Tomilho: como cultivar, manter e colher os nobres do quintal

Tomilho. (Fotografia: DR)
Diz o agrónomo Luís Alves que são “cavaleiros heroicos na magnífica epopeia alimentar dos povos do Mediterrâneo” e, entre as espécies de tomilhos, há uma que é só nossa: o bela-luz. Este tomilho endémico da Península Ibérica será, entre os nobres, o rei mago. Mas vale a pena cultivar todos os tomilhos, parceiros de luxo na mesa e na saúde.

Quem gosta de cozinhar, sabe bem o efeito ampliador de umas folhas de tomilho no tempero. E se o tomilho vulgar (Thymos vulgaris) é bem conhecido, o mesmo já não se poderá dizer de outros tomilhos – como o limão (Thymus x citriodorus) ou o bela-luz (Thymus mastichina). Este último é um tesouro endémico da Península Ibérica, com propriedades que vão desde os aromas canforados que tornam poderoso tempero e substituto do sal e ainda excelente auxiliar para tratar a tosse.

“O tomilho bela-luz é o meu favorito, é o Santo Graal dos tomilhos, um maravilhoso património genético que ainda não apresentamos convenientemente ao mundo”, diz o agrónomo Luís Alves. Também conhecido no sul como tomilho azeitoneiro (por ser usado na cura da azeitona), tem em Trás-os-Montes a poética designação de bela-luz porque, quando queimadas, as suas folhas crepitam e soltam “um pequenino fogo de artifício”. “É usado há gerações pelas populações da montanha como substituto do sal, porque nem sempre o sal lá chegava. Tem um mix incrível de aromas – cânfora, mentol e eucalipto -, é muito bom para a tosse e é o tomilho mais resistente de todos”, refere o agrónomo, que o vende em vaso ou seco para infusão no Cantinho das Aromáticas.

O aroma dos tomilhos chega-nos ao nariz em muitas ocasiões. “Andam por aí perdidos, dos montes e montanhas até às dunas das praias do nosso país, alguns são mesmo espécies endémicas (como o Thymus carnosus e o Thymus camphoratus), muito raras e ameaçadas, que já tive a alegria de encontrar em alguns paraísos botânicos, que vão resistindo às nossas agressões”, salienta Luís. E é preciso não esquecer outros destinos: “O que seria de alguns dos melhores queijos nacionais se não existissem tomilhos para as cabras e ovelhas pastarem nas Serras de Portugal?”.
Estamos numa boa altura do ano para cultivar os seus tomilhos na varanda ou no quintal, ao sol, contando com a grande resistência desta planta. Consulte as recomendações dos cuidados a ter, da plantação à rega, aqui ao lado, nesta página, e aventure-se.

Luís Alves. (Fotografia: Pedro Correia/GI)

Luís Alves, portuense, sempre se sentiu atraído pela terra e pela agricultura, optando muito cedo por esse caminho. Foi estudar para a Escola Agrícola Conde de São Bento, em Santo Tirso e daí para o curso de Engenharia Agrícola da Universidade de Trás-os-Montes. De volta ao Porto, geriu durante seis anos os 18 hectares dos jardins da Fundação de Serralves. Há 18 anos, fundou o Cantinho das Aromáticas, um projeto de produção de plantas aromáticas e medicinais em agricultura biológica urbana, em Canidelo, Vila Nova de Gaia, cujas infusões têm ganho diversos prémios internacionais. É pai de dois filhos.

 

 

 

 

 

 

 

FACTOS SOBRE O TOMILHO

Como se desenvolve
Arbustos perenes, de folha persistente, crescimento vertical, muito resistentes a condições climáticas extremas. Têm tendência a ficar lenhosos com a idade. Usam-se as folhas frescas e secas.

Como cultivar
Gostam de solos pobres e bem drenados, com uma boa exposição solar. Vivem bem em altitude ou na proximidade do mar. Resistentes a condições climáticas extremas.

Manutenção
Cortar regularmente, sobretudo após a floração. Nunca deixar as plantas desprovidas de folhas após a poda. Podar com frequência se o crescimento for muito vigoroso.

Rega
Deve evitar-se que seja regada por aspersão, por isso plantar afastado de outras plantas regadas desta forma. Depois de instaladas e assim que assumem o porte adulto não necessitarão de rega para sobreviver.

Colheita e secagem
Podem colher-se ao longo de todo o ano, com preferência para as folhas aromáticas colhidas nos dias longos do verão. Ripar as folhas dos caules (para que a secagem decorra mais rapidamente), deixar secar e guardar.

Cantinho das aromáticas
Viveiro e loja: seg a sex, 9h às 18h.
Web e loja online: cantinhodasaromaticas.pt
instagram.com/cantinhodasa-romaticas




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