Fiat Lux
Por Silvio Dutra
Set/2018
A474
Alves, Silvio Dutra
Fiat lux / Silvio Dutra Alves. – Rio de Janeiro,
2018.
27p.; 14,8x21cm
1. Teologia. 2. Vida cristã. 3. Santificação.
I. Título.
CDD 232
2
“ Disse Deus: Haja luz; e houve luz.” (Gênesis 1.3)
“Combate o bom combate da fé. Toma posse da
vida eterna, para a qual também foste chamado
e de que fizeste a boa confissão perante muitas
testemunhas.” (I Timóteo 6.12)
“Se dissermos que mantemos comunhão com
ele e andarmos nas trevas, mentimos e não
praticamos a verdade. Se, porém, andarmos na
luz, como ele está na luz, mantemos comunhão
uns com os outros, e o sangue de Jesus, seu
Filho, nos purifica de todo pecado.” (I João 1.6,7)
Há uma conexão direta e não velada entre os
três textos bíblicos destacados.
Não foi sem motivo que o primeiro comando de
Deus na criação do mundo foi “Haja luz”, e a
consequência imediata: “houve luz”.
Sua vontade é a de que não as trevas, mas a luz,
tenha o predomínio, e que sem luz, não pode
haver criação. Sabemos o quanto a vida da Terra
depende da luz do sol para que exista.
A vida eterna, na nova criação que está em curso
desde o princípio, pela conversão de almas a
Cristo, também depende da luz para que se
3
torne uma realidade e se
crescimento até a glória divina.
expanda
em
Somos ordenados, como crentes, a nos
apoderarmos, a tomar posse, da vida eterna, e
isto deve ser feito por um andar na luz, sob a
direção, instrução e poder do Espírito Santo, e
isto diariamente, ininterruptamente, conforme
é da vontade de Deus que haja constância em
nosso comportamento.
Quando nos voltamos para a condição espiritual
presente da Igreja no mundo, nós vemos que ela
é chamada a viver em dias de intensas trevas,
em que a sua missão de ser luz do mundo exige
uma maior quantidade de luminescência para
que possa prevalecer contra tais densas trevas.
Como não pode haver comunhão entre luz e
trevas, por serem autoexcludentes, ver-se-á o
predomínio de uma ou de outra, conforme a
ação dos agentes envolvidos no processo.
Olhemos para Noé em seus dias. Quanto
sentimento de frustração poderia tê-lo
envolvido caso Deus não tivesse lhe declarado
de antemão que toda aquela geração estava
destinada à destruição total, e que somente ele
e sua família seriam poupados do dilúvio que
viria sobre a Terra.
4
Por cento e vinte anos ele pregou a justiça de
Deus e a necessidade de arrependimento em
relação ao pecado. Convocou a sua geração a
abandonar as trevas e a andar na luz. A tomar
posse da vida eterna, tal como ele havia tomado.
No entanto, nem uma única alma atendeu à sua
pregação.
A mesma tentação de um sentimento de
frustração vem se abatendo sobre todo
verdadeiro e sincero ministro da Palavra, que foi
chamado para ser auxiliar do Espírito Santo no
trabalho de conversão e edificação de almas.
O sentimento de insucesso, de fracasso quase
total em sua missão é um fantasma que sempre
o assediará daqui para a frente, porque é tempo
de aridez, e a chuva da graça, apesar de
continuar caindo não consegue penetrar os
corações de pedra, que se mostram
impermeáveis a ela, e não se permitem
converter ao Deus Altíssimo.
Entre os próprios crentes, que foram
justificados e regenerados pelo Espírito Santo,
observa-se um crescente apagar de suas luzes, e
um predomínio de trevas onde deveria haver o
da luz.
5
Somos alertados, pela Palavra, para estas
condições que reinariam no mundo, à medida
que a volta do Senhor estivesse cada vez mais
próxima de acontecer. O amor se esfriaria em
razão da multiplicação da iniquidade. Os dias
seriam como os dias de Noé, em que as pessoas
estariam mais envolvidas com os cuidados do
mundo do que com os interesses de Deus.
