong>de</strong>pois regulada, para garantir que fornece o padrão <strong>de</strong> serviços esperado<br />

pelos visitantes internacionais. Isto incluirá um mecanismo <strong>de</strong> reclamações, tarifas uniformizadas,<br />

padrões mínimos para veículos e um sistema regulado <strong>de</strong> bilhetes a preços fixos no aeroporto <strong>de</strong><br />

Díli.<br />

Turismo religioso e <strong>de</strong> peregrinação<br />

A fé e a religião assumem uma gran<strong>de</strong> importância para o nosso povo. Através<br />

<strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, a nossa cultura e crença são reforçadas pelo Lulik (sagrado), a fé<br />

animista segundo a qual se adoram os espíritos dos mortos. Estes espíritos estão<br />

presentes na nossa paisagem, rochedos, animais, ribeiras e objectos dotados <strong>de</strong><br />

po<strong>de</strong>r espiritual. A mostra dos nossos locais e objectos Lulik e o ensinamento das<br />

nossas crenças e legado Lulik permitirão aos visitantes enten<strong>de</strong>r melhor a nossa<br />

terra e as nossas gentes.<br />

A importância da religião em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> fica evi<strong>de</strong>nte para os visitantes que<br />

chegam a Díli pela primeira vez. A estátua <strong>de</strong> 25 metros <strong>de</strong> altura do Cristo Rei em<br />

cima <strong>de</strong> um globo contempla a cida<strong>de</strong> e as nossas belas praias e colinas, lembrando aos visitantes da estátua<br />

semelhante no Rio <strong>de</strong> Janeiro, Brasil. Chega-se ao Cristo Rei subindo mais <strong>de</strong> 500 <strong>de</strong>graus, passando pelas<br />

Estações da Cruz e proporcionando aos visitantes vistas esplêndidas a partir da sombra da estátua <strong>de</strong> Jesus<br />

Cristo.<br />

Iremos igualmente <strong>de</strong>senvolver turismo centrado em torno <strong>de</strong> peregrinações religiosas. Um dos nossos locais<br />

mais importantes é Soibada, junto da colina Aitara, on<strong>de</strong> se encontra um enorme gondoeiro. Junto a essa<br />

árvore situa-se um santuário <strong>de</strong>dicado a Nossa Senhora <strong>de</strong> Aitara, on<strong>de</strong> há muitos anos a Virgem Maria terá<br />

aparecido a várias mulheres. Para assinalar esta aparição foram construídos um santuário, igreja e convento<br />

junto do local há mais <strong>de</strong> 100 anos. O local da igreja e santuário encontra-se numa colina íngreme ro<strong>de</strong>ada<br />

por <strong>de</strong>nsa vegetação e on<strong>de</strong> se chega subindo um conjunto <strong>de</strong> escadas impressionante. O Santuário <strong>de</strong><br />

Nossa Senhora <strong>de</strong> Aitara será promovido como <strong>de</strong>stino turístico internacional <strong>de</strong> peregrinação.<br />

Outro local para peregrinação é o topo do Monte Ramelau, on<strong>de</strong> se situa uma estátua da Virgem Maria<br />

visitada por muitas pessoas que percorrem gran<strong>de</strong>s distâncias para mostrar a sua fé e <strong>de</strong>voção a Deus num<br />

local <strong>de</strong> beleza natural espantosa.<br />

175


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 4<br />

Para ser capaz <strong>de</strong> proporcionar infra-estruturas turísticas específicas, o governo terá <strong>de</strong> trabalhar<br />

em parceria com o sector privado. Uma indústria madura irá requerer o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>de</strong> hotéis, estâncias ecológicas, restaurantes, galerias e ofertas turísticas, tais como passeios<br />

<strong>de</strong> barco, mergulho com botija e pesca. Em muitos casos necessitaremos <strong>de</strong> parcerias em que<br />

terrenos governamentais sejam cedidos, através <strong>de</strong> arrendamento ao sector privado, em troca da<br />

construção <strong>de</strong> instalações turísticas. Este envolvimento com o sector privado incluirá também a<br />

prestação <strong>de</strong> apoio e assistência aos esforços do sector privado, para construir empresas viradas<br />

para o turismo em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>.<br />

Embora todo o país ofereça oportunida<strong>de</strong>s e atracções reais para a indústria do turismo, o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento inicial do sector incidirá em áreas com vantagens comparativas em termos <strong>de</strong><br />

acessibilida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> das ofertas turísticas e historial <strong>de</strong> sucesso. Esta estratégia concentrarse-á<br />

em três zonas turísticas em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>: Oriental, Central e Oci<strong>de</strong>ntal.<br />

ZONA TURÍSTICA ORIENTAL<br />

A Zona Turística Oriental irá <strong>de</strong> Tutuala até Com e Baucau e ao longo da estrada costeira até Hera.<br />

Esta zona será um <strong>de</strong>staque das ofertas turísticas <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, com praias tropicais cristalinas<br />

e um cenário montanhoso impressionante, e oferecerá caminhadas <strong>de</strong> aventura, arquitectura<br />

portuguesa histórica e cultura local <strong>de</strong> al<strong>de</strong>ias.<br />

A zona começará com a Ilha <strong>de</strong> Jaco e Tutuala, que oferecem uma experiência autêntica <strong>de</strong> turismo<br />

ecológico. O <strong>de</strong>senvolvimento das infra-estruturas turísticas locais em Tutuala será prioritário, com<br />

apoio dado à reabilitação da Pousada <strong>de</strong> Tutuala, que será uma excelente base a partir da qual se<br />

po<strong>de</strong>rá explorar a área circundante. As empresas locais serão encorajadas a oferecer experiências<br />

<strong>de</strong> mergulho, pesca e <strong>de</strong>slocações por barco a praias recatadas e intocadas. Viagens à Ilha <strong>de</strong> Jaco,<br />

com as suas belas praias e vida marinha, serão comercializadas como o <strong>de</strong>staque <strong>de</strong> uma visita à<br />

região. Para facilitar o aumento do turismo nesta área, irão melhorar-se substancialmente as infraestruturas<br />

rodoviárias e <strong>de</strong> telecomunicações, sendo igualmente prestada formação relevante à<br />

população local.<br />

A al<strong>de</strong>ia piscatória próxima <strong>de</strong> Com irá também crescer como base turística para a área. Com<br />

instalações portuárias alargadas e praias reluzentes, Com será uma das principais atracções<br />

turísticas, sendo <strong>de</strong>senvolvida como centro <strong>de</strong> alojamento, para dar aos visitantes uma<br />

oportunida<strong>de</strong> autêntica <strong>de</strong> experienciarem a vida e a cultura timorenses.<br />

Com será também importante como a al<strong>de</strong>ia no início da rota turística recente e mais significativa<br />

<strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, a Gran<strong>de</strong> Estrada da Costa Norte. Este percurso turístico passará por Lautém,<br />

Baucau e Manatuto até Díli, prolongando-se para oeste, através <strong>de</strong> Tibar e Maubara, e terminando<br />

em Balibo com as suas vistas costeiras elevadas. Esta rota costeira será dotada <strong>de</strong> sinalização,<br />

mapas <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> e infra-estruturas turísticas.<br />

176


PED - 2011 - 2030 - DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO<br />

Viajando ao longo da Gran<strong>de</strong> Estrada da Costa Norte, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> Com, entre o oceano e campos <strong>de</strong><br />

arroz, passando pela cida<strong>de</strong> histórica <strong>de</strong> Lautém, os turistas chegarão a Baucau, a base turística da<br />

Zona Oriental. Baucau, a segunda maior cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, provi<strong>de</strong>nciará uma gama completa<br />

<strong>de</strong> opções <strong>de</strong> alojamento, servindo tanto viajantes <strong>de</strong> mochila como turistas com mais meios, que<br />

procurem estâncias <strong>de</strong> turismo ecológico. A abertura do aeroporto <strong>de</strong> Baucau será uma porta<br />

<strong>de</strong> entrada para a cida<strong>de</strong>, para aqueles que não chegam por terra, oferecendo a opção <strong>de</strong> voos<br />

internacionais directos.<br />

O estabelecimento <strong>de</strong> uma estância <strong>de</strong> turismo ecológico <strong>de</strong> elevada qualida<strong>de</strong> será apoiado<br />

na costa <strong>de</strong> Baucau, juntamente com alojamentos menos dispendiosos do tipo <strong>de</strong> bungalow <strong>de</strong><br />

praia. A al<strong>de</strong>ia piscatória <strong>de</strong> Baucau, com as suas águas trópicas reluzentes, será promovida como<br />

um ponto alto <strong>de</strong> uma visita a Baucau. Na cida<strong>de</strong> antiga, o mercado será renovado para oferecer<br />

um centro cultural e <strong>de</strong> artesanato, com um café e um Centro <strong>de</strong> Informações Turísticas. O edifício<br />

renovado do mercado irá exibir arquitectura colonial portuguesa e <strong>de</strong>stacar o nosso património<br />

cultural. O complexo <strong>de</strong> piscinas próximo, com água límpida, será também renovado para oferecer<br />

uma experiência <strong>de</strong> natação única entre jardins tropicais luxuriantes.<br />

Baucau servirá igualmente como base para caminhadas e visitas culturais a Quelicai e ao sagrado<br />

e espectacular Monte Matebian. Incidindo na escalada a pé do Monte Matebian, os visitantes<br />

po<strong>de</strong>rão passear por al<strong>de</strong>ias rurais, ficar alojados em pousadas locais e apren<strong>de</strong>r a respeito da<br />

cultura, património e história importante da resistência <strong>de</strong>ste cenário intocado.<br />

A partir <strong>de</strong> Baucau, a Zona Oriental seguirá para Díli, terminando em Hera. A jornada através da<br />

Gran<strong>de</strong> Estrada da Costa Norte até Hera passa por al<strong>de</strong>ias locais, arrozais e cenários <strong>de</strong> montanha. A<br />

jornada oferecerá opções <strong>de</strong> alojamento <strong>de</strong> turismo ecológico costeiro, que funcionarão também<br />

como pontos <strong>de</strong> partida para viagens <strong>de</strong> mergulho com botija, pesca e observação <strong>de</strong> baleias.<br />

A reabilitação e alargamento da estrada entre Díli e Baucau tornará esta rota turística essencial<br />

mais acessível, sendo que a estrada será sinalizada <strong>de</strong> modo a <strong>de</strong>stacar atracções e a fornecer<br />

informações aos viajantes.<br />

Parque Nacional Nino Konis Santana<br />

A partir <strong>de</strong> Tutuala, a Zona Turística Oriental continuará até à<br />

cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Los Palos, que po<strong>de</strong> constituir uma base para explorar<br />

uma área espectacular que inclui o primeiro parque Nacional<br />

<strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, o Nino Konis Santana, que cobre gran<strong>de</strong> parte<br />

da área <strong>de</strong> Lautém.<br />

O Nino Konis Santana será promovido com um centro <strong>de</strong><br />

visitantes, formação <strong>de</strong> guias locais e passeios a pé. Será<br />

estabelecido um Centro <strong>de</strong> Informações Turísticas em Los Palos<br />

para prestar conselhos e assistência a viajantes na região e para<br />

organizar alojamentos em casas particulares.<br />

177


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 4<br />

ZONA TURÍSTICA CENTRAL<br />

A Zona Turística Central abrangerá a capital <strong>de</strong> Díli, a Ilha <strong>de</strong> Ataúro e a região <strong>de</strong> Maubisse.<br />

Sendo a capital e a principal porta <strong>de</strong> entrada do país, será conduzido um projecto dinâmico <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento turístico para garantir que Díli oferece aos visitantes uma gama completa <strong>de</strong><br />

serviços e opções que se esperam da capital da Nação . Isto incluirá vastas opções <strong>de</strong> alojamento<br />

para satisfazer visitantes com todos os tipos <strong>de</strong> orçamento, incluindo turistas com mais po<strong>de</strong>r <strong>de</strong><br />

compra que procuram alojamento do estilo <strong>de</strong> estâncias.<br />

Será aberto um Centro <strong>de</strong> Informações Turísticas sobre <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, em Díli, para prestar<br />

informações sobre sítios <strong>de</strong> interesse local. Díli será uma cida<strong>de</strong> que exibirá a sua história colonial<br />

portuguesa, através da protecção e reabilitação <strong>de</strong> edifícios e monumentos portugueses. A<br />

história única <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, em termos <strong>de</strong> política e <strong>de</strong> resistência, será igualmente promovida,<br />

incluindo locais importantes tais como o Cemitério <strong>de</strong> Santa Cruz, o Museu da Resistência e o<br />

Museu da CAVR (que abrange os eventos <strong>de</strong> 1975 a 1999 em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>). Um novo Museu e<br />

Centro Cultural <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> e uma Nova Biblioteca e Arquivo <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> (ver Capítulo 2<br />

– Cultura e Património) tornar-se-ão instituições importantes <strong>de</strong> cultura e património nacionais,<br />

sendo encorajadas galerias que <strong>de</strong>staquem e promovam as nossas artes e artesanatos.<br />

A localização oceânica <strong>de</strong> Díli será promovida, incluindo o Cristo Rei. Será implementada uma<br />

iniciativa <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento na face costeira para embelezar a parte da praia, <strong>de</strong>ixada a<br />

<strong>de</strong>scoberto pela maré-baixa e criar percursos pe<strong>de</strong>stres junto à praia dos coqueiros. O Cristo Rei<br />

continuará a ser um foco significativo e um marco <strong>de</strong> Díli, <strong>de</strong>vendo ser estabelecida uma estância<br />

ecológica sustentável na praia por trás do Cristo Rei.<br />

Díli crescerá como uma cida<strong>de</strong> dinâmica e cosmopolita influenciada por muitas das culturas do<br />

mundo, ainda que permanecendo um centro <strong>de</strong> expressão cultural timorense. A indústria da<br />

restauração será apoiada <strong>de</strong> forma a crescer e a oferecer uma gama <strong>de</strong> experiências culinárias que<br />

façam uso dos nossos produtos locais frescos, incluindo peixe e marisco, e das nossas influências<br />

asiáticas, portuguesas e africanas. A indústria alimentar será bem regulada para garantir segurança<br />

alimentar e a manutenção <strong>de</strong> padrões internacionais. Díli será posicionada como um local único<br />

no <strong>Leste</strong> Asiático que reflecte a sua herança europeia, sobretudo portuguesa, continuando a ser<br />

um centro <strong>de</strong> orgulho da cultura timorense.<br />

Díli será também a porta <strong>de</strong> entrada para a ilha <strong>de</strong> Ataúro, na qual os turistas po<strong>de</strong>m explorar um<br />

verda<strong>de</strong>iro refúgio <strong>de</strong> ilha tropical, com praias reluzentes, al<strong>de</strong>ias rurais, caminhadas a pé e pesca.<br />

A Ilha <strong>de</strong> Ataúro será promovida como centro <strong>de</strong> mergulho com botija e haverá cabanas ecológicas<br />

com baixo impacto a trabalhar com as comunida<strong>de</strong>s locais para dar aos turistas experiências<br />

autênticas e remotas. O mar entre Díli e Ataúro é rico em vida marinha <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte, incluindo<br />

baleias e golfinhos, pelo que serão encorajados percursos <strong>de</strong> barco <strong>de</strong> lazer e <strong>de</strong> observação <strong>de</strong><br />

baleias a partir <strong>de</strong> Díli e do Porto reabilitado da Ilha <strong>de</strong> Ataúro.<br />

A Zona Central será também um centro para caminhadas a pé e visitas às montanhas <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<br />

<strong>Leste</strong>. A cida<strong>de</strong> montanhosa <strong>de</strong>slumbrante <strong>de</strong> Maubisse será a base para o turismo <strong>de</strong> aventura<br />

nesta área, incluindo escaladas a pé à montanha mais alta <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, o sagrado Monte<br />

Ramelau. Serão apoiados alojamentos em casas privadas e pousadas, bem como a reabilitação da<br />

histórica pousada <strong>de</strong> Maubisse.<br />

178


PED - 2011 - 2030 - DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO<br />

Ilha <strong>de</strong> Ataúro<br />

A Ilha <strong>de</strong> Ataúro tem uma área <strong>de</strong> aproximadamente<br />

104 km2 e um comprimento <strong>de</strong> 25 km. É um local seco e<br />

frágil, com uma população <strong>de</strong> 8.000 habitante espalhada<br />

por 20 pequenas povoações (cinco áreas administrativas<br />

principais <strong>de</strong> al<strong>de</strong>ia). A maior parte das pessoas vive em<br />

torno da linha costeira, com a pesca a ser uma parte<br />

importante do seu modo <strong>de</strong> vida. A pesca continua a<br />

ser sobretudo tradicional (lanças e re<strong>de</strong>s), sendo que<br />

apenas uma pequena percentagem dos pescadores são<br />

profissionais (no sentido em que vivem da venda do<br />

peixe que pescam).<br />

Ataúro é conhecida pelas suas esculturas em ma<strong>de</strong>ira, po<strong>de</strong>ndo os visitantes ver (e comprar)<br />

estátuas, esculturas, talheres, <strong>de</strong>corações e barcos miniatura produzidos por artesãos locais em<br />

Tua Koin ou nas al<strong>de</strong>ias. Os visitantes po<strong>de</strong>m também observar, apren<strong>de</strong>r a fazer e comprar artigos<br />

<strong>de</strong> tecelagem únicos <strong>de</strong> Ataúro, nomeadamente cestos, tapetes e chapéus.<br />

Ataúro é ro<strong>de</strong>ado por um recife que continua virgem na maior parte dos locais à volta da ilha. A<br />

diversida<strong>de</strong> da vinha marinha inclui mamíferos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte (baleias, golfinhos e dugongos),<br />

peixes <strong>de</strong> coral, tubarões, corais duros e moles, nudibrânquios, pepinos <strong>de</strong> mar, minhocas, conchas,<br />

estrelas-do-mar, enguias e tartarugas. Ataúro é também um paraíso para os ornitólogos <strong>de</strong>vido à<br />

diversida<strong>de</strong> das suas aves, algumas das quais não existem em mais lado nenhum do mundo.<br />

ZONA TURÍSTICA OCIDENTAL<br />

A Zona Turística Oci<strong>de</strong>ntal englobará um gancho <strong>de</strong>s<strong>de</strong> Díli, ao longo da Gran<strong>de</strong> Estrada da Costa<br />

Norte, até Balibó, antes <strong>de</strong> chegar a Maliana e às áreas montanhosas <strong>de</strong> Bobonaro, e regressar<br />

através das plantações <strong>de</strong> Ermera e chegar a Díli, por Tibar.<br />

A parte oci<strong>de</strong>ntal da Gran<strong>de</strong> Estrada da Costa Norte oferecerá vários alojamentos do tipo <strong>de</strong><br />

cabana ecológica e estância, reflectindo o património e a história das comunida<strong>de</strong>s locais. A cida<strong>de</strong><br />

costeira <strong>de</strong> Liquiçá irá expor a sua arquitectura encantadora da era portuguesa e constituirá uma<br />

viagem perfeita com a duração <strong>de</strong> um dia a partir <strong>de</strong> Díli. Continuando pela costa promover-se-á o<br />

Forte Holandês <strong>de</strong> Maubara como centro <strong>de</strong> arte e artesanatos tradicionais timorenses. O gancho<br />

rodoviário subirá então para a cida<strong>de</strong> histórica <strong>de</strong> Balibó, com o seu magnífico Forte Português a<br />

contemplar o oceano, cruzando <strong>Timor</strong> -<strong>Leste</strong>. O Forte Português será restaurado e <strong>de</strong>senvolvido<br />

para oferecer, <strong>de</strong>ntro das pare<strong>de</strong>s do forte, uma experiência <strong>de</strong> hotel-boutique altamente<br />

influenciada pelo património. Será estabelecido um pequeno museu, <strong>de</strong>dicado à história local <strong>de</strong><br />

Balibó, com a casa portuguesa do forte a tornar-se um café e uma base a partir da qual se po<strong>de</strong>rá<br />

explorar a história da área.<br />

179


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 4<br />

O gancho rodoviário continuará para Maliana, a qual, à medida que a economia se expan<strong>de</strong>, irá<br />

crescer e tornar-se uma base importante <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento económico no oeste. O aeroporto <strong>de</strong><br />

Maliana será capaz <strong>de</strong> oferecer voos turísticos a Pante Makassar, para explorar a beleza e a história<br />

<strong>de</strong> Oe-Cusse Ambeno. As termas <strong>de</strong> Marobo serão fortemente promovidas. Com as melhorias<br />

rodoviárias realizadas, os visitantes po<strong>de</strong>rão viajar <strong>de</strong> Maliana, através <strong>de</strong> Ermera, na viagem<br />

<strong>de</strong> regresso a Díli. Esta jornada oferecerá vistas montanhosas <strong>de</strong>slumbrantes, com os turistas a<br />

entrarem em áreas <strong>de</strong> cultivo <strong>de</strong> café orgânico e a verem, por si, como as comunida<strong>de</strong>s locais<br />

produzem café <strong>de</strong> classe mundial para exportação.<br />

Termas em Marobo<br />

As termas perto <strong>de</strong> Marobo serão um dos <strong>de</strong>staques <strong>de</strong><br />

uma visita à Zona Turística Oci<strong>de</strong>ntal. O acesso é feito<br />

através <strong>de</strong> uma estrada montanhosa <strong>de</strong>slumbrante e<br />

oferecem uma experiência <strong>de</strong> fontes quentes com águas<br />

minerais que revigora o corpo.<br />

As termas, num complexo <strong>de</strong> ruínas portuguesas e <strong>de</strong><br />

uma antiga pousada, lembram as fontes quentes da<br />

Velha Europa e constituem um escape relaxante para o<br />

visitante. As fontes quentes serão transformadas numa<br />

atracção turística importante para a região.<br />

A estrada até às fontes será melhorada e sinalizada. As ruínas e o passeio junto ao local serão<br />

reabilitados, tal como a pousada, que se tornará um café e bar. O local será <strong>de</strong>senvolvido com<br />

respeito pelo seu valor patrimonial importante, com a construção <strong>de</strong> novas piscinas, mais abaixo<br />

em relação às actuais. À medida que a água <strong>de</strong>sce, em cascata a partir das piscinas acima, arrefece<br />

e é armazenada numa série <strong>de</strong> piscinas inferiores. Isto permitirá aos visitantes seleccionarem a sua<br />

temperatura preferida e terem uma experiência única <strong>de</strong> banhos timorenses.<br />

COMERCIALIZAÇÃO TURÍSTICA<br />

Será <strong>de</strong>senvolvida uma estratégia <strong>de</strong> comercialização turística internacional para promover <strong>Timor</strong>-<br />

<strong>Leste</strong>, como um <strong>de</strong>stino <strong>de</strong> eleição para viajar. Isto incluirá a <strong>de</strong>signação <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, como<br />

um <strong>de</strong>stino turístico por excelência, bem como a implementação <strong>de</strong> uma estratégia integrada <strong>de</strong><br />

comercialização, publicida<strong>de</strong> e relações públicas. A comercialização do turismo irá evoluir com o<br />

crescimento da economia e com o amadurecimento da nossa indústria <strong>de</strong> turismo.<br />

180


PED - 2011 - 2030 - DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO<br />

A estratégia irá adoptar várias técnicas <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong> em mercados importantes, para sensibilizar<br />

os interessados para o potencial turístico <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>. A boa vonta<strong>de</strong>, para com <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> e<br />

seu povo, será usada como base a partir da qual se promoverão visitas, com a nossa re<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

embaixadas e consulados a ser também usada, para espalhar informações turísticas e outras<br />

mensagens relevantes para atrair turistas.<br />

Jornalistas e escritores influentes <strong>de</strong> viagens serão encorajados a visitar o país e a produzir<br />

programas televisivos <strong>de</strong> viagens. Serão estabelecidas e fomentadas parcerias com parceiros e<br />

associações globais na indústria das viagens, <strong>de</strong> forma a promover <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> como um <strong>de</strong>stino<br />

obrigatório <strong>de</strong> viagem. Isto incluirá o trabalho com agências turísticas e sítios electrónicos <strong>de</strong><br />

marcação <strong>de</strong> viagens, <strong>de</strong> modo a oferecer pacotes <strong>de</strong> viagens e opções relativos a <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>. Com<br />

um mercado turístico global, impulsionado pelas buscas na internet, comentários <strong>de</strong> visitantes e<br />

sítios electrónicos <strong>de</strong> marcação <strong>de</strong> viagens, <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> precisa ter uma presença na internet e ter<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> marcação <strong>de</strong> viagens, através <strong>de</strong> internet para po<strong>de</strong>r competir internacionalmente.<br />

Em primeira instância, serão estabelecidos relacionamentos mais próximos, a nível <strong>de</strong> operadores<br />

turísticos, com a Austrália, Portugal, Indonésia, China, Malásia e Singapura, antes <strong>de</strong> se alargarem<br />

estes relacionamentos a nível mundial.<br />

Para ter sucesso neste mercado global competitivo, <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> irá participar em gran<strong>de</strong>s<br />

exposições e ‘espectáculos itinerantes’ com vista a promover o país. Depois da nossa participação<br />

muito positiva na Exposição Mundial <strong>de</strong> Xangai, <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> comprometer-se-á a dar continuida<strong>de</strong><br />

a esta visibilida<strong>de</strong> através da participação na Exposição Mundial <strong>de</strong> 2012 em Seul, na Coreia do<br />

Sul.<br />

Exposição Mundial<br />

A participação <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> na Exposição Mundial <strong>de</strong> Xangai<br />

registou 4,5 milhões <strong>de</strong> visitantes ao nosso pavilhão nacional.<br />

O Pavilhão <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> <strong>de</strong>screveu (literal e simbolicamente)<br />

o ciclo <strong>de</strong> um dia em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>.<br />

Com a ajuda <strong>de</strong> iluminação, exibimos a paisagem natural do<br />

nosso país e imagens do nosso povo a trabalhar e a divertir-se,<br />

mostrando uma coexistência harmoniosa entre humanida<strong>de</strong> e<br />

natureza.<br />

181


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 4<br />

METAS<br />

Até 2015:<br />

• As infra-estruturas turísticas vitais serão construídas ou reabilitadas, incluindo o<br />

aeroporto <strong>de</strong> Díli e aeroportos regionais, e as infra-estruturas <strong>de</strong> telecomunicações serão<br />

melhoradas.<br />

• As estradas em percursos turísticos fundamentais, incluindo a Gran<strong>de</strong> Estrada da Costa<br />

Norte entre Com e Balibó, e <strong>de</strong> Maliana através <strong>de</strong> Ermera até Tibar, serão reabilitadas e<br />

sinalizadas.<br />

• Será estabelecido, em Díli, um Centro <strong>de</strong> Formação em turismo e hotelaria.<br />

• Serão <strong>de</strong>senvolvidos pacotes turísticos abrangentes para as Zonas Turísticas Oriental,<br />

Central e Oci<strong>de</strong>ntal do país.<br />

• Haverá uma estratégia <strong>de</strong> promoção do turismo, a promover <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> a nível<br />

internacional por vários anos, incluindo um calendário anual <strong>de</strong> eventos especiais.<br />

• O governo terá trabalhado com o sector privado no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> infra-estruturas<br />

turísticas, em apoio às áreas vitais do turismo ecológico, marítimo, histórico, cultural, <strong>de</strong><br />

aventura e <strong>de</strong>sportivo, bem como do turismo <strong>de</strong> conferências e convenções.<br />

• Serão estabelecidos Centros <strong>de</strong> Informações Turísticas em Díli, Los Palos e Baucau<br />

Até 2020<br />

• Os locais turísticos-chave estarão a operar, com infraestruturas melhoradas, com<br />

activida<strong>de</strong>s e negócios locais viáveis e com material promocional<br />

Até 2030:<br />

• <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> terá uma indústria <strong>de</strong> turismo bem <strong>de</strong>senvolvida, atraindo um gran<strong>de</strong> número<br />

<strong>de</strong> visitantes internacionais, contribuindo substancialmente para a criação <strong>de</strong> rendimentos<br />

comunitários, a nível nacional e local, e criando empregos em toda a Nação<br />

182


PED - 2011 - 2030 - DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO<br />

S E C T O R P R I V A D O<br />

VISÃO GERAL E DESAFIOS<br />

Para construir a nossa Nação e provi<strong>de</strong>nciar<br />

empregos e rendimentos para o nosso povo,<br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> precisa atrair investidores para<br />

os nossos principais sectores industriais,<br />

estabelecer parcerias com empresas<br />

internacionais para construir as nossas infraestruturas<br />

e apoiar empresas locais na sua<br />

criação e crescimento.<br />

“Queremos <strong>de</strong>senvolver a<br />

nossa indústria petrolífera<br />

para beneficiar todo o nosso<br />

povo.”<br />

Cidadão local, sub-distrito <strong>de</strong> Uatucarbau,<br />

distrito <strong>de</strong> Viqueque, Consulta Nacional,<br />

30 <strong>de</strong> Abril <strong>de</strong> 2010<br />

Os investidores potenciais precisam ter confiança <strong>de</strong> que estão a entrar num cenário competitivo,<br />

justo e aberto e precisam ter certeza a respeito dos nossos regulamentos e procedimentos<br />

empresariais e <strong>de</strong> investimento. Ao mesmo tempo, precisamos <strong>de</strong> garantir que mantemos<br />

o controlo dos nossos recursos e activos e precisamos <strong>de</strong> estabelecer orientações para o seu<br />

<strong>de</strong>senvolvimento, o qual beneficie todos os nossos cidadãos.<br />

Precisamos igualmente <strong>de</strong> garantir que os empresários timorenses possuam as qualificações e o<br />

apoio <strong>de</strong> que necessitam para i<strong>de</strong>ntificarem oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> emprego, estabelecerem negócios,<br />

expandirem-se para novas áreas ou mercados, ou começarem a exportar. Tal como já foi exposto<br />

nesta e noutras secções do <strong>Plano</strong> <strong>Estratégico</strong> <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong>, existem muitas potenciais<br />

oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> emprego para os nossos cidadãos, em áreas tais como produtos culturais e<br />

<strong>de</strong> artesanato, turismo, agricultura e indústria petrolífera. Para muitos cidadãos e comunida<strong>de</strong>s<br />

timorenses, a melhor forma <strong>de</strong> garantir o seu futuro po<strong>de</strong> passar pelo estabelecimento <strong>de</strong><br />

microempresas em sectores emergentes, tais como o turismo, na produção em pequena escala<br />

ou no cultivo <strong>de</strong> culturas <strong>de</strong> rendimento <strong>de</strong> elevado valor. Contudo, para terem sucesso nestes<br />

negócios, muitos dos nossos cidadãos precisarão <strong>de</strong> apoio para ace<strong>de</strong>rem a financiamento e<br />

precisarão <strong>de</strong> formação em boas práticas empresariais.<br />

ESTRATÉGIA E ACÇÕES<br />

Iremos estabelecer várias orientações <strong>de</strong> política económica, para suportar o crescimento e<br />

<strong>de</strong>senvolvimento futuros <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> e garantir que todos os nossos cidadãos beneficiam<br />

<strong>de</strong>ste <strong>de</strong>senvolvimento.<br />

Estas orientações incluirão reformas para melhorar o ambiente empresarial e <strong>de</strong> investimento<br />

em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, um melhor acesso a microfinanças e a criação <strong>de</strong> um Banco Nacional <strong>de</strong><br />

<strong>Desenvolvimento</strong>.<br />

183


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 4<br />

AMBIENTE EMPRESARIAL E DE INVESTIMENTO<br />

A sustentabilida<strong>de</strong> futura da economia da nossa Nação <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da construção <strong>de</strong> um sector<br />

privado consistente, pelo que daremos priorida<strong>de</strong> à construção <strong>de</strong> um ambiente empresarial e <strong>de</strong><br />

investimento que apoie o arranque e o crescimento das empresas.<br />

O <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> um sector privado diversificado e o estabelecimento <strong>de</strong> novas empresas e<br />

indústrias são essenciais para a criação <strong>de</strong> empregos para os nossos cidadãos e para nos permitir<br />

fazer a transição para uma economia não-petrolífera. O nosso ambiente empresarial está a<br />

melhorar, contudo há ainda muito a fazer. As áreas, que requerem melhoria, incluem cumprimento<br />

dos contratos, registo <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong>s, regularização da posse e resolução <strong>de</strong> disputas. Para lá<br />

disto, as nossas <strong>de</strong>bilida<strong>de</strong>s ao nível <strong>de</strong> sistema <strong>de</strong> telecomunicações, infra-estruturas básicas e<br />

sector financeiro em crescimento po<strong>de</strong>m tornar-se obstáculos ao <strong>de</strong>senvolvimento empresarial.<br />

As reformas que fizemos até aqui dão a <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> um dos sistemas tributários mais atractivos<br />

a empresas, no mundo inteiro. Uniformizámos também os nossos procedimentos aduaneiros.<br />

Outro aspecto importante a ter em conta é que uniformizámos os nossos requisitos e processos<br />

<strong>de</strong> registo <strong>de</strong> empresas, fazendo com que seja mais fácil e mais rápido criar uma empresa.<br />

Estão a ser consi<strong>de</strong>radas três propostas <strong>de</strong> lei para lidar com alguns dos obstáculos fundamentais<br />

ao investimento. A saber:<br />

• Código Civil para lidar com a aplicação <strong>de</strong> contratos<br />

• Lei sobre Terras para garantir a proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> terrenos para efeitos <strong>de</strong> hipoteca ou<br />

outros<br />

• Lei Laboral para <strong>de</strong>finir relações laborais e proteger empregadores e empregados.<br />

Uma nova lei <strong>de</strong> investimento e novas reformas a serem instituídas, com vista à criação <strong>de</strong> um<br />

‘balcão único’ para empresas, irão melhorar ainda mais o ambiente <strong>de</strong> investimento. Estas iniciativas,<br />

juntamente com a criação da Câmara <strong>de</strong> Comércio e Indústria <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, estabelecerão<br />

alicerces sólidos para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> um sector privado forte.<br />

A passagem e implementação do Código Civil, Lei sobre Terras e Lei Laboral serão passos<br />

importantes. Embora sejam necessários esforços consi<strong>de</strong>ráveis para criar capacida<strong>de</strong> para<br />

implementar estas leis, elas farão uma gran<strong>de</strong> diferença no nosso ambiente empresarial. As<br />

proprieda<strong>de</strong>s serão usadas como garantia para ace<strong>de</strong>r a créditos e a certeza sobre os direitos <strong>de</strong><br />

posse permitirão <strong>de</strong>senvolvimentos seguros. O Código Civil assegurará a aplicação dos contratos,<br />

dando confiança e segurança a investidores domésticos e internacionais, e a Lei sobre Terras dará<br />

certeza e previsibilida<strong>de</strong> às relações entre empregados e empregadores.<br />

As reformas, para o estabelecimento <strong>de</strong> um ‘balcão único,’ continuarão para que os empresários<br />

possam ter um ponto fácil <strong>de</strong> acesso à Administração. Será também melhorada a plataforma<br />

<strong>de</strong> “governo electrónico”, permitindo assim uma alternativa eficiente para interagir com a<br />

Administração.<br />

184


PED - 2011 - 2030 - DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO<br />

A capacida<strong>de</strong> do órgão <strong>de</strong> atracção <strong>de</strong> investimento <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, a Tra<strong>de</strong>Invest, será melhorada<br />

para permitir a este fornecer informações e pareceres a potenciais investidores domésticos e<br />

internacionais.<br />

O sector privado será apoiado através da Câmara <strong>de</strong> Comércio e Indústria <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, a qual<br />

prestará aconselhamento a empresas sobre todas as áreas <strong>de</strong> negócio em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>. A Câmara<br />

fornecerá igualmente formação para melhorar os recursos humanos no sector privado.<br />

À medida que a economia se <strong>de</strong>senvolve, serão introduzidas mais reformas. Estas incluirão a<br />

revisão <strong>de</strong> leis comerciais com impacto sobre os negócios e o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma lei <strong>de</strong><br />

falências. O sistema actual <strong>de</strong> resolução <strong>de</strong> disputas será fortalecido por via da melhoria da<br />

capacida<strong>de</strong> do sistema <strong>de</strong> justiça para lidar com litígios comerciais, bem como do estabelecimento<br />

<strong>de</strong> mecanismos alternativos <strong>de</strong> resolução <strong>de</strong> disputas. Isto incluirá a consi<strong>de</strong>ração da provisão<br />

<strong>de</strong> investidores estrangeiros, com recurso ao Tribunal <strong>de</strong> Arbitragem Internacional da Câmara <strong>de</strong><br />

Comércio Internacional.<br />

Juntamente com o nosso programa <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s infra-estruturas (ver Capitulo 3), o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

dos nossos serviços bancários e financeiros e a nossa economia emergente, estas reformas<br />

irão garantir que <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> estabelece e mantém um ambiente atractivo para as empresas e<br />

investimento.<br />

BANCO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO<br />

O <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> um sector privado forte em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> está condicionado por acesso,<br />

limitado ou inexistente, a crédito e a financiamento a longo prazo a taxas acessíveis.<br />

As nossas empresas precisam <strong>de</strong> crédito para investir, para se expandirem, para comprarem bens<br />

e equipamentos e para melhorarem instalações. Existe uma procura significativa <strong>de</strong> crédito em<br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> para a melhoria <strong>de</strong> hotéis, compra <strong>de</strong> maior diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> existências por parte<br />

<strong>de</strong> retalhistas, construção <strong>de</strong> habitações e escritórios e compra <strong>de</strong> equipamento pesado pelas<br />

empresas <strong>de</strong> construção.<br />

Actualmente, há três bancos comerciais a operar em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, que recebem <strong>de</strong>pósitos e<br />

prestam serviços <strong>de</strong> câmbio externo e <strong>de</strong> transferências internacionais. Estes bancos prestam<br />

serviços limitados fora <strong>de</strong> Díli e asseguram apenas um mínimo <strong>de</strong> empréstimos comerciais.<br />

