Ferreira Torres: José Faria pagava com dinheiro de Avelino - TVI

Ferreira Torres: José Faria pagava com dinheiro de Avelino

Julgamento de Avelino Ferreira Torres

Dia de testemunho por parte de inspector da PJ, com novas revelações

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Um inspector da Polícia Judiciária que investigou os seis crimes de que Avelino Ferreira Torres é acusado confirmou que os terrenos adquiridos em vários locais do Concelho eram pagos por José Faria com dinheiro do arguido, informa a agência Lusa.

Referindo-se a um dos negócios em concreto, o inspector Gomes de Almeida, da PJ/Porto, referiu «que o dinheiro que serviu para pagar esse terreno saiu da conta de Avelino Ferreira Torres, embora tenha passado pelas contas de José Faria, através de transferências bancárias que o arguido lhe fazia».

O investigador adiantou, também, que no primeiro negócio foram detectados mais cinco mil euros no decorrer da análise feita aos movimentos bancários das contas de Torres e Faria, montante que o inspector atribui «a uma gratificação».

Relativamente a outro crime de que Ferreira Torres é acusado, um caminho municipal executado alegadamente pela Câmara para beneficiar uma quinta privada, Gomes de Almeida afirmou que foram detectados dois cheques de seis mil contos cada (30 mil euros na moeda actual) emitidos pelo dono da quinta, um deles depositado numa conta particular do presidente do Futebol Clube do Marco e o outro numa conta de Ferreira Torres.

O inspector da PJ ainda explicou as diligências da investigação relativas a mais dois processos, um deles relativo ao crime de extorsão imputado pelo Ministério Público. Como não pode revelar em julgamento as declarações recolhidas durante o inquérito, o seu depoimento na audiência não vai muito além da confirmação dos documentos que estão nos autos.

Algumas das suas afirmações são meras suposições ou presunções, formadas através das conversas que teve durante a investigação, como acabou por confirmar à defesa da assistente.

Reclassificação do PDM

Também o advogado de Ferreira Torres questionou a testemunha sobre o que sabia do negócio da compra de um terreno na zona do Freixo, supostamente relacionado com uma dívida que a Câmara tinha a um empreiteiro e que deu origem à acusação de extorsão.

O inspector pouco adiantou, não tendo sequer esclarecido de onde surgiu a denúncia de que esse terreno foi oferecido inicialmente por 40 mil contos e mais tarde foi adquirido pelo tal empreiteiro por cerca de 70 mil contos.

O investigador da Polícia Judiciária do Porto afirmou estar convencido que o objectivo da compra de alguns terrenos «seria a sua reclassificação», através da revisão do Plano Director Municipal (PDM).

Porém, o PDM do Marco de Canaveses continua em processo de revisão há quase dez anos, não tendo ainda passado da fase de análise técnica. No final da audiência, Avelino Ferreira Torres pediu à juíza-presidente permissão para fazer uma espécie de acareação com o inspector da PJ a propósito de algumas das suas afirmações mas a magistrada não permitiu e mandou a testemunha abandonar a sala de audiências.

Classificando algumas das afirmações do inspector de «gratuitas», Ferreira Torres desvalorizou as acusações que pendem sobre si. «Não tenho dúvida nenhuma que a montanha pariu um rato», disse Torres, solicitando, por várias vezes, que o tribunal se desloque aos locais dos terrenos e esclareça todas as dúvidas.

«Há muitos interesses para que o bombo da festa seja eu», afirmou o arguido. Já no exterior do tribunal, Avelino Ferreira Torres esclareceu a que interesses se referia: «É evidente que são políticos». «O que denunciei em 2005 continua válido para 2009», concluiu o antigo presidente da Câmara de Marco de Canaveses, a um dia de apresentar a sua candidatura às eleições autárquicas do próximo ano.
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