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Gramática no ENEM: questões compiladas, resolvidas e comentadas www.manoelneves.com Página de 1 50 Manoel Neves LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS GRAMÁTICA NO ENEM: QUESTÕES COMPILADAS, RESOLVIDAS E COMENTADAS http://www.manoelneves.com Gramática no ENEM: questões compiladas, resolvidas e comentadas www.manoelneves.com Página de 2 50 Manoel Neves GRAMÁTICA NO ENEM: questões compiladas, resolvidas e comentadas Belo Horizonte 2020 Manoel Neves http://www.manoelneves.com Gramática no ENEM: questões compiladas, resolvidas e comentadas INTRODUÇÃO 4 QUESTÕES 5 SOLUÇÃO COMENTADA 44 www.manoelneves.com Página de 3 50 Manoel Neves http://www.manoelneves.com Gramática no ENEM: questões compiladas, resolvidas e comentadas INTRODUÇÃO Reuni, neste e-book, todas as questões que envolvem elementos gramaticais que apareceram nas aplicações de 2008 a 2019 do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). Além de apresentar a questão e a devida solução, classifiquei as questões de acordo com o conteúdo que elas avaliam. Evidentemente, devido ao fato de o ENEM priorizar os aspectos estruturais, contextuais e semânticos do texto, as questões acabam relacionando os itens gramaticais e os processos de produção de sentido. Nesse sentido, essa apostila funciona como um complemento do meu Curso on- line de Linguagens para o ENEM, na medida em que nele faço um apanhado teórico dos itens gramaticais cobrados nas questões do Exame Nacional do Ensino Médio e indico como eles aparecem ano a ano. Para fins didáticos, aponto, aqui, os itens gramaticais avaliados nas questões que compõem este e-book: 01. Padrões linguísticos: itens que requerem do aluno a capacidade e identificar elementos fonológicos, sintáticos e semânticos que permitem classificar o texto como pertencente aos padrões formal [culto], semiformal e informal [coloquial]; 02. Coesão textual: valor dos articuladores: itens que analisam os efeitos de sentido promovidos por conjunções coordenadas e subordinadas; 03. Coesão textual: pronomes e retomada: itens que avaliam o papel dos pronomes na manutenção e na retomada de itens temáticos; 04. Coesão textual: classes do nome: itens que avaliam a capacidade de identificação das classes gramaticais nominais como elementos de apresentação, manutenção e retomada de itens temáticos; 05. Coesão textual: elipse: itens que avaliam a capacidade de o aluno identificar a elipse como elemento de manutenção temática que evita a repetição e auxilia no processo de produção de sentido; 06: Coesão textual: crase: itens que avaliam conteúdos referentes à regência e à crase; 07: Aspectos do verbo: itens que avaliam a capacidade de o aluno perceber os tempos e modos verbais como elementos semânticos e estruturais em um texto; 08: Coesão textual: pontuação: itens que avaliam como a pontuação pode atuar na produção de sentido no texto; 09. Contribuições lexicais: questões que tratam exclusivamente de dois processos de criação de palavras: o neologismo e o estrangeirismo; 10. Coesão textual: paralelismo: itens que avaliam os efeitos formais e semânticos dos paralelismos. www.manoelneves.com Página de 4 50 Manoel Neves http://www.manoelneves.com Gramática no ENEM: questões compiladas, resolvidas e comentadas QUESTÕES SOS PORTUGUÊS Por que os pronomes oblíquos têm esse nome e quais as regras para u;lizá-los? As expressões “pronome oblíquo” e “pronome reto” são oriundas do la8m (casus obliquus e casus rectus). Elas eram usadas para classificar as palavras de acordo com a função sintá8ca. Quando estavam como sujeito, pertenciam ao caso reto. Se exerciam outra função (exceto a de voca8vo), eram relacionadas ao caso oblíquo, pois um dos sen8dos da palavra oblíquo é “não é direito ou reto”. Os pronomes pessoais da língua portuguesa seguem o mesmo padrão: os que desempenham a função de sujeito (eu, tu, ele, nós, vós e eles) são os pessoais do caso reto; e os que normalmente têm a função de complementos verbais (me, mim, comigo, te, 8, con8go, o, os, a, as, lhe, lhes, se, si, consigo, nos, conosco, vos e convosco) são os do caso oblíquo. NOVA ESCOLA. Coluna “Na dúvida”, dez. 2008, p. 20. 01) (ENEM-2009) Na descrição dos pronomes, estão implícitas regras de u8lização adequadas para situações que exigem linguagem formal. A estruturar que está de acordo com as regras apresentadas no texto é: a) Eu observei ela. b) Eu a vi no quarto. c) Traga a 8nta para eu. d) Trata a 8nta para mim pintar. e) Esse acordo é entre eu e você www.manoelneves.com Página de 5 50 Manoel Neves http://www.manoelneves.com Gramática no ENEM: questões compiladas, resolvidas e comentadas Disponível em: <http://patacoadas-do-cleber.blogspot.com/2008/04/histria-em-quadrinhos-grafite-e-seus_4121.html>. Acesso em 18 jan. 2009. 02) (ENEM-2009) Nas falas do 1.o e do 3.o quadrinhos, observam-se caracterís8cas que demonstram a intenção do cartunista em adotar uma a) linguagem culta na fala de Ataliba e do cien8sta, de acordo com as regras grama8cais do português padrão. b) linguagem bastante formal na fala do cien8sta, com emprego de termos técnicos de sua área de pesquisa. c) variante regional na fala de um dos clones, \pica da região brasileira em que os meninos nasceram e foram criados. d) linguagem coloquial na fala dos dois personagens, sem preocupação com as normas da língua, obje8vando uma comunicação mais eficaz. e) variação de registro, para dis8nguir o discurso do cien8sta da fala de garotos, personagens de gerações. Veja, 20 de maio, 2009 (adaptado). www.manoelneves.com Página de 6 50 Manoel Neves http://www.manoelneves.com Gramática no ENEM: questões compiladas, resolvidas e comentadas 03) (ENEM-2009) Na interpretação das informações do gráfico, apresentadas abaixo, respeitam-se as regras grama8cais da norma padrão da língua portuguesa em: a) Correm-se 9,5 graus de riscos se digitar dados pessoais ou usar senhas em computadores de lan houses. b) Em uma escala de 1 a 10, o compar8lhamento de arquivos em “pen drives” apresenta um risco de grau 7. c) O risco máximo é quando anexos ou “links” desconhecidos é aberto: chegam ao grau 10 na escala do risco digital. d) Abaixar músicas, em redes de arquivos compar8lhados representa 2 graus de riscos menor que usar senhas em locais públicos. e) Abrir anexos, como PDFs, fotos e planilhas de conhecidos têm grau de perigo equivalente a metade do perigo de abrir anexos de desconhecidos. AS MÃOS DE EDIENE Ediene tem 16 anos, rosto redondo, trigueiro, índio e bonito das meninas do sertão nordes8no. Vaidosa, põe anéis nos dedos e pinta os lábios com batom. Mas Ediene é diferente. Jamais abraçará, não namorará de mãos dadas e, se 8ver filhos, não os aconchegará em seus braços para dar-lhes o calor e o alimento dos seios da mãe. A razão é simples: Ediene não tem braços. Ela os perdeu numa maromba, máquina do século passado, com dois cilindros de metal que amassam barro para fazer telhas e 8jolos numa olaria. Os dedos que enche de anéis são os dos pés, com os quais escreve, desenha e passa batom nos lábios. Ela é uma das centenas de crianças mu8ladas todos os anos, trabalhando como gente grande em troca de minguados cobres. UTZERI, F. As mãos de Ediene. Jornal do Brasil, Caderno B, 2 dez. 1999 (adaptado). 04) (ENEM-2009) Os recursos es8lís8cos de um texto servem para torná-lo este8camente mais eficaz. Em As mãos de Ediene, o autor alcança esse obje8vo ao coordenar adje8vos no 1.° período. Tal procedimento busca a) despertar no leitor, desde o início, simpa8a pela menina. b) chamar a atenção para problemas do sertão nordes8no. c) despertar o interesse do leitor pela maromba. d) valorizar a situação vivida por Ediene. e) revelar problemas de ordem social. DIGA NÃO AO NÃO Quem disse que alguma coisa é impossível? Olhe ao redor. O mundo está cheio de coisas que, segundo os pessimistas, nunca teriamacontecido. “Impossível.” “Impra8cável.” “Não”. E ainda assim, sim Sim, Santos Dumont foi o primeiro homem a decolar a bordo de um avião, impulsionado por um motor aeronáu8co. Sim, Visconde de Mauá, um dos maiores empreendedores do Brasil, inaugurou a primeira rodovia pavimentada do país. Sim, a SXY Brasil também inovou no país. Abasteceu o primeiro voo comercial brasileiro. Foi a primeira empresa privada a produzir petróleo na Bacia de Campos. Desenvolveu um óleo combus\vel mais limpo, o OC Plus. O que é necessário para transformar o não em sim? Curiosidade. Mente aberta. Vontade de arriscar. E quando o problema parece insolúvel, quando o desafio é muito duro, dizer: vamos lá. www.manoelneves.com Página de 7 50 Manoel Neves http://www.manoelneves.com Gramática no ENEM: questões compiladas, resolvidas e comentadas Soluções de energia para um mundo real. 05) (ENEM-2009) O autor do texto u8liza, como recurso evidente para a progressão temá8ca, a) as relações de tempo estabelecidas entre as informações apresentadas. b) a apresentação de diversos efeitos dos fatos elencados. c) a repe8ção do advérbio de afirmação “sim” ar8culando as informações. d) as relações de causa estabelecidas entre as informações apresentadas. e) o estabelecimento de relações de condição entre as informações do texto. 