Haveria um endurecimento à sã doutrina pela
audição e consideração ao ensino de homens e
de demônios.
Já não se veria, como antes, aquele mesmo
espírito de devoção e aplicação que houve nos
puritanos nos séculos XVI a XVIII, que tudo
submetiam ao crivo das Escrituras.
É sobre este estado de coisas que pretendemos
refletir um pouco, para analisarmos a nossa
própria época, com a ajuda do Espírito Santo.
É dito pelo apóstolo Paulo que “o fruto do
Espírito Santo é:
amor, alegria, paz,
longanimidade,
benignidade,
bondade,
fidelidade, mansidão, domínio próprio.”
(Gálatas 5.22,23).
Evidentemente não era seu propósito esgotar a
lista do fruto do Espírito, e a esta podemos
acrescentar a pureza, a justiça e a humildade,
6
destacadas por Jesus no Sermão do Monte,
dentre muitas outras virtudes cristãs.
Mas, para o nosso propósito presente, não
necessitamos alongar a lista, pois queremos
comparar o fruto do Espírito com os
comportamentos que têm sido tolerados e até
mesmo aprovados no meio cristão, como se
Deus fosse indiferente a isto.
Veja o caso do funk, que impropriamente é
chamado de música, pois não temos os
componentes essenciais do que poderia ser
chamado de música, pelo que lhe
falta
sobretudo em harmonia e notas musicais
definidas. Não passa na verdade de um
aglomerado de sons ruidosos e que têm por
finalidade conduzir à desconstrução mental,
pela criação de estados alterados de
consciência, anulando-a, confundindo-a e
conduzindo-a a aprovar sobretudo estados de
impureza e violência, moral ou física.
Quando confrontamos isto com o fruto do
Espírito Santo do domínio próprio, indagamos o
que há de domínio próprio naqueles que cantam
e dançam funk? Um crente pode ter domínio
próprio enquanto se entrega ao funk?
7
O que se pode atribuir a ele da pureza de coração
que nos é apontada pelo evangelho?
Há muita renúncia envolvida em seguir-se de
fato a Cristo. Na verdade, estas renúncias
configuram restrições de comportamento,
porque uma coisa exclui a outra. A luz expulsa as
trevas.
De modo que se andarmos no Espírito Santo,
não deixaremos de gostar de funk porque isto é
um mero mandamento de Deus para nós, mas
senão porque pelo Espírito, por andar nele, por
termos a sua direção e influência em nosso
próprio espírito, passamos a abominar aquilo
que ele abomina. Somos um só espirito com
Cristo, e o que Cristo não aprova, nós também
não aprovamos.
É claro, assim como cristal ou água límpida.
Não há o que argumentar diante desta realidade.
Não se trata de coisa de fanáticos, de legalistas
ou o que queiram chamar, para justificar uma
graça barata, irresponsável, que tem mais a ver
com luxúria do que com a santidade que há em
Cristo, e que deve ser também achada em todos
os que professam o seu nome.
8
Não é sem motivo, que os puritanos, para
garantirem a presença do Espírito Santo na
Igreja, para terem a manutenção da prática da
Palavra de Deus entre os crentes, não se
limitavam a pregar sermões, mas reviravam as
doutrinas por todos os seus lados e as aplicavam,
analisando quando, onde, como, por que, para
que, deveriam ser aplicadas à vida.
A vida cristã é composta por obediência às
doutrinas de Cristo e dos apóstolos. Doutrina
nada mais é do que ensino. O que Jesus disse que
deveria ser ensinado aos seus discípulos pela
igreja, ou seja, tudo o que ele havia ordenado, e
que é encontrado somente nas Escrituras. Não
podemos portanto, ir além ou ficar aquém delas.
Coisas espirituais devem ser conferidas com
coisas espirituais, e daí nossa necessidade de
não apenas vivermos no Espírito, mas também
de andarmos no Espirito. Sem isto, a missão de
se agradar a Deus torna-se uma missão
impossível.
