Segundo estudo realizado por pesquisadores de Harvard e publicado na revista científica Science Advances, o aumento global do nível do mar, associado ao possível colapso do manto de gelo da Antártica Ocidental, tem sido significativamente subestimado. A nova pesquisa indica que o degelo da região em um mundo em aquecimento poderá contribuir para uma alta 30% maior do que o estimado em estudos anteriores.
As novas previsões indicam que as estimativas globais de aumento do nível do mar seriam amplificadas por um metro adicional dentro de 1.000 anos.
O estudo apresenta novos cálculos para o que os pesquisadores chamam de mecanismo de expulsão de água. As geleiras da Antártica Ocidental estão ancoradas abaixo do nível do mar e exercem pressão sobre as rochas sólidas ao fundo. À medida que o degelo ocorre e o peso diminui, a rocha sólida ricocheteia para cima, também contribuindo para o aumento do nível do mar.
"Se o manto de gelo da Antártica Ocidental entrar em colapso, a estimativa mais amplamente citada do aumento médio global do nível do mar resultante é de 3,2 metros. O que mostramos é que o mecanismo de expulsão de água adicionará um metro adicional, ou 30 por cento, ao total", disse Evelyn Powell, co-autora do estudo junto com Linda Pan, para o Science Daily.
Mas isso não é futurologia. Uma das simulações que Pan e Powell realizaram indicou que, até o final deste século, o aumento global do nível do mar causado pelo derretimento do manto de gelo da Antártida Ocidental aumentaria 20% por conta do mecanismo de expulsão de água.
Ambas começaram essa pesquisa enquanto trabalhavam em um outro projeto de mudança do nível do mar. Na ocasião, resolveram investigar a relação entre o material de fluxo fácil (baixa viscosidade) do manto da Terra abaixo da Antártica Ocidental e a expulsão de água , e constataram um aumento maior que os modelos anteriores haviam previsto.
Elas reforçam que o aumento do nível do mar não pára quando o gelo deixa de derreter. "Os danos que estamos causando aos nossos litorais vai continuar por séculos”, concluiu a pesquisadora de Harvard. A descoberta destaca a urgente necessidade de ação para os governos cumprirem as metas de neutralidade de carbono estabelecidas no Acordo de Paris, de combate às mudanças climáticas.