Isto resultou numa procura significativa não respondida por financiamento a longo prazo a<br />

taxas acessíveis. Estima-se que esta procura sem resposta ron<strong>de</strong> os 50 milhões <strong>de</strong> dólares. Para<br />

acelerar o crescimento económico e o <strong>de</strong>senvolvimento do sector privado é necessário o acesso<br />

a financiamento adicional.<br />

Será estabelecido um Banco Nacional <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> para conce<strong>de</strong>r empréstimos a longo<br />

prazo ao sector privado. Este banco permitirá às empresas timorenses crescer, contratar mão-<strong>de</strong>obra<br />

e construir as infra-estruturas económicas da nossa Nação.<br />

185


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 4<br />

O Banco Nacional <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> irá prestar crédito ao sector privado, para lá da<br />

capacida<strong>de</strong> e da disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> outras instituições financeiras. O Banco incidirá apenas em<br />

empréstimos, para dar resposta à procura não satisfeita por crédito comercial, e incidirá nas<br />

orientações estratégicas da nossa Nação no que se refere ao crescimento do sector privado e<br />

ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> mercados financeiros domésticos. Devido às funções limitadas do Banco,<br />

este não irá requerer muitas agências ou um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> empregados, permitindo, assim<br />

manter as <strong>de</strong>spesas operacionais, a níveis razoáveis. Todos os empréstimos serão concedidos na<br />

base <strong>de</strong> critérios comerciais normais, a taxas <strong>de</strong> juro competitivas mas não concessionais.<br />

O Banco Nacional <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> será <strong>de</strong>tido maioritariamente pelo Estado, mas envolverá<br />

também parceiros privados, incluindo cidadãos timorenses e instituição financeira estrangeira <strong>de</strong><br />

boa reputação. Os parceiros equitativos fornecerão acesso a conhecimentos técnicos especializados<br />

e promoverão boas estruturas, políticas e cultura <strong>de</strong> governação.<br />

O Banco irá funcionar numa base comercial e será gerido por um Conselho <strong>de</strong> Administração<br />

especializado e in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte. O Conselho preservará o Banco Nacional <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> <strong>de</strong><br />

pressões não comerciais. O Banco será lucrativo <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um período <strong>de</strong> tempo razoável, <strong>de</strong><br />

modo a preservar o seu capital.<br />

AGÊNCIA DE INVESTIMENTO DE TIMOR-LESTE<br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> precisa <strong>de</strong> diversificar a sua economia e estabelecer novas empresas e indústrias. Uma<br />

economia diversificada é uma economia mais forte, com oportunida<strong>de</strong>s amplas <strong>de</strong> investimento<br />

e emprego.<br />

As empresas governamentais <strong>de</strong> investimento têm sido usadas com sucesso em outros países,<br />

para criar bases <strong>de</strong> qualificações locais, estabelecer indústrias e apoiar o sector financeiro. Ao<br />

apoiarem a diversificação da economia e a resposta às lacunas <strong>de</strong> fornecimentos, as empresas<br />

governamentais <strong>de</strong> investimento contribuem para um crescimento económico mais rápido.<br />

Existem exemplos, a nível internacional, <strong>de</strong> empresas governamentais <strong>de</strong> investimento com<br />

sucesso, o que mostra que, com boa governação, orientações rigorosas e claras <strong>de</strong> investimento<br />

e operações administrativas e comerciais in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes, é possível um contributo significativo<br />

para o <strong>de</strong>senvolvimento das indústrias nacionais, ao mesmo tempo que se consegue um retorno<br />

atractivo do capital <strong>de</strong> investimento. A maior parte das empresas governamentais <strong>de</strong> investimento<br />

começam com um capital <strong>de</strong> investimento <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 200 a 500 milhões <strong>de</strong> dólares, capital este<br />

que é necessário para apoiar a diversificação nas indústrias e para investir em gran<strong>de</strong>s projectos<br />

<strong>de</strong> infra-estruturas.<br />

Iremos estabelecer a Agência <strong>de</strong> Investimento <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, para ajudar no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><br />

novas indústrias, criar uma base <strong>de</strong> qualificações domésticas, alargar a base da nossa economia<br />

e diminuir a nossa <strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> importações. A empresa ajudará com o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><br />

oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> investimento e ajudará a concretizar projectos estratégicos importantes com<br />

incidência comercial. Irá apoiar a transição <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> <strong>de</strong> economia petrolífera para uma<br />

186


PED - 2011 - 2030 - DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO<br />

economia não-petrolífera, através da promoção <strong>de</strong> investimento em sectores da economia<br />

nacional,que são vitais para o nosso crescimento económico e para o nosso <strong>de</strong>senvolvimento.<br />

Agência será financiada exclusivamente com capital público e será pertença do governo. A sua<br />

missão consistirá em promover o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> activida<strong>de</strong>s comerciais, industriais e outras<br />

activida<strong>de</strong>s económicas, essenciais para <strong>de</strong>senvolver e diversificar a economia <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>.<br />

A Agência <strong>de</strong> Investimento <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> irá funcionar <strong>de</strong> acordo com princípios empresariais e<br />

abordagens <strong>de</strong> gestão. Terá um Conselho <strong>de</strong> Administração in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte, que <strong>de</strong>verá reportar ao<br />

governo relativamente a estratégias empresariais, investimentos, retornos financeiros, projecções<br />

financeiras e políticas <strong>de</strong> divi<strong>de</strong>ndos.<br />

MICROFINANÇAS<br />

O acesso ao crédito é um problema para pequenos empresários e indivíduos em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>,<br />

sobretudo para os resi<strong>de</strong>ntes nas nossas zonas rurais. A falta <strong>de</strong> crédito impe<strong>de</strong> a expansão<br />

das pequenas empresas, condiciona a capacida<strong>de</strong> do nosso povo para criar empresas e inibe o<br />

crescimento da nossa economia.<br />

O Instituto <strong>de</strong> Microfinanças <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, pertencente ao governo, foi estabelecido em 2001 e<br />

fornece pequenos empréstimos, sendo que a maioria é garantida por salários do sector público.<br />

A instituição funciona actualmente sob restrições legais que incluem um tecto <strong>de</strong> 5 milhões <strong>de</strong><br />

dólares em <strong>de</strong>pósitos por parte do público, restrições sobre os montantes a conce<strong>de</strong>r (até 5.000<br />

dólares por empréstimo) e não se po<strong>de</strong>r consi<strong>de</strong>rar um banco.<br />

O Instituto foi alargado a oito distritos e permite a funcionários públicos abrirem contas, a partir<br />

das quais recebem os seus vencimentos e salários.<br />

A nossa visão para o Instituto <strong>de</strong> Microfinanças <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> é que este se irá transformar num<br />

banco comercial, verda<strong>de</strong>iramente timorense, que preste serviços financeiros ao povo timorense<br />

espalhado pelo País. O Instituto será alargado <strong>de</strong> modo a tornar-se um pequeno banco comercial<br />

que sirva o nosso povo, preste serviços bancários e conceda crédito, e promova o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

regional e rural. Prestará serviços a indivíduos e a micro, pequenas e médias empresas.<br />

A estratégia do banco consistirá em operar, com uma licença Classe B sem restrições, como banco<br />

profissional e comercial, registado com a <strong>de</strong>nominação <strong>de</strong> Banco Comercial <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>. Isto<br />

incluirá o alargamento da gama <strong>de</strong> produtos que oferece à sua base <strong>de</strong> clientes. A cobertura<br />

geográfica do Banco será igualmente alargada, com agências em cada distrito, unida<strong>de</strong>s bancárias<br />

móveis e serviços bancários por telemóvel e internet. A fim <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r prestar serviços a todos os<br />

nossos cidadãos e a promover o <strong>de</strong>senvolvimento rural, o Banco irá também <strong>de</strong>senvolver uma<br />

estratégia <strong>de</strong> alargamento a nível <strong>de</strong> agências <strong>de</strong> sub-distrito. O Banco continuará a pertencer na<br />

totalida<strong>de</strong> ao governo e terá um Conselho <strong>de</strong> Direcção in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte e especializado.<br />

187


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 4<br />

ZONAS ECONÓMICAS ESPECIAIS<br />

Não houve, no passado, uma cultura <strong>de</strong> planeamento em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, no que diz respeito ao<br />

estudo das vantagens económicas comparativas <strong>de</strong> cada região, a sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> acesso aos<br />

mercados e a sua re<strong>de</strong> <strong>de</strong> infra-estruturas. O <strong>de</strong>senvolvimento do sector agrícola e <strong>de</strong> outros<br />

sectores privados em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> tem resultado <strong>de</strong> práticas e costumes tradicionais, pouco<br />

relacionados com projectos sustentados <strong>de</strong> planeamento.<br />

Tal como foi referido, no Capítulo 4 – <strong>Desenvolvimento</strong> Rural, o Quadro Nacional <strong>de</strong> Planeamento<br />

irá ser <strong>de</strong>senvolvido e implementado, para orientar a aceleração do processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />

económico sustentável e equitativo do País, do nível nacional para todos os sucos.<br />

As Zonas Económicas Especiais envolvem a criação <strong>de</strong> um conjunto abrangente <strong>de</strong> leis e<br />

regulamentos empresariais, que abrangem uma zona geográfica <strong>de</strong>finida com vista a tornála<br />

atractiva para empresas estrangeiras, que pretendam investir ou estabelecer um negócio. Os<br />

incentivos, muitas vezes usados por estas zonas <strong>de</strong> modo a atrair investimento, incluem incentivos<br />

fiscais e direitos aduaneiros ou <strong>de</strong> importação baixos ou inexistentes.<br />

As Zonas Económicas Especiais são comuns em todo o mundo. Foram estabelecidas na<br />

China, Indonésia, Índia, Angola, Brasil e Malásia, entre muitos outros países, para aumentar<br />

a competitivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma região no que se refere a atrair investimento externo. As Zonas<br />

Económicas Especiais existem em muitas formas, incluindo Zonas <strong>de</strong> Comércio Externo, Zonas <strong>de</strong><br />

Processamento <strong>de</strong> Exportações, Zonas <strong>de</strong> Finalida<strong>de</strong>s Especiais envolvendo um tipo específico <strong>de</strong><br />

indústria <strong>de</strong> fabrico ou serviços e mesmo Zonas Francas, que po<strong>de</strong>m englobar toda uma ‘cida<strong>de</strong><br />

internacional’.<br />

Através da criação <strong>de</strong> um ambiente regulador e fiscal mais aberto e competitivo, bem como<br />

da afectação <strong>de</strong> terrenos para construção <strong>de</strong> instalações e edifícios para exploração segundo<br />

programas <strong>de</strong> arrendamento ou leasing <strong>de</strong> longo prazo, estas zonas po<strong>de</strong>m tornar-se centros<br />

<strong>de</strong> crescimento económico rápido. <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> irá consi<strong>de</strong>rar o estabelecimento <strong>de</strong> Zonas<br />

Económicas Especiais para atrair rapidamente investimento externo e empresas internacionais.<br />

A vantagem para <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> é que será possível estabelecer uma Zona Económica Especial<br />

sem requerer reformas às leis e regulações que cobrem todo o País. As empresas domésticas e<br />

internacionais serão encorajadas a estabelecer-se numa zona que fomente o <strong>de</strong>senvolvimento,<br />

a competitivida<strong>de</strong> e o empreen<strong>de</strong>dorismo a nível nacional. Desta forma, po<strong>de</strong>remos oferecer<br />

cenários reguladores mais uniformizados e certos e cenários fiscais mais baixos do que os nossos<br />

concorrentes internacionais. Tanto o investimento nacional como o internacional seriam, assim,<br />

encorajados a fixarem-se nestas zonas económicas especiais, alavancando o investimento interno,<br />

a competitivida<strong>de</strong> e o empreen<strong>de</strong>dorismo.<br />

Os benefícios <strong>de</strong> Zonas Económicas Exclusivas em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> incluem:<br />

• Promoção do <strong>de</strong>senvolvimento da indústria e do sector dos serviços, particularmente em<br />

sectores visados.<br />

188


PED - 2011 - 2030 - DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO<br />

• Criação <strong>de</strong> empregos e geração <strong>de</strong> rendimentos a nível nacional<br />

• Crecimento das indústrias <strong>de</strong> exportação.<br />

• Criação <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s empresariais a nível internacional<br />

• Melhoria das infra-estruturas nacionais.<br />

• Implementação <strong>de</strong> novas políticas ou leis, como mo<strong>de</strong>lo para <strong>de</strong>senvolvimento e reformas<br />

económicas, a nível nacional.<br />

Existem riscos inerentes ao estabelecimento <strong>de</strong> uma Zona Económica Especial, incluindo a<br />

<strong>de</strong>slocação do investimento doméstico, um <strong>de</strong>senvolvimento doméstico <strong>de</strong>sequilibrado, o evitar<br />

<strong>de</strong> reformas económicas nacionais e consequências negativas, caso as leis laborais ou ambientais<br />

sejam <strong>de</strong>scuradas.<br />

Precisamos <strong>de</strong> avaliar e pesar estes riscos cuidadosamente, antes <strong>de</strong> avançarmos para a criação <strong>de</strong><br />

uma ou mais Zonas Económicas Especiais.<br />

A análise incluirá a consi<strong>de</strong>ração das barreiras económicas, sociais e legais ao estabelecimento<br />

<strong>de</strong> uma Zona Económica Especial e a análise das indústrias com mais possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> florescer<br />

numa zona com estas características e <strong>de</strong> produzir mais benefícios para <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>.<br />

Caso seja <strong>de</strong>cidido estabelecer uma ou mais Zonas Económicas Especiais em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, a<br />

implementação irá requerer <strong>de</strong>cisões sobre quais das nossas leis se aplicarão na zona, e sobre se<br />

será necessário preparar leis alternativas. As leis a consi<strong>de</strong>rar, incluem as que abrangem empresas,<br />

investimentos, terras, falências, saú<strong>de</strong> e segurança ocupacional, protecção ambiental, tributação<br />

e alfân<strong>de</strong>gas.<br />

189


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 4<br />

METAS<br />

Até 2015:<br />

• O Código Civil estará em vigor para apoiar a aplicação <strong>de</strong> contratos, haverá uma Lei<br />

sobre Terras para dar segurança <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong> e certeza no <strong>de</strong>senvolvimento, e será<br />

aprovada uma Lei <strong>de</strong> Trabalho para <strong>de</strong>finir claramente os direitos e obrigações legais <strong>de</strong><br />

empregadores e empregados<br />

• Os processos para registo e licenciamento <strong>de</strong> empresas e para obtenção <strong>de</strong> autorizações<br />

<strong>de</strong> construção serão eficientes<br />

• O ‘balcão único’ para empresas estará estabelecido e a funcionar eficazmente<br />

• Haverá um Banco Nacional <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> a funcionar, supervisionado por um<br />

Conselho <strong>de</strong> Administração in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte. O Banco prestará apoio financeiro a longo<br />

prazo, numa base comercial com taxas <strong>de</strong> juro competitivas mas não concessionais<br />

• A Agência <strong>de</strong> Investimento <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> será estabelecida e contribuirá para a<br />

emergência <strong>de</strong> novas indústrias e para a diversificação da economia timorense<br />

• O Instituto <strong>de</strong> Microfinanças <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> funcionará como um pequeno Banco<br />

Comercial, que presta empréstimos e serviços bancários a pessoas em cada distrito do<br />

país<br />

• Terá sido conduzida uma análise abrangente para <strong>de</strong>terminar os benefícios e riscos do<br />

estabelecimento <strong>de</strong> uma ou mais Zonas Económicas Especiais em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong><br />

190


PED - 2011 - 2030 - DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO<br />

191


TIMOR-LESTE STRATEGIC DEVELOPMENT PLAN 2011 - 2030<br />

CAPÍTULO<br />

5<br />

ENQUADRAMENTO INSTITUCIONAL<br />

A estabilida<strong>de</strong> e a segurança são<br />

condições prévias necessárias<br />

para o <strong>de</strong>senvolvimento social<br />

e económico. Depois <strong>de</strong> muitos<br />

anos <strong>de</strong> conflito, o objectivo <strong>de</strong><br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> é ser uma Nação<br />

estável e segura que reconhece<br />

o Estado <strong>de</strong> Direito e assegura<br />

o acesso à justiça a todos os<br />

nossos cidadãos.


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 5<br />

CAPÍTULO 5 E NQUADRAMENTO<br />

INSTITUCIONAL<br />

“Queremos uma PNTL<br />

profissional que nos proteja, seja<br />

imparcial para que tenhamos<br />

confiança que resolverão os<br />

nossos problemas.”<br />

Dono <strong>de</strong> um Quiosque, Sub-distrito<br />

Uatucarbau, distrito Viqueque, Consulta<br />

Nacional, 30 <strong>de</strong> Abril <strong>de</strong> 2010<br />

A estabilida<strong>de</strong> e a segurança são condições<br />

prévias, necessárias para o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

social e económico. Depois <strong>de</strong> muitos anos<br />

<strong>de</strong> conflito, o objectivo <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> é ser<br />

uma Nação estável e segura que reconhece o<br />

Estado <strong>de</strong> Direito e assegura o acesso à justiça<br />

a todos os nossos cidadãos. A prossecução<br />

<strong>de</strong>stes objectivos exigirá o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>de</strong> instituições transparentes, responsáveis<br />

e competentes na nossa função pública, no<br />

nosso sector <strong>de</strong> segurança e no nosso sistema<br />

judicial.<br />

Também exigirá o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma força <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa profissional e respeitada, sob controlo<br />

<strong>de</strong>mocrático e com capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r a nossa Nação, e, ao mesmo tempo, contribuir para<br />

os esforços no combate às ameaças à paz e estabilida<strong>de</strong> regional e global. Num ambiente global<br />

<strong>de</strong>safiador, vamos adoptar uma abordagem aberta ao exterior, <strong>de</strong> colaboração próxima com a<br />

política externa para encorajar relações culturais, económicas e comerciais mais fortes com outros<br />

países e ser um membro activo e contribuinte da comunida<strong>de</strong> internacional.<br />

S<br />

e g u r a n ç a<br />

VISÃO GERAL E DESAFIOS<br />

Como País novo, com um legado <strong>de</strong> conflito no passado, <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> <strong>de</strong>ve adoptar abordagens<br />

à Segurança, que reflictam as nossas circunstâncias e o contexto <strong>de</strong> fragilida<strong>de</strong>. Tal envolve a<br />

reconstrução do nosso Sector <strong>de</strong> Segurança que, após a crise <strong>de</strong> 2006, se tornou em gran<strong>de</strong> parte<br />

disfuncional.<br />

Conseguir a segurança tem sido uma priorida<strong>de</strong> para <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> e o processo <strong>de</strong> reconstrução<br />

incluiu o estabelecimento <strong>de</strong> uma força policial profissional, através da nomeação e promoção<br />

dos agentes com base no mérito, e a introdução <strong>de</strong> princípios <strong>de</strong> boa governação. O investimento<br />

em equipamentos e infra-estruturas policiais, incluindo alojamentos, tem melhorado a<br />

operacionalida<strong>de</strong>, bem como a imparcialida<strong>de</strong> da força. Em relação aos <strong>de</strong>veres da polícia, a nossa<br />

Constituição <strong>de</strong>clara no artigo 147, número 1, que:<br />

“A polícia <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> a legalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mocrática e garante a segurança interna dos cidadãos,<br />

sendo rigorosamente apartidária”.<br />

Para dirigir o processo <strong>de</strong> reforma e manter uma supervisão política e controlo eficazes, foi<br />

estabelecido o Comité <strong>de</strong> Alto Nível para a Reforma e <strong>Desenvolvimento</strong> do Sector <strong>de</strong> Segurança.<br />

194


PED - 2011 - 2030 - ENQUADRAMENTO INSTITUCIONAL<br />

Este Comité é composto pelo Presi<strong>de</strong>nte da República, pelo Presi<strong>de</strong>nte do Parlamento Nacional<br />

e pelo Primeiro-Ministro e funciona na base <strong>de</strong> consenso, em relação à reforma das instituições,<br />

numa abordagem estratégica para a segurança. Este processo resultou na aprovação <strong>de</strong> um<br />

quadro legal fundamental, a Lei <strong>de</strong> Segurança Nacional, a Lei da Segurança Interna e a Lei <strong>de</strong><br />

Defesa Nacional.<br />

Parte do processo <strong>de</strong> reforma é o <strong>de</strong>senvolvimento, em todo o País, <strong>de</strong> uma força policial<br />

profissional, disciplinada, eficaz e competente, que possa garantir a segurança do nosso Povo,<br />

preservar a integrida<strong>de</strong> da nossa <strong>de</strong>mocracia e <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r o Estado <strong>de</strong> Direito. Este processo envolveu<br />

a transferência, bem-sucedida, das responsabilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> policiamento, em todo o País, da Polícia<br />

das Nações Unidas para a Polícia Nacional <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> (PNTL). Para incentivar a confiança do<br />

Povo timorense na PNTL, procuramos <strong>de</strong>senvolver uma força policial que continue a garantir<br />

a nossa segurança, a conduzir com profissionalismo as investigações criminais e a proteger as<br />

nossas fronteiras.<br />

A reconstrução do sector <strong>de</strong> segurança tem contribuído para os vários anos <strong>de</strong> paz e estabilida<strong>de</strong><br />

e é uma priorida<strong>de</strong> absoluta para <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> continuar a <strong>de</strong>senvolver-se em paz, <strong>de</strong> modo a<br />

tornar-se uma Nação próspera e segura. No entanto, existem muitos <strong>de</strong>safios, associados a este<br />

esforço <strong>de</strong> reconstrução, incluindo a preparação dos nossos recursos humanos, o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>de</strong> um quadro legal sólido e a disponibilização dos equipamentos e infra-estruturas necessárias<br />

para as nossas instituições <strong>de</strong> Segurança.<br />

Campanha “Díli - Cida<strong>de</strong> da Paz”<br />

Sua Excelência, o Presi<strong>de</strong>nte José Ramos-Horta, iniciou a campanha “Díli-Cida<strong>de</strong> da Paz” para<br />

transformar Díli num mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> paz e uma cida<strong>de</strong> conhecida pela sua visão positiva e esperançosa.<br />

A campanha visa promover as condições <strong>de</strong> paz social que são essenciais para promover uma base<br />

sólida para a estabilida<strong>de</strong> nacional, a soberania e unida<strong>de</strong> em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>.<br />

Durante a campanha, potenciais jovens lí<strong>de</strong>res timorenses reúnem-se para discutir os <strong>de</strong>safios<br />

que <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> enfrenta, expressar e explorar as suas i<strong>de</strong>ias sobre a prevenção <strong>de</strong> futuras crises<br />

e criação <strong>de</strong> uma paz sustentável.<br />

A campanha <strong>de</strong>u inicio a gran<strong>de</strong>s eventos, como o Tour <strong>de</strong> <strong>Timor</strong> e a Maratona <strong>de</strong> Díli, consolidando<br />

a estabilida<strong>de</strong> e a unida<strong>de</strong> em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, fomentando o orgulho nacional e oferecendo<br />

oportunida<strong>de</strong>s para as comunida<strong>de</strong>s se unirem para receberem convidados internacionais. Estes<br />

eventos também <strong>de</strong>monstram o sucesso do envolvimento das Foças e dos Serviços <strong>de</strong> Segurança<br />

<strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> em activida<strong>de</strong>s em tempo <strong>de</strong> paz.<br />

195


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 5<br />

O Presi<strong>de</strong>nte escolheu Díli como ponto <strong>de</strong> partida para esta campanha, porque a cida<strong>de</strong> é<br />

frequentemente impulsionadora das tendências sociais - tanto positivas quanto negativas. Foi<br />

em Díli que surgiram, pela primeira vez, os problemas que levaram à crise <strong>de</strong> 2006, por isso é<br />

a partir <strong>de</strong> Díli que a campanha <strong>de</strong> paz começará a promover os i<strong>de</strong>ais da paz em todo o país.<br />

Transformando Díli uma cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> paz, on<strong>de</strong> acontecem coisas positivas, a campanha preten<strong>de</strong><br />

ser o ponto <strong>de</strong> partida para a prevenção <strong>de</strong> conflitos, violência e problemas e evitar que estes se<br />

espalhem por todo o país.<br />

ESTRATÉGIA E ACÇÕES<br />

Vamos implementar um plano abrangente e estratégico, <strong>de</strong> longo prazo, para garantir que<br />

o sector da segurança possa cumprir a sua missão <strong>de</strong> servir o nosso povo e garantir a paz, a<br />

segurança e a estabilida<strong>de</strong> da nossa nação.<br />

Os objectivos <strong>de</strong>ste plano são:<br />

• Manter a segurança <strong>de</strong> acordo com a lei, para garantir a segurança das pessoas e bens e<br />

a or<strong>de</strong>m pública.<br />

• Reformar e <strong>de</strong>senvolver o quadro legal e regulamentar o sector da segurança.<br />

• Criar mecanismos <strong>de</strong> prevenção e gestão <strong>de</strong> conflitos para mudar atitu<strong>de</strong>s e mentalida<strong>de</strong>s,<br />

para que as pessoas possam respeitar as diferenças na nossa socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>mocrática.<br />

Para atingir estes objectivos, precisaremos <strong>de</strong> fortalecer os recursos humanos, disponibilizar<br />

infra-estruturas e equipamentos necessários e fomentar a confiança do nosso Povo no sector da<br />

segurança.<br />

O plano estratégico do sector da segurança é constituído por uma série <strong>de</strong> planos quinquenais. Os<br />

primeiros cinco anos concentram-se no estabelecimento das bases para a reforma, assegurando<br />

que o quadro legal está em vigor e estabelecer as instituições necessárias para garantir a<br />

segurança. As áreas em foco para este primeiro período, do plano do sector da segurança, estão<br />

resumidas a seguir.<br />

Regime Jurídico<br />

Um quadro legal e regulamentar abrangente será <strong>de</strong>senvolvido para o funcionamento do sector<br />

da segurança. Os diplomas e leis orgânicas relevantes estarão em vigor para cada instituição <strong>de</strong><br />

segurança, incluindo a protecção civil e a legislação <strong>de</strong> imigração, e haverá um <strong>de</strong>senvolvimento<br />

contínuo das normas que regem o funcionamento da PNTL, incluindo a preparação e finalização<br />

<strong>de</strong> regulamentos internos para reforçar os processos e procedimentos policiais, procedimentos<br />

disciplinares e medidas <strong>de</strong> boa governação.<br />

196


PED - 2011 - 2030 - ENQUADRAMENTO INSTITUCIONAL<br />

Recursos Humanos<br />

O <strong>de</strong>senvolvimento dos nossos recursos humanos é fundamental para garantir que temos a<br />

capacida<strong>de</strong> para, <strong>de</strong> forma profissional, operar o nosso sector <strong>de</strong> segurança. Isto será alcançado<br />

através <strong>de</strong> um programa abrangente <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> recursos humanos e formação da<br />

força <strong>de</strong> trabalho, incluindo:<br />

• Um plano para a força <strong>de</strong> trabalho, bem <strong>de</strong>senhado, para orientar o recrutamento e a<br />

formação exigida para respon<strong>de</strong>r às necessida<strong>de</strong>s actuais e futuras.<br />

• Um regime <strong>de</strong> carreiras bem estabelecido para a PNTL.<br />

• Um quadro legal para regular a estrutura das carreiras policiais, salários, pensões e<br />

promoções com o objectivo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver uma força policial profissional e disciplinada<br />

com agentes motivados e <strong>de</strong>dicados.<br />

• Procedimentos e regras <strong>de</strong> recrutamento, com base no mérito, totalmente<br />

transparentes.<br />

• A formação profissional, incluindo a formação básica da polícia, focada na mudança<br />

cultural e comportamental reforçando as obrigações e <strong>de</strong>veres especiais dos agentes da<br />

polícia, assim como valores positivos e éticos.<br />

Infra-Estruturas e Logística<br />

Fornecer as infra-estruturas e apoio logístico, necessários para que a PNTL possa realizar o seu<br />

mandato, tem sido um <strong>de</strong>safio. Mas, sem equipamentos, uma força policial não po<strong>de</strong> funcionar.<br />

Iremos, por isso, disponibilizar as infra-estruturas e logística mínimas necessárias para os primeiros<br />

anos do plano do sector da segurança, à medida que vamos construindo uma força policial com<br />

o apoio <strong>de</strong> infra-estruturas mo<strong>de</strong>rnas e sofisticadas. Apoiar as necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> infra-estruturas<br />

da PNTL, inclui a construção <strong>de</strong> esquadras <strong>de</strong> polícia, fornecimento <strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong> comunicação,<br />

transporte e armas, bem como artigos <strong>de</strong> escritório, equipamentos informáticos e “networks”.<br />

Estabilida<strong>de</strong> e Segurança Pública<br />

O objectivo principal <strong>de</strong> proporcionar estabilida<strong>de</strong> e segurança pública, será essencialmente<br />

uma responsabilida<strong>de</strong> da PNTL. As acções nesta área incluem a formação das Subunida<strong>de</strong>s da<br />

Unida<strong>de</strong> Especial <strong>de</strong> Polícia, estabelecendo um Centro Nacional <strong>de</strong> Operações bem equipado<br />

e em funcionamento, e com especial atenção à segurança rodoviária. O Centro Nacional <strong>de</strong><br />

Operações será equipado com tecnologias mo<strong>de</strong>rnas <strong>de</strong> informação e <strong>de</strong> telecomunicações,<br />

que permitirão gerir informações <strong>de</strong> inci<strong>de</strong>ntes e fornecer respostas rápidas e coor<strong>de</strong>nadas às<br />

activida<strong>de</strong>s criminosas e situações <strong>de</strong> conflito. O Centro conduzirá regularmente activida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> simulação <strong>de</strong> inci<strong>de</strong>ntes e eventos para testar a capacida<strong>de</strong> da PNTL e i<strong>de</strong>ntificar áreas que<br />

necessitem <strong>de</strong> melhorias. A Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Segurança Rodoviária e Tráfego será <strong>de</strong>senvolvida e<br />

formada para gerir os <strong>de</strong>safios emergentes do aumento <strong>de</strong> tráfego em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>.<br />

197


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 5<br />

Prevenção <strong>de</strong> Conflitos na Comunida<strong>de</strong><br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> está a emergir <strong>de</strong> uma situação frágil. Neste contexto, é uma priorida<strong>de</strong> prevenir<br />

e resolver os conflitos nas comunida<strong>de</strong>s. Mecanismos <strong>de</strong> alerta antecipado e resposta rápida<br />

estão a ser <strong>de</strong>senvolvidos , como parte das medidas para a construção da paz e evitar conflitos<br />

na comunida<strong>de</strong>. A função <strong>de</strong> prevenção <strong>de</strong> conflitos na comunida<strong>de</strong> será da responsabilida<strong>de</strong><br />

da Direcção Nacional <strong>de</strong> Prevenção <strong>de</strong> Conflitos Comunitários, que será reforçada através da<br />

formação <strong>de</strong> recursos humanos preparados especialmente para o efeito.<br />

Policiamento Comunitário<br />

Será promovido o policiamento comunitário que constituirá um aspecto fundamental da formação<br />

inicial e <strong>de</strong>senvolvimento profissional da polícia. Um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> policiamento orientado para<br />

a comunida<strong>de</strong> será adoptado para todos os polícias, como filosofia - da PNTL. Este mo<strong>de</strong>lo irá<br />

informar e orientar a gestão e consequentemente a tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões operacionais e assegurar<br />

que a PNTL <strong>de</strong>sempenha o seu papel no policiamento comunitário.<br />

Recursos Humanos Gestão <strong>de</strong> Fronteiras e Imigração<br />

A gestão das fronteiras será reforçada, através da formação do nosso Serviço <strong>de</strong> Imigração e<br />

unida<strong>de</strong> marítima, para respon<strong>de</strong>r a crimes transnacionais e trabalhar eficazmente nos problemas<br />

<strong>de</strong> controlo da fronteira.<br />

Protecção Civil e Protecção do Património do Estado<br />

As funções importantes <strong>de</strong> protecção civil, bem como a protecção do património do Estado, serão<br />

tornados prioritários <strong>de</strong> acordo com um plano <strong>de</strong> gestão. Esta acção também irá incorporar o<br />

estabelecimento, sempre que possível, <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong> alerta antecipado para <strong>de</strong>sastres naturais,<br />

bem como planos <strong>de</strong> resposta coor<strong>de</strong>nada para proteger o nosso Povo.<br />

Agência Externa <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nação e Cooperação<br />

Os nossos doadores e parceiros <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento contribuíram significativamente para a<br />

reconstrução do nosso sector <strong>de</strong> segurança e continuarão a <strong>de</strong>sempenhar um papel importante<br />

<strong>de</strong> apoio. Esta assistência será coor<strong>de</strong>nada <strong>de</strong> acordo com as nossas necessida<strong>de</strong>s e priorida<strong>de</strong>s<br />

para garantir que correspon<strong>de</strong>m às circunstâncias e ao contexto da nossa Nação.<br />

Nas fases quinquenais subsequentes do plano estratégico do sector da segurança, iremos construir<br />

e consolidar a capacida<strong>de</strong> operacional, as reformas e activida<strong>de</strong>s nas áreas acima referidas. Durante<br />

um período <strong>de</strong> 20 anos, o Sector da Segurança (incluindo a PNTL) será totalmente reformado<br />

e funcionará com profissionais qualificados e responsáveis, apoiados por infra-estruturas e<br />

equipamentos mo<strong>de</strong>rnos e regidos por regulamentos que apoiam a eficácia, a responsabilida<strong>de</strong><br />

e a boa governação.<br />

198


PED - 2011 - 2030 - ENQUADRAMENTO INSTITUCIONAL<br />

METAS<br />

Até 2015:<br />

• A reconstrução e reforma do sector da segurança terão formado os recursos<br />

humanos e o quadro institucional necessário para ter uma capacida<strong>de</strong> operacional<br />

efectiva em todas as áreas-chave, incluindo a prevenção do crime, investigação,<br />

segurança pública e controlo <strong>de</strong> fronteiras<br />

Até 2020:<br />

• O sector da segurança, nomeadamente a PNTL, estará totalmente reformado e<br />

funcionará com profissionais qualificados e responsáveis, apoiados por infra-estruturas<br />

e equipamentos mo<strong>de</strong>rnos, regidos por regulamentos que promovam a eficácia, a<br />

responsabilida<strong>de</strong> e a boa governação do sector<br />

• Será instituido um programa <strong>de</strong> apoio à capacitação dos recursos humanos, assim como<br />

infra-estruturas e equipamento, <strong>de</strong> modo a garantir que os bombeiros possam levar a<br />

cabo a sua missão com eficiência e responsabilida<strong>de</strong>.<br />

199


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 5<br />

D E F E S A<br />

VISÃO GERAL E DESAFIOS<br />

Durante 24 anos, as FALINTIL e o Povo <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> lutaram contra a ocupação estrangeira sem gran<strong>de</strong><br />

apoio externo. Apesar dos gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>safios, dificulda<strong>de</strong>s e perdas, as FALINTIL conseguiram permanecer<br />

organizadas e manter a sua heróica resistência. Agora, manter <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> como um País in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte é<br />

da responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> todos os nossos cidadãos, não só porque <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r e garantir a soberania da nossa<br />

Nação é um objectivo fundamental do nosso Estado, mas também porque, ao fazê-lo, estamos a prestar<br />

homenagem àqueles que morreram na luta pela in<strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>.<br />

“Queremos uma força <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>fesa neutra, em todo o<br />

território, para proteger a<br />

nossa soberania e apoiar<br />

a nossa Polícia Nacional<br />

na manutenção da paz e<br />

estabilida<strong>de</strong>.”<br />

Professor, sub-distrito Luro, distrito<br />

Lautém, Consulta Nacional,<br />

23 <strong>de</strong> Abril <strong>de</strong> 2010<br />

No <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma F-FDTL (Falintil -Força<br />

<strong>de</strong> Defesa <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>) forte e profissional,<br />

seremos guiados pelos objectivos da Constituição<br />

<strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> <strong>de</strong> adopção <strong>de</strong> uma estratégia <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>fesa, que se baseia na diplomacia e na dissuasão<br />

como formas <strong>de</strong> prevenir e resolver conflitos. Esta<br />

estratégia inclui alianças com nossos países vizinhos<br />

e amigos, contribuindo para discussões <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa<br />

regional e global, participar em fóruns e integrar<br />

forças internacionais <strong>de</strong> manutenção da paz.<br />

A nossa postura estratégica será essencialmente<br />

<strong>de</strong>fensiva e baseada no respeito pelo Estado <strong>de</strong> Direito.<br />

No entanto, esta postura não renunciará ao uso da<br />

força para garantir a in<strong>de</strong>pendência da nossa Nação:<br />

estaremos preparados para <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r a nossa Nação,<br />

quando a diplomacia, a dissuasão, e as negociações se<br />

revelarem infrutíferas.<br />

A nossa abordagem para <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r a nossa Nação também reconhece que não po<strong>de</strong> haver segurança<br />

sem um <strong>de</strong>senvolvimento económico sustentável. Isto significa que as F-FDTL serão capazes <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r a nossa Nação <strong>de</strong> ameaças externas e, também, <strong>de</strong>vem ser capaz <strong>de</strong> contribuir para os<br />

esforços <strong>de</strong> cooperação com o propósito <strong>de</strong> melhorar a estabilida<strong>de</strong> e o <strong>de</strong>senvolvimento nacional,<br />

regional e global.<br />

ESTRATÉGIA E ACÇÕES<br />

Garantiremos que as FALINTIL-FDTL (F-FDTL) possuam a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r a nossa Nação,<br />

apoiando simultaneamente a segurança interna <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, a socieda<strong>de</strong> civil, e contribuindo<br />

para os esforços <strong>de</strong> combate às ameaças à paz e estabilida<strong>de</strong> regional e global. Isso exigirá às<br />