Nisto, temos uma vantagem sobre Noé, como
pregadores da justiça do evangelho, porque
temos o Espírito Santo ainda lutando com os
homens, convencendo-os do pecado, da justiça
e do juízo. Nos dias de Noé Deus disse que o
Espírito não faria mais este trabalho, e então,
9
toda a pregação de Noé serviria apenas para
condenar aquele mundo antigo ímpio.
Entretanto, como está profetizado que nos
últimos dias Deus entregaria os homens a si
mesmos, por terem amado a mentira, e não
terem dado crédito à verdade, a qual também
podemos incluir no fruto citado do Espírito
Santo, vemos que está ocorrendo o mesmo tipo
de endurecimento que era amplo e total nos dias
de Noé
Não podemos afirmar que já chegamos a isto,
mas que há uma tendência claramente visível
no mundo espiritual para isto, não podemos
negar.
Quando dentre os próprios crentes verdadeiros,
nascidos do Espírito, encontramos aqueles que
cantam e dançam funk, e que se entregam a
toda uma sorte de práticas mundanas, sem que
lhes seja sequer incomodada a consciência, é
motivo para indagarmos se já não está
ocorrendo em ampla escala a condição
profetizada pelo apóstolo:
“1 Sabe, porém, isto: nos
sobrevirão tempos difíceis,
10
últimos
dias,
2 pois os homens serão egoístas, avarentos,
jactanciosos,
arrogantes,
blasfemadores,
desobedientes aos pais, ingratos, irreverentes,
3 desafeiçoados, implacáveis, caluniadores, sem
domínio de si, cruéis, inimigos do bem,
4 traidores, atrevidos, enfatuados, mais amigos
dos prazeres que amigos de Deus,
5 tendo forma de piedade, negando-lhe,
entretanto, o poder. Foge também destes.
6 Pois entre estes se encontram os que
penetram sorrateiramente nas casas e
conseguem
cativar
mulherinhas
sobrecarregadas de pecados, conduzidas de
várias paixões,
7 que aprendem sempre e jamais podem chegar
ao conhecimento da verdade.
8 E, do modo por que Janes e Jambres resistiram
a Moisés, também estes resistem à verdade. São
homens de todo corrompidos na mente,
réprobos quanto à fé;
9 eles, todavia, não irão avante; porque a sua
insensatez será a todos evidente, como também
aconteceu com a daqueles.” (II Timóteo 3.1-9)
11
“1 Conjuro-te, perante Deus e Cristo Jesus, que
há de julgar vivos e mortos, pela sua
manifestação e pelo seu reino:
2 prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer
não, corrige, repreende, exorta com toda a
longanimidade e doutrina.
3 Pois haverá tempo em que não suportarão a sã
doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de
mestres segundo as suas próprias cobiças, como
que sentindo coceira nos ouvidos;
4 e se recusarão a dar ouvidos à verdade,
entregando-se às fábulas.
5 Tu, porém, sê sóbrio em todas as coisas,
suporta as aflições, faze o trabalho de um
evangelista, cumpre cabalmente o teu
ministério.” (II Timóteo 4.1-5)
Ainda há muita recorrência aos templos
cristãos, mas quantos andam verdadeiramente
em novidade e santidade de vida?
Quantos têm fixada diante de si a eternidade, a
vida eterna, e moldam seu procedimento
segundo a expectativa de uma vida no céu?
12
Quantos estão aguardando pela volta do Senhor,
e que estão crucificados para este mundo, e o
mundo para eles?
Quantos creem que a volta do Senhor está
próxima e que lhes convém viver em santo trato
e piedade, conforme nos ensina o apóstolo
Pedro?