06) (ENEM-2009) Os pronomes podem ter a função de retomar uma expressão ou o referente de uma expressão anteriormente citada no texto, ou que esteja proeminente no contexto. No texto, isso é feito adequadamente pelo(a) a) pronome “que” con8do em “que podem ser colocados na tela inicial (...)” (l. 1) — retoma “ícones” (l. 1). b) expressão “esses elementos” con8da em “em vez de procurar esses elementos em diretórios e pastas” (l. 3- 4) — retoma “ícones” (l. 1). c) pronome “los” con8do em “(...) para abri-los.” (l. 5) — retoma “atalhos” (l. 1). d) pronome “ele” con8do em “pode-se dar a ele qualquer apelido (...)” (l. 7) — retoma “arquivo correspondente” (l. 6-7). e) pronome “lo” con8do em “(...) e associá-lo ao arquivo em questão.” (l. 8) — retoma “o mesmo nome do arquivo correspondente” (l. 6-7). GERENTE: Boa tarde. Em que eu posso ajudá-lo? CLIENTE: Estou interessado em financiamento para compra de veículo. GERENTE: Nós dispomos de várias modalidades de crédito. O senhor é nosso cliente? www.manoelneves.com Página de 8 50 Manoel Neves http://www.manoelneves.com Gramática no ENEM: questões compiladas, resolvidas e comentadas CLIENTE: Sou Júlio César Fontoura, também sou funcionário do banco. GERENTE: Julinho, é você, cara? Aqui é a Helena! Cê tá em Brasília? Pensei que você inda 8vesse na agência de Uberlândia! Passa aqui pra gente conversar com calma. BORTONI-RICARDO, S. M. Educação em língua materna. São Paulo: Parábola, 2004. Adaptado. 07) (ENEM-2009) Na representação escrita da conversa telefônica entre a gerente do banco e o cliente, observa-se que a maneira de falar da gerente foi alterada de repente devido: a) à adequação de sua fala à conversa com um amigo, caracterizada pela informalidade. b) à inicia8va do cliente em se apresentar como funcionário do banco. c) ao fato de ambos terem nascido em Uberlândia [Minas Gerais]. d) à in8midade forçada pelo cliente ao fornecer seu nome completo. e) ao seu interesse profissional em financiar o veículo de Júlio. 08) (ENEM-2009) Quanto às variantes linguís8cas presentes no texto, a norma padrão da língua portuguesa é rigorosamente obedecida por meio a) do emprego do pronome demonstra8vo “esse” em Por que o senhor publicou esse livro?. b) do emprego do pronome pessoal oblíquo em Meu filho, um escritor publica um livro para parar de escrevê-lo!. c) do emprego do pronome possessivo “sua” em Qual foi sua maior mo>vação?. d) do emprego do voca8vo Meu filho, que confere à fala distanciamento do interlocutor. www.manoelneves.com Página de 9 50 Manoel Neves http://www.manoelneves.com Gramática no ENEM: questões compiladas, resolvidas e comentadas e) da necessária repe8ção do conec8vo no úl8mo quadrinho. BROWNE, C. Hagar, o horrível. O globo. Segundo Caderno. 20 fev. 2009. 09) (ENEM-2009) A linguagem da 8rinha revela a) o uso de expressões linguís8cas e vocabulário próprios de épocas an8gas. b) o uso de expressões linguís8cas inseridas no registro mais formal da língua. c) o caráter coloquial expresso pelo uso do tempo verbal no segundo quadrinho. d) o uso de um vocabulário específico para situações comunica8vas de emergência. e) a intenção comunica8va dos personagens: a de estabelecer a hierarquia entre eles. Veja, 7 maio 1997. 10) (ENEM-2009) Na parte superior do anúncio, há um comentário escrito à mão que aborda a questão das a8vidades linguís8cas e sua relação com as modalidades oral e escrita da língua. Esse comentário deixa evidente uma posição crí8ca quanto a usos que se fazem da linguagem, enfa8zando ser necessário a) implementar a fala, tendo em vista maior desenvoltura, naturalidade e segurança no uso da língua. b) conhecer gêneros mais formais da modalidade oral para a obtenção de clareza na comunicação oral e escrita. c) dominar as diferentes variedades do registro oral da língua portuguesa para escrever com adequação, eficiência e correção. d) empregar vocabulário adequado e usar regras da norma padrão da língua em se tratando da modalidade escrita. www.manoelneves.com Página de 10 50 Manoel Neves http://www.manoelneves.com Gramática no ENEM: questões compiladas, resolvidas e comentadas e) u8lizar recursos mais expressivos e menos desgastados da variedade padrão da língua para se expressar com alguma segurança e sucesso. Páris, filho do rei de Troia, raptou Helena, mulher de um rei grego. Isso provocou um sangrento conflito de dez anos, entre os séculos XIII e XII a.C. Foi o primeiro choque entre o ocidente e o oriente. Mas os gregos conseguiram enganar os troianos. Deixaram à porta de seus muros for8ficados um imenso cavalo de madeira. Os troianos, felizes com o presente, puseram-no para dentro. À noite, os soldados gregos, que estavam escondidos no cavalo, saíram e abriram as portas da fortaleza para a invasão. Daí surgiu a expressão “presente de grego”. DUARTE, Marcelo. O guia dos curiosos. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. 11) (ENEM-2009) Em “puseram-no”, a forma pronominal “no” refere-se. a) ao termo “rei grego”. b) ao antecedente “gregos”. c) ao antecedente distante “choque”. d) à expressão “muros for8ficados”. e) aos termos “presente” e “cavalo de madeira”. A figura a seguir trata da “taxa de desocupação” no Brasil, ou seja, a proporção de pessoas desocupadas em relação à população economicamente a8va de uma determinada região em um recorte de tempo. Disponível em: h|p://www.ibge.gov.br. Acesso em: abr. 2009 (adaptado). 12) (ENEM-2009) A norma padrão da língua portuguesa está respeitada, na interpretação do gráfico, em: a) Durante o ano de 2008, foi em geral decrescente a taxa de desocupação no Brasil. b) Nos primeiros meses de 2009, houveram acréscimos na taxa de desocupação. c) Em 12/2008, por ocasião das festas, a taxa de desempregados foram reduzidos. www.manoelneves.com Página de 11 50 Manoel Neves http://www.manoelneves.com Gramática no ENEM: questões compiladas, resolvidas e comentadas d) A taxa de pessoas desempregadas em 04/08 e 02/09, é esta8s8camente igual: 8,5. e) Em março de 2009 as taxas tenderam à piorar: 9 entre 100 pessoas desempregadas. Filho de engenheiro, Manuel Bandeira foi obrigado a abandonar os estudos de arquitetura por causa da tuberculose. Mas a iminência da morte não marcou de forma lúgubre sua obra, embora em seu humor lírico haja sempre um toque de funda melancolia, e na sua poesia haja sempre um certo toque de morbidez, até no ero8smo. Tradutor de autores como Marcel Proust e William Shakespeare, esse nosso Manuel traduziu mesmo foi a nostalgia do paraíso co8dianomal idealizado por nós, brasileiros, órfãos de um país imaginário, nossa Cocanha perdida, Pasárgada. Descrever seu retrato em palavras é uma tarefa impossível, depois que ele mesmo já o fez tão bem em versos. Revista Língua Portuguesa, n.40, fev. 2009. 13) (ENEM-2010) A coesão do texto é construída principalmente a par8r do(a) a) repe8ção de palavras e expressões que entrelaçam as informações apresentadas no texto. b) subs8tuição de palavras por sinônimos como “lúgubre” e “morbidez”, “melancolia” e “nostalgia”. c) emprego de pronomes pessoais, possessivos e demonstra8vos: “sua”, “seu”, “esse”, “nosso”, “ele”. d) emprego de diversas conjunções subordina8vas que ar8culam as orações e períodos que compõem o texto. e) emprego de expressões que indicam sequência, progressividade, como “iminência”, “sempre”, “depois”. O AMERICAN IDOL ISLÂMICO Quem não gosta do Big Brother diz que os reality shows são programas vazios, sem cultura. No mundo árabe, esse problema já foi resolvido: em The Millions’ Poet (“O Poeta dos Milhões”), líder de audiência no golfo pérsico, o prêmio vai para o melhor poeta. O programa, que é transmi8do pela Abu Dhabi TV e tem 70 milhões de espectadores, é uma compe8ção entre 48 poetas de 12 países árabes — em que o vencedor leva um prêmio de US$ 1,3 milhão. Mas lá, como aqui, o reality gera controvérsia. O BBB teve a polêmica dos “coloridos” (grupo em que todos os par8cipantes eram homossexuais). E Millions’ Poet detonou uma discussão sobre os direitos da mulher no mundo árabe. GARATTONI, B. O American Idol islâmico. SuperInteressante. Edição 278, maio 2010 (fragmento). 14) (ENEM-2010) No trecho “Mas lá, como aqui, o reality gera controvérsia”, o termo destacado foi u8lizado para estabelecer uma ligação com outro termo presente no texto, isto é, fazer referência ao a) vencedor, que é um poeta árabe. b) poeta, que mora na região da Arábia. c) mundo árabe, local em que há o programa. d) Brasil, lugar onde há o programa BBB. e) programa, que há no Brasil e na Arábia. www.manoelneves.com Página de 12 50 Manoel Neves http://www.manoelneves.com Gramática no ENEM: questões compiladas, resolvidas e comentadas Disponível em: h|p://revistaescola.abril.com.br. Acesso em: 27 abr. 2010. 15) (ENEM-2010) Calvin apresenta a Haroldo (seu 8gre de es8mação) sua escultura na neve, fazendo uso de uma linguagem especializada. Os quadrinhos rompem com a expecta8va do leitor, porque a) Calvin, na sua úl8ma fala, emprega um registro formal e adequado para a expressão de uma criança. b) Haroldo, no úl8mo quadrinho, apropria-se do registro linguís8co usado por Calvin na apresentação de sua obra de arte. c) Calvin emprega um registro de linguagem incompa\vel com a linguagem de quadrinhos. d) Calvin, no úl8mo quadrinho, u8liza um registro linguís8co informal. e) Haroldo não compreende o que Calvin lhe explica, em razão do registro formal u8lizado por este úl8mo. Diante do número de óbitos provocados pela gripe H1N1 – gripe suína – no Brasil, em 2009, o Ministro da Saúde fez um pronunciamento público na TV e no rádio. Seu obje8vo era esclarecer a população e as autoridades locais sobre a necessidade do adiamento do retorno às aulas, em agosto, para que se evitassem a aglomeração de pessoas e a propagação do vírus. 