F-FDTL serem uma força multidimensional e multidisciplinar, com flexibilida<strong>de</strong> para cumprir várias<br />

funções. As nossas políticas <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa e do investimento reflectirão o nosso entendimento <strong>de</strong> que,<br />

investir em segurança nacional, não é um fardo, mas sim um investimento vital no futuro da nossa<br />

Nação, essencial para o progresso e <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>.<br />

200


PED - 2011 - 2030 - ENQUADRAMENTO INSTITUCIONAL<br />

DEFESA NACIONAL E SEGURANÇA<br />

O contexto da segurança nacional, regional e internacional do século XXI é caracterizada por uma varieda<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> ameaças e riscos não convencionais, muitos dos quais difíceis <strong>de</strong> avaliar. Ao nível transnacional, estas<br />

ameaças incluem o crime organizado, o terrorismo, o tráfico <strong>de</strong> drogas e armas, o fundamentalismo religioso,<br />

a <strong>de</strong>gradação ambiental e mudanças climáticas, os <strong>de</strong>sastres humanitários e as pan<strong>de</strong>mias que po<strong>de</strong>m<br />

ameaçar a vida <strong>de</strong> milhões <strong>de</strong> seres humanos.<br />

Essas ameaças não são <strong>de</strong> natureza militar, não são <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>adas por Nações, e criam <strong>de</strong>safios<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa e segurança diferentes das que foram enfrentados no passado. Respon<strong>de</strong>r a esses<br />

<strong>de</strong>safios exigirá uma série <strong>de</strong> estratégias, baseadas em três elementos fundamentais, no conceito<br />

<strong>de</strong> segurança:<br />

• Segurança das Populações – A segurança não é exclusivamente para a segurança dos<br />

Estado; é também para a <strong>de</strong>fesa e segurança do nosso Povo.<br />

• Segurança Cooperativa – O sucesso, na abordagem <strong>de</strong>sses riscos e ameaças, exigirá a<br />

cooperação internacional.<br />

• Defesa Interna – Assegurar a protecção do nosso Estado contra as ameaças à sua segurança<br />

interna.<br />

Política integrada <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa e <strong>de</strong> segurança<br />

Este novo contexto <strong>de</strong> segurança significa que haverá uma menor <strong>de</strong>limitação, entre as ameaças<br />

internas e externas à segurança <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>. Reconhecendo isso, a Lei <strong>de</strong> Segurança Nacional<br />

timorense prevê a criação <strong>de</strong> um Sistema Integrado <strong>de</strong> Segurança Nacional. Ao integrar as<br />

nossas políticas <strong>de</strong> Defesa e Segurança, vamos melhorar a nossa capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r a uma<br />

série <strong>de</strong> ameaças à segurança, que <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> po<strong>de</strong>rá enfrentar nas próximas décadas. Esta<br />

abordagem reconhece que a segurança e a in<strong>de</strong>pendência da nossa Nação <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m não só<br />

do fortalecimento das nossas capacida<strong>de</strong>s militares, mas também no reforço da nossa socieda<strong>de</strong><br />

civil, com base no respeito pelo Estado <strong>de</strong> Direito e pelos Direitos Humanos, o apoio à boa<br />

governação e estabelecimento <strong>de</strong> instituições civis fortes e eficazes.<br />

A nossa segurança geoestratégica e marítima<br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> está posicionado estrategicamente no triângulo entre dois oceanos: o Índico e o<br />

Pacífico. A nossa localização, na confluência <strong>de</strong> importantes e movimentadas rotas marítimas<br />

internacionais, juntamente com o crescente uso e exploração do mar, aumenta o potencial<br />

político e estratégico <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, colocando-nos numa posição central, entre as duas regiões<br />

importantes: a Ásia Pacífico e o Su<strong>de</strong>ste Asiático.<br />

A maioria das organizações internacionais reconhece, agora, que a segurança colectiva<br />

internacional é inatingível sem a segurança dos mares. As ameaças que vêm do mar, tal como<br />

o terrorismo, o tráfico <strong>de</strong> seres humanos, a pirataria e o crime organizado, juntamente com<br />

as ameaças à liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> navegação, <strong>de</strong>vem ser combatidas para proteger a importância do<br />

comércio e do meio ambiente marítimo para a economia global.<br />

201


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 5<br />

A localização geográfica <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> - juntamente com a área da nossa Zona Económica<br />

Exclusiva (que é quase cinco vezes maior do que a nossa área terrestre) e a riqueza dos recursos<br />

energéticos do Mar <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>, significa que o futuro da nossa Nação está ligado ao mar. Isto coloca<br />

<strong>de</strong>safios específicos para a <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> e para o <strong>de</strong>senvolvimento das F-FDTL.<br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> necessita <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong> naval para lidar com o uso inapropriado das águas nacionais<br />

em activida<strong>de</strong>s como sejam, a pesca ilegal, a imigração ilegal, o terrorismo marítimo, o tráfico<br />

<strong>de</strong> drogas, a pirataria e a poluição, bem como contribuir para o aumento dos esforços regionais<br />

no combate às ameaças marítimas. Necessitaremos <strong>de</strong> formar as F-FDTL e a sua componente<br />

naval, para levar a cabo activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> monitorização, vigilância, policiamento e salvamento em<br />

zonas marítimas sob a jurisdição nacional, ao mesmo tempo assegurando que estas activida<strong>de</strong>s<br />

são apoiadas por um quadro legislativo a<strong>de</strong>quado, através do sistema <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong> marítima<br />

nacional.<br />

FALINTIL-FDTL<br />

A nossa visão e valores para as F-FDTL são:<br />

“<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> terá uma Força <strong>de</strong> Defesa profissional e credível, capaz <strong>de</strong> <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r o Povo e<br />

o território, num espírito <strong>de</strong> isenção política. Será um ponto <strong>de</strong> orgulho nacional manter<br />

as melhores tradições dos que lutaram pela liberda<strong>de</strong>. Será uma fonte <strong>de</strong> emprego para a<br />

socieda<strong>de</strong> e uma força eficiente e sustentável no futuro. A Força <strong>de</strong> Defesa irá comportar-se,<br />

a todos os níveis, com integrida<strong>de</strong> e altruísmo, para o benefício do povo <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> “.<br />

“Os valores das F-FDTL <strong>de</strong> lealda<strong>de</strong>, coragem, disciplina e respeito <strong>de</strong>vem ser observados<br />

por todos os seus membros, <strong>de</strong> modo a permitir que as Forças ganhem a confiança e o<br />

apoio do povo <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> e dos seus vizinhos.”<br />

As F-FDTL <strong>de</strong>vem ser um instrumento importante da política externa <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> e um veículo<br />

para promover a afirmação do nosso prestígio e credibilida<strong>de</strong> nacional no exterior. Deve <strong>de</strong>monstrar<br />

o nosso compromisso nacional para contribuir activamente nos esforços da comunida<strong>de</strong><br />

internacional na preservação da paz e da estabilida<strong>de</strong> mundial. Paralelamente, as F-FDTL <strong>de</strong>vem<br />

ser um instrumento <strong>de</strong> mobilização da vonta<strong>de</strong> nacional para que <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> atinja a excelência<br />

em <strong>de</strong>terminadas áreas e <strong>de</strong>vem contribuir para um “espírito <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa” nacional, evitando um<br />

clima <strong>de</strong> complacência que possa ser prejudicial aos nossos interesses estratégicos nacionais.<br />

Estas responsabilida<strong>de</strong>s - juntamente com as novas ameaças que enfrentamos e a necessida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> uma resposta integrada a essas ameaças - terão um impacto significativo na reorganização e<br />

reestruturação das F-FDTL.<br />

202


PED - 2011 - 2030 - ENQUADRAMENTO INSTITUCIONAL<br />

O novo mo<strong>de</strong>lo para as F-FDTL é um sistema totalmente integrado, <strong>de</strong> força conjunta composta por<br />

cinco componentes (terrestre, naval ligeiro, apoio aéreo, serviços <strong>de</strong> apoio, educação e formação),<br />

sob o comando do Chefe do Estado Maior General das Forças Armadas.<br />

<strong>Desenvolvimento</strong> das F-FDTL<br />

O estudo estratégico “Força 2020”, é o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> para a consolidação e<br />

<strong>de</strong>senvolvimento das F-FDTL, <strong>de</strong> acordo com as priorida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>finidas pelo Membro do <strong>Governo</strong><br />

responsável pela pasta da Defesa e pelo Chefe <strong>de</strong> Estado Maior General das Forças Armadas.<br />

A “Força 2020” estabelece um mo<strong>de</strong>lo equilibrado e versátil para as F-FDTL, integra uma série<br />

<strong>de</strong> aptidões, produz uma maior flexibilida<strong>de</strong> e eficácia e estabelece um processo <strong>de</strong> cooperação<br />

entre as F-FDTL e outros serviços <strong>de</strong> segurança, com o objectivo <strong>de</strong> permitir a interoperabilida<strong>de</strong><br />

exigidos pelo Sistema Integrado <strong>de</strong> Segurança Nacional. A implementação do mo<strong>de</strong>lo “Força<br />

2020” terá implicações significativas para a organização e funcionamento das F-FDTL, exigindo<br />

medidas legislativas <strong>de</strong>stinadas a reforçar a autorida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mocrática sobre as F-FDTL (incluindo<br />

o quadro constitucional e legal, supervisão civil e gestão responsável perante o <strong>Governo</strong> e o<br />

Presi<strong>de</strong>nte da República) e medidas operacionais militares (incluindo a reestruturação das F-FDTL<br />

e a preparação do <strong>Plano</strong> <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> das Forças 2011-2015).<br />

O <strong>Plano</strong> <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> das Forças visa formar as aptidões das F-FDTL, para garantir que se<br />

tornam mais flexíveis e versáteis, <strong>de</strong>senvolvendo as capacida<strong>de</strong>s militares conjuntas com outras<br />

forças e serviços <strong>de</strong> segurança e a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> resposta para enfrentar os <strong>de</strong>safios e as ameaças<br />

inesperados. Este novo mo<strong>de</strong>lo para as F-FDTL inclui:<br />

• 20 Programas <strong>de</strong> Defesa e 96<br />

Projectos <strong>de</strong> Defesa, nas áreas dos<br />

recursos humanos, equipamentos<br />

e infra-estruturas, que irão edificar<br />

e garantir o <strong>de</strong>senvolvimento das<br />

F-FDTL <strong>de</strong> forma sustentada.<br />

• Um sistema <strong>de</strong> Comando, Controle,<br />

Comunicações, Computadores e<br />

Informação (C4I) para melhorar<br />

a mobilida<strong>de</strong>, flexibilida<strong>de</strong> e<br />

prontidão das F-FDTL.<br />

• Novos mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s multifuncionais<br />

para as companhias <strong>de</strong><br />

infantaria, naval e marinha, e unida<strong>de</strong>s específicas <strong>de</strong> combate e serviços <strong>de</strong> apoio.<br />

• Melhorias nas práticas <strong>de</strong> recrutamento e treino.<br />

• Melhoria e consolidação do Sistema <strong>de</strong> Informação Militar para manter elevado os níveis<br />

<strong>de</strong> prontidão e coor<strong>de</strong>nação eficaz com outros serviços <strong>de</strong> segurança e sistemas <strong>de</strong><br />

inteligência.<br />

203


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 5<br />

O <strong>de</strong>senvolvimento da capacida<strong>de</strong> das F-FDTL é baseado na nossa avaliação <strong>de</strong> que, apesar <strong>de</strong><br />

as ameaças externas não terem <strong>de</strong>saparecido, existe uma baixa probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um ataque<br />

militar directo contra o nosso País. Deste modo, as F-FDTL <strong>de</strong>vem ter flexibilida<strong>de</strong> para respon<strong>de</strong>r<br />

às ameaças não militares e situações <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong> e complexida<strong>de</strong> variável, incluindo a<br />

resposta às ameaças à segurança interna e apoiar as activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento nacional.<br />

Simultaneamente as F-FDTL também necessitarão <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> resposta para enfrentar estes<br />

compromissos.<br />

Quadro jurídico das F-FDTL<br />

As F-FDTL são reconhecidas na Constituição <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, que afirma:<br />

“As FALINTIL-FDTL garantem a in<strong>de</strong>pendência nacional, a integrida<strong>de</strong> territorial e a liberda<strong>de</strong><br />

e segurança das populações contra qualquer agressão ou ameaça externa, no respeito pela<br />

or<strong>de</strong>m constitucional.”<br />

As F-FDTL são reguladas por uma série <strong>de</strong> leis, incluindo a Lei <strong>de</strong> Segurança Nacional, a Lei <strong>de</strong><br />

Defesa Nacional e a Lei do Serviço Militar. A Lei <strong>de</strong> Defesa Nacional prevê que a componente<br />

militar da <strong>de</strong>fesa nacional é da responsabilida<strong>de</strong> das F-FDTL. A lei <strong>de</strong> programação militar, um<br />

instrumento fundamental no processo <strong>de</strong> planeamento operacional das F-FDTL, entrará em vigor<br />

em 2012 e orientará a i<strong>de</strong>ntificação, avaliação, e estabelecimento das necessida<strong>de</strong>s das F-FDTL, ao<br />

longo do tempo, em termos <strong>de</strong> infra-estruturas e equipamentos.<br />

Cenários <strong>de</strong> acção<br />

O enquadramento jurídico e operacional, presentemente em <strong>de</strong>senvolvimento para as F-FDTL,<br />

prevê uma força mo<strong>de</strong>rna e eficiente, com capacida<strong>de</strong> para realizar uma ampla gama <strong>de</strong> missões,<br />

incluindo:<br />

• Reagir contra as ameaças ou riscos que ponham em causa o interesse nacional.<br />

• Participar em organizações <strong>de</strong> segurança e cooperação na região.<br />

• Combater as ameaças transnacionais, especialmente o terrorismo, e garantir que as suas<br />

acções reflectem e complementam o Sistema Integrado <strong>de</strong> Segurança Nacional (com<br />

especial ênfase na protecção das infra-estruturas nacionais críticas, contra ameaças<br />

terroristas).<br />

• Vigilância e controle das zonas marítimas.<br />

• Apoiar as autorida<strong>de</strong>s civis em casos <strong>de</strong> <strong>de</strong>sastre ou emergência.<br />

• Participar em operações <strong>de</strong> paz <strong>de</strong> natureza humanitária e <strong>de</strong> gestão <strong>de</strong> crises no âmbito<br />

das Nações Unidas ou <strong>de</strong> organizações <strong>de</strong> cooperação e segurança regional.<br />

• Participar nas activida<strong>de</strong>s intercontinentais da Comunida<strong>de</strong> dos Países <strong>de</strong> Língua<br />

Portuguesa (CPLP).<br />

204


PED - 2011 - 2030 - ENQUADRAMENTO INSTITUCIONAL<br />

• Participar em exercícios conjuntos, a nível nacional e internacional.<br />

• A operação eficaz <strong>de</strong> um Serviço <strong>de</strong> Polícia Militar nas F-FDTL.<br />

Para cumprir o seu <strong>de</strong>ver constitucional e as suas responsabilida<strong>de</strong>s legais <strong>de</strong>ntro do actual<br />

ambiente estratégico, as F-FDTL terão <strong>de</strong> <strong>de</strong>dicar-se a estas missões em diversas alturas e com<br />

diferentes graus <strong>de</strong> compromisso. A realização <strong>de</strong>stas missões exigirá que as F-FDTL não só<br />

<strong>de</strong>senvolvam a sua capacida<strong>de</strong> militar (especialmente a sua capacida<strong>de</strong> naval), mas também que<br />

aumentem a sua participação em missões <strong>de</strong> manutenção <strong>de</strong> paz e nas activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cooperação<br />

técnico-militar.<br />

PRIORIDADES E ORIENTAÇÕES NA DEFESA NACIONAL<br />

Antes <strong>de</strong> mais, as priorida<strong>de</strong>s nacionais da <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> reflectem os objectivos mais<br />

amplos <strong>de</strong> segurança para a nossa Nação. Reconhecemos que as políticas efectivas <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa<br />

irão garantir que o Estado timorense seja capaz <strong>de</strong> executar funções essenciais, que justificam a<br />

sua existência, bem como apoiar o <strong>de</strong>senvolvimento económico <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> e o bem-estar do<br />

povo timorense.<br />

As nossas priorida<strong>de</strong>s para a <strong>de</strong>fesa também reflectem o nosso contínuo compromisso com a<br />

segurança regional e global colectiva. A nossa participação em missões internacionais no âmbito<br />

das Nações Unidas irá ajudar à formação <strong>de</strong> fortes e positivos laços <strong>de</strong> cooperação com os<br />

outros países, bem como ajudar-nos-à a mo<strong>de</strong>rnizar e profissionalizar as F-FDTL e aproximar a<br />

força <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa nacional aos mo<strong>de</strong>los utilizados por outros países tais como: a ASEAN, a CPLP e a<br />

comunida<strong>de</strong> internacional em geral.<br />

À medida que vamos <strong>de</strong>senvolvendo as F-FDTL e os outros serviços <strong>de</strong> segurança e instituições,<br />

iremos adoptando orientações para a nossa política <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa nacional que reflictam essas<br />

priorida<strong>de</strong>s assim com as mudanças na área da segurança, incluindo:<br />

• A reestruturação e a reorganização das F-FDTL para assegurar que tenham recursos<br />

humanos qualificados e habilitados para, face aos altos níveis <strong>de</strong> resposta operacional<br />

necessários, realizar uma ampla série <strong>de</strong> missões <strong>de</strong> forma eficaz.<br />

• O estabelecimento <strong>de</strong> um pequeno sistema <strong>de</strong> forças com enorme mobilida<strong>de</strong> e<br />

flexibilida<strong>de</strong>.<br />

• Melhorar a capacida<strong>de</strong> das F-FDTL para apoiar os civis na prontidão e respostas a<br />

emergências e <strong>de</strong>sastres, incluindo a implementação do Sistema <strong>de</strong> Alerta Nacional.<br />

• Aumentar a colaboração e cooperação entre as F-FDTL e a PNTL para fomentar a confiança<br />

e a compreensão das respectivas funções e aptidões, e para apoiar a eficácia do Sistema<br />

Integrado <strong>de</strong> Segurança Nacional.<br />

• Assegurar a participação <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> em forças multinacionais e organizações<br />

internacionais, incluindo as Nações Unidas.<br />

• Estabelecer um Sistema <strong>de</strong> Gestão <strong>de</strong> Recursos Humanos, na Defesa, para <strong>de</strong>senvolver os<br />

respectivos recursos humanos, com especial atenção à promoção das áreas <strong>de</strong> li<strong>de</strong>rança,<br />

motivação, <strong>de</strong>sempenho, coesão, formação, qualificações e processos <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão.<br />

205


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 5<br />

• Estreitar laços entre os sectores da <strong>de</strong>fesa e da educação, para promover uma maior<br />

compreensão da relação entre a cidadania, o espírito e a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma força <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>fesa e segurança.<br />

• Disseminar informações por todo o Povo sobre questões <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa nacional e as F-FDTL,<br />

para promover a compreensão e apoio na mo<strong>de</strong>rnização e reorganização das F-FDTL.<br />

• Adoptar um mo<strong>de</strong>lo para o serviço militar, que incorpore os valores patrióticos e <strong>de</strong> ética,<br />

que reflicta um carácter e um envolvimento a nível nacional que se i<strong>de</strong>ntifique com a<br />

socieda<strong>de</strong> civil e sirva o interesse público.<br />

Visão estratégica integrada para a <strong>de</strong>fesa nacional<br />

As orientações acima expostas, juntamente com o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong>senvolvido no estudo “Força 2020” e<br />

o Programa <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> da Força 2011-2015, formarão a base do futuro <strong>de</strong>senvolvimento<br />

e reorganização das F-FDTL.<br />

Estes elementos serão também incorporados, no plano estratégico integrado para a <strong>de</strong>fesa nacional<br />

<strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> nos próximos 20 anos, com base na visão global estabelecida pela Constituição,<br />

pela Lei <strong>de</strong> Segurança Nacional e pela Lei <strong>de</strong> Defesa Nacional.<br />

METAS<br />

Até 2015:<br />

• As F-FDTL funcionarão como uma força <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa convencional e profissional.<br />

• Possuirá um quadro legal que estabelece o controlo <strong>de</strong>mocrático sobre as F-FDTL.<br />

• Existirá uma maior coor<strong>de</strong>nação e cooperação entre as F-FDTL e a PNTL, com funções e<br />

responsabilida<strong>de</strong>s claramente <strong>de</strong>finidas.<br />

• Tendo transferido competências especializadas, conhecimentos e experiências para uma<br />

nova geração das F-FDTL, os veteranos das F-FDTL serão apoiados na aposentadoria com<br />

dignida<strong>de</strong> e assistidos com transições <strong>de</strong> carreira e planos <strong>de</strong> reintegração na vida civil.<br />

• As mulheres nas F-FDTL assumirão um papel mais prepon<strong>de</strong>rante na <strong>de</strong>fesa nacional e<br />

mais oportunida<strong>de</strong>s na progressão das suas carreiras .<br />

• As F-FDTL serão mobilizadas para operações <strong>de</strong> manutenção <strong>de</strong> paz das Nações Unidas<br />

com treino e apoio logístico em parceria com os parceiros na área da <strong>de</strong>fesa.<br />

• Os sistemas e tecnologias <strong>de</strong> informação serão integrados num sistema <strong>de</strong> Comando,<br />

Controle, Comunicações, Computadores e Inteligência.<br />

• <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> terá consolidado e fortalecido as relações com os parceiros e amigos regionais<br />

e globais.<br />

206


PED - 2011 - 2030 - ENQUADRAMENTO INSTITUCIONAL<br />

Até 2020:<br />

• As F-FDTL irão funcionar como uma força <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa credível e bem equipada, com capacida<strong>de</strong> e<br />

versatilida<strong>de</strong> para realizar uma série <strong>de</strong> missões e contribuir para a segurança e o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

nacional.<br />

• As F-FDTL serão uma força <strong>de</strong>mocrática e responsável, alicerçada no respeito pelo Estado <strong>de</strong> Direito<br />

e pelos direitos humanos, com elevados padrões <strong>de</strong> disciplina.<br />

Até 2030:<br />

• A componente naval da F-FDTL será bem treinada e estará dotada com as infra-estruturas necessárias<br />

para controlar e proteger as nossas águas territoriais e participar como um parceiro <strong>de</strong> pleno direito<br />

em exercícios navais internacionais.<br />

• As F-FDTL terão capacida<strong>de</strong> para respon<strong>de</strong>r eficazmente, e em simultâneo, a múltiplos compromissos<br />

militares .<br />

207


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 5<br />

N E G Ó C I O S E S T R A N G E I R O S<br />

VISÃO GERAL E DESAFIOS<br />

Como pequena Nação, num local muito<br />

estratégico geograficamente, a segurança <strong>de</strong><br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá do estabelecimento <strong>de</strong><br />

fortes relacionamentos com nossos vizinhos<br />

e amigos, contribuindo positivamente para<br />

a estabilida<strong>de</strong> e paz da região, participando<br />

em missões <strong>de</strong> paz globais e em fóruns e<br />

iniciativas <strong>de</strong> cooperação internacionais.<br />

“Queremos que os nossos<br />

negócios estrangeiros sejam<br />

mais activos na resolução<br />

dos nossos problemas<br />

fronteiriços.”<br />

Agricultor, sub-distrito <strong>de</strong> Railako, distrito<br />

<strong>de</strong> Ermera, Consulta Nacional,<br />

9 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 2010<br />

Ter uma abordagem <strong>de</strong> política externa <strong>de</strong><br />

cooperação e <strong>de</strong> olhos postos no futuro, encorajará o nosso Povo a ter orgulho no <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, atrairá investidores internacionais e originará mais oportunida<strong>de</strong>s para o avanço<br />

económico.<br />

O artigo 8º da Constituição estabelece os princípios da política externa timorense. Ela preserva<br />

a importância do direito do povo à auto<strong>de</strong>terminação, in<strong>de</strong>pendência, protecção dos direitos<br />

humanos e do respeito mútuo pela integrida<strong>de</strong> da soberania territorial e igualda<strong>de</strong> entre os<br />

Estados, como princípios orientadores. O objectivo da política externa é estabelecer relações<br />

<strong>de</strong> amiza<strong>de</strong> e cooperação com outros povos, preconizando a solução pacífica dos conflitos, o<br />

<strong>de</strong>sarmamento, o estabelecimento <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong> segurança colectiva e a criação <strong>de</strong> uma<br />

nova or<strong>de</strong>m económica internacional para assegurar a paz e justiça internacionais. O mesmo<br />

artigo da Constituição também refere a importância <strong>de</strong> manter relações privilegiadas com os<br />

países <strong>de</strong> língua Portuguesa e os laços especiais <strong>de</strong> amiza<strong>de</strong> e cooperação com os países vizinhos<br />

e os países da região.<br />

Des<strong>de</strong> o início da luta pela in<strong>de</strong>pendência, <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> teve um impacto significativo bem<br />

acima do tamanho do país no cenário internacional, graças aos esforços <strong>de</strong> uma “mão-cheia”<strong>de</strong><br />

extraordinários e talentosos homens e mulheres. Essas corajosas pessoas estiveram envolvidas na<br />

arena internacional perseguindo o objectivo <strong>de</strong> um Estado livre e in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte. O embrionário<br />

serviço diplomático que foi estabelecido, em 2001, baseou-se na experiência <strong>de</strong>ssas pessoas.<br />

Após a in<strong>de</strong>pendência, o Ministério dos Negócios Estrangeiros foi criado para gerir as relações<br />

internacionais <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>.<br />

O Ministério é agora responsável pelas relações diplomáticas com, actualmente, cerca <strong>de</strong> uma<br />

centena <strong>de</strong> Nações, incluindo embaixadas ou representações diplomáticas em Ðíli, nomeadamente<br />

com a Austrália, Brasil, China, Cuba, União Europeia, Indonésia, Japão, Coreia do Sul, Malásia, Nova<br />

Zelândia, Filipinas, Portugal, Tailândia e Estados Unidos da América. Também presentes em Díli<br />

estão o Gabinete Representativo Francês, a secção da Embaixada Real da Noruega, a Cooperação<br />

da Irlanda e a Agência Espanhola Internacional para Cooperação.<br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> tem embaixadas em Banguecoque, Pequim, Bruxelas (para a União Europeia),<br />

Camberra, Genebra (combinado com a Missão das Nações Unidas em Genebra), Havana, Jacarta<br />

208


PED - 2011 - 2030 - ENQUADRAMENTO INSTITUCIONAL<br />

, Kuala Lumpur, Lisboa, Manila, Maputo, São Paulo, Seul, Tóquio, Santa Sé (Vaticano) e Washington.<br />

Temos missões em Jacarta (gabinete <strong>de</strong> ligação à ASEAN), Genebra (Missão da ONU), Nova Iorque<br />

(Missão da ONU) e Lisboa (gabinete <strong>de</strong> ligação a CPLP), e os Consulados-Gerais em Sydney e em<br />

Denpasar.<br />

Para um país do tamanho <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, a manutenção <strong>de</strong> uma re<strong>de</strong> extensa e crescente <strong>de</strong><br />

embaixadas e missões é um esforço consi<strong>de</strong>rável.<br />

Também enfrentamos <strong>de</strong>safios para garantir que <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> é capaz <strong>de</strong> implementar os<br />

numerosos acordos internacionais, dos quais somos signatários, e agir proactivamente nos<br />

relacionamentos bilaterais e multilaterais.<br />

ESTRATÉGIA E ACÇÕES<br />

Conduziremos uma abordagem <strong>de</strong> cooperação, virada para a política externa, para encorajar<br />

fortes relações culturais, económicas e comerciais com outros países - cruciais para<br />

manter activas condutas <strong>de</strong> inovação e investimento, essenciais para um jovem país em<br />

<strong>de</strong>senvolvimento.<br />

O objectivo da política externa é proteger e promover os interesses fundamentais do povo<br />

timorense, ao nível internacional, salvaguardando e consolidando a in<strong>de</strong>pendência da nossa<br />

Nação.<br />

RELAÇÕES MULTILATERAIS<br />

Apesar da globalização, o regionalismo tem gran<strong>de</strong> importância e as organizações regionais<br />

po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>sempenhar um significativo papel na manutenção da estabilida<strong>de</strong> e da cooperação<br />

económica regional.<br />

As Nações Unidas<br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> a<strong>de</strong>riu à Organização das Nações Unidas, a 27 <strong>de</strong> Setembro <strong>de</strong> 2002, e mantém uma<br />

Missão Permanente junto das Nações Unidas, em Nova Iorque. Temos beneficiado muito com a<br />

sábia <strong>de</strong>cisão dos lí<strong>de</strong>res da resistência <strong>de</strong> se envolverem com as Nações Unidas para alcançar<br />

o nosso sonho <strong>de</strong> in<strong>de</strong>pendência, pois foi, através <strong>de</strong>sta organização, que conseguimos a nossa<br />

in<strong>de</strong>pendência. O período <strong>de</strong> administração transitória das Nações Unidas em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, sob a<br />

competente li<strong>de</strong>rança do falecido Sérgio Vieira <strong>de</strong> Mello, foi inigualável.<br />

Continuamos a valorizar o <strong>de</strong>dicado trabalho das sucessivas missões das Nações Unidas e o<br />

trabalho das diversas agências, fundos e programas das Nações Unidas em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>.<br />

209


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 5<br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> dá gran<strong>de</strong> importância ao multilateralismo e ao sistema internacional das Nações<br />

Unidas. Temos assinado e ratificado todas as principais convenções sobre direitos humanos e<br />

vários outros tratados. O <strong>de</strong>safio agora é garantir que implementamos as políticas e quadro<br />

legal necessários, para satisfazer as nossas obrigações que advêm dos tratados internacionais.<br />

Precisamos, também, <strong>de</strong> tirar benefício da assistência, que possa estar prevista nos acordos<br />

multilaterais, que sejam dirigidos às Nações menos <strong>de</strong>senvolvidas, para nos ajudar a implementar<br />

as nossas priorida<strong>de</strong>s internacionais.<br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> os princípios fundamentais do Movimento dos Não Alinhados e da Carta das<br />

Nações Unidas na preservação e promoção da paz mundial, através do diálogo e da diplomacia<br />

entre os Estados, e evitar o uso da força na resolução <strong>de</strong> conflitos.<br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> apoia que as Nações Unidas <strong>de</strong>sempenhem um papel central nas questões mundiais<br />

e, por isso, apoia a reforma e o fortelecimento do sistema, especialmente em relação ao papel do<br />

Conselho <strong>de</strong> Segurança.<br />

O Grupo dos Estados Frágeis, “g7+”<br />

A comunida<strong>de</strong> internacional tem apoiado a nossa Nação, e temos tido a sorte <strong>de</strong> contar com<br />

a assistência <strong>de</strong> generosos parceiros <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento. Dentro do mesmo espírito <strong>de</strong><br />

solidarieda<strong>de</strong> internacional, vamos procurar fazer o que estiver ao nosso alcance, para contribuir<br />

para ajudar outras Nações. Parte <strong>de</strong>ste compromisso, será o <strong>de</strong> apoiar plenamente e dirigir a<br />

construção e consolidação do grupo “g7+” dos Estados frágeis.<br />

O grupo “g7+” permite que os Estados frágeis, ou afectados por situações <strong>de</strong> conflito, se unam<br />

e falem a uma só voz. É uma oportunida<strong>de</strong> para as 17 nações membros, que representam 350<br />

milhões <strong>de</strong> pessoas, partilharem conhecimentos. É também um veículo para que <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong><br />

possa contribuir para o diálogo sobre <strong>de</strong>senvolvimento global e explorar novas possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

acções <strong>de</strong> solidarieda<strong>de</strong> em Estados frágeis. Desta forma, permite que os Estados mais frágeis,<br />

bem como os mais ricos, contribuam para o conhecimento geral sobre o <strong>de</strong>senvolvimento e o<br />

processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento.<br />

Embora <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> possa passar da fragilida<strong>de</strong> ao <strong>de</strong>senvolvimento, vamos continuar a apoiar o<br />

“g7+”, contribuindo para o seu financiamento e assistência <strong>de</strong> forma produtiva.<br />

210


PED - 2011 - 2030 - ENQUADRAMENTO INSTITUCIONAL<br />

Organizações Regionais<br />

A Associação das Nações do Su<strong>de</strong>ste Asiático (ASEAN) foi formada em 1967, com o objectivo <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolver o crescimento económico, progresso social e <strong>de</strong>senvolvimento cultural da região,<br />

através <strong>de</strong> esforços conjuntos e no espírito da igualda<strong>de</strong> e cooperação, fortalecendo as bases para<br />

uma comunida<strong>de</strong> próspera e pacífica das Nações do Su<strong>de</strong>ste Asiático. Presentemente, <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong><br />

é a única Nação do su<strong>de</strong>ste asiático que não é membro da ASEAN. Em Julho <strong>de</strong> 2005, tornámo-nos<br />

membro do Fórum Regional da ASEAN e assinámos o Tratado <strong>de</strong> Amiza<strong>de</strong> e Cooperação ASEAN,<br />

em 2007.<br />

A aspiração <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> em se juntar à ASEAN é assente na localização geográfica, no anseio<br />

dos nossos lí<strong>de</strong>res e cidadãos e na afinida<strong>de</strong> cultural com os países vizinhos.<br />

Em Março <strong>de</strong> 2011, <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> entregou oficialmente o pedido <strong>de</strong> a<strong>de</strong>são à ASEAN e continuaremos<br />

a ter como meta prioritária, da política externa, a a<strong>de</strong>são fomentando os interesses estratégicos<br />

a longo prazo. A a<strong>de</strong>são à ASEAN dará acesso ao fórum regional, on<strong>de</strong> questões importantes, tais<br />

como: segurança, <strong>de</strong>senvolvimento, integração económica e assuntos socioculturais po<strong>de</strong>m ser<br />

<strong>de</strong>batidos.<br />

Actualmente <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> tem um gabinete <strong>de</strong> ligação ao Secretariado da ASEAN, em Jacarta.<br />

Abrimos missões diplomáticas em quatro dos <strong>de</strong>z países membros da ASEAN e estamos plenamente<br />

cre<strong>de</strong>nciados para os restantes países. Apesar <strong>de</strong>stes resultados encorajadores, reconhecemos<br />

que temos um longo caminho a percorrer para a plena a<strong>de</strong>são.<br />

Para levar avante o objectivo <strong>de</strong> se juntar à ASEAN em 2012, <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> irá <strong>de</strong>senvolver um<br />

documento sobre a sua posição, para que a ASEAN possa avaliar o comércio, <strong>de</strong>senvolvimento<br />

económico, segurança social e as implicações culturais da nossa a<strong>de</strong>são.<br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> também <strong>de</strong>sempenha um importante papel noutras organizações regionais, exemplo<br />

o Fórum das Ilhas do Pacífico, on<strong>de</strong> temos o estatuto <strong>de</strong> observador. Somos também um membro<br />

fundador do Diálogo Pacífico Sudoeste e membro do Grupo <strong>de</strong> Estados Africanos, Caraíbas e<br />

Pacífico - União Europeia.<br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> terá um papel mais activo nestas organizações regionais, garantindo que os nossos<br />

interesses nacionais são a<strong>de</strong>quadamente representados.<br />

A Comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Países <strong>de</strong> Língua Portuguesa<br />

A nossa Constituição <strong>de</strong>termina que <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> mantenha relações privilegiadas com os países<br />

<strong>de</strong> língua Portuguesa. Isto é conseguido, através da sua participação activa na Comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Países <strong>de</strong> Língua Portuguesa (CPLP). A CPLP é uma organização intergovernamental <strong>de</strong> amiza<strong>de</strong><br />

e cooperação, entre as Nações on<strong>de</strong> o Português é uma língua oficial: Angola, Brasil, Cabo Ver<strong>de</strong>,<br />

Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe. <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> a<strong>de</strong>riu à CPLP em 2002 e<br />

está comprometido na participação contínua nos programas e activida<strong>de</strong>s da CPLP.<br />

211


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 5<br />

RELAÇÕES BILATERAIS<br />

É <strong>de</strong>ver do governo <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> estabelecer e manter as melhores relações possíveis com<br />

os governos <strong>de</strong> todos os países no mundo, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente do tamanho, localização ou<br />

i<strong>de</strong>ologia. Assim, <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> mantém relações diplomáticas com cerca <strong>de</strong> 100 Nações e tem<br />

embaixadas ou representações diplomáticas em 22 países. Este esforço diplomático é um gran<strong>de</strong><br />

esforço para um país pequeno como <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>. É importante que as nossas embaixadas e<br />

missões diplomáticas no estrangeiro trabalhem <strong>de</strong> forma eficaz aprofundando as relações com<br />

os países <strong>de</strong> acolhimento.<br />

Será feita uma avaliação abrangente das missões diplomáticas para examinar os custos e<br />

benefícios do actual sistema e articular as expectativas com o país <strong>de</strong> acolhimento. Isto irá<br />

permitir melhorar os programas e os recursos humanos afectos às missões.<br />

Será solicitado um plano <strong>de</strong> acção plurianual a cada missão, para possibilitar um melhor<br />

planeamento da implementação das priorida<strong>de</strong>s nacionais e das medidas <strong>de</strong> aperfeiçoamento<br />

do <strong>de</strong>sempenho das missões.<br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> assinou vários acordos bilaterais, que variam <strong>de</strong>s<strong>de</strong> acordos que estabelecem relações<br />

diplomáticas, a questões <strong>de</strong> interesse mútuo, tais como segurança, economia e trocas culturais.<br />

Também estabelecemos acordos bilaterais <strong>de</strong> cooperação com doadores.<br />

Em particular, temos fortes relações bilaterais com os nossos vizinhos imediatos, a Indonésia e<br />

Austrália.<br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> mantém uma relação positiva com a Indonésia, país vizinho, amigo e parceiro<br />

comercial mais próximo - duas Nações que preten<strong>de</strong>m consolidar as respectivas jovens<br />