“1 Amados, esta é, agora, a segunda epístola que
vos escrevo; em ambas, procuro despertar com
lembranças a vossa mente esclarecida,
2 para que vos recordeis das palavras que,
anteriormente, foram ditas pelos santos
profetas, bem como do mandamento do Senhor
e Salvador, ensinado pelos vossos apóstolos,
3 tendo em conta, antes de tudo, que, nos
últimos dias, virão escarnecedores com os seus
escárnios, andando segundo as próprias paixões
4 e dizendo: Onde está a promessa da sua vinda?
Porque, desde que os pais dormiram, todas as
coisas permanecem como desde o princípio da
criação.
5 Porque, deliberadamente, esquecem que, de
longo tempo, houve céus bem como terra, a qual
surgiu da água e através da água pela palavra de
Deus,
13
6 pela qual veio a perecer o mundo daquele
tempo, afogado em água.
7 Ora, os céus que agora existem e a terra, pela
mesma palavra, têm sido entesourados para
fogo, estando reservados para o Dia do Juízo e
destruição dos homens ímpios.
8 Há, todavia, uma coisa, amados, que não
deveis esquecer: que, para o Senhor, um dia é
como mil anos, e mil anos, como um dia.
9 Não retarda o Senhor a sua promessa, como
alguns a julgam demorada; pelo contrário, ele é
longânimo para convosco, não querendo que
nenhum pereça, senão que todos cheguem ao
arrependimento.
10 Virá, entretanto, como ladrão, o Dia do
Senhor, no qual os céus passarão com
estrepitoso estrondo, e os elementos se
desfarão abrasados; também a terra e as obras
que nela existem serão atingidas.
11 Visto que todas essas coisas hão de ser assim
desfeitas, deveis ser tais como os que vivem em
santo procedimento e piedade,
12 esperando e apressando a vinda do Dia de
Deus, por causa do qual os céus, incendiados,
14
serão desfeitos, e os elementos abrasados se
derreterão.
13 Nós, porém, segundo a sua promessa,
esperamos novos céus e nova terra, nos quais
habita justiça.
14 Por essa razão, pois, amados, esperando estas
coisas, empenhai-vos por serdes achados por
ele em paz, sem mácula e irrepreensíveis,” (II
Pedro 3.1-14).
O que tem havido entre nós, aridez ou
frutificação? Se é frutificação, então antes de
tudo há se de se ver abundantemente entre nós
o próprio fruto do Espírito Santo, já referido
antes.
O quê? O fruto do Espírito misturado com
palavras torpes? Se até de palavras ociosas os
homens terão que dar contas no dia do juízo,
quanto mais de palavras torpes!
O quê? Comunhão com incrédulos ao mesmo
tempo em que se anda no Espírito? Como é
possível haver comunhão de luz com trevas? Se
houvesse luz de fato no viver não haveria as
trevas da referida comunhão.
15
Se o que agrada ao ímpio é o mesmo que agrada
ao crente, ambos estão andando em trevas, e
não na luz.
Ora, se nos é ordenado um viver sério, sóbrio e
moderado, como podemos apoiar ou aprovar
tudo aquilo que se levanta contra isto?
Como pode haver um procedimento sério onde
prevalece a chocarrice, a qual, a propósito
também nos é vetada pela Palavra.
E por que se veta? Estamos debaixo da Lei?
Devemos escolher, pelo mero exercício da
vontade própria, o que aprovar e o que reprovar?
Não, irmãos, estamos debaixo da graça, mas
Cristo tem lei para o seu povo. A lei do Espírito
da vida que nos livrou da lei do pecado e da
morte, de modo que, quando estamos de fato
devotados
ao
Senhor,
pelo
Espírito,
condenamos o que não nos convém, porque a
mesma aversão de Cristo e do Espírito pelo
pecado, será também a nossa aversão.
É
prioritariamente
uma
questão
de
consequência da inclinação que seguimos (se da
carne ou do Espírito), e não de escolha pessoal
do que se gosta ou do que não se gosta, por
natureza.
16
Os que são guiados pelo Espírito buscam a luz e
não as trevas, porque a nova natureza que
predomina neles os inclina a isto.