16) (ENEM-2010) Fazendo uso da norma padrão da língua, que se pauta pela correção grama8cal, seria correto o Ministro ler, em seu pronunciamento, o seguinte trecho: a) Diante da gravidade da situação e do risco de que nos expomos, há a necessidade de se evitar aglomerações de pessoas, para que se possa conter o avanço da epidemia. b) Diante da gravidade da situação e do risco a que nos expomos, há a necessidade de se evitarem aglomerações de pessoas, para que se possam conter o avanço da epidemia. c) Diante da gravidade da situação e do risco a que nos expomos, há a necessidade de se evitarem aglomerações de pessoas, para que se possa conter o avanço da epidemia. d) Diante da gravidade da situação e do risco os quais nos expomos, há a necessidade de se evitar aglomerações de pessoas, para que se possa conter o avanço da epidemia. e) Diante da gravidade da situação e do risco com que nos expomos, tem a necessidade de se evitarem aglomerações de pessoas, para que se possa conter o avanço da epidemia. Disponível em: h|p://ziraldo.blogtv.uol.com.br. Acesso em: 27 jul. 2010. www.manoelneves.com Página de 13 50 Manoel Neves http://www.manoelneves.com Gramática no ENEM: questões compiladas, resolvidas e comentadas 17) (ENEM-2010) O cartaz de Ziraldo faz parte de uma campanha contra o uso de drogas. Essa abordagem, que se diferencia das de outras campanhas, pode ser iden8ficada a) pela seleção do público alvo da campanha, representado, no cartaz, pelo casal de jovens. b) pela escolha temá8ca do cartaz, cujo texto configura uma ordem aos usuários e não usuários: diga não às drogas. c) pela ausência intencional do acento grave, que constrói a ideia de que não é a droga que faz a cabeça do jovem. d) pelo uso da ironia, na oposição imposta entre a seriedade do tema e a ambiência amena que envolve a cena. e) pela criação de um texto de sá8ra à postura dos jovens, que não possuem autonomia para seguir seus caminhos. DIEGO SOUZA IRONIZA A TORCIDA DO PALMEIRAS O Palmeiras venceu o Atlé8co-GO pelo placar de 1 a 0, com um gol no final da par8da. O cenário era para ser de alegria, já que a equipe do Verdão venceu e deu um importante passo para conquistar a vaga para as semifinais, mas não foi bem isso que aconteceu. O meia Diego Souza foi subs8tuído no segundo tempo debaixo de vaias dos torcedores palmeirenses e chegou a fazer gestos obscenos respondendo à torcida. Ao final do jogo, o meia chegou a dizer que estava feliz por jogar no Verdão. — Eu não estou pensando em sair do Palmeiras. Estou muito feliz aqui — disse. Perguntado sobre as vaias da torcida enquanto era subs8tuído, Diego Souza ironizou a torcida do Palmeiras. —Vaias? Que vaias? — ironiza o camisa 7 do Verdão, antes de descer para os ves8ários. Disponível em: h|p://oglobo.globo.com. Acesso em: 29 abr. 2010. 18) (ENEM-2010) A progressão textual realiza-se por meio de relações semân8cas que se estabelecem entre as partes do texto. Tais relações podem ser claramente apresentadas pelo emprego de elementos coesivos ou não ser explicitadas, no caso da justaposição. Considerando-se o texto lido, a) no primeiro parágrafo, o conec8vo já que marca uma relação de consequência entre os segmentos do texto. b) no primeiro parágrafo, o conec8vo mas explicita uma relação de adição entre os segmentos do texto. c) entre o primeiro e o segundo parágrafos, está implícita uma relação de causalidade. d) no quarto parágrafo, o conec8vo enquanto estabelece uma relação de explicação entre os segmentos do texto. e) entre o quarto e o quinto parágrafos, está implícita uma relação de oposição. www.manoelneves.com Página de 14 50 Manoel Neves http://www.manoelneves.com Gramática no ENEM: questões compiladas, resolvidas e comentadas HAGAR, o horrível. O globo, Rio de Janeiro, 12 out. 2008. 19) (ENEM-2010) Pela evolução do texto, no que se refere à linguagem empregada, percebe-se que a garota a) deseja afirmar-se como nora por meio de uma fala poé8ca. b) u8liza expressões linguís8cas próprias do discurso infan8l. c) usa apenas expressões linguís8cas presentes no discurso formal. d) se expressa u8lizando marcas do discurso formal e do informal. e) usa palavras com sen8do pejora8vo para assustar o interlocutor. h|p://pa�ndica.files.wordpress.com/2009/06/bessinha458904-jpg-image_1245119001858.jpeg 20) (ENEM-2010) As diferentes esferas sociais de uso da língua obrigam o falante a adaptá-la às variadas situações de comunicação. Uma das marcas linguís8cas que configuram a linguagem oral informal usada entre avô e neto neste texto é a) a opçãopelo emprego da forma verbal “era” em lugar de “foi”. b) a ausência de ar8go antes da palavra “árvore”. c) o emprego da redução “tá” em lugar da forma verbal “está”. d) o uso da contração “desse” em lugar da expressão “de esse”. e) a u8lização do pronome “que” em início de frase exclama8va. www.manoelneves.com Página de 15 50 Manoel Neves http://www.manoelneves.com Gramática no ENEM: questões compiladas, resolvidas e comentadas CARNAVÁLIA Repique tocou O surdo escutou E o meu corasamborim Cuíca gemeu, será que era meu, quando ela passou por mim? ANTUNES A., BOWN C., MONTE M.. Tribalistas, 2002. (fragmento) 21) (ENEM-2010) No terceiro verso, o vocábulo corasamborim, que é a junção coração + samba + tamborim, refere- se, ao mesmo tempo, a elementos que compõem uma escola de samba e à situação emocional em que se encontra o autor da mensagem, com o coração no ritmo da percussão. Essa palavra corresponde a um(a) a) estrangeirismo, uso de elementos linguís8cos originados em outras línguas e representa8vos de outras culturas. b) neologismo, criação de novos itens linguís8cos, pelos mecanismos que o sistema da língua disponibiliza. c) gíria, que compõe uma linguagem originada em determinado grupo social e que pode vir a se disseminar em uma comunidade mais ampla. d) regionalismo, por ser palavra caracterís8ca de determinada área geográfica. e) termo técnico, dado que designa elemento de área específica de a8vidade. O filhos de Ana eram bons, uma coisa verdadeira e sumarenta. Cresciam, tomavam banho, exigiam para si, malcriados, instantes cada vez mais completos. A cozinha era enfim espaçosa, o fogão enguiçado dava estouros. O calor era forte no apartamento que estavam aos poucos pagando. Mas o vento batendo nas cor8nas que ela mesma cortara lembrava-lhe que se quisesse podia parar e enxugar a testa, olhando o calmo horizonte. Como um lavrador. Ela plantara as sementes que 8nha na mão, não outras, mas essas apenas. LISPECTOR, C. Laços de família. Rio de Janeiro: Rocco, 1998. 22) (ENEM-2010) A autora usa duas vezes o conec8vo mas no fragmento apresentado. Observando aspectos da organização, estruturação e funcionalidade dos elementos que ar8culam o texto, o conec8vo mas a) expressa o mesmo conteúdo nas duas situações em que aparece no texto. b) quebra a fluidez do texto e prejudica a compreensão, se usado no início da frase. c) ocupa posição fixa, sendo inadequado seu uso na abertura da frase. d) contém uma ideia de sequência temporal que direciona a conclusão do leitor. e) assume funções discursivas dis8ntas nos dois contextos de uso. O Flamengo começou a par8da no ataque, enquanto o Botafogo procurava fazer uma forte marcação no meio campo e tentar lançamentos para Victor Simões, isolado entre os zagueiros rubro-negros. Mesmo com mais posse de bola, o 8me dirigido por Cuca 8nha grande dificuldade de chegar à área alvinegra por causa do bloqueio montado pelo Botafogo na frente da sua área. No entanto, na primeira chance rubro-negra, saiu o gol. Após cruzamento da direita de Ibson, a zaga alvinegra rebateu a bola de cabeça para o meio da área. Kléberson apareceu na jogada e cabeceou por cima do goleiro Renan. Ronaldo Angelim apareceu nas costas da defesa e empurrou para o fundo da rede quase que em cima da linha: Flamengo 1 a 0. Disponível em: h|p://momentodofutebol.blogspot.com (adaptado). 23) (ENEM-2010) O texto, que narra uma parte do jogo final do Campeonato Carioca de futebol, realizado em 2009, contém vários conec8vos, sendo que a) após é conec8vo de causa, já que apresenta o mo8vo de a zaga alvinegra ter reba8do a bola de cabeça. b) enquanto tem um significado alterna8vo, porque conecta duas opções possíveis para serem aplicadas no jogo. www.manoelneves.com Página de 16 50 Manoel Neves http://www.manoelneves.com Gramática no ENEM: questões compiladas, resolvidas e comentadas c) no entanto tem significado de tempo, porque ordena os fatos observados no jogo em ordem cronológica de ocorrência. d) mesmo traz ideia de concessão, já que “com mais posse de bola", ter dificuldade não é algo naturalmente esperado. e) por causa de indica consequência, porque as tenta8vas de ataque do Flamengo mo8varam o Botafogo a fazer um bloqueio. Cul8var um es8lo de vida saudável é extremamente importante para diminuir o risco de infarto, mas também de problemas como morte súbita e derrame. Significa que manter uma alimentação saudável e pra8car a8vidade �sica regularmente já reduz, por si só, as chances de desenvolver vários problemas. Além disso, é importante para o controle da pressão arterial, dos níveis de colesterol e de glicose no sangue. Também ajuda a diminuir o estresse e aumentar a capacidade �sica, fatores que, somados, reduzem as chances de infarto. Exercitar-se, nesses casos, com acompanhamento médico e moderação, é altamente recomendável. ATALIA, M. Nossa vida. Época. 23 mar. 2009. 24) (ENEM-2011) As ideias veiculadas se organizam no texto estabelecendo relações que atuam na construção do sen8do. A esse respeito, iden8fica-se, no fragmento que a) a expressão “Além disso” marca uma sequenciação de ideias. b) o conec8vo “mas também” inicia oração que exprime ideia de contraste. c) o termo “como”, em “como morte súbita e derrame”, introduz uma generalização. d) o termo “Também” exprime uma jus8fica8va. e) o termo “fatores” retoma coesivamente “níveis de colesterol e de glicose no sangue”. VERISSIMO, L. F. As cobras. In.: Se Deus exis;sse que eu seja a;ngido por um raio. Porto Alegre: L&PM, 1997. 