8 mulheres da saúde no Brasil atual

Graças a muitas e diferentes lutas ao longo da história, hoje podemos testemunhar o trabalho de mulheres que ocupam posições quase impensáveis anos atrás. Apesar de essa não ser uma guerra vencida, já que enquanto sociedade ainda há muito a ser conquistado, assistir a mulheres se destacando por fazer a diferença é um importante sinal de que estamos, sim, avançando. Algumas batalhas já foram vencidas.

Na saúde, não é diferente. Ao longo da história, muitas mulheres marcaram o setor por sua perseverança, dedicação e profissionalismo. E, a cada dia, novas mulheres emergem e deixam novas marcas valiosas.

Listamos abaixo 8 mulheres que têm feito a diferença na saúde no Brasil por meio de sua atuação em diferentes áreas, e que são inspiração para tantas outras.

Nísia Trindade

A primeira mulher na história do Brasil a assumir o Ministério da Saúde (criado em 1953), tomou posse em 2 de janeiro de 2023. Construiu a sua carreira na área da saúde na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), onde fez história ao também se tornar a primeira mulher a ocupar o cargo máximo, a presidência, em 2017. Foi sob sua liderança que a fundação enfrentou a pandemia de Covid-19. Em entrevista publicada pelo jornal O Globo, ao falar sobre igualdade, a ministra declarou: “Olho para esse pioneirismo com preocupação, porque mostra a dificuldade de nós, mulheres, atingirmos cargos de direção. Precisamos ter formas eficazes de furar esse teto.”

Jaqueline Góes de Jesus

A bioquímica de 33 anos se destacou por sua atuação na equipe que fez o sequenciamento do genoma viral do coronavírus no Brasil. Depois do feito, ganhou destaque: recebeu diversas homenagens públicas, se tornou personagem da Turma da Mônica e até mesmo uma boneca Barbie, numa linha que celebrava a atuação de mulheres na linha de frente do combate à Covid-19. Em entrevista dada à BBC News Brasil, a cientista declarou que, com o tempo, foi percebendo a importância de seu feito. “Percebi que represento outras questões que vão além da ciência. Eu sou mulher, nordestina, negra e ocupo uma posição de destaque que dificilmente vemos no Brasil”.

Ester Sabino

Assim como Jaqueline Góes de Jesus, Ester Sabino protagonizou o mapeamento do genoma do coronavírus, que ganhou destaque nacional e internacional pelo tempo recorde de dois dias para concluir o trabalho. Mas em três décadas de carreira, esta não foi a primeira vez que seu trabalho fez diferença. A imunologista também teve atuação importante nos avanços dos estudos da Doença de Chagas e participou dos primeiros sequenciamentos dos genomas do HIV e do Zika vírus no Brasil. À revista Galileu, Sabino contou sobre a importância do destaque que recebeu na pandemia para a ciência como um todo, além dos desafios que têm enfrentado ao longo de sua carreira.

Sue Ann Costa Clemmens

A pesquisadora é reconhecida internacionalmente pelo trabalho que vem realizando ao longo de sua carreira no desenvolvimento de vacinas, como a do rotavírus e do HPV. Clemmens está à frente do comitê científico da Fundação Bill e Melinda Gates na busca por um novo imunizante contra a poliomielite, e acabou ganhando ainda mais destaque por coordenar, no Brasil, os testes da vacina Oxford/AstraZeneca contra o coronavírus, no início da pandemia. Com base em sua experiência, a cientista publicou um livro em outubro de 2021, intitulado “História de uma Vacina”, que aborda a trajetória da pesquisadora desde os primeiros contatos com a ciência na infância até as pesquisas do imunizante contra a Covid-19. Alguns marcos de sua história estão em destaque em uma reportagem da revista Forbes.

Adriana Melo

A médica paraibana é reconhecida como uma das primeiras a constatar a correlação entre o zika vírus e a microcefalia no Brasil, mais especificamente no Nordeste, em 2015. Foi depois da descoberta da obstetra que passaram a ser colocadas em prática campanhas voltadas a gestantes com orientação sobre a importância da proteção contra a picada do mosquito aedes aegypti. Em sua fala no TEDx João Pessoa, a especialista fala sobre seu trabalho e sua visão sobre a medicina e o cuidado.

Margareth Dalcolmo

Uma das principais referências da ciência no país, Margareth Dalcolmo é pneumologista e pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e, em outubro de 2022, se tornou a quinta mulher a ocupar uma cadeira na Academia Nacional de Medicina, além de ser presidente da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia e integrar o grupo de peritos para aprovação de medicamentos essenciais da Organização Mundial de Saúde. Dalcolmo é uma estudiosa de doenças pulmonares e foi uma das pioneiras na luta contra o tabagismo no Brasil. Durante a pandemia de Covid-19, se tornou uma das principais vozes no combate e prevenção à doença, se tornando, recentemente, embaixadora do movimento nacional pela vacinação, a convite do Ministério da Saúde. Também é autora do livro “Um tempo para não esquecer – A visão da ciência no enfrentamento da pandemia do coronavírus e o futuro da saúde”. Em entrevista ao jornal Folha. S. Paulo falou sobre sua preocupação com o que chamou de “desmemória” do Brasil em relação à pandemia.

Mariângela Simão

Na pandemia, a médica Mariângela Simão ganhou destaque por sua atuação na Organização Mundial da Saúde (OMS), onde ocupou o cargo de diretor-geral-adjunta para Medicamentos e Vacinação da organização e trabalhou pela distribuição de vacinas e terapias eficazes e seguras contra a Covid-19. Em fevereiro de 2023 assumiu o posto de diretora-presidente do Instituto Todos pela Saúde. Tem uma trajetória marcada por ações voltada à atenção primária, com atuação de destaque na saúde pública. Simão foi secretária de Saúde no Paraná e atuou como diretora do antigo Departamento de DST/Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde. Antes de chegar à OMS, passou a integrar o corpo diretivo do Programa das Nações Unidas para o HIV (Uniaids), na Suíça, onde também atuou como diretora de Prevenção, Direitos Humanos e Gênero.

Denise Santos

CEO da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo desde 2013, Denise Santos, se tornou referência em liderança na área e é destaque na saúde por sua atuação. À frente de uma das mais importantes instituições hospitalares do Brasil, liderou movimentos para profissionalizar a gestão, revitalizar a marca, digitalizar a operação e, mais recentemente, enfrentar a pandemia de Covid-19. Ao podcast CBN Professional, Santos contou que assume cargos de liderança desde os seus 25 anos, chegando pela primeira vez ao posto de CEO aos 37. “Até hoje brinco que foi um ‘sem noção’ que me fez gerente aos 25 chefiando sete pessoas, mas o lado bom foi ter aprendido desde cedo que não dá pra fazer nada sozinho”, declarou durante a gravação do programa. Neste ano, se torna a primeira mulher a presidir a Comissão Científica do Conahp – maior congresso do setor de saúde no Brasil, que acontecerá em outubro próximo.

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