Avelino Ferreira Torres promete livro que irá "fazer estragos"

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Avelino Ferreira Torres falava aos jornalistas à margem do julgamento que está a decorrer no tribunal do Marco de Canaveses Nelson Garrido/PÚBLICO

O ex-presidente da Câmara do Marco de Canaveses, Avelino Ferreira Torres, anunciou hoje que vai publicar um livro em 2009, em que promete "contar tudo o que sabe, nomeadamente sobre a morte do irmão", ocorrida há quase 30 anos. "É um livro para fazer estragos a nível político e noutros sectores. É mesmo para ser uma bomba", frisou o antigo autarca.

Avelino Ferreira Torres falava aos jornalistas à margem do julgamento que está a decorrer no tribunal do Marco de Canaveses, num processo em que está acusado de seis crimes - um de extorsão, um de corrupção, três de abuso de poder e um de peculato de uso.

"Vai ser um livro muito polémico, em que contarei todos os 'complots' que têm feito contra mim. Quero relatar as perseguições de que tenho sido alvo, mais uma prova de que os grandes safam-se sempre", sustentou.

Ironizando "que não percebe nada de furacões" [numa alusão à investigação em curso com o mesmo nome e que abrange grandes empresas e instituições financeiras], Avelino Ferreira Torres adiantou que o livro será escrito em parceria "com um jornalista muito conhecido, que é também escritor", cuja identificação se escusou a revelar.

O antigo autarca, durante 22 anos no Marco de Canaveses, como presidente, e recentemente como vereador da oposição em Amarante, garante que vai esclarecer a morte do seu irmão, Joaquim Ferreira Torres, assassinado a 21 de Agosto de 1979, em Paredes, na estrada que liga esta cidade à de Paços de Ferreira.

O crime, ocorrido em pleno PREC (Período Revolucionário em Curso] e que já prescreveu, nunca foi esclarecido, mas Avelino Ferreira Torres promete desvendar "tudo o que sabe".

"Quero contar tudo sobre a morte do meu irmão, um crime que a PJ (Polícia Judiciária) não quis descobrir", promete Avelino Ferreira Torres.

"Há autores materiais e morais [do crime] que ainda são vivos", disse.

Segundo o ex-autarca, sempre que a PJ "ia a caminho de descobrir o(s) autor(es) do crime aparecia uma alta figura e [a investigação] recuava".

Na sessão de hoje do julgamento, que já decorre desde Março e cujo início sofreu um considerável atraso devido a confusão de agendas entre juíza-presidente e um dos advogados, foram ouvidas três testemunhas arroladas pela defesa, que descreveram ao tribunal os contactos e, sobretudo, os negócios que efectuaram com José Faria, a principal testemunha de acusação neste processo.

Duas dessas testemunhas adquiriram terrenos a José Faria, mas os resultados dos negócios revelaram-se ruinosos, segundo relataram ao tribunal.

Num dos casos, a testemunha, hoje a braços com processos de insolvência, quer pessoal quer da empresa de que era proprietário, afirmou que transaccionou com Faria cheques e letras de favor "de muitas dezenas de milhares de contos".

"Antes de me meter em negócios com José Faria tinha 200 mil contos [um milhão de euros na moeda actual] de património e fiquei sem nada", lamentou-se.

O julgamento prossegue a 7 de Janeiro, às 10h00, com a audição das últimas testemunhas do processo.

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