Calonectris borealis
(Cory, 1881)É a maior pardela do hemisfério norte, com um comprimento médio de 50 cm e uma envergadura de 125 cm. A plumagem é castanho-acinzentada no dorso e branca no abdómen e peito. A cauda é curta e as asas são longas e estreitas. O bico é forte e amarelo e no topo situam-se duas narinas tubulares. Os tarsos e as patas são cor-de-rosa. Emite cantos característicos (agudos nos machos e graves e roucos nas fêmeas) ao anoitecer, tanto em voo como no ninho, para comunicar com o parceiro ou defender o território. Tem posturas de um único ovo, sem reposição em caso de perda. Ambos os membros do casal participam na incubação e cuidado à descendência.
Trata-se de uma espécie pelágica que vem a terra para se reproduzir entre Março e Outubro. Nidifica em ilhas e ilhéus, geralmente em zonas escarpadas de difícil acesso e originalmente sem predadores. Os ninhos localizam-se em cavidades naturais no solo ou em fendas nas rochas. Pode também ocupar antigas luras de coelhos ou escavar buracos no solo para construir o ninho. Alimenta-se em zonas de elevada produtividade biológica como frentes oceânicas, montes submarinos ou ao longo da plataforma continental. A dieta é constituída principalmente por pequenos peixes pelágicos (e.g. sardinha, carapau e cavala), crustáceos e cefalópodes. É frequentemente observada a alimentar-se em associação com golfinhos.
Em Portugal, ocorre como reprodutora nos arquipélagos das Berlengas, da Madeira e dos Açores. Neste último arquipélago é especialmente abundante, com uma estimativa de 188 000 casais reprodutores o que corresponde a 75% da população mundial.
Nota: o estatuto «Vulnerável» com que esta espécie se encontra avaliada refere-se à população ocorrente no arquipélago das Berlengas. As populações dos arquipélagos dos Açores e da Madeira estão avaliadas com o estatuto «Pouco Preocupante», segundo o Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal (2005).
> Presença de predadores introduzidos (e.g. ratos, ratazanas, gatos e furões) nas colónias que limita o sucesso reprodutor da espécie (predação dos ovos e das crias)
> Iluminação pública (provoca desorientação nos juvenis quando saem do ninho, elevando o risco de atropelamento)
> Captura acidental em artes de pesca
> Exposição ao lixo marinho (elevada probabilidade de ingestão de plástico)
> Captura ilegal para consumo
> Definição de áreas protegidas, zonas de protecção especial e áreas importantes para as aves no mar
> Erradicação de predadores (ratos e ratazanas) e esterilização de gatos assilvestrados
> Redução da iluminação pública em zonas onde se detectem avistamentos de aves desorientadas ou mortas
> Redução das capturas acidentais através da implementação de medidas de afastamento/dissimulação
> Acções de sensibilização sobre o impacto do plástico e do lixo em geral nas comunidades de aves marinhas
> Monitorização do plástico ingerido em juvenis e adultos da espécie