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    Ritmo mais lento no corte de juros contribui para taxa terminal abaixo de 9%, diz ex-diretor do BC

    Segundo Tony Volpon, atual previsão do mercado é "relativamente pessimista"

    Gabriel BosaThiago Félixda CNN

    São Paulo

    O ritmo lento no corte dos juros em 0,50 ponto percentual (p.p.) por reunião adotado pelo Banco Central (BC) permite que a taxa terminal da Selic fique abaixo dos 9% projetados atualmente pelo mercado, afirma Tony Volpon, ex-diretor da autoridade monetária.

    Em entrevista à CNN, o economista classificou a taxa prevista por analistas como “relativamente pessimista”.

    O Comitê de Política Monetária (Copom) do BC confirmou os sinais e cortou os juros em 0,50 ponto percentual (p.p.) nesta quarta-feira (31). O movimento passa a Selic de 11,75% para 11,25% ao ano, o menor patamar desde o primeiro trimestre de 2022. Foi a quarta reunião seguida de corte em meio ponto.

    A queda dos juros para abaixo de 9%, porém, depende da concretização de expectativas nos cenários externo e doméstico, pontuou o especialista.

    “Obviamente isso pressupõe que a gente tenha de fato esse final feliz internacional como o Fed [Federal reserve, o BC dos EUA] está acreditando e o mercado está apostando”, afirmou.

    Na cena local, Volpon chamou a atenção para o cenário fiscal, que também ganhou destaque do Copom em seu comunicado sobre a decisão do corte de juros, e a necessidade do governo em perseguir o equilíbrio das contas, conforme projetado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

    “Isso vai ajudar tanto Banco Central na queda de juros, quanto naquilo que é mais importante para a economia como um todo, que é a taxa de juros ao longo da curva, que é onde se precifica operações para empresas e consumidores”, detalhou.

    O tamanho do corte desta quarta-feira veio em linha ao praticado pelo BC nas últimas reuniões e já era esperado pelos analistas do mercado financeiro.

    O colegiado iniciou o atual ciclo de queda dos juros em agosto de 2023, quando a taxa passou de 13,75% para 13,25% ao ano — a primeira redução desde 2020.

    Esta foi o primeiro encontro do Copom em 2024, que se reúne a cada 45 dias para debater os rumos dos juros no país. Para este ano estão previstas oito reuniões, com a próxima agendada para os dias 19 e 20 de março.

    Em nota, o BC afirmou que deve manter este ritmo de corte nos próximos encontros caso o atual panorama se mantenha e que os membros do colegiado “avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário”. A decisão também foi unânime.

    “O Comitê enfatiza que a magnitude total do ciclo de flexibilização ao longo do tempo dependerá da evolução da dinâmica inflacionária, em especial dos componentes mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica, das expectativas de inflação, em particular daquelas de maior prazo, de suas projeções de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos”, informou.

    Mercado espera novos cortes

    Os analistas do mercado financeiro esperam novos cortes nos próximos encontros do Copom, mantendo a estratégia de rebaixamento da Selic observado a partir do segundo semestre do ano passado.

    Segundo dados do Boletim Focus, pesquisa do BC que reúne a mediana de mais de uma centena de agentes do mercado e instituições para os principais indicadores econômicos, divulgados nesta terça-feira (30), a taxa de juros deve chegar a 9% ao fim de 2024, a mesma previsão das últimas cinco semanas.

    O recorte mensal da pesquisa mostra que em março, quando o Copom se encontra pela segunda vez neste ano, os juros caiam novamente 0,50 p.p., passando para 10,75%.