<strong>de</strong>mocracias e enfrentam os <strong>de</strong>safios <strong>de</strong>ste processo em conjunto. O nosso relacionamento<br />

com a Indonésia continuará a basear-se em relações <strong>de</strong> reconciliação e um profundo espírito <strong>de</strong><br />

amiza<strong>de</strong> e solidarieda<strong>de</strong>.<br />

A relação <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> com a Austrália permanecerá forte e positiva. <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> po<strong>de</strong><br />

beneficiar do relacionamento com este país vizinho que tem uma economia avançada, com um<br />

excelente sistema <strong>de</strong> educação e <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> excelente e <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> comércio.<br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> também goza <strong>de</strong> excelentes relações com os Estados Unidos, o que contribui<br />

significativamente para o <strong>de</strong>senvolvimento e segurança <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, através do programa<br />

<strong>de</strong> assistência bilateral e como importante membro do Banco Asiático <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> e o<br />

Banco Mundial.<br />

Temos excelentes laços <strong>de</strong> cooperação com o País do sol nascente. O Japão foi o País que<br />

patrocinou o 1º encontro <strong>de</strong> Doadores, organizado pelas Nações Unidas, em Dezembro <strong>de</strong> 1999,<br />

e tem sido aquele que investe em infra-estruturas económicas, como estradas, pontes, água e<br />

irrigação, além <strong>de</strong> outras áreas.<br />

Também mantemos fortes e positivas relações com a China, a potência económica da nossa<br />

região, e continuaremos a trabalhar no <strong>de</strong>senvolvimento dos laços <strong>de</strong> amiza<strong>de</strong> com a China.<br />

212


PED - 2011 - 2030 - ENQUADRAMENTO INSTITUCIONAL<br />

Compartilhamos laços duradouros com Portugal e continuaremos a celebrar a nossa História<br />

comum e cultura. À medida que progredimos como Nação, manteremos essa relação especial<br />

sempre perto. Portugal tem contribuído no fortalecimento da língua portuguesa em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>,<br />

através da permanência contínua <strong>de</strong> professores, e provi<strong>de</strong>nciado apoiado em variadíssimas áreas,<br />

tais como formação profissional, agricultura, comunicação social, justiça e segurança nacional.<br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> goza <strong>de</strong> uma amiza<strong>de</strong> especial com três pequenas mas significantes Ilhas. A Nova<br />

Zelândia é um amigo próximo da nossa Nação e em tempos difíceis mostrou sempre o seu<br />

apoio. Cuba também tem-nos <strong>de</strong>monstrado gran<strong>de</strong> solidarieda<strong>de</strong> e tem contribuído <strong>de</strong> maneira<br />

substancial, tanto para o nosso sistema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, como para a irradicação do analbetismo. E a<br />

Irlanda tem dado importante apoio ao processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento e fortalecido os laços <strong>de</strong><br />

amiza<strong>de</strong> que nos unem.<br />

DESENVOLVIMENTO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS<br />

Com o intuito <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver a nossa competência em negócios estrangeiros, publicaremos o<br />

Livro Branco da Política Externa, que irá <strong>de</strong>finir a visão global para a política externa <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<br />

<strong>Leste</strong> e a orientação sobre as principais questões internacionais. O Livro Branco da Política Externa<br />

incluirá uma revisão global da política externa <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> e i<strong>de</strong>ntificará os principais interesses<br />

da Nação nas questões internacionais.<br />

O Livro Branco examinará os <strong>de</strong>senvolvimentos estratégicos, económicos e políticos que são<br />

susceptíveis <strong>de</strong> mudar o clima internacional, em que <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> actuará, nos próximos cinco<br />

a <strong>de</strong>z anos. Também avaliará os meios disponíveis para fazer avançar os nossos interesses num<br />

ambiente internacional em constante mudança e recomendar abordagens políticas para garantir<br />

que salvaguardamos estes interesses.<br />

Toda a relevante legislação, relativa à diplomacia, estará em vigor até 2015, incluindo a lei sobre<br />

o estatuto da carreira diplomática, o <strong>de</strong>creto-lei sobre o regime jurídico dos funcionários técnicos<br />

superiores que <strong>de</strong>sempenham funções nas missões diplomáticas do País, o regulamento consular,<br />

o <strong>de</strong>creto-lei sobre placas diplomáticas e a regulamentação da Lei Orgânica. Continuaremos a<br />

esforçar-nos para garantir que o Ministério dos Negócios Estrangeiros esteja dotado <strong>de</strong> recursos<br />

humanos profissionais e qualificados, capazes <strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r aos inúmeros <strong>de</strong>safios <strong>de</strong> um mundo<br />

mo<strong>de</strong>rno<br />

Em 2030, <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> terá um total <strong>de</strong> 30 embaixadas no estrangeiro, predominantemente<br />

na região Ásia Pacifico e iremos garantir uma representação proporcional na Europa, África e<br />

América. Esta expansão da representação <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> permitirá consolidar as nossas relações<br />

bilaterais e <strong>de</strong>dicarmo-nos às oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cooperação nas áreas do comércio, investimento<br />

e promoção turística. A PNTL e as F-FDTL terão a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> serem integradas nas missões <strong>de</strong><br />

manutenção <strong>de</strong> paz da Organização das Nações Unidas.<br />

213


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 5<br />

METAS<br />

Até 2015:<br />

• <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> será membro da ASEAN, com embaixadas em todos os países membros da<br />

ASEAN.<br />

• <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> será membro <strong>de</strong> instituições globais e organizações relevantes, que melhor<br />

sirvam as necessida<strong>de</strong>s do nosso Povo.<br />

• Uma avaliação abrangente das missões no estrangeiro terá sido conduzida e<br />

implementada.<br />

• O Livro Branco da Política Externa terá sido publicado, <strong>de</strong>finindo uma visão abrangente<br />

para a política externa <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>.<br />

• <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> terá missões diplomáticas no estrangeiro, com uma ampla gama <strong>de</strong> serviços<br />

<strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, incluindo peritos em aliciar comércio, investimento e turismo para o País.<br />

• <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> terá um papel <strong>de</strong> li<strong>de</strong>rança na CPLP.<br />

• <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> irá apoiar o “g7+”, contribuindo para o seu financiamento e outras formas <strong>de</strong><br />

apoio sempre que nos for solicitada assistência.<br />

• Todo o quadro legal relevante à diplomacia estará em vigor.<br />

Até 2020:<br />

• <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> será um importante membro da ASEAN, com reconhecida competência<br />

no <strong>de</strong>senvolvimento económico, gestão <strong>de</strong> uma pequena Nação, boa governação<br />

e eficácia na ajuda externa.<br />

• Teremos conseguido a a<strong>de</strong>são a comissões especializadas e agências da ONU.<br />

• <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> será reconhecido como um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> referência, na resolução <strong>de</strong><br />

conflitos regionais e construção da paz.<br />

• O Ministério dos Negócios Estrangeiros <strong>de</strong>sempenhará um papel crucial na atracção<br />

<strong>de</strong> negócios, investimentos e empregos para <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, que será promovido<br />

como uma zona <strong>de</strong> serviços financeiros e tecnologias <strong>de</strong> informação.<br />

Até 2030:<br />

• <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> terá assumido uma posição <strong>de</strong> reconciliador e mediador global e<br />

<strong>de</strong>sempenhará activamente um papel na prevenção e gestão <strong>de</strong> conflitos.<br />

• A PNTL e F-FDTL terão capacida<strong>de</strong> para serem integrados nas operações <strong>de</strong><br />

manutenção <strong>de</strong> paz da Organização das Nações Unidas.<br />

• <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> terá pelo menos 30 embaixadas no estrangeiro.<br />

214


PED - 2011 - 2030 - ENQUADRAMENTO INSTITUCIONAL<br />

“A minha família quer<br />

ter a protecção da lei<br />

e viver num país on<strong>de</strong><br />

existe justiça.”<br />

J U S T I Ç A<br />

VISÃO GERAL E DESAFIOS<br />

O sector da justiça <strong>de</strong>sempenha um papel crucial<br />

na consolidação da paz e estabilida<strong>de</strong>, garantindo o<br />

Estado <strong>de</strong> Direito e a promoção da responsabilida<strong>de</strong><br />

e transparência das nossas instituições. Um sistema<br />

<strong>de</strong> justiça eficaz cria um ambiente seguro para<br />

Estudante, sub-distrito Metinaro, distrito<br />

sustentar o <strong>de</strong>senvolvimento social e económico.<br />

Díli, Consulta Nacional,<br />

6 <strong>de</strong> Setembro <strong>de</strong> 2010<br />

O nosso Povo espera que o sistema <strong>de</strong> justiça<br />

seja capaz <strong>de</strong> tornar a justiça uma realida<strong>de</strong> em<br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, incluindo a resolução <strong>de</strong> conflitos e<br />

as violações da lei, protegendo os direitos, punindo os criminosos e socorrendo as vítimas. O<br />

nosso Povo também espera que o processo, através do qual a justiça é aplicada, seja confiável,<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte, transparente, eficiente e justo.<br />

O sistema <strong>de</strong> justiça em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> incorpora um conjunto integrado <strong>de</strong> instituições e funções,<br />

incluindo os tribunais, os procuradores, os polícias, os <strong>de</strong>fensores públicos, os advogados, os<br />

serviços <strong>de</strong> registo e notariado, o Ministério da Justiça, e a administração <strong>de</strong> terras e proprieda<strong>de</strong>s,<br />

as prisões e os restantes serviços do Ministério da Justiça.<br />

Á semelhança <strong>de</strong> outros sectores em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, o nosso sistema <strong>de</strong> justiça está sendo construído<br />

<strong>de</strong> base, inclusive as infra-estruturas, os equipamentos, os processos e procedimentos e os recursos<br />

humanos. Construir um sistema <strong>de</strong> justiça que possui a confiança do povo timorense vai levar<br />

tempo. Sabendo que é um longo processo, nós consi<strong>de</strong>ramos este sector uma priorida<strong>de</strong>, pois<br />

sem um sector <strong>de</strong> justiça funcional não seremos capazes <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver a nossa Nação.<br />

Em 1999 registou-se uma <strong>de</strong>struição generalizada das infra-estruturas em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> e<br />

praticamente todos os profissionais do foro jurídico da administração indonésia <strong>de</strong>ixaram o<br />

País. Des<strong>de</strong> então, o nosso sector da justiça tem <strong>de</strong>pendido fortemente dos nossos parceiros<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento. As primeiras instituições nacionais, do nosso sistema <strong>de</strong> justiça, foram<br />

estabelecidas em 2001 e incluem o Tribunal <strong>de</strong> Recurso, os quatro tribunais distritais que abrangem<br />

todo o país (localizados em Díli, Baucau, Suai e Oe-Cusse Ambeno) e três prisões localizadas em<br />

Baucau (encerrada em 2008), Díli e Gleno. Além disso, foram estabelecidos a Procuradoria-Geral<br />

da República, que representa o Estado em juízo e tem a tutela da acção penal, e o Gabinete da<br />

Defensoria Pública.<br />

Entre 2001 e 2004, muitas das primeiras posições judiciais, após a in<strong>de</strong>pendência, foram ocupadas<br />

por recém-licenciados com pouca experiência. Des<strong>de</strong> então um esforço significativo tem sido<br />

alocado para a formação <strong>de</strong> juízes timorenses, procuradores e <strong>de</strong>fensores públicos. Para permitir<br />

que os timorenses, que trabalham no sector da justiça, se pu<strong>de</strong>ssem concentrar integralmente na<br />

formação, foram contratados profissionais internacionais para garantir os requisitos mínimos <strong>de</strong><br />

serviço.<br />

Até recentemente, a maioria <strong>de</strong>stes profissionais internacionais <strong>de</strong>pendiam do financiamento dos doadores,<br />

215


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 5<br />

agora, gran<strong>de</strong> parte <strong>de</strong>ste financiamento é assegurado através do Orçamento Geral do Estado<br />

<strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>. Até 2007, o nosso objectivo foi o <strong>de</strong> consolidar as instituições legais existentes<br />

e implementar serviços <strong>de</strong> justiça distritais, que eram praticamente inexistentes. Foram<br />

estabelecidos, nos 13 distritos, serviços <strong>de</strong> Registos e escritórios da Direcção Nacional <strong>de</strong> Terras<br />

e Proprieda<strong>de</strong>s e Serviços Cadastrais.<br />

Hoje, o sistema <strong>de</strong> justiça <strong>Timor</strong>ense ainda se encontra muito sub<strong>de</strong>senvolvido para servir toda a<br />

nossa população e <strong>de</strong>verão ser feitos esforços substanciais para aten<strong>de</strong>r à crescente exigência do<br />

povo timorense e para afirmar o Estado <strong>de</strong> Direito. Actualmente, uma percentagem substancial<br />

<strong>de</strong> conflitos é resolvida através <strong>de</strong> mecanismos <strong>de</strong> justiça tradicional, que po<strong>de</strong> envolver a<br />

violação dos direitos fundamentais, nomeadamente em relação a mulheres e crianças. Além<br />

disso, <strong>de</strong>vido ao tempo que leva para construir um sistema <strong>de</strong> justiça e aos limitados recursos<br />

humanos disponíveis, algumas instituições previstas na Constituição, como o Supremo Tribunal<br />

<strong>de</strong> Justiça e o Tribunal <strong>de</strong> Contas, estão ainda por estabelecer. Temos também a necessida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> estabelecer uma polícia especializada <strong>de</strong> investigação criminal para tratar correctamente os<br />

casos criminais.<br />

ESTRATÉGIA E ACÇÕES<br />

Nós vamos adoptar uma estratégia compreensiva para a construção do sistema <strong>de</strong> justiça e<br />

melhorar a sua capacida<strong>de</strong>, para cumprir o seu mandato e funções.<br />

O <strong>de</strong>senvolvimento do sistema <strong>de</strong> justiça em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> <strong>de</strong>ve reflectir as expectativas do povo<br />

<strong>Timor</strong>ense. Como tal, será necessária a coor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> todos os órgãos, <strong>de</strong>ntro do sector da<br />

justiça, assente em uma visão comum em como a justiça <strong>de</strong>ve ser e como <strong>de</strong>ve funcionar.<br />

O nosso objectivo é ser uma Nação que administra a justiça, reconhecendo a supremacia da lei e<br />

da Constituição, respeitando a in<strong>de</strong>pendência dos tribunais e proporcionando o acesso à justiça,<br />

para que todos os cidadãos possam obter uma resposta rápida, eficaz e justa para proteger os<br />

seus direitos, evitar ou resolver disputas e controlar o abuso <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, através <strong>de</strong> processos<br />

transparentes e acessíveis.<br />

As áreas <strong>de</strong> acção e <strong>de</strong> reforma, que serão fundamentais para atingir este objectivo, são <strong>de</strong>finidas<br />

216


PED - 2011 - 2030 - ENQUADRAMENTO INSTITUCIONAL<br />

<strong>Desenvolvimento</strong> da Legislação <strong>Timor</strong>enses<br />

Des<strong>de</strong> a in<strong>de</strong>pendência, as nossas leis têm sido fortemente marcadas pelo nosso passado <strong>de</strong><br />

influência Indonésia e Portuguesa. Temos vindo a <strong>de</strong>senvolver as nossas próprias leis e a adoptar<br />

leis básicas, que são essenciais para o funcionamento <strong>de</strong> um sistema judicial justo e eficaz. No<br />

entanto, o quadro legal em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> está longe <strong>de</strong> estar completo e necessita <strong>de</strong> ser mais<br />

<strong>de</strong>senvolvido.<br />

É <strong>de</strong> realçar que o processo <strong>de</strong> legislação timorense tem sido reforçado, através da utilização <strong>de</strong><br />

mecanismos <strong>de</strong> consulta pública. Estes mecanismos têm ajudado os nossos legisladores a alinhar<br />

as suas propostas, com o contexto <strong>Timor</strong>ense, e tem promovido a participação do nosso povo, no<br />

processo legislativo.<br />

Presentemente, continuamos a preparar e aprovar importantes leis, como o Código Civil, a lei<br />

sobre a organização judiciária e a lei sobre a regularização e registo <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong>s em <strong>Timor</strong>-<br />

<strong>Leste</strong>. Contudo, muitas outras leis ainda têm <strong>de</strong> ser produzidas, incluindo uma lei especial que<br />

irá regular a forma como o direito costumeiro <strong>Timor</strong>ense é reconhecido, <strong>de</strong>ntro do sistema legal<br />

<strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, as leis sobre os direitos das crianças, as leis sobre mediação e arbitragem, entre<br />

outras. Na elaboração <strong>de</strong> um conjunto compreensivo <strong>de</strong> leis para a nossa Nação será necessário<br />

assegurar que:<br />

• As leis aprovadas tenham em consi<strong>de</strong>ração o contexto <strong>Timor</strong>ense.<br />

• As questões <strong>de</strong> género sejam consi<strong>de</strong>radas.<br />

• Seja utilizada uma linguagem simples e <strong>de</strong> fácil compreensão.<br />

• Todas as leis sejam traduzidas e publicadas em Tétum e Português.<br />

• Seja adoptada terminologia jurídica em tétum.<br />

• Seja <strong>de</strong>senvolvida uma equipa <strong>de</strong> assessores jurídicos nacionais, capazes <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenhar<br />

funções <strong>de</strong> redacção <strong>de</strong> leis e gradualmente substituir os seus colegas internacionais.<br />

Um Sistema <strong>de</strong> Justiça Integrado e Coor<strong>de</strong>nado<br />

Um sistema <strong>de</strong> justiça, forte, eficaz e justo, é integrado e coor<strong>de</strong>nado, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os serviços do<br />

Ministério Público até ao acesso a serviços jurídicos, passando pelos serviços correccionais e<br />

prisionais. O <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> um sistema integrado, coor<strong>de</strong>nado e equilibrado em <strong>Timor</strong>-<br />

<strong>Leste</strong>, irá exigir que todas as instituições <strong>de</strong> justiça possuam funcionários judiciais e <strong>de</strong> gestão<br />

suficientes, para prestar serviços em Díli e, progressivamente, em todos os distritos. Para conseguir<br />

isso serão tomadas as seguintes medidas:<br />

• Reforçar o Conselho <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nação, como órgão <strong>de</strong> orientação estratégica para o<br />

sector.<br />

• Coor<strong>de</strong>nar e monitorizar o sector da justiça, para garantir que as instituições do sector<br />

217


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 5<br />

tenham uma visão clara <strong>de</strong> como interagem e se complementam.<br />

• Mapear a distribuição geográfica das instituições e funções, para garantir que as<br />

populações em todos os distritos possam ter acesso à justiça.<br />

• Reforçar os sistemas integrados <strong>de</strong> gestão <strong>de</strong> informação que ligam todas as instituições<br />

<strong>de</strong> justiça, para garantir a transparência, responsabilida<strong>de</strong> e eficiência.<br />

Formação e <strong>Desenvolvimento</strong> <strong>de</strong> Recursos Humanos<br />

Os profissionais <strong>de</strong> justiça <strong>Timor</strong>enses serão formados <strong>de</strong> acordo com o padrão exigido, <strong>de</strong> forma<br />

a permitir que assumam as funções presentemente ocupadas pelos profissionais internacionais. A<br />

nossa meta é <strong>de</strong> que, em 2015, o nosso sector da justiça seja capaz <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar e preencher todas<br />

as posições, com funcionários nacionais motivados e qualificados. Para atingir este objectivo,<br />

serão adoptadas as seguintes estratégias:<br />

• Desenvolver as políticas necessárias para atrair profissionais qualificados e motivados e<br />

para melhorar o <strong>de</strong>sempenho das suas funções.<br />

• Criar um sistema <strong>de</strong> carreira, remuneração e incentivo, que abranja todas as categorias<br />

do pessoal <strong>de</strong> justiça <strong>de</strong> modo a atrair e reter pessoal qualificado.<br />

• Aumentar o número <strong>de</strong> profissionais da justiça.<br />

• Garantir a qualida<strong>de</strong> da formação <strong>de</strong> pessoal, do sector da justiça, através <strong>de</strong> uma<br />

avaliação sistemática e monitorização dos cursos relevantes e do <strong>de</strong>sempenho dos<br />

formandos.<br />

• Estabelecer um sistema <strong>de</strong> ensino, jurídico e <strong>de</strong> formação, que produza os recursos<br />

humanos necessários para o sector.<br />

• Melhor utilização <strong>de</strong> licenciados <strong>de</strong> Direito formados no exterior, que, até à data, têm<br />

encontrado dificulda<strong>de</strong>s para trabalhar no sistema jurídico timorense.<br />

• Apoiar o <strong>de</strong>senvolvimento das profissões legais <strong>Timor</strong>enses, através da promoção da<br />

investigação e ensino do Direito, a publicação <strong>de</strong> doutrinas e pareceres jurídicos, e<br />

programas para o intercâmbio <strong>de</strong> estudantes universitários.<br />

Or<strong>de</strong>m dos Advogados<br />

Reconhecemos que uma advocacia forte e ética é essencial para o funcionamento do nosso sistema<br />

jurídico, para garantir que os cidadãos possam ace<strong>de</strong>r aos tribunais, para fazer valer ou <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r os<br />

seus direitos.<br />

218


PED - 2011 - 2030 - ENQUADRAMENTO INSTITUCIONAL<br />

Para construir a advocacia <strong>Timor</strong>ense, vamos estabelecer uma Or<strong>de</strong>m dos Advogados,<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte, em 2012. Isto incluirá:<br />

• Implementar um sistema <strong>de</strong> regulamentação, formação e disciplina dos advogados.<br />

• Apoiar o estabelecimento <strong>de</strong> uma Or<strong>de</strong>m dos Advogados, com po<strong>de</strong>res <strong>de</strong> autoregulação,<br />

através da aprovação <strong>de</strong> legislação e financiamento para apoiar o seu<br />

<strong>de</strong>senvolvimento e infra-estruturas.<br />

• Assegurar que as autorida<strong>de</strong>s reconheçam o direito dos advogados privados para ace<strong>de</strong>r<br />

a informações sobre casos e que o público seja informado sobre o papel dos advogados<br />

privados.<br />

Extensão dos Serviços <strong>de</strong> Justiça aos Distritos<br />

A extensão dos serviços <strong>de</strong> justiça aos distritos, para auxiliar na resolução <strong>de</strong> casos judiciais, civis<br />

e comerciais em todo o território, vai exigir um gran<strong>de</strong> esforço. Para trazer a justiça para mais<br />

perto <strong>de</strong> todos os cidadãos <strong>Timor</strong>enses e promover o acesso ao sistema <strong>de</strong> justiça, através da<br />

<strong>de</strong>scentralização gradual <strong>de</strong> serviços jurídicos em todo o país, iremos:<br />

• Estabelecer novos distritos judiciais, em Maliana, Same, Manatuto e Viqueque, tendo<br />

em conta as necessida<strong>de</strong>s do público, quanto ao acesso à justiça, e a disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

profissionais da área jurídica nos distritos judiciais.<br />

• Provisoriamente serão criados tribunais móveis, formados por juízes, procuradores e<br />

<strong>de</strong>fensores, nos locais on<strong>de</strong> ainda não existam instituições judiciais.<br />

Lei <strong>de</strong> Terras<br />

Após um longo processo <strong>de</strong> consulta pública, o projecto da lei <strong>de</strong> terras para <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> foi<br />

concluído. Esta lei visa <strong>de</strong>finir os procedimentos e normas, que irão reconhecer e conferir os<br />

primeiros direitos <strong>de</strong> imobiliários em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>. A lei visa também clarificar o estatuto jurídico dos<br />

bens e promover a distribuição da proprieda<strong>de</strong> entre os cidadãos timorenses. O reconhecimento<br />

e a atribuição da proprieda<strong>de</strong> são baseados nos princípios do respeito pelos anteriores direitos<br />

básicos, do reconhecimento da posse actual da proprieda<strong>de</strong> como a base para a atribuição <strong>de</strong><br />

título <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong>, e <strong>de</strong> compensação nos casos on<strong>de</strong> existam, direitos simultâneos.<br />

Vamos estabelecer um órgão in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte para administrar a lei e regular os direitos <strong>de</strong> terras e<br />

<strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong> em todo o país.<br />

219


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 5<br />

METAS<br />

Até 2015:<br />

• Haverá uma coor<strong>de</strong>nação sistemática e eficaz do sector da justiça, em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, e das<br />

suas instituições.<br />

• O sistema <strong>de</strong> justiça será capaz <strong>de</strong> iniciar, conduzir e concluir todos os tipos <strong>de</strong> processos<br />

judiciais, sobretudo os casos criminais, <strong>de</strong> forma eficaz e <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um período razoável<br />

<strong>de</strong> tempo.<br />

• O sector da justiça será capaz <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar e preencher as vagas, com funcionários<br />

nacionais motivados e qualificados.<br />

• Os princípios, <strong>de</strong> não discriminação, sensibilida<strong>de</strong> às questões <strong>de</strong> género e à protecção<br />

dos grupos vulneráveis e os direitos humanos, serão garantidos no sector da justiça.<br />

• Será estabelecido um órgão autónomo e in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte, capaz <strong>de</strong> gerir o cadastro <strong>de</strong><br />

terras e bens imóveis do Estado, e <strong>de</strong> implementar legislação que rege a proprieda<strong>de</strong> e o<br />

uso <strong>de</strong> terra em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>.<br />

• Serão regulados os mecanismos <strong>de</strong> direito costumeiro e justiça comunitária e<br />

implementado o acompanhamento sistemático da sua conformida<strong>de</strong> com os direitos<br />

humanos.<br />

Até 2020:<br />

• Os serviços do sector da justiça estarão disponíveis, em todos os distritos, e todos os<br />

timorenses terão acesso eficaz e eficiente à justiça e aos serviços jurídicos.<br />

220


PED - 2011 - 2030 - ENQUADRAMENTO INSTITUCIONAL<br />

G E S T Ã O D O S E C T O R P Ú B L I C O E B O A G O V E R N A Ç Ã O<br />

VISÃO GERAL E DESAFIOS<br />

A boa governação e um sector público profissional, capaz e eficaz são condições essenciais<br />

para a prestação <strong>de</strong> serviços públicos e para implementar o <strong>Plano</strong> <strong>Estratégico</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>Desenvolvimento</strong>. O sector público em <strong>Timor</strong>-<br />

”Os funcionários<br />

<strong>Leste</strong> será fundamental para a construção da<br />

confiança no governo, que é um pré-requisito<br />

públicos <strong>de</strong>vem<br />

na construção da Nação. O nosso sector público<br />

sempre servir <strong>de</strong> boa<br />

também será o principal condutor do crescimento<br />

fé o Povo.”<br />

económico no curto e médio prazo, e estabelecerá<br />

as bases para o progresso da nossa Nação,<br />

através do <strong>de</strong>senvolvimento dos nossos recursos<br />

Cidadão, sub-distrito <strong>de</strong> Maliana, distrito humanos e da gestão do nosso programa <strong>de</strong> infraestruturas.<br />

<strong>de</strong> Maliana, National Consulta Nacional,<br />

27 <strong>de</strong> Julho <strong>de</strong> 2010<br />

O sector público <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> é composto<br />

por todas as instituições do Estado, incluindo os<br />

ministérios governamentais, as autorida<strong>de</strong>s públicas e estatutários e os órgãos constitucionais.<br />

Inclui a função pública, cujos funcionários estão abrangidos pelo Estatuto da Função Pública, bem<br />

como os sectores da segurança e <strong>de</strong>fesa.<br />

Presentemente existem cerca <strong>de</strong> 27,568 funcionários públicos em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>. Destes, há um<br />

número <strong>de</strong>sproporcional <strong>de</strong> funcionários do sexo masculino: 75% dos funcionários são do sexo<br />

masculino e apenas 25% do sexo feminino. A percentagem <strong>de</strong> mulheres inclui um número<br />

significativo <strong>de</strong> professores. Apenas 16% das chefias seniores são do sexo feminino. A função<br />

pública está também a envelhecer. A faixa etária dos funcionários varia entre os 18 a 79 anos <strong>de</strong><br />

ida<strong>de</strong>. A maioria dos funcionários, 64,7%, estão entre as ida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> 30 e 44 anos e 27,06% têm entre<br />

45 e 64 anos.<br />

A maioria dos nossos funcionários públicos<br />

classificam-se na categoria administrativa<br />

(51%), seguida pela categoria profissional<br />

(28%). O restante é composto por gestores<br />

seniores, supervisores e assistentes. A<br />

função pública também apresenta um<br />

relativo baixo nível <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong>, com<br />

apenas 19% dos funcionários públicos com<br />

habilitações <strong>de</strong> ensino superior: 74% têm<br />

o ensino secundário e 7% apenas o ensino<br />

básico.<br />

A função pública requer um programa <strong>de</strong> reforma sustentado, <strong>de</strong> longo prazo, para melhorar a sua<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho. São necessárias reformas em áreas como: a gestão e li<strong>de</strong>rança,<br />

221


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 5<br />

sistemas e procedimentos, administração, contabilida<strong>de</strong> e finanças, execução orçamental e<br />

aprovisionamento, conhecimento e gestão <strong>de</strong> documentos e planeamento estratégico. A boa<br />

governação na função pública também é <strong>de</strong> importância vital. É a garantia da confiança pública<br />

no governo e nas nossas instituições <strong>de</strong>mocráticas.<br />

A transparência e a auditoria/responsabilização in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte, não são obstáculos para uma<br />

governação eficaz; antes pelo contrário, garantem que sejamos bem governados e que os<br />

interesses do nosso Povo são atendidos. A boa governação também ajuda a prevenir a corrupção.<br />

Os princípios fundamentais da boa governação são a transparência, a responsabilização, a<br />

integrida<strong>de</strong> e a li<strong>de</strong>rança.<br />

Estes princípios po<strong>de</strong>m conduzir à boa governação, através da promoção da gestão <strong>de</strong> riscos,<br />

responsabilida<strong>de</strong> por resultados, mecanismos <strong>de</strong> reclamação dos cidadãos que po<strong>de</strong>m ajudar a<br />

i<strong>de</strong>ntificar e abordar áreas problemáticas, e o uso a<strong>de</strong>quado dos fundos públicos. A transparência<br />

é a melhor protecção contra o comportamento anti-ético e é a melhor maneira <strong>de</strong> conseguir uma<br />

cultura ética <strong>de</strong> funcionalismo público, com base em ética, e <strong>de</strong> promover a responsabilização<br />

individual.<br />

A primeira etapa da reforma do sector público e da boa governação já está em curso. Esta<br />

reforma do quadro <strong>de</strong> governação do sector público incluiu a implementação <strong>de</strong> cinco reformas<br />

marcantes:<br />

• Estabelecimento da Comissão da Função Pública.<br />

• Estabelecimento da Comissão Anti-Corrupção.<br />

• Reforço das competências do Gabinete do Inspector-Geral <strong>de</strong> modo a permitir-lhe<br />

agir <strong>de</strong> forma in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte na inspecção e auditoria dos ministérios e agências<br />

governamentais.<br />

• Estabelecimento <strong>de</strong> uma Câmara <strong>de</strong> Contas.<br />

• Permitir, através <strong>de</strong> um portal “web” , a visualização, em tempo real dos gastos públicos.<br />

Estas reformas estão a avançar, a fim <strong>de</strong> construir uma cultura <strong>de</strong> responsabilização e <strong>de</strong> abertura<br />

na nossa função pública e criar importantes instituições civis in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes do governo.<br />

Embora tenham já sido feitos progressos significativos, na reforma do sector público e da boa<br />

governação, na segunda fase da reforma é necessário construir um sector público capaz <strong>de</strong><br />

respon<strong>de</strong>r aos <strong>de</strong>safios futuros, que se colocam à nossa Nação.<br />

222


PED - 2011 - 2030 - ENQUADRAMENTO INSTITUCIONAL<br />

ESTRATÉGIA E ACÇÕES<br />

Iremos prosseguir com uma segunda ronda <strong>de</strong> reformas da função pública e boa governação<br />

para assegurar que o nosso sector público possua a capacida<strong>de</strong> para implementar o <strong>Plano</strong><br />

<strong>Estratégico</strong> <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong>, oferecer serviços <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> ao nosso povo e construir as<br />

bases para o nosso futuro como uma Nação mo<strong>de</strong>rna e próspera. Esta nova fase <strong>de</strong> reformas<br />

requererá uma melhoria nos recursos humanos e <strong>de</strong> capital, bem como uma mudança estrutural<br />

e cultural.<br />

O nosso programa <strong>de</strong> reforma incidirá em:<br />

• Garantir a estabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> todos os funcionários públicos, quanto às suas tarefas, <strong>de</strong>scrição<br />

<strong>de</strong> funções, <strong>de</strong>veres e responsabilida<strong>de</strong>s.<br />

• Aumentar as habilitações, competências e capacida<strong>de</strong>s dos empregados do sector<br />

público.<br />

• Instituir processos e procedimentos para melhorar o <strong>de</strong>sempenho.<br />

• Melhorar a tecnologia <strong>de</strong> informação para apoiar a prestação <strong>de</strong> serviços.<br />

• Assegurar uma gestão a<strong>de</strong>quada do conhecimento e da documentação.<br />

• Melhorar o conhecimento e a a<strong>de</strong>são aos valores da função pública, incluindo o<br />

profissionalismo, a responsabilida<strong>de</strong> e a imparcialida<strong>de</strong>.<br />

• Desenvolver uma estrutura no sector público mais a<strong>de</strong>quada à prestação <strong>de</strong> resultados<br />

eficazes.<br />

REFORMA DA FUNÇÃO PÚBLICA<br />

O estabelecimento da Comissão da Função Pública oferece, a <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, um órgão com o mandato<br />

<strong>de</strong> impulsionar a mudança na função pública. A Comissão está em boa posição para promover a<br />

mudança cultural, a fim <strong>de</strong> melhorar a li<strong>de</strong>rança do sector público, encorajar o reconhecimento da<br />

natureza única da função pública, o profissionalismo e capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> resposta <strong>de</strong> que necessita.<br />

A Comissão da Função Pública continuará a ser responsável pela implementação <strong>de</strong> um programa,<br />

<strong>de</strong> longo prazo, que garante que a nossa função pública:<br />

223


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 5<br />

• Respeita os seus valores e código <strong>de</strong> ética.<br />

• Toma <strong>de</strong>cisões <strong>de</strong> emprego, com base no mérito e equida<strong>de</strong>.<br />

• É profissional, honesto e executa as orientações do <strong>Governo</strong> em funções.<br />

• É politicamente imparcial .<br />

• Focaliza-se fortemente na prestação <strong>de</strong> serviços.<br />

O <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma cultura <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho e boa governação, não se baseia apenas nas<br />

regras e regulamentos, porque envolve também a formação <strong>de</strong> uma cultura e li<strong>de</strong>rança, que se<br />

presta pelo exemplo. Somente através da promoção <strong>de</strong> valores da função pública e impulsionando<br />

mudanças culturais, a Comissão da Função Pública po<strong>de</strong> melhorar a eficácia da administração<br />

pública e a prestação <strong>de</strong> serviços ao Povo <strong>Timor</strong>ense.<br />

Esta função será acrescida das responsabilida<strong>de</strong>s da Comissão da Função Pública, relacionadas<br />

com os casos <strong>de</strong> disciplina e conduta inapropriada, assim como a implementação <strong>de</strong> um sistema<br />

<strong>de</strong> reclamações. Estas funções são complementares, na medida em que reforçam a necessida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> bom comportamento e i<strong>de</strong>ntificam as áreas, que requerem atenção ou melhoria, apoiando ao<br />

mesmo tempo uma cultura a<strong>de</strong>quada <strong>de</strong> responsabilização na função pública.<br />

Gestão do Desempenho<br />

Há também a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> implementação <strong>de</strong> uma gestão <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho na função pública,<br />

para guiar a prestação <strong>de</strong> serviços e aumentar responsabilização. O registo do <strong>de</strong>sempenho dos<br />

funcionários públicos já alcançou progressos, mas o sistema necessitará também <strong>de</strong> assegurar<br />

que a orientação <strong>de</strong> serviço do funcionário público é amplamente compreendido e aceite e que<br />

a mudança cultural e <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong> são alcançadas.<br />

Um sistema compreensivo <strong>de</strong> gestão do <strong>de</strong>sempenho vai ser instituído em toda a função pública<br />

<strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>. Ele será baseado no sistema actual e envolverá também o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>scrições <strong>de</strong> funções e expectativas <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho claras, juntamente com planos <strong>de</strong> trabalho<br />

individuais. Os planos <strong>de</strong> trabalho individuais irão reflectir os planos dos Ministérios, ao mesmo<br />

tempo que estabelecem uma orientação sobre as políticas e boas práticas e i<strong>de</strong>ntificam as<br />

oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento profissional e <strong>de</strong> formação. Os planos <strong>de</strong> trabalho incluirão,<br />

na medida do possível, objectivos, indicadores <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho e tarefas.<br />

A responsabilização dos funcionários públicos, será melhorada através da avaliação regular do<br />

<strong>de</strong>sempenho real, com base nos planos <strong>de</strong> trabalho. Estas avaliações <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho incidirão<br />

sobre a obtenção <strong>de</strong> resultados. A estrutura <strong>de</strong> gestão do <strong>de</strong>sempenho, será <strong>de</strong>senvolvida<br />

e li<strong>de</strong>rada pela Comissão da Função Pública, em conjunto com os ministérios e funcionários<br />

públicos.<br />

224


PED - 2011 - 2030 - ENQUADRAMENTO INSTITUCIONAL<br />

<strong>Desenvolvimento</strong> <strong>de</strong> Recursos Humanos e Formação<br />

