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Reportagem

Moçambique: "Não se pode desprezar a paz"

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João Mário chegou à cidade de Quelimane em 1972 para estudar. Na altura, com apenas 12 anos, a cidade de Quelimane "era bem mais pequena", conta-nos. Entre 1980 e 1984 foi "soldado do governo", um combatente na guerra civil cuja "responsabilidade foi de se manter vivo para defender o país"

Centro de Quelimane, na Província da Zambézia.
Centro de Quelimane, na Província da Zambézia. © RFI/Lígia Anjos
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O funcionário no departamento de finanças no Conselho Municipal de Quelimane, João Mário, conta-nos que durante o regime colonial "a cidade Quelimane era pequena e com pouco movimento. Havia poucos negros, a maioria eram brancos, portugueses. Havia a questão de colonizador e do colonizado e sentíamos essa diferença. Em 1972, tinha uns 12 anos, fazia parte de uma família de assimilados".

Durante mais de quinze anos, no período da guerra civil, não havia quase alimentos em Moçambique. "Toda a guerra é difícil, não há guerra fácil. Durante a guerra, tudo era árduo... Acordávamos a pensar 'estou vivo'. E manter-se vivo fazia com que pudéssemos defender a pátria. Foi uma guerra de discórdia. Fui soldado do governo, tratando-se de uma guerra civil todos somos família", acrescenta.

Hoje o país não está completamente em paz, com um conflito armado no norte de Moçambique, em Cabo Delgado. "É pena haver terrorismo em Cabo Delgado porque o distrito estava a desenvolver-se e as guerras destroem infra-estruturas, tecido sociais e obrigam as pessoas a deslocar-se", concluiu.

Um conflito armado que teve início em 2017, na província de Cabo Delgado, no norte do país. Numa luta é travada entre as forças governamentais apoiadas por forças regionais da SADC e do Ruanda e uma milícia islâmica, que reivindica lealdade ao auto-proclamado Estado Islâmico. A região de Cabo Delgado é rica em recursos naturais, incluindo gás natural e pedras preciosas, a falta de investimento nesta região por parte do governo resultou em pobreza e exclusão social.

Quelimane, a nova “cidade das bicicletas” 

Na província da Zambézia, os carros e autocarros foram substituídos por bicicletas, que são hoje o meio de transporte mais popular. Quelimane conta com cerca de 10 mil ciclo-taxistas e tornou-se a “cidade das bicicletas”, como nos explica o presidente da associação dos taxistas e motociclos da Zambézia, António Bernardinho.

Em Quelimane, a quarta maior cidade de Moçambique, o sub desenvolvimento urbano e o desemprego forçam os jovens a procurar empregos alternativos. 

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