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Coronavírus: Ramadã não deve ter orações coletivas, exceto no Paquistão

Mês sagrado do Islamismo será diferente neste ano de isolamento, sem mesquitas lotadas nem peregrinações aos locais sagrados

Por Amanda Péchy 23 abr 2020, 17h56

O Ramadã, mais sagrado mês do Islamismo, começa com a lua nova nesta sexta-feira, 24. Muçulmanos de todo o mundo estão tentando equilibrar rituais religiosos com as diferentes restrições impostas para impedir a propagação do coronavírus, com uma exceção. No Paquistão, os poderosos imãs – líderes religiosos – convocaram os fiéis a ignorar medidas de isolamento, e o governo cedeu à pressão.

O país estabeleceu um bloqueio nacional de duas semanas no fim de março, que foi estendido até o dia 30 de abril. Segundo o jornal americano The New York Times, a maioria dos clérigos cumpriu com as restrições, mas conforme o Ramadã se aproximava, alguns dos mais influentes fizeram com que seus fiéis participassem das orações, ombro a ombro.

Os devotos perseguiram policiais que tentaram atrapalhar e os atacaram com pedras.

Um grupo de líderes de partidos religiosos publicou no dia 14 de abril uma carta exigindo que o governo isentasse as mesquitas da paralisação durante o mês sagrado. Caso se recusasse, enfrentaria a ira de Deus – e da população.

Na carta, um dos principais motivos para as queixas dos clérigos, porém, era o dinheiro. Durante o mês sagrado dos muçulmanos, é praxe que fiéis abram generosamente as carteiras para contribuir com suas congregações.

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No sábado 18, o governo cedeu, assinando um acordo que deixa as mesquitas abertas durante o Ramadã, desde que sigam 20 regras. Entre elas, os fiéis precisam manter entre si uma distância de um metro e meio, trazer seus próprios tapetes de oração e fazer suas abluções – lavagem do corpo – em casa.

Segundo o Times, líderes religiosos temem que deixar o governo fechar mesquitas durante o Ramadã pode abrir precedentes para colocá-los sob mando do estado. Os paquistaneses costumam usar sua autoridade religiosa para forçar o estado a mudar políticas através da pressão popular dos fiéis – ao contrário de países como o Egito ou Emirados Árabes Unidos, onde as autoridades laicas controlam os clérigos.

Tempos de coronavírus

O Ramadã é um mês significativo, pois muçulmanos acreditam que seu Livro Sagrado, o Alcorão, foi revelado ao Profeta Maomé durante este período sagrado. Os fiéis jejuam durante o dia, se aglomeram em mesquitas para orar e realizam festas após o pôr-do-sol com familiares e amigos.

Essas são condições perfeitas para a disseminação do coronavírus. Por isso, o mundo muçulmano vai ter um Ramadã diferente em 2020. Locais sagrados islâmicos, como Meca, na Arábia Saudita, e a mesquita Al-Aqsa, em Jerusalém, estarão fechados durante o período sagrado. Esses lugares costumam atrair centenas de milhares de peregrinos nessa época do ano.

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Líbano, Iraque, Síria e Egito, que estavam com quarentenas restritas, afrouxaram o toque de recolher, que deve começar de 30 a 90 minutos após o pôr do sol, reporta a agência de notícias Associated Press. As pessoas terão um tempinho a mais com suas famílias.

No Egito, o Ministério de Doações Religiosas decidiu suspender as atividades comunitárias do Ramadã, incluindo orações e festas de caridade em massa nas mesquitas. No Irã, um dos países mais atingidos pela pandemia da região, o líder supremo aiatolá Ali Khamenei também pediu às pessoas que evitem orações coletivas.

A maioria das nações proíbe longas viagens internas. A Síria suspendeu essa restrição por dois dias nesta semana, para que famílias pudessem se juntar durante o mês sagrado, mas logo restaurou a proibição. Na Indonésia, o país com a maior população muçulmana do mundo, o governo proibiu milhões de funcionários, soldados e policiais do governo de voltarem para casa durante o Eid al-Fitr, feriado que marca o fim do Ramadã, segundo a agência árabe Al Jazeera. Contudo, algumas mesquitas reuniram fiéis nesta quinta-feira, 23.

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Malásia, Brunei e Singapura proibiram populares bazares de Ramadã, onde os vendedores ambulantes expõem alimentos e bebidas não-alcoólicas em mercados ao ar livre.  Até mesmo a Turquia, onde autoridades resistiram a um bloqueio total, o Ramadã deve começar com uma quarentena de quatro dias, a partir desta quinta-feira, 23. Quem quiser celebrar e agradecer Alá, vai ter que pagar multa.

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