Dia internacional da erradicação da pobreza

Dia internacional da erradicação da pobreza

Tatiana Araujo, gerente de ASG na Alter Conteúdo

Neste domingo, dia 17 de outubro, foi celebrado o dia internacional da erradicação da pobreza. A data, tem como objetivo conscientizar a sociedade e os governos de todo o mundo sobre o elevado número de pessoas que ainda estão vivendo na extrema pobreza, expostos à miséria, fome crônica e violência.

Para termos clara a dimensão que estamos falando, a regra do Bolsa Família considera famílias em situação de extrema pobreza aquelas que têm renda mensal de até R$ 89,00 por pessoa e em situação de pobreza aquelas que têm renda mensal entre R$89,01 e R$178,00 por pessoa.

Em 6 meses triplicamos a pobreza no Brasil!

Essas são as informações fornecidas pela Fundação Getúlio Vargas, que indica que o número de pobres saltou de 9,5 milhões em agosto de 2020 para mais de 27 milhões em fevereiro de 2021.

“Acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares” é o primeiro dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), agenda estabelecida pela Assembleia-Geral das Nações Unidas em 2015 e que recebeu a adesão do Brasil. Entretanto, faltando menos de 9 anos para alcançarmos a Agenda 2030, o Brasil não apresenta progresso satisfatório em nenhuma das 169 metas dos 17 ODS. Os dados constam no Relatório Luz 2021, produzido por entidades da sociedade civil, que mostra o grau de implementação dos objetivos do desenvolvimento sustentável (ODS) no Brasil.

Por outro lado, o Ministério da Economia divulgou expectativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 5,3% para 2021. E olhando esse contraste, percebemos que temos outro problema associado: o aumento da desigualdade social, indo na contramão do ODS 10, que busca promover a redução das desigualdades.

Se formos olhar um pouco mais para a questão da desigualdade, verificamos que em 2020, quase a metade da riqueza do país foi toda para a mão do 1% mais rico da população: 49,6%. Em 2019, eles detinham 46,9%. Estes são dados do relatório sobre riqueza global feito pelo banco Credit Suisse. Olhando esses dados de forma isolada, poderíamos considerar que são resultados unicamente creditados à Covid 19, mas esses números são bem mais altos do que outros países latino-americanos, como o México e  o Chile, por exemplo, onde a tendência não foi a mesma: a desigualdade, hoje, está menor do que há 20 anos nesses países. No México, a proporção da riqueza na mão do 1% mais rico caiu de 40,1% em 2000 para 33,6% em 2020, e, no Chile, a queda foi de 42,8% para 31%.

São muitos os números que demonstram o retrocesso que tivemos nesses últimos anos em relação aos ODS. Aumento da pobreza, fome e desigualdade social, além de outros que poderia listar aqui. Mas gostaria de consolidar todos esses dados em uma única imagem, tão fortemente retratada por Domingos Peixoto em 20/09/21 para a Agência O Globo, que mostrou a disputa no Rio de Janeiro por “ossos”. Se cenas como aquela estão acontecendo na “Cidade Maravilhosa”, qual o retrato da pobreza nas cidades que não vemos?

Por fim, fecho este texto com um embrulho no estômago e uma vontade enorme de mudar esse cenário. Quais ações devemos realizar para mudar esta rota? Deixo para todas e todos esta reflexão no dia internacional da erradicação da pobreza.

 

Referências:

https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2021/04/05/numero-de-brasileiros-que-vivem-na-pobreza-quase-triplicou-em-seis-meses-diz-fgv.ghtml

https://g1.globo.com/economia/noticia/2021/09/16/governo-mantem-em-53percent-estimativa-de-crescimento-do-pib-em-2021-e-ve-inflacao-mais-alta.ghtml

https://www.correiobraziliense.com.br/economia/2021/06/4929384-apesar-do-crescimento-do-pib-dados-mostram-que-brasil-nunca-foi-tao-desigual.html

https://www.cnnbrasil.com.br/business/desigualdade-no-brasil-cresceu-de-novo-em-2020-e-foi-a-pior-em-duas-decadas/

Desigualdade no Brasil cresceu (de novo) em 2020 e foi a pior em duas décadas

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