25) (ENEM-2011) O humor da 8ra decorre da reação de uma das cobras com relação ao uso de pronome pessoal reto, em vez de pronome pessoal oblíquo. De acordo com a norma padrão da língua, esse uso é inadequado, pois a) contraria o uso previsto para o registro oral da língua. b) contraria a marcação das funções sintá8cas de sujeito e objeto. c) gera inadequação na concordância com o verbo. d) gera ambiguidade na leitura do texto. e) apresenta dupla marcação de sujeito. Quando Rubem Braga não 8nha assunto, ele abria a janela e encontrava um. Quando não encontrava, dava no mesmo, ele abria a janela, olhava o mundo e comunicava que não havia assunto. Fazia isso com tanto engenho e arte que também dava no mesmo: a crônica estava feita. Não tenho nem o engenho nem a arte de Rubem, mas tenho a varanda aberta sobre a Lagoa – posso não ver melhor, mas vejo mais. [...] Nelson Rodrigues não 8nha problemas. www.manoelneves.com Página de 17 50 Manoel Neves http://www.manoelneves.com Gramática no ENEM: questões compiladas, resolvidas e comentadas Quando não havia assunto, ele inventava. Uma tarde, estacionei ilegalmente o Sinca-Chambord na calçada do jornal. Ele estava com o papel na máquina e provisoriamente sem assunto. Inventou que eu descia de um reluzente Rolls Royce com uma loura suspeita, mas equivalente à suntuosidade do carro. Um guarda nos deteve, eu tentei subornar a autoridade com dinheiro, o guarda não aceitou o dinheiro, preferiu a loura. Eu fiquei sem a multa e sem a mulher. Nelson não ficou sem assunto. CONY, C. H. Folha de S. Paulo. 2 jan. 1998. (adaptado) 26) (ENEM-2011) O autor lançou mão de recursos linguís8cos que o auxiliaram na retomada de informações dadas sem repe8r textualmente uma referência. Esses recursos pertencem ao uso da língua e ganham sen8do nas prá8cas da linguagem. É o que acontece com os usos do pronome “ele” destacados no texto. Com essa estratégia, o autor conseguiu a) confundir o leitor, que fica sem saber quando o texto se refere a um ou a outro cronista. b) comparar Rubem Braga com Nelson Rodrigues, dando preferência ao primeiro. c) referir-se a Rubem Braga e a Nelson Rodrigues usando igual recurso de ar8culação textual. d) sugerir que os dois autores escrevem crônicas sobre assuntos semelhantes. e) produzir um texto obscuro,cujas ambiguidades impedem a compreensão do leitor. Piraí, Piraí, Piraí Piraí bandalargou-se um pouquinho Piraí infoviabilizou Os ares do município inteirinho Com certeza a medida provocou Um certo vento de redemoinho Diabo de menino agora quer Um ipod e um computador novinho Certo é que o sertão vai virar mar Certo é que o sertão quer navegar No micro do menino interne8nho GIL, G. Banda larga cordel, 2008. Disponível em: h|p://gilgertogil.com.br. Acesso em: 24 abr. 2010. 27) (ENEM-2011) No texto, encontram-se as expressões bandalargou-se, infoviabilizou e interne>nho, que indicam a influência da tecnologia digital na língua. em relação à dinamicidade da língua no processo de comunicação, essas expressões representam a) a expansão vocabular influenciada pelo uso co8diano de ferramentas da cultura digital. b) o desconhecimento das regras de formação de palavras na língua. c) a derivação de palavras sob a influência de falares arcaicos. d) a incorporação de palavras estrangeiras sem adaptações à língua portuguesa. e) a apropriação de conceitos ultrapassados disseminados pelas influências estrangeiras. LABAREDAS NAS TREVAS; FRAGMENTOS DO DIÁRIO SECRETO DE TEODOR K. N. KERZENIOWSKI 20 DE JULHO [1912] Peter Summerville pede-me que escreva um ar8go sobre Crane. Envio-lhe uma carta: “Acredite-me, prezado senhor, nenhum jornal ou revista se interessaria por qualquer coisa que eu, ou outra pessoa, escrevesse sobre Stephen Crane. Ririam da sugestão. [...] Dificilmente encontro alguém, agora, que saiba quem é Stephen Crane ou lembre-se de algo dele. Para os jovens escritores que estão surgindo ele simplesmente não existe”. 20 DE DEZEMBRO [1919] www.manoelneves.com Página de 18 50 Manoel Neves http://www.manoelneves.com Gramática no ENEM: questões compiladas, resolvidas e comentadas Muito peixe foi embrulhado pelas folhas de jornal. Sou reconhecido como o maior escritor vivo da língua inglesa. Já se passaram dezenove anos desde que Crane morreu, mas eu não o esqueço. E parece que outros também não. The London mercury resolveu celebrar os vinte e cinco anos de publicação de um livro que, segundo eles, foi “um fenômeno hoje esquecido” e me pediram um ar8go. FONSECA, R. Romance negro e outras histórias. São Paulo: Companhia das Letras, 1992. (Fragmento) 28) (ENEM-2012) Na construção de textos literários, os autores recorrem com frequência a expressões metafóricas. Ao empregar o enunciado metafórico “Muito peixe foi embrulhado pelas folhas de jornal”, pretendeu estabelecer, entre os dois fragmentos do texto em questão, uma relação semân8ca de a) causalidade, segundo a qual se relacionam as partes de um texto, em que uma contém a causa e a outra, a consequência. b) temporalidade, segundo a qual se ar8culam as partes de um texto, situando no tempo o que é relatado nas partes em questão. c) condicionalidade, segundo a qual se combinam duas partes de um texto, em que uma resulta ou depende de circunstâncias apresentadas na outra. d) adversidade, segundo a qual se ar8culam duas partes de um texto em que uma apresenta uma orientação argumenta8va dis8nta e oposta à outra. e) finalidade, segundo a qual se ar8culam duas partes de um texto em que uma apresenta o meio, por exemplo, para uma ação e a outra, o desfecho da mesma. HAGAR BROWNE, D. Folha de S. Paulo. 13 ago. 2011. 29) (ENEM-2012) As palavras e as expressões são mediadoras dos sen8dos produzidos nos textos. Na fala de Hagar, a expressão “é como se” ajuda a conduzir o conteúdo enunciado para o campo da a) conformidade, pois as condições meteorológicas evidenciam um acontecimento ruim. b) reflexibilidade, pois o personagem se refere aos tubarões usando um pronome reflexivo. c) condicionalidade, pois a atenção dos personagens é a condição necessária para a sua sobrevivência. d) possibilidade, pois a proximidade dos tubarões leva à suposição do perigo iminente para os homens. e) impessoalidade, pois o personagem usa a terceira pessoa para expressar o distanciamento dos fatos. CABELUDINHO Quando a Vó me recebeu nas férias, ela me apresentou aos amigos: Este é meu neto. Ele foi estudar no Rio e voltou de ateu. Ela disse que eu voltei de ateu. Aquela preposição deslocada me fantasiava de ateu. Como quem dissesse no Carnaval: aquele menino está fantasiado de palhaço. Minha avó entendia de regências verbais. Ela falava de sério. Mas todo-mundo riu. Porque aquela preposição deslocada podia fazer de uma informação um chiste. E fez. E mais: www.manoelneves.com Página de 19 50 Manoel Neves http://www.manoelneves.com Gramática no ENEM: questões compiladas, resolvidas e comentadas eu acho que buscar a beleza nas palavras é uma solenidade de amor. E pode ser instrumento de rir. De outra feita, no meio da pelada um menino gritou: Disilimina esse, cabeludinho. Eu não disiliminei ninguém. Mas aquele verbo novo trouxe um perfume de poesia à nossa quadra. Aprendi nessas férias a brincar de palavras mais do que trabalhar com elas. comecei a não gostar de palavra engavetada. Aquela que não pode mudar de lugar. Aprendi a gostar mais das palavras pelo que elas entoam do que pelo que elas informam. Por depois ouvi um vaqueiro a cantar com saudade morena, não me escreve/ que eu não sei a ler. Aquele a preposto ao verbo ler, ao meu ouvir, ampliava a solidão do vaqueiro. BARROS, M. Memórias inventadas: a infância. São Paulo: Planeta, 2003. 30) (ENEM-2012) No texto, o autor desenvolve uma reflexão sobre diferentes possibilidades de uso da língua e sobre os sen8dos que esses usos podem produzir, a exemplo das expressões “voltou de ateu”, “disilimina esse” e “eu não sei a ler”. Com essa reflexão o autor destaca: a) os desvios linguís8cos come8dos pelas personagens do texto. b) a importância de certos fenômenos grama8cais para o conhecimento da língua portuguesa. c) a dis8nção clara entre a norma culta e as outras variedades linguís8cas. d) o relato fiel de episódios vividos por Cabeludinho durante as suas férias. e) a valorização da dimensão lúdica e poé8ca presente nos usos coloquiais da linguagem. A subs8tuição do haver por ter em construções existenciais, no português do Brasil, corresponde a um dos processos mais caracterís8cos da história da língua portuguesa, paralelo ao que já ocorrera em relação à ampliação do domínio de ter na área semân8ca de “posse”, no final da fase arcaica. Ma|os e Siva (2001:136) analisa as vitórias de ter sobre haver e discute a emergencia de ter existencial, tomando por base a obra pedagógica de João de Barros. Em textos escritos nos anos quarenta e cinquenta do século XVI, encontram-se evidências, embora raras, tanto de ter “existencial”, não mencionado pelos clássicos estudos de sintaxe histórica, quanto de haver como verbo existencial com concordância, lembrado por Ivo Castro, e anotado como “novidade” no século XVIII por Said Ali. Como se vê, nada é categórico e um purismo estreito só revela um conhecimento deficiente da língua. Há mais perguntas que respostas. Pode-se conceber uma norma única e prescri8va? É válido confundir o bom uso e a norma da própria língua e dessa forma fazer uma avaliação cr8ca e hierarquizante de outros usos e, através deles, dos usuários? Subs8tui-se uma norma por outra? CALLOU, D. A propósito de norma, correção e preconceito linguís8co. In.: Cadernos de letras da UFF, n. 36, 2008. 