Cultura

Por Bruna Bittencourt


ANOHNI (Foto: Divulgação, Getty e Imax Tree) — Foto: Vogue
ANOHNI (Foto: Divulgação, Getty e Imax Tree) — Foto: Vogue

No fim do ano passado, o nome de Anohni começou a aparecer nos sites de música. E o que em princípio parecia uma novidade do pop, um nome ascendente da cena, era, na verdade, um velho conhecido. Logo descobriríamos que se tratava da nova alcunha de Antony Hegarty, o enigmático líder do Antony and the Johnsons conhecido por sua voz e imagem ambíguas. “Ele” se tornou “ela”.

“Sou uma transgênero, sempre fui e sempre serei”, explicou Anohni em março passado no Le Grand Journal, programa do Canal +, exibido pela TV francesa. “Se tivermos que dividir a humanidade em dois grupos, ficarei com as mulheres. Meu espírito é feminino”, contou. “As mulheres,quando casam,mudam seu nome. Recentemente mudei o meu, é um rito de passagem para os transgêneros”, explicou.

Anohni adotou em sua vida pública a alcunha que sempre usou em sua esfera privada. Hopelessness, o sétimo e mais contundente álbum de sua carreira, é o primeiro que leva a assinatura feminina – a capa clicada por Inez &Vinoodh sugere essa metamorfose.

O novo álbum de Anohni (Foto: Divulgação, Getty e Imax Tree) — Foto: Vogue
O novo álbum de Anohni (Foto: Divulgação, Getty e Imax Tree) — Foto: Vogue

Com lançamento previsto para o próximo dia 6, o novo trabalho foi descrito pela cantora como um disco de temática sombria, como sugere o título, e de batidas experimentais – no mês que vem, Anohni será uma das principais atrações do Sónar, importante festival espanhol de música eletrônica. “O álbum é bastante diferente em relação aos meus trabalhos anteriores. Tenho dúvidas se os fãs que gostam da música de câmara de meus primeiros discos vão gostar deste”, adverte. São batidas eletrônicas, mas soturnas, com a conhecida carga dramática que marcou os discos do Antony and the Johnsons – na época da banda, ela costumava se apresentar acompanhada por outros músicos, formato para o qual ainda não sabe se retornará, avisa.

De Hopelessness já conhecemos 4 Degrees, uma referência direta ao aumento da temperatura do globo, lançada em sincronia com a conferência do clima em Paris, em dezembro passado – “Eu quero ouvir os cães chorando por água / Eu quero ver peixes boiando no mar”, canta. Outra faixa do novo disco, Drone Bomb Me, foi escrita sob a perspectiva de uma garota cuja família foi aniquilada por um ataque de drones e pede por sua própria morte. A faixa ganhou clipe protagonizado por uma Naomi Campbell em lágrimas, com direção de arte e styling de Riccardo Tisci. O estilista tem uma longa parceria com a cantora: Anohni já se apresentou no desfile da Givenchy do inverno de 2013/14 com uma orquestra, assinou a poesia que acompanha as fotos da campanha do verão 2016 da grife, enquanto Tisci criou o figurino de sua turnê em 2009, quando ainda era Antony.

Anohni está mais engajada que nunca, mas sempre fez de sua música um instrumento político, cantando em seus seis discos anteriores sobre transgêneros, feminismo e consciência ecológica.

Este ano, se tornou a primeira cantora transgênero a concorrer ao Oscar: foi indicada à estatueta de melhor canção original por Manta Ray, trilha de Racing Extinction, documentário que acompanha a luta de ativistas ambientais. Mas, diferentemente de outros três indicados (Lady Gaga, The Weeknd e Sam Smith), ela não foi convidada para cantar na premiação – a Academia justificou que o tempo era restrito, mas incluiu Dave Grohl (Foo Fighters), que não concorria à estatueta, na lista de apresentações. “Parecia que os produtores haviam escolhido performances apenas de artistas com sucesso comercial”, escreveu a cantora em uma longa carta aberta na qual explicou por que se recusou a ir à cerimônia. “Durante meus 20 e 30 anos, escutei que alguém como eu não teria chance de seguir com uma carreira na música”, completou. Dez anos depois, ela cantaria para milhões de pessoas em alguns dos mais belos teatros do mundo, realizando muitos dos seus sonhos. “Como uma artista transgênero, sempre ocupei um lugar fora do mainstream. Paguei com prazer o preço de falar minha verdade, apesar de toda a aversão e idiotice com que tive que lidar.”

ANOHNI no desfile da Givenchy (Foto: Divulgação, Getty e Imax Tree) — Foto: Vogue
ANOHNI no desfile da Givenchy (Foto: Divulgação, Getty e Imax Tree) — Foto: Vogue
Imagem do clipe recente da cantora, estrelado por Naomi Campbell (Foto: Divulgação, Getty e Imax Tree) — Foto: Vogue
Imagem do clipe recente da cantora, estrelado por Naomi Campbell (Foto: Divulgação, Getty e Imax Tree) — Foto: Vogue
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