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Crítica: O Menino Que Descobriu o Vento é crônica sobre desigualdades

A nova produção da Netflix traz história “feel good” sobre um jovem em busca de salvar sua aldeia

atualizado

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Netflix/Divulgação
O Menino Que Descobriu o Vento
1 de 1 O Menino Que Descobriu o Vento - Foto: Netflix/Divulgação

O Menino Que Descobriu o Vento, novo filme da Netflix, é daquelas produções feel good: na qual tudo termina bem e traz uma história inspiracional. Porém, o longa do diretor Chiwetel Ejiofor, já disponível no serviço de streaming, tem camadas mais densas, capazes de levar a reflexões maiores.

A produção acompanha a saga de William Kamkwamba (Maxwell Simba), um garoto determinado a “domar o vento”, a utilizar a força dos ares para gerar energia elétrica e assim salvar da fome sua aldeia no Malawi. Baseado em fatos reais, a fita tem grande capacidade de emocionar.

Mas há algo para além do óbvio, em cenas e diálogos aparecem sutis (e por vezes explicitas) críticas às políticas, economia e sociedade ocidentais. O dito Mundo Civilizado (do qual, nem África nem América do Sul fazem parte) impôs, ao longo da história, seus modelos, levando esses continentes a serem explorados e conviverem com a miséria.

Netflix/Divulgação
A saga acompanha a luta de William para salvar sua aldeia da fome

 

Antes que eu receba aqui a pecha de “comunista”, como tem se tornado praxe nas redes sociais, explico: O Menino Que Descobriu o Vento é uma leitura, por meio da jornada do herói, das brutais desigualdades econômicas que assolam o mundo.

Parte do roteiro – que se mostra confuso e esticado em momentos pontuais – tem como base o livro de Kamkwamba e Bryan Mealer. A falta de maior profundidade na ambientação política da África e das consequências ao continente dos atentados às Torres Gêmeas em 2001 pode ser justificada por uma história que se passa pelos olhos de um menino de 13 anos, pobremente educado.

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Mesmo com a ausência do contexto político, há cenas emblemáticas, como a doentia e incessante de defesa do diretor da escola do tal “governo”, que funciona apenas para manter e aprofundar desigualdades. Trywell (Chiwetel Ejiofor), o pai, faz uma sutil crítica à importação dos modelos políticos que tanto caos trouxe ao continente africano: “A democracia é como mandioca importada, apodrece rapidamente”.

A batalha de Willian e sua irmã Annie (Lil Banda) para conseguirem estudar – ele no ensino médico, ela, no superior – levam à constatação da importância da universalização da educação. E mais, além do acesso, o filme demonstra claramente as dificuldades que os mais pobres sofrem: nem mesmo luz elétrica, eles tinham para fazer exercícios à noite, além de conviverem em um ambiente no qual o conhecimento formal é desvalorizado socialmente.

Empatia feel good
Política e sociologia (de botequim) à parte, O Menino Que Descobriu o Vento é uma produção capaz de deixar o espectador grudado na trama por quase duas horas. A luta da superação da miséria, o panorama desolador da fome, a corrupção geram empatia natural a luta de William.

O sonho altruísta do jovem, de desenvolver tecnologia para ajudar toda a aldeia, acrescenta mais um verniz de identificação ao personagem principal. Mesmo com problemas e falhas, o filme agrada e deixa aquela sensação boa ao final.

Avaliação: Bom

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