31) (ENEM-2012) Para a autora, a substituição de “haver” por “ter” em diferentes contextos evidencia que a) o estabelecimento de uma norma prescinde de uma pesquisa histórica. b) os estudos clássicos de sintaxe histórica enfa8zam a variação e a mudança na língua. c) a avaliação crí8ca e hierarquizante dos usos na língua fundamenta a definição da norma. d) a adoção de uma única norma revela uma a8tude adequada para os estudos linguís8cos. e) os comportamentos puristas são prejudiciaisà compreensão da cons8tuição linguís8ca. eu gostava muito de passeá… saí com as minhas colegas… brincá na porta di casa di vôlei… andá de pa8ns… bicicleta… quando eu levava um tombo ou outro… eu era a::… palhaça da turma… (risos)… eu acho que foi uma das fases mais… assim… gostosas da minha vida foi… essa fase de quinze… dos meus treze aos dezessete anos… A.P.S., sexo feminino, 38 anos, nível fundamental. Projeto fala Goiânia. UFG, 2010. (inédito) 32) (ENEM-2012) Um aspecto da composição estrutural que caracteriza o relato pessoal de A.P.S. como modalidade falada da língua é a) predomínio de linguagem informal entrecortada por pausas. b) vocabulário regional desconhecido em outras variedades do português. c) realização do plural conforme as regras da tradição grama8cal. www.manoelneves.com Página de 20 50 Manoel Neves http://www.manoelneves.com Gramática no ENEM: questões compiladas, resolvidas e comentadas d) ausência de elementos promotores de coesão entre os eventos narrados. e) presenças de frases incompreensíveis a um leitor iniciante. Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia. A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E, por que não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E, porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir as cor8nas. E, porque não abre as cor8nas, logo se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão. COLASANTI, M. Eu sei, mas não devia. Rio de Janeiro: Rocco, 1996. 33) (ENEM-2012) A progressão é garan8da por determinados recursos linguís8cos, e pela conexão entre esses recursos e as ideias que eles expressam. Na crônica, a con8nuidade textual é construída, predominantemente, por meio a) do emprego de vocabulário rebuscado, possibilitando a elegância do raciocínio. b) da repe8ção de estruturas, garan8ndo o paralelismo sintá8co de ideias. c) da apresentação de argumentos lógicos, cons8tuindo blocos textuais independentes. d) da ordenação de orações justapostas, dispondo as informações de modo paralelo. e) de estruturação de frases ambíguas, construindo efeitos e sen8dos opostos. A colocação pronominal é a posição que os pronomes pessoais oblíquos átonos ocupam na frase em relação ao verbo a que se referem. São pronomes oblíquos átonos? me, te, se, o, a, os, as, lhe, lhes, nos e vos. Esses pronomes podem assumir três posições na oração em relação ao verbo. Próclise, quando o pronome é colocado antes do verbo, devido a par\culas atra8vas, como o pronome rela8vo. Ênclise, quando o pronome é colocado depois do verbo, o que acontece quando este es8ver no impera8vo afirma8vo ou no infini8vo impessoal regido da preposição “a” ou quando o verbo es8ver no gerúndio. Mesóclise, usada quando o verbo es8ver flexionado no futuro do presente ou no futuro do pretérito. COLASANTI, M. Eu sei, mas não devia. Rio de Janeiro: Rocco, 1996. 34) (ENEM-2012) A mesóclise é um 8po de colocação pronominal raro no uso coloquial da língua portuguesa. No entanto, ainda é encontrada em contextos formais, como se observa em: a) Não lhe negou que era um improviso. b) Faz muito tempo que lhe falei essas coisas. c) Nunca um homem se achou em mais apertado lance. d) Referia-se à Dona Evarista ou tê-la-ia encontrado em algum outro autor? e) Acabou de chegar dizendo-lhe que precisava retornar ao serviço imediatamente. Agora eu era herói E o meu cavalo só falar inglês. A noiva do cowboy Era você, além das outras três. Eu enfrentava os batalhões, Os alemães e seus canhões. Guardava o meu bodoque E ensaiava o rock para as ma8nês. BUARQUE, Chico. João e Maria. 1977. 35) (ENEM-2012) No terceiro e no oitavo versos da letra da canção, constata-se que o emprego das palavras cowboy e rock expressa a influência de outra realidade cultural na língua portuguesa. Essas palavras cons8tuem evidências de a) regionalismo, ao expressar a realidade sociocultural de habitantes de uma determinada região. www.manoelneves.com Página de 21 50 Manoel Neves http://www.manoelneves.com Gramática no ENEM: questões compiladas, resolvidas e comentadas b) neologismo, que se caracteriza pelo aportuguesamento de uma palavra oriunda de outra língua. c) jargão profissional, ao evocar a linguagem de uma área específica do conhecimento humano. d) arcaísmo, ao representar termos usados em outros períodos da história da língua. e) estrangeirismo, que significa inserção de termos de outras comunidades linguís8cas no português. 36) (ENEM-2012) Um texto é construído pela ar8culação dos vários elementos que o compõem. Tal ar8culação pode se dar por meio de palavras ou de expressões que remetem a outras ou, ainda, a segmentos maiores já apresentados ou a serem ainda apresentados no decorrer do texto. A análise do modo como esse texto foi construído revela que a expressão a) um problema (l. 1) remete o leitor para A origem dos vapores de água na atmosfera superior de Saturno (. 3) segmento que se encontra na frase seguinte. b) A descoberta (l. 7) retoma um problema que ficou sem solução durante 14 anos (. 1), segmento que aparece na primeira frase do texto. c) O volume despejado (l. 11) retoma a composição química do planeta que orbita (l. 9), segmento apresentado na frase imediatamente anterior. d) O fenômeno (l. 17) remete o leitor para transparência dos vapores (l.20), segmento que é apresentado na frase seguinte. e) esse encargo e achado (l. 21) retoma avanço da tecnologia (l. 18), segmento presente na porção anterior do texto. Devemos dar apoio emocional específico, trabalhando o sen8mento de culpa que as mães têm de infectar o filho. O principal problema que vivenciamos é quanto ao aleitamento materno. Além do sen8mento muito forte manifestado pelas gestantes de amamentar seus filhos, existem as cobranças da família, que exige explicações pela recusa em amamentar, sem falar nas companheiras na maternidade que estão amamentando. Esses conflitos cons8tuem nosso www.manoelneves.com Página de 22 50 Manoel Neves http://www.manoelneves.com Gramática no ENEM: questões compiladas, resolvidas e comentadas maior desafio. Assim, criamos a técnica de mamadeirar. O que é isso? É subs8tuir o seio materno por amor, oferecendo a mamadeira, e não o peito! PADOIN, S. (Org.). Experiências interdisciplinares em Aids: interfaces de uma epidemia. Santa Maria: UFSM, 2006. 37) (ENEM-2012) O texto é um relato de uma enfermeira no cuidado de gestantes e mães soroposi8vas. Nesse relato, em meio ao drama de mães que devem amamentar seus recém-nascidos, observa-se um recurso da língua portuguesa, presente no uso da palavra mamadeirar, que consiste a) na manifestação do preconceito linguís8co. b) na recorrência a um neologismo. c) no registro coloquial da linguagem. d) na expressividade da ambiguidade lexical. e) na contribuição da justaposição na formação de palavras. FUTEBOL: “A REBELDIA É QUE MUDA O MUNDO” Conheça a história de Afonsinho, o primeiro jogador brasileiro a derrotar a cartolagem e a conquistar o Passe Livre, há exatos 40 anos Pelé estava se aposentando pra valer pela primeira vez, então com a camisa do Santos (porque depois voltaria a atuar pelo New York Cosmos, dos Estados Unidos), em 1972, quando foi ques8onado se, finalmente, sen8a-se um homem livre. O Rei respondeu sem 8tubear: – Homem livre no futebol só conheço um: o Afonsinho. Este sim pode dizer, usando as suas palavras, que deu o grito de independência ou morte. Ninguém mais. O resto é conversa. Apesar de suas declarações serem mo8vo de chacota por parte da mídia futebolís8ca e até dos torcedores brasileiros, o Atleta do Século acertou. E provavelmente acertaria novamente hoje. Pela admiração por um de seus colegas de clube daquele ano. Pelo reconhecimento do caráter e personalidade de um dos jogadoresmais contestadores do futebol nacional. E principalmente em razão da história de luta – e vitória – de Afonsinho sobre os cartolas. ANDREUCCI, R. Disponível em h|p://carosamigos.com.br. Acesso em 19 ago. 2011. 38) (ENEM-2013) O autor usa marcas linguís8cas que dão ao texto um caráter informal. Uma dessas marcas é iden8ficada em: a) “[…] o Atleta do Século acertou.” b) “O Rei respondeu sem 8tubear [...].” c) “E provavelmente acertaria novamente hoje.” d) “Pelé estava se aposentando pra valer pela primeira vez […]”. e) “Pela admiração por um de seus colegas de clube daquele ano.” www.manoelneves.com Página de 23 50 Manoel Neves http://www.manoelneves.com Gramática no ENEM: questões compiladas, resolvidas e comentadas Disponível em: h|p:clubedamafalda.blogspot.com.br. Acesso em: 21 set. 2011. 39) (ENEM-2013) Nessa charge, o recurso morfossintá8co que colabora para o efeito de humor está indicado pelo(a) a) emprego de uma oração adversa8va, que orienta a quebra de expecta8va ao final. b) uso de conjunção adi8va, que cria uma relação de causa e efeito entre as ações. c) retomada do substan8vo “mãe”, que desfaz a ambiguidade dos sen8dos a ele atribuídos. d) u8lização da forma pronominal “la”, que reflete um tratamento formal do filho em relação à mãe. e) repe8ção da forma verbal “é”, que reforça a relação de adição existente entre as orações. Gripado, penso entre espirros em como a palavra gripe nos chegou após uma série de contágios entre línguas. Par8u da Itália em 1743 a epidemia de gripe que disseminou pela Europa, além do vírus propriamente dito, dois vocábulos virais: o italiano influenza e o francês grippe. O primeiro era um termo derivado do la8m medieval influen>a, que significava “influência dos astros sobre os homens”. O segundo era apenas a forma nominal do verbo gripper, isto é “agarrar”. Supõe-se que fizesse referência ao modo violento como o vírus se apossa do organismo infectado. RODRIGUES, S. Sobre palavras. Veja. São Paulo, 30 nov. 2011. 