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Templo de Diana, Évora-Portugal

www.maislonge.comO denominado Templo de Diana é um santuário que não terá sido dedicado à deusa romana da caça mas, provavelmente, ao culto do imperador. Datado do século I ou II d. C., este templo romano de Évora é o maior exemplo da arte religiosa romana em Portugal, revelando grande equilíbrio e harmonia de linhas clássicas, próprias da arte greco-romana, apesar das destruições e depredações de que foi alvo ao longo de séculos. Ex-libris da capital do Alto Alentejo, o denominado Templo de Diana domina, na sua altiva cota de 302 metros, a malha urbana de Évora.
Semidestruído pela invasão visigótica do século V d. C., a sua consagração original foi apagada da memória dos eborenses. Somente nos finais do século XVII é que o jesuíta Manuel Fialho, no seu livro “Évora Ilustrada”, arriscou batizar o santuário com o epíteto de Diana, dado que perfilhava a opinião anacrónica de que a fundação do templo se deve ao chefe dos Lusitanos, Sertório, um devoto da deusa romana da caça e que seria assassinado pelos romanos no ano de 72 a. C.
Ora, cronologicamente, este templo apresenta características estilísticas que o filiam na época dos Flávios, o que o remete para uma data mais avançada, ou seja, entre os séculos I e II d. C. Com efeito, estudos arqueológicos mais recentes admitem a hipótese de ele ter sido dedicado a Júpiter ou ao culto do imperador, inscrevendo-se num culto oficial do município e tendo um lugar de destaque no contexto do Fórum citadino.
Ao longo da Idade Média, o templo integrou o sistema de defesa da cidade, sendo convertido em torreão e desempenhando um estratégico papel na Revolução de 1383-1385, a favor do mestre de Avis, e que Fernão Lopes tão bem descreveu na sua Crónica de D. João I. Posteriormente, foi reconvertido para servir de matadouro municipal, servindo esse desiderato durante alguns séculos.
Felizmente, este templo romano, preciosidade única do seu género no nosso país, seria restituído à sua dignidade e pureza originais, aquando de uma campanha de restauro em 1870, conduzida pelo arquiteto italiano Cinatti.
Apesar das destruições sofridas ao longo dos séculos, o templo preserva a planta original, desenhando um retângulo de 25 metros de comprimento por 15 metros de largura. Assente sobre um embasamento com cerca de 3,5 metros de altura, o pavimento seria revestido por mosaicos, que desapareceram na sua totalidade. O monumento encontra-se ainda diminuído da sua cela e da sua escultura divina, do seu pórtico, de várias colunas, para além dos elementos ornamentais do friso, da arquitrave e da cobertura.
Do templo hexastilo-perípetro – ou seja, formado por quatro lados que apresentavam agrupamentos de seis colunas – subsistem apenas 14 fustes canelados das graníticas colunas, 12 capitéis da ordem coríntia (com as suas características folhas de acanto) e as bases das colunas (umas como outras esculpidas no branco mármore das pedreiras de Estremoz).
O templo de Évora filia-se no grupo monumental existente na Estremadura espanhola, em Mérida, antiga capital da circunscrição administrativa da Lusitânia. Apesar da sua menor planimetria, no templo eborense subsiste uma harmonia maior de linhas e perfis, conferindo-lhe uma mais equilibrada e graciosa beleza clássica. Estilisticamente poderá ainda integrar-se no núcleo de outros santuários similares existentes em França – nomeadamente na Maison Carrée, de Nîmes, ou no templo de Augusto e Lívia, em Vienne-sur-le-Rhône.

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