Não somos chamados a julgar pela carne, mas
pelo Espírito. Não somos chamados a viver pela
carne, mas pelo Espírito.
Se somos guiados pelo Espírito, não estamos
debaixo da Lei. (Gálatas 5.18)
Deus escreveu suas leis, pelo Espírito, em
nossas mentes e corações, de forma que esta é a
nova lei que nos governa e que deve nos
governar em tudo.
A vida eterna é vida no espirito, no coração.
Como o próprio nome indica, é vida, não é
norma. É poder, não é mera palavra. É espírito e
vida.
Tomamos posse da vida eterna pela fé, e pela fé
devemos continuar a nos apoderarmos dela, em
todo procedimento santo e piedoso. Sabendo de
antemão que nada podemos fazer a não ser pelo
Espírito, pela graça, por meio de Cristo.
O Espírito Santo sempre glorifica a Cristo e a
santidade, e nós também,
caso
nos
encontremos em sintonia com ele.
17
Mas quando nos afastamos de um andar no
Espírito, pode-se ver, até mesmo entre crentes,
algo do espírito de blasfêmia, que se levanta no
mundo e que se opõe sobretudo a Deus e tudo o
que é santo.
Quantos, entre os próprios crentes se levantam
contra o que é santo e puro?
Isto é sintomático do tempo do fim.
Não é sem motivo, que o próprio apóstolo, já em
seus dias, alertava os crentes contra um espírito
de blasfêmia entre outra coisas condenáveis.
“30 E não entristeçais o Espírito de Deus, no qual
fostes selados para o dia da redenção.
31 Longe de vós, toda amargura, e cólera, e ira, e
gritaria, e blasfêmias, e bem assim toda
malícia.” (Efésios 4.30,31)
Falar ousadamente contra Deus, contra Cristo,
contra o evangelho, contra o que é santo, é o
espírito que vai prevalecendo em nossos dias, e
disto somos alertados no livro de Apocalipse:
“1 Vi emergir do mar uma besta que tinha dez
chifres e sete cabeças e, sobre os chifres, dez
diademas e, sobre as cabeças, nomes de
blasfêmia.
18
2 A besta que vi era semelhante a leopardo, com
pés como de urso e boca como de leão. E deu-lhe
o dragão o seu poder, o seu trono e grande
autoridade.
3 Então, vi uma de suas cabeças como golpeada
de morte, mas essa ferida mortal foi curada; e
toda a terra se maravilhou, seguindo a besta;
4 e adoraram o dragão porque deu a sua
autoridade à besta; também adoraram a besta,
dizendo: Quem é semelhante à besta? Quem
pode pelejar contra ela?
5 Foi-lhe dada uma boca que proferia
arrogâncias e blasfêmias e autoridade para agir
quarenta e dois meses;
6 e abriu a boca em blasfêmias contra Deus, para
lhe difamar o nome e difamar o tabernáculo, a
saber, os que habitam no céu.
7 Foi-lhe dado, também, que pelejasse contra os
santos e os vencesse. Deu-se-lhe ainda
autoridade sobre cada tribo, povo, língua e
nação;
8 e adorá-la-ão todos os que habitam sobre a
terra, aqueles cujos nomes não foram escritos
no Livro da Vida do Cordeiro que foi morto
desde a fundação do mundo.
19
9 Se alguém tem ouvidos, ouça.” (Apocalipse
13.1-9)
Veja que é dado ao Anticristo prevalecer por
este espírito de blasfêmia contra os próprios
santos. Isto deveria nos levar a termos maior
cuidado nesta área das coisas que se levantam
contra a santidade, firmando um procedimento
cada vez mais santo e ao lado das coisas de Deus.
Serão entregues ao destruidor todos aqueles
que amaram a mentira e não a verdade. Que
chegaram ao ponto de mudar o modo de suas
relações íntimas, por outro que é contrário à
natureza, tudo com o propósito de ofender a
justiça e a santidade de Deus.
