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Correio da Manhã

Política
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LAMEGO RESPONDE AOS ATAQUES DE ANA GOMES

O socialista José Lamego acusou ontem a sua camarada de partido Ana Gomes de tentar atingir a sua honra e a própria dignidade do Estado com “impropérios grosseiros” e ”insinuações reles”.
13 de Outubro de 2003 às 00:00
José Lamego
José Lamego FOTO: José Carlos Carvalho (DN)
O antigo secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação do primeiro Governo de António Guterres reagiu assim às declarações de Ana Gomes, membro do Secretariado do PS para as relações internacionais, proferidas a propósito da sua nomeação para o cargo de conselheiro especial para os expatriados e imigrantes na administração do Iraque, na passada sexta-feira.
Ana Gomes disse na altura ao CM que José Lamego ia para o Iraque “arriscar a vida ao serviço do Governo de Durão Barroso” e “das forças da coligação ocupante”. A dirigente socialista lançou ainda dúvidas sobre quem pagaria a Lamego. Para ela, a ONU “não era certamente”, pelo que só “podia ser o Estado português ou os americanos”.
Perante a violência do ataque “à sua honra e à própria dignidade do Estado”, José Lamego, que ontem regressou da Roménia, viu-se obrigado a reagir. Em comunicado enviado ao nosso jornal, Lamego disse que ia para o Iraque como “apóstolo desarmado”. Em sua opinião, não “vale a pena arriscar a vida por um governo democrático porque os governos em democracia são, por natureza, falíveis, temporários e susceptíveis de serem substituídos sem violência”. Já que Ana Gomes manifestou preocupação pela sua vida, infomou-a que a sua protecção será efectuada por portugueses, “elementos dos Grupo de Operações Especiais da PSP”.
Relativamente às dúvidas de Ana Gomes sobre quem lhe vai pagar, garantiu que “jamais aceitaria uma retribuição que não fosse do Estado português”. E a este propósito afirmou: “A drª Ana Gomes, no seu impropério grosseiro, diz que está contra esta nomeação por não saber quem me paga, se ‘o Estado português, se os americanos ou até uma cimenteira...’ Trata-se de uma insinuação reles e de uma mentira”. “Trata-se também– acrescentou José Lamego – de tentativa achicalhante insinuar serem os interesses económicos privados o terceiro dos eventuais patrocinadores da minha missão”.
Mesmo assim, José Lamego não devolve “o insulto” a Ana Gomes perguntando-lhe “quem é que lhe paga para tão afanosa e sistematicamente estar a destruir a credibilidade que o PS acumulou em matéria de política externa ao longo dos quase trinta anos de vida democrática”.
Com esta afirmação Lamego insinua, por sua vez, que Ana Gomes está a ser paga pelo partido e que isso é uma coisa inédita, pois não é costume o dos socialistas pagar aos seus agentes políticos, mas apenas aos seus funcionários.
Por fim, o ex-dirigente socialista considerou “que vai longe de mais a estultícia dessa mente simples, quando pensa ou insinua ser o Iraque no momento presente a terra de oportunidades para empresas e negócios”.
DIÁLOGO
ANA GOMES AFIRMA
"(José Lamego) Não vai em representação do partido, não tem rigorosamente nada a ver com o partido nem sequer com a Internacional Socialista."
"Vai por sua conta e risco. Vai arriscar a vida ao serviço do Governo de Durão Barroso."
"É uma opção pessoal. Espero que seja recompensado."
"Vai servir as forças da coligação ocupante. Basta ver quem é que paga ao dr. José Lamego."
JOSÉ LAMEGO RESPONDE
"Prezo muito o valor da vida para a pôr em risco por um governo democrático"
"A minha segurança pessoal será efectuada por elementos do Grupo de Operações Especiais da PSP."
"Não me candidato a uma apetecível e gorda sinecura."
"Não vou devolver à dr.ª Ana Gomes o insulto de perguntar quem lhe paga para tão afanosa e sistematicamente estar a destruir a credibilidade que o PS acumulou."
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