40) (ENEM-2013) Para se entender o trecho como uma unidade de sen8do, é preciso que o leitor reconheça a ligação entre seus elementos. Nesse texto, a coesão é construída predominantemente pela retomada de um termo por outro e pelo uso da elipse. O fragmento do texto em que há coesão por elipse do sujeito é: a) “[…] a palavra gripe nos chegou após uma série de contágios entre línguas.” b) “Par8u da Itália em 1743 a epidemia de gripe […]”. c) O primeiro era um termo derivado do la8m medieval influen>a que significava “influência dos astros sobre os homens”. d) “O segundo era apenas a forma nominal do verbo gripper […]”. e) “Supõe-se que fizesse referência ao modo violento como o vírus se apossa do organismo infectado.” JOGAR LIMPO Argumentar não é ganhar uma discussão a qualquer preço. Convencer alguém de que algo é, antes de tudo, uma alterna8va à prá8ca de ganhar uma questão no grito ou na violência �sica – ou não �sica. Não �sica, dois pontos. Um polí8co que mente descaradamente pode ca8var eleitores. Uma publicidade que joga baixo pode constranger mul8dões a consumir um produto danoso ao ambiente. Há manipulações psicológicas não só na religião. E é comum pessoas agirem emocionalmente, porque ví8mas de ardilosa – e cangoteira – sedução. Embora a eficácia a todo preço não seja argumentar, tampouco se trata de admi8r só verdades cien\ficas – formar opinião apenas depois de ver a demonstração e as evidências, como a ciência faz. Argumentar é matéria da vida co8diana, uma forma de retórica, mas é um raciocínio que tenta convencer sem se tomar mero cálculo manipula8vo, e pode ser rigoroso sem ser cien\fico. Língua portuguesa, São Paulo, ano 5, n.66, abr. 2011. Adaptado. 41) (ENEM-2013) No fragmento, opta-se por uma construção linguís8ca bastante diferente em relação aos padrões normalmente empregados na escrita. Trata-se da frase “Não �sica, dois pontos”. Nesse contexto, a escolha por se representar por extenso o sinal de pontuação que deveria ser u8lizado a) enfa8za a metáfora de que o autor se vale para desenvolver seu ponto de vista sobre a arte de argumentar. b) diz respeito a um recurso de metalinguagem, evidenciando as relações e as estruturas presentes no enunciado. c) é um recurso es8lís8co que promove sa8sfatoriamente a sequenciação de ideias, introduzindo apostos explica8vos. d) ilustra a flexibilidade na estruturação do gênero textual, a qual se concre8za no emprego da linguagem conota8va. e) prejudica a sequência do texto, provocando estranheza no leitor ao não desenvolver explicitamente o raciocínio a par8r de argumentos. www.manoelneves.com Página de 24 50 Manoel Neves http://www.manoelneves.com Gramática no ENEM: questões compiladas, resolvidas e comentadas BRASIL É O MAIOR DESMATADOR, MOSTRA ESTUDO DA ONU O Brasil reduziu sua taxa de desmatamento em vinte anos, mas con8nua líder entre os países que mais desmatam, segundo a FAO (órgão da ONU para a agricultura). A en8dade apresentou ontem estudo sobre a cobertura florestal no mundo e o resultado é preocupante: em apenas dez anos, uma área de floresta do tamanho de dois estados de São Paulo desapareceu do país. De forma geral, a queda no ritmo da perda de cobertura florestal foi de 37% em dez anos. Entre 1990 e 1999, 16 milhões de hectares por ano sumiram. Entre 2000 e 2009, esse número caiu para 13 milhões de hectares. Mas o número é considerado alto. A América do Sul é apontada como a maior responsável pela perda de florestas do mundo, com cortes anuais de 4 milhões de hectares. A África vem em seguida, com 3,4 milhões de hectares/ano. O Estado de São Paulo, 26 mar. 2010. 42) (ENEM-2013) Na no\cia lida, o conec8vo “mas” (terceiro parágrafo) estabelece uma relação de oposição entre as sentenças: “Entre 2000 e 2009, esse número caiu para 13 milhões de hectares” e “o número é considerado alto”. Uma das formas de se reescreverem esses enunciados, sem que lhes altere o sen8do inicial, é: a) Porque, entre 2000 e 2009, esse número caiu para 13 milhões de hectares, o número é considerado alto. b) Entre 2000 e 2009, esse número caiu para 13 milhões de hectares, por isso o número é considerado alto. c) Entre 2000 e 2009, esse número caiu para 13 milhões de hectares, uma vez que o número é considerado alto. d) Embora, entre 2000 e 2009, esse número tenha caído para 13 milhões de hectares, o número é considerado alto. e) Visto que, entre 2000 e 2009, esse número caiu para 13 milhões de hectares, o número é considerado alto. — Ora dizeis, não é verdade? Pois o Sr. Lúcio queria esse cravo, mas vós lho não podíeis dar, porque o velho militar não 8rava os olhos de vós; ora, conversando com o Sr. Lúcio, acordastes ambos que ele iria esperar um instante no jardim... MACEDO, J. M. A moreninha. Disponível em: www.dominiopublico.com.br. Acesso em: 17 abr. 2010 (fragmento). 43) (ENEM-2013) O trecho faz parte do romance A moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo. Nessa parte do romance, há um diálogo entre dois personagens. A fala transcrita revela um falante que u8liza uma linguagem a) informal, com estruturas e léxico coloquiais. b) regional, com termos caracterís8cos de uma região. c) técnica, com termos de áreas específicas. d) culta, com domínio da norma padrão. e) lírica, com expressões e termos empregados em sen8do figurado. HISTÓRIA DA MÁQUINA QUE FAZ O MUNDO MUDAR Cego, aleijado e moleque, Padre, doutor e soldado, Inspetor, juiz de direito, Comandante e delegado, Tudo, tudo joga o dinheiro Esperando bom resultado. Matuto, senhor de engenho, Praciano e mandioqueiro, Do agreste ao sertão Todos jogam seu dinheiro Se um diz que é men8roso www.manoelneves.com Página de 25 50 Manoel Neves http://www.manoelneves.com Gramática no ENEM: questões compiladas, resolvidas e comentadas Outro diz que é verdadeiro. Na opinião do povo Não tem quem possamandar Faça ou não faça a máquina O povo tem que esperar Por que quem joga dinheiro Só espera mesmo é ganhar. Assim é que muitos pensam Que no abismo não cai Que quem não for no Juazeiro Depois de morto ainda vai, Assim também é crença Que a dita máquina sai. Quando um diz: ele não faz, Já outro fica zangado Dizendo: assim como Cristo Morreu e foi ressuscitado Ele também faz a máquina E seu dinheiro é lucrado. CRUZ, A. F. Disponível em: www.jangadabrasil.org. Acesso em: 5 ago. 2012 (fragmento). 44) (ENEM-2013) No fragmento, as escolhas lexicais remetem às origens geográficas e sociais da literatura de cordel. Exemplifica essa remissão o uso de palavras como a) cego, aleijado, moleque, soldado, juiz de direito. b) agreste, sertão, Juazeiro, matuto, senhor de engenho. c) comandante, delegado, dinheiro, resultado, praciano. d) men8roso, verdadeiro, joga, ganhar. e) morto, crença, zangado, Cristo. 45) (ENEM-2013) Uma língua é um sistema social reconhecível em diferentes variedades e nos muitos usos que as pessoas fazem dela em múl8plas situações de comunicação. O texto que se apresenta na variedade padrão formal da língua é a) Quando vc quis eu não quis/ Qdo eu quis vc ñ quis/ Pensando mal quase q fui/ Feliz. [Cacaso] b) — Aonde é que você vai, rapaz?!/ (— Tá louco, bicho, vou cair fora!/ — Mas, qual é, rapaz?! Uma simples operação de apendicite. [Ziraldo] c) Eu, hoje, acordei mais cedo/ e, azul, 8ve uma ideia clara./ Só existe um segredo./ Tudo está na cara. [Paulo Leminski] d) Com deus mi deito com deus mi levanto/ comigo eu calo comigo eu canto/ eu bato um papo eu bato um ponto/ eu tomo um drink eu fico tonto. [Chacal] e) O tempo é um fio/ por entre os dedos./ Escapa o fio,/ perdeu-se o tempo. [Henriqueta Lisboa] www.manoelneves.com Página de 26 50 Manoel Neves http://www.manoelneves.com Gramática no ENEM: questões compiladas, resolvidas e comentadas MISS UNIVERSO: “PESSOAS RACISTAS DEVEM PROCURAR AJUDA” SÃO PAULO — Leila Lopes, de 25 anos, não é a primeira negra a receber a faixa de Miss Universo. A primazia coube a Janelle “Penny” Commissiong, de Trinidad e Tobago, vencedora do concurso em 1977. Depois dela vieram Chelsi Smith, dos Estados Unidos, em 1995; Wendy Fitzwilliam, também de Trinidad e Tobago, em 1998, e Mpule Kwelagobe, de Botswana, em 1999. Em 1986, a gaúcha Deise Nunes, que foi a primeira negra a se eleger Miss Brasil, ficou em sexto lugar na classificação geral. Ainda assim, a estupidez humana faz com que, vez ou outra, surjam manifestações preconceituosas como a de um site brasileiro que, às vésperas da compe8ção, e se valendo do anonimato de quem o criou, emi8u opiniões do 8po “Como alguém consegue achar uma preta bonita?”Após receber o \tulo, a mulher mais linda do mundo — que tem o português como língua materna e também fala fluentemente inglês — disse o que pensa de a8tudes como essa e também sobre como sua conquista pode ajudar os necessitados de Angola e de outros países. COSTA, D. Disponível em: h|p://oglobo.globo.com. Acesso em: 10 set. 2011 (adaptado). 46) (ENEM-2014) O uso da expressão “ainda assim” presente nesse texto tem como finalidade a) cri8car o teor das informações fatuais até ali veiculadas. b) ques8onar a validade das ideias apresentadas anteriormente. c) comprovar a veracidade das informações expressas anteriormente. d) introduzir argumentos que reforçam o que foi dito anteriormente. e) enfa8zar o contrassenso entre o que é dito antes e o que vem em seguida. A TENDÊNCIA DOS NOMES O nome é uma das primeiras coisas que não escolhemos na vida. Estará inscrito nos registros: na maternidade, no RG, no CPF, no obituário etc. Enfim, uma escolha que não fizemos nos acompanha do berço ao túmulo, pois na lápide se dirá que ali jaz Fulano de Tal. SILVA, D. Língua. n.77, mar. 2012. 