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Fiat Lux Por Silvio Dutra Set/2018 A474 Alves, Silvio Dutra Fiat lux / Silvio Dutra Alves. – Rio de Janeiro, 2018. 27p.; 14,8x21cm 1. Teologia. 2. Vida cristã. 3. Santificação. I. Título. CDD 232 2 “ Disse Deus: Haja luz; e houve luz.” (Gênesis 1.3) “Combate o bom combate da fé. Toma posse da vida eterna, para a qual também foste chamado e de que fizeste a boa confissão perante muitas testemunhas.” (I Timóteo 6.12) “Se dissermos que mantemos comunhão com ele e andarmos nas trevas, mentimos e não praticamos a verdade. Se, porém, andarmos na luz, como ele está na luz, mantemos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado.” (I João 1.6,7) Há uma conexão direta e não velada entre os três textos bíblicos destacados. Não foi sem motivo que o primeiro comando de Deus na criação do mundo foi “Haja luz”, e a consequência imediata: “houve luz”. Sua vontade é a de que não as trevas, mas a luz, tenha o predomínio, e que sem luz, não pode haver criação. Sabemos o quanto a vida da Terra depende da luz do sol para que exista. A vida eterna, na nova criação que está em curso desde o princípio, pela conversão de almas a Cristo, também depende da luz para que se 3 torne uma realidade e se crescimento até a glória divina. expanda em Somos ordenados, como crentes, a nos apoderarmos, a tomar posse, da vida eterna, e isto deve ser feito por um andar na luz, sob a direção, instrução e poder do Espírito Santo, e isto diariamente, ininterruptamente, conforme é da vontade de Deus que haja constância em nosso comportamento. Quando nos voltamos para a condição espiritual presente da Igreja no mundo, nós vemos que ela é chamada a viver em dias de intensas trevas, em que a sua missão de ser luz do mundo exige uma maior quantidade de luminescência para que possa prevalecer contra tais densas trevas. Como não pode haver comunhão entre luz e trevas, por serem autoexcludentes, ver-se-á o predomínio de uma ou de outra, conforme a ação dos agentes envolvidos no processo. Olhemos para Noé em seus dias. Quanto sentimento de frustração poderia tê-lo envolvido caso Deus não tivesse lhe declarado de antemão que toda aquela geração estava destinada à destruição total, e que somente ele e sua família seriam poupados do dilúvio que viria sobre a Terra. 4 Por cento e vinte anos ele pregou a justiça de Deus e a necessidade de arrependimento em relação ao pecado. Convocou a sua geração a abandonar as trevas e a andar na luz. A tomar posse da vida eterna, tal como ele havia tomado. No entanto, nem uma única alma atendeu à sua pregação. A mesma tentação de um sentimento de frustração vem se abatendo sobre todo verdadeiro e sincero ministro da Palavra, que foi chamado para ser auxiliar do Espírito Santo no trabalho de conversão e edificação de almas. O sentimento de insucesso, de fracasso quase total em sua missão é um fantasma que sempre o assediará daqui para a frente, porque é tempo de aridez, e a chuva da graça, apesar de continuar caindo não consegue penetrar os corações de pedra, que se mostram impermeáveis a ela, e não se permitem converter ao Deus Altíssimo. Entre os próprios crentes, que foram justificados e regenerados pelo Espírito Santo, observa-se um crescente apagar de suas luzes, e um predomínio de trevas onde deveria haver o da luz. 5 Somos alertados, pela Palavra, para estas condições que reinariam no mundo, à medida que a volta do Senhor estivesse cada vez mais próxima de acontecer. O amor se esfriaria em razão da multiplicação da iniquidade. Os dias seriam como os dias de Noé, em que as pessoas estariam mais envolvidas com os cuidados do mundo do que com os interesses de Deus. Haveria um endurecimento à sã doutrina pela audição e consideração ao ensino de homens e de demônios. Já não se veria, como antes, aquele mesmo espírito de devoção e aplicação que houve nos puritanos nos séculos XVI a XVIII, que tudo submetiam ao crivo das Escrituras. É sobre este estado de coisas que pretendemos refletir um pouco, para analisarmos a nossa própria época, com a ajuda do Espírito Santo. É dito pelo apóstolo Paulo que “o fruto do Espírito Santo é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio.” (Gálatas 5.22,23). Evidentemente não era seu propósito esgotar a lista do fruto do Espírito, e a esta podemos acrescentar a pureza, a justiça e a humildade, 6 destacadas por Jesus no Sermão do Monte, dentre muitas outras virtudes cristãs. Mas, para o nosso propósito presente, não necessitamos alongar a lista, pois queremos comparar o fruto do Espírito com os comportamentos que têm sido tolerados e até mesmo aprovados no meio cristão, como se Deus fosse indiferente a isto. Veja o caso do funk, que impropriamente é chamado de música, pois não temos os componentes essenciais do que poderia ser chamado de música, pelo que lhe falta sobretudo em harmonia e notas musicais definidas. Não passa na verdade de um aglomerado de sons ruidosos e que têm por finalidade conduzir à desconstrução mental, pela criação de estados alterados de consciência, anulando-a, confundindo-a e conduzindo-a a aprovar sobretudo estados de impureza e violência, moral ou física. Quando confrontamos isto com o fruto do Espírito Santo do domínio próprio, indagamos o que há de domínio próprio naqueles que cantam e dançam funk? Um crente pode ter domínio próprio enquanto se entrega ao funk? 7 O que se pode atribuir a ele da pureza de coração que nos é apontada pelo evangelho? Há muita renúncia envolvida em seguir-se de fato a Cristo. Na verdade, estas renúncias configuram restrições de comportamento, porque uma coisa exclui a outra. A luz expulsa as trevas. De modo que se andarmos no Espírito Santo, não deixaremos de gostar de funk porque isto é um mero mandamento de Deus para nós, mas senão porque pelo Espírito, por andar nele, por termos a sua direção e influência em nosso próprio espírito, passamos a abominar aquilo que ele abomina. Somos um só espirito com Cristo, e o que Cristo não aprova, nós também não aprovamos. É claro, assim como cristal ou água límpida. Não há o que argumentar diante desta realidade. Não se trata de coisa de fanáticos, de legalistas ou o que queiram chamar, para justificar uma graça barata, irresponsável, que tem mais a ver com luxúria do que com a santidade que há em Cristo, e que deve ser também achada em todos os que professam o seu nome. 8 Não é sem motivo, que os puritanos, para garantirem a presença do Espírito Santo na Igreja, para terem a manutenção da prática da Palavra de Deus entre os crentes, não se limitavam a pregar sermões, mas reviravam as doutrinas por todos os seus lados e as aplicavam, analisando quando, onde, como, por que, para que, deveriam ser aplicadas à vida. A vida cristã é composta por obediência às doutrinas de Cristo e dos apóstolos. Doutrina nada mais é do que ensino. O que Jesus disse que deveria ser ensinado aos seus discípulos pela igreja, ou seja, tudo o que ele havia ordenado, e que é encontrado somente nas Escrituras. Não podemos portanto, ir além ou ficar aquém delas. Coisas espirituais devem ser conferidas com coisas espirituais, e daí nossa necessidade de não apenas vivermos no Espírito, mas também de andarmos no Espirito. Sem isto, a missão de se agradar a Deus torna-se uma missão impossível. Nisto, temos uma vantagem sobre Noé, como pregadores da justiça do evangelho, porque temos o Espírito Santo ainda lutando com os homens, convencendo-os do pecado, da justiça e do juízo. Nos dias de Noé Deus disse que o Espírito não faria mais este trabalho, e então, 9 toda a pregação de Noé serviria apenas para condenar aquele mundo antigo ímpio. Entretanto, como está profetizado que nos últimos dias Deus entregaria os homens a si mesmos, por terem amado a mentira, e não terem dado crédito à verdade, a qual também podemos incluir no fruto citado do Espírito Santo, vemos que está ocorrendo o mesmo tipo de endurecimento que era amplo e total nos dias de Noé Não podemos afirmar que já chegamos a isto, mas que há uma tendência claramente visível no mundo espiritual para isto, não podemos negar. Quando dentre os próprios crentes verdadeiros, nascidos do Espírito, encontramos aqueles que cantam e dançam funk, e que se entregam a toda uma sorte de práticas mundanas, sem que lhes seja sequer incomodada a consciência, é motivo para indagarmos se já não está ocorrendo em ampla escala a condição profetizada pelo apóstolo: “1 Sabe, porém, isto: nos sobrevirão tempos difíceis, 10 últimos dias, 2 pois os homens serão egoístas, avarentos, jactanciosos, arrogantes, blasfemadores, desobedientes aos pais, ingratos, irreverentes, 3 desafeiçoados, implacáveis, caluniadores, sem domínio de si, cruéis, inimigos do bem, 4 traidores, atrevidos, enfatuados, mais amigos dos prazeres que amigos de Deus, 5 tendo forma de piedade, negando-lhe, entretanto, o poder. Foge também destes. 6 Pois entre estes se encontram os que penetram sorrateiramente nas casas e conseguem cativar mulherinhas sobrecarregadas de pecados, conduzidas de várias paixões, 7 que aprendem sempre e jamais podem chegar ao conhecimento da verdade. 8 E, do modo por que Janes e Jambres resistiram a Moisés, também estes resistem à verdade. São homens de todo corrompidos na mente, réprobos quanto à fé; 9 eles, todavia, não irão avante; porque a sua insensatez será a todos evidente, como também aconteceu com a daqueles.” (II Timóteo 3.1-9) 11 “1 Conjuro-te, perante Deus e Cristo Jesus, que há de julgar vivos e mortos, pela sua manifestação e pelo seu reino: 2 prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer não, corrige, repreende, exorta com toda a longanimidade e doutrina. 3 Pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos; 4 e se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se às fábulas. 5 Tu, porém, sê sóbrio em todas as coisas, suporta as aflições, faze o trabalho de um evangelista, cumpre cabalmente o teu ministério.” (II Timóteo 4.1-5) Ainda há muita recorrência aos templos cristãos, mas quantos andam verdadeiramente em novidade e santidade de vida? Quantos têm fixada diante de si a eternidade, a vida eterna, e moldam seu procedimento segundo a expectativa de uma vida no céu? 12 Quantos estão aguardando pela volta do Senhor, e que estão crucificados para este mundo, e o mundo para eles? Quantos creem que a volta do Senhor está próxima e que lhes convém viver em santo trato e piedade, conforme nos ensina o apóstolo Pedro? “1 Amados, esta é, agora, a segunda epístola que vos escrevo; em ambas, procuro despertar com lembranças a vossa mente esclarecida, 2 para que vos recordeis das palavras que, anteriormente, foram ditas pelos santos profetas, bem como do mandamento do Senhor e Salvador, ensinado pelos vossos apóstolos, 3 tendo em conta, antes de tudo, que, nos últimos dias, virão escarnecedores com os seus escárnios, andando segundo as próprias paixões 4 e dizendo: Onde está a promessa da sua vinda? Porque, desde que os pais dormiram, todas as coisas permanecem como desde o princípio da criação. 5 Porque, deliberadamente, esquecem que, de longo tempo, houve céus bem como terra, a qual surgiu da água e através da água pela palavra de Deus, 13 6 pela qual veio a perecer o mundo daquele tempo, afogado em água. 7 Ora, os céus que agora existem e a terra, pela mesma palavra, têm sido entesourados para fogo, estando reservados para o Dia do Juízo e destruição dos homens ímpios. 8 Há, todavia, uma coisa, amados, que não deveis esquecer: que, para o Senhor, um dia é como mil anos, e mil anos, como um dia. 9 Não retarda o Senhor a sua promessa, como alguns a julgam demorada; pelo contrário, ele é longânimo para convosco, não querendo que nenhum pereça, senão que todos cheguem ao arrependimento. 10 Virá, entretanto, como ladrão, o Dia do Senhor, no qual os céus passarão com estrepitoso estrondo, e os elementos se desfarão abrasados; também a terra e as obras que nela existem serão atingidas. 11 Visto que todas essas coisas hão de ser assim desfeitas, deveis ser tais como os que vivem em santo procedimento e piedade, 12 esperando e apressando a vinda do Dia de Deus, por causa do qual os céus, incendiados, 14 serão desfeitos, e os elementos abrasados se derreterão. 13 Nós, porém, segundo a sua promessa, esperamos novos céus e nova terra, nos quais habita justiça. 14 Por essa razão, pois, amados, esperando estas coisas, empenhai-vos por serdes achados por ele em paz, sem mácula e irrepreensíveis,” (II Pedro 3.1-14). O que tem havido entre nós, aridez ou frutificação? Se é frutificação, então antes de tudo há se de se ver abundantemente entre nós o próprio fruto do Espírito Santo, já referido antes. O quê? O fruto do Espírito misturado com palavras torpes? Se até de palavras ociosas os homens terão que dar contas no dia do juízo, quanto mais de palavras torpes! O quê? Comunhão com incrédulos ao mesmo tempo em que se anda no Espírito? Como é possível haver comunhão de luz com trevas? Se houvesse luz de fato no viver não haveria as trevas da referida comunhão. 15 Se o que agrada ao ímpio é o mesmo que agrada ao crente, ambos estão andando em trevas, e não na luz. Ora, se nos é ordenado um viver sério, sóbrio e moderado, como podemos apoiar ou aprovar tudo aquilo que se levanta contra isto? Como pode haver um procedimento sério onde prevalece a chocarrice, a qual, a propósito também nos é vetada pela Palavra. E por que se veta? Estamos debaixo da Lei? Devemos escolher, pelo mero exercício da vontade própria, o que aprovar e o que reprovar? Não, irmãos, estamos debaixo da graça, mas Cristo tem lei para o seu povo. A lei do Espírito da vida que nos livrou da lei do pecado e da morte, de modo que, quando estamos de fato devotados ao Senhor, pelo Espírito, condenamos o que não nos convém, porque a mesma aversão de Cristo e do Espírito pelo pecado, será também a nossa aversão. É prioritariamente uma questão de consequência da inclinação que seguimos (se da carne ou do Espírito), e não de escolha pessoal do que se gosta ou do que não se gosta, por natureza. 16 Os que são guiados pelo Espírito buscam a luz e não as trevas, porque a nova natureza que predomina neles os inclina a isto. Não somos chamados a julgar pela carne, mas pelo Espírito. Não somos chamados a viver pela carne, mas pelo Espírito. Se somos guiados pelo Espírito, não estamos debaixo da Lei. (Gálatas 5.18) Deus escreveu suas leis, pelo Espírito, em nossas mentes e corações, de forma que esta é a nova lei que nos governa e que deve nos governar em tudo. A vida eterna é vida no espirito, no coração. Como o próprio nome indica, é vida, não é norma. É poder, não é mera palavra. É espírito e vida. Tomamos posse da vida eterna pela fé, e pela fé devemos continuar a nos apoderarmos dela, em todo procedimento santo e piedoso. Sabendo de antemão que nada podemos fazer a não ser pelo Espírito, pela graça, por meio de Cristo. O Espírito Santo sempre glorifica a Cristo e a santidade, e nós também, caso nos encontremos em sintonia com ele. 17 Mas quando nos afastamos de um andar no Espírito, pode-se ver, até mesmo entre crentes, algo do espírito de blasfêmia, que se levanta no mundo e que se opõe sobretudo a Deus e tudo o que é santo. Quantos, entre os próprios crentes se levantam contra o que é santo e puro? Isto é sintomático do tempo do fim. Não é sem motivo, que o próprio apóstolo, já em seus dias, alertava os crentes contra um espírito de blasfêmia entre outra coisas condenáveis. “30 E não entristeçais o Espírito de Deus, no qual fostes selados para o dia da redenção. 31 Longe de vós, toda amargura, e cólera, e ira, e gritaria, e blasfêmias, e bem assim toda malícia.” (Efésios 4.30,31) Falar ousadamente contra Deus, contra Cristo, contra o evangelho, contra o que é santo, é o espírito que vai prevalecendo em nossos dias, e disto somos alertados no livro de Apocalipse: “1 Vi emergir do mar uma besta que tinha dez chifres e sete cabeças e, sobre os chifres, dez diademas e, sobre as cabeças, nomes de blasfêmia. 18 2 A besta que vi era semelhante a leopardo, com pés como de urso e boca como de leão. E deu-lhe o dragão o seu poder, o seu trono e grande autoridade. 3 Então, vi uma de suas cabeças como golpeada de morte, mas essa ferida mortal foi curada; e toda a terra se maravilhou, seguindo a besta; 4 e adoraram o dragão porque deu a sua autoridade à besta; também adoraram a besta, dizendo: Quem é semelhante à besta? Quem pode pelejar contra ela? 5 Foi-lhe dada uma boca que proferia arrogâncias e blasfêmias e autoridade para agir quarenta e dois meses; 6 e abriu a boca em blasfêmias contra Deus, para lhe difamar o nome e difamar o tabernáculo, a saber, os que habitam no céu. 7 Foi-lhe dado, também, que pelejasse contra os santos e os vencesse. Deu-se-lhe ainda autoridade sobre cada tribo, povo, língua e nação; 8 e adorá-la-ão todos os que habitam sobre a terra, aqueles cujos nomes não foram escritos no Livro da Vida do Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo. 19 9 Se alguém tem ouvidos, ouça.” (Apocalipse 13.1-9) Veja que é dado ao Anticristo prevalecer por este espírito de blasfêmia contra os próprios santos. Isto deveria nos levar a termos maior cuidado nesta área das coisas que se levantam contra a santidade, firmando um procedimento cada vez mais santo e ao lado das coisas de Deus. Serão entregues ao destruidor todos aqueles que amaram a mentira e não a verdade. Que chegaram ao ponto de mudar o modo de suas relações íntimas, por outro que é contrário à natureza, tudo com o propósito de ofender a justiça e a santidade de Deus. “24 Por isso, Deus entregou tais homens à imundícia, pelas concupiscências de seu próprio coração, para desonrarem o seu corpo entre si; 25 pois eles mudaram a verdade de Deus em mentira, adorando e servindo a criatura em lugar do Criador, o qual é bendito eternamente. Amém! 26 Por causa disso, os entregou Deus a paixões infames; porque até as mulheres mudaram o 20 modo natural de suas relações íntimas por outro, contrário à natureza; 27 semelhantemente, os homens também, deixando o contato natural da mulher, se inflamaram mutuamente em sua sensualidade, cometendo torpeza, homens com homens, e recebendo, em si mesmos, a merecida punição do seu erro. 28 E, por haverem desprezado o conhecimento de Deus, o próprio Deus os entregou a uma disposição mental reprovável, para praticarem coisas inconvenientes, 29 cheios de toda injustiça, malícia, avareza e maldade; possuídos de inveja, homicídio, contenda, dolo e malignidade; sendo difamadores, 30 caluniadores, aborrecidos de Deus, insolentes, soberbos, presunçosos, inventores de males, desobedientes aos pais, 31 insensatos, pérfidos, sem afeição natural e sem misericórdia. 32 Ora, conhecendo eles a sentença de Deus, de que são passíveis de morte os que tais coisas praticam, não somente as fazem, mas também 21 aprovam os que assim procedem.” (Romanos 1.24-32) “7 Com efeito, o mistério da iniquidade já opera e aguarda somente que seja afastado aquele que agora o detém; 8 então, será, de fato, revelado o iníquo, a quem o Senhor Jesus matará com o sopro de sua boca e o destruirá pela manifestação de sua vinda. 9 Ora, o aparecimento do iníquo é segundo a eficácia de Satanás, com todo poder, e sinais, e prodígios da mentira, 10 e com todo engano de injustiça aos que perecem, porque não acolheram o amor da verdade para serem salvos. 11 É por este motivo, pois, que Deus lhes manda a operação do erro, para darem crédito à mentira, 12 a fim de serem julgados todos quantos não deram crédito à verdade; antes, pelo contrário, deleitaram-se com a injustiça.” (II Tessalonicenses 2.7-12). Deus julga o pecado onde quer que ele o encontre, seja no ímpio para a condenação 22 eterna, seja no próprio crente para castigo, correção e disciplina. O Seu juízo começa pela Sua própria casa, de modo que se decidimos viver pecando deliberadamente, como se afirma na carta aos Hebreus, já não resta sacrifício pelo pecado, ou seja, o sangue de Jesus não pode se mostrar eficaz neste caso, para nossa purificação, uma vez que nós mesmos decidimos viver na sujeira. O apóstolo João o apresenta de outro ângulo, ao dizer que se andarmos na luz o sangue nos purifica, como a dizer que se andarmos nas trevas, não podemos contar com a referida purificação. Fé e obediência são necessários para um viver vitorioso sobre o pecado, o diabo e o mundo. É na luz do Senhor que vemos a luz. O salmista conhecia esta verdade. Sabia que não se pode ter a luz quando se busca as trevas. A alegria do Senhor é a nossa força, e não podemos decerto contar com o sorriso de sua face voltado para nós quando andamos deliberadamente nas trevas do pecado. E certamente, também não podemos ter força espiritual quando percebemos que temos 23 entristecido o Espírito, e que a face de Deus é contra nós, por não andarmos de modo justo e santo. Quão perigosa é a tendência atual de se proclamar o favor e a bênção de Deus para todo e qualquer tipo de comportamento em que o crente possa estar vivendo. Isto vai contra a direção do ensino bíblico. Não é doutrina de Jesus e dos apóstolos impetrar a bênção sobre um viver desordenado. Que haja conversão, arrependimento, confissão, abandono do pecado, e com isto o Espírito nos santificará e receberemos a sua consolação. Primeiro ele santifica e depois consola. Primeiro consola e depois abençoa. Deus jamais incentivará o mal com a sua recompensa com o que é bom e agradável à carne. Jesus veio para destruir as obras do diabo e da carne. Veio para crucificar o nosso velho homem e nos levar a se despojar dele. Veio para nos dar uma nova natureza celestial, espiritual, santa e divina. Como podemos conciliar esta verdade com o que anda em voga nas igrejas de nossos dias? 24 Há um ego carnal ao qual devemos renunciar, e não somente renunciar a ele, como também a crucificá-lo. E ele deve morrer para que a nova criatura em Cristo Jesus reine em nós. Este ego carnal é a principal fonte de trevas, e não propriamente o diabo e o mundo. Nosso maior inimigo habita em nossa própria casa, e é nosso dever despojá-lo do antigo domínio que tinha sobre nós, e isto faremos quando andarmos efetivamente na luz. Antes de fecharmos esta breve palavra de reflexão gostaríamos de retornar ao texto de Efésios 4.31, em que somos ordenados a nos afastarmos de certos comportamentos que nos fazem entristecer o Espírito Santo: ”Longe de vós, toda amargura, e cólera, e ira, e gritaria, e blasfêmias, e bem assim toda malícia.” (Efésios 4.30,31) Já nos referimos antes à blasfêmia, mas cabe dizer algo sobre amargura, cólera, ira e gritaria, coisas estas que também entristecem e apagam o Espírito. Por que? É fácil de responder pela aplicação do mesmo critério já citado anteriormente: o que estas 25 coisas têm a ver com a mansidão, humildade, domínio próprio e a paz de Cristo, que são parte do fruto do Espírito Santo? Uma coisa não se opõe à outra? Não se trata simplesmente de se dizer que é um mandamento e ponto final. Lembram que o crente não é governado pela lei, mas pela graça? Trata-se de ser oposto ao espírito de Cristo, e é por isso que não convêm ao crente. É por essa régua que devemos medir tudo o mais. Não pelo escrito de ordenanças pelo que devo fazer e o que não devo fazer, ainda que este deva ser considerado, porque não conheceríamos o pecado se a lei não dissera, “não cobiçarás”. Mas só podemos viver a lei pela graça mediante a fé e no poder do Espírito, e jamais pela carne, porque não está sujeita a Deus e à Sua lei e nem mesmo pode estar. De forma que o único modo de se confirmar a lei é por se viver pela fé, pois o justo viverá pela fé. É pela luz do espírito que podemos entender o espírito e a vida da Palavra inspirada, revelada e escrita. Sem o espirito, ela permanece como se fosse letra morta para nós. 26 Sem a iluminação do Espírito Santo não podemos ver o Reino de Deus. Não podemos entender as coisas que pertencem a Cristo e que Lhe foram dadas para serem reveladas a nós. Requer-se então santidade de coração. Que andemos na luz, assim como Deus na luz está. Esta luz não é apenas luz de iluminação de entendimento que expulsa as trevas da ignorância sobre a vontade de Deus, mas é também luz de purificação que mata os germes do pecado, assim como faz a luz do sol no mundo natural. É luz que produz a vida eterna, assim como a luz do sol é o agente que realiza a fotossíntese, pela qual a vida na terra é sustentada. Assim, como longe da luz do sol a planta morre, longe da luz de Jesus, a vida eterna se apaga, e não se manifesta em nós. Apoderemo-nos da vida eterna pela luz do evangelho, pelo andar na luz de Cristo, para que sejamos iluminados, purificados e alimentados com as coisas que são espirituais, celestiais e divinas. Fiat lux! Haja luz! Assim seja, em nome de Jesus. 27