Precisamos <strong>de</strong> construir uma função pública eficaz, que possa prestar os serviços que o nosso<br />

povo merece e precisa. É também uma priorida<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver uma função pública que funcione<br />

sem <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r <strong>de</strong> assistência técnica internacional. No entanto, actualmente existem lacunas<br />

substanciais <strong>de</strong> competências na nossa função pública e apenas um número limitado <strong>de</strong><br />

funcionários possui qualificações superiores.<br />

É importante um programa intensivo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> recursos humanos na função pública,<br />

que esteja ligado aos nossos objectivos estratégicos <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento da força <strong>de</strong> trabalho.<br />

Isto envolverá a oferta <strong>de</strong> formação sistemática e orientada para o serviço e abordagens <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento profissional. Incluirá a formação, através do Instituto Nacional <strong>de</strong> Administração<br />

Pública, que será reforçado para enfrentar os <strong>de</strong>safios <strong>de</strong> formação da função pública.<br />

O Fundo <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> do Capital Humano irá fornecer um mecanismo base para <strong>de</strong>senvolver<br />

os recursos humanos necessários, para um governo eficaz e responsável, nos próximos anos. O<br />

fundo irá cobrir os custos <strong>de</strong> formação e <strong>de</strong>senvolvimento profissional para os nossos funcionários<br />

públicos, incluindo bolsas <strong>de</strong> estudo no exterior e visitas <strong>de</strong> estudo <strong>de</strong> curta duração. Além disso,<br />

um centro <strong>de</strong> formação será estabelecido pelo Ministério das Finanças, para oferecer formação em<br />

gestão financeira, contabilida<strong>de</strong>, auditoria e aprovisionamento.<br />

Li<strong>de</strong>rança e Gestão<br />

Existe uma necessida<strong>de</strong> significativa, <strong>de</strong>ntro da nossa função pública, para melhorar a capacida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> li<strong>de</strong>rança e gestão organizacional, <strong>de</strong> modo a colmatar as lacunas na capacida<strong>de</strong> dos quadros<br />

seniores, em produzir planos <strong>de</strong> políticas, gerir os recursos e implementar e monitorizar os<br />

programas. Há também a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> abordar o número extremamente reduzido <strong>de</strong> mulheres,<br />

em posições <strong>de</strong> gestão <strong>de</strong> nível superior.<br />

Para enfrentar estes <strong>de</strong>safios, a função pública irá <strong>de</strong>senvolver um grupo <strong>de</strong> profissionais <strong>de</strong><br />

li<strong>de</strong>rança e gestão, através da atribuição <strong>de</strong> bolsas <strong>de</strong> estudos, estágios e nomeações, assim com a<br />

concepção e implementação <strong>de</strong> programas <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento executivo, para todos os gestores<br />

seniores.<br />

Planeamento <strong>de</strong> Recursos Humanos<br />

A escassez <strong>de</strong> competências em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, significa que a nossa função pública tem <strong>de</strong> competir<br />

com outros empregadores, tanto aqui como internacionalmente, para obter empregos <strong>de</strong><br />

qualida<strong>de</strong>. Para enfrentar este <strong>de</strong>safio, a função pública precisa <strong>de</strong> preparar planos <strong>de</strong> recursos<br />

humanos, <strong>de</strong> modo a garantir uma futura força <strong>de</strong> trabalho capaz <strong>de</strong> prestar serviços eficientes e<br />

<strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>.<br />

225


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 5<br />

Essencialmente, um planeamento <strong>de</strong> recursos humanos melhor informado irá ajudar a garantir<br />

que a função pública <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> possui o número certo <strong>de</strong> pessoas, com a combinação certa<br />

<strong>de</strong> competências, quando estas são necessárias - tanto agora como no futuro - para aten<strong>de</strong>r às<br />

nossas necessida<strong>de</strong>s estratégicas e operacionais. O planeamento <strong>de</strong>verá ainda ter em conta o<br />

envelhecimento da força <strong>de</strong> trabalho na função pública e a reforma, nos próximos 5 a 20 anos,<br />

<strong>de</strong> um número significativo <strong>de</strong> funcionários. Uma estratégia <strong>de</strong> gestão <strong>de</strong> sucessão, em todos os<br />

serviços, será preparada para gerir esta transição <strong>de</strong>mográfica. O planeamento terá também em<br />

conta a realida<strong>de</strong> <strong>de</strong> que muitas profissões exigem, até cinco anos <strong>de</strong> formação e experiência <strong>de</strong><br />

trabalho, antes <strong>de</strong> um indivíduo po<strong>de</strong>r ser produtivo.<br />

O processo <strong>de</strong> planeamento <strong>de</strong> recursos humanos vai orientar os esforços <strong>de</strong> capacitação,<br />

dotações orçamentais e os recursos humanos e programas <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento profissional na<br />

nossa função pública. Realçará também os sectores e profissões críticos para o <strong>de</strong>senvolvimento,<br />

formação e recrutamento, cujos recursos são actualmente ina<strong>de</strong>quados.<br />

Tecnologias da Informação<br />

Os sistemas <strong>de</strong> informações <strong>de</strong> tecnologia e acesso à Internet, actualmente disponíveis na função<br />

pública, são ina<strong>de</strong>quados para uma gestão eficaz e prestação <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>. O estado<br />

actual <strong>de</strong>stes sistemas impe<strong>de</strong> enormemente a conexão, coor<strong>de</strong>nação e fluxo <strong>de</strong> informações do<br />

governo, e a facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> acesso dos cidadãos à administração.<br />

À medida que <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> melhora as infra-estruturas <strong>de</strong> telecomunicações, a função<br />

pública também irá melhorar drasticamente a sua tecnologia da informação. Isso permitirá o<br />

estabelecimento <strong>de</strong> um sistema intranet na função pública, que apoia as comunicações internas e<br />

o fluxo <strong>de</strong> informação no governo. Esta medida também vai ajudar a proporcionar uma melhoria<br />

nos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> na educação e apoiar o <strong>de</strong>senvolvimento do governo electrónico, on<strong>de</strong> os<br />

cidadãos po<strong>de</strong>m interagir directamente com o governo.<br />

Estrutura do Sector Público<br />

Há casos em que a realização <strong>de</strong> uma acção pública, em nome do Estado, po<strong>de</strong> ser melhor<br />

realizada por uma entida<strong>de</strong> pública que não seja um ministério. Estas entida<strong>de</strong>s são geralmente<br />

estabelecidas por lei e estão sujeitas à supervisão ministerial. Estas autorida<strong>de</strong>s têm vários níveis<br />

<strong>de</strong> in<strong>de</strong>pendência do governo. As circunstâncias, em que po<strong>de</strong> ser apropriado estabelecer uma<br />

autorida<strong>de</strong> estatutária, incluem:<br />

• Quando possa ser mais eficiente realizar activida<strong>de</strong>s públicas fora <strong>de</strong> um ministério.<br />

• Quando haja benefício, em uma maior in<strong>de</strong>pendência ou num nível <strong>de</strong> separação do<br />

governo, necessárias para garantir objectivida<strong>de</strong>.<br />

226


PED - 2011 - 2030 - ENQUADRAMENTO INSTITUCIONAL<br />

• Quando as funções politicamente sensíveis possam beneficiar <strong>de</strong> um nível <strong>de</strong> in<strong>de</strong>pendência<br />

do governo, para evitar a interferência política ou para limitar as acusações <strong>de</strong> nepotismo<br />

ou favoritismo.<br />

• Quando a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> prestar serviços públicos seja reforçada, através da criação <strong>de</strong><br />

uma instituição autónoma.<br />

O estabelecimento <strong>de</strong> instituições autónomas, que funcionam como empresas com capitais<br />

públicos, po<strong>de</strong> ser benéfica quando as funções, a serem realizadas, sejam prepon<strong>de</strong>rantemente <strong>de</strong><br />

natureza comercial. Mesmo que tais organismos funcionem <strong>de</strong> forma mais comercial, semelhante<br />

a organizações do sector privado, <strong>de</strong>vem sempre prestar contas a um ministro responsável ou ao<br />

Parlamento Nacional.<br />

Uma crescente separação ou in<strong>de</strong>pendência, face ao governo, significa que as instituições<br />

autónomas <strong>de</strong>vem reger-se por um quadro orgânico forte, que inclua requisitos compreensivos<br />

<strong>de</strong> informação financeira, auditoria in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte e obrigações da boa governação.<br />

O bom funcionamento, <strong>de</strong> qualquer órgão estatutário em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, <strong>de</strong>verá estabelecer-se com<br />

base num Conselho <strong>de</strong> Administração experiente. A médio prazo, este po<strong>de</strong>rá ser um sistema<br />

a<strong>de</strong>quado para a gestão dos nossos portos, aeroportos, hospitais, energia e recursos hídricos.<br />

Para <strong>de</strong>terminar a melhor estrutura organizacional para o nosso sector público, será realizado<br />

um estudo para <strong>de</strong>terminar se há vantagens em estabelecer instituições autónomas, para o<br />

exercício <strong>de</strong> funções públicas em nome do Estado, ou alterar a estrutura orgânica existente para<br />

as instituições autónomas. As funções que serão examinadas incluem a gestão dos nossos portos e<br />

aeroportos, a gestão <strong>de</strong> recursos hídricos, a produção e distribuição <strong>de</strong> energia, o ensino superior<br />

e a gestão dos nossos hospitais.<br />

Gestão das Finanças Públicas<br />

Uma gestão eficaz das Finanças Públicas é essencial para um efectivo funcionamento do <strong>Governo</strong> e<br />

do Estado. As melhorias na gestão das Finanças Públicas resultaram num Tesouro mais transparente<br />

e eficiente. A transparência financeira tem sido a priorida<strong>de</strong>, para uma melhoria dos resultados na<br />

promoção do investimento e do <strong>de</strong>senvolvimento económico, e do fortalecimento da confiança<br />

no Estado. Estas reformas incluem a introdução <strong>de</strong> portais <strong>de</strong> internet que permitem acesso em<br />

tempo real a informações sobre a <strong>de</strong>spesa pública e sobre aprovisionamento.<br />

Estas reformas vão <strong>de</strong> encontro à prossecução dos seguintes objectivos:<br />

• Melhorar a administração financeira do sector público.<br />

• Aumentar a responsabilida<strong>de</strong> nos serviços prestados e gastos do sector público.<br />

• Assegurar um sistema a<strong>de</strong>quado <strong>de</strong> prestação <strong>de</strong> contas do sector financeiro.<br />

227


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 5<br />

O <strong>Governo</strong> irá actuar <strong>de</strong> acordo com os princípios da gestão financeira, com um orçamento<br />

responsável e um sistema <strong>de</strong> prestação <strong>de</strong> contas. Estes princípios incluem a gestão dos riscos<br />

financeiros encontrados pelo Estado, <strong>de</strong> forma pru<strong>de</strong>nte e tendo em vista as circunstâncias e<br />

necessida<strong>de</strong>s sociais e económicas. Estas medidas envolvem um progresso no sentido <strong>de</strong> um<br />

orçamento por programas e formação na área financeira, bem como <strong>de</strong> recursos humanos para<br />

gestão e administração das opções <strong>de</strong> financiamento público tais como parcerias público-privadas<br />

e obrigações ligadas com a dívida pública.<br />

Departamento <strong>de</strong> Estatística In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte<br />

É essencial que a tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão do <strong>Governo</strong> seja baseada em pesquisas, assim como em<br />

informação estatística objectiva e <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>. Esta situação permite o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><br />

políticas fundamentadas, e permite-nos uma melhor i<strong>de</strong>ntificação das nossas priorida<strong>de</strong>s e<br />

afectação dos nossos recursos. As estatísticas são crucias para que o <strong>Governo</strong> possa <strong>de</strong>cidir com<br />

base em informações objectivas e com o propósito <strong>de</strong> fortalecer a economia, respon<strong>de</strong>ndo às<br />

necessida<strong>de</strong>s sociais.<br />

As informações estatísticas permitem uma fotografia do estado do nosso País e uma melhor<br />

informação <strong>de</strong> como este tem evoluído ao longo dos tempos. Este registo dos nossos progressos,<br />

asseguram que o <strong>de</strong>senvolvimento acontece <strong>de</strong> uma forma equitativa e que nenhum distrito ou<br />

sub-distrito é esquecido. Esta situação irá igualmente permitir uma comparação objectiva do<br />

progresso mencionado, com outras socieda<strong>de</strong>s e economias.<br />

É importante que as estatísticas que influenciam a tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão política sejam precisas e<br />

sem influências políticas. Para assegurar que <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, em 2020, tenha acesso a informações<br />

estatísticas precisas sobre o sector social e a economia, um Departamento <strong>de</strong> Estatísticas<br />

In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte será estabelecido.<br />

BOA GOVERNAÇÃO<br />

O <strong>Plano</strong> <strong>Estratégico</strong> <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> também apoiará as reformas necessárias para construir<br />

as fundações para a boa governação em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>. Estas reformas, que são <strong>de</strong>finidas a seguir,<br />

proporcionarão um quadro reforçado <strong>de</strong> boa governação em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>.<br />

Legislação que protege os <strong>de</strong>nunciantes<br />

Os funcionários públicos ou outros funcionários <strong>de</strong>vem corajosamente <strong>de</strong>nunciar às autorida<strong>de</strong>s<br />

os actos <strong>de</strong> corrupção, frau<strong>de</strong> e ilegalida<strong>de</strong>, que vêem acontecer nos seus locais <strong>de</strong> trabalho. Isto<br />

po<strong>de</strong>rá incluir faltas graves, corrupção, má administração, frau<strong>de</strong> ou perigos significativos para a<br />

saú<strong>de</strong> ou segurança pública.<br />

228


PED - 2011 - 2030 - ENQUADRAMENTO INSTITUCIONAL<br />

. Para proteger os <strong>de</strong>nunciantes <strong>de</strong> represálias e perseguições, será apresentada ao Parlamento<br />

Nacional, em 2012, legislação que proteja os <strong>de</strong>nunciantes contra o assédio e a responsabilida<strong>de</strong><br />

civil e criminal por revelarem assuntos do interesse público. Esta legislação também irá criminalizar<br />

qualquer medida <strong>de</strong> represália contra um funcionário que tenha feito uma <strong>de</strong>núncia.<br />

A legislação irá proteger os <strong>de</strong>latores que apresentam uma <strong>de</strong>núncia contra a má conduta do<br />

<strong>Governo</strong>.<br />

Código <strong>de</strong> Conduta para os Membros do <strong>Governo</strong>.<br />

Em 2012, um Código <strong>de</strong> Conduta para os Membros do <strong>Governo</strong> será <strong>de</strong>senvolvido e<br />

institucionalizado. Este código irá prever regras e <strong>de</strong>veres rigorosos, em relação a questões como<br />

conflitos <strong>de</strong> interesse e activida<strong>de</strong> comercial, bem como a prestação <strong>de</strong> informações sobre o<br />

pessoal e os custos dos gabinetes ministeriais. Exigirá também que todos os presentes, acima <strong>de</strong><br />

um <strong>de</strong>terminado valor numerário, sejam registados num registo próprio.<br />

Lei <strong>de</strong> Liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Informação<br />

A transparência e abertura do <strong>Governo</strong> implica que os cidadãos tenham o direito <strong>de</strong> ace<strong>de</strong>r a<br />

informações sobre os mesmos, mantidos nos arquivos do governo. Enquanto o Estado em <strong>Timor</strong>-<br />

<strong>Leste</strong> tem que primeiro reforçar os processos <strong>de</strong> informação e gestão <strong>de</strong> arquivos, e os sistemas <strong>de</strong><br />

armazenamento em re<strong>de</strong> <strong>de</strong> computadores, a nossa meta, a médio prazo, é promover a liberda<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> informação.<br />

Em 2015, será apresentada ao Parlamento Nacional a legislação para proporcionar o direito dos<br />

cidadãos <strong>de</strong> acesso à informação, que lhes diga respeito e que seja mantida pelo <strong>Governo</strong>, <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

que não seja contra o interesse público. Tendo em conta que as melhores práticas internacionais<br />

prevêem excepções para a obtenção <strong>de</strong> informações, que tenham um impacto sobre a segurança<br />

nacional, o segredo comercial, a privacida<strong>de</strong> individual e a confi<strong>de</strong>ncialida<strong>de</strong> das discussões do<br />

Conselho <strong>de</strong> Ministros, a legislação irá oferecer um amplo direito a todos os cidadãos <strong>Timor</strong>enses,<br />

para ace<strong>de</strong>r aos documentos do governo, que tenham um impacto sobre eles.<br />

Banco Central<br />

O Banco Central <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> teve a sua génese no Gabinete Central <strong>de</strong> Pagamentos, criado<br />

pela Administração Transitória das Nações Unidas, em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>. Posteriormente, em 2001, foi<br />

transformado em Autorida<strong>de</strong> Bancária <strong>de</strong> Pagamentos.<br />

O gabinete Central <strong>de</strong> Pagamentos foi criado com o objectivo <strong>de</strong> promover e supervisionar um<br />

sistema <strong>de</strong> pagamentos para as moedas, que na altura tinham curso legal no país, assegurando<br />

o saldo a<strong>de</strong>quado da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> moeda, servir <strong>de</strong> agência fiscal, licenciar e supervisionar o<br />

sistema bancário.<br />

229


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 5<br />

Com a sua transformação em Autorida<strong>de</strong> Bancária <strong>de</strong> Pagamentos, esta entida<strong>de</strong>, viu também<br />

acrescidas as suas competências para a emissão <strong>de</strong> moeda, a realização <strong>de</strong> estudos e análises<br />

<strong>de</strong> política monetária e a guarda e gestão <strong>de</strong> fundos do Estado, <strong>de</strong>signadamente, o Fundo<br />

Petrolífero.<br />

Recentemente, por lei do Parlamento Nacional, a ABP transformou-se em Banco Central <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<br />

<strong>Leste</strong>. Os estatutos do Banco foram reformulados no sentido <strong>de</strong> consolidar e reforçar as suas<br />

atribuições <strong>de</strong> condutor da política monetária e financeira, <strong>de</strong>finida com o <strong>Governo</strong> e aprovada<br />

pelo Parlamento Nacional.<br />

As funções do Banco Central são <strong>de</strong>rminantes para o <strong>de</strong>senvolvimento e correcto funcionamento<br />

da activida<strong>de</strong> económica e financeira do país e o Banco tem vindo, mo<strong>de</strong>radamente, mas com<br />

passos seguros, a consolidar a sua activida<strong>de</strong> e a sua posição <strong>de</strong> orientador e supervisor nestas<br />

áreas.<br />

METAS<br />

Até 2015:<br />

• Será instituído um sistema abrangente e uma cultura <strong>de</strong> gestão <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho, em toda<br />

a função pública em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> .<br />

• Será implementado um programa <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento para todos os gestores seniores .<br />

• Haverá uma cultura e prática <strong>de</strong> planeamento <strong>de</strong> recursos humanos na função pública.<br />

• Será <strong>de</strong>senvolvido e implementado um Código <strong>de</strong> Conduta para os membros do<br />

<strong>Governo</strong>.<br />

• Será apresentada, ao Parlamento Nacional, legislação para oferecer aos <strong>de</strong>nunciantes<br />

protecção contra o assédio e a responsabilida<strong>de</strong> civil e criminal por fazerem <strong>de</strong>núncias<br />

<strong>de</strong> interesse público.<br />

• O Banco Central terá recursos humanos <strong>de</strong>vidamente formados para implementarem <strong>de</strong><br />

forma sólida, credível e eficiente as respectivas competências, incluindo a elaboração dos<br />

estudos necessários para que os orgãos <strong>de</strong> soberania possam <strong>de</strong>cidir sobre a adpção <strong>de</strong><br />

uma unida<strong>de</strong> monetária própria para o país.<br />

Até 2020:<br />

• Será apresentada ao Parlamento Nacional legislação para assegurar aos cidadãos o direito<br />

<strong>de</strong> acesso à informação, mantida pelo Estado, que tenha impacto sobre os mesmos.<br />

• Será adoptada tecnologia <strong>de</strong> informação mo<strong>de</strong>rna, na função pública, para apoiar a<br />

coesão do governo e iniciativas <strong>de</strong> governo electrónico.<br />

• Será levada a cabo uma revisão da estrutura do sector público, para <strong>de</strong>terminar se há<br />

benefícios no estabelecimento <strong>de</strong> instituições autónomas, para o exercício <strong>de</strong> funções<br />

públicas, em nome do Estado.<br />

230


PED - 2011 - 2030 - ENQUADRAMENTO INSTITUCIONAL<br />

A G Ê N C I A D E D E S E N V O L V I M E N T O N A C I O N A L E A G Ê N C I A<br />

D E P L A N E A M E N T O E C O N Ó M I C O E I N V E S T I M E N T O<br />

VISÃO GERAL E DESAFIOS<br />

Para implementar o <strong>Plano</strong> <strong>Estratégico</strong> <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong>, <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> tem <strong>de</strong> adoptar um quadro<br />

institucional que possua a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> efectivamente, implementar os projectos e programas<br />

previstos no plano. No início, a implementação do <strong>Plano</strong> <strong>Estratégico</strong> <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> será<br />

realizado e supervisionado pela Agência <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> Nacional. Quando este órgão<br />

aumentar a sua capacida<strong>de</strong> institucional <strong>de</strong> planeamento, orçamentação, <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><br />

políticas e <strong>de</strong> gestão, esta responsabilida<strong>de</strong> será transferida para a Agência <strong>de</strong> Planeamento<br />

Económico e Investimento.<br />

ESTRATÉGIA E ACÇÕES<br />

Vamos introduzir medidas para garantir que o <strong>Plano</strong> <strong>Estratégico</strong> <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> e os<br />

nossos projectos <strong>de</strong> infra-estrutura sejam implementados, o mais rapidamente possível, com<br />

eficiência e eficácia <strong>de</strong> custos Isto incluirá o estabelecimento da Agência <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong><br />

Nacional, a qual será transformada na Agência <strong>de</strong> Planeamento Económico e Investimento com<br />

responsabilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> supervisionar os gran<strong>de</strong>s projectos e a realização <strong>de</strong> planeamento para<br />

gran<strong>de</strong>s projectos, programas e estratégias a nível nacional.<br />

AGÊNCIA DE DESENVOLVIMENTO NACIONAL<br />

A Agência <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> Nacional foi criada para gerir, monitorizar e administrar a<br />

implementação do <strong>Plano</strong> <strong>Estratégico</strong> <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong>, assim como projectos gran<strong>de</strong>s e<br />

complexos <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento nacional. A Agência <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> Nacional é um serviço<br />

central, <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância, com competências para avaliar as propostas <strong>de</strong> infra-estruturas,<br />

monitorizar e preparar os relatórios sobre a execução e <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> infra-estruturas, levar<br />

a cabo a coor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> todas as áreas da sua competência, ao nível do <strong>Governo</strong>, o planeamento<br />

nacional e <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> políticas baseadas em resultados, o acompanhamento e avaliação<br />

<strong>de</strong> gran<strong>de</strong> projectos e programas do <strong>Governo</strong>.<br />

A Agência <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> Nacional <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do Primeiro-Ministro e trabalha em<br />

colaboração com a Comissão Nacional <strong>de</strong> Aprovisionamento e uma empresa <strong>de</strong> aprovisionamento<br />

internacional, contratada para certificar que os projectos <strong>de</strong> infra-estruturas são finalizados, no<br />

prazo estabelecido, <strong>de</strong> acordo com orçamento e em conformida<strong>de</strong> com o âmbito do contrato e<br />

respectivas especificações.<br />

A Agência <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> Nacional é também responsável pela gestão do Programa dos<br />

Objectivos <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> do Milénio para os Sucos (ver Capítulo 4 - <strong>Desenvolvimento</strong> Rural)<br />

e do Programa <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> Descentralizado II. Isso inclui a participação no processo <strong>de</strong><br />

selecção <strong>de</strong> empresas para realizar as obras, avaliação da execução e qualida<strong>de</strong> das obras, e a<br />

231


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 5<br />

gestão e aprovação dos pagamentos às empresas. O Programa dos Objectivos <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong><br />

do Milénio para os Sucos, irá incluir o envolvimento com as autorida<strong>de</strong>s locais e sucos na<br />

implementação <strong>de</strong> projectos <strong>de</strong> pequeno valor.<br />

Quando a Agência <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> Nacional aumentar a sua capacida<strong>de</strong>, experiência e<br />

recursos humanos, irá ser transformada na Agência <strong>de</strong> Planeamento Económico e Investimento.<br />

As novas responsabilida<strong>de</strong> atribuídas à Agência <strong>de</strong> Planeamento Económico e Investimento são<br />

apresentadas <strong>de</strong> seguida.<br />

APROVISIONAMENTO DE GRANDES PROJECTOS<br />

O <strong>Plano</strong> <strong>Estratégico</strong> <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> prevê uma série <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s projectos <strong>de</strong> infra-estruturas.<br />

Alguns <strong>de</strong>sses projectos já foram i<strong>de</strong>ntificados no Fundo das Infra-Estruturas. Consi<strong>de</strong>rando que<br />

estes projectos vão estabelecer a fundação para o nosso <strong>de</strong>senvolvimento, é importante que<br />

sejam implementados com boa governação e baseados na relação custo-benefício.<br />

Para garantir que os gran<strong>de</strong>s projectos <strong>de</strong> infra-estruturas sejam implementados, o mais<br />

rapidamente possível, com eficácia e eficiência <strong>de</strong> custos, o <strong>Governo</strong> - através da Agência <strong>de</strong><br />

<strong>Desenvolvimento</strong> Nacional e da Comissão Nacional <strong>de</strong> Aprovisionamento - vai contratar os<br />

serviços <strong>de</strong> uma empresa internacional <strong>de</strong> aprovisionamento para supervisionar o processo<br />

<strong>de</strong> aprovisionamento para gran<strong>de</strong>s e complexos projectos. Isto irá garantir que o processo <strong>de</strong><br />

aprovisionamento é gerido, com os mais altos níveis <strong>de</strong> integrida<strong>de</strong> e profissionalismo. A empresa<br />

contratada para a área aprovisionamento terá as seguintes responsabilida<strong>de</strong>s:<br />

• Realizar o planeamento e programação do aprovisionamento.<br />

• Preparar a documentação <strong>de</strong> concurso.<br />

• Anunciar as oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> concurso.<br />

• Estabelecer uma base <strong>de</strong> dados para os gran<strong>de</strong>s projectos.<br />

• Gerir as negociações e adjudicação <strong>de</strong> contratos.<br />

• Gerir os painéis <strong>de</strong> avaliação e preparar relatórios <strong>de</strong> avaliação das propostas.<br />

• Gerir as reclamações.<br />

• Realizar o aprovisionamento e monitorizar a implementação do projecto.<br />

Desta forma, vamos garantir que temos estabelecido um processo competitivo <strong>de</strong><br />

aprovisionamento, com elevada qualida<strong>de</strong> e eficiência <strong>de</strong> custos, com o objectivo <strong>de</strong> atingir uma<br />

boa relação custo/benefício, promover as melhores práticas <strong>de</strong> implementação dos projectos e<br />

contribuir para o crescimento económico.<br />

O envolvimento <strong>de</strong> uma empresa <strong>de</strong> aprovisionamento será um processo <strong>de</strong> transição. O nosso<br />

principal objectivo é <strong>de</strong>senvolver os nossos recursos humanos, para que a contratação, ao longo<br />

do tempo, seja negociada e levada a cabo por especialistas <strong>Timor</strong>enses, formados e qualificados<br />

232


PED - 2011 - 2030 - ENQUADRAMENTO INSTITUCIONAL<br />

em aprovisionamento. Para alcançar este resultado e acelerar o processo, uma das responsabilida<strong>de</strong>s<br />

da empresa <strong>de</strong> aprovisionamento internacional será <strong>de</strong>senhar e implementar programas e<br />

processos, para aumentar a capacida<strong>de</strong> da nossa função pública, para gerir projectos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong><br />

escala e com complexida<strong>de</strong> e importância nacional.<br />

AGÊNCIA DE PLANEAMENTO ECONÓMICO E INVESTIMENTO<br />

Quando a Agência <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> Nacional se <strong>de</strong>senvolver, será transformada na Agência <strong>de</strong><br />

Planeamento Económico e Investimento. A Agência <strong>de</strong> Planeamento Económico e Investimento<br />

irá <strong>de</strong>senvolver-se a partir da Agência <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> Nacional e irá permitir uma gestão<br />

integrada <strong>de</strong> projectos, incluindo coor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong>ntro e entre o <strong>Governo</strong>, organizações externas e<br />

o sector privado. A agência também assumirá uma função <strong>de</strong> planeamento nacional. Esta função<br />

irá incluir:<br />

• Planeamento, <strong>de</strong>senho e monitorização dos programas e projectos estratégicos do<br />

<strong>Governo</strong>, que promovem o crescimento acelerado, a redução da pobreza e a criação <strong>de</strong><br />

emprego.<br />

• Garantir o investimento alargado a nível nacional, distrital e nos sub-distritos.<br />

• Supervisão dos ministérios da tutela do projecto e acompanhamento na execução dos<br />

programas estratégicos.<br />

• Coor<strong>de</strong>nação integrada <strong>de</strong> todo o <strong>Governo</strong> e busca <strong>de</strong> soluções inter-governamentais.<br />

• Envolvimento com os principais doadores e parceiros na <strong>de</strong>finição da direcção estratégica<br />

nacional e assistência.<br />

Estas funções incluirão o planeamento económico e o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> políticas, com<br />

base em resultados a fim <strong>de</strong> alcançar soluções e promover iniciativas, que irão impulsionar o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, o crescimento económico e a diversificação da indústria. À<br />

medida que a capacida<strong>de</strong> dos ministérios aumenta para implementar projectos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> escala,<br />

estes assumirão a responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> execução do projecto, com a Agência <strong>de</strong> Planeamento<br />

Económico e Investimento a ser responsável pelas funções <strong>de</strong> monitorização e coor<strong>de</strong>nação<br />

integrada do <strong>Governo</strong>.<br />

A Agência <strong>de</strong> Planeamento Económico e Investimento também coor<strong>de</strong>nará, com o Ministério das<br />

Finanças durante o processo <strong>de</strong> preparação orçamental e colaborará na <strong>de</strong>terminação dos níveis<br />

<strong>de</strong> financiamento necessários para prosseguir as estratégias e projectos <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />

económico. Ao mesmo tempo, será responsável pela revisão dos <strong>Plano</strong>s <strong>de</strong> Acção Anual dos vários<br />

ministérios.<br />

É também responsabilida<strong>de</strong> da agência realizar pesquisas, acompanhar e analisar os progressos<br />

dos indicadores económicos, sociais e financeiros, para apoiar na preparação <strong>de</strong> programas <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento económico a longo prazo. Isto incluirá a i<strong>de</strong>ntificação e promoção <strong>de</strong> práticas<br />

<strong>de</strong> sucesso.<br />

233


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 5<br />

A Agência <strong>de</strong> Planeamento Económico e Investimento respon<strong>de</strong>rá perante o Primeiro-Ministro<br />

e um Comité Ministerial <strong>de</strong> alto nível. Ao mesmo tempo, a Agência também contará com o<br />

aconselhamento <strong>de</strong> um Conselho Consultivo Nacional, que inclui representantes da socieda<strong>de</strong><br />

civil, instituições religiosas, organizações não-governamentais, grupos <strong>de</strong> jovens e mulheres. A<br />

Agência envolverá a comunida<strong>de</strong> <strong>Timor</strong>ense activamente e levará a cabo as suas funções com<br />

altos níveis <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> e transparência.<br />

METAS<br />

Até 2015:<br />

• A Agência <strong>de</strong> Planeamento Económico e Investimento irá efectivamente <strong>de</strong>sempenhar as funções<br />

<strong>de</strong> planeamento económico nacional, supervisão e monitorização e implementação <strong>de</strong> programas<br />

e projectos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> escala e complexida<strong>de</strong>, do <strong>Governo</strong>.<br />

234


PED - 2011 - 2030 - ENQUADRAMENTO INSTITUCIONAL<br />

235


SDP 2011-2013 PART 1: INTRODUCTION<br />

CAPÍTULO<br />

6<br />

CONTEXTO ECONÓMICO E<br />

DIRECÇÃO MACROECONÓMICA<br />

Num período <strong>de</strong> tempo<br />

relativamente curto e tendo em<br />

conta a nossa longa história <strong>de</strong><br />

colonização e ocupação, <strong>Timor</strong>-<br />

<strong>Leste</strong> tem progredido fortemente<br />

para avançar como uma nação<br />

segura e estável e para estabelecer<br />

as bases para a boa governação e<br />

instituições eficazes.