47) (ENEM-2014) Algumas palavras atuam no desenvolvimento de um texto, contribuindo para a sua progressão. A palavra “enfim” promove um encadeamento do texto, tendo sido u8lizada com a intenção de a) explicar que os nomes das pessoas são escolhidos no nascimento. b) ra8ficar que os nomes registrados no nascimento são imutáveis. c) reiterar que os nomes recebidos são importantes até a morte. d) concluir que os nomes acompanham os indivíduos até a morte. e) acrescentar que ninguém pode escolher o próprio nome. RECICLAR É SÓ PARTE DA SOLUÇÃO O lixo é um grande problema da sustentabilidade. Literalmente: todos os anos, cada brasileiro produz 385 kg de resíduos - dá 61 milhões de toneladas no total. O certo seria tentar diminuir ao máximo essa quan8dade de lixo. Ou seja, em vez de ter objetos recicláveis, o ideal seri produzir sempre objetos reu8lizáveis. Mas, enquanto isso não acontece, temos que nos contentar com a reciclagem. E é aí que vem um detalhe perigoso: reciclar lixo também polui o ambiente e gasta energia. Reciclar vidro, por exemplo, é 15% mais caro do que produzi-lo a par8r de matérias-primas virgens. Afinal, é feito basicamente de areia soda e calcário, que são abundantes na natureza. Então, nenhuma empresa tem interesse em reciclá-lo. Já o alumínio é um supernegócio, porque economiza muita energia. HORTA, M. Disponível em: h|p://super.abril.com.br. Acesso em: 25 maio 2012. 48) (ENEM-2014) O emprego adequado dos elementos de coesão contribui para a construção de um texto argumenta8vo e para que os obje8vos pretendidos pelo autor possam ser alcançados. A análise desses elementos no texto mostra que o conec8vo www.manoelneves.com Página de 27 50 Manoel Neves http://www.manoelneves.com Gramática no ENEM: questões compiladas, resolvidas e comentadas a) “ou seja” introduz um esclarecimento sobre a diminuição da quan8dade de lixo. b) “mas” instaura jus8fica8vas para a criação de novos 8pos de reciclagem. c) “também” antecede um argumento a favor da reciclagem. d) “afinal” retoma uma finalidade para o uso de matérias-primas. e) “então” reforça a ideia de escassez de matérias-primas na natureza. SENHORA “Mãe, noooossa! Esse seu cabelo novo ficou lindo! Parece que você é, 8po, mais jovem!” “Jura, minha filha? Obrigada!” “Mas aí você vira de frente e aí a gente vê que, 8po, não é, né?” "Coisa linda da mamãe!" Esse diálogo é real. Claro que achei graça, mas o fato de envelhecer já não é mais segredo para ninguém. Um belo dia, a vendedora da loja te pergunta: “A senhora quer pagar como?” Senhora? Como assim? Eu sempre fui a Marcinha! Agora eu sou a dona Márcia! Sim, o porteiro, o motorista de táxi, o jornaleiro, o garçom, o mundo inteiro resolveu ter um respeito comigo que eu não pedi. CABRITA, M. Disponível em: h|p://www.istoe.com.br. Acesso em: 11 ago. 2012. Fragmento 49) (ENEM-2014) A exploração de registros linguís8cos é importante estratégia para o estabelecimento do efeito de sen8do pretendido em determinados textos. No texto, o recurso a diferentes registros indica a) mudança na representação social do locutor. b) reflexão sobre a iden8dade profissional da mãe. c) referência ao tradicionalismo linguís8co da autora do texto. d) elogio às situações vivenciadas pela personagem mãe. e) compreensão do processo de envelhecimento como algo prazeroso. E se a água potável acabar? O que aconteceria se a água potável do mundo acabasse? As teorias mais pessimistas dizem que a água potável deve acabar logo, em 2050. Nesse ano, ninguém mais tomará banho todo dia. Chuveiro com água só duas vezes por semana. Se alguém exceder 55 litros de consumo (metade do que a ONU recomenda), seu abastecimento será interrompido. Nos mercados, não haveria carne, pois, se não há água para você, imagine para o gado. Gastam-se 43 mil litros de água para produzir 1 kg de carne. Mas, não é só ela que faltará. A Região Centro-Oeste do Brasil, maior produtor de grãosda América La8na em 2012, não conseguiria manter a produção. Afinal, no país, a agricultura e a agropecuária são, hoje, as maiores consumidoras e água, com mais de 70% do uso. Faltariam arroz, feijão, soja, milho e outros grãos. Disponível em: h|p://super.abril.com.br. Acesso em: 30 jul. 2012. 50) (ENEM-2014) A língua portuguesa dispõe de vários recursos para indicar a a8tude do falante em relação ao conteúdo de seu enunciado. No início do texto, o verbo “dever” contribui para expressar a) uma constatação sobre como as pessoas administram os recursos hídricos. b) a habilidade das comunidades em lidar com problemas ambientais contemporâneos. c) a capacidade humana de subs8tuir recursos naturais renováveis. d) uma previsão trágica a respeito das fontes de água potável. e) uma situação ficcional com base na realidade ambiental brasileira. Há qualquer coisa de especial nisso de botar a cara na janela em crônica de jornal – eu não fazia isso há muitos anos, enquanto me escondia em poesia e ficção. Crônica algumas vezes também é feita, intencionalmente, para provocar. www.manoelneves.com Página de 28 50 Manoel Neves http://www.manoelneves.com Gramática no ENEM: questões compiladas, resolvidas e comentadas Além do mais, em certos dias mesmo o escritor mais escolado não está lá grande coisa. Tem os que mostram sua cara escrevendo para reclamar: moderna demais, an8quada demais. Alguns discorrem sobre o assunto, e é gostoso compar8lhar ideias. Há os textos que parecem passar despercebidos, outros rendem um montão de recados: “Você escreveu exatamente o que eu sinto”, “isso é exatamente o que falo com meus pacientes”, É isso que digo para meus pais”, “Comentei com minha namorada”. Os es\mulos são valiosos pra quem nesses tempos andava meio assim: é como me botarem no colo – também eu preciso. Na verdade, nunca fui tão posta no colo por leitores como na janela do jornal. De modo que está sendo ó8ma, essa brincadeira séria, com alguns textos que iam acabar neste livro, outros espalhados por aí. Porque eu levo a sério ser sério... mesmo quando parece que estou brincando: essa é uma das maravilhas de escrever. Como escrevi há muitos anos e con8nua sendo a minha verdade: palavras são meu jeito secreto de calar. LUFT, L. Pensar é transgredir. Rio de Janeiro: Record, 2004. 51) (ENEM-2014) Os textos fazem uso constante de recursos que permitem a ar8culação entre suas partes. Quanto à construção do fragmento, o elemento a) “nisso” introduz o fragmento “botar a cara na janela em crônica no jornal”. b) “assim” é uma paráfrase de “é como me botarem no colo”. c) “isso” remete a “escondia em poesia e ficção”. d) “alguns” antecipa a informação “É isso que digo para meus pais”. e) “essa” recupera a informação anterior a “janela do jornal”. www.manoelneves.com Página de 29 50 Manoel Neves http://www.manoelneves.com Gramática no ENEM: questões compiladas, resolvidas e comentadas 52) (ENEM-2014) Nas regras de e8queta, a linguagem coloquial promove maior proximidade do leitor com o texto. Um recurso para a produção desse efeito cons8tui um desvio à variedade padrão da língua portuguesa. Trata-se do uso a) de palavras estrangeiras, como “darling” e “pet”, pois afrontam a iden8dade nacional. b) do verbo “ter”, que foi u8lizado em lugar de “haver” com o sen8do de “exis8r”. c) da forma verbal “adorei”, uma expressão exagerada de emoção e sen8mento. d) do modo impera8vo, \pico das conversas informais. e) do substan8vo “bate-papo”, que é uma gíria inadequada para regras de e8queta. A menina apareceu grávida de um gavião. Veio falou para a mãe: o gavião me desmoçou. A mãe disse: Você vai parir uma árvore para a gente comer goiaba nela. E comeram goiaba. Naquele tempo de dantes não havia limites para ser. Se a gente encostava em ser ave ganhava o poder de alçar. Se a gente falasse a par8r de um córrego a gente pegava murmúrios. Não havia comportamento de estar. Urubus conversavam sobre auroras. Pessoas viravam árvore. Pedras viravam rouxinóis. Depois veio a ordem das coisas e as pedras têm que rolar seu des8no de pedra para o resto dos tempos. Só as palavras não foram cas8gadas com a ordem natural das coisas. As palavras con8nuam com seus deslimites. BARROS, M. Retrato do ar;sta quando coisa. Rio de Janeiro: Record, 1998. 53) (ENEM-2014) No poema, observam-se os itens lexicais desmoçou e deslimites. O mecanismo linguís8co que os originou corresponde ao processo de a) estrangeirismo, que significa a inserção de outras comunidades idiomá8cas no português. b) neologismo, que consiste na inovação lexical, usada para o refinamento es8lís8co do texto poé8co. c) arcaísmo, que expressa o emprego de termos produ8vos em outros períodos históricos do português. d) brasileirismo, que significa a inserção de palavras específicas da realidade linguís8ca do português. e) jargão, que evidencia o uso profissional de palavras específicas de uma área do léxico português. É POSSÍVEL TER CÃIBRAS NO CORAÇÃO? É impossível ter cãibras no coração, apesar de ser comum pacientes se queixarem de dores semelhantes a uma contratura no órgão. A musculatura cardíaca é diferente da musculatura esquelé8ca das pernas e braços, onde sen8mos cãibras. Isso porque o coração possui um 8po especial de fibra muscular estriada, que tem movimento involuntário. O órgão contrai e relaxa automa8camente. Não há registro de casos em que ele permaneça contraído sem relaxamento imediato, que é como a cãibra se apresenta. Disponível em: h|p://super.abril.com.br. Acesso em: 30 jun. 2012. Fragmento. www.manoelneves.com Página de 30 50 Manoel Neves http://www.manoelneves.com Gramática no ENEM: questões compiladas, resolvidas e comentadas 54) (ENEM-2014) Os conec8vos são elementos fundamentais para a ligação de palavras e orações no texto. Contextualmente, o conec8vo “apesar de” expressa. a) explicação, porque apresenta os mo8vos que impossibilitam o aparecimento de cãibras no coração. b) concessão, pois introduz uma ideia contrária à afirmação “é impossível ter cãibras no coração. c) causa, tendo em vista que introduz a razão da manifestação da doença no coração. d) conclusão, já que finaliza a afirmação “é impossível ter cãibras no coração”. e) consequência, uma vez que apresenta os efeitos das cãibras. Disponível em: h|p://www.behance.net. Acesso em: 21 fev. 2013. Adaptado. 