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Suplementar colágeno para a pele? Não...agora é a vez do intestino!



O colágeno é uma proteína muito conhecida por promover estrutura, elasticidade e firmeza para a pele, além de estar amplamente presente nos tecidos corporais. A falta dessa proteína pode provocar o surgimento de rugas e linhas de expressão, por isso sua busca é tão aclamada por muitas mulheres a partir dos 25 anos, fase em que a síntese de colágeno começa a ser reduzida fisiologicamente. O colágeno do tipo I é o que está mais presente nos nossos tendões, ossos, dentes e pele, enquanto o colágeno do tipo III é encontrado principalmente nas artérias, músculos intestinais, útero, fígado, baço e rins.


Mas o que muitas pessoas não sabem é que o colágeno tem demonstrado excelentes resultados para a saúde da barreira intestinal. O intestino é um órgão essencial para saúde e qualidade de vida de qualquer pessoa, sendo responsável por processos de digestão, absorção e metabolismo de alimentos, nutrientes e outras substâncias químicas. Nele habitam milhões de microrganismos que compõem a nossa microbiota intestinal, que se refere a um complexo ambiente que promove a regulação do nosso organismo.


Sendo assim, as alterações intestinais provocadas por alimentação desregulada ou estresse por exemplo, podem causar um desequilíbrio na microbiota intestinal, processo também chamado de disbiose intestinal, que ocorre quando a quantidade de bactérias benéficas fica reduzida em comparação às patogênicas ou quando a diversidade microbiana diminui. Nesse contexto, toda essa alteração pode desencadear uma maior permeabilidade intestinal, que se refere ao aumento do espaço entre uma célula intestinal e outra por prejuízo na função das tight junctions (junções intercelulares), facilitando assim a passagem de lipopolissacarídeos e outros agentes patogênicos para a circulação sanguínea.


Os estudos mencionam que os peptídeos de colágeno (CPs) têm sido cada vez mais utilizados ​​como suplemento alimentar ou ingrediente ativo em alimentos nutracêuticos e funcionais devido ao seu amplo espectro de propriedades fisiológicas e farmacológicas. Nesse contexto, a ingestão de colágeno auxilia na recuperação e manutenção das tight junctions, protegendo o tecido conjuntivo da barreira intestinal e evitando que essas proteínas de junção se desgastam consequentemente levando ao aumento da permeabilidade intestinal. Além disso, já foi demonstrado pela literatura que o colágeno derivado do peixe pollok-do-alaska reduz consideravelmente a disfunção encontrada na barreira intestinal induzida por TNF-α.


O colágeno apresenta predominantemente os aminoácidos glicina, prolina, hidroxiprolina, lisina, hidroxilisina e alanina, ou seja, principalmente os aminoácidos não essenciais. Nesse sentido, estudos realizados em animais e humanos demonstram que esses aminoácidos promovem aumento da integridade da mucosa intestinal e atuam como precursores de colágeno para o intestino, auxiliando assim na recuperação da barreira intestinal.


Por isso a suplementação de colágeno pode ajudar no tratamento de várias doenças associadas ao intestino, como por exemplo a síndrome do intestino irritável, colite ulcerativa, síndrome do intestino permeável (ocorre prejuízo das tight junctions), doença de crohn e disbiose intestinal. Sendo assim, o uso de colágeno hidrolisado tem demonstrado resultados mais significativos, pois sua forma apresenta maior biodisponibilidade e é mais facilmente absorvida e utilizada pelas células intestinais.


Para manter uma barreira intestinal saudável é muito importante realizar uma dieta balanceada que contenha alimentos fontes de fibras, vitaminas, minerais e macronutrientes. Além disso, você também deve evitar o consumo de álcool e alimentos com maior teor inflamatório, tais como açúcares, carboidratos refinados e gorduras saturadas; tentar reduzir o estresse e diminuir a utilização de medicamentos e antibióticos principalmente.


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