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 6<br />

CAPÍTULO 6 CONTEXTO ECONÓMICO<br />

E D I R E C Ç Ã O<br />

MACROECONÓMICA<br />

V I S Ã O G E R<br />

A L<br />

“Devemos gerir os nossos<br />

preciosos recursos para<br />

que as gerações futuras<br />

possam beneficiar <strong>de</strong>les.”<br />

Num período <strong>de</strong> tempo relativamente curto,<br />

e tendo em conta a nossa longa história<br />

<strong>de</strong> colonização e ocupação, <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong><br />

tem progredido fortemente para avançar<br />

como uma Nação segura e estável e para<br />

estabelecer as bases da boa governação<br />

e instituições eficazes. Ao mesmo tempo<br />

que continuamos a construir a nossa<br />

Funcionário público, Sub-distrito <strong>de</strong> Nain<br />

Feto, Distrito <strong>de</strong> Díli, Consulta Nacional,<br />

jovem Nação, precisamos <strong>de</strong> garantir que<br />

04 <strong>de</strong> Setembro 2010<br />

o <strong>de</strong>senvolvimento e a estrutura da nossa<br />

economia permitem o avanço <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>,<br />

como uma <strong>de</strong>mocracia estável, e que ao nosso povo sejam dadas todas as oportunida<strong>de</strong>s<br />

para melhorar as suas vidas e o seu bem-estar, através da promoção <strong>de</strong> novas oportunida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> educação, emprego e <strong>de</strong> negócios.<br />

Para provi<strong>de</strong>nciar empregos ao nosso povo e garantir que a nossa Nação beneficie do<br />

<strong>de</strong>senvolvimento da riqueza dos recursos naturais, temos <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver uma economia <strong>de</strong><br />

mercado próspera com um sector privado forte.<br />

Também reconhecemos que não po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r exclusivamente das nossas reservas <strong>de</strong><br />

petróleo e gás natural e que <strong>de</strong>vemos diversificar a nossa economia.<br />

Em particular, temos <strong>de</strong> expandir e mo<strong>de</strong>rnizar o nosso sector agrícola, <strong>de</strong>senvolver um sector <strong>de</strong><br />

turismo forte e encorajar níveis muito mais elevados <strong>de</strong> activida<strong>de</strong> do sector privado em todos os<br />

sectores industriais, nomeadamente o crescimento <strong>de</strong> pequenas e micro empresas.<br />

A visão económica do <strong>Plano</strong> <strong>Estratégico</strong> <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> é a <strong>de</strong> que, em 2030, <strong>Timor</strong>-<br />

<strong>Leste</strong> fará parte do grupo <strong>de</strong> países <strong>de</strong> rendimento médio-superior, a pobreza extrema estará<br />

erradicada e estará estabelecida uma economia não petrolífera sustentável e diversificada.<br />

Embora <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> tenha <strong>de</strong> enfrentar gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>safios na reestruturação da economia, para<br />

alcançar a referida visão, temos muitos pontos fortes e vantagens, nomeadamente a força e<br />

<strong>de</strong>terminação do nosso povo, receitas substanciais <strong>de</strong> petróleo e gás, recursos marinhos e outros<br />

recursos naturais ricos, bem como a nossa localização na região dinâmica do Este Asiático, que<br />

li<strong>de</strong>ra muito do crescimento económico do mundo.<br />

238


PED - 2011 - 2030 - CONTEXTO ECONÓMICO E DIRECÇÃO MACROECONÓMICA<br />

Temos também um ambiente natural intacto e uma cultura, herança e história únicas, os quais<br />

oferecem um potencial significativo ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> um sector do turismo e <strong>de</strong> hotelaria,<br />

<strong>de</strong> nível superior.<br />

No entanto, estes pontos fortes e vantagens estão actualmente encobertos pelas escassas infraestruturas<br />

em todo o país (incluindo estradas, água e saneamento, energia e infra-estrutura <strong>de</strong><br />

telecomunicações), obstáculos na indústria e comércio (incluindo a capacida<strong>de</strong> ina<strong>de</strong>quada nos<br />

portos marítimos e aeroportos), falta <strong>de</strong> recursos humanos qualificados e formados e um sector<br />

privado sub<strong>de</strong>senvolvido (incluindo o sector financeiro). Para alcançar a nossa visão económica,<br />

estas barreiras e limitações ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> <strong>de</strong>vem ser resolvidas.<br />

Até agora, a estrutura da nossa economia tem sido fortemente influenciada pela necessida<strong>de</strong><br />

urgente <strong>de</strong> reconstruir instituições públicas necessárias, melhorar a prestação e qualida<strong>de</strong> dos<br />

serviços públicos vitais, tais como a saú<strong>de</strong> e a educação, combater a pobreza generalizada e a má<br />

nutrição, provi<strong>de</strong>nciar as necessárias infra-estruturas básicas e <strong>de</strong> levar a cabo um processo <strong>de</strong><br />

construção do Estado e da Paz. Estas necessida<strong>de</strong>s têm tomado tempo e investimento <strong>de</strong> recursos<br />

consi<strong>de</strong>ráveis.<br />

O <strong>Plano</strong> <strong>Estratégico</strong> <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> reconhece que, ao mesmo tempo que continuamos<br />

a <strong>de</strong>senvolver infra-estruturas produtivas e necessárias, para apoiar os nossos esforços para a<br />

construção da Nação, <strong>de</strong>vemos também tomar medidas para reestruturar, mo<strong>de</strong>rnizar e diversificar<br />

a nossa economia. Ao tomar essas medidas, não só asseguraremos o futuro económico <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<br />

<strong>Leste</strong>, como também iremos gerar empregos e rendimentos para o nosso povo e lançar as bases<br />

para uma Nação progressista e estável.<br />

A ECONOMIA DE TIMOR-LESTE<br />

A economia <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> é dominada pelo sector agrícola e pelo sector público, com níveis<br />

altos <strong>de</strong> pobreza em todo o país. Pequenas culturas <strong>de</strong> rendimento, tais como café, fornecem<br />

remuneração a algumas famílias rurais, mas a maioria das famílias utiliza a agricultura para consumo<br />

próprio. Insuficiência <strong>de</strong> infra-estruturas significa que é difícil ter acesso aos mercados, levando a<br />

uma falta <strong>de</strong> rendimento previsível para muitas famílias timorenses.<br />

No entanto, <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> tem a sorte <strong>de</strong> ter recursos naturais ricos e uma indústria <strong>de</strong> petróleo e<br />

gás, que está em <strong>de</strong>senvolvimento. Os ganhos <strong>de</strong> petróleo e gás subiram <strong>de</strong> aproximadamente 175<br />

milhões <strong>de</strong> dólares em 2004 para cerca <strong>de</strong> 2,28 mil milhões em 2008, e aproximadamente 2,73 mil<br />

milhões em 2010. A partir <strong>de</strong> 2010, o Produto Interno Bruto (PIB) não-petrolífero <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> foi<br />

<strong>de</strong> aproximadamente 610 dólares per capita, com um Rendimento Nacional Bruto (RNB) per capita<br />

<strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 2,560 dólares. Prevê-se um aumento <strong>de</strong>sta situação em 2011, se os preços do petróleo<br />

permanecerem em alta.<br />

1<br />

2<br />

1. Produto Interno Bruto (PIB) é o valor total <strong>de</strong> todos os bens e serviços produzidos num país durante um ano.<br />

2 .Rendimento Nacional Bruto (RNB) é composto do Produto Interno Bruto em conjunto com os rendimentos recebidos <strong>de</strong> outros países, menos os pagamentos feitos<br />

a outros países.<br />

239


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 6<br />

Se o crescimento do nosso RNB for medido a preços constantes, o RNB total <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong><br />

triplicou, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2004, ou cerca <strong>de</strong> 24% ao ano. O PIB não-petrolífero aumentou cerca <strong>de</strong> 1,5 vezes<br />

ou 7% por cento ao ano entre 2004 e 2010. Nesta perspectiva, <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> tem um RNB <strong>de</strong> país<br />

<strong>de</strong> rendimento médio, na or<strong>de</strong>m dos 2,560 dólares per capita, no entanto apresenta o padrão <strong>de</strong><br />

vida <strong>de</strong> um país <strong>de</strong> baixo rendimento, com um PIB não-petrolífero per capita <strong>de</strong> 610. A principal<br />

razão para esta discrepância é que, até agora, a nossa riqueza em petróleo não tem sido investida<br />

na economia não-petrolífera, com apenas um quarto da receita anual petrolífera a ser investido na<br />

nossa economia, e o restante investido no nosso Fundo Petrolífero.<br />

Rendimento Petrolífero<br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> é actualmente altamente <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte das receitas provenientes do petróleo e do gás<br />

natural, as quais constituem cerca <strong>de</strong> 90% das receitas totais do orçamento. As nossas receitas<br />

do petróleo têm vindo a crescer com regularida<strong>de</strong>, resultando no aumento do saldo do Fundo<br />

Petrolífero, que visa gerir esta receita para o benefício das gerações actuais e futuras (ver caixa<br />

<strong>de</strong> texto abaixo referente ao Fundo Petrolífero <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>). A figura 24 mostra que o saldo<br />

do Fundo Petrolífero foi <strong>de</strong> 370 milhões <strong>de</strong> dólares no final <strong>de</strong> 2004 e atingiu 6,9 mil milhões <strong>de</strong><br />

dólares no final <strong>de</strong> 2010.<br />

Figura 24 Saldo do Fundo Petrolífero<br />

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Fonte: Direcção Nacional do Fundo Petrolífero, Ministério das Finanças<br />

240


PED - 2011 - 2030 - CONTEXTO ECONÓMICO E DIRECÇÃO MACROECONÓMICA<br />

Fundo Petrolífero <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong><br />

Muitas Nações, ricas em recursos petrolíferos, enfrentam problemas económicos e sociais consi<strong>de</strong>ráveis,<br />

apesar do seu potencial para gerar riqueza significativa <strong>de</strong>stes recursos. Para evitar que <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> enfrente<br />

os mesmos problemas, a nossa Constituição exige que os recursos petrolíferos sejam proprieda<strong>de</strong> do Estado<br />

e usados <strong>de</strong> uma forma justa e igualitária, <strong>de</strong> acordo com os interesses nacionais, e que os rendimentos<br />

obtidos, a partir <strong>de</strong>sses recursos, levem ao estabelecimento <strong>de</strong> reservas financeiras obrigatórias.<br />

O Fundo Petrolífero <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> foi criado, em 2005, <strong>de</strong> acordo com a Constituição e <strong>de</strong> forma a fornecer<br />

um mecanismo para assegurar que os nossos recursos, <strong>de</strong> petróleo e gás, são geridos com prudência para o<br />

benefício das gerações actuais e futuras.<br />

O Fundo é um fundo <strong>de</strong> riqueza soberano, on<strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> <strong>de</strong>posita a receita, proveniente do rendimento<br />

do petróleo e gás da Nação. O Fundo provi<strong>de</strong>ncia um meio para construir uma fonte consistente e estável <strong>de</strong><br />

rendimento, que po<strong>de</strong> ser usado para construir a nossa Nação.<br />

Todas as receitas do petróleo, incluindo royalties e impostos, são <strong>de</strong>positadas directamente no Fundo<br />

Petrolífero. Anualmente, o Parlamento Nacional retira dinheiro do Fundo para compensar as necessida<strong>de</strong>s/<br />

carências do Orçamento do Estado e investir no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>. Todos os anos é calculado o<br />

montante Rendimento Sustentável Estimado (ESI), que é o montante que <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> po<strong>de</strong> gastar do Fundo,<br />

sem esgotar o seu saldo a longo prazo.<br />

O <strong>Governo</strong> <strong>de</strong>fine a gestão global e estratégia <strong>de</strong> investimento do Fundo, com um conselho consultivo<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte a provi<strong>de</strong>nciar aconselhamento e assistência. O Fundo Petrolífero adoptou uma estratégia<br />

<strong>de</strong> investimento conservadora, que anteriormente consistia principalmente em investimentos em títulos do<br />

Tesouro dos Estados Unidos.<br />

Esta estratégia provou ser muito eficaz durante a crise financeira global on<strong>de</strong> o Fundo preservou a sua<br />

riqueza e foi um dos Fundos Soberanos <strong>de</strong> Riqueza com melhor <strong>de</strong>sempenho no mundo. A estratégia <strong>de</strong><br />

investimento actual é adoptar um portfolio mais equilibrado e diversificado, incluindo uma varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

títulos e acções internacionais, para assegurar a protecção da riqueza e permitir o crescimento.<br />

O Fundo Petrolífero <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> é um passo essencial para se assumir o controlo do nosso próprio futuro e<br />

tomar as nossas próprias <strong>de</strong>cisões sobre a melhor maneira <strong>de</strong> gerir os nossos recursos naturais.<br />

Crescimento Económico<br />

Excluindo as receitas <strong>de</strong> petróleo e gás, a média <strong>de</strong> crescimento económico em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, <strong>de</strong><br />

2002 a 2010, foi <strong>de</strong> 5,6%. O crescimento ao longo <strong>de</strong>ste período tem sido irregular e volátil e<br />

incluiu um crescimento negativo em 2006. Após o ano <strong>de</strong> 2007, as nossas taxas <strong>de</strong> crescimento<br />

aceleraram, em média, para valores <strong>de</strong> dois algarismos e temos experimentado um dos maiores<br />

crescimentos do mundo. As nossas taxas <strong>de</strong> crescimento económico, para o período <strong>de</strong> 2002 a<br />

2010, encontram-se na figura 25.<br />

241


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 6<br />

Figura 25 PIB Não-petrolífero Real (Ano base <strong>de</strong> 2000), 2002 a 2010 (milhões <strong>de</strong> US$) e crescimento<br />

Fonte: Direcção Nacional do Fundo Petrolífero, Ministério das Finanças<br />

O crescimento da economia tem resultado do aumento das <strong>de</strong>spesas do sector público, bem<br />

como o investimento e produção do sector privado, nomeadamente nos sectores da agricultura,<br />

construção e serviços.<br />

Estrutura da economia<br />

Tal como foi observado anteriormente, a economia <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> é dominada pela agricultura<br />

e pelo sector público. Apesar <strong>de</strong> a agricultura ter sido o maior sector no início do ano 2000,<br />

actualmente já foi ultrapassada pelo sector público. Isto aconteceu <strong>de</strong>vido ao crescimento<br />

relativamente lento do sector agrícola, com uma média em torno dos 5% ao ano <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2002, em<br />

comparação com um crescimento médio anual <strong>de</strong> 11% no sector público. O crescimento do sector<br />

público resulta da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> criar um funcionalismo público - e os serviços<br />

públicos e comunitários – <strong>de</strong> base. Durante o mesmo período, o sector dos serviços cresceu a uma<br />

taxa anual <strong>de</strong> 5,8%. A estrutura e o crescimento da economia <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> po<strong>de</strong>m ser vistos na<br />

figura 26.<br />

242


PED - 2011 - 2030 - CONTEXTO ECONÓMICO E DIRECÇÃO MACROECONÓMICA<br />

Figura 26 PIB Não-petrolífero Real por sector a preços <strong>de</strong> 2000, 2002 a 2010 (milhões <strong>de</strong> US$)<br />

Fonte: Direcção Nacional <strong>de</strong> Macroeconomia, Ministério das Finanças, 2011 [Nota: os dados <strong>de</strong> 2010 são preliminares]<br />

A estrutura da economia tem sido fortemente influenciada pela tradicional <strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<br />

<strong>Leste</strong> da agricultura e pela aposta da política fiscal na construção da Nação, e em estabelecer a<br />

segurança e estabilida<strong>de</strong> em todo o país. O quadro fiscal do <strong>Governo</strong> foi <strong>de</strong>finido tomando em<br />

consi<strong>de</strong>ração os objectivos e priorida<strong>de</strong>s da política pública.<br />

Tem sido adoptada uma política fiscal alargada para tratar <strong>de</strong> questões urgentes enfrentadas<br />

por <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, incluindo o estabelecimento e extensão dos serviços centrais do <strong>Governo</strong>, a<br />

restauração e a construção <strong>de</strong> infra-estruturas básicas necessárias para a melhoria da saú<strong>de</strong> e<br />

bem-estar do nosso povo. Investimos também em activida<strong>de</strong>s para promover o sector privado<br />

e o <strong>de</strong>senvolvimento nacional no sentido <strong>de</strong> criar uma Função Pública profissional e restaurar a<br />

confiança nos nossos sistemas e instituições públicas.<br />

Esta abordagem consi<strong>de</strong>rada e <strong>de</strong>liberada sobre política fiscal, tem sido essencial para o país<br />

conseguir atingir a estabilida<strong>de</strong> e construir uma base para o futuro <strong>de</strong>senvolvimento social e<br />

económico. Esta abordagem irá continuar enquanto <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> <strong>de</strong>senvolve as infra-estruturas<br />

produtivas e básicas, que nos permitirá construir a nossa Nação, abordar os <strong>de</strong>safios e priorida<strong>de</strong>s<br />

nacionais. Esta abordagem permitirá também que a Nação trabalhe no sentido do cumprimento<br />

dos Objectivos <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> do Milénio. O resultado da nossa política fiscal alargada sobre<br />

a estrutura da economia encontra-se na figura 27.<br />

243


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 6<br />

Figura 27 PIB Não-petrolífero Real por sector a preços <strong>de</strong> 2000, 2002 a 2010 (percentagem)<br />

Fonte: Direcção Nacional <strong>de</strong> Macroeconomia, Ministério das Finanças, 2011. [Nota: os dados <strong>de</strong> 2010 são preliminares]<br />

Apesar do alargamento da nossa Função Pública, levado a cabo com o objectivo <strong>de</strong> provi<strong>de</strong>nciar<br />

serviços e apoio à governação, ter sido essencial para o nosso <strong>de</strong>senvolvimento, esse crescimento<br />

é insustentável a longo prazo. O <strong>Plano</strong> <strong>Estratégico</strong> <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> inclui uma série <strong>de</strong><br />

estratégias e acções, que garantem que a estrutura da economia se altera a longo prazo, incluindo a<br />

promoção <strong>de</strong> níveis mais elevados <strong>de</strong> activida<strong>de</strong> do sector privado e a atracção <strong>de</strong> novas empresas<br />

para <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> (ver Capítulo 4).<br />

Inflação<br />

A economia <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> tem tido taxas <strong>de</strong> inflação e <strong>de</strong> crescimento voláteis, reflectidas nos<br />

níveis <strong>de</strong> procura, capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> oferta e o valor relativo do dólar norte-americano. Um factor em<br />

particular, que explica o contraste entre as taxas <strong>de</strong> inflação <strong>de</strong> 2008 e 2009, é o preço internacional<br />

dos alimentos. A crise internacional <strong>de</strong> 2008, sobre os preços dos alimentos, causou um pico na<br />

inflação e ilustrou a vulnerabilida<strong>de</strong> da nossa economia às condições externas. Isto também está<br />

reflectido no aumento substancial dos preços dos alimentos, vestuário e calçado, em 2010.<br />

244


PED - 2011 - 2030 - CONTEXTO ECONÓMICO E DIRECÇÃO MACROECONÓMICA<br />

Figura 28 Taxa <strong>de</strong> Inflação em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, Taxas Mensais<br />

Fonte: Direcção Nacional <strong>de</strong> Estatística, Ministério das Finanças, 2011.<br />

!<br />

A estrutura da economia tem sido fortemente influenciada pela tradicional <strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> tem tido gran<strong>de</strong> sucesso em manter a inflação sob controlo, a manutenção <strong>de</strong>sta<br />

situação será um <strong>de</strong>safio para as políticas no futuro, à medida que a economia e a procura se<br />

expan<strong>de</strong>m e a volatilida<strong>de</strong> dos preços das mercadorias e dos alimentos se mantém nos mercados<br />

internacionais. Para enfrentar este <strong>de</strong>safio, será importante centrar as nossas <strong>de</strong>spesas <strong>de</strong> capital<br />

e correntes em infra-estruturas produtivas e no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> recursos humanos, para<br />

aumentar a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> oferta e reduzir os obstáculos na indústria e comércio.<br />

Posição Geográfica<br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> tem a sorte <strong>de</strong> ser parte da crescente região do Este Asiático, que li<strong>de</strong>ra muito do<br />

crescimento mundial. Nós também <strong>de</strong>sfrutamos <strong>de</strong> fortes laços económicos com algumas das<br />

gran<strong>de</strong>s economias emergentes mundiais, incluindo a China e a Indonésia.<br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> preten<strong>de</strong> a<strong>de</strong>rir à Associação das Nações do Su<strong>de</strong>ste Asiático (ASEAN). Com cerca<br />

<strong>de</strong> 600 milhões <strong>de</strong> pessoas e um PIB <strong>de</strong> aproximadamente 2 biliões, a ASEAN fornece um gran<strong>de</strong><br />

potencial <strong>de</strong> mercado para <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>. Com movimentos a serem realizados, no sentido <strong>de</strong><br />

instituir a Comunida<strong>de</strong> Económica da ASEAN em 2015, outras oportunida<strong>de</strong>s económicas tornarse-iam<br />

disponíveis para <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> como membro <strong>de</strong>sta organização regional.<br />

245


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 6<br />

Figura 29 <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> na região do Este Asiático<br />

Fonte: PNUD<br />

!<br />

OLHANDO PARA O FUTURO<br />

O nosso objectivo é que <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> se torne um país <strong>de</strong> rendimento médio-alto em 2030,<br />

reduzindo as diferenças com países vizinhos como a Indonésia, Tailândia e Malásia.<br />

O Banco Mundial enumera quatro categorias para caracterizar a posição económica dos países:<br />

• Países <strong>de</strong> baixo rendimento com um PIB per capita <strong>de</strong> menos <strong>de</strong> 996 dólares americados.<br />

• Países <strong>de</strong> rendimento médio baixo com um PIB per capita entre 996 e 3,945 dólares americanos.<br />

• Países <strong>de</strong> rendimento médio alto com um PIB per capita entre 3,946 e 12,195 dólares americanos.<br />

• Países <strong>de</strong> rendimento alto com um PIB per capita <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 12,195 dólares americanos.<br />

Conduzir <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> para o grupo dos países <strong>de</strong> rendimento médio superior <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> 20 anos<br />

vai exigir um aumento substancial no nosso PIB per capita. Atingir esse aumento, em 2030, vai<br />

exigir:<br />

• Gran<strong>de</strong> investimento público e privado em infra-estruturas básicas e produtivas, formando<br />

a base <strong>de</strong> uma economia <strong>de</strong> mercado forte e crescente, atraindo investidores nacionais e<br />

internacionais e apoiando as empresas locais <strong>de</strong> sucesso.<br />

246


PED - 2011 - 2030 - CONTEXTO ECONÓMICO E DIRECÇÃO MACROECONÓMICA<br />

• Reforma e <strong>de</strong>senvolvimento do sector da agricultura, levando à substituição da agricultura <strong>de</strong><br />

subsistência por uma agricultura comercial para pequenos proprietários.<br />

• Auto-suficiência alimentar, com um mercado <strong>de</strong> exportação próspero numa gama <strong>de</strong><br />

produtos agrícolas, incluindo alimentos básicos, pecuária, frutas e legumes e outras culturas<br />

<strong>de</strong> rendimento, produtos florestais e pesca.<br />

• Uma base industrial consi<strong>de</strong>rável, apoiada no sector do petróleo, incluindo a produção <strong>de</strong><br />

petróleo e gás e as indústrias downstream como a petroquímica.<br />

• Um número crescente <strong>de</strong> pequenas indústrias, tais como processamento <strong>de</strong> alimentos,<br />

indústria <strong>de</strong> confecção, artesanato, artigos culturais e fabrico <strong>de</strong> móveis.<br />

• Uma indústria <strong>de</strong> turismo e hotelaria forte e próspera composta por infra-estruturas<br />

melhoradas, empresas <strong>de</strong> turismo locais e mão <strong>de</strong> obra local especializada.<br />

• Um sector <strong>de</strong> serviços alargado que proporcione emprego na área da saú<strong>de</strong>, educação,<br />

comércio, entretenimento e administração pública.<br />

• Penetração da internet <strong>de</strong> banda larga e da mais recente tecnologia <strong>de</strong> telecomunicações,<br />

suportando e apoiando uma socieda<strong>de</strong> mais conectada e inovadora.<br />

• Um número elevado <strong>de</strong> pequenas e micro empresas sustentáveis em sectores industriais em<br />

crescimento tais como o turismo, fabrico em pequena escala e culturas <strong>de</strong> rendimento <strong>de</strong> alto<br />

valor.<br />

• A expansão <strong>de</strong> um sector financeiro que provi<strong>de</strong>ncie capital para crescimento.<br />

• Uma mão-<strong>de</strong>-obra mais instruída e qualificada, apoiando uma economia mais diversificada e<br />

dando ao povo timorense mais oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aumentar o seu rendimento e melhorar as<br />

suas vidas e o seu bem-estar.<br />

Atingir estes resultados são algumas das metas primárias do <strong>Plano</strong> <strong>Estratégico</strong> <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong>.<br />

À medida que estas mudanças ocorrem, a urbanização vai aumentar e um maior número da nossa<br />

população viverá em, ou perto <strong>de</strong>, centros urbanos, o que permitirá o acesso a serviços <strong>de</strong> educação<br />

<strong>de</strong> alta qualida<strong>de</strong>, a cuidados <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, a infra-estruturas e a serviços públicos. Isto irá conduzir a<br />

melhorias na saú<strong>de</strong> e bem-estar do nosso povo e promover o acesso a oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> participação<br />

no crescimento económico <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>.<br />

Como parte da nossa meta <strong>de</strong> nos tornarmos um país <strong>de</strong> rendimento médio-alto, em 2030, temos<br />

também como objectivo erradicar a pobreza extrema. Como muitos dos timorenses extremamente<br />

pobres vivem em áreas rurais, as estratégias e acções que temos para expandir e mo<strong>de</strong>rnizar o nosso<br />

sector agrícola e apoiar o <strong>de</strong>senvolvimento económico rural será fundamental para retirar as pessoas<br />

da pobreza.<br />

247


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 6<br />

Reestruturar a Economia<br />

Para alcançar a nossa visão económica, teremos <strong>de</strong> transformar a estrutura da economia <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<br />

<strong>Leste</strong> - afastando-nos da tendência <strong>de</strong> sobrecarregar a agricultura e o sector público, e dirigirmonos<br />

em direcção a um sector privado em crescimento, indústrias estabelecidas e um sector <strong>de</strong><br />

serviços em expansão. Também será necessário um sector agrícola mais eficiente.<br />

As estratégias económicas e acções no <strong>Plano</strong> <strong>Estratégico</strong> <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> são <strong>de</strong>senhadas<br />

para provocar essa mudança estrutural. Isto inclui acções para <strong>de</strong>senvolver os nossos recursos<br />

humanos através da educação e formação, fornecer capital ao sector privado através <strong>de</strong> um Banco<br />

Nacional <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> e iniciativas do sector financeiro, melhorar o ambiente empresarial<br />

através <strong>de</strong> reformas legislativas e focar no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> indústrias estratégicas do sector<br />

privado. Juntamente com o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> infra-estruturas básicas e produtivas para<br />

fornecer uma base para o crescimento, o <strong>Plano</strong> <strong>Estratégico</strong> <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> irá precipitar uma<br />

reestruturação sustentada da economia <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>.<br />

Esta transformação resultará numa mudança na procura <strong>de</strong> trabalho e <strong>de</strong> qualificações, e alterações<br />

nos padrões <strong>de</strong> emprego. A isto seguir-se-á uma mudança no emprego sectorial, <strong>de</strong> uma economia<br />

baseada na agricultura para a uma economia baseada na indústria e serviços, tal como indicado na<br />

figura 30. O Fundo do <strong>Desenvolvimento</strong> do Capital Humano (ver Capítulo 2 - Educação e Formação)<br />

foi estabelecido para respon<strong>de</strong>r a essas mudanças evolutivas da procura <strong>de</strong> trabalho, que seguirão<br />

a mudança da estrutura da nossa economia. A experiência internacional tem <strong>de</strong>monstrado que, à<br />

medida que os países passam do estatuto <strong>de</strong> rendimento baixo para o <strong>de</strong> rendimento médio, há<br />

um <strong>de</strong>clínio gradual no emprego agrícola e uma subida na procura <strong>de</strong> trabalho nos sectores da<br />

indústria e serviços.<br />

Figura 30 Deslocação do Emprego por sector, <strong>de</strong> um país <strong>de</strong> rendimento baixo para um país <strong>de</strong><br />

rendimento maior<br />

Fonte: Mo<strong>de</strong>lo Construído para o <strong>Plano</strong> <strong>Estratégico</strong> <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong><br />

248


PED - 2011 - 2030 - CONTEXTO ECONÓMICO E DIRECÇÃO MACROECONÓMICA<br />

No entanto, <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> é predominantemente agrícola e o nosso foco político <strong>de</strong>ve ser primeiro<br />

<strong>de</strong>senvolver a eficiência e a produtivida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ste sector. O <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> indústrias, neste<br />

sector, será um importante primeiro passo para a industrialização, para alcançar a condição<br />

<strong>de</strong> rendimento médio-alto, o que vai exigir tanto um aumento da produção agrícola como do<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> um sector industrial.<br />

Como referido anteriormente, enquanto os níveis actuais <strong>de</strong> <strong>de</strong>spesa pública forem os<br />

impulsionadores primários da economia - e necessários para construir uma base para o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento social e económico - os mesmos não são sustentáveis a longo prazo. Ao longo<br />

do tempo, as <strong>de</strong>spesas e a formação <strong>de</strong> capital doméstico do sector privado terão <strong>de</strong> suplantar as<br />

<strong>de</strong>spesas do <strong>Governo</strong> como o principal impulsionador do crescimento económico. Esta mudança<br />

na estrutura da economia <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> será facilitada tanto pelo Fundo das Infra-Estruturas<br />

como pelo Fundo do <strong>Desenvolvimento</strong> do Capital Humano.<br />

A transição na estrutura da nossa economia também verá os serviços privados ultrapassar os<br />

serviços públicos, como uma parte do sector <strong>de</strong> serviços.<br />

Estabelecendo metas económicas<br />

A aplicação <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los económicos tem sido levada em conta, no <strong>de</strong>senvolvimento do <strong>Plano</strong><br />

<strong>Estratégico</strong> <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong>, para i<strong>de</strong>ntificar metas macroeconómicas credíveis e exequíveis,<br />

para o futuro crescimento e <strong>de</strong>senvolvimento económico <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>. Os mo<strong>de</strong>los mencionados<br />

usam dados económicos históricos <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, complementados por experiências <strong>de</strong> outros<br />

países com circunstâncias semelhantes.<br />

No entanto, a previsão económica e a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> metas, para períodos plurianuais e <strong>de</strong> multidécadas,<br />

estão sempre sujeitas a incertezas e são vulneráveis a circunstâncias económicas externas,<br />

bem como a acontecimentos nacionais. Como tal, é impossível prever, com certeza, condições<br />

económicas futuras. Os governos têm <strong>de</strong> ser flexíveis e dar resposta a mudanças do ambiente<br />

económico global, bem como a acontecimentos e tendências nacionais. Assim, o cumprimento<br />

das metas do <strong>Plano</strong> <strong>Estratégico</strong> <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> não é garantido, no entanto, as metas não são<br />

irreais, dado o forte <strong>de</strong>sempenho económico <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, ao longo dos últimos quatro anos, e<br />

as tendências dos indicadores na generalida<strong>de</strong> da economia global.<br />

Os mo<strong>de</strong>los económicos são também baseados em <strong>de</strong>terminados pressupostos, sobre as futuras<br />

circunstâncias sociais e económicas, o que irá influenciar a precisão <strong>de</strong> metas futuras. Estas<br />

suposições incluem:<br />

• Haverá, no sector público, uma gestão capaz <strong>de</strong> executar as <strong>de</strong>spesas do orçamento <strong>de</strong><br />

forma eficaz, com uma taxa <strong>de</strong> execução <strong>de</strong> pelo menos 95%.<br />

249


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 6<br />

• A eficiência da <strong>de</strong>spesa do sector público e privado vai melhorar, o que se reflectirá numa<br />

melhoria do índice <strong>de</strong> capital investido (ICORs – Incremental Capital Output Ratios) para<br />

ambos os sectores.<br />

• As taxas <strong>de</strong> inflação permanecerão bem abaixo dos dois dígitos e na faixa dos 4% a 6% a<br />

longo prazo.<br />

• A receita fiscal vai continuar a aumentar, <strong>de</strong>vido ao aumento do investimento no sector<br />

privado e melhorias nas infra-estruturas básicas, produtivida<strong>de</strong> e eficiência <strong>de</strong> todos os<br />

sectores da economia.<br />

• As <strong>de</strong>spesas correntes, inclusive sobre os salários do serviço público, serão pru<strong>de</strong>ntes.<br />

• O <strong>de</strong>senvolvimento extensivo dos recursos humanos irá ocorrer em todos os principais<br />

sectores industriais.<br />

Despesa Pública<br />

O pressuposto principal da aplicação dos mo<strong>de</strong>los, refere-se aos níveis <strong>de</strong> <strong>de</strong>spesa pública e ao<br />

aumento dos gastos previstos para as áreas da educação, saú<strong>de</strong>, segurança alimentar, habitação<br />

e infra-estruturas básicas em todo o território nacional. Os níveis da <strong>de</strong>spesa previstos, <strong>de</strong> acordo<br />

com as receitas alvo, são estabelecidos na tabela 11.<br />

Tabela 11 Metas para as Receitas e Despesas, <strong>de</strong> 2010 a 2030 ($ milhões)<br />

COMPONENTES 2010 2015 2020 2025 2030 Total<br />

2011-2030<br />

TOTAL RECEITAS 907.4 1,356.3 1,445.5 1,754.0 28,138.5<br />

Receitas Domésticas Não 96.4 163.7 324.4 594.0 1,072.4 8,606.1<br />

Petrolíferas<br />

Levantamentos do Fundo do 811.0 1,031.9 851.5 681.6 19,532.4<br />

Petróleo<br />

TOTAL DESPESAS 758.2 1,355.9 1,446.5 1,753.6 28,138.5<br />

Nota: O levantamento extra, <strong>de</strong> 149 milhões <strong>de</strong> dólares americanos, do Fundo Petrolífero em 2010 foi acumulado, como parte do Fundo das Infra-<br />

Estruturas no Orçamento do Estado para 2011]<br />

Fonte: Direcção Nacional <strong>de</strong> Macroeconomia, com excepção dos valores referentes a 2010 que são da Direcção Nacional do Tesouro - Ministério das<br />

Finanças, 2011<br />

A Tabela 11 mostra metas para as receitas não petrolíferas entre, 2010 e 2030 (a figura <strong>de</strong> 2010 é<br />

actual), com base na recuperação <strong>de</strong> uma percentagem conservadora da economia <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong><br />

em crescimento.<br />

250


PED - 2011 - 2030 - CONTEXTO ECONÓMICO E DIRECÇÃO MACROECONÓMICA<br />

O <strong>Governo</strong> segue um cenário <strong>de</strong> antecipação, em que levantamentos superiores ao RSE são<br />

inicialmente mais altos, caindo para zero à medida que as receitas não petrolíferas e o investimento<br />

do sector privado aumentam. De acordo com este cenário, o saldo do Fundo Petrolífero, em 2020,<br />

será <strong>de</strong> 18,3 mil milhões <strong>de</strong> dólares e <strong>de</strong> 22,9 mil milhões <strong>de</strong> dólares em 2030. O RSE em 2030 será<br />

<strong>de</strong> 681,6 milhões <strong>de</strong> dólares (calculado tendo em conta os levantamentos anteriores acima do<br />

RSE).<br />

No entanto, note-se que o <strong>Plano</strong> <strong>Estratégico</strong> <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> não é um documento <strong>de</strong><br />

orçamento. Como observado no <strong>Plano</strong> <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> Nacional <strong>de</strong> 2002: “um plano que é<br />

forçado a ser um orçamento não é um plano, mas um processo <strong>de</strong> dotação”. O plano não compromete<br />

futuros <strong>Governo</strong>s e o Parlamento Nacional a uma dotação orçamental específica em <strong>de</strong>terminado<br />

ano. O mo<strong>de</strong>lo, que foi tido em conta para o <strong>Plano</strong> <strong>Estratégico</strong> <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong>, i<strong>de</strong>ntifica o<br />

âmbito das <strong>de</strong>spesas, necessárias nos próximos 20 anos, para atingir as nossas metas e produzir<br />

um crescimento económico forte, necessário para construir a nossa Nação. A tabela 11 mostra<br />

apenas a or<strong>de</strong>m dos gastos públicos necessários para estimular um crescimento económico <strong>de</strong><br />

dois dígitos, durante a próxima década, e um cenário <strong>de</strong> crescimento mo<strong>de</strong>rado para a década<br />

seguinte. A diferença, com o cenário <strong>de</strong> alto crescimento, é o aumento da receita doméstica, que<br />

irá complementar os levantamentos do Fundo Petrolífero.<br />

Fontes <strong>de</strong> receitas –petrolíferas e não petrolíferas<br />

As principais fontes <strong>de</strong> receita <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> são provenientes da nossa riqueza em recursos como<br />

petróleo e gás natural, assim como dos impostos e taxas do Estado:<br />

Receita <strong>de</strong> impostos – a base da tributação em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> é actualmente pequena, em relação à<br />

contribuição do sector do petróleo e gás. No entanto, com a expansão da economia e do sector<br />

privado, os impostos e outras formas <strong>de</strong> receita doméstica vão continuar a crescer e a contribuir<br />

mais para o financiamento público. Com o <strong>de</strong>senvolvimento da economia, prevê-se que a base<br />

tributária se afastará da concentração actual em receitas alfan<strong>de</strong>gárias e do comércio, para<br />

se concentrar mais na contribuição dos impostos sobre o rendimento e ganhos <strong>de</strong> capital. Isto<br />

permitirá que a reforma tributária seja realizada, para alargar a base <strong>de</strong> tributação e aumentar as<br />

receitas do Estado.<br />

Receitas domésticas não tributárias<br />

Fontes <strong>de</strong> receitas domésticas não fiscais incluem rendimentos provenientes dos organismos<br />

autónomos, tais como a Electricida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> (EDTL). Prevê-se que esta fonte <strong>de</strong> receita<br />

aumente, à medida que o Estado consi<strong>de</strong>ra o estabelecimento <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong>s legais para gerir<br />

instituições ou empresas do Estado numa base mais comercial (ver Capítulo 5 – Quadro Institucional.<br />

Gestão e Boa Governação do Sector Público. Outras receitas domésticas não tributárias incluem<br />

itens como os rendimentos provenientes da venda <strong>de</strong> arroz.<br />

251


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 6<br />

A figura 31 apresenta a composição das receitas do Estado em anos anteriores, ilustrando a forte <strong>de</strong>pendência<br />

actual em receitas <strong>de</strong> petróleo.<br />

Figura 31 Receitas do Estado (incluindo petróleo e gás)<br />

Fonte: processado a partir do Orçamento Geral do Estado <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> para 2010<br />

Receitas do Petróleo e Gás<br />

O principal campo <strong>de</strong> petróleo <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> é o Bayu-Undan na Área Conjunta <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong><br />

Petrolífero (ACDP), que continuará a ser uma fonte <strong>de</strong> receita até 2025. Um campo adicional,<br />

Kitan, contém cerca <strong>de</strong> 34,5 milhões <strong>de</strong> barris <strong>de</strong> petróleo e irá começar a gerar receitas em 2011,<br />

prevendo-se que este campo se esgote em 2017. A receita projectada <strong>de</strong> Bayu-Undan e Kitan<br />

consta na figura 32.<br />

Figure 32 Projecção <strong>de</strong> receitas provenientes <strong>de</strong> Bayu-Undan e Kitan<br />

Fonte: Direcção Nacional do Fundo Petrolífero, Ministério das Finanças<br />

252


PED - 2011 - 2030 - CONTEXTO ECONÓMICO E DIRECÇÃO MACROECONÓMICA<br />

O campo <strong>de</strong> petróleo e gás, Greater Sunrise, contribuirá significativamente com futuros retornos<br />

quando começar a produzir, e existe também o potencial para a <strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong> recursos naturais<br />

futuros. O <strong>de</strong>senvolvimento do Greater Sunrise e <strong>de</strong> potenciais campos adicionais irá conduzir o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento económico do litoral sul.<br />

Os mo<strong>de</strong>los utilizados, para o <strong>Plano</strong> <strong>Estratégico</strong> <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong>, assumem que uma indústria<br />

“downstream” <strong>de</strong> <strong>de</strong>rivados <strong>de</strong> petróleo, incluindo o GPL (Gás <strong>de</strong> Petróleo Liquefeito), petroquímicas,<br />

refinarias, fertilizantes e outros sectores petrolíferos irão adicionar 2,5 mil milhões <strong>de</strong> dólares por<br />

ano à economia doméstica.<br />

Os retornos dos recursos petrolíferos <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> são afectados pelos preços mundiais<br />

do petróleo. Como preços futuros do petróleo são extremamente difíceis <strong>de</strong> prever, é quase<br />

impossível <strong>de</strong>terminar, com um grau elevado <strong>de</strong> precisão, qual a futura receita do nosso Fundo<br />

Petrolífero. Embora as nossas projecções das receitas petrolíferas sejam conservadoras, existe uma<br />

possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> longos períodos <strong>de</strong> preços altos do petróleo, ao longo das próximas duas décadas,<br />

o que aumentaria substancialmente receitas petrolíferas e a nossa capacida<strong>de</strong> orçamental. Períodos<br />

<strong>de</strong> preços elevados <strong>de</strong> petróleo serão conduzidos, em parte, pela crescente procura das economias<br />

emergentes do mundo, como reflectido na figura 33.<br />

Figure 33 Aumento da Procura <strong>de</strong> Energia Primária por Combustível e Região, 2011-2035<br />

Fonte: Direcção Nacional do Fundo Petrolífero, Ministério das Finanças<br />

No futuro, num cenário <strong>de</strong> baixa produção, está previsto que se extraia do campo <strong>de</strong> Bayu-Undan<br />

mais 624 milhões <strong>de</strong> barris <strong>de</strong> petróleo, com os níveis <strong>de</strong> produção a diminuir gradualmente antes<br />

<strong>de</strong> se esgotar em 2025. Com o campo Kitan também próximo <strong>de</strong> iniciar a produção na segunda<br />

parte <strong>de</strong> 2011, as receitas do sector do petróleo são estimadas em 1,99 mil milhões <strong>de</strong> dólares em<br />

2011 e 2,04 mil milhões <strong>de</strong> dólares em 2012.<br />

253


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 6<br />

Em 2015 e 2020, projecta-se que as receitas sejam <strong>de</strong> 1,90 mil milhões <strong>de</strong> dólares e 1,60 mil milhões<br />

<strong>de</strong> dólares, respectivamente. Em estimativas conservadoras, a receita total projectada para a<br />

restante vida <strong>de</strong> Bayu Undan e Kitan é <strong>de</strong> 22 mil milhões <strong>de</strong> dólares. O campo do Greater Sunrise e<br />

outros potenciais <strong>de</strong>scobertas, no futuro, aumentarão substancialmente as nossas estimativas das<br />

receitas do petróleo para as próximas duas décadas.<br />

Subvenções e empréstimos<br />

Para financiar as <strong>de</strong>spesas do Estado, e projectos <strong>de</strong> infra-estruturas em particular, serão consi<strong>de</strong>rados<br />

empréstimos concessionais. Estes po<strong>de</strong>rão oferecer opções favoráveis <strong>de</strong> financiamento público,<br />

para apoiar programas <strong>de</strong> infra-estruturas, tais como a reabilitação <strong>de</strong> estradas e pontes.<br />