55) (ENEM-2015) A rapidez é destacada como uma das qualidades do serviço anunciado, funcionando como estratégia de persuasão em relação ao consumidor do mercado gráfico. O recurso da linguagem verbal que contribui para esse destaque é o emprego a) do termo “fácil” no início do anúncio, com foco no processo. b) de adje8vos que valorizam a ni8dez da impressão. c) das formas verbais no futuro e no pretérito, em sequência. d) da expressão intensificado “menos do que” associada à qualidade. e) da locução “do mundo” associada a “melhor”, que quan8fica a ação. Em junho de 1913, embarquei para a Europa a fim de me tratar num sanatório suíço. Escolhi o de Clavadel perto de Davos-Platz, porque a respeito dele me falara João Luso, que ali passara um inverno com a senhora. Mais tarde vim a saber que antes de exis8r no lugar um sanatório, lá es8ver por algum tempo Antônio Nobre. “Ao cair das folhas”, um de seus mais belos sonetos, talvez o meu predileto, está datado de “Clavadel, outubro, 1895”. Fiquei na Suíça até outubro de 1914. BANDEIRA, M. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1985. 56) (ENEM-2015) No relato de memórias do autor, entre os recursos usados para organizar a sequência de eventos narrados, destaca-se a: www.manoelneves.com Página de 31 50 Manoel Neves http://www.manoelneves.com Gramática no ENEM: questões compiladas, resolvidas e comentadas a) construção de frases curtas a fim de conferir dinamicidade ao texto. b) presença de advérbios de lugar para indicara progressão dos fatos. c) alternância de tempos do pretérito para ordenar os acontecimentos. d) inclusão de enunciados com comentários e avaliações pessoais. e) alusão a pessoas marcantes na trajetória de vida do escritor. Um ato de cria8vidade pode contudo gerar um modelo produ8vo. Foi o que ocorreu com a palavra sambódromo, cria8vamente formada com a terminação – (ó)dromo (= corrida), que figura em hipódromo, autódromo, cartódromo, formas que designam itens culturais da alta burguesia. Não demoraram a circular, a par8r de então, formas populares como rangódromo, beijódromo, camelodromo. AZEREDO, J. C. Gramá;ca Houaiss da língua portuguesa. São Paulo: Publifolha, 2008. Existe coisa mais descabida do que chamar de sambódromo uma passarela para desfile de escolas de samba? Em grego, -dromo quer dizer “ação de correr, lugar de corrida”, daí as palavras autódromo e hipódromo. É certo que, às vezes, durante o desfile, a escola se atrasa e é obrigada a correr para não perder pontos, mas não se desloca com a velocidade de um cavalo ou de um carro de Fórmula 1. GULLAR, F. Disponível em: h|p://www1.folha.uol.com.br. Acesso em: 3 ago. 2012. 57) (ENEM-2015) Há nas línguas mecanismos geradores de palavras. embora o texto II apresente um julgamento de valor sobre a formação da palavra sambódromo, o processo de formação dessa palavra reflete: a) o dinamismo da língua na criação de palavras novas. b) uma nova realidade limitando o aparecimento de novas palavras. c) a apropriação inadequada de mecanismos de criação de palavras por leigos. d) o reconhecimento da impropriedade semân8ca dos neologismos. e) restrição na produção de novas palavras com o radical grego. DA TIMIDEZ Ser um \mido notório é uma contradição. O \mido tem horror a ser notado, quanto mais a ser notório. se ficou notório por ser \mido, então tem que se explicar. Afinal, que retumbante 8midez é essa, que atrai tanta atenção? Se ficou notório apesar de ser \mido, talvez es8vesse se enganando junto com os outros e sua 8midez seja apenas um estratagema para ser notado. Tão secreto que nem ele sabe. É como no paradoxo psicanalí8co, só alguém que se acha muito superior procura o analista para tratar um complexo de inferioridade, porque só ele acha que se sen8r inferior é doença. […] O \mido tenta se convencer de que só tem problemas com mul8dões, mas isto não é vantagem. Para o \mido, duas pessoas são uma mul8dão. Quando não consegue escapar e se vê diante de uma plateia, o \mido não pensa nos membros da plateia como indivíduos. Mul8plica-os por quatro, pois cada indivíduo tem dois olhos e dois ouvidos. Quatro vias, portanto, para receber suas gafes. Não adianta pedir para a plateia fechar os olhos, ou tapar um olho e um ouvido para cortar o desconforto do \mido pela metade. Nada adianta. O \mido, em suma, é uma pessoa convencida de que é o centro do Universo, e que seu vexame ainda será lembrado quando as estrelas virarem pó. VERÍSSIMO, L. F. Comédias para se ler na escola. Rio de Janeiro: Obje8va, 2001. 58) (ENEM-2016) Entre as estratégias de progressão textual presentes nesse trecho, iden8fica-se o uso de conectores. Os elementos que evidenciam noções semelhantes estão destacados em: a) “Se ficou notório por ser \mido” e “então tem que se explicar”. b) “Então tem que se explicar” e “quando as estrelas virarem pó”. c) “ficou notório apesar de ser \mido” e “mas isto não é vantagem”. d) “um estratagema para ser notado” e “tão secreto que nem ele sabe”. e) “como no paradoxo psicanalí8co” e “porque só ele acha”. www.manoelneves.com Página de 32 50 Manoel Neves http://www.manoelneves.com Gramática no ENEM: questões compiladas, resolvidas e comentadas Descubra e aproveite um momento todo seu. Quando você quebra o delicado chocolate, o irresis\vel recheio cremoso começa a derreter na sua boca, acariciando todos os seus sen8dos. Criado por nossa empresa. Paixão e amor por chocolate desde 1845. Veja, n. 2320, 8 mai., 2013. Adaptado. 59) (ENEM-2016) O texto publicitário tem a intenção de persuadir o público-alvo a consumir determinado produto ou serviço. No anúncio, essa intenção assume a forma de um convite, estratégia argumenta8va linguis8camente marcada pelo uso de a) conjunção (quando). b) voca8vo (irresis\vel). c) verbo no impera8vo (descubra). d) palavra do campo afe8vo (paixão). e) expressão sensorial (acariciando). Certa vez, eu jogava uma par8da de sinuca, e só havia a bola sete na mesa. De modo que a mas8guei lentamente, saboreando-lhe os bocados com prazer. Refiro-me à refeição que havia pedido ao garçom. Dei-lhe duas tacadas na cara. Estou me referindo à bola. Em seguida, saí montando nela e a égua, de que estou falando agora, chegou calmamente à fazenda de minha mãe. Fui encontrá-la morta na mesa, meu irmão comia-lhe uma perna com prazer e ofereceu-me um pedaço: “Obrigado”, disse eu, “já comi galinha no almoço”. Logo em seguida, chegou minha mulher e deu-me na cara. Um beijo, digo. Dei-lhe um abraço. Fazia calar. Daí a pouco minha camisa estava inteiramente molhada. Refiro-me a que estava na corda secando, quando começou a chover. Minha sogra apareceu para apanhar a camisa. Não 8ve remédio senão esmagá-la com o pé. Estou falando da barata que ia trepando na cadeira. Malaquias, meu primo, vivia com uma velha de oitenta anos. A velha era sua avó, esclareço. Malaquias 8nha dezoito filhos, mas nunca se casou. Isto é, nunca se casou com uma mulher que durasse mais de um ano. Agora, sentado à nossa frente, Malaquias fura o coração com uma faca. Depois corta as pernas e o sangue do porco enche a bacia. Nos bons tempos, passeávamos juntos. Eu 8nha um carro. Malaquias 8nha uma namorada. Um dia, rolou a ribanceira. Me refiro a Malaquias. Entrou pela pretória adentro arrebentando a porta e parou resfolegante junto do juiz pálido de susto. Me refiro ao caro. E a Malaquias. FERNANDES, Millor. Trinta anos de mim mesmo. São Paulo: Abril Cultural, 1973. 60) (ENEM-2016) Nesse texto, o autor reorienta o leitor não processo de leitura, usando como recurso expressões como “refiro-me/me refiro”, “estou me referindo”, “de que estou falando agora”, “digo”, “estou falando da”, “esclareço”, “isto é”. Todas elas são expressões linguís8cas introdutoras de paráfrases, quer servem para a) confirmar b) contradizer c) destacar d) re8ficar e) sinte8zar APESAR DE Não lembro quem disse que a gente gosta de uma pessoa não por causa de, mas apesar de. Gostar daquilo que é gostável é fácil: gen8leza, bom humor, inteligência, simpa8a, tudo isso a gente tem em estoque na hora em que conhece uma pessoa e resolve conquistá-la. Os defeitos ficam guardadinhos nos primeiros dias e só então, com a convivência, vão saindo do esconderijo e revelando-se no dia a dia. Você então descobre que ele não é apenas gen8l e doce, mas também um tremendo casca-grossa quando trata os próprios funcionários. E ela não é apenas segura e www.manoelneves.com Página de 33 50 Manoel Neves http://www.manoelneves.com Gramática no ENEM: questões compiladas, resolvidas e comentadas determinada, mas uma chorona que passa 20 dias por mês com TPM. E que ele ronca, e que ela diz palavrão demais, e que ele é supers8cioso por bobagens, e que ele enjoa na estrada, e que ele não gosta de criança, e que ela não gosta de cachorro, e agora? Agora, convoquem o amor para resolver essa encrenca. MEDEIROS, M. Revista O Globo, n.790, 12 jun. 2011. Adaptado. 61) (ENEM-2016) Há elementos de coesão textual que retomam informações no texto e outros que as antecipam. Nos trechos, o elemento de coesão sublinhado que antecipa uma informação do texto é: a) “Gostar daquilo que é gostável é fácil”. b) “tudo isso a gente tem em estoque”. c) “na hora em que conhece uma pessoa”. d) “resolve conquistá-la”. e) “para resolver essa encrenca”.
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