Escrever é muito mais que rabiscar uma folha de papel

Por o 21 Março 2016

A escrita é de tal forma relevante que não poderá deixar de ser abordada, num primeiro momento, sem sublinhar a sua perspetiva histórica. Este é o primeiro artigo, de uma série, sobre comunicação escrita. Acompanhe-nos nesta viagem ao mundo da escrita.


Escrever é muito mais que rabiscar uma folha de papel

 

Uma cuidadosa análise histórica permite-nos depreender que a relação entre a informação impressa e o homem é antiga e estruturada. Poderemos começar por apontar as pinturas rupestres, que teriam sido utilizadas para marcar – em material da natureza – determinadas inscrições representativas de aspetos da vida ancestral. Hoje, são muitos os curiosos que visitam esses locais e que se deixam embargar pelo peso que tais registos transportam para o presente e que nos apresenta, de forma mais ou menos evidente, que a necessidade de criar registos impressos já existia na pré-história.

É claro que as pinturas rupestres não são exatamente escrita, mas recaem num mesmo objetivo: registar algo, para alguém e num determinado momento.

A escrita é de tal forma relevante que não poderá deixar de ser abordada, num primeiro momento, sem sublinhar esta perspetiva histórica. E a prova disso é o facto de os historiadores terem estabelecido o encerramento da pré-história e o nascimento da história no período e que o Homem começou a escrever, apesar de tal transição ter decorrido em momentos diferentes em distintas partes do mundo.

 

E a nossa língua, quando nasceu?

A história da nossa língua começou com a independência de Portugal, que representou a autonomia dos idiomas galego e português.

Poderemos referir duas fases, no que respeita o desenvolvimento do português: a do português arcaico – que está associada à etapa de formação – e o português moderno, que começou a ser criado a partir do século XVI e que já se aproxima muito da forma atual (Medeiros, 2006 cit. Gomes, 2007).

 

A linguagem escrita nos dias atuais

Ao contrário da linguagem oral, a escrita sempre foi reconhecida como uma concretização ideal dos atos linguísticos, sendo associada – durante muito tempo – a uma forma quimérica de expressão, exclusiva de elites reduzidas. Tal situação permitiu mudar-se e, nos últimos duzentos anos, a escrita popularizou-se e passou a diferenciar os grupos escolarizados dos não-escolarizados (Teixeira, 2008).

Nas últimas dezenas de anos, o processo sofre uma significativa alteração e a maioria dos falantes passaram a dominar a vertente escrita. Então, como poderá diferenciar-se, nos dias presentes?

São muitos os pontos que nos permitem timbrar os brancos papéis com formas que são só nossas e que deixarão, nos outros, precisamente aquilo que desejamos. Ajudá-lo-emos a diferenciar-se, em artigos posteriores. Neste, comecemos por compreender que, e como refere Teixeira (2008), “A escrita, mais do que espelho, é o futuro que olha para a língua e que lhe apara as imperfeições. E só neste âmbito é que deixamos que ela exista.” Escrever é muito mais que rabiscar uma folha de papel.

 

 

Referências:

GOMES, Eduardo de Castro. A escrita na história da humanidade. Revista Dialógica, Manaus, vol. 1, n° 3, 2007. Disponível aqui.

 

Teixeira, José, 2008, “Língua Portuguesa e as Novas Tecnologias de Comunicação: as dinâmicas da(s) escrita(s)” in Diacrítica – Série Ciências da Linguagem, Nº 22.1, 2008, pp. 107-127, Centro de Estudos Humanísticos da Universidade do Minho. ISSN 0807-8967.

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