No futuro – à medida que o sector financeiro se <strong>de</strong>senvolve e a nossa economia se expan<strong>de</strong> - a<br />

emissão <strong>de</strong> dívida pública também po<strong>de</strong>rá ser consi<strong>de</strong>rada, como uma fonte <strong>de</strong> financiamento<br />

alternativa.<br />

Financiamento privado<br />

Um outro mecanismo <strong>de</strong> financiamento a ser explorado, para financiar o programa <strong>de</strong> infraestruturas<br />

do <strong>Plano</strong> <strong>Estratégico</strong> <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong>, é o das Parcerias Público-Privadas. Num acordo<br />

<strong>de</strong> Parcerias Público-Privadas, não existe recurso imediato ao erário público, pois o financiamento<br />

das infra-estruturas é provi<strong>de</strong>nciado pelo sector privado. No entanto, é normalmente necessário<br />

que o sector público efectue pagamentos regulares e periódicos ao investidor privado. Os<br />

pagamentos ocorrem quando as infra-estruturas estão construídas e a operar em conformida<strong>de</strong><br />

com as condições especificadas no contrato <strong>de</strong> Parceria Público-Privada.<br />

Qualquer Parceria Público-Privada <strong>de</strong>ve proporcionar uma melhor relação qualida<strong>de</strong> / preço para<br />

os projectos, do que se fosse o Estado a fazer. Em alguns casos, as infra-estruturas e os serviços <strong>de</strong><br />

infra-estruturas prestados pelo sector privado po<strong>de</strong>m ser mais eficientes, quando os ganhos, na<br />

eficiência e na gestão especializada, superam os custos mais elevados <strong>de</strong> financiamento incorridos<br />

pelo investidor privado. As Parcerias Público-Privadas também permitirão a expansão do sector<br />

privado em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> e po<strong>de</strong>rão ser consi<strong>de</strong>rados para projectos tais como o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>de</strong> portos e aeroportos.<br />

Despesas dos parceiros <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> tem a sorte <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r contar com uma gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> parceiros <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento generosos, que também irão prestar apoio e assistência financeira, para nos<br />

ajudar a atingir os nossos objectivos <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento. Essa assistência é prestada em todos<br />

as áreas do <strong>Governo</strong> e é uma contribuição significativa para a nossa Nação. A distribuição da<br />

assistência para <strong>de</strong>senvolvimento dos ministérios e organismos do Estado está ilustrada na figura<br />

34.<br />

254


PED - 2011 - 2030 - CONTEXTO ECONÓMICO E DIRECÇÃO MACROECONÓMICA<br />

Figura 34 Afectação do Fundo dos Parceiros <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> em 2010<br />

Fonte: Ministério das Finanças <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, 2010<br />

Em 2010, essa assistência foi dirigida principalmente a seis áreas: saú<strong>de</strong> - 40 milhões <strong>de</strong> dólares<br />

(16%), educação - 38 milhões <strong>de</strong> dólares (15%), justiça - 28 milhões <strong>de</strong> dólares (11%), gestão do<br />

sector público - 27,4 milhões <strong>de</strong> dólares (11%), água e saneamento - 21,2 milhões <strong>de</strong> dólares (8%)<br />

e segurança - 21,0 milhões <strong>de</strong> dólares (8%). Esta distribuição está ilustrada na figura 35.<br />

255


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 6<br />

Figura 35 Figura 35 -Afectação dos Fundos por sector, em 2010<br />

Fonte: Ministério das Finanças <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, 2010<br />

Metas <strong>de</strong> crescimento económico<br />

O mo<strong>de</strong>lo macroeconómico, adoptado na elaboração do <strong>Plano</strong> <strong>Estratégico</strong> <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong>,<br />

é baseado nos pressupostos acima referidos, bem como na expectativa (especialmente no que<br />

se refere à segunda década) <strong>de</strong> que a proporção <strong>de</strong> gastos do <strong>Governo</strong> diminui, à medida que se<br />

expan<strong>de</strong> a activida<strong>de</strong> do sector privado.<br />

O mo<strong>de</strong>lo referido também assume que a produtivida<strong>de</strong> do sector agrícola em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> irá<br />

aumentar; que haverá um crescimento das indústrias e fabrico <strong>de</strong> pequena escala; e que haverá<br />

mais investimento privado no sector do petróleo e gás, em resposta às medidas tomadas através<br />

dos <strong>Plano</strong> <strong>Estratégico</strong> <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong>. Nestas circunstâncias, o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong>fine uma meta <strong>de</strong><br />

crescimento médio anual, em termos reais, <strong>de</strong> 11,3% para 2020 e <strong>de</strong> 8,3% para 2030. As metas <strong>de</strong><br />

crescimento para 2030 constam da figura 36.<br />

O mo<strong>de</strong>lo, para o cenário <strong>de</strong> crescimento mo<strong>de</strong>rado, indica que uma meta po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>finida, para<br />

um aumento do rendimento per capita (incluindo receitas do petróleo) a partir <strong>de</strong> 2,560 milhões<br />

<strong>de</strong> dólares, em 2010, para cerca <strong>de</strong> 6,330 milhões <strong>de</strong> dólares, em 2030, o que significa um aumento<br />

3<br />

médio <strong>de</strong> 4,8% ao ano. Excluindo as receitas petrolíferas, o PIB não-petrolífero per capita po<strong>de</strong>ria<br />

ser direccionado para aumentar <strong>de</strong> 610 dólares, em 2010, para 2,030 <strong>de</strong> dólares, em 2020, e para<br />

5,690 <strong>de</strong> dólares, em 2030. Este nível <strong>de</strong> rendimento colocaria <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> entre a categoria dos<br />

países <strong>de</strong> rendimento médio-baixo em 2014, e na categoria dos países <strong>de</strong> rendimento médio-alto<br />

no ano 2025 e seguintes.<br />

256


PED - 2011 - 2030 - CONTEXTO ECONÓMICO E DIRECÇÃO MACROECONÓMICA<br />

Figura 36 Crescimento do PIB real não petrolífero (2002-2010) e metas para 2011-2030 (percentagem)<br />

3<br />

Fonte: Direcção Nacional <strong>de</strong> Macroeconomia, Ministério das Finanças, 2011<br />

O mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> cenário alternativo produz um resultado <strong>de</strong> crescimento alto, com um crescimento<br />

médio anual <strong>de</strong> 11,2%, para a segunda década do <strong>Plano</strong> <strong>Estratégico</strong> <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong>. Este<br />

cenário <strong>de</strong> crescimento alto assume uma proporção maior <strong>de</strong> investimentos do sector privado e<br />

<strong>de</strong> aumento da produtivida<strong>de</strong>. De acordo com este cenário, o PIB não-petrolífero per capita seria<br />

direccionado para aumentar <strong>de</strong> 610 <strong>de</strong> dólares em 2010 para 7,880 <strong>de</strong> dólares em 2030.<br />

Tendo por base princípios conservadores, o mo<strong>de</strong>lo financeiro não incluí as receitas do Greater<br />

Sunrise. No entanto, quando este campo começar a produzir, irá fornecer uma maior flexibilida<strong>de</strong><br />

orçamental e reduzir significativamente a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> levantamentos do Fundo Petrolífero<br />

acima do RSE.<br />

Ambos os cenários <strong>de</strong> crescimento alto e baixo têm em conta que o crescimento da produtivida<strong>de</strong><br />

da força <strong>de</strong> trabalho em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> não será o i<strong>de</strong>al, no futuro próximo, <strong>de</strong>vido principalmente ao<br />

baixo nível <strong>de</strong> habilitações, educação e experiência da nossa mão-<strong>de</strong>-obra. Com atenção acentuada<br />

no <strong>de</strong>senvolvimento dos recursos humanos adoptado pelo <strong>Plano</strong> <strong>Estratégico</strong> <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong><br />

(ver Capítulo 2 - Educação e Formação), projecta-se que a produtivida<strong>de</strong> média por trabalhador<br />

aumente ao longo do tempo.<br />

Prevê-se que qualquer crescimento mo<strong>de</strong>rado da economia <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> provoque mudanças<br />

na contribuição proporcional dos diferentes sectores para o crescimento económico. Ambos os<br />

cenários <strong>de</strong> baixo e alto crescimento económico apresentam um padrão semelhante que surge<br />

nas parcelas, <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> cada sector principal, até 2030. A figura 37 mostra a mudança <strong>de</strong><br />

direcção da estrutura da economia para os serviços do sector privado, afastando-se da agricultura<br />

e do sector público sob o cenário <strong>de</strong> menor crescimento.<br />

3. Metas per capita são baseadas no perssuposto <strong>de</strong> que a taxa <strong>de</strong> crescimento populacional cai para 0.08 pontos percentuais por ano a partir <strong>de</strong><br />

2010.<br />

257


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 6<br />

Figura 37 Metas <strong>de</strong> partilha <strong>de</strong> produção do PIB não petrolífero, em percentagem do PIB a preços <strong>de</strong> 2000<br />

Fonte: Mo<strong>de</strong>lo executado para o <strong>Plano</strong> <strong>Estratégico</strong> <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong><br />

Metas para o emprego<br />

Estas mudanças estruturais, na nossa economia, também irão fornecer oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

emprego para o nosso povo. No espaço <strong>de</strong> uma década, a nossa força <strong>de</strong> trabalho aumentou<br />

em 35%, <strong>de</strong> 300,000 pessoas em 2001 para 405,000 pessoas em 2010. No entanto, enquanto se<br />

estima que cerca <strong>de</strong> 12,000 a 15,000 novos candidatos a emprego ingressam na força <strong>de</strong> trabalho<br />

anualmente, o sector privado actualmente oferece poucas oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> emprego para essas<br />

pessoas que procuram emprego, a maioria dos quais são jovens. Além disso, a gran<strong>de</strong> maioria dos<br />

<strong>Timor</strong>enses estão actualmente empregados em empregos <strong>de</strong> baixa produtivida<strong>de</strong> na agricultura<br />

<strong>de</strong> subsistência.<br />

À medida que a nossa economia muda e se <strong>de</strong>sloca para sectores agrícola e <strong>de</strong> serviços do sector<br />

privado mais produtivos - e o investimento no nosso sistema <strong>de</strong> educação e formação constrói<br />

uma força <strong>de</strong> trabalho mais qualificada - o povo <strong>Timor</strong>ense irá contribuir <strong>de</strong> maneira crescente<br />

para a nossa economia.<br />

Em particular, está previsto que o crescimento do sector dos serviços crie oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

emprego consi<strong>de</strong>ráveis para as mulheres. À medida que as economias se <strong>de</strong>senvolvem, o sector<br />

<strong>de</strong> serviços ten<strong>de</strong> a expandir-se. Esta situação é ilustrada na tabela 12, que estabelece a taxa<br />

média <strong>de</strong> emprego no sector <strong>de</strong> serviços para países em diferentes etapas <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />

económico, acompanhada por projecções para a mistura do género no sector dos serviços em<br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> até 2030.<br />

258


PED - 2011 - 2030 - CONTEXTO ECONÓMICO E DIRECÇÃO MACROECONÓMICA<br />

Tabela 12<br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong><br />

Varieda<strong>de</strong><strong>de</strong> emprego no sector <strong>de</strong> serviços em vários países e da condição estimada em<br />

Classificação<br />

Varieda<strong>de</strong> da % <strong>de</strong> emprego<br />

no sector <strong>de</strong> serviços<br />

TIMOR-LESTE: emprego actual e<br />

futuro no sector <strong>de</strong> serviços<br />

Homens: % <strong>de</strong> homens MO** Mulheres: % <strong>de</strong> mulheres MO**<br />

LIC* 3 – 60 0 – 65 2010: homens 16% - mulheres 17%<br />

LMIC 20 – 60 15 – 70 2020: homens 30% - mulheres 40%<br />

UMIC 40 – 65 40 – 100 2030: homens 50% - mulheres 70%<br />

HIC 45 – 75 70 – 100<br />

* Países <strong>de</strong> rendimento baixo (LIC), países <strong>de</strong> rendimento médio baixo (LMIC), países <strong>de</strong> rendimento médio (UMIC) e países <strong>de</strong> rendimento alto (HIC)<br />

** Mão-<strong>de</strong>-Obra / Fonte: Mo<strong>de</strong>lo criado para o <strong>Plano</strong> <strong>Estratégico</strong> <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong><br />

No entanto, é esperado que a mistura <strong>de</strong> género seja mais equilibrada em relação ao emprego no sector<br />

industrial em crescimento, tal como estabelecido na tabela 13.<br />

Tabela 13 Varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> emprego no sector da indústria em vários países e condição estimada em<br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong><br />

Classificação Varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> % <strong>de</strong> emprego no sector da industria TIMOR-LESTE: emprego actual e<br />

futuro no sector <strong>de</strong> serviços<br />

Homens: % <strong>de</strong> homens MO** Mulheres: % <strong>de</strong> mulheres MO **<br />

LIC* 5% – 5% 5% – 15% 2010:homens 16% - mulheres 17%<br />

LMIC 15% – 15% 7.5% – 30% 2020: homens 25% - mulheres 20%<br />

UMIC 20% – 20% 10% – 25% 2030: homens 35% - mulheres 20%<br />

HIC 25% – 25% 7.5% – 20%<br />

* Países <strong>de</strong> rendimento baixo (LIC), países <strong>de</strong> rendimento médio baixo (LMIC), países <strong>de</strong> rendimento médio (UMIC) e países <strong>de</strong> rendimento alto (HIC)<br />

** Mão-<strong>de</strong>-Obra / Fonte: Mo<strong>de</strong>lo criado para o <strong>Plano</strong> <strong>Estratégico</strong> <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong><br />

A experiência <strong>de</strong> outros países indica que o nível <strong>de</strong> emprego precário também diminui, à medida<br />

que os países se tornam mais fortes economicamente. Os trabalhadores em situação precária<br />

incluem os que trabalham por conta própria ou os que contribuem para as suas famílias e aqueles<br />

que não têm um salário mensal garantido e baixo nível <strong>de</strong> segurança no emprego. O <strong>Plano</strong><br />

<strong>Estratégico</strong> <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> também prevê que o nível <strong>de</strong> emprego precário em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong><br />

reduza dos níveis actuais <strong>de</strong> 78,5% para as mulheres e 65,9% para homens em 2020, para 40% em<br />

2020 e 25% em 2030, para ambos os sexos.<br />

259


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 6<br />

Estas reduções substanciais no nível <strong>de</strong> empregos precários será uma importante contribuição<br />

para atingir a nossa visão <strong>de</strong> erradicar a pobreza extrema em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> até 2030.<br />

ORIENTAÇÕES MACROECONÓMICAS E O PLANO ESTRATÉGICO DE DESENVOLVIMENTO<br />

O <strong>Plano</strong> <strong>Estratégico</strong> <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> irá influenciar a orientação geral da futura política fiscal e<br />

económica em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>. Em particular, o plano inclui estratégias e acções <strong>de</strong>stinadas a alcançar<br />

a nossa visão económica, e reestruturar e diversificar a nossa economia, conforme <strong>de</strong>scrito na<br />

tabela 14.<br />

Tabela 14 Apoio do <strong>Plano</strong> <strong>Estratégico</strong> <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> para as orientações macroeconómicas<br />

VISÃO ECONÓMICA EM 2030 CAPÍTULO DO PED ÁREA DE ACÇÃO<br />

Investimento em infraestruturas<br />

básicas<br />

Capítulo 3 – <strong>Desenvolvimento</strong> <strong>de</strong><br />

Infra-estruturas<br />

Estradas e pontes<br />

Água e saneamento<br />

Electricida<strong>de</strong><br />

Telecomunicações<br />

Bloqueios removidos<br />

Capítulo 3 – <strong>Desenvolvimento</strong> <strong>de</strong><br />

Infra-estruturas<br />

Portos marítimos<br />

Aeroportos<br />

Penetração <strong>de</strong> banda larga Capítulo 3 – <strong>Desenvolvimento</strong> <strong>de</strong> Telecomunicações<br />

Infra-estruturas<br />

Economia <strong>de</strong> mercado e sector Capítulo 4 – <strong>Desenvolvimento</strong> da Telecomunicações<br />

privado forte<br />

Economia<br />

Reforma do sector agrícola Capítulo 4 – <strong>Desenvolvimento</strong><br />

económico<br />

<strong>Desenvolvimento</strong> rural<br />

Agricultura<br />

Auto-suficiência alimentar Capítulo 4 – <strong>Desenvolvimento</strong> Agricultura<br />

económico<br />

Indústria <strong>de</strong> base apoiada pelo Capítulo 2 – Capital Social<br />

Petróleo<br />

sector petrolífero<br />

Parte 4 – <strong>Desenvolvimento</strong><br />

Económico<br />

Indústrias pequenas Capítulo 2 – Capital Social Cultura e Património<br />

Direcções da política<br />

económica<br />

Pequenos e micro negócios Capítulo 4 – <strong>Desenvolvimento</strong><br />

económico<br />

Agricultura Direcções da<br />

política económica<br />

Sector do turismo próspero Capítulo 4 – <strong>Desenvolvimento</strong> Turismo<br />

económico<br />

Mão-<strong>de</strong>-obra educada e com<br />

habilitações<br />

Capítulo 2 – Capital social<br />

Educação e Formação<br />

260


PED - 2011 - 2030 - CONTEXTO ECONÓMICO E DIRECÇÃO MACROECONÓMICA<br />

261


SDP 2011-2013 PART 1: INTRODUCTION<br />

CAPÍTULO<br />

7CONCLUSÃO E ETAPAS DO<br />

PLANO ESTRATÉGICO DE<br />

DESENVOLVIMENTO<br />

O <strong>Plano</strong> <strong>Estratégico</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>Desenvolvimento</strong>, para<br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, estabelece<br />

uma visão e acções que nos<br />

guiarão no <strong>de</strong>senvolvimento<br />

até 2030.


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 7<br />

CAPÍTULO 7 CONCLUSÃO E<br />

E T A P A S D O P L A N O<br />

ESTRATÉGICO DE<br />

D E S E N V O L V I M E N T O<br />

O <strong>Plano</strong> <strong>Estratégico</strong> <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> estabelece uma visão e acções que nos guiarão no<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> até 2030. É um plano abrangente que prece<strong>de</strong> uma consulta<br />

extensa e o trabalho do nosso Povo. Baseia-se no progresso notável que temos feito, enquanto<br />

Nação, no processo <strong>de</strong> estabelecimento da paz e da construção do Estado.<br />

O <strong>Plano</strong> <strong>Estratégico</strong> <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> assenta no objectivo <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> se tornar uma<br />

Nação com uma população instruída e qualificada, com cuidados <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, boas<br />

infra-estruturas, um sector privado forte a operar numa economia diversificada e uma socieda<strong>de</strong><br />

próspera com rendimentos, alimentos e abrigos a<strong>de</strong>quados para todos.<br />

À medida que continuamos a construir a nossa jovem Nação, é preciso garantir que o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento e estrutura da nossa economia acompanham o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>,<br />

enquanto uma <strong>de</strong>mocracia estável, e que ao nosso Povo sejam dadas todas as oportunida<strong>de</strong>s<br />

para melhorar a sua vida e o bem-estar, através da adopção <strong>de</strong> novas oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> educação,<br />

emprego e <strong>de</strong> negócios.<br />

O <strong>Plano</strong> <strong>Estratégico</strong> <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> é um conjunto integrado <strong>de</strong> políticas<br />

estratégicas, para serem implementadas a curto prazo (1 a 5 anos), a médio prazo (5 a 10 anos) e<br />

a longo prazo (10 a 20 anos). A figura 38 mostra as etapas do <strong>Plano</strong> até 2030.<br />

As principais acções e metas para cada uma das três etapas estão <strong>de</strong>finidas na tabela 16. Esta<br />

tabela não é uma lista exaustiva das acções a serem tomadas, <strong>de</strong> acordo com o <strong>Plano</strong> <strong>Estratégico</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong>, mas fornece um resumo útil sobre a direcção a seguir e as metas a atingir.<br />

O <strong>Plano</strong> <strong>Estratégico</strong> <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> estabelece o que precisa <strong>de</strong> ser feito, para alcançar a<br />

visão colectiva do Povo timorense, <strong>de</strong> uma Nação pacífica e próspera em 2030.<br />

O <strong>Plano</strong> apresenta uma estrutura para i<strong>de</strong>ntificar e avaliar as priorida<strong>de</strong>s e um guia para a<br />

implementação <strong>de</strong> estratégias e acções recomendadas. No entanto, o sucesso da implementação<br />

do <strong>Plano</strong> exigirá a participação, a boa vonta<strong>de</strong> e a <strong>de</strong>terminação do Povo timorense.<br />

Temos <strong>de</strong> juntar os nossos verda<strong>de</strong>iros pontos fortes - a tenacida<strong>de</strong>, o engenho e a <strong>de</strong>terminação,<br />

<strong>de</strong> modo a fortalecer a nossa Nação. O nosso Povo tem uma história <strong>de</strong> conquistas, face a<br />

gran<strong>de</strong>s dificulda<strong>de</strong>s e em circunstâncias em que nos disseram que não teríamos sucesso.<br />

A libertação do nosso Povo e a obtenção da nossa soberania, necessitou <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminação<br />

contínua e gran<strong>de</strong> sacrifício.<br />

264


PED - 2011 - 2030 - CONCLUSÃO E ETAPAS DO PED<br />

Hoje, enfrentamos um novo <strong>de</strong>safio para <strong>de</strong>senvolver a Nação, que tanto lutámos para obter. Com<br />

os mesmos valores e compromisso que trouxemos para a nossa luta pela In<strong>de</strong>pendência, e num<br />

espírito <strong>de</strong> solidarieda<strong>de</strong> renovado, temos que trabalhar juntos para alcançar os nossos sonhos. Esta<br />

nova luta será difícil. É fácil i<strong>de</strong>ntificar simplesmente os problemas e criticar planos <strong>de</strong> mudança. O<br />

caminho mais corajoso é reconhecer os nossos pontos fortes, <strong>de</strong>senvolver os sucessos alcançados e<br />

trabalhar juntos por um país melhor e um futuro melhor para o nosso Povo.<br />

Figura 38 Etapas do <strong>Plano</strong> <strong>Estratégico</strong> <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong><br />

2002<br />

2010<br />

Visão Nacional<br />

2020<br />

1<br />

PDN<br />

(2002-2007)<br />

2 3<br />

PN/PAA<br />

PLANO ESTRATÉGICO DE DESENVOLVIMENTO 2011 - 2030<br />

DocUMENTOS PLANEADOS:<br />

• <strong>Plano</strong>s Sectoriais<br />

• <strong>Plano</strong>s <strong>de</strong> Acção Anuais<br />

• Orçamento Anual<br />

<strong>Plano</strong> <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> a<br />

Curto Prazo (2011-2015)<br />

<strong>Plano</strong> <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> a<br />

Médio Prazo (2016-2020)<br />

<strong>Plano</strong> <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> a<br />

Longo Prazo (2021-2030)<br />

CeNÁRIO I<br />

• <strong>Desenvolvimento</strong> <strong>de</strong><br />

Recursos Humanos<br />

• Industrias Estrategicas<br />

• Infra-Estruturas<br />

CeNÁRIO II<br />

• Infra-Estrutura<br />

• Reforço dos Recursos<br />

Humanos<br />

• Formações <strong>de</strong> Mercados<br />

CeNÁRIO III<br />

• Irradicarção da Pobreza<br />

Extrema<br />

• Reforco do Sector Privado<br />

• Diversificação do sector<br />

não-petrolífero<br />

1 - PDN- <strong>Plano</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> Nacional<br />

2 - PN- Priorida<strong>de</strong>s Nacionais<br />

3- PAA - <strong>Plano</strong>s <strong>de</strong> Acção Anual<br />

265


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 7<br />

Tabela 15 Sumário das estratégias, acções e metas do <strong>Plano</strong> <strong>Estratégico</strong> <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong><br />

2015 (Curto Prazo) 2016-2020 (Médio Prazo) 2021-2030 (Longo Prazo)<br />

[CAPÍTULO 2] CAPITAL SOCIAL<br />

Pelo menos meta<strong>de</strong> <strong>de</strong> todas as<br />

crianças timorenses, meninos<br />

EDUCAÇÃO E<br />

e meninas, entre os três e os<br />

FORMAÇÃO<br />

cinco anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, estarão<br />

matriculados e a receber<br />

Em 2030, o Povo <strong>de</strong><br />

uma educação pré-escolar <strong>de</strong><br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> será qualida<strong>de</strong><br />

mais instruído e<br />

Terá sido <strong>de</strong>senvolvido um novo<br />

bem informado, com<br />

currículo nacional para o ensino<br />

longa esperança <strong>de</strong> pré-primário, com programas<br />

vida e produtiva, <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> professores<br />

e terá acesso a e manuais <strong>de</strong> aprendizagem<br />

uma educação <strong>de</strong> aprovados<br />

qualida<strong>de</strong> que lhe Uma educação básica <strong>de</strong><br />

permita participar qualida<strong>de</strong> estará disponível a 93%<br />

no <strong>de</strong>senvolvimento<br />

das crianças timorenses.<br />

económico, social Haverá uma mudança <strong>de</strong><br />

e político da nossa paradigma na qualida<strong>de</strong> e<br />

Nação.<br />

relevância do ensino secundário,<br />

permitindo aos alunos adquirir<br />

as competências práticas para<br />

obterem emprego ou apren<strong>de</strong>r<br />

o conhecimento científicohumanístico<br />

<strong>de</strong> base necessário<br />

para continuar os seus estudos no<br />

ensino superior.<br />

O analfabetismo em todas as<br />

faixas etárias da população terá<br />

sido reduzido e a introdução<br />

do Programa Nacional <strong>de</strong><br />

Equivalências terá sido concluída,<br />

permitindo a conclusão acelerada<br />

da educação básica para todos os<br />

diplomados do ensino recorrente.<br />

Terá sido <strong>de</strong>senvolvido um <strong>Plano</strong><br />

Técnico e Vocacional <strong>de</strong> Educação<br />

e Formação<br />

Terá sido <strong>de</strong>senvolvida e<br />

implementada uma política <strong>de</strong><br />

inclusão social na educação<br />

A UNTL terá sido alargada a sete<br />

faculda<strong>de</strong>s<br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> terá um sistema<br />

<strong>de</strong> ensino superior integrado e<br />

abrangente<br />

O novo sistema nacional <strong>de</strong><br />

normas, registo e habilitações<br />

estará alargada a todos os distritos<br />

Terá sido implementado um<br />

acordo nacional <strong>de</strong> formação,<br />

viabilizando novas oportunida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> formação em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong><br />

Estará em vigor uma Política<br />

Nacional do Trabalho, garantindo<br />

que as empresas nacionais<br />

e internacionais facultam<br />

oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> formação<br />

Terá sido feito um investimento<br />

significativo na construção<br />

<strong>de</strong> centros <strong>de</strong> formação e no<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> recursos<br />

humanos no sector da formação<br />

profissional<br />

Será estabelecido um Centro <strong>de</strong><br />

Emprego e Orientação Profissional<br />

em cada distrito para prestar<br />

conselhos e serviços sobre<br />

emprego<br />

O sistema <strong>de</strong> educação e <strong>de</strong><br />

formação profissional estará a<br />

formar os recursos humanos<br />

qualificados que <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong><br />

necessita para continuar a<br />

construção da nossa Nação.<br />

Serão estabelecidas medidas<br />

abrangentes para garantir<br />

o direito á educação por<br />

parte <strong>de</strong> grupos socialmente<br />

marginalizados e para permitir<br />

a igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> ensino in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente<br />

.da etnia, formação linguística,<br />

condição socioeconómica,<br />

religião, género, saú<strong>de</strong> (VIH),<br />

<strong>de</strong>ficiência ou localização (urbana<br />

/ rural)<br />

Todas as crianças, dos 442<br />

sucos no país, terão acesso a<br />

instalações pré-escolares <strong>de</strong> boa<br />

qualida<strong>de</strong> localizadas a uma<br />

distância razoavelmente curta<br />

das suas casas<br />

Todas as crianças concluirão<br />

com êxito um curso completo <strong>de</strong><br />

educação básica <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>,<br />

<strong>de</strong> modo a progredirem para o<br />

ensino secundário<br />

Todas as crianças terão a<br />

oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> completar<br />

um ciclo completo <strong>de</strong> ensino<br />

secundário <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong><br />

Pessoas que completem o<br />

sistema <strong>de</strong> educação superior<br />

terão os conhecimentos e as<br />

habilitações necessárias para<br />

analisar, projectar, construir e<br />

manter as infra-estruturas sociais<br />

e económicas <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong><br />

Todas as pessoas que estejam<br />

acima da ida<strong>de</strong> escolar normal<br />

ou que não tenham frequentado<br />

a escola terão a oportunida<strong>de</strong><br />

e acesso para completar tanto<br />

a educação básica como a<br />

secundária<br />

266


PED - 2011 - 2030 - CONCLUSÃO E ETAPAS DO PED<br />

2015 (Curto Prazo) 2016-2020 (Médio Prazo) 2021-2030 (Longo Prazo)<br />

[CAPÍTULO 2] CAPITAL SOCIAL<br />

Sucos com uma população entre 1.500<br />

e 2.000 pessoas, localizados em áreas<br />

SAÚDE<br />

muito remotas, serão servidos <strong>de</strong> Postos<br />

<strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> que entregarão um conjunto<br />

Em 2030, <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong><br />

<strong>de</strong> serviços abrangentes<br />

terá uma população<br />

mais saudável,<br />

A prestação <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> por<br />

privados e por associações sem fins<br />

resultado <strong>de</strong> um<br />

lucrativos será totalmente regulada e<br />

serviço <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />

estará em conformida<strong>de</strong> com o sistema<br />

abrangente e <strong>de</strong> público <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />

gran<strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>,<br />

70% das mulheres grávidas receberão<br />

acessível a todos<br />

cuidados pré-natais pelo menos quatro<br />

os <strong>Timor</strong>enses. Por vezes e 65% das mulheres terão um<br />

sua vez, terá sido parto assistido<br />

reduzida a pobreza, 90% das crianças serão imunizadas<br />

terão sido elevados os contra a poliomielite, sarampo,<br />

níveis <strong>de</strong> rendimento tuberculose, difteria e hepatite B<br />

e melhorado a<br />

Haverá uma maior sensibilização sobre o<br />

produtivida<strong>de</strong><br />

HIV / SIDA, tuberculose, malária e outras<br />

nacional.<br />

doenças transmitidas por vectores<br />

80% dos surtos <strong>de</strong> malária serão<br />

controladas<br />

Todos os Postos <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> terão pelo<br />

menos um médico, dois enfermeiros e<br />

duas parteiras<br />

Haverá um Posto <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> para cada<br />

1,000 a 5,000 pessoas<br />

Os Centros <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> dos sub-distritos<br />

prestarão cuidados saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> 5.000<br />

a 15.000 pessoas e farão a gestão <strong>de</strong><br />

cerca <strong>de</strong> quatro Postos <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong><br />

Al<strong>de</strong>ias a mais <strong>de</strong> uma hora <strong>de</strong><br />

distância a pé <strong>de</strong> um Posto <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong><br />

terão uma parteira local na al<strong>de</strong>ia ou<br />

um técnico <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> comunitário,<br />

que tenha sido treinado pelo<br />

Ministério da Saú<strong>de</strong><br />

Serviços <strong>de</strong> cuidados paliativos,<br />

renais e cardíacos estarão disponíveis<br />

no Hospital Nacional <strong>de</strong> Díli<br />

54 Centros <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> estarão<br />

localizados em distritos que não<br />

tenham hospitais<br />

Haverá hospitais distritais em todos<br />

os 13 distritos<br />

Haverá um hospital com várias<br />

especialida<strong>de</strong>s em Díli<br />

100% das instalações hospitalares<br />

estarão completamente equipadas<br />

e com funcionários preparados<br />

para a gestão <strong>de</strong> doenças crónicas<br />

100% dos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> serão<br />

prestados em infra-estruturas<br />

funcionais, seguras, amigas do<br />

ambiente e sustentáveis<br />

Haverá serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />

abrangentes e <strong>de</strong> gran<strong>de</strong><br />

qualida<strong>de</strong>, acessíveis a todos os<br />

<strong>Timor</strong>enses<br />

90% dos edifícios do Ministério da Saú<strong>de</strong><br />

terão acesso a electricida<strong>de</strong>, água e<br />

saneamento básico<br />

A priorida<strong>de</strong> mudará dos serviços <strong>de</strong><br />

saú<strong>de</strong> primários para a prestação <strong>de</strong><br />

cuidados <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> especializados<br />

[CAPÍTULO 2] CAPITAL SOCIAL<br />

INCLUSÃO SOCIAL<br />

Em 2030, <strong>Timor</strong>-<br />

<strong>Leste</strong> será uma<br />

Nação forte, coesa e<br />

progressiva, on<strong>de</strong> os<br />

direitos e interesses<br />

dos seus cidadãos<br />

mais vulneráveis são<br />

Um sistema <strong>de</strong> segurança social<br />

contributivo estará estabelecido garantindo<br />

uma pensão a todos os trabalhadores<br />

<strong>Timor</strong>enses<br />

A Lei sobre Cuidados e Adopção <strong>de</strong> Órfãos<br />

estará em vigor, juntamente com outras<br />

medidas <strong>de</strong> apoio a crianças vulneráveis<br />

Mais 40% das crianças portadoras <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>ficiência frequentará a educação básica<br />

A proporção <strong>de</strong> mulheres na função<br />

pública e no Parlamento Nacional<br />

terá atingido pelo menos um terço<br />

75% das raparigas completarão o<br />

ensino básico com sucesso<br />

O Estado continuará a alargar os<br />

programas e projectos que apoiam e<br />

honram os nossos veteranos e as suas<br />

famílias<br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> será uma socieda<strong>de</strong><br />

justa em termos <strong>de</strong> género, on<strong>de</strong> a<br />

dignida<strong>de</strong> humana e os direitos das<br />

mulheres são valorizados, protegidos<br />

e promovidos pela nossa lei e cultura.<br />

protegidos.<br />

Terá sido <strong>de</strong>senvolvido um conjunto<br />

<strong>de</strong> benefícios sociais para as famílias<br />

vulneráveis<br />

Um programa, do Estado, abrangente<br />

e <strong>de</strong> apoio continuará a assegurar que<br />

os veteranos vivem com dignida<strong>de</strong> e<br />

segurança económica, e que os seus filhos<br />

têm a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> terem sucesso na<br />

A pesquisa extensa sobre a História<br />

da luta pela libertação nacional será<br />

preservada e celebrada pelo nosso<br />

Povo<br />

O Centro Nacional da Juventu<strong>de</strong> terá<br />

sido construído em Díli e os Centros<br />

<strong>de</strong> Juventu<strong>de</strong> Polivalentes estarão<br />

operacionais nas áreas rurais<br />

Nação que os seus pais lutaram para libertar<br />

Será incorporado um curriculum “sensível à<br />

igualda<strong>de</strong> do género” em todos os níveis do<br />

sistema <strong>de</strong> educação <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong><br />

Terá sido estabelecido um Fundo Nacional<br />

da Juventu<strong>de</strong> que provi<strong>de</strong>nciará apoio a<br />

projectos que suportem os jovens e o seu<br />

<strong>de</strong>senvolvimento<br />

267


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 7<br />

[CAPÍTULO 2] CAPITAL SOCIAL<br />

2015 (Curto Prazo) 2016-2020 (Médio Prazo) 2021-2030 (Longo Prazo)<br />

MEIO AMBIENTE<br />

Em 2030, terá sido<br />

restaurado o forte<br />

vínculo entre povo<br />

<strong>Timor</strong>ense, o meio<br />

ambiente. Os nossos<br />

recursos naturais e o<br />

meio ambiente serão<br />

geridos <strong>de</strong> forma<br />

sustentável para<br />

benefício <strong>de</strong> todos.<br />

A Lei <strong>de</strong> Bases do Ambiente será o quadro legal para a<br />

protecção e conservação do meio ambiente<br />

A Autorida<strong>de</strong> Nacional Designada para os mecanismos<br />

do Protocolo <strong>de</strong> Quioto e o Centro Nacional para<br />

Mudanças Climáticas estarão operacionais<br />

Viveiros comunitários plantarão um milhão <strong>de</strong> árvores<br />

por ano em todo o país<br />

A Lei Nacional da Biodiversida<strong>de</strong> e a Lei <strong>de</strong><br />

Conservação da Fauna protegerão e conservarão a<br />

biodiversida<strong>de</strong> em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong><br />

Os regulamentos sobre ar, ruído, poluição do solo e<br />

emissões <strong>de</strong> gases por veículos estarão em vigor<br />

70% dos Programas<br />

Nacionais <strong>de</strong> Acção para<br />

Adaptação, no âmbito<br />

da Convenção Quadro<br />

das Nações Unidas sobre<br />

Mudança Climáticas, terão<br />

sido implementados<br />

Nenhuma família em Díli<br />

precisará <strong>de</strong> cozinhar com<br />

lenha<br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> terá uma<br />

re<strong>de</strong> alargada <strong>de</strong> parques<br />

nacionais terrestres e<br />

marinhos que protejam<br />

amostras representativas da<br />

nossa biodiversida<strong>de</strong><br />

Haverá um aumento da sensibilização pública para a<br />

protecção ambiental<br />

[CAPÍTULO 2] CAPITAL SOCIAL<br />

CULTURA E<br />

PATRIMÓNIO<br />

Em 2030, <strong>Timor</strong>-<br />

<strong>Leste</strong> terá um<br />

sector <strong>de</strong> indústrias<br />

criativas vibrante,<br />

que contribuirão<br />

significativamente<br />

para a nossa economia<br />

e o nosso sentido <strong>de</strong><br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> nacional.<br />

