O dirigente socialista José Lamego confirmou hoje aos jornalistas a sua candidatura à liderança do PS e justificou-a com a necessidade de se abrir o partido "a novas gerações e novos elementos" e "animar o debate político".

"Sou candidato a secretário-geral. Anunciei hoje essa minha intenção - fiz uma mera comunicação à Comissão Política, não se trata da apresentação de uma plataforma política - porque entendo que é a melhor maneira para animar o debate político para o próximo congresso", declarou José Lamego, no final da reunião da Comissão Política Nacional do PS.

"É uma candidatura para defesa de princípios e para a criação de espaços de protagonismos a novas gerações e a novos elementos que podem dar o seu contributo à vida interna do partido", justificou, esclarecendo que não será "um animador" no congresso de Novembro mas que está "animado" com a sua candidatura.

O ex-representante de Portugal no governo provisório do Iraque, recém-chegado a Lisboa, argumentou ainda que "este é o momento para se fixarem as candidaturas" à liderança do PS, incitando os restantes potenciais candidatos a anunciarem também "rapidamente" que vão concorrer ao lugar para que "a questão fique encerrada" e o partido "não se centre em especulações" e possa discutir o país.

Escusando-se a fazer juízos de valor sobre a liderança de Ferro Rodrigues, José Lamego disse que se revê "neste PS" mas acrescentou no entanto que "deve haver uma política de maior exigência, de maior rigor" e que o partido "deve voltar ao poder apresentando alternativas" e não apenas enquanto "depositário do descontentamento dos portugueses".

"Naturalmente que tenho apoios, não vinha sozinho", disse ainda o dirigente socialista, quanto questionado sobre o assunto, adiantando também, em relação à vitória eleitoral do PS no último domingo, que esta "foi uma vitória de todo o partido e também da direcção" e que serviu "de estímulo" à sua candidatura.

"Decidi candidatar-me antes das eleições", assegurou, porém, José Lamego, adiantando que as suas funções no Iraque deixaram-no mais disponível "para enfrentar desafios" e garantindo que irá até ao fim nessa sua intenção.

"Não me candidatei no último congresso porque tinha acabado de sofrer uma derrota muito difícil nas eleições autárquicas", declarou ainda o ex-candidato à câmara de Cascais.

O secretário-geral do PS, Ferro Rodrigues, anunciou no domingo, após a vitória dos socialistas nas eleições europeias, que se vai recandidatar à liderança do partido no próximo congresso, previsto para Novembro.

O deputado socialista João Soares reiterou, em seguida, que irá também concorrer ao lugar.

José Sócrates prefere, para já, o silêncio sobre o assunto afirmando apenas que este não é o momento para anunciar a sua posição.