“24 Por isso, Deus entregou tais homens à
imundícia, pelas concupiscências de seu
próprio coração, para desonrarem o seu corpo
entre si;
25 pois eles mudaram a verdade de Deus em
mentira, adorando e servindo a criatura em
lugar do Criador, o qual é bendito eternamente.
Amém!
26 Por causa disso, os entregou Deus a paixões
infames; porque até as mulheres mudaram o
20
modo natural de suas relações íntimas por
outro, contrário à natureza;
27 semelhantemente, os homens também,
deixando o contato natural da mulher, se
inflamaram mutuamente em sua sensualidade,
cometendo torpeza, homens com homens, e
recebendo, em si mesmos, a merecida punição
do seu erro.
28 E, por haverem desprezado o conhecimento
de Deus, o próprio Deus os entregou a uma
disposição mental reprovável, para praticarem
coisas inconvenientes,
29 cheios de toda injustiça, malícia, avareza e
maldade; possuídos de inveja, homicídio,
contenda,
dolo
e
malignidade;
sendo
difamadores,
30 caluniadores, aborrecidos de Deus,
insolentes, soberbos, presunçosos, inventores
de males, desobedientes aos pais,
31 insensatos, pérfidos, sem afeição natural e
sem misericórdia.
32 Ora, conhecendo eles a sentença de Deus, de
que são passíveis de morte os que tais coisas
praticam, não somente as fazem, mas também
21
aprovam os que assim procedem.” (Romanos
1.24-32)
“7 Com efeito, o mistério da iniquidade já opera
e aguarda somente que seja afastado aquele que
agora o detém;
8 então, será, de fato, revelado o iníquo, a quem
o Senhor Jesus matará com o sopro de sua boca
e o destruirá pela manifestação de sua vinda.
9 Ora, o aparecimento do iníquo é segundo a
eficácia de Satanás, com todo poder, e sinais, e
prodígios da mentira,
10 e com todo engano de injustiça aos que
perecem, porque não acolheram o amor da
verdade para serem salvos.
11 É por este motivo, pois, que Deus lhes manda
a operação do erro, para darem crédito à
mentira,
12 a fim de serem julgados todos quantos não
deram crédito à verdade; antes, pelo contrário,
deleitaram-se
com
a
injustiça.”
(II
Tessalonicenses 2.7-12).
Deus julga o pecado onde quer que ele o
encontre, seja no ímpio para a condenação
22
eterna, seja no próprio crente para castigo,
correção e disciplina.
O Seu juízo começa pela Sua própria casa, de
modo que se decidimos viver pecando
deliberadamente, como se afirma na carta aos
Hebreus, já não resta sacrifício pelo pecado, ou
seja, o sangue de Jesus não pode se mostrar
eficaz neste caso, para nossa purificação, uma
vez que nós mesmos decidimos viver na sujeira.
O apóstolo João o apresenta de outro ângulo, ao
dizer que se andarmos na luz o sangue nos
purifica, como a dizer que se andarmos nas
trevas, não podemos contar com a referida
purificação.
Fé e obediência são necessários para um viver
vitorioso sobre o pecado, o diabo e o mundo.
É na luz do Senhor que vemos a luz. O salmista
conhecia esta verdade. Sabia que não se pode ter
a luz quando se busca as trevas.
A alegria do Senhor é a nossa força, e não
podemos decerto contar com o sorriso de sua
face voltado para nós quando andamos
deliberadamente nas trevas do pecado. E
certamente, também não podemos ter força
espiritual quando percebemos que temos
23
entristecido o Espírito, e que a face de Deus é
contra nós, por não andarmos de modo justo e
santo.
Quão perigosa é a tendência atual de se
proclamar o favor e a bênção de Deus para todo
e qualquer tipo de comportamento em que o
crente possa estar vivendo. Isto vai contra a
direção do ensino bíblico. Não é doutrina de
Jesus e dos apóstolos impetrar a bênção sobre
um viver desordenado.
