— Beatrice, sei que acredita que papai é um ser com alta capacidade de perdoar e sim ele pode até ser, mas ele tem regras a serem seguidas e algumas ele não pode simplesmente ignorar, mesmo que ela seja contra seu próprio sangue! — Senti que minha irmão ficou abalada, posso ver as orbes verdes brilharem e a umidade aparecer: Além do mais não digo isso apenas para te fazer medo, mas porque você precisa saber que mesmo que papai não faça nada contra você Igor pode sofrer!

— Mas não quero deixar de vê-lo, eu gosto dele! — Respirei fundo sentindo compaixão por ela, quem me dera meu casamento isentasse ela da responsabilidade de se casar para o bem da Cosa Nostra mas assim como eu quando ela completasse seus 20 anos teria que se entregar para um homem que ela não escolheria para ser seu marido:

— Queria poder dizer que ficará tudo bem, mas estaria mentindo, e quando mais cedo aceitar menos doloroso será! — Dei um leve beijo em suas testa me sentindo culpada por aquelas palavras, pois eu que daqui a dois dias estaria conhecendo meu novo marido não havia aceitado meu futuro.

Beatrice passou as mãos por seus olhos e afastou dando um sorriso nada animado para mim, sorri pequeno e me afastei para pegar uma roupa. Na hora do jantar como todas as vezes descemos juntas antes de papai e mamãe sentávamos cada uma em sua devida cadeira e esperava que eles descessem, Beatrice não disse nada e sei que minhas palavras ainda estavam a abalando quando notei que nossos pais desceram dei um leve chute na perna dela dizendo sem uma palavra que ela deveria melhorar a cara se não deveria dar muitas explicações, quando papai e mamãe se aproximou nos levantamos e vi papai sorrir:

— Então, Beatrice, Donatella, como foi o dia? — Papai perguntou, Bea foi a primeira a responder claro omitindo a parte do cigarro e de Igor, logo os olhos curiosos de papai pararam em mim que contei como foi meu dia, nada de diferente dos outros: Quero que amanhã acompanhe sua mãe até o ateliê, e a outros lugares para a preparação de sua festa!

Como sempre o jantar foi em completo silêncio depois fomos todos até a biblioteca para uma jogatina, nada além de damas e xadrez esse era um dos únicos momentos que tínhamos de distração com o senhor Emílio era o único momento que não víamos o capo e sim nosso pai, não havia máscara de frieza e até vimos alguns sorrisos, mamãe parecia saber que gostamos desses momentos pois era ela que obrigava todos a estarem presentes, acho que esse seria o momento que eu teria mais falta pois sei que quando me casar vou ter menos tempo a minha família e meu pai já não me tratará como sua filha engoli o nó em minha garganta e tentei focar no jogo a minha frente. em certo momento meu pai ficou jogando com Beatrice quando minha mãe me levou para o outro lado perto da estantes de livros de romance:

— Como está se sentindo? — Olhei para ela que me olhava amorosamente, não queria que ela me perguntasse aquilo, sentia que poderia desmoronar a qualquer momento, me sentia em pânico a cada segundo que passava o medo me persegue até em meus sonhos eu o sentia só conseguia dormir graças aos chás que me levavam e sei que mamãe sabia disso:

— Estou apavorada, tenho medo de quem ele irá escolher! — Falei, sabia como os homens eram, quando se casavam a mulher passava a ser propriedade dele então ele vazia o que quer com o corpo dela, até mesmo tirar a virgindade de forma bruta, senti o desespero subir por minhas mãos e meu desespero só piorava quando me lembrava de quem era o preferido a conseguir meu corpo era o filho mais velho do sottocapo que era quase o vice chefe da Famiglia, Vincenzo. Tive o desprazer de conhecê-lo desde pequena não éramos criados juntos porque ele tinha aulas diferentes mas Vincenzo sempre esteve presente nos aniversários ou jantares nessa casa e vi o menino doce e corajoso se tornar um cara arrogante, nada era confirmado mas havia boatos das crueldades que ele fazia, das mortes sem sentido que ele executava mas infelizmente ele nunca era punido já que o pai era especialista em encobrir, mas os boatos corriam:

— Filha, sei que tem medo pela escolha de seu pai, mas acredite um pouco que seu pai será tão misericordioso! — Olhei para ela não muito animada a mesma coisa que falei sobre as regras para Beatrice também se encaixava em minha situação, mesmo que em algum ponto papai não quisesse me entregar a um degenerado sexual como Vincenzo ele tinha que pôr o que era o bem da Famiglia acima de sua família e isso era o que mais me assustava minha mãe deu um beijo em minha testa e me puxou para um abraço permiti que duas lágrimas escorrerem por meu rosto mas limpei quando ouvi que passos se aproximavam de nós:

— Acho melhor irmos dormir, não faz bem para o ego do capo ser derrotado tantas vezes por suas filhas! — Deixei um sorriso escapar vendo ele contar uma piada, fiquei um pouco surpresa quando vi ele me olhar e em seus olhos compaixão.

Como várias outras noites não consegui dormir um pesadelo atrás do outro liguei para a cozinha pedindo meu chá enquanto esperava fui até minha varanda observar o céu cheio de estrelas o roupão de cetim que usava não impedia que a brisa fria batesse contra minha pele mas ignorei o céu estava tão bonito que valeria a pena passar um pouco frio, me sentei em uma das cadeira que ficava na varanda e apertei o pano ao redor do meu corpo, fechei meus olhos e pensei por apenas alguns minutos eu poderia fugir da minha vida do futuro, pensei em mim na faculdade fazendo medicina como eu desejava e depois pensei no meu primeiro beijo no estranho que me fez quebrar as regras pela primeira vez, sempre me perguntei quem ele era, ou porque fez aquilo essas eram perguntas que nunca teria resposta pois eu não veria aquele estranho nunca mais e tenho certeza que ele não lembrava de mim eu devo ter sido apenas mais uma na vida dele.

Ouvi batidas na porta e finalmente fui puxada a realidade que me cercava, bufei irritada mas fui pegar meu chá, sentei na mesa do meu quarto e tomei era doce e descia de forma lisa fazendo um efeito, aos poucos senti meu corpo relaxar depois de terminar a xícara retiro o robe e me deito o sono veio de forma lenta até que eu ficasse em sono profundo.

Acordei cedo um café reforçado e sai com minha mãe para a prova do vestido, estávamos no melhor atelie da cidade não havia outra cliente ali o que me fez perceber que papai havia alugado o lugar pela manhã o vestido era sem dúvida maravilhoso, o vestido tinha que ser branco ou mais da metade dele, e não podia ter cores fortes mas me surpreendi quando vi o vestido a parte do busto era uma mistura de dourado com creme ele era adornado com pedras com decote cavado mas não mostrava nada o tule em volta dos braços dava a impressão que estava usando um tomara que caia e saia era longa e solta mas não chegava a ter o volume que um vestido de noiva teria:

— Ele é maravilhoso! — Falei olhando para minha mãe que olhava as joias, com certeza aquilo não podia faltar e confiava em minha mãe para fazer tal escolha, a mesma entregou uma gargantilha de diamante e um par de brincos a mulher e voltou para ficar ao meu lado sorrindo para o vestido:

— Sem dúvida, todos vão ficar ainda mais loucos! — Sorri, não muito animada já que eu queria fazer exatamente ao contrário, não chamar atenção, minha mãe beliscou meu braço e ficou a minha frente: Você poderia entrar com roupa velha que ainda chamaria atenção Donatella, desde pequena você chama atenção!

— A senhora sempre me diz isso, mas não pode ser verdade tenho certeza que Maribel espantava todos! — Minha mãe inflou as bochechas e bufou acenando, depois do ateliê vamos a um restaurante almoçar:

— Amanhã acorde cedo, você terá o dia de princesa, já está tudo marcado! — Acenei, olhei para fora vendo um grupo de meninas passarem por mim elas pareciam universitárias e faziam compras suspirei frustrada quantas vezes sonhei em fazer isso mas agora minhas chances estavam ainda mais longes: Filha não pense que será tão ruim, as vezes esses casamentos nos surpreende! — Queria acreditar nisso mas eu sabia que todas as probabilidades estavam contra mim mas preferi me agarrar ao otimismo de mamãe, como eu disse a Beatrice aceitar tornaria as coisas menos doloridas. 

Fim de capitulo  

Trouxe dois capítulos hoje só porque estou animada com essa historia e vocês parecem tanto quanto eu!!!

Não esqueçam de deixar seus votos e comentários! 

Aidan - Livro 03/Trilogia SavageOnde as histórias ganham vida. Descobre agora