O Museu e Centro Cultural <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> e a<br />

Biblioteca Nacional e o Arquivo <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> estarão<br />

operacionais<br />

Os Centros Culturais Regionais estarão localizados em<br />

Baucau, Oe-Cusse Ambeno, Ainaro, Maliana e Ataúro<br />

Haverá um programa regular <strong>de</strong> cinemas ao ar livre<br />

em vários locais em Díli e cada distrito terá acesso a<br />

cinemas itinerantes pelo menos uma vez por mês<br />

A Aca<strong>de</strong>mia Nacional para as Artes Criativas estará<br />

operacional<br />

Haverá alojamento apropriado nos sucos espalhados<br />

pelo país para Turismo Cultural.<br />

A Companhia Nacional<br />

<strong>de</strong> Teatro e Dança será<br />

estabelecida e realizará<br />

espectáculos regulares nas<br />

regiões<br />

Será leccionada uma<br />

licenciatura em Arquitectura<br />

na Universida<strong>de</strong> Nacional<br />

Centros Culturais Regionais<br />

estarão localizados nos 13<br />

Distritos.<br />

Cerca <strong>de</strong> 5% dos empregos<br />

em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> estarão no<br />

sector das indústrias criativas<br />

[CAPÍTULO 3] DESENVOLVIMENTO DAS INFRA-ESTRUTURAS<br />

ESTRADAS E PONTES<br />

Uma extensa e<br />

bem conservada<br />

re<strong>de</strong> <strong>de</strong> estradas <strong>de</strong><br />

qualida<strong>de</strong> ligarão as<br />

nossas comunida<strong>de</strong>s,<br />

promovendo o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento<br />

rural, a indústria e<br />

o turismo e darão<br />

acesso aos mercados.<br />

A ligação rodoviária <strong>de</strong> Díli-Manatuto-Baucau terá sido<br />

totalmente mo<strong>de</strong>rnizada e ampliada <strong>de</strong> acordo com<br />

padrões internacionais<br />

A ligação rodoviária <strong>de</strong> Manatuto-Natarbora terá sido<br />

totalmente actualizado e ampliado <strong>de</strong> acordo com os<br />

padrões internacionais<br />

A ligação rodoviária <strong>de</strong> Díli-Liquiça-Bobonaro estará<br />

totalmente reabilitada<br />

As ligações rodoviárias <strong>de</strong> Pante Makassar – Oesilo<br />

| Pante Makassar – Citrana |Oesilo – Tumin estarão<br />

completadas<br />

Todas as estradas rurais terão sido reabilitadas por<br />

empresas locais<br />

Serão realizados anualmente Estudos <strong>de</strong><br />

monitorização da condição das estradas em todas as<br />

estradas melhoradas para <strong>de</strong>terminar as necessida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> manutenção<br />

Todas as estradas nacionais<br />

e regionais terão sido<br />

totalmente reabilitadas <strong>de</strong><br />

acordo com os padrões<br />

internacionais<br />

O projecto <strong>de</strong> reabilitação<br />

<strong>de</strong> Díli - Aileu – Maubisse -<br />

Aituto – Ainaro – Cassa terá<br />

sido completado<br />

O projecto <strong>de</strong> reabilitação<br />

<strong>de</strong> Suai – Cassa – Hatu Udo<br />

–Betano – Natarbora –<br />

Viqueque –Beaço terá sido<br />

completado<br />

A Circular Rodoviária Nacional<br />

estará concluída<br />

Terão sido construídas pontes<br />

novas para proporcionar<br />

o acesso a todos os eixos<br />

rodoviários nacionais e<br />

distritais, em quaisquer<br />

condições meteorológicas<br />

O plano para uma Circular Rodoviária Nacional terá<br />

sido concluído<br />

268


PED - 2011 - 2030 - CONCLUSÃO E ETAPAS DO PED<br />

2015 (Curto Prazo) 2016-2020 (Médio Prazo) 2021-2030 (Longo Prazo)<br />

[CAPÍTULO 3] DESENVOLVIMENTO DAS INFRA-ESTRUTURAS<br />

ÁGUA E<br />

SANEAMENTO<br />

Até 2030, todos os<br />

cidadãos em <strong>Timor</strong>-<br />

<strong>Leste</strong> terão acesso<br />

a água potável e<br />

saneamento básico.<br />

O Objectivo <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> do<br />

Milénio que <strong>de</strong>fine 75% da população<br />

rural <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> com acesso a água<br />

potável, fiável e sustentável, terá sido<br />

ultrapassado<br />

Haverá instalações sanitárias melhoradas<br />

disponíveis em 60% das áreas urbanas<br />

distritais<br />

Todas as casas com a possibilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> terem casas <strong>de</strong> banho ligadas<br />

ao sistema <strong>de</strong> esgotos existente em<br />

Díli serão conectadas e outras casas<br />

terão fossas sépticas ou o acesso a<br />

instalações sanitárias comunitárias<br />

Todas as escolas públicas estarão<br />

ligadas a água potável canalizada<br />

Todos os sub-distritos terão<br />

aperfeiçoado os seus sistemas <strong>de</strong><br />

drenagem<br />

Todos os distritos e sub-distritos terão<br />

sistemas <strong>de</strong> esgotos a<strong>de</strong>quados<br />

A melhoria da operação e manutenção<br />

do sistema <strong>de</strong> drenagem <strong>de</strong> Díli resultará<br />

numa cida<strong>de</strong> mais limpa e na redução <strong>de</strong><br />

inundações<br />

Haverá infra-estruturas sustentáveis e<br />

apropriadas, <strong>de</strong>vidamente operadas e<br />

mantidas, para a recolha, tratamento<br />

e eliminação <strong>de</strong> esgotos em Díli<br />

A Drenagem será melhorada nos 13<br />

Distritos<br />

[CAPÍTULO 3] DESENVOLVIMENTO DAS INFRA-ESTRUTURAS<br />

ELECTRICIDADE<br />

O acesso à energia<br />

eléctrica é um direito<br />

básico e a base<br />

para nosso futuro<br />

económico. Até 2015<br />

todos em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong><br />

terão acesso a energia<br />

eléctrica fiável 24<br />

horas por dia.<br />

Todos em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> terão acesso a<br />

energia eléctrica fiável 24 horas por dia.<br />

Duas novas centrais eléctricas terão<br />

sido construídas em Hera e Betano,<br />

fornecendo 250 MW <strong>de</strong> electricida<strong>de</strong><br />

para apoiar o <strong>de</strong>senvolvimento social e<br />

económico em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong><br />

Estará em vigor um novo mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong><br />

gestão para o sector da energia eléctrica<br />

<strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, baseado em melhores<br />

práticas internacionais<br />

Pelo menos meta<strong>de</strong> das necessida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> energia <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> será<br />

fornecida por fontes renováveis <strong>de</strong><br />

energia<br />

Aproximadamente 100,000 famílias<br />

terão acesso electricida<strong>de</strong> fornecida<br />

por energia solar<br />

Todos os lares em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> terão<br />

acesso à energia eléctrica, quer pela<br />

expansão convencional do sistema<br />

eléctrico ou através da utilização <strong>de</strong><br />

energia renovável<br />

Estará construído o Parque Eólico <strong>de</strong><br />

Lariguto<br />

Um Centro Solar estará estabelecido em<br />

Díli<br />

Terão sido realizados Estudos <strong>de</strong><br />

Viabilida<strong>de</strong> sobre as perspectivas a<br />

longo prazo <strong>de</strong> atrair instalações <strong>de</strong><br />

processamento <strong>de</strong> gás para <strong>Timor</strong>-<br />

<strong>Leste</strong>; sobre o potencial <strong>de</strong> centrais<br />

mini-hídricas em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, e sobre<br />

a viabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> uma<br />

central termoeléctrica para gerar<br />

energia eléctrica a partir dos resíduos<br />

domésticos e industriais <strong>de</strong> Díli<br />

269


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 7<br />

[CAPÍTULO 3] DESENVOLVIMENTO DAS INFRA-ESTRUTURAS<br />

2015 (Curto Prazo) 2016-2020 (Médio Prazo) 2021-2030 (Longo Prazo)<br />

PORTOS MARÍTIMOS<br />

Os novos portos marítimos são uma<br />

priorida<strong>de</strong> nacional para apoiar a nossa<br />

economia em crescimento e respon<strong>de</strong>r<br />

às exigências futuras da indústria e<br />

transporte marítimo.<br />

O novo Porto marítimo do Suai<br />

estará operacional<br />

As instalações portuárias em<br />

Com, Ataúro, Vemasse e Oe-Cusse<br />

Ambeno terão sido melhoradas<br />

Terá começado a construção do<br />

novo porto em Tibar<br />

O novo porto em Tibar estará a<br />

operar eficientemente como o<br />

Porto principal <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong><br />

Terão sido <strong>de</strong>senvolvidas as<br />

instalações portuárias em<br />

Kairabela e na costa Sul junto a<br />

Beaço<br />

[CAPÍTULO 3] DESENVOLVIMENTO DAS INFRA-ESTRUTURAS<br />

AEROPORTOS<br />

Para respon<strong>de</strong>r a exigências futuras <strong>de</strong><br />

tráfego aéreo e impulsionar sectores<br />

industriais-chave, iremos expandir<br />

o nosso aeroporto internacional e<br />

construir uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> aeroportos<br />

distritais.<br />

O <strong>Plano</strong> para o Aeroporto<br />

Internacional Presi<strong>de</strong>nte Nicolau<br />

Lobato já estará concluído,<br />

incluindo as instalações do novo<br />

terminal e uma pista mais extensa<br />

Os aeroportos distritais <strong>de</strong><br />

Maliana, Baucau e Oe-Cússe<br />

Ambeno terão sido reabilitados<br />

O aeroporto <strong>de</strong> Baucau estará a<br />

operar como alternativa a Díli e<br />

como base militar<br />

Uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> aeroportos<br />

distritais estará plenamente<br />

operacional, incluindo<br />

aeroportos em Suai, Baucau,<br />

Oe-Cusse Ambeno, Lospalos,<br />

Maliana, Viqueque, Ataúro e<br />

Same<br />

O aeroporto Internacional<br />

Presi<strong>de</strong>nte Nicolau Lobato<br />

será um aeroporto <strong>de</strong> padrões<br />

mo<strong>de</strong>rnos com capacida<strong>de</strong><br />

para gerir acima <strong>de</strong> 1milhão <strong>de</strong><br />

passageiros por ano.<br />

[CAPÍTULO 3] DESENVOLVIMENTO DAS INFRA-ESTRUTURAS<br />

TELECOMUNICAÇÕES<br />

Construiremos uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

telecomunicações mo<strong>de</strong>rna que irá<br />

ligar as pessoas umas às outras, em<br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> e ao mundo.<br />

Será fornecida uma cobertura <strong>de</strong><br />

telefone móvel fiável e acessível a<br />

todos os <strong>Timor</strong>enses<br />

Haverá acesso a uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Internet <strong>de</strong> alta velocida<strong>de</strong>, fiável,<br />

acessível e disponível em todas<br />

as capitais <strong>de</strong> distrito e áreas<br />

circundantes<br />

Todas as escolas, postos e clínicas<br />

<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> estarão ligadas à internet<br />

O quadro regulamentar para gerir<br />

um mercado <strong>de</strong> telecomunicações<br />

competitivo estará estabelecido<br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> terá uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Internet <strong>de</strong> alta velocida<strong>de</strong>,<br />

fiável e acessível em todo o<br />

território<br />

Todos os estudantes e<br />

profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> terão<br />

dispositivos portáteis <strong>de</strong> acesso<br />

à internet<br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> fará parte do<br />

mundo dito tecnológico<br />

270


PED - 2011 - 2030 - CONCLUSÃO E ETAPAS DO PED<br />

2015 (Curto Prazo) 2016-2020 (Médio Prazo) 2021-2030 (Longo Prazo)<br />

[CAPÍTULO 4] DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO<br />

DESENVOLVIMENTO<br />

RURAL<br />

A criação <strong>de</strong><br />

empregos locais é a<br />

melhor maneira <strong>de</strong><br />

melhorar a vida e o<br />

sustento das pessoas<br />

que vivem em áreas<br />

rurais.<br />

55 mil casas novas terão sido construídas até<br />

2015 para apoiar as famílias em todo o país,<br />

sob o Programa <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> do<br />

Milénio dos Sucos<br />

Será prestado apoio às cooperativas que<br />

estejam a levar a cabo activida<strong>de</strong>s do sector<br />

privado em várias áreas<br />

Terá sido preparado um quadro <strong>de</strong><br />

planeamento nacional para apoiar o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong><br />

Será concluído um programa <strong>de</strong><br />

urbanização rural, oferecendo<br />

acesso a estradas, água e<br />

saneamento, escolas, clínicas<br />

médicas, acesso aos mercados e<br />

energia<br />

Haverá 9.000 empresas<br />

registadas nos Centros <strong>de</strong><br />

<strong>Desenvolvimento</strong> <strong>de</strong> Negócios<br />

O sector privado será a principal<br />

fonte <strong>de</strong> crescimento do rendimento<br />

e emprego nas zonas rurais <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<br />

<strong>Leste</strong><br />

Terão sido <strong>de</strong>senvolvidas e executadas as<br />

campanhas estratégicas <strong>de</strong> extensão para<br />

produtos agrícolas<br />

[CAPÍTULO 4] DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO<br />

AGRICULTURA<br />

É necessário um sector<br />

agrícola próspero<br />

para reduzir a<br />

pobreza, proporcionar<br />

segurança alimentar<br />

e promover o<br />

crescimento<br />

económico das áreas<br />

rurais e na nossa<br />

nação como um todo.<br />

A tonelagem <strong>de</strong> arroz (grãos ajustados para<br />

perdas) terá aumentado <strong>de</strong> 37,500 toneladas<br />

para 61,262 toneladas<br />

A Produtivida<strong>de</strong> do milho terá aumentado<br />

1,25 a 1,54 por ha<br />

O Conselho Consultivo Agrícola <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<br />

<strong>Leste</strong> formulará políticas nacionais para o<br />

sector e supervisionará a implementação<br />

O Instituto <strong>de</strong> Pesquisa e <strong>Desenvolvimento</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> orientará e planeará os<br />

investimentos adicionais para pesquisa,<br />

<strong>de</strong>senvolvimento e extensão <strong>de</strong> todos os<br />

principais sub-sectores agrícolas<br />

Terá sido montado um inventário completo<br />

<strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong> irrigação<br />

Projectos-piloto <strong>de</strong> barragens e águas<br />

subterrâneas terão sido <strong>de</strong>senvolvidas e os<br />

resultados utilizados para informação ao<br />

<strong>de</strong>senvolvimento<br />

Terá havido um maior investimento <strong>de</strong><br />

capital em culturas importantes tais como<br />

café e baunilha, noz-moscada e óleo <strong>de</strong><br />

palma<br />

As activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> pesca tradicionais terão<br />

aumentado e a pesca terá aumentado na<br />

Zona Económica Exclusiva<br />

A oferta <strong>de</strong> alimentos terá<br />

ultrapassado a procura<br />

A área <strong>de</strong> irrigação <strong>de</strong> arroz terá<br />

aumentado em 40% <strong>de</strong> 50,000<br />

ha para 70,000 ha<br />

A produção média <strong>de</strong> milho terá<br />

aumentado para 2.5t/ha<br />

Pelo menos 50% <strong>de</strong> frutas e<br />

legumes serão produzidas<br />

localmente<br />

A quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gado terá<br />

aumentado em 20%<br />

A produção <strong>de</strong> café terá<br />

duplicado após a reabilitação <strong>de</strong><br />

40,000 hectares <strong>de</strong> plantações<br />

<strong>de</strong> café<br />

Haverá pelo menos três tipos <strong>de</strong><br />

activida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aquicultura para<br />

apoio às comunida<strong>de</strong>s costeiras<br />

O sector da pesca será<br />

maioritariamente <strong>de</strong> exportação<br />

e terá expandido para incluir a<br />

pesca oceânica<br />

As perdas <strong>de</strong> armazenamento <strong>de</strong><br />

arroz nas explorações agrícolas terão<br />

reduzido <strong>de</strong> 20% para cerca <strong>de</strong> 5%<br />

A produção <strong>de</strong> milho e outros<br />

alimentos básicos terão aumentado<br />

em pelo menos 50%<br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> terá pelo menos quatro<br />

nichos <strong>de</strong> culturas <strong>de</strong> rendimento<br />

que po<strong>de</strong>m ser exportados<br />

Um <strong>Plano</strong> <strong>de</strong> Gestão Florestal e uma Política<br />

Nacional e Estratégia <strong>de</strong> Marketing para o<br />

Bambu estarão em vigor<br />

Os viveiros comunida<strong>de</strong> plantarão um<br />

milhão <strong>de</strong> árvores por ano em todo o País<br />

271


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 7<br />

[CAPÍTULO 4] DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO<br />

2015 (Curto Prazo) 2016-2020 (Médio Prazo) 2021-2030 (Longo Prazo)<br />

PETRÓLEO<br />

Estabeleceremos<br />

uma Companhia<br />

Nacional do Petróleo e<br />

facultaremos, ao nosso<br />

povo, as habilitações e<br />

experiência necessárias<br />

para li<strong>de</strong>rar e gerir o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento da<br />

nossa indústria do<br />

petróleo.<br />

A construção do Porto <strong>de</strong> Suai terá sido concluída<br />

O aeroporto <strong>de</strong> Suai terá sido reabilitado<br />

Iniciada a primeira fase do projecto da refinaria<br />

A construção da primeira secção <strong>de</strong> estrada <strong>de</strong> Suai-<br />

Betano terá sido iniciada<br />

O projecto <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> Nova Suai terá sido<br />

concluído<br />

A primeira fase do projecto <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><br />

Nova Betano terá sido iniciada<br />

A segunda fase da Plataforma<br />

<strong>de</strong> Abastecimento do Suai<br />

terá sido concluída<br />

A primeira fase do projecto<br />

da refinaria terá sido<br />

concluída<br />

O Porto <strong>de</strong> Beaço estará<br />

concluído<br />

O Projecto Tasi Mane<br />

terá sido concluído,<br />

estabelecendo uma indústria<br />

petrolífera dinâmica e<br />

integrada, ligada por uma<br />

auto-estrada na costa sul <strong>de</strong><br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong><br />

[CAPÍTULO 4] DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO<br />

TURISMO<br />

Com tanto para<br />

oferecer aos visitantes<br />

internacionais, colocarnos-emos<br />

na posição <strong>de</strong><br />

fornecer uma gama <strong>de</strong><br />

experiências turísticas<br />

que tirem vantagem da<br />

nossa beleza natural,<br />

cultura e património.<br />

Terão sido reabilitadas e sinalizadas as estradas<br />

localizadas nas principais rotas turísticas, incluindo a<br />

Gran<strong>de</strong> Estrada/Via Costeira do Norte, <strong>de</strong> Balibó a Com,<br />

e a via <strong>de</strong> Maliana a Ermera e Tibar.<br />

Terá sido estabelecido em Díli um centro <strong>de</strong> formação<br />

em Turismo e hotelaria<br />

Estarão em funcionamento Pacotes turísticos<br />

compreensivos para cada uma das áreas Turísticas das<br />

zonas Oriental, Central e Oci<strong>de</strong>ntal do País<br />

Estará a operar uma estratégia <strong>de</strong> marketing turístico<br />

internacional<br />

Estarão em operação<br />

<strong>de</strong>stinos turísticos com infraestruturas<br />

melhoradas, com<br />

activida<strong>de</strong>s e empresas locais<br />

estabelecidas, e materiais<br />

promocionais<br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> terá uma<br />

indústria turística bem<br />

<strong>de</strong>senvolvida, atraindo<br />

um número elevado <strong>de</strong><br />

visitantes internacionais<br />

Estará em curso um programa <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><br />

infra-estruturas turísticas, envolvendo o sector privado<br />

As infra-estruturas turísticas vitais serão<br />

construídas ou reabilitadas, incluindo o<br />

aeroporto <strong>de</strong> Díli e aeroportos regionais, e as<br />

infra-estruturas <strong>de</strong> telecomunicações serão<br />

melhoradas<br />

As estradas em percursos turísticos<br />

fundamentais, incluindo a Gran<strong>de</strong> Estrada da<br />

Costa Norte entre Com e Balibo, e <strong>de</strong> Maliana<br />

através <strong>de</strong> Ermera até Tibar, serão reabilitadas e<br />

sinalizadas<br />

Serão estabelecidos Centros <strong>de</strong> Informações<br />

Turísticas em Díli, Los Palos e Baucau<br />

272


PED - 2011 - 2030 - CONCLUSÃO E ETAPAS DO PED<br />

[CAPÍTULO 4] DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO<br />

INVESTIMENTO<br />

Para construir a nossa<br />

nação e proporcionar<br />

emprego e rendimentos<br />

para o nosso povo,<br />

iremos atrair investidores<br />

para os sectores-chave<br />

da indústria, fazer<br />

parcerias com empresas<br />

internacionais para a<br />

construção da nossa<br />

infra-estrutura e apoiar<br />

as empresas locais para<br />

se iniciarem e crescerem.<br />

O Código Civil estará em vigor para apoiar a<br />

execução <strong>de</strong> contratos, a Lei <strong>de</strong> Terras dará confiança<br />

sobre direitos <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong> e certezas para o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento e a Lei do Trabalho terá sido aprovada<br />

para <strong>de</strong>finir claramente os direitos e obrigações legais<br />

dos empregadores e empregados<br />

Os processos para registo e licenciamento <strong>de</strong> empresas<br />

e a obtenção <strong>de</strong> uma licença <strong>de</strong> construção serão<br />

eficientes<br />

O ‘balcão único’ para empresas estará estabelecido e a<br />

funcionar eficazmente<br />

Estará em operação um Banco Nacional <strong>de</strong><br />

<strong>Desenvolvimento</strong><br />

Estará estabelecida a Companhia <strong>de</strong> Investimento <strong>de</strong><br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, contribuindo para o aparecimento <strong>de</strong><br />

novas indústrias e a diversificação da economia <strong>de</strong><br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong><br />

Terão sido implementados os resultados <strong>de</strong> uma<br />

revisão abrangente para avaliar os benefícios e<br />

riscos da aplicação <strong>de</strong> um conjunto especial <strong>de</strong> leis e<br />

regulamentos sobre negócios em Zonas Económicas<br />

Especiais<br />

O Instituto <strong>de</strong> Microfinanças<br />

<strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> terá sido<br />

transformado no Banco<br />

Comercial Nacional <strong>de</strong><br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> e estará a operar<br />

como um pequeno banco<br />

comercial, conce<strong>de</strong>ndo<br />

crédito e serviços bancários a<br />

pessoas em todos os distritos<br />

do país<br />

273


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 7<br />

[CAPÍTULO 5] QUADRO INSTITUCIONAL<br />

2015 (Curto Prazo) 2016-2020 (Médio Prazo) 2021-2030 (Longo Prazo)<br />

SEGURANÇA<br />

Construiremos um<br />

sector da segurança<br />

que possa realizar<br />

o papel <strong>de</strong> servir o<br />

nosso povo e garantir<br />

a paz, segurança e<br />

estabilida<strong>de</strong> da nossa<br />

Nação.<br />

A reconstrução e reforma do sector<br />

da Segurança terão entregues os<br />

recursos humanos e enquadramento<br />

institucional necessários para fornecer<br />

uma capacida<strong>de</strong> operacional efectiva<br />

em áreas chave, incluindo a prevenção<br />

do crime e investigação, a segurança<br />

pública e o controlo <strong>de</strong> fronteiras<br />

Um quadro legal mo<strong>de</strong>rno e eficaz<br />

governará o sector da segurança<br />

Uma Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Trânsito e<br />

Segurança Rodoviária bem treinada<br />

e profissional garantirá que as nossas<br />

estradas sejam seguras e que as leis<br />

da estrada são obe<strong>de</strong>cidas<br />

A formação <strong>de</strong> recursos humanos<br />

e <strong>de</strong>senvolvimento profissional<br />

estará a fornecer elementos da PNTL<br />

qualificados e mo<strong>de</strong>rnos<br />

O sector da segurança, incluindo a<br />

PNTL, será totalmente reformado<br />

e estará a operar com profissionais<br />

qualificados e <strong>de</strong>dicados, apoiados<br />

por infra-estruturas e equipamentos<br />

mo<strong>de</strong>rnos<br />

[CAPÍTULO 5] QUADRO INSTITUCIONAL<br />

DEFESA<br />

Garantiremos que as<br />

FALINTIL-FDTL têm<br />

a capacida<strong>de</strong> para<br />

<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r a nossa<br />

Nação, e ao mesmo<br />

tempo, apoiam a<br />

segurança interna<br />

e a socieda<strong>de</strong> civil<br />

<strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>, e<br />

contribuem para os<br />

esforços no combate<br />

às ameaças para a paz<br />

e estabilida<strong>de</strong> regional<br />

e global.<br />

As F-FDTL estarão a operar como<br />

uma força <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa convencional e<br />

profissional<br />

Haverá quadros legais em vigor para<br />

estabelecer o controlo <strong>de</strong>mocrático<br />

sobre as F-FDTL<br />

Haverá uma coor<strong>de</strong>nação e cooperação<br />

mais aproximada entre as F-FDTL e a<br />

PNTL, com papéis e responsabilida<strong>de</strong>s<br />

claramente <strong>de</strong>finidos<br />

Tendo transferido a perícia,<br />

conhecimentos especializados e<br />

experiência para uma nova geração<br />

<strong>de</strong> membros das F-FDTL, os veteranos<br />

das F-FDTL serão apoiados para se<br />

reformar com dignida<strong>de</strong> e assistidos<br />

nas transições <strong>de</strong> carreira e planos <strong>de</strong><br />

restabelecimento<br />

As F-FDTL estarão a operar como<br />

uma força <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa credível e<br />

bem equipada, com capacida<strong>de</strong><br />

e versatilida<strong>de</strong> para levar a cabo<br />

uma série <strong>de</strong> missões e contribuir<br />

para a segurança nacional e o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento nacional<br />

As F-FDTL serão uma força<br />

<strong>de</strong>mocrática e responsável, com base<br />

no respeito pelo Estado <strong>de</strong> direito e o<br />

respeito pelos direitos humanos, com<br />

elevados padrões <strong>de</strong> disciplina<br />

A componente naval das F-FDTL<br />

estará bem treinada com as infraestruturas<br />

necessárias para controlar<br />

e proteger as nossas águas territoriais<br />

e participar, como um parceiro<br />

<strong>de</strong> direito, em exercícios navais<br />

internacionais<br />

As F-FDTL terão capacida<strong>de</strong> para<br />

tratar <strong>de</strong> diversos compromissos<br />

militares eficazmente e em<br />

simultâneo<br />

As mulheres nas F-FDTL terão um papel<br />

mais importante na <strong>de</strong>fesa nacional e<br />

mais oportunida<strong>de</strong>s para progredir nas<br />

suas carreiras<br />

As F-FDTL serão utilizadas em operações<br />

<strong>de</strong> paz das Nações Unidas com o treino<br />

e apoio logístico <strong>de</strong> parceiros no sector<br />

da <strong>de</strong>fesa<br />

Sistemas e tecnologias <strong>de</strong> informação<br />

terão sido integrados num sistema <strong>de</strong><br />

Comando, Controlo, Comunicações,<br />

Computadores e Inteligência<br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> terá consolidado e reforçado<br />

as nossas relações com os nossos<br />

parceiros e amigos regionais e globais<br />

274


PED - 2011 - 2030 - CONCLUSÃO E ETAPAS DO PED<br />

[CAPÍTULO 5] QUADRO INSTITUCIONAL<br />

NEGÓCIOS<br />

ESTRANGEIROS<br />

Ao nível internacional,<br />

iremos proteger e<br />

promover os interesses<br />

do povo <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<br />

<strong>Leste</strong> e salvaguardar<br />

e consolidar a<br />

in<strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> nossa<br />

Nação.<br />

2015 (Curto Prazo) 2016-2020 (Médio Prazo) 2021-2030 (Longo Prazo)<br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> terá a<strong>de</strong>rido à ASEAN, com embaixadas<br />

em todos os países da ASEAN<br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> será membro das instituições e<br />

organizações globais relevantes que melhor sirvam<br />

as necessida<strong>de</strong>s do nosso povo<br />

Terá sido conduzida e implementada uma avaliação<br />

abrangente <strong>de</strong> missões no exterior<br />

Terá sido publicado um Livro Branco da Política<br />

Externa, <strong>de</strong>finindo uma visão abrangente para a<br />

política externa <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong><br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> terá missões diplomáticas munidas<br />

<strong>de</strong> uma ampla gama <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>,<br />

incluindo a perícia em atrair comércio, investimento<br />

e turismo para <strong>de</strong>ntro do país<br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> será um dos<br />

principais membros da ASEAN,<br />

com reconhecida competência<br />

em <strong>de</strong>senvolvimento<br />

económico, gestão <strong>de</strong> pequenas<br />

nações, boa governação e<br />

eficácia e entrega <strong>de</strong> ajuda<br />

externa<br />

Teremos conseguido a a<strong>de</strong>são<br />

a comissões especializadas e<br />

agências da ONU<br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> será reconhecido<br />

como um mo<strong>de</strong>lo e referência<br />

na resolução <strong>de</strong> conflitos<br />

regionais e construção da paz<br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> terá assumido<br />

uma posição <strong>de</strong> pacificador<br />

global / mediador e estará<br />

a <strong>de</strong>sempenhar um papel<br />

activo na prevenção e<br />

terminação <strong>de</strong> conflitos<br />

A PNTL e as F-FDTL terão<br />

a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ser<br />

plenamente utilizados pela<br />

Organização das Nações<br />

Unidas nas suas activida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> manutenção da paz<br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> terá um<br />

total <strong>de</strong> 30 embaixadas<br />

internacionais<br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> estará a <strong>de</strong>sempenhar um papel <strong>de</strong><br />

li<strong>de</strong>rança na CPLP<br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> estará a apoiar o “g7+”, contribuindo<br />

para o seu financiamento e <strong>de</strong> qualquer outra<br />

forma produtiva on<strong>de</strong> formos solicitados a prestar<br />

assistência<br />

Toda a legislação diplomática necessária estará em<br />

vigor<br />

O Ministério dos Negócios<br />

Estrangeiros <strong>de</strong>sempenhará<br />

um papel crucial na atracção<br />

<strong>de</strong> negócios, investimentos e<br />

empregos para <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong>,<br />

como uma zona <strong>de</strong> serviços<br />

financeiros e tecnologia da<br />

informação<br />

[CAPÍTULO 5] QUADRO INSTITUCIONAL<br />

JUSTIÇA<br />

Adoptaremos uma<br />

estratégia global para<br />

construir o sistema<br />

<strong>de</strong> justiça <strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<br />

<strong>Leste</strong> e melhorar a sua<br />

capacida<strong>de</strong> para cumprir<br />

o seu papel e funções.<br />

Haverá uma coor<strong>de</strong>nação sistemática e eficaz<br />

do sector da justiça em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> e das suas<br />

instituições<br />

O sistema <strong>de</strong> justiça será capaz <strong>de</strong> abrir, conduzir<br />

e concluir todos os tipos <strong>de</strong> processos judiciais,<br />

sobretudo os casos criminais, <strong>de</strong> forma eficaz e num<br />

período razoável <strong>de</strong> tempo<br />

O sector da justiça será capaz <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar e<br />

preencher posições com funcionários nacionais<br />

motivados e qualificados<br />

Os princípios da não discriminação, sensibilida<strong>de</strong><br />

às questões <strong>de</strong> género e a protecção dos grupos<br />

vulneráveis e dos direitos humanos serão garantidos<br />

no sector da justiça<br />

Terá sido estabelecido um corpo autónomo e<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte capaz <strong>de</strong> gerir o cadastro <strong>de</strong> terras e<br />

os bens imóveis do Estado, e aplicar a legislação que<br />

rege a proprieda<strong>de</strong> e o uso <strong>de</strong> terra em <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong><br />

Os mecanismos da lei costumeira e justiça<br />

comunitária estarão reguladas e o acompanhamento<br />

sistemático em conformida<strong>de</strong> com os direitos<br />

humanos estarão implementados<br />

Os serviços do sector da justiça<br />

estarão disponíveis em todos os<br />

distritos e todos os <strong>Timor</strong>enses<br />

po<strong>de</strong>rão ter acesso a uma justiça<br />

e serviços jurídicos eficazes e<br />

eficientes<br />

275


PED - 2011 - 2030 - CAPÍTULO 7<br />

[CAPÍTULO 5] QUADRO INSTITUCIONAL<br />

GESTÃO DO SECTOR<br />

PÚBLICO E BOA<br />

GOVERNAÇÃO<br />

O sector público em<br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> será<br />

fundamental para<br />

o fortalecimento<br />

da confiança no<br />

<strong>Governo</strong>, que é um<br />

pré-requisito para a<br />

construção da Nação.<br />

[CAPÍTULO 5] QUADRO INSTITUCIONAL<br />

2015 (Curto Prazo) 2016-2020 (Médio Prazo) 2021-2030 (Longo Prazo)<br />

Será instituído um sistema e cultura <strong>de</strong> gestão <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sempenho abrangente, em toda a Função Pública<br />

<strong>de</strong> <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong><br />

Estará em vigor um programa <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />

executivo para todos os gestores superiores<br />

Haverá uma cultura e prática <strong>de</strong> planeamento do<br />

pessoal na Função Pública<br />

Terá sido <strong>de</strong>senvolvido e estará em vigor um Código<br />

<strong>de</strong> Conduta para os membros do <strong>Governo</strong><br />

Terá sido apresentada ao Parlamento Nacional<br />

legislação para a protecção <strong>de</strong> Denunciantes<br />

A legislação proporcionará um<br />

direito dos cidadãos a ace<strong>de</strong>r à<br />

informação mantida pelo Estado<br />

e que tenha impacto directo<br />

sobre os mesmos<br />

Terão sido adoptadas, pela<br />

Função Pública, tecnologias<br />

da informação mo<strong>de</strong>rnas<br />

para apoiar iniciativas<br />

governamentais conjuntas e <strong>de</strong><br />

governo electrónico<br />

Terá sido realizada a revisão<br />

da estrutura do sector público<br />

para <strong>de</strong>terminar se existem<br />

benefícios no estabelecimento<br />

<strong>de</strong> autorida<strong>de</strong>s legais para<br />

o exercício <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminadas<br />

funções públicas, em nome do<br />

Estado<br />

IMPLEMENTAÇÃO<br />

O <strong>Plano</strong> <strong>Estratégico</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong><br />

Nacional e os nossos<br />

projectos <strong>de</strong> infraestrutura<br />

serão<br />

implementados da<br />

maneira mais eficaz e<br />

eficiente possível.<br />

À medida que a Agência <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong><br />

Nacional <strong>de</strong>senvolve a sua capacida<strong>de</strong>, experiência<br />

e recursos humanos, transitará para a Agência <strong>de</strong><br />

Política Económica e Investimento<br />

A Agência <strong>de</strong> Planeamento Económico e Investimento<br />

estará efectivamente a levar a cabo uma função<br />

<strong>de</strong> planeamento económico nacional, um papel<br />

<strong>de</strong> supervisão e monitorização e a implementar<br />

programas e projectos do <strong>Governo</strong> <strong>de</strong> gran<strong>de</strong><br />

dimensão e complexida<strong>de</strong><br />

[CAPÍTULO 6] ORIENTAÇÃO MACROECONÓMICA<br />

NOSSA VISÃO<br />

ECONÓMICA<br />

Em 2030 <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong><br />

ter-se-á juntado às<br />

fileiras dos países <strong>de</strong><br />

rendimento médioalto<br />

terá, erradicado<br />

a pobreza extrema<br />

e estabelecido uma<br />

economia nãopetrolífera<br />

sustentável<br />

e diversificada.<br />

A produtivida<strong>de</strong> do sector agrícola terá aumentado<br />

significativamente, o sector do turismo terá sucesso<br />

e estará em expansão e existirão níveis altos <strong>de</strong><br />

activida<strong>de</strong> do sector privado em todos os sectores,<br />

nomeadamente o crescimento <strong>de</strong> pequenas e micro<br />

empresas<br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> terá <strong>de</strong>sfrutado <strong>de</strong><br />

10 anos <strong>de</strong> elevado crescimento<br />

económico com a conclusão<br />

<strong>de</strong> importantes infra-estruturas<br />

produtivas e reformas<br />

económicas, fornecendo uma<br />

base para o sector privado<br />

impulsionar o crescimento para<br />

o futuro<br />

<strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong> ter-se-á juntado<br />

às fileiras dos países <strong>de</strong><br />

rendimento médio-alto, será<br />

erradicada a pobreza extrema<br />

e estabelecida uma economia<br />

não petrolífera sustentável e<br />

diversificada.<br />

276


PED - 2011 - 2030 - CONCLUSÃO E ETAPAS DO PED<br />

Um agra<strong>de</strong>cimento especial aos fotógrafos Margarida Azevedo e Dan Groshong pela cedência da utilização das<br />

suas fotografias, na elaboração <strong>de</strong>ste <strong>Plano</strong> <strong>Estratégico</strong> <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong>.<br />

Felicitações a todos os que colaboraram na elaboração <strong>de</strong>ste <strong>Plano</strong> <strong>Estratégico</strong> <strong>de</strong> <strong>Desenvolvimento</strong>.<br />

277


TIMOR-LESTE STRATEGIC DEVELOPMENT PLAN 2011 - 2030<br />

Palácio do <strong>Governo</strong>, Edifício 1, R/C, Avenida Presi<strong>de</strong>nte Nicolau Lobato,<br />

Dili, <strong>Timor</strong>-<strong>Leste</strong><br />

279

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