Que
haja
conversão,
arrependimento,
confissão, abandono do pecado, e com isto o
Espírito nos santificará e receberemos a sua
consolação. Primeiro ele santifica e depois
consola. Primeiro consola e depois abençoa.
Deus jamais incentivará o mal com a sua
recompensa com o que é bom e agradável à
carne.
Jesus veio para destruir as obras do diabo e da
carne. Veio para crucificar o nosso velho
homem e nos levar a se despojar dele. Veio para
nos dar uma nova natureza celestial, espiritual,
santa e divina.
Como podemos conciliar esta verdade com o
que anda em voga nas igrejas de nossos dias?
24
Há um ego carnal ao qual devemos renunciar, e
não somente renunciar a ele, como também a
crucificá-lo. E ele deve morrer para que a nova
criatura em Cristo Jesus reine em nós.
Este ego carnal é a principal fonte de trevas, e
não propriamente o diabo e o mundo. Nosso
maior inimigo habita em nossa própria casa, e é
nosso dever despojá-lo do antigo domínio que
tinha sobre nós, e isto faremos quando
andarmos efetivamente na luz.
Antes de fecharmos esta breve palavra de
reflexão gostaríamos de retornar ao texto de
Efésios 4.31, em que somos ordenados a nos
afastarmos de certos comportamentos que nos
fazem entristecer o Espírito Santo:
”Longe de vós, toda amargura, e cólera, e ira, e
gritaria, e blasfêmias, e bem assim toda
malícia.” (Efésios 4.30,31)
Já nos referimos antes à blasfêmia, mas cabe
dizer algo sobre amargura, cólera, ira e gritaria,
coisas estas que também entristecem e apagam
o Espírito.
Por que?
É fácil de responder pela aplicação do mesmo
critério já citado anteriormente: o que estas
25
coisas têm a ver com a mansidão, humildade,
domínio próprio e a paz de Cristo, que são parte
do fruto do Espírito Santo?
Uma coisa não se opõe à outra?
Não se trata simplesmente de se dizer que é um
mandamento e ponto final. Lembram que o
crente não é governado pela lei, mas pela graça?
Trata-se de ser oposto ao espírito de Cristo, e é
por isso que não convêm ao crente.
É por essa régua que devemos medir tudo o
mais. Não pelo escrito de ordenanças pelo que
devo fazer e o que não devo fazer, ainda que este
deva
ser
considerado,
porque
não
conheceríamos o pecado se a lei não dissera,
“não cobiçarás”. Mas só podemos viver a lei pela
graça mediante a fé e no poder do Espírito, e
jamais pela carne, porque não está sujeita a
Deus e à Sua lei e nem mesmo pode estar. De
forma que o único modo de se confirmar a lei é
por se viver pela fé, pois o justo viverá pela fé.
É pela luz do espírito que podemos entender o
espírito e a vida da Palavra inspirada, revelada e
escrita. Sem o espirito, ela permanece como se
fosse letra morta para nós.
26
Sem a iluminação do Espírito Santo não
podemos ver o Reino de Deus. Não podemos
entender as coisas que pertencem a Cristo e que
Lhe foram dadas para serem reveladas a nós.
Requer-se então santidade de coração. Que
andemos na luz, assim como Deus na luz está.
Esta luz não é apenas luz de iluminação de
entendimento que expulsa as trevas da
ignorância sobre a vontade de Deus, mas é
também luz de purificação que mata os germes
do pecado, assim como faz a luz do sol no mundo
natural. É luz que produz a vida eterna, assim
como a luz do sol é o agente que realiza a
fotossíntese, pela qual a vida na terra é
sustentada.
Assim, como longe da luz do sol a planta morre,
longe da luz de Jesus, a vida eterna se apaga, e
não se manifesta em nós.
Apoderemo-nos da vida eterna pela luz do
evangelho, pelo andar na luz de Cristo, para que
sejamos iluminados, purificados e alimentados
com as coisas que são espirituais, celestiais e
divinas.
Fiat lux! Haja luz! Assim